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FACULDADES DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS SOBRAL PINTO – FAIESP UNIDADE UNIC RONDONÓPOLIS CURSO DE PSICOLOGIA Cidade Ano CLARICE DIELLY DE ALENCAR LIMA COVID-19: DANOS PSICOLÓGICOS CAUSADOS PELA PANDEMIA Rondonópolis 2020 COVID-19: DANOS PSICOLÓGICOS CAUSADOS PELA PANDEMIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FAIESP- Faculdade de ciências sociais e humanas Sobral Pinto- unidade UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Psicologia. Orientador: Amanda Mattos CLARICE DIELLY DE ALENCAR LIMA CLARICE DIELLY DE ALENCAR LIMA COVID-19: DANOS PSICOLÓGICOS CAUSADOS PELA PANDEMIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FAIESP- Faculdade de ciências sociais e humanas Sobral Pinto- unidade UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Psicologia. BANCA EXAMINADORA Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) Rondonópolis, 07 de Dezembro de 2020 Dedico este trabalho... A família que tanto amo. Aos meus pais e irmãos por serem minha base, pois foi graças ao apoio e força deles que cheguei até aqui. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida, por ter me abençoado com muita saúde е determinação de para chegar onde estou e por me permitir ultrapassar todas as barreiras encontradas pelo o meu caminho. Expresso também minha gratidão a todos os meus colegas de classe, professores e tutores do curso de Psicologia que me ajudaram e forneceram todas as bases necessárias para a realização deste trabalho. LIMA, Clarice Dielly de Alencar. Covid-19: Danos psicológicos causados pela pandemia. 2020. 24 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Unic, Rondonópolis, 2020. RESUMO Covid-19 (novo corona vírus), um vírus desconhecido que deixou toda população mundial em um dos maiores estados de emergência de saúde da história. Onde para suspender o rápido contagio da doença, foram adotadas pelos governos de todos os países, as medidas de saúde pública como o isolamento social e a quarentena, essas medidas juntamente com o medo de ser infectado pela doença geraram uma grande sobrecarga e fragilidade emocional na população. O objetivo de estudo do presente trabalho é tornar evidente o percurso histórico e do atual contexto em relação às pandemias, assim como, apresentar conhecimentos a cerca dos impactos gerados na saúde mental, buscando compreender quanto ao sofrimento psicológico que pode ser vivido pela população de modo geral e pelos profissionais da saúde que estão envolvidos direta ou indiretamente no tratamento da doença. Por fim, traz- se um estudo sobre os desafios e as medidas cabíveis que estão sendo utilizadas por psicólogos, no intuito de vir a amenizar o sofrimento da população. Palavras-chave: Pandemia. Fragilidade. Emocional. Isolamento. Psicologia. LIMA, Clarice Dielly de Alencar. Covid-19: Psychological damage caused by the pandemic. 2020. 24 sheets. Course Conclusion Paper (Graduation in Psychology) Unic, Rondonópolis, 2020. ABSTRACT Covid-19 (new corona virus), an unknown virus that left the entire world population in one of the greatest states of health emergency in history. Where to suspend the rapid spread of the disease, public health measures such as social isolation and quarantine have been adopted by the governments of all countries, these measures together with the fear of being infected by the disease have generated a great burden and emotional fragility in population. The objective of studying the present work is to make evident the historical path and the current context in relation to pandemics, as well as to present knowledge about the impacts generated on mental health, seeking to understand the psychological suffering that can be experienced by the population in a different way. health professionals who are directly or indirectly involved in the treatment of the disease. Finally, there is a study on the challenges and the appropriate measures that are being used by psychologists, in order to come to alleviate the suffering of the population. Keywords: Pandemic. Fragility. Emotional. Isolation. Psychology. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS OMS Organização Mundial da Saúde CFP Conselho Federal de Psicologia ABP Associação Brasileira de Psiquiatria SARS Severe Acute Respiratory Syndrome – em português: Síndrome respiratória aguda grave H1N1 Sigla referente a um subtipo de Influenzavirus tipo A SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5 2. A HISTÓRIA DAS EPIDEMIAS ........................................................................... 7 3. FRAGILIDADE EMOCIONAL E A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO SOCIAL 11 4. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA AMENIZAÇÃO DE SENTIMENTOS CