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Terapia Nutricional Parenteral DIETA PARENTERAL → Solução ou emulsão composta de todos os nutrientes (produzida em farmácia), estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. EMTN → Equipe Multiprofissional da Terapia Nutricional (médico, farmacêutico, enfermeiro e nutricionista). TNP de estoque → dieta industrializada TNP individualizada → manipulada pelo farmacêutico INDICAÇÕES DE TNP Para indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrição e que não possuem a função estrutural ou absortiva adequadas do TGI (perdeu sua capacidade de digerir e absorver nutrientes). Administrada somente em pacientes que não podem ser nutridos adequadamente por outra via. doenças cardíacas, pulmonares e renais pancreatites síndrome do intestino curto doenças inflamatórias intestinais fístulas gastrointestinais distúrbios neurológicos câncer pacientes queimados e críticos transtornos alimentares graves AIDS bebês prematuros ALGUMAS CONTRA-INDICAÇÕES Paciente que pode se alimentar por via oral e/ou enteral (função GI preservada) Hemodinamicamente instáveis (paciente que não mantém pressão e volume sanguíneo adequados – pode causar hipovolemia, choque séptico ou cardiogênico) Graves distúrbios metabólicos e eletrolíticos (por ex. hipofosfatemia) Pacientes terminais (não oferece benefícios no estágio terminal da doença) TIPOS Nutrição Parenteral Total/Central (NPT/C) NP administrada em uma veia central e de grande calibre (subclávia, jugular interna, axilar) via cateter, com a extremidade geralmente na junção da veia cava superior com o átrio direito. Oferece aporte energético e proteico total e permite grandes quantidades calóricas. Nos pacientes que geralmente necessitam de 30 a 40Kcal/Kg a NPT tem indicação absoluta. VANTAGENS DESVANTAGENS Administração de soluções com alta osmolaridade (> 1.000 mOsm/L) Alto custo Pode ser usada em longos períodos (uso superior a 7 a 10 dias Elevado risco de infecções e complicações Nutrição Parenteral Periférica (NPP) NP administrada por meio de uma veia periférica calibrosa (cefálica, basílica) via dispositivo/cateter. Usada para curtos períodos de tempo. Deve-se ter cuidados especiais pois pode causar flebite ou trombose na veia (acesso periférico prolongado, solução de glicose hipertônica). Solução hipocalórica de glicose (5 a 10%) associada a aminoácidos e lipídios. Seu VET costuma ficar em torno de 1.000-1.500 Kcal/dia Minimiza déficits nutricionais em pacientes levemente ou moderadamente desnutridos submetidos a jejum de curta duração (3 a 5 dias). Geralmente combinada com a NE, para completar o aporte energético e proteico Suporte temporário de pacientes em uso de NPT cujo cateter precisa ser retirado VANTAGENS DESVANTAGENS Mais simples Solução hipocalórica Baixo custo não permite a infusão de soluções hiperosmolares Menor risco de complicações infecciosas acesso que não permite suprir as necessidades energéticas e protéicas totais de pacientes desnutridos Dispositivos básicos para o acesso intravenoso Bomba de infusão, equipo de infusão, reservatório e cateter. SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO Sistema 2 em 1 Ou Sistema glicídico / Soluções 2 em 1 / Sistema de dois frascos = usa a glicose como fonte exclusiva de calorias não-proteicas; formulação aquosa. Nesse caso, a administração de lipídios é separada – em geral 1 frasco de 500mL de uma emulsão a 10% (50g), 1 a 2x por semana (fonte de ácidos graxos essenciais: linoleico e linolênico). Quando se usa um cateter de duplo lúmen, podem ser infundidos simultaneamente ao restante dos nutrientes, mas necessitam-se de 2 bombas. 𝐺𝐿𝐼𝐶 + 𝐴𝐴 (𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑓𝑟𝑎𝑠𝑐𝑜) O uso de glicose hipertônica pode ser desvantajoso nos casos de intolerância à glicose, insuficiência respiratória, anormalidades provas função hepática, etc., pois o metabolismo glicídico é o que possui maior produção de CO2. Sistema 3 em 1 Ou Sistema lipídico / Mistura 3 em 1 / Sistema de um único frasco = usa a glicose e lipídio como fontes calóricas. 