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TCC - O impacto da proibição da maconha_ um comparativo entre Brasil e Uruguai (1)

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
CARLOS HENRIQUE JUNIOR
HENRIQUE LOBO
KATHLEEN CHEN
LUÍS FELIPE RAMIRO
VICTORIA LEMBERK
O IMPACTO DA PROIBIÇÃO DA MACONHA: UM COMPARATIVO ENTRE BRASIL E
URUGUAI
SÃO PAULO
2020
O IMPACTO DA PROIBIÇÃO DA MACONHA: UM COMPARATIVO ENTRE BRASIL E
URUGUAI
CARLOS HENRIQUE JUNIOR
HENRIQUE LOBO
KATHLEEN CHEN
LUÍS FELIPE RAMIRO
VICTORIA LEMBERK
Trabalho de Conclusão apresentado à
disciplina de Trabalho de Conclusão
de Curso, como requisito parcial à
conclusão de graduação de Relações
Internacionais da Universidade
Anhembi Morumbi.
Prof. Orientador(a): Thiago Babo
SÃO PAULO
2020
RESUMO
Quando o assunto é maconha a primeira coisa que vem a cabeça é a ilegalidade que esta
planta traz consigo. Dentro da atual realidade brasileira, os jovens que buscam essa
droga recorrem, em sua maioria, ao produto que é distribuído pelo crime organizado,
fazendo assim com que a guerra às drogas ganhe um novo capítulo a cada dia. Tendo
em vista este atual contexto, buscou-se por meio deste trabalho apresentar os fatos que
culminaram na intensa criminalização da maconha e os seus impactos significativos na
sociedade. Dessa forma, se estabelece um breve comparativo com o Uruguai, país da
América Latina que foi pioneiro na legalização da maconha na região, analisa-se os
dados carcerários e a atual política antidrogas adotada pelo Brasil, deixando claro a
extrema necessidade de uma nova regulamentação e de uma estrutura integrada com
órgãos do governo federal para que este seja um tema que chame atenção de outras
áreas do governo, e não exclusivamente da polícia em si. Nota-se que muitos países
ficaram insatisfeitos com as políticas adotadas durante a guerra às drogas, no qual
alguns se tornaram rotas de tráfico, estão com seus sistemas carcerários superlotados e a
violência só aumenta. Neste comparativo entre Brasil e Uruguai, vale ressaltar, que
alguns dados não estavam disponíveis, é analisado o narcotráfico, a criminalização das
drogas e seu impacto no contexto socioeconômico.
Palavras-chave: maconha; legalização; criminalização; guerra às drogas.
ABSTRACT
When we are talking about Cannabis, the first thing that we can think of is the illegal
matter that this weed carries on. Inside the brazilian reality nowadays, the majority of
youths that look for this drug needs to find the product distributed by organized crime,
taking a part on the new chapters which and every day on "War Against Drugs".
Acknowledging this context, we expect to present the facts that contributed to the
intense marijuana's criminalization and all the meaningful impacts on the society that
followed it. Therefore, we're going to establish a short comparative with the Uruguayan
scenario, a country located in South America, which is the pioneer into cannabis
legalization politics. We have analyzed prison statistical data and contrasted the political
scenarios and anti drugs policy in brazilian territory, focusing on the extreme need both
for a new regulation and an integrated structure, combined with parts of the federal
government so that this subject becomes a matter of interest for other powerful parts,
not only the police itself. It is noted that many countries were dissatisfied with the
policies adopted during the war on drugs, in which some became routes of trafficking,
their prison systems are overcrowded and violence is only increasing. In this
comparison between Brazil and Uruguay, it is worth mentioning that some data were not
available, drug trafficking, drug criminalization and its impact on the socioeconomic
context are analyzed.
key-words: cannabis; legalization; prison system; drug war.
INTRODUÇÃO
A proibição das drogas, não somente da maconha, na América Latina, possui
laços estreitos com os interesses do Estado e das classes que o sustentam. O
proibicionismo se inicia já na década de 1920, no contexto da Era da Proibição
(CARNEIRO, 2002) nos Estados Unidos da América movida pelos interesses do
patronato que temia que o consumo de álcool por parte dos trabalhadores
comprometesse sua produtividade no trabalho, alinhado com o clamor de uma
sociedade conservadora, moralista e extremamente cristã, que interpretava o uso de
bebidas alcoólicas como pecado. No entanto, é só no início da década de 70 que os
EUA, sob o governo de Richard Nixon, dão início à uma nova fase do proibicionismo,
dessa vez alinhada a interesses geopolíticos e integrada à doutrina de segurança nacional
americana.
A empreitada conhecida como Guerra às Drogas, campanha fundada com o
objetivo de catalogar, definir e reduzir o consumo ilegal de narcóticos através da
proibição destes e a criminalização de seus usuários deu início a um novo capítulo no
que é conhecido como segurança internacional, se mostrando ineficiente e sendo
responsável pelo constante aumento da violência em toda a América Latina, região que
é foco desse trabalho (RODRIGUES, 2012).
Até hoje em todo o mundo, existem poucas experiências a respeito da
legalização, regulamentação, distribuição ou descriminalização da maconha, sejam elas
pelo Estado ou pela iniciativa privada. O fato é que em todos os lugares onde houve
uma resolução favorável à tomada de controle da produção ou distribuição da Cannabis,
nota-se uma tendência à diminuição da violência ao enfraquecimento de mercados
paralelos.
Outro fato é que o único Estado que optou pela experiência de regulamentar e
legalizar a maconha na América Latina foi o Uruguai em 2013, o que deu ao nosso país
vizinho uma posição de vanguarda na região, evidenciando que há uma outra forma de
se lidar com o problema social que é o consumo de drogas sem direcionar esse tema
para o âmbito de segurança, mas lidando com a legalização sob um viés de saúde
pública, partindo do pressuposto de que o projeto até então vigente não vinha surtindo
efeito.
1
Esse trabalho tem como objetivo mostrar o impacto gerado pela guerra às drogas
no sistema carcerário, comparando o Brasil, um país onde a maconha é ilegal e
brutalmente recriminada pelo Estado, e o Uruguai, que, assim como alguns poucos
países, optou pela legalização da maconha medicinal e recreativa, pela primeira vez na
América do Sul. Agora podemos estudar as consequências deste evento em um país
similar ao Brasil em termos de região, política e de história.
