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PSICOLOGIA-JURÍDICA

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1 
 
SUMÁRIO 
1 Psicologia Jurídica ............................................................................. 2 
1.1 O Psicólogo e suas Relações com a Justiça ............................... 5 
1.2 A Avaliação Psicológica e a Psicologia Jurídica .......................... 9 
2 A Psicologia junto ao Direito de Família .......................................... 11 
2.1 Separação e Divórcio ................................................................ 17 
2.2 Regulamentação de Visitas ....................................................... 18 
2.3 Disputa de Guarda .................................................................... 19 
2.4 Atuação do psicólogo nas ações de guarda .............................. 20 
3 O papel do psicólogo nas varas da infância e Juventude ................ 23 
4 Equipe Inter profissional na Vara Especializada da Infância e Juventude
 25 
5 ALIENAÇÃO PARENTAL ................................................................. 31 
5.1 A ORIGEM DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL ....... 32 
5.2 A IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL E 
SEUS EFEITOS E CONSEQUÊNCIAS ........................................................... 34 
5.3 SÍNDROME DAS FALSAS MEMÓRIAS .................................... 36 
5.4 SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL NO PODER JUDICIÁRIO
 37 
6 Bibliografia ....................................................................................... 39 
 
 
 
2 
1 PSICOLOGIA JURÍDICA 
 
Fonte:flucianofeijao.com.br 
A base histórica da Psicologia Jurídica está ligada à história da própria 
Psicologia, estando vinculada, portanto, às bases filosóficas e suas reflexões acerca 
do homem. Especificamente no Império Romano e na Idade Média as compreensões 
sobre o homem estavam vinculadas ao Cristianismo, ao conheci- Marcele Teixeira 
Homrich – Doglas Cesar Lucas 240 ano XX nº 35, jan.-jun. 2011 / ano XX nº 36, jul.-
dez. 2011 mento religioso. Com a Renascença começou a se estabelecer as bases 
do método científico, ocasião em que se inicia a separação entre Filosofia e 
Psicologia, notadamente pela conformação do caráter científico desta última (Bock, 
1999). No século 19, com o desenvolvimento da industrialização, a ciência deveria 
encontrar respostas rápidas e soluções práticas. A noção de verdade passa a contar 
com o aval da ciência. Com Comte e o desenvolvimento do positivismo a Psicologia 
passa a buscar na fisiologia e na neurofisiologia a solução para seus problemas. 
A Psicologia inicia como ciência com o pressuposto de aferição e medição. 
Importante nome nessa fase foi Fechner-Weber e seu estudo acerca da relação entre 
estímulo e sensação, constituindo uma possibilidade de medir o fenômeno 
psicológico. Outro pesquisador fundamental foi Wundt, considerado o pai da 
Psicologia moderna, com seu primeiro laboratório de Psicologia experimental na 
Universidade de Leipzig, desenvolvendo o método de introspecção. 
Percebe-se que o curso da Psicologia enquanto ciência tem sua base vinculada 
ao desenvolvimento do método científico, compreendendo-se que a Psicologia 
Jurídica também está vinculada a esta perspectiva. É importante notar que até o fim 
 
3 
do século 19 a Psicologia Jurídica esteve vinculada a prática psiquiátrica forense, na 
qual predominou uma espécie de “psiquiatrização” do crime, pelo qual a verdade 
jurídica é o resultado obtido pelo exame do criminoso. Nesse contexto, a primazia do 
conhecimento biológico, sustentado pela lógica científica, estabelece modelos e 
referências para a compreensão do comportamento humano. Destacamos aqui 
Francis Galton, que defendia que o tamanho do crânio estaria vinculado às funções 
intelectuais e de caráter. Também cabe citar Cesare Lombroso, que defendia a 
hereditariedade como determinante da criminalidade, sendo possível identificar o 
criminoso pelas características físicas. No que se refere à História, a Psiquiatria surge 
antes da Psicologia. A diferenciação entre a Psicologia e a Psiquiatria originou-se da 
compreensão de loucura. A Psicologia, no entanto, foi para além da Psiquiatria, 
investigando e possibilitando espaços de reflexão para todos os fenômenos que 
participam da ocorrência das doenças mentais. A Psicologia possibilitou pensar o ser 
humano sem que necessariamente a explicação estivesse vinculada à doença mental. 
O início da Psicologia Jurídica no Brasil não tem um marco histórico bastante 
claro, uma vez que o processo de desenvolvimento deu-se de forma gradual e lenta, 
muitas vezes de maneira informal, por meio de trabalhos voluntários. A Psicologia 
Jurídica teve seu reconhecimento como profissão na década de 60. Com o 
desenvolvimento de várias correntes teóricas na Psicologia, o comportamento 
humano foi sendo explorado nas suas múltiplas facetas, possibilitando à área a 
interlocução com outros campos do saber. Inicialmente, todavia, a Psicologia Jurídica 
esteve intimamente ligada ao uso de psicodiagnósticos, que eram vistos como 
instrumentos que forneciam dados matematicamente comprováveis para orientação 
dos operadores do Direito. O psicólogo que atuava na área era visto como um 
“testólogo”, pois sua prática era baseada na aplicação de exames e avaliações. 
Surge no final do século 19 a denominada Psicologia do Testemunho, que 
objetivava verificar a veracidade dos depoimentos dos sujeitos envolvidos em um 
processo jurídico, quando não só o criminoso deveria ser examinado, mas também a 
testemunha que relata aquilo que viu, levando em consideração os processos internos 
que influenciam na veracidade do relato. Estavam incluídos nessa prática estudos 
acerca dos sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos 
testemunhos, as amnésias simuladas e os testemunhos de crianças (Lago et al., 
2009). 
 
4 
Entretanto, a história revela que essa preocupação com a avaliação do 
criminoso, principalmente quando se trata de um doente mental delinquente, é bem 
anterior à década de 1960 do século XX. Durante a Antiguidade e a Idade Média a 
loucura era um fenômeno bastante privado. Ao “louco” era permitido circular com certa 
liberdade, e os atendimentos médicos restringiam-se a uns poucos abastados. A partir 
de meados do século XVII, a loucura passou a ser caracterizada por uma necessidade 
de exclusão dos doentes mentais. Criaram-se estabelecimentos para internação em 
toda a Europa, nos quais eram encerrados indivíduos que ameaçassem a ordem da 
razão e da moral da sociedade. A partir do século XVIII, na França, Pinel realizou a 
revolução institucional, liberando os doentes de suas cadeias e dando assistência 
médica a esses seres segregados da vida em sociedade. Após esse período, os 
psicólogos clínicos começaram a colaborar com os psiquiatras nos exames 
psicológicos legais e em sistemas de justiça juvenil. Com o advento da Psicanálise, a 
abordagem frente à doença mental passou a valorizar o sujeito de forma mais 
compreensiva e com um enfoque dinâmico. Como consequência, o psicodiagnóstico 
ganhou força, deixando de lado um enfoque eminentemente médico para incluir 
aspectos psicológicos. Os pacientes passaram a ser classificados em duas grandes 
categorias: de maior ou de menor severidade, ficando o psicodiagnóstico a serviço do 
último grupo, inicialmente. Desta forma, os pacientes menos severos eram 
encaminhados aos psicólogos, para que esses profissionais buscassem uma 
compreensão mais descritiva de sua personalidade. Os pacientes de maior 
severidade, com possibilidade de internação, eram encaminhados aos psiquiatras. 
Conceitualmente, a Psicologia Jurídica corresponde a toda aplicação do saber 
psicológico às questões relacionadas ao saber do Direito. A Psicologia Criminal, a 
Psicologia Forense e, por conseguinte, a Psicologia Judiciária estão nela contidas. 
Toda e qualquer prática da Psicologia relacionada às práticas jurídicas podem ser 
nomeadas como Psicologia Jurídica. O termo Psicologia Jurídica é umadenominação 
genérica das aplicações da Psicologia relacionadas às práticas jurídicas, enquanto 
Psicologia Criminal, Psicologia Forense e Psicologia Judiciária são especificidades aí 
reconhecíveis e discrimináveis 
 
 
5 
1.1 O Psicólogo e suas Relações com a Justiça 
 
Fonte: sites.google.com 
Segundo Gesser (2013), a Psicologia deve considerar a subjetividade uma premissa 
fundamental à garantia dos direitos humanos, destacando a necessidade de que a 
subjetividade seja entendida como uma construção histórico- social, ou seja, 
construída nas relações que o sujeito estabelece com o contexto do qual faz parte. 
A ONU define os direitos humanos como: 
“ Garantia jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações 
ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana”. 
Os princípios propostos pela Declaração Universal dos Direitos Homem devem 
ser vistos como um ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim 
de que alcancem todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade. 
Conforme proposto por Silva (2003), a afirmação dos direitos humanos como 
um patamar ético que deve mediar o relacionamento entre todos os membros da 
sociedade esbarra, no caso brasileiro, no desafio da superação do abismo das 
desigualdades que separam os grupos sociais. 
 
6 
A construção de uma cultura baseada na promoção dos direitos humanos 
pressupõe que se leve em consideração, igualmente, os aspectos da subjetividade 
social que se encontram abrangidos nesses processos. 
Tanto nos aspectos que envolvem a promoção dos direitos humanos, quanto 
nos que envolvem as suas violações, não se pode descuidar da dimensão subjetiva 
que lhes oferece base de sustentação e de existência no mundo. 
Gesser (2013) propõe que o desafio à Psicologia no século XXI é o de superar 
tanto os modelos que reduzem a subjetividade a algo interno, inerente ao sujeito, 
quanto àqueles que estabelecem concepções mecânicas entre fatos psicológicos e 
fatos exteriores. 
Assim, vemos que há um enfoque cada vez maior na construção de referência 
com vistas a uma atuação profissional do psicólogo comprometida com a garantia dos 
direitos humanos. 
Por constituir a expressão de valores universais, tais como os constantes na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos – socioculturais, que refletem a realidade 
do país – e de valores que estruturam uma profissão, um código de ética não pode 
ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo. As sociedades 
mudam, as profissões transformam-se e isso exige, também, uma reflexão contínua 
sobre o próprio código de ética que nos orienta. 
A ética é o ramo da filosofia que se dedica ao estudo dos valores e da moral, 
tendo por finalidade esclarecer reflexivamente o campo da moral de tal modo a 
orientar racionalmente para o apontamento da conduta moralmente pertinente. Assim, 
a ética é um tipo de saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações 
dos serem humanos. 
O fundamento ético é tão importante quanto a estrutura de um prédio. Se esse 
fundamento não está bem entendido, corre-se o risco de não enfrentar de maneira 
adequada os desafios éticos que a profissão pode trazer (JUNQUEIRA,2011). 
Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de 
sociedade que determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se em 
princípios e normas que devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus 
direitos fundamentais (CFP,2005). Os princípios fundamentais são os eixos que 
norteiam todos os artigos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. O inciso 
apresentado a seguir, demonstra o compromisso social da profissão com a ética e os 
Direitos Humanos: 
 
7 
 
I- O psicólogo baseará seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, 
da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos 
valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
Conforme orientação do Conselho Federal de Psicologia, quando houver imperativo 
ético de denúncia das violações dos direitos humanos e situação de tortura, o 
psicólogo deve procurar seu conselho profissional e o conselho de defesa da pessoa 
humana (dentre outras entidades) para formulação da denúncia, com respaldo nas 
legislações nacionais e internacionais, quando se esgotarem os recursos das 
instâncias internas (DEPEN,CFP,2007). 
O psicólogo deve desenvolver uma prática psicológica comprometida com os 
princípios dos direitos humanos e com a ética profissional, com vistas à criação de 
dispositivos que favoreçam novos processos de subjetivação, potencializando a vida 
das pessoas presas. Esse é o grande desafio da Psicologia na área jurídica, pois os 
profissionais também estão sujeitos ás armadilhas e capturas produzidas pelas 
contradições da própria prisão (DEPEN;CFP,2007). 
Conforme a Resolução CFP nº 013/2007, o psicólogo especialista em psicologia 
jurídica atua no âmbito da justiça: 
 
 Colaborando no planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos 
humanos e prevenção da violência; 
 Centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado não só 
para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal intervenção, 
para possibilitar a avaliação das características de personalidade e fornecer 
subsídios ao processo judicial, além de contribuir para a formulação, revisão e 
interpretação das leis; 
 Avaliando as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e 
adultos em conexão com os processos jurídicos, seja por deficiência mental e 
insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e 
guarda de crianças; 
 Aplicando métodos e técnicas psicológicas e/ou psicometria para determinar a 
responsabilidade legal por atos criminosos; 
 
 
8 
Atuando: 
 
 Como perito judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça do Trabalho, da família, 
da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias, para 
serem anexados aos processos; 
 A fim de realizar atendimento e orientação a crianças, adolescentes, detentos 
e seus familiares; 
 Em pesquisas e programas e socioeducativos e de prevenção à violência. 
 
 Construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica, para 
atender ás necessidades de crianças e adolescentes em situação de risco, 
abandonados ou infratores; 
 Orientando a administração e os colegiados do sistema penitenciário sob o 
ponto de vista psicológico; 
 Usando métodos e técnicas adequados, para estabelecer tarefas educativas 
e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos 
penais; 
 Participando de audiência, prestando informações, para esclarecer aspectos 
técnicos em psicologia a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico; 
 Elaborando petições sempre que solicitar alguma providência ou haja 
necessidade de comunicar – se com o juiz durante a execução de perícias, 
para serem juntadas aos processos; 
 Assessorando a administração penal na formulação de políticas penais e no 
treinamento de pessoal para aplicá-las. 
 
 
9 
 
Fonte:www.cicloceap.com.br 
1.2 A Avaliação Psicológica e a Psicologia Jurídica 
 
Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br 
Nos campos de atuação da Psicologia Jurídica, conforme apresentados 
anteriormente, encontramos um predomínio da avaliação psicológica. A avaliação 
psicológica (AP) é um exame de caráter compreensivo efetuado para responder 
questões específicas quanto ao funcionamento psíquico adaptado ou não de uma 
 
10 
pessoa durante um período específico de tempo ou para predizer o funcionamento 
psicológico da pessoa no futuro (Noronha; Alchieri, 2004). A avaliação deve fornecer 
informações fundamentadas que orientem, sugiram ou sustentem o processo de 
tomada de decisão que precisa levar em consideração informações sobre o 
funcionamento psíquico. A avaliação psicológica de cunho jurídico é denominadaperícia forense. A AP é composta por etapas, durante as quais o profissional terá 
subsídios para elaborar seu parecer final, sendo elas: levantamento de perguntas 
relacionadas com os motivos da avaliação e definição das hipóteses iniciais e dos 
objetivos do exame; planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame 
psicológico; levantamento quantitativo e qualitativo; integração dos dados e 
informações e formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como 
pontos de referência as hipóteses iniciais e objetivos do exame, culminando com a 
comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo. 
Compreende-se que a avaliação psicológica não se refere à aplicação de testagem, 
sendo o teste um elemento que servirá de subsídio para a compreensão do avaliado. 
Segundo Lago (2009) e França (2004), porém, a testagem ainda predomina na 
realização da AP, sendo ela dominante no momento da compilação dos dados para 
elaboração do parecer. Entre os instrumentos possíveis na AP estão: testes 
psicológicos (escalas de desenvolvimento, testes de inteligência, teste de aptidão, 
teste de personalidade), questionários, inventários, entrevistas, observações 
situacionais. A escolha do instrumento vai depender do objetivo da avaliação. 
O teste é “uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de 
comportamento” (Anastasi; Urbina, 2000). É um procedimento sistemático para 
observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou 
categorias fixas (Cronbach, 1996). É, portanto, compreendido como um conhecimento 
reduzido, como um recorte da realidade. França (2004) adverte que, nesse contexto, 
torna-se necessário verificar a confiabilidade e a validez dos instrumentos e do modelo 
teórico utilizados, a fim de verificar se estes respondem ao objetivo do procedimento. 
Em virtude dessa limitação do conhecimento produzido, torna-se imperativa a 
compreensão interdisciplinar do fenômeno estudado para melhor abordá-lo em sua 
complexidade. Compreende-se que a predominância da testagem sobreposta aos 
outros itens da composição da avaliação psicológica decorre de que, conforme 
pesquisa de Noronha e Alchieri (2004), as disciplinas nos cursos de Psicologia 
voltadas ao ensino da AP objetivavam aplicação, correção e interpretação de 
 