𝐺𝐿𝐼𝐶 + 𝐴𝐴 + 𝐿𝐼𝑃 (𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑓𝑟𝑎𝑠𝑐𝑜) Vantagens → aporte energético simultâneo de carboidrato e gordura; metabolicamente mais balanceada, pois contém todos os nutrientes, além de tornar a administração da NP mais simples; prevenção ou correção da deficiência de AG essenciais; prevenção ou correção de anormalidades hepáticas; redução do estresse respiratório. FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO Infusão Contínua TNP clássica é administrada continuamente por 24 horas. Taxa de infusão controlada por meio de bomba de infusão. Permite infusão segura de grandes volumes com duração de 24 horas. Infusão Cíclica ou Intermitente Administração de solução de NPT por 12 a 18h consecutivas, geralmente à noite, seguida por um período de 6 a 12h sem infusão. Suspensão da NPC Diminuir o volume de gotejamento da solução pela metade e por 2h para evitar hipoglicemia, de modo que haja um período de jejum no qual os níveis de insulina diminuem e os de glucagon aumentam, mobilizando assim os estoques de gordura (e evitando o acúmulo de gordura nas céls. hepáticas). Propicia mobilidade do paciente e “período pós- absortivo”, o qual teoricamente aproxima-se do padrão fisiológico alimentar. Administração do mesmo regime estabelecido, durante período menor de horas: ↑ ritmo de infusão e ↑ carga de nutrientes. Na prática, alguns serviços preferem a infusão cíclica; contudo o ciclo não deve ser tentado se a intolerância à glicose ou balanço de fluido for um problema. Infusão de escolha em práticas domiciliares. COMPLICAÇÕES METABÓLICAS Esteatose Possível causa é a infusão excessiva ou contínua de glicose, além da capacidade oxidativa dos hepatócitos e persistente hiperinsulinemia. Aparece entre a 1º e 4º semanas de NPT, com elevação das enzimas hepáticas. Tratamento Diminuir oferta calórica e de glicose e administração da NPT na forma cíclica (período de jejum ajuda a diminuir os níveis de insulina). Colestase NPT prolongada diminui secreção de CCK. Perda da estimulação biliar pela não presença de gordura no duodeno, resultando na elevação de bilirrubina total sérica e de fosfatase alcalina. A estase da vesícula biliar durante a NPT pode levar ao desenvolvimento de cálculos e subsequente colecistite. Prevenção Administração de CCK para estimular a contração da vesícula biliar, e quando possível, fornecimento de pequenas quantidades de nutrição oral/sonda para estimular a vesícula biliar. Doses mínimas (10 a 20mL/h) de NE associadas ao aporte intravenoso também estimulam o trofismo intestinal. Hiperglicemia Infusão rápida de solução concentrada de glicose vai causar um aumento dos hormônios hiperglicemiantes (glucagon, cortisol e catecolaminas) = resistência à insulina (diabéticos, obesos, resposta inflamatória) = produção diminuída da insulina. Glicemia deve-se manter entre 130 e 200mg/dL. No aumento persistente: Usar insulina antes e durante a NP; diminuir a concentração e/ou quantidade de glicose (até 40% de lipídios); diminuir a taxa de infusão de glicose – 3 a 5mg/kg/min. Valor Calórico – 25 a 30 Kcal/kg/dia A velocidade de infusão não deve ser superior a 40mL/h Hipoglicemia Suspensão abrupta da NP = elevados níveis de insulina circulantes podem determinar uma hipoglicemia súbita. Também pode ser por excesso de insulina administrada. Para evitar, reduz-se à metade a infusão por 12 horas, seguido por glicosea 10% a 50-100ml/h nas 12 horas seguintes. Deve-se monitorar os níveis de glicemia diariamente. Hipercapnia Condição em que há aumento da taxa de CO2 no sangue. O problema é o excesso de caloria e não especificamente o carboidrato isoladamente, pois o aumento do VCO2 é proporcional ao