Tendo em vista a relevância para a sociedade do fim dessa violência, o presente
estudo estabelece como problema de pesquisa: qual o impacto da proibição da maconha
em temas pertinentes ao nosso cotidiano? Assim, o objetivo geral deste artigo é tratar de
identificar as consequências da guerra às drogas no Brasil e propor uma reflexão quanto
à abordagem da legalização da maconha no Uruguai, que tomou o caminho inverso.
Será discutida a história da maconha em ambos os países, a regulamentação da maconha
no Uruguai, uma discussão sobre a guerra às drogas em nível global, a apresentação e
análise de indicativos importantes como saúde, economia e segurança pública dos dois
países e depois, por fim, a relevância da legalização da maconha.
2
A MACONHA NO BRASIL E NO URUGUAI
Antes do Brasil ser como é hoje, ou seja, quando era uma terra não colonizada, a
maconha já havia chegado em território brasileiro, pontua Jonas Araujo (2015, p. 3):
“As caravelas de Pedro Álvares tinham velas, cordas, trapos feitos da planta. Seu óleo
possuía diversas utilidades, fazia-se papel com seu caule e vestiam-se roupas produzidas
com sua fibra, muito mais resistentes que fibras como a do algodão [...]”. É de extrema
importância ressaltar que a maconha que é fumada atualmente, foi introduzida pelos
escravos africanos trazidos pelos colonizadores às Américas, que trouxeram sementes
escondidas em suas vestimentas, como aponta Jonas Araujo (2015). Era cultural na
África, em momentos de rituais religiosos, principalmente, os negros consagrarem e
fumarem a Cannabis. Com a abolição da escravidão no Brasil em 1888, os negros
clamavam para fazer parte da sociedadedaquela época, porém, políticos e governantes
ainda queriam controlá-los, tentando impedir que sua cultura se tornasse popular entre
os brancos.
Diversas tentativas de proibir a maconha foram tomadas desde que ela se
encontra em território nacional, antes mesmo de descobrirem os seus reais efeitos. Em
Janeiro de 1932, a maconha foi listada oficialmente como uma droga, através do decreto
n°20.930, mesmo antes de aparecer nessa lista, o seu uso já era reprimido pelo Estado, o
mesmo Estado que dois anos após a criação deste decreto, criou a Delegacia de
Costumes, Tóxicos e Mistificações (DCTM), responsável por tratar crimes envolvendo
maconha, mas também responsável pelo controle e opressão as rodas de samba,
capoeira e rituais de outras religiões de matriz africana, deixando claro, mais uma vez, a
intensa repressão aos elementos da cultura negra como política pública para a
criminalização desta população.
Em busca de se tornar um país mais branco, iniciou-se uma série de repressões
além da maconha, como a cachaça, músicas de origem afro e religiões associadas.
Segundo Edward MacRae e Júlio Assis Simões (2000, p. 20), a partir disso, “começou a
cristalizar-se, entre autoridades médicas e policiais brasileiras, a associação "pobre —
preto — maconheiro — marginal — bandido"”.
Somente nos anos 1960, a maconha passou a ser consumida pelas classes médias
urbanas brasileiras e, mais tarde, com a implantação do regime militar autoritário, os
jovens passaram a usar a Cannabis como um estilo alternativo de vida e de liberdade.
3
Com o aumento do número de pessoas fazendo o uso de maconha, surge uma obscura
integração entre a rede de tráfico e a polícia, no qual os dois se beneficiam e que serve
de combustível para a guerra às drogas, pois é o sistema lutando contra ele mesmo e, de
alguma forma, tirando benefício sobre isso. Segundo os autores Edward MacRae e Júlio
Assis Simões (2000, p. 110), “o problema social, político e econômico representado
pela Cannabis é de tal ordem que a parte científica e farmacológica fica obscurecida”.
Em 2006 foi criado o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
(SISNAD) através da lei nº 11.343, conhecida como a nova Lei de Drogas, em que ao
mesmo tempo que criminaliza usuários, autoriza o uso medicinal da planta, mas há falta
de regulamentação. O SISNAD é o órgão encarregado de articular, integrar, organizar e
coordenar as atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção e a
reinserção social de usuários e dependentes de drogas e, também, com a repressão da
produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Todavia, com essa lei em vigor, é
estabelecido penas diferentes para traficante e usuário, mas o sistema não especifica a
diferença entre traficante e usuário, isso quem define é o juiz encarregado do caso,
mostrando a seletividade existente no direito penal brasileiro, como mostra Lunardon
(2015, p. 14):
O caminho entre os artigos 28 (porte de droga para consumo) e 33
(porte de droga para comércio) da Lei 11.343, de 23 de agosto de
2006, que estabelece o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas (Sisnad), é subjetivo e fica a cargo das autoridades policiais e
judiciárias.
Lunardon utiliza a análise das consequências do proibicionismo em território
latino-americano feita por Marcelo Mayora, professor de Direito da Universidade
Federal de Santa Catarina para reforçar o argumento de que existe um grande padrão de
seletividade na justiça brasileira:
Na América Latina, a proibição possui uma afinidade eletiva com os
interesses do Estado e das classes que o sustentam, de controlar,
vigiar por câmeras e helicópteros, revistar as pessoas que vivem nos
territórios onde ocorre a venda varejista de algumas drogas proibidas.
Talvez por isso que não se abandone o proibicionismo.
Aparentemente, ele é um fracasso, pois não cumpre as funções que
promete. Não reduz a oferta e a demanda, por exemplo. Contudo, no
fundo, ele é um sucesso, pois permite os mais variados tipos de
intervenção no corpo e na vida das classes dominadas - no limite,
inclusive o extermínio. Por isso, o Estado não está disposto a abdicar
desse instrumento de controle social (MAYORA, depoimento ao
autor em 20 de maio de 2013).
4
Ao mesmo tempo em que foi vetada a proposta que previa a autorização do
plantio e cultivo de Cannabis para fins medicinais, a regulamentação de produtos à base
de maconha foi aprovada pela Anvisa em dezembro de 2019, assim, produtos para uso
medicinal feito com Cannabis podem ser vendidos em farmácias com prescrição
médica. Apesar disso, os medicamentos importados que chegam ao Brasil possuem um
valor muito alto, o frasco com 10ml da concentração de tetra-hidrocanabidiol (THC),
principal elemento psicotrópico da planta Cannabis, ao lado do canabidiol (CBD), chega
a valer mais de R$2.000, ou seja, não há acessibilidade ao tratamento para a maior parte
da população (MACHADO; SOUZA, 2020). Com o veto da liberação do cultivo
associativo, a Justiça está tirando a oportunidade que pessoas pobres tenham acesso ao
medicamento e, consequentemente, recorrem ao tráfico de drogas comandado por
facções criminosas para conseguir o óleo de CBD, princípio ativo da Cannabis que pode
ser utilizado como remédio para diversas doenças.
O Brasil já está começando a dar pequenos passos e se aproximando da
legalização da maconha para fins medicinais e industriais inicialmente. Em 2020,
chegou à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 399/2015, propondo o cultivo da
Cannabis para fins medicinais e industriais com a inclusão da Farmácia Viva do SUS,
que cultiva e coleta plantas medicinais para tratamento de sintomas e doenças de menor
gravidade, mais pessoas terão acesso ao CBD, sendo que o próprio SUS irá incorporar e
distribuir o medicamento.
Visto que no Brasil a maconha ainda é tratada com enorme preconceito,
analisa-se a partir deste parágrafo quais condições levaram o Uruguai a experimentar
uma nova abordagem acerca da maconha e os seus impactos na sociedade. O
comportamento progressista e a firme posição de Estado laico foram fatores
importantíssimos no caminho para a legalização da maconha no Uruguai. Hetzer (2013)
afirma que a abordagem foi inovadora e inteligente, pois a proibição da maconha não
funcionou. O Uruguai passou a tratar este tabu de outra maneira, a Comissão Mundial
em Políticas para as Drogas foi em busca de outras alternativas para evitar que a guerra
às drogas não continuasse trazendo prejuízos para o Estado e para a população.
Visando motivar outros governos, inicia-se a discussão sobre a regulamentação
da maconha. Segundo uma investigação desenvolvida pela Junta Nacional de Drogas
(JND) o Uruguai compreendeu que a problemática das drogas se tratava de “um tema
5
social complexo, multidimensional, multicausal, fortemente ancorado em fatores
políticos e culturais da sociedade e das comunidades” (MORAES, 2019. Pg. 30).
A violência foi outro fator importante no caminho para a legalização da
maconha, o projeto de descriminalizar e a necessidade de uma nova estratégia de
combate trouxeram à tona, ainda mais, a importância de uma nova abordagem sobre a
temática da guerra às drogas.
Tendo em vista se tratar de um tema sensível, promoveu-se diversos
debates nas casas legislativas uruguaias, evidenciando-se o fracasso
da guerra às drogas e o uso medicinal e recreativo já utilizado em
larga escala em momentos históricos anteriores. Verificou-se que o
dispêndio de recursos na guerra contra as drogas através de uma
severidade nas punições não atingia o resultado esperado. Lado outro
aumentava o poder do narcotráfico, denotando que os esforços
governamentais não logravam êxito na prevenção do uso e no
tratamento dos dependentes (DE PAULA, 2018).
Em 1974, o Uruguai assinou o Acordo Sul-americano sobre Narcóticos e
Psicotrópicos (ASEP), que visava a extinção do fornecimento de substâncias psicoativas
consideradas ilícitas pela Convenção da ONU de 1951, mas também determina quenão
irá criminalizar o consumo de substâncias ilícitas.
A partir da década de 90, surgiu o Movimento pela Liberação da Cannabis, com
objetivo de descriminalizar a maconha, tendo em vista que era ilegal o comércio e
cultivo da planta. Em 2012, o presidente Mujica busca minimizar questões como o
aumento da violência, criminalidade associada ao narcotráfico e discute suas
consequências na vida dos uruguaios propondo a legalização. Em dezembro de 2013, o
Uruguai foi o primeiro país latino-americano a regulamentar a Cannabis, de forma
humanizada e um viés de saúde pública que visa proteger o usuário em um sistema
nacional e em todas suas etapas, como produção, distribuição e controle do Estado.
O projeto de lei que regulariza a maconha teve como principal propósito o
combate direto ao tráfico de drogas. A lei n° 19.172 estabelece que o Estado tenha
controle total da maconha e seus derivados em todos os processos até que chegue à mão
do consumidor final. A fim de regulamentar a planta foi criado o Instituto de Regulação
e Controle da Cannabis (IRCCA), órgão ligado ao Ministério da Saúde Pública, que
oferece transparência com relação ao consumo e comércio, desenvolvendo políticas
estatais do novo setor de psicoativos regulamentados. É esperado que isso diminua o
índice de encarceramento de usuários da planta e desestabilize o narcotráfico.
6
Para não incentivar o uso e combater a dependência química, o governo
uruguaio proibiu-se toda forma de propaganda de uso da maconha, assim como do
tabaco, e decretou que o Sistema Nacional de Educação Pública (SNEP) deverá instituir
políticas educacionais de redução de danos de substâncias psicoativas e a prevenção do
mal uso das drogas. Tais políticas serão incluídas nas escolas desde o fundamental até o
ensino técnico profissional. Além disso, cidades com mais de dez mil habitantes terão
centros de informação, aconselhamento, reabilitação e tratamento e inserção de usuários
problemáticos de drogas.
7
A GUERRA ÀS DROGAS COMO PROBLEMA TRANSNACIONAL
Em uma conceituação mais técnica, “guerra às drogas” é um termo que tem sido
debatido há décadas. Utilizando de políticas voltadas especificamente para esse assunto,
visando o desencorajamento, diminuição e proibição da produção, comercialização e
consumo de drogas psicoativas ilegais, definido pelos governos participantes e a
Organização das Nações Unidas. A política proibicionista que a guerra às drogas traz
aos Estados ao redor do mundo criminaliza a população mais pobre e desrespeita os
direitos humanos, recusando o modelo de redução de danos e não tratando como um
problema de dependência e saúde pública.
Quando é dito que é um tema debatido há décadas isto nos leva ao início do
século XIX, onde a disseminação do ópio era fortíssimo ao redor do mundo e
principalmente em território chinês, na qual levava sua população de diferentes
hierarquias sociais, acadêmicos, oficiais a utilizar tal substância o que levou o
Imperador a pensar e discutir sobre a legalização da droga ou a sua extinção dentro do
território. Porém, de um lado da balança havia alguém que lucrava com o crescimento
da produção e consumo do ópio, o Reino Unido, que liderava a comercialização do
ópio, constituindo então como elemento central da política externa inglesa durante tal
período.
O governo chinês visando a diminuição e extinção em 1800, com um ato oficial
proibiu tanto a importação quanto sua produção internamente em seu território.
Posteriormente, em 1813, foram criados inúmeros editais que visavam a proibição da
importação e da produção em território nacional e que punisse severamente aqueles que
descumprissem tais normas.
A assessoria do Imperador se dividiu entre os proibicionistas, a favor da
incrementação da proibição e da punição, afirmando que os chineses não
precisavam de ópio, nem nacional nem importado; e os favoráveis à
legalização, que defendiam a legalização do comércio do entorpecente,
argumentando que isso daria fim à corrupção e à chantagem de funcionários
públicos, e ainda renderia ao tesouro impostos e tarifas, além de permitir o
desenvolvimento da plantação interna do produto na China, de melhor
qualidade e mais barato do que o indiano, afastando os estrangeiros daquele
mercado (SPENCE, 1991, p. 149-150).
Os esforços do governo chinês para acabar com a comercialização do ópio não foi o
suficiente para impedir o comércio da droga. Com tal proibição, os mercadores
responsáveis pela venda de ópio no país pararam de comercializar diretamente o
8
produto e por não possuir monitoramento na costa, não houve impedimentos quanto à
estrangeiros ancorando distantes do porto e continuando com a venda da mercadoria de
forma ilícita.
Comissário Lin chegou a escrever uma carta à Rainha Victoria explicando
porque estavam os chineses banindo o consumo e o comércio de ópio. O
teor da carta era o seguinte: “We have heard that in your honorable nation
to the people are nor permitted to smoke the drug, and that offenders in this
particular expose themselves to severe punishment... In order to remove the
source of evil thoroughly, would it not be better to prohibit sale and
manufacture rather than merely prohibit its consumption?” (SPENCE,
1991, p. 151).
Contando os inúmeros procedimentos adotados pelo Império Chines no período
que visava a imediata interrupção do fornecimento de droga na região, temos como
principal ação os inúmeros bloqueios que foram impostos pelas autoridades acerca dos
estrangeiros que queriam adentrar e sair do território juntamente com suas mercadorias.
Fato este que levou um dos principais líderes do comércio de ópio britânico ser preso,
pois recusou-se a entregar sua carga. Tais bloqueios apenas foram cessados após toda
apreensão da mercadoria ser realizada e ser despejada no mar.
Diante de toda situação que estava ocorrendo, houve uma reação inglesa em
relação às intensas atividades repressivas chinesas, na qual culminou a Primeira Guerra
do Ópio. Levando os britânicos a responderem com o uso de força e desafiar o Império
Chines, ocasionando a guerra. O pico deste entrave entre os impérios culminou em
setembro de 1839 no porto de Hong Kong onde ocorreram os confrontos, levando a ter
baixas de ambos os lados e o bloqueio da baía por parte da Marinha Inglesa, no qual
forçaram o Imperador Chinês a iniciar as negociações, em 1840. Ocorrendo então a
imposição de um tratado entre os dois países, no qual foi assinado em 1842 (Tratado de
Nanquim), beneficiando a Inglaterra em seu comércio com o Oriente.
O Tratado de Nanquim foi um tratado de paz entre o Império Britânico e a
Dinastia chinesa Qing que marcou o final das Guerras do Ópio, foram duas
guerras que duraram de 1839 a 1842 e de 1856 a 1860 respectivamente,
como ponto culminante dos conflitos comerciais entre a China e o Reino
Unido. O contrabando britânico de ópio da Índia Britânica para a China e
os esforços do governo chinês para impor suas leis contra as drogas
levaram ao conflito (OPERAMUNDI, 2014).
O final do século XIX foi marcado pelo reestabelecimento das rotas de comércio
ilegal do ópio, sem que fosse possível interromper a sua comercialização ou redução
dos lucros, que cada vez mais estavam crescendo. Onde a rota do ópio teve um grande
9
papel na economia internacional do século XIX, levando o Império Britânico a declarar
guerra à China com o objetivo de manter o comércio do produto e continuar lucrando.
Posterior a esse período, a Segunda Guerra do Ópio ocorreu entre 1856-1860.
Como recorte cronológico, a primeira política moderna que buscava colocar as
drogas na ilegalidade, surgiu nos EUA em 1914, em detrimento do crescente número de
dependentes de ópio e cocaína no período e, até hoje, a proibição das drogas é marcada
pelo conservadorismo e bons costumes. Mas não foi com tal política que o consumo
diminuiu, acabou gerando o efeito contrário, e ainda por cima gerou a valorização não
apenas nos EUA mas no âmbito mundial posteriormente, dando início a redes
criminosas,cartéis que manejam, lucram e cuidam deste mercado internacional. Os
Estados Unidos presenciaram um forte crescimento em seu território, e de seu sistema
carcerário, com crimes relacionados à drogas um aumento de dez vezes ao que já se
possuía anteriormente, saltando de 50 mil para 500 mil durante as décadas de 1970 e
1990.
Durante esse período, no marco no que diz respeito ao aumento da repressão das
drogas, está o governo de Richard Nixon (1969-1974), responsável por estabelecer que
as drogas eram o principal inimigo do país. Em um discurso histórico em 18 de junho
de 1971, o presidente justificava as medidas que iriam repreender e que seriam tomadas
em diante, declarando que “o inimigo número um dos Estados Unidos é o abuso de
drogas. Para lutar e derrotar este inimigo, é necessário empreender uma nova e completa
ofensiva” (NIXON, 1971).
Em 1999, foi criado um acordo estratégico, o Plano Colômbia, entre EUA e
Colômbia para diminuir o narcotráfico, reduzindo as plantações e as exportações da
cocaína, com isso as rotas entre os dois países foram fortalecidas e se tornaram mais
vigiadas, fazendo com que tráfico migrasse para rotas/países vizinhos como
consequência disso. Desta maneira, é possível observar que os países mais frágeis ficam
expostos ao narcotráfico, e assim acabam se afastando das estratégias antidrogas
estadunidense, como no caso da Bolívia e do Peru que se tornaram grandes
exportadores de cocaína, também no caso do Haiti, Guatemala e Honduras
(GOOTENBERG, 2013).