11 
resultados, sendo os outros elementos desconhecidos. Outro elemento que converge 
na compreensão da predominância da testagem é a história da Psicologia como 
ciência, conforme apresentado anteriormente, na qual a medição e aferição são 
elementos que possibilitam o reconhecimento da área. Também encontramos aqui as 
influências da Psiquiatria, pois a testagem possibilita enquadrar o sujeito a um 
diagnóstico. Assim, a prática do psicólogo jurídico, muitas vezes, fica nessa díade: 
aplicação de testes – diagnóstico. 
A complicação ocorre no momento em que esses dados apresentados pela 
perícia são tomados como a verdade sobre o indivíduo. França (2004) refere que as 
conclusões da perícia sobre o comportamento do indivíduo criminoso estende-se a 
todo o indivíduo em sua integridade e essa marca determinará a sua existência. A 
predominância da testagem é compreendida também pela expectativa do jurídico, cujo 
caráter é positivista. A perícia forense é uma das possibilidades do psicólogo jurídico, 
mas não a única; deve ser utilizada com prudência e ser entendida enquanto uma 
composição de dados coletados, e não reduzida à aplicação de testes. A AP é 
importante como elemento da Psicologia Jurídica, porém é imprescindível a 
necessidade de repensá-la criticamente. 
 
2 A PSICOLOGIA JUNTO AO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
Fonte:www.caputoecouto.com.br 
 
12 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves ( 2013 apud Dannemann,2013), a família 
é uma realidade sociológica e constitui a base do Estado, o núcleo fundamental em 
que repousa toda a organização social. Em qualquer aspecto em que é considerada, 
aparece a família como uma instituição necessária, sagrada, que vai merecer a mais 
ampla proteção do Estado. 
O Direito de Família, por sua vez, regula a relação existente entre os membros 
que compõem a família e as consequências dessa relação para as pessoas e os 
patrimônios dos envolvidos. 
A constituição Federal (CF/88) dedica o seu Capítulo VII ao estudo da família, 
da criança, do adolescente, do jovem e do idoso, e em especial, no artigo 226, 
estabelece as linhas gerais da proteção à família. 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
 § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
 § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
 § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o 
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão 
em casamento. 
 § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por 
qualquer dos pais e seus descendentes. 
 § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher. 
 § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. 
 § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas. 
 
13 
 § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos 
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações. 
A instituição família vem se modificando e se reestruturando de acordo com 
cada contexto histórico e apresentando até formas variadas numa mesma época e 
lugar, de acordo com o grupo social (Paiva,2008). 
Sabemos que não há uma definição única de família, não há um “modelo ideal”, 
pois, cada família tem sua especificidade e estabelece um código próprio (constituído 
de normas e regras). Cada indivíduo se apropria deste código e o usa. Cada um tem 
sua identidade, mas há uma organização interna à família. Como cada sociedade tem 
sua história e sua cultura, são diversas as formas de ser família, de criar os filhos, 
como também são diversos os costumes relativos ao matrimônio e aos papéis do 
homem e da mulher. 
Kaslow (2001) cita nove tipos de composição familiar que podem ser 
consideradas “família”: 
1-Família nuclear, incluindo duas gerações (pais-filhos), com filhos biológicos; 
2- Famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações (pais- filhos- avós); 
3- Famílias adotivas temporárias; 
4- Famílias adotivas, que podem ser bi raciais ou multiculturais; 
5- Casais heterossexuais; 
6- Famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe; 
7- Casais homossexuais com ou sem crianças, 
8- Famílias reconstituídas depois do divórcio, 
9- Várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso 
mútuo. 
 
14 
A organização de um Serviço de Psicologia no âmbito jurídico reflete a demanda 
institucional e as medidas judiciais previstas para a situação- problema, dividindo os 
atendimentos por áreas (Maciel,2002): 
Colocação de crianças em famílias substitutas e/ou de apoio, que pressupõe as 
medidas judiciais correspondentes: 
 Guarda; 
 Tutela; 
 Adoção; 
 Delegação e destituição do pátrio poder; 
 Utilização de recursos como: 
 Abrigos temporários; 
 Cadastros de pessoas interessadas em adoção; 
 Cadastros de famílias de apoio; 
 Cadastro de crianças e adolescentes disponíveis para adoção; 
 Cursos de esclarecimento para pais substitutos; 
 Orientação, apoio e acompanhamento temporários à criança, ao adolescente 
e à família, em situações de desajustes familiares e desvios de conduta 
como: 
 Fuga do lar; 
 Uso de tóxicos; 
 Pedidos de internação; 
 Consentimento para casamento; 
 Suprimento de idade (emancipação da maioridade). Atendimentos de denúncias sobre negligências, maus tratos, abuso sexual, 
violência psicológica, intra e extrafamiliar. 
 Atendimento a jovens com práticas de delito, com estudo de caso, visando à 
discussão e avaliação de medidas socioeducativas e de proteção, tais como: 
 Advertência; 
 Liberdade assistida; 
 Prestação de serviços à comunidade; 
 Semi-internação; 
 
15 
 Internação; 
 Fiscalização das entidades de atendimento governamentais e não – 
governamentais; 
 Apuração de irregularidades em entidades de atendimento, 
 Proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos (ações cíveis). 
Segundo Maciel (2002), a principal tarefa dos psicólogos no âmbito do poder 
judiciário tem sido assessorar o magistrado na distribuição da justiça. Porém, para 
realizar tal função, necessitam cumprir várias atribuições, tais como: 
 Realizar estudos de casos, buscando alternativas mais viáveis, no 
cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, em defesa dos 
direitos fundamentais do mesmo; 
 Discutir as medidas de proteção ou socioeducativas mais coerentes a 
situação de crianças e adolescentes; 
 Participar de audiência e apresentar por escrito ou oralmente, o parecer 
técnico sobre o caso, resguardando os princípios éticos da profissão; 
 Proceder à orientação, acompanhamentos e encaminhamentos necessários à 
família e à criança ou adolescente, 
 Estimular e efetivar as relações da instituição judiciária com as entidades e 
conselhos do município (de direito e tutelar) numa ação interinstitucional que 
promova o intercâmbio em rede e uma política de atendimento eficaz; 
 Verificar o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, conhecendo 
e analisando os programas de atendimento do município, e denunciando sua 
violação; 
 Promover a política de atendimento à criança e ao adolescente no município 
enquanto os conselhos tutelares municipais não estão instalados, e ou/ auxiliá-
lo em sua realização; 
 Participar e promover eventos relacionados à área (cursos etc); 
 Proceder a estudos e promover debates visando a análise de fatores que 
predispõe, reforçam ou contribuem para a manutenção o fenômeno da 
menoridade, bem como as problemáticas das famílias, buscando realizar um 
trabalho efetivo com as pessoas em harmonia interdisciplinar, contribuindo para 
o avanço das políticas públicas, da profissão e da ciência. 
 
16 
Observe que as atividades desenvolvidas pelo psicólogo no âmbito judicial 
podem ser agrupadas em ações de perícia/ avaliação; acompanhamento/ atendimento 
e assessoramento/ auxílio. 
Lago et. al(2009) também destacam que na Psicologia Jurídica ocorre uma 
predominância das atividades de elaboração de laudos, pareceres e relatórios, o que 
leva à suposição de que compete à Psicologia uma atividade de cunho avaliativo e de 
subsídio aos magistrados. 
No entanto, nem sempre o trabalho do psicólogo jurídico está ligado à questão 
da avaliação e consequente elaboração de documentos. Os ramos do Direito que 
frequentemente demandam a participação do psicólogo são: 
 Direito Civil 
Direito da Família 
Direito da Criança e do Adolescente 
 Direito Penal 
 Direito do Trabalho 
 
Na área de família destaca-se a participação dos psicólogos nos processos de: 
 Separação e divórcio; 
 Disputa de guarda; 
 Regulamentação de visitas. 
 
 
Fonte: psijust.blogspot.com 
 
17 
2.1 Separação e Divórcio 
 
Fonte: www.boavidaonline.com.br 
Os processos de separação e divórcio englobam: 
 Partilha de bens; 
 Guarda de filhos; 
 Estabelecimento de pensão alimentícia; 
 Direito à visitação 
São raros os casos em que os cônjuges conseguem atingir o consenso para a 
separação. As situações que requerem a participação de um psicólogo geralmente 
são litigiosas, ou seja, aqueles em que as partes não conseguem chegar a um acordo 
em relação às questões envolvidas no divórcio. Isso implica resolver o conflito que 
está ou que ficou entrelinhas, nos meandros dos relacionamentos, ou seja romper 
com o vínculo afetivo-emocional. 
Nos casos em que o juiz não considera viável a mediação ou quando os 
litigantes se dispõem a tentar um acordo, o psicólogo pode atuar como mediador ou 
pode ser solicitada uma avaliação de uma das partes ou do casal. Seja como mediador 
ou avaliador, o psicólogo busca identificar os motivos que levaram ao litígio e os 
conflitos que impedem um acordo. Nos casos em que julga necessário, o psicólogo 
pode inclusive sugerir encaminhamento para tratamento psicológico ou psiquiátrico 
das partes. 
 
18 
 
2.2 Regulamentação de Visitas 
 
Fonte: advocacia-dra-gleice.negocio.site 
Conforme vimos a pouco, o direito à visitação é uma das questões a serem 
definidas a partir do processo de separação ou divórcio. No entanto, mesmo após a 
decisão judicial podem surgir questões de ordem prática ou até mesmo novos conflitos 
que tornem necessário recorrer mais uma vez ao judiciário, solicitando uma revisão 
nos dias e horários ou forma de visitas. Nessas situações o psicólogo jurídico realiza 
avaliações com a família, com vistas a esclarecer os conflitos e informar ao juiz sobre 
a dinâmica familiar, além de sugerir as medidas que podem ser adotadas. 
Além disso, o psicólogo pode atuar também como mediador, sinalizando a 
influência de conflitos intrapessoais na dinâmica interpessoal dos ex-cônjuges, com o 
objetivo de estabelecer um acordo pautado na cooperação, de maneira que a 
autonomia da vontade das partes seja preservada. 
 
 
19 
2.3 Disputa de Guarda 
 
Fonte: circuitopsi.com.br 
Nos processos de separação ou divórcio o juiz precisa determinar qual dos ex-
cônjuges deverá deter a guarda dos filhos. Nos casos mais graves, em que ocorrem 
disputas judiciais pela guarda, o juiz pode requerer a realização de uma perícia 
psicológica para que seja avaliado qual dos genitores apresenta melhores condições 
de exercer esse direito. 
É necessário que os psicólogos que atuam nessa área tenham conhecimentos 
sobre avaliação psicológica, psicopatologia, psicologia do desenvolvimento e 
psicodinâmica do casal, além de estudar temas atuais como a guarda compartilhada, 
falsas acusações de abuso sexual e síndrome de alienação parental, devendo saber 
sobre seu funcionamento e sobre a melhor forma de investigá-los, pois, essas 
situações podem estar envolvidas nesses processos. 
 
Modalidades de guarda 
 
 Unilateral, monoparental, exclusiva ou única: atribuída a um só dos 
genitores ou a alguém que o substitua; 
 Compartilhada ou conjunta: responsabilização conjunta e o exercício de 
direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, 
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. 
 
20 
 Guarda alternada: divisão entre pai e mãe em relação à responsabilidade 
com os filhos e consequentes mudanças periódicas destes para a casa de 
cada um dos pais. 
 Aninhamento ou nidação: a criança mora ora na companhia do pai, ora na 
companhia da mãe, semelhante à guarda alternada. No entanto, quem muda 
de residência não é ela e sim seus genitores. 
 
 
 
Fonte: www.amodireito.com.br 
2.4 Atuação do psicólogo nas ações de guarda 
 
Fonte: astrosavet.rs 
 
21 
Práticas: avaliação psicológica, perícia, assessoramento, orientação, 
mediação, aconselhamento, encaminhamento, elaboração de laudos, pareceres e 
relatórios. Possibilidade de análise da dinâmica familiar e das interações entre seus 
membros. 
Estudo para verificação, dentre os genitores ou demais responsáveis 
envolvidos, qual deles reúne mais condições gerais, vocacionais, funcionais e 
emocionais para o atendimento das necessidades da criança ou adolescente em 
questão. 
O objetivo central é trazer aos autos (processo judicial) elementos que auxiliem 
o magistrado na decisão, através de um laudo/ relatório ou parecer psicológico. 
A análise do enquadre de trabalho permite definir como clientes possíveis dopsicólogo: o advogado, a partes, as partes, o curador de família e o juiz (Shine,2010). 
 
O advogado- atuando a pedido do advogado, o psicólogo deverá deixar claro, 
no seu relacionamento com a parte, que o que souber a partir da avaliação poderá ser 
usado pelo advogado. Portanto, na perspectiva colocada acima, é possível definir o 
advogado como cliente que demanda serviços do psicólogo, mesmo que seja a parte 
– cliente deste advogado, aquela que será atendida pelo profissional. O advogado é 
quem, em última instância, detém o poder de decidir como utilizar as conclusões 
psicológicas que o profissional obtiver. Vemos assim que o papel que o psicólogo 
desempenhará na arena legal pode ser de um “consultor especializado” (perito na 
matéria) de quem o advogado se servirá para melhor defender a causa do seu cliente. 
A parte- segundo o Código do Processo Civil, no momento que o juiz aceita a 
prova da perícia psicológica, ele deve facultar às partes a indicação de assistentes 
técnicos. O assistente técnico é o perito de confiança da parte. O assistente técnico 
psicólogo tem a sua entrada por intermédio do advogado. No entanto, em muitos 
casos é a própria parte que procura o psicólogo para efetivar o contrato de trabalho. 
Shine (2010) alerta para o fato de que, quando a solicitação é feita ao psicólogo 
em consultório, habituado ao enquadre clínico, este irá considerar seu cliente a 
pessoa que ele avaliou. Ao considerá-lo responsável (paciente/cliente) pelo que fizer 
com o relatório que lhe entregar, estará ignorando o destinatário último deste trabalho 
(juiz), bem como o contexto (jurídico) em que seu relatório psicológico será apreciado. 
O Juiz- na maioria dos trabalhos de avaliação psicológica em Vara de Família 
(dentre os quais o processo de guarda é um deles) é realizada pelo psicólogo 
 