aumento do fornecimento de energia total. Não é recomendado para pacientes graves o uso de dietas ricas em LIP e pobres em CHO para manipular o quociente respiratório e reduzir CO2. Pacientes com insuficiência respiratória (IR) grave submetidos à ventilação mecânica = evitar excesso de caloria - 20 a 30 Kcal/kg. A menor produção de CO2 reduz a hipercapnia e melhora a recuperação do paciente. As fórmulas contendo maior quantidade de lipídios são úteis nos portadores de DPOC, em ventilação mecânica, que apresentam dificuldades no desmame devido à retenção de CO2. COMPONENTES DAS SOLUÇÕES DE NP Fontes Calóricas (glicose e lipídios) Fonte de Nitrogênio (aminoácidos) Água, eletrólitos (sódio, cloro e potássio) e outros macrominerais (cálcio, fósforo e magnésio) Vitaminas (hidrossolúvel e lipossolúvel) Oligoelementos (zinco, cobre, cromo, ferro, manganês, selênio, molibdênio, iodo, flúor, cobalto) Glicose Glicose monoidratada (apresenta água de cristalização em sua estrutura molecular): 3,4 calorias/grama. Disponível nos volumes 100, 250, 500, 1000mL e 2000mL; e em relação à concentração de glicose das soluções, encontramos 5%, 10%, 20%, 50% (mais usada, por acesso central) e 70%. Solução 500mL a 50% = 250g glicose - alta osmolaridade Máxima concentração de glicose na solução final: 10% por via periférica e 35% central. Quantidade mínima de glicose por dia = 200g Infusão máxima de 24h: 5 a 7mg/kg/min ou 7g/kg/dia no paciente estável; no paciente crítico = 3 a 4mg/kg/minuto Recomendação de carboidrato: 50 a 60% do VET. Aminoácidos Soluções cristalinas de aminoácidos sintéticos (aa essenciais e não essenciais). Soluções de aa para uso geral em adultos contém misturas de 13 a 20aa, incluindo todos aa essenciais. As concentrações variam de 5,0 a 15%, disponíveis em frascos de 50, 100, 250 e 1.000mL. Solução de aa: 4 calorias/grama Prover 15 a 20% VET É comum a administração de soluções parenterais com 50 a 100g proteína/dia. Algumas soluções de aa contém eletrólitos = considerar no cálculo da oferta eletrolítica. Lipídios 20 a 35% do VET. Fonte de ácidos graxos essenciais: ingestão adequada é de 10-17g/dia (2 a 4% VET) de ω-6 e 0,9-1,6 g/dia (0,25 a 0,5% do VET) de ω-3. Prevenção da síndrome de carência de ácidos graxos essenciais: administração no adulto em NPT de 500mL de uma emulsão lipídica a 10% (50g), 2 vezes por semana. Multiplicar a contribuição de lipídeos pela densidade calórica: exemplo 500mL de lipídeos a 10% x 1,1 kcal/mL = 550 kcal. Não recomendável infusão superior a 2g/kg/dia (peso atual), em geral, administra-se 1g/Kg/dia (evitar sobrecarga de gordura) Emulsões lipídicas são isotônicas e podem ser administradas por veia periférica; além de fornecerem ácidos graxos essenciais, podem representar até 40% do VET quando necessário e não houver contraindicação. Misturas que contém os 3 macronutrientes favorecem situações onde o uso da glicose hipertônica possa ser desvantajoso. PRESCRIÇÃO INICIAL DA TNP ✓ Pequena infusão calórica, 800 a 1000 Kcal em 24h. Portanto, cerca de 1L em 24h. ✓ Aumento gradativo, em 2 a 3 dias, até se chegar aos níveis desejados (conforme resposta do paciente de tolerar mais líquido e glicose). Tolerância até 4L/dia. ✓ Desnutrição grave – infusão lenta: 25mL/h ✓ Mistura parenteral: iniciar com 30 a 50% das necessidades calóricas totais, progredindo gradualmente em um período de 48 a 72h. A progressão deve ocorrer mais lentamente em indivíduos hipermetabólicos em inanição grave, para evitar a síndrome da realimentação (síndrome do roubo celular); ✓ Nos pacientes hipermetabólicos sem inanição grave procura-se atingir as necessidades calóricas em 24 a 36h. NUTRIÇÃO PARENTERAL SUPLEMENTAR (NPS) Parte das necessidades nutricionais é administrada pelo trato gastrointestinal e o restante é infundido por via parenteral (NP administrada junto com a NE).
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