10
A política global de guerra às drogas resultou em níveis altos de violência em
diversos países, principalmente aqueles que produzem drogas ou são rotas de tráfico. A
América Latina é uma das regiões mais afetadas pelas consequências do narcotráfico e
por tentar combatê-lo, muitos cartéis expandiram seus negócios para países vizinhos por
terem muito dinheiro em suas mãos. Estados com governos corruptos, sistemas
judiciários ineficientes e grande desigualdade social são seus principais “alvos”.
Para Gootenberg (2013), estamos observando a globalização das drogas no
século XXI. Os mercados, traficantes e cultivadores estão se espalhando principalmente
na América Latina e novos mercados consumidores estão surgindo em outros
continentes como na África, Europa e algumas partes da antiga União Soviética.
Em 2011 foi criada a Comissão Latino-Americana de Drogas e Democracia por
ex-presidentes, como Fernando Henrique Cardoso (Brasil), César Gaviria (Colômbia) e
Ernesto Zedillo (México), a organização é integrada por mais de dezessete
personalidades independentes. A Comissão vem criticando o modelo norte-americano
de combate às drogas e busca discutir e formular estratégias que sejam mais eficientes e
humanas para enfrentar um dos problemas mais graves que a América Latina enfrenta
uma vez que o custo é altíssimo economicamente e socialmente (COMISSÃO
LATINO-AMERICANA SOBRE DROGAS E DEMOCRACIA, 2016, p. 11-13).
Em seu relatório de 2016, a Comissão apresenta os impactos que se enfrenta no
combate às drogas e afirma que os EUA e a União Européia são corresponsáveis pelos
problemas que se enfrenta e grandes mercados consumidores das drogas produzidas na
América Latina. No relatório, é discutido que o consumo de drogas deve ser tratado
como uma questão de saúde pública, convertendo os dependentes em pacientes do
sistema de saúde e realizar campanhas educativas e informativas, outros pontos
discutidos são a descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal, a
redução do consumo através de campanhas de prevenção, a repreenção do crime
organizado através de estratégias regionais e globais e a reorientação de estratégias que
repreendem o cultivo de drogas ilícitas, como por exemplo de plantas como a coca
usada em alguns países como tradição e não para a fabricação da droga.
Além disso, a Comissão deixa claro que o proibicionismo, a repressão e a
punição como meio de combate às drogas é falha e gera mais problemas do que os
11
resolve e aponta que políticas adotadas por diversos países - em especial na Europa -
que possuem foco na despenalização ou descriminalização do uso de drogas, no
tratamento de dependentes e na redução de danos é um modelo mais eficaz e
humanizado.
O narcotráfico desconhece fronteiras, portanto, a guerra às drogas deve ser
debatida através de estudos, pesquisas e discussões por cada país em particular, a nível
regional e globalmente. Com base em outros países que adotaram uma outra forma de
política para enfrentar este problema, a América Latina dá pequenos e lentos passos
para contribuir para a busca de novas políticas no enfrentamento do comércio e
consumo de drogas ilícitas.
12
A GUERRA ÀS DROGAS E SEU REFLEXO SOCIOECONÔMICO NO BRASIL E URUGUAI
Nessa parte do capítulo, propõe-se uma reflexão acerca do que a guerra às
drogas como uma doutrina de segurança internacional capitaneada pelos Estados
Unidos produziu de fato nos países periféricos, especialmente na América Latina. Para
tanto, buscamos apresentar uma análise dos dados do sistema carcerário brasileiro
(INFOPEN, 2020) e a sua relação com o fortalecimento do crime organizado no país,
assim como a disposição do contexto carcerário uruguaio e impacto que a decisão do
Estado de quebrar o monopólio de produção e venda da cannabis causou no narcotráfico
do país. Buscamos analisar o dados de órgãos governamentais dos dois países,
entrevistas e reportagens partindo desde o primeiro semestre de 2014, quando a
maconha foi legalizada no Uruguai até os dados mais atualizados disponibilizados pelos
governos dos países (1º semestre 2020).
O objetivo da apresentação desses dados serve como argumento para evidenciar
as consequências da incorporação da guerra às drogas como política de segurança
pública no Brasil, fazendo uma análise comparativa dos efeitos da ruptura do Uruguai
com a marginalização da planta e de seus usuários, passando a tratar desse tema como
uma preocupação de saúde pública e desmobilizando a força do tráfico de drogas em
seu território e região, já que o Uruguai é uma das principais rotas do narcotráfico no
continente (LISSARDY, 2019). Apesar de todas as diferenças geográficas,
populacionais, jurídicas, políticas entre outras que podem ser notadas entre ambos os
países, a proposta dessa análise se limita apenas a observar as diferenças entre suas
políticas públicas, no que diz respeito à maconha, e defender a adoção de uma posição
mais próxima do que faz o Uruguai no Brasil, o que geraria um impacto na estrutura do
narcotráfico, além de diminuir a opressão policial contra os usuários e moradores de
favelas de todo o país.
O Brasil ao optar por criminalizar o uso e venda da maconha, entende bem que a
droga não desaparecerá do seu território "mágicamente" e sabe que ao negligenciar a
regularização desse mercado, o monopólio ficaria de bandeja para a ilegalidade.
Partindo disso, o país acolhe os tratados da Convenção Única sobre Entorpecentes
(1961), que contemplam a proibição do uso da maconha, sendo assim, opta por
recriminar e oprimir o usuário, e também quem vende a droga, sujeito esse que se
aproveitou de um vácuo causado pelo próprio Estado ao não permitir que isso seja feita
13
de forma legal, gerando toda uma estrutura de violência e opressão na sociedade em
geral.
Deste modo, o tráfico de drogas se torna um crime fomentado pela própria
negligência do Estado em tratar desse tema de uma forma diferente, desde a lei de
drogas de 2006, com a criação do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
(SISNAD), o número de presos por tráfico de drogas no sistema carcerário brasileiro
subiu vertiginosamente. Segundo Martín (2017) cerca de 60% dos enquadramentos por
uso de maconha no Brasil teriam sido considerados legais se o país tivesse uma política
de drogas menos ostensiva, como tem Portugal.