22 
nomeado perito pelo juiz. Por esta razão é que se refere a este profissional como o 
perito oficial ou o perito de confiança do juiz, ou ainda perito do juízo. 
O juiz tem a autonomia de nomear o perito que ele quiser. Isto equivale a dizer, 
no caso brasileiro, que mesmo nos estados onde existem psicólogos contratados no 
tribunal, exercendo rotineiramente o serviço de perícia para Varas de Família, o juiz 
da causa pode nomear um profissional de fora da instituição judiciária. 
A posição de perito outorga ao profissional a autoridade de convocar 
oficialmente a presença de todos que ele ou ela entender necessário avaliar para a 
efetivação do trabalho. 
Além disso, esta prerrogativa de investigação coloca o profissional sob o manto 
da autoridade judiciária para realizar as diligências tais como visitas a escola, 
hospitais, etc., bem como entrevistar profissionais que atendam à família em questão 
(médicos, professores, psicoterapeutas, psicopedagogos etc.). 
Obviamente a decisão de fazer tais diligências está diretamente relacionada a 
como o profissional psicólogo perito entenda que sejam necessárias ou não para o 
desempenho de sua função. 
O curador de família- O curador de Família, pertence ao Ministério Público, 
fazendo parte do Poder Executivo, em função eminentemente fiscalizadora, sendo 
“órgão de lei e fiscal sua execução”. 
Além de fiscalizar o bom andamento processual do rito pertinente, também influi 
no direcionamento daquilo que será apreciado, sugerindo provas periciais específicas, 
dentre as quais a avaliação psicológica. 
Shine (2010) afirma que a sugestão de avaliação psicológica partindo do 
membro do Ministério Público é prática comum. Da mesma forma que, ao indicar a 
perícia psicológica, o curador também pode oferecer quesitos que são perguntas que 
se formulam aos peritos e pelas quais se delimitam no campo da perícia. 
 
 
23 
 
Fonte: meloadv.adv.br 
3 O PAPEL DO PSICÓLOGO NAS VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE 
 
Fonte: www.taupsicologia.com.br 
Para fazer frente às situações de risco, as políticas públicas de assistência 
social precisam do trabalho de profissionais de vários setores, tais como saúde, 
educação, assistência social e sistema de Justiça. Dentre as áreas de atuação, 
demandam-se, dentre outros profissionais, os de assistência social e da Psicologia. O 
 
24 
ECA traz, para o profissional de Psicologia, papéis a serem desempenhados nas 
políticas públicas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente. 
Sob o paradigma da proteção integral, o juiz não atua mais com exclusividade. 
Há um reordenamento do atendimento à criança e ao adolescente, uma 
interdisciplinaridade de profissionais. E a família constitui o foco principal. O papel do 
psicólogo não é mais o de técnico que só atua do ponto de vista do conhecimento 
específico, principalmente dos testes. O papel do psicólogo agora é a atenção na 
proteção integral, e ele deve considerar a criança e o adolescente sujeitos de sua 
história, sujeitos de direitos, protagonistas; tem que atuar em rede, 
interdisciplinarmente (Conselho Federal de Psicologia, 2003). 
Dentro da concepção da proteção integral, o papel do psicólogo no sistema de 
garantias, junto ao de outros profissionais, passa, então, a ser o de um viabilizador de 
direitos, devendo para tal ter conhecimento profundo da legislação, uma vez que a 
descentralização lhe exige novas e capacitadas competências, a autonomia política 
administrativa impõe a participação, e o controle requer um arcabouço teórico-técnico-
operativo que visa ao fortalecimento de práticas e espaços de debate, na propositura 
e no controle de política na direção da autonomia e do protagonismo dos usuários, 
assim como nas relações entre gestores, técnicos das esferas governamentais, 
dirigentes e técnicos, prestadoras de serviços, conselheiros e usuários. Mas a atuação 
desses profissionais deve se dar em rede, ou seja, em complementaridade técnica. 
As novas demandas para a atuação do psicólogo nas políticas sociais para 
crianças e adolescentes requerem um profissional multifunções, que trabalhe de 
forma interdisciplinar e em rede. Mas esse novo modelo, que emerge a partir da 
constituição Federal de 1988 e do Estatuto da criança e do Adolescente, documentos 
que garantiram àqueles a condição de sujeitos de direitos, não foi suficiente para dar 
conta da discussão, antiga na Psicologia, realizada por diversas correntes que 
discutem o modelo de Psicologia adequado às classes trabalhadoras, às populações 
marginalizadas, às populações sem a experiência da escolarização e às comunidades 
pobres. 
 
25 
4 EQUIPE INTER PROFISSIONAL NA VARA ESPECIALIZADA DA INFÂNCIA E 
JUVENTUDE1 
A Constituição Brasileira de 1988, nos artigos 204 e 227, fixa os direitos da 
infância e da adolescência em consonância com a Convenção Internacional dos 
Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em 1989 e 
ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n. º 99.710 de 21 de novembro de 1990. 
O ECA dispõe sobre os direitos fundamentais da infância e da adolescência 
adotando os princípios da Doutrina de Proteção Integral, consagrados pela 
Convenção Internacional dos Direitos da Criança, materializada em tratados e 
convenções adotadas pelos Estados signatários. Segundo Bernardi, o novo 
paradigma, crianças e adolescentes gozam de direitos especiais e prioritários de 
proteção em função de sua condição peculiar de desenvolvimento e, 
simultaneamente, dos direitos humanos consagrados a todas as pessoas (ECA, artigo 
3.º). A garantia de prioridade na efetivação dos direitos, compreende, segundo o artigo 
4.º da CF, a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; destinação 
privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e 
à juventude. Neste universo, o ECA atribui ao Poder Judiciário, enquanto instituição, 
a criação de varas especializadase exclusivas da infância e da juventude e 
manutenção de equipe Inter profissional. 
A primeira encontra-se no art.145 do ECA: 
 
“Art. 145 - Os Estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas 
e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua 
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre 
o atendimento, inclusive em plantões. ” 
A segunda, sob o título de serviços auxiliares: 
 
 
1 Texto extraído do link: 
http://www.aasptjsp.org.br/sites/default/files/Documento%20CNJ%2018%20anos%20do%20ECA.pdf 
 
26 
“Art. 150 - Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta 
orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada 
a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. ” No art.151, menciona, 
genericamente as atribuições da equipe: Art. 151 - Compete à equipe interprofissional, 
entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer 
subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim 
desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção 
e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre 
manifestação do ponto de vista técnico. As competências da Justiça da Infância e 
Juventude, definidas pelo ECA (artigo 148) indicam que a autoridade judiciária tem 
poderes para intervir nas relações familiares e decidir sobre a vida de crianças e de 
adolescentes, com base nos princípios legais, contando com o auxílio de equipe 
interprofissional. Esta tem suas funções definidas como de assessoria para as 
decisões judiciais, fornecendo, por meio de relatórios e participação em audiências, 
subsídios para a convicção do magistrado quanto à medida judicial que melhor 
responde aos interesses das crianças e adolescentes, contextualizando a demanda 
do caso à realidade social mais ampla, na qual a problemática social trazida ao Poder 
Judiciário, se insere. Além disto, a equipe interprofissional pode auxiliar o juízo no 
devido acompanhamento da aplicação da medida, informando os autos sobre a 
efetivação da ação no âmbito da família e da comunidade, visando a garantia de 
direitos, por meio de uma ação articulada em rede com as políticas setoriais públicas. 
 
 
Fonte: brunapsicologa.blogspot.com 
 
27 
Consideramos que, embora no Brasil tenhamos conquistado um aparato legal 
significativo, que garante um sistema de proteção social avançado na área da infância 
e juventude, não temos ainda a expressão destas conquistas na vida social cotidiana. 
Os psicólogos nas Varas da Infância e Juventude se dedicam a esmiuçar o 
caso na busca de alternativas para a recomposição do direito violado, com base no 
estudo interprofissional. Adotam a perspectiva de proteção e cuidado, próprias à 
doutrina de Proteção Integral do ECA; elaborando relatórios psicológicos parciais que 
informam sobre ações por eles desenvolvidas ao longo de um tempo de diagnóstico 
e de intervenção, até construir material suficiente para substanciar uma decisão 
judicial, com a aplicação de uma medida de proteção ou socioeducativa mais 
compatível à realidade do caso em estudo. O rigor do exame não tem sido a tônica da 
intervenção, que prioriza a articulação de uma rede de atendimentos na busca de 
alternativas à problemática estudada. Os relatórios informativos não são 
necessariamente conclusivos, priorizando as descrições e análise das situações de 
vulnerabilidade social das famílias e seus filhos e a indicação de procedimentos a 
serem desenvolvidos pelas políticas setoriais. 
A natureza do Direito Especializado da Infância e Juventude favorece uma ação 
interventiva, contínua, com produção de relatórios frequentes e elaborados a casa 
intervenção. Nas Varas da Infância e Juventude, os psicólogos tendem a conjugar as 
ações diagnósticas com as de intervenção direta nos casos, com maior ênfase no 
atendimento emergencial das pessoas no espaço do foro. Orientações, 
acompanhamento de casos, aconselhamento, encaminhamentos a recursos da 
comunidade, são atividades cotidianas comungadas com outros profissionais, em 
especial com os assistentes sociais. Nesse panorama, os laudos passam a ser 
chamados de relatórios, redigidos, na maioria das vezes, no momento do atendimento 
das pessoas no próprio recinto do foro. 
Os relatórios, feitos a cada atendimento, descrevem fatos e situações, avaliam 
a problemática do momento e as atitudes das pessoas nela envolvida. Descrevem e 
tecem considerações sobre as informações colhidas com as pessoas entrevistadas e 
podem apresentar conclusões e sugestões para ações imediatas de intervenção 
judiciária nos casos. Tais ações são intermediárias e preparatórias para uma decisão 
judicial quanto à medida de proteção mais adequada à situação descrita e avaliada 
tecnicamente pelos profissionais da equipe interdisciplinar. 
 
28 
Segundo a resolução CFP n. º 014/00, a Psicologia Jurídica se enquadra como 
uma das áreas emergentes para atuação dos psicólogos nos diversos âmbitos de 
intersecção entre Psicologia e Direito. A especialidade vem se delineando com 
atividades práticas dos psicólogos empreendidas nas várias áreas da Justiça, entre 
elas a da Infância e Juventude, Cível, Família e Sucessões e Justiça Criminal. 
Segundo a descrição das funções próprias da especialidade, para o título de 
especialista pelo CFP, o psicólogo jurídico atua sobre problemas e assuntos jurídicos, 
nas instâncias de decisão e de execução das medidas judiciais. 
 
 
Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br 
A atuação de psicólogos na Justiça Especial da Criança e do Adolescente teve 
início na década de 80, a partir da implementação do Código de Menores de 1979, 
que dispunha sobre a possibilidade do magistrado ser auxiliado por estudo de cada 
caso realizado por equipe interdisciplinar sempre que possível. Segundo Camargo 
(1982:21), a implantação de equipes interprofissionais nas Varas de Menores visava 
que os menores fossem tratados no âmbito de seus direitos individuais, utilizando as 
medidas judiciais para sua reintegração sócio familiar. 
As medidas judiciais propostas pelo novo Código de Menores pressupunham 
uma intervenção do Estado na família em nome do "melhor interesse da criança", 
mediada por estudos técnicos do Serviço Social e da Psicologia. As bases iniciais para 
 
29 
a prática psicológica nos Tribunais de Justiça foram fundadas na expectativa de que 
a equipe técnica prevista no Código de Menores de 1979, deveria apresentar relatório 
para a pronta decisão do caso pelo magistrado – contribuindo para a celeridade das 
decisões na área do Direito do Menor. A prática dos psicólogos jurídicos no Tribunal 
de Justiça, desde então, fixou-se nas questões da infância e da família. Com base nas 
diretrizes do ECA e em provimentos internos do Tribunal de Justiça, a equipe 
interprofissional é, hoje, constituída por assistentes sociais e psicólogos judiciários: - 
servidores públicos concursados ou selecionados para atuar no âmbito das Varas da 
Infância e Juventude e Varas da Família e Sucessões cumulativamente. 
A partir de 1990, com a implementação do ECA no País, vários Estados 
passaram a constituir as equipes com diferentes composições, mas, tendo como 
equipe mínima profissionais do Serviço Social e da Psicologia. Neste enfoque, cabe 
ao psicólogo uma tarefa subsidiária ao exercício do Direito, baseada no diagnóstico 
das situações-problema e na execução das medidas saneadoras da problemática, 
compreendendo a complexidade e dinâmica das questões apresentadas pelas 
pessoas, grupos e instituições. 
A prática atual desenvolvida por psicólogos, enquanto membros das equipes 
interdisciplinares das Varas da Infância e Juventude compreende, além da elaboração 
de relatórios subsidiários aos juízes, atuarjunto às pessoas (famílias, responsáveis e 
filhos) com intervenções diretas, por meio de técnicas de aconselhamento, orientação, 
acompanhamento, bem como com o encaminhamento a programas e projetos da rede 
de serviços disponíveis na comunidade. Conforme a doutrina de proteção integral, os 
profissionais integram um sistema de garantia de direitos, reconhecendo crianças e 
adolescentes como cidadãos em fase peculiar de desenvolvimento. 
Para tanto dispõe que o psicólogo deve observar os demais instrumentos legais 
referentes à prestação de serviços atentando para que: 
Suas avaliações se constituam num processo que considere os determinantes 
históricos, sociais, econômicos e políticos como elementos fundamentais na 
constituição da subjetividade da pessoa atendida, formalizando suas avaliações em 
um DOCUMENTO que considere, portanto, a natureza dinâmica, não definitiva e não 
cristalizada do seu objeto de estudo. 
Às modalidades propostas de documentos incluem o Relatório Psicológico e o 
Laudo Psicológico. 
Segundo tal resolução: 
 
30 
 
 Relatório Psicológico é uma exposição escrita, minuciosa e histórica dos fatos 
relativos à avaliação psicológica, com o objetivo de transmitir ao destinatário, 
resultados, conclusões e encaminhamentos, subsidiados em dados colhidos e 
analisados à luz de um instrumental técnico (teste, entrevista, dinâmicas, 
observação, intervenção verbal, etc.), consubstanciado em referencial técnico-
filosófico e cientifico adotado pelo psicólogo. 
 Laudo psicológico é um relato sucinto, sistemático, descritivo, interpretativo 
de um exame (ou diversos) que descreve ou interpreta dados. O Laudo 
Psicológico é também chamado de Relatório Psicológico e quando sua 
solicitação decorre de instâncias judiciais tem sido nomeado de laudo pericial. 
Considerando as definições do CFP, podemos indicar que os documentos 
psicológicos no âmbito da Justiça da Infância e Juventude adotam o designativo 
“relatórios psicológicos” ou ao invés de “laudos psicológicos”, diferenciando-se 
das Varas de Família e Sucessões, embora ambos respondam a mesma 
finalidade. 
 A avaliação psicológica é entendida como o processo científico de coleta de 
dados, estudos e interpretações de informações a respeito das dimensões 
psicológicas dos indivíduos e grupos por meio de estratégias psicológicas – 
métodos, técnicas e instrumentos – com objetivos bem definidos, que possam 
atender diversas finalidades, visando subsidiar tomadas de decisão. A atuação 
está centrada na leitura do dos fenômenos psicológicos, que são resultantes 
da relação do indivíduo com a sociedade e, que se apresentam nas 
problemáticas apresentadas como demandas judiciais. Os instrumentos 
técnicos da avaliação psicológica compreendem entrevistas (individuais, casal, 
família, de grupos), testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, estudos 
de campo, intervenções verbais. Esses instrumentais técnicos devem obedecer 
às condições mínimas requeridas de qualidade e de uso, devendo ser 
adequados ao que se propõe investigar. O processo de avaliação psicológica 
deve considerar que as questões de ordem psicológica têm determinações 
históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas, elementos 
constitutivos dos processos de subjetivação. O documento resultante da 
avaliação deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada 
de seu objeto de estudo. Além disto, o psicólogo jurídico participa de 
 