Atualmente, em 2020, a lei brasileira de drogas não é objetiva na distinção do
usuário e do traficante. O usuário, por vezes, encarcerado,inflando o sistema prisional,
sem essa distinção especificada na lei, o cidadão é refém do entendimento,
principalmente, moral do policial. Como aponta a reportagem de D’Agostino (2015),
jornalista, ainda em 2013, apenas sete anos depois da instituição da lei de drogas, a
quantidade de presos encarcerados por tráfico passou de 31.520 mil, em 2006, para
138.366 mil, representando um aumento de 339%, sendo o segundo crime que mais
aumentou no país, ficando apenas atrás, curiosamente, de outra modalidade de tráfico, o
tráfico internacional de entorpecentes, que cresceu 446,3%, num período em que a
facção criminosa PCC, que comanda grande parte das rotas de tráfico no país, iniciou
seu projeto de expansão de dentro das cadeias para fora dos muros dos presídios e até
para além das fronteiras nacionais (VILARDAGA; LAVIERI, 2018). De 2013 a 2019, o
número de detentos presos por tráfico no sistema carcerário não parou de subir, indo de
138.366 mil para 169.093 mil, mostrando que em um curto período de seis anos, o
Brasil prendeu mais de 5 mil pessoas por ano somente pelo crime de tráfico de drogas
(Art. 12 da Lei 6.368/76 e Art. 33 da Lei 11.343/06).
Mesmo levando em consideração todos esses dados onerosos à justiça criminal e
à sociedade, mesmo sendo o país que mais morre e que mais mata (BUENO; LIMA,
2019) o Brasil ainda se mostra pouco inclinado para um debate sobre uma política mais
equitativa sobre drogas. Entretanto, com toda a resistência que há em realizar um debate
sobre a regulamentação da Cannabis no Brasil, existe o desejo de investir no mercado
da maconha medicinal no país, como levantado pela reportagem de Valim e Drska
14
(2019), empresas estrangeiras como Fluent e VerdeMed estariam interessadas em
investir o total de R$ 70 milhões só em pesquisa e produção.
O potencial brasileiro é um dos maiores do mundo. Apenas a receita com
medicamentos de dor crônica movimenta R$10 bilhões ao ano no país. E
a expectativa é que a Cannabis medicinal atenderá a 2 milhões de
pacientes logo que seu uso seja regulamentado, gerando R$1,9 bilhão em
receitas. Depois de três anos de liberação, o mercado brasileiro pode
atingir R$4,7 bilhões e atender a 3,5 milhões de pessoas, segundo a
consultoria The Green Hub. “Considerando as seis principais doenças,
haveria 10 milhões de pacientes no Brasil”, diz Camila Teixeira, CEO da
consultoria Indeov, que representa duas das maiores americanas do
mercado medicinal, a Charlotte’s Web e Elixinol (VALIM; DRSKA,
2019).
Já o caso do Uruguai, que em 2013 optou por legalizar a maconha e
regulamentar sua venda usando não a iniciativa privada, como nos Estados Unidos, mas
o Estado como fonte central do abastecimento à clubes e farmácias, onde a planta é mais
consumida, apresenta alguns resultados importantes no que diz respeito à sua mudança
de postura no enfrentamento às drogas. Compreendendo a maconha como uma droga
leve e a mais usada em seu território, a legalização no Uurguai partiu da ideia de
melhorar a saúde pública e competir com o mercado ilegal, praticando os mesmos
preços dos traficantes e afastando o usuário da maconha do contato com o traficante,
que habitualmente tende a oferecer drogas consideradas mais pesadas ao usuário.
Ao contrário do que pode parecer, o Uruguai hoje é o segundo país que mais
prende na América Latina, ficando atrás apenas do Brasil. Segundo a Comissão
Parlamentar Penitenciária do Uruguai (2019), o número de encarcerados no país em
novembro de 2019, último censo, era de 328 a cada cem mil habitantes, o que deu ao
país o 7º lugar no ranking de encarceramento por cem mil habitantes. Já no Brasil, que
ocupa o 6º lugar, o número é de 348 a cada cem mil habitantes. O próprio informe da
Comissão Parlamentar Penitenciária que nos apresenta esses dados, também ressalta que
há muito o que se estudar sobre os possíveis motivos do país apresentar uma taxa de
encarceramento tão alta em comparação com países com maiores níveis de
criminalidade, desigualdade e conflitos.
Aclarar los motivos por los que Uruguay tiene tantos presos en comparación
con muchos países que tienen mayores niveles de criminalidad, desigualdad y
conflictividad, es algo que escapa a las posibilidades de este informe. Sin
duda que es materia para estudios y debates en profundidad (Informe
Comisionado Parlamentario, 2019).
15
Aqui nos deparamos com falta de dados concretos sobre quais delitos são
responsáveis pela porcentagem de pessoas presas para seguir com a análise do sistema
carcerário uruguaio. A única informação que localizamos está num informe publicado
pela Comissão Parlamentar Penitenciária do Uruguai, levantado a partir de dados
solicitados ao ministério do interior cruzados com dados do INR (Instituto Nacional de
Reabilitação), que apresenta os dados de presos x delitos na zona metropolitana de
Montevideo, onde o índice de encarceramento por crimes relacionados às drogas de
janeiro à novembro de 2019 é de apenas 11%, o quarto maior motivo apreensão na
região, o que indica que o tráfico de drogas hoje já não é o maior motivo de
encarceramento no país, ao contrário do Brasil, onde o tráfico de drogas é de longe o
maior motivo de aprisionamento correspondendo em 2020 à 34,42% da população
carcerária e só em São Paulo, em 2019, foram presas 154 pessoas por dia
(ARCOVERDE; COTRIM, 2019).
Gráfico 1: Disposição de ingressos no sistema carcerário na zona
metropolitana de Montevidéu por tipo de delito
(Informe Comisionado Parlamentario, 2019)
Além da sinalização da falta de dados sobre delitos e prisões no informe da
Comissão Parlamentar Penitenciária, a falta de disponibilização desses dados aparece
também no trabalho da Prison Insider, plataforma que disponibiliza informações a
16
respeito de direitos humanos e sistema carcerário. Segundo a própria plataforma, ligada
ao Observatório Internacional de Prisões, nem o Ministério do Interior do Uruguai, nem
o Instituto Nacional de Reabilitação publicam estatísticas sobre o sistema prisional de
forma sistemática. No site do Ministério do Interior, a última atualização de dados
remonta à 2013, ano em que a Cannabis foi legalizada no Uruguai, estes dados seriam
de extrema importância para a análise do impacto que a legalização trouxe ao sistema
carcerário uruguaio. No entanto, podemos afirmar que a inexistência desses dados ou a
dificuldade imposta pelo próprio governo do Uruguai em localizá-los, é tão importante
quanto a apresentação desses dados no artigo e sem dúvida, fica como sugestão para
estudos futuros sobre o tema do encarceramento na América Latina.