31 
audiências, prestando informações, para esclarecer aspectos técnicos em 
Psicologia e para responder quesitos, previamente apresentados. Atua, 
também, em pesquisas e programas socioeducativos e de prevenção à 
violência, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica, 
para atender às necessidades de crianças e adolescentes em situação de 
vulnerabilidade social e/ou adolescentes em conflito com a lei. 
5 ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br 
A Síndrome da Alienação Parental é um acontecimento frequente na sociedade 
atual, que se caracteriza por um elevado número de separações e divórcios. 
Esta Síndrome foi definida pela primeira vez nos Estados Unidos e despertou 
muito interesse nas áreas da psicologia e do direito, por se tratar de uma entidade ou 
condição que se constrói na intersecção destes dois ramos, ou seja, a Psicologia 
Jurídica, um novo território epistemológico que consagra a multidisciplinaridade, 
revela a necessidade do direito e da psicologia se unirem para melhor compreensão 
dos fenômenos emocionais, no caso, com aqueles que se encontram num processo 
de separação ou divórcio, incluindo os filhos. 
A Alienação Parental é uma forma de maltrato ou abuso, é um transtorno 
psicológico que se caracteriza por um conjunto de sintomas pelos quais um genitor, 
denominado cônjuge alienador, transforma a consciência de seus filhos, mediante 
 
32 
diferentes formas e estratégias de atuação, com o objetivo de impedir, obstaculizar ou 
destruir seus vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado, sem que 
existam motivos reais que justifiquem essa condição. 
Em outras palavras, consiste num processo de programar uma criança para 
que odeie um dos seus genitores sem justificativa, de modo que a própria criança 
ingressa numa trajetória de desmoralização desse mesmo genitor. 
 Podemos dizer que o alienador "educa" os filhos no ódio contra o outro genitor, seu 
pai ou sua mãe, até conseguir que eles, de modo próprio, levem adiante esta situação. 
Sendo assim, esse trabalho visa, através de uma revisão bibliográfica, uma 
análise desta situação onde a criança vive uma situação de tortura psicológica, 
buscando reflexões a respeito de seus efeitos e consequências (sequelas), bem como 
possíveis soluções jurídicas e psicológicas que podem existir. 
5.1 A ORIGEM DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL 
A Síndrome de Alienação Parental surgirá da disputa de guarda dos filhos pelos 
seus pais. Mas antes que ocorra tudo isso, é necessário entender a origem de tudo, a 
separação judicial. Essa é apreciada conjuntamente com o divórcio na nossa 
legislação: 
As separações judiciais possuem alguns tipos que podem afetar de forma 
distinta os filhos, que serão o centro da discussão aqui. A separação por mútuo 
consentimento, com ambas as partes entrando em um acordo, pouco prejudica a 
criança, mas a separação chamada litigiosa, onde uma pessoa, que será a autora, 
imputa e mostra que houve conduta desonrosa ou algum ato que importe grave 
violação de deveres do casamento. Posteriormente, esse tipo de separação deixará 
consequências tanto para o casal quanto para seus filhos. Então, tendo em vista esses 
problemas, e a partir do novo código civil, surgiu um direito de família diferenciado 
para tratar essas questões com proteção ao menor. 
Taborda e Abdalla-filho abordam o assunto afirmando que toda decisão judicial 
deverá buscar o melhor para a criança e o adolescente: 
No caso da separação consensual ou litigiosa, por exemplo, o juiz poderá 
recusar a homologação, se os interesses dos filhos menores não estiverem sido 
devidamente contemplados (código civil, artigo 1574 parágrafo único, e 1584). Não 
 
33 
subsiste, portanto, a regra do artigo 10 da lei do divórcio, segundo a qual os filhos 
menores ficarão com o cônjuge que a ela não houver dado causa. 
A Síndrome da Alienação Parental começa a despertar atenção, pois a sua 
prática vem sendo denunciada de forma recorrente. 
 Sua origem está ligada a intensificação das estruturas de convivência familiar 
quando, consequentemente ocorre uma maior aproximação dos pais com os filhos. 
Até algum tempo atrás era natural da função materna, quando da separação 
do casal, a mãe ficar com os filhos. 
Atualmente, com a separação dos genitores, passou a haver uma disputa pela 
guarda dos filhos, algo impensável anteriormente. 
Aos pais restavam somente encontros pré-determinados, emgeral em finais de 
semana alternados - direito de visitação - o que não permitia um estreitamento das 
relações entre pais e filhos, não aprofundavam os vínculos afetivos. 
Entretanto, muitas vezes a ruptura da relação conjugal gera na mãe um 
sentimento de abandono e rejeição, o que se traduz em desejo de vingança. 
Ao ver o interesse do pai em preservar a convivência com o filho, sua primeira 
atitude é afastar um do outro, na tentativa de se vingar do ex-cônjuge, criando uma 
série de situações visando dificultar, ou até mesmo impedir a convivência de ambos. 
Esta atitude ou atitudes levam o filho a rejeitar e até mesmo a odiar o pai. Este 
processo o psiquiatra americano chama de Síndrome da Alienação Parental; 
programar uma criança para que odeie o genitor sem qualquer justificativa. Uma 
verdadeira campanha para desmoralizar o genitor, onde o filho é usado como 
instrumento da agressividade. 
 
 
34 
5.2 A IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS 
EFEITOS E CONSEQUÊNCIAS 
 
Fonte:www.minutopsicologia.com.br 
O primeiro passo é fazer a identificação dessa síndrome iniciando com a 
informação, e em seguida é necessário se dar conta que isso é um problema 
psicológico que demandará atenção especial e uma intervenção imediata no caso. O 
problema afetará cada uma das pessoas de um jeito mais específico e, sendo assim, 
deverá ser analisado individualmente, Jorge Trindade explica: "De fato, a Síndrome 
de Alienação Parental exige uma abordagem terapêutica especifica para cada uma 
das pessoas envolvidas, havendo a necessidade de atendimento da criança, do 
alienador e do alienado." O filho pode assumir uma postura de se submeter ao que o 
alienador determina, pois teme que se desobedecer ou desagradar, poderá sofrer 
castigos e ameaças. 
A criança criará uma situação de dependência e submissão às provas de 
lealdade, ficando com medo de ser abandonada do amor dos pais. Ocorre um 
constrangimento para que seja escolhido um dos genitores, trazendo dificuldades de 
convivência com a realidade, entrando num mundo de duplas mensagens e vínculos 
com verdades censuradas, favorecendo um prejuízo na formação de seu caráter. 
Podevyn conceitua bem esses conflitos com uma explicação sobre a 
identificação da síndrome: 
Para identificar uma criança alienada, é mostrada como o genitor alienador 
confidencia a seu filho seus sentimentos negativos e às más experiências vividas com 
 
35 
o genitor ausente. Dessa forma, o filho vai absorvendo toda a negatividade que o 
alienador coloca no alienado, levando-o a sentir-se no dever de proteger, não o 
alienado, mas, curiosamente, o alienador, criando uma ligação psicopatológica similar 
a uma "folie a deux". Forma-se a dupla contra o alienado, uma aliança baseada não 
em aspectos saudáveis da personalidade, mas na necessidade de dar corpo ao vazio. 
Flagrada a presença da Alienação Parental, é indispensável a 
responsabilização do genitor que age desta forma, pois usa o filho com a finalidade 
vingativa. Geralmente inicia com a interferência na comunicação entre a criança e o 
pai, como não permitir ligações telefônicas para as crianças; dificultar o contato físico, 
inventar compromissos, doenças, etc. 
O pai alienante procura destruir a ligação emocional da criança com o outro pai 
e, lança de mão de comportamentos específicos par pôr em prática o seu plano. 
Segundo Gardner, são comportamentos típicos de quem aliena: recusar-se a 
passar chamadas telefônicas aos filhos, excluir o genitor alienado de exercer o direito 
de visitas; apresentar o novo cônjuge como sua nova mãe ou pai; interceptar cartas e 
presentes; desvalorizar ou insultar o outro genitor; recusar informações sobre as 
atividades escolares, a saúde e os esportes dos filhos; criticar o novo cônjuge do outro 
genitor; impedir a visita do outro genitor; envolver pessoas próximas na lavagem 
cerebral de seus filhos; ameaçar e punir os filhos de se comunicarem com o outro 
genitor; culpar o outro genitor pelo mau comportamento do filho, dentre outras. 
Todos os comportamentos exemplificados, quando ocorrem com frequência, 
constituem-se em um valioso conjunto de evidências na identificação do genitor 
alienador, caracterizando, assim, a presença da Síndrome da Alienação Parental. 
 