É importante dizer que em nenhum momento a decisão de legalizar a maconha
no Uruguai foi tomada com a intenção de diminuir o encarceramento, acredita-se que a
possível diminuição das prisões em decorrência do tráfico de drogas é consequência de
uma política que foi formulada com o intuito de melhorar a saúde pública e enfraquecer
o poder do narcotráfico no país. A ação foi justificada partindo do pressuposto que se a
meta da proibição é de garantir saúde e bem-estar para a população, além de reduzir o
tráfico de drogas, o banimento da maconha surtiu o efeito contrário do desejado,
causando um fardo enorme nos sistemas judiciário e penal e também impactos
negativos na sociedade e na saúde pública.
O impacto da legalização no modelo uruguaio pode ser percebido de forma mais
contundente quando analisa-se o quanto o narcotráfico foi afetado pela decisão do
Estado em produzir e distribuir a Cannabis no país. Estima-se que desde 2014 o tráfico
de drogas perde US$30 milhões todos os anos (CARREÑO, 2018), dinheiro que
abastece os cofres públicos e é usado principalmente para o investimento em saúde, no
Uruguai a saúde é majoritariamente capitalizada pelo Estado. No Brasil estima-se que o
lucro do narcotráfico apenas com a venda de maconha é de R$6,68 bilhões anuais
(UNIAD, 2017). No Uruguai, entre 2013 e 2018, o tráfico de maconha prensada vinda
do Paraguai e o comércio de maconha ilegal no paíscaiu quase cinco vezes em relação à
última medição e além disso, uma em cada três pessoas que decidiram consumir a
substância recorreu ao mercado regulado pelo Estado para conseguir suprir seu desejo, o
que é considerado pela Junta Nacional de Drogas, orgão responsável pela produção e
acompanhamento desses dados, um indicativo de sucesso na política adotada pelo país
(MARTÍNEZ, 2019).
17
Outro ponto importante que localizamos em nossa pesquisa, é o aumento de
homicídios no país após a legalização, subindo cerca de 66% em 4 anos. (COLOMBO,
2019) Esse aumento tem sido veiculado frequentemente de forma equivocada e
irresponsável à decisão do Uruguai de legalizar a maconha, quando na verdade o
aumento da taxa de homicídios têm ligação direta com a disputa interna de traficantes
por território e o mercado da cocaína e de outras drogas que ainda são ilegais no país,
uma vez que deixaram de movimentar milhões por ano com a regularização da
Cannabis. Hoje, a polícia uruguaia trabalha com foco total no enfrentamento aos
pequenos traficantes, com operações diretamente nas bocas de fumo, nos dois anos
seguintes à legalização, a polícia apresentou o número de 1.481 bocas de fumo fechadas
(DGRTID, 2016). Portanto, pode-se afirmar que a responsabilidade pelo aumento de
homicídios no país vem de uma série de acontecimentos que passam desde a mudança
na política de enfrentamento ao narcotráfico por parte do Estado, até a busca dos
traficantes por território e pela “compensação” do dinheiro que perderam com a
legalização, culpar a maconha sozinha pelo aumento da criminalidade é uma visão
reducionista.
18
RELEVÂNCIA DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA NO ATUAL CONTEXTO
SOCIOECONÔMICO
Partindo do dia 17 de Julho de 1971, quando o presidente dos Estados Unidos,
Richard Nixon, usou o termo “guerra às drogas” não há dúvidas de que essa nova
política gerou mais problemas do que soluções, como mostra Lunardon (2015, p. 12).
A partir daí, foram bilhões de dólares gastos, milhões de pessoas
encarceradas, e rios de sangue - em geral preto, pardo e pobre -
derramados da favela até o asfalto das grandes cidades até que se
começasse a declarar: a guerra falhou. Depois de todos os esforços, o
planeta não reduziu o número de usuários de drogas nem a força do
tráfico, pelo contrário. Segundo o último World Report on Drugs, de
2013, estudo anual realizado pelo Escritório sobre Drogas e Crime da
Organização das Nações Unidas, entre 162 milhões e 324 milhões de
pessoas (de 3,5% a 7% da população mundial) fez uso de drogas
consideradas ilegais. A maconha, substância mais utilizada
mundialmente, tem de 2,7% a 5% da população mundial como
usuária: de 125 a 227 milhões de pessoas.
Além de causar mais gastos do que com o tratamento ou prevenção ao uso, é
necessário ter em mente que a descriminalização não tem como consequência a
liberação do uso, muito pelo contrário, traz à tona a necessária regulamentação da
conduta, com sanções administrativas e/ou civis. Em um artigo publicado o professor de
Ciências Criminais, assessor de juiz e escritor, Pedro Magalhães Ganem diz que
“descriminalizar é retirar a matéria do âmbito penal; é fazer com que a conduta seja
tratada de outra forma que não seja a criminal” (2015). Seria este, o primeiro grande
passo para a legalização - que pode ser subdivido em; legalização liberal, legalização
estatizante e legalização controlada.
A legalização liberal se aproxima muito da liberalização total, ambas preveem a
legalização da produção, venda e circulação dos psicoativos, regulados pelas leis de
mercado. Trata-se de uma abordagem mais próxima ao álcool e tabaco que passam por
alguns controles estatais, por exemplo, sua venda é permitida apenas para maiores de 18
anos. Este tipo de legalização torna cada indivíduo responsável por si, assim, a lei seria
acionada apenas quando o hábito de um indivíduo trouxesse malefícios a outro, dessa
forma, aciona-se a lei para reparar os danos causados.
A legalização estatizante é aquela em que o Estado é responsável pela
distribuição e venda das drogas psicoativas, tendo como resultado o fim do narcotráfico,
pois o usuário não precisaria mais recorrer a este mercado clandestino para conseguir o
que procura. Dessa forma, a pureza e a qualidade das substâncias seria controlada pelo
19
Estado, sendo possível a realização de campanhas que mostrassem os reais efeitos,
consequências para a saúde dos consumidores e criar uma política de redução de danos.