 
36 
5.3 SÍNDROME DAS FALSAS MEMÓRIAS 
 
Fonte:www.psicologiaviva.com.br 
A memória ajuda a definir quem somos. É absolutamente essencial para a 
identidade de uma pessoa, é o conjunto de experiências armazenadas em sua mente. 
O acesso que o indivíduo tem ao arquivo das suas memórias é vital para que 
possa interpretar o que está à sua volta e tomar decisões. 
Assevera Jorge Trindade que, a Síndrome das Falsas Memórias traz em si a 
conotação das memórias fabricadas ou forjadas, no todo ou em parte, na qual ocorrem 
relatos de fatos inverídicos, supostamente esquecidos por muito tempo e 
posteriormente relembrados. Podem ser implantadas por sugestão e consideradas 
verdadeiras e, dessa forma, influenciar o comportamento. 
Falsas memórias são aquelas que têm relação ao fato de serem uma crença 
de que um fato aconteceu sem realmente ter ocorrido. Essas recordações são muito 
subjetivas e, possuem informações idiossincráticas da pessoa, isto é, cada indivíduo 
tem a sua própria maneira de ver, sentir e reagir a cada acontecimento. 
Na Síndrome das Falsas Memórias, o evento não acontece realmente, mas a 
pessoa reage como se efetivamente tivesse acontecido, pois passa a ser realmente 
vivido como real e verdadeiro. 
Existe confusão entre a Síndrome da Alienação Parental e a Síndrome das 
Falsas Memórias, que são dois institutos muitos diferentes e não podem ser 
confundidos. 
 
37 
Segundo Jorge Trindade, a Síndrome das Falsas Memórias configura uma 
alteração da função mnêmica (desenvolvimento da memória), enquanto a Síndrome 
da Alienação Parental é um distúrbio do afeto, que se expressa por relações 
gravemente perturbadas, podendo, de acordo com a intensidade e a persistência, 
incutir falsas memórias, sem que, entretanto, ambas estejam diretamente 
correlacionadas. 
Muitos operadores do direito e, até mesmo profissionais da saúde se referem 
às duas síndromes, erradamente, como sinônimos. 
Na Síndrome de Falsas Memórias trabalha-se com a memória, implantando 
fatos falsos, que não ocorreram, fazendo com que o indivíduo pense que realmente 
ocorreu, como por exemplo, o abuso sexual (forma perversa de implantar falsa 
memória). 
É forjado, fabricado dentro do indivíduo que ele sofreu abuso sexual, em geral 
acontece com crianças, por parte de um genitor, imputa a elas este fato para denegrir 
a imagem do outro. 
Ademais, a Síndrome de Falsas Memórias - ainda que tenha sido 
originariamente concebida em relação a lembranças que um indivíduo traz a cerca de 
um abuso sexual cometido contra ela na infância, mas que na verdade não ocorreu - 
não deve se limitar, entretanto, apenas a questões de cunho sexual, a memória pode 
ser equivocada em relação a qualquer tipo de fatos da vida. 
Na Síndrome da Alienação Parental, no entanto, pode eventualmente se utilizar 
de implantação de falsas memórias, mas o objetivo é afetivo, é programar uma criança 
para que odeie, sem justificativas, um de seus genitores, decorrendo daí que a própria 
criança contribui na trajetória de campanha de desmoralização. 
Assim, fica clara a distinção entre as duas Síndromes, onde a de Falsas 
memórias, como o próprio nome já diz, se ocupa de processos mnêmicos e a da 
Alienação Parental se ocupa do afeto, na desconstrução deste afeto. 
 
5.4 SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL NO PODER JUDICIÁRIO 
Relato de Caso 
 
 
38 
Lucila tinha pouco mais de quatro anos quando sua mãe ingressou com uma 
ação de suspensão de visitas do pai à filha. 
O processo continha atestados em que médicos afirmavam que, no dia 
seguinte ao retorno da casa paterna, a menina estava com os genitais irritados, 
indicando a possibilidadede abuso sexual. A mãe, autora da ação, não acusava o pai 
de abuso, mas a companheira deste, que teria raspado a pomada de assadura com 
uma colher, ato este praticado de forma e com intenções libidinosas. 
A mãe falava com muito rancor da atual companheira do pai, e afirmava que 
nunca havia confiado nela, tanto que já havia pedido ao pai para que evitasse que a 
companheira atendesse a menina. 
O pai estava muito mobilizado, mas se mostrou bastante disponível na 
avaliação, referindo confiança total na companheira, e relatando que realmente 
delegava os cuidados de higiene da filha para esta, pois achava que, como a filha 
estava crescendo, tinha que ser cuidada por uma mulher. 
Nem o pai, nem a mãe, referiam descontentamento da menina com as visitas 
à casa paterna, e a creche não observara nenhuma mudança de comportamento na 
criança após o suposto abuso. 
A companheira do pai foi entrevistada e relatou que no final de semana do 
suposto abuso Lucila já havia chegado assada, e ela apenas seguira o tratamento 
indicado pela mãe. 
Lucila foi entrevistada a sós por nós, numa sala com brinquedos. Ela aceitou 
entrar sozinha, aparentava tranquilidade e espontaneidade, e se comunicava muito 
bem oralmente. 
A entrevista centrou-se em suas atividades cotidianas, em casa e na creche, 
sendo aos poucos introduzido o tema de suas visitas à casa paterna (que estavam 
suspensas). 
Lucila fez uma série de referências agradáveis sobre o pai, a companheira 
deste, e as atividades que faziam juntos, até que, depois de algum tempo, disse que 
precisava nos contar porque não podia mais ir à casa do pai. 
A criança fez o mesmo relato da mãe sobre a colher, com palavras bem 
parecidas. Ao final lhe perguntamos se havia sentido dor, e ela responde 
negativamente. 
Perguntamos se a colher era grande ou pequena, e ela não sabia responder, 
dizendo não ter visto a colher. 
 
39 
Perguntamos como sabia que era uma colher, e a resposta foi imediata: 
"Quando eu cheguei em casa, a minha mãe me contou o que me aconteceu". 
Ao final da entrevista perguntamos se queria nos dizer algo, disse que não, que 
já havia dito tudo o que a mãe combinou com ela que deveria ser dito. 
Após o término da entrevista "finalizamos o laudo sem ter a certeza quanto à 
veracidade ou não da alegação da mãe [...]" mostra claramente a dificuldade ocorrida 
e que realmente é necessária uma avaliação imediata, pois casos como esse não 
devem demorar para evitar consequências maiores. Alguns meses depois a 
profissional com quem Lucila foi fazer atendimento, nos telefonou e contou que a 
alegação era falsa, e, além da filha, a mãe também iniciou atendimento, estando 
restabelecido contato entre pai e filha. 
Foi um caso claro de Síndrome de Alienação Parental, envolvendo falsas 
memórias, e que se não fosse esclarecido em tempo o pai poderia ter sido 
completamente afastado. 
 
 
 
 
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