Por fim, a legalização controlada foi pensada para substituir o atual cenário de
proibição das drogas, regulando a sua produção, o comércio de modo a evitar a
veneração e a depreciação da droga, com o objetivo de minimizar possíveis abusos que
serão prejudiciais à sociedade. Segundo Filipe de Carlo Araujo Rocha (2016, p. 37):
O modelo de legalização controlada se contrapõe ao modelo
proibicionista, pois este que fixa o ideal de abstinência, já o modelo
de legalização controlada se baseia no ideal de tolerância e
moderação, como forma de conciliar o exercício da liberdade
individual com a necessária proteção da saúde pública.
Não existe uma resposta correta para qual deveria ser o modelo tomado sobre a
política de combate às drogas, o que se espera é que este seja um assunto tratado a partir
de uma política justa, humana, eficiente e, conforme apresentado ao longo do trabalho,
não é essa política que existe no Brasil atualmente. A guerra às drogas vem a anos se
mostrando um fracasso em todas as suas frentes, se trata como guerra algo que deveria
ser tratado como política de saúde pública, o dinheiro investido - lê-se desperdiçado -
serviu apenas para fortalecer as entidades criminosas envolvidas, pois a droga em si, de
fato, nunca deixou de chegar aos consumidores. A regulação utilizada no Uruguai é um
eficaz exemplo de como o Estado pode tirar benefícios a partir de uma nova abordagem
frente às drogas, como diz João Lucas da Silva Sacerdote (2017, p. 76):
O que se nota na lei é uma organização sistemática e consciente do
uso da maconha no país, criando regulamentações claras e objetivas
que darão maior proximidade do Estado, população e usuário,
diminuindo a estigma social de criminoso e colocando o poder
público em um nicho que se encontrava afastado, deixando assim de
investir milhões de sua moeda corrente no enfrentamento às drogas, e
pelo contrário, arrecadando com tributação e parcerias públicas
privadas, tendo assim mais receita e menos despesa, sobrando
maiores recursos para combate ao crime organizado e outros crimes
de potencial ofensivo concreto.
A fragilidade que existe na lei brasileira que não consegue diferenciar o
traficante do usuário é responsável pela segregação social e racial existente no Brasil.
As organizações criminosas estão sempre um passo à frente da polícia e das instituições
encarregadas de fazer o controle de drogas. O sistema carcerário, cada vez mais, está
sendo ocupado por pessoas que são detidas com pequenas quantidades de droga e isso
mostra o quanto o Brasil caminha na direção contrária à dos outros países que já
obtiveram resultados positivos com a descriminalização e/ou legalização da maconha.
20
Isso ocorre pelo fato de que a política brasileira - não somente a atual - está fadada ao
conservadorismo e ao cristianismo. Sendo assim, é mais fácil condenar do que estudar
sobre, e tirar vantagens públicas sobre isso.
O uso das drogas no país é inevitável e o enfrentamento é falho e ineficiente,
repensar a política pública das drogas é de extrema importância. Se discutido com
seriedade existe a grande chance de modificar problemas estruturais graves e enraizados
no país, assim como ocorreu em outros países.
21
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com vistas para o objetivo deste artigo, que propõe uma reflexão a respeito de
como a incorporação de uma doutrina de segurança emanada pelos Estados Unidos da
América, a Guerra às Drogas, tem sido um fator responsável pelo aumento da violência,
encarceramento, reforço do racismo estruturale do aumento do narcotráfico na América
Latina, buscou-se resgatar a relação de dois países com as drogas.
Há menos de duas décadas, Brasil e Uruguai tomaram decisões importantes na
sua forma de enfrentamento ao narcotráfico, onde o Brasil ao aprovar a Lei de Drogas
em 2006 deu um passo em direção ao endurecimento das penas relacionadas ao tráfico
de drogas, aumentando a pena para o traficante e em teoria abrandando penas ao
usuário, o que não surtiu efeito uma vez que o número de encarcerados na década
seguinte à aprovação da lei, subiu mais de 300% (D’AGOSTINNO, 2015) por conta da
lei não especificar a diferença entre traficante e usuário, o que superlotou o sistema
carcerário brasileiro e vem fortalecendo o crime organizado no país.
Já o Uruguai ao aprovar a Ley de la Marihuana em 2014, reduziu o tráfico de
maconha, o número de pessoas presas por tráfico, além de ter tomado conta de um
mercado que estava sendo monopolizado pelo tráfico por quase 100 anos, o que rende
ao governo uruguaio mais de US$ 30 milhões por ano desde a aprovação da lei,
explicitando o benefício socioeconômico da legalização, que além de movimentar
milhões no país, ainda enfraquece o poder do narcotráfico, pois novos usuários
recorrem a maconha regulamentada pelo governo.
Foi apontado e analisado no artigo, a questão da guerra às drogas não só como
um problema de cada país, mas também regional e global, pois todos os Estados
enfrentam a questão das drogas no dia-a-dia. Apesar disso, a América Latina é o
continente que mais sofre com a violência e o crime organizado associado ao tráfico de
drogas ilícitas, com uma circunstância que se agrava cada vez mais com custos de vidas
e econômicos.
O fracasso da guerra às drogas com políticas proibicionistas fundadas na
repressão e a criminalização do consumo é notável e continuamos distantes de resolver
o problema dessa forma uma vez que a América Latina não deixou de ser o maior
exportador mundial de cocaína e maconha (COMISSÃO LATINO-AMERICANA
SOBRE DROGAS E DEMOCRACIA, 2016, p. 7). É preciso combater a guerra às
22
drogas com um viés de saúde pública priorizando o tratamento dos dependentes e com
políticas eficientes e baseadas nos direitos humanos, na informação e prevenção.
É importante dizer ao analisar os dois casos, que os dados sobre o sistema
carcerário uruguaio são apontados por diversas fontes como difíceis de serem
encontrados e não são publicados sistematicamente pelo governo desde 2013, ano da
legalização da Cannabis no país. A importância dessa pesquisa além de evidenciar os
males da abordagem brasileira em relação às drogas, também é explicitar a dificuldade
da localização desses dados, apontando que ao contrário do que parece, o Uruguai
mesmo sendo um país relativamente pacífico e com um território muito menor que o
brasileiro, é o segundo país que mais prende em toda América Latina justamente atrás
do Brasil, talvez por isso o governo uruguaio não tenha interesse na divulgação desses
dados. Fica aqui uma limitação de pesquisa e a sugestão para estudo futuros sobre o
tema do sistema prisional latino americano.
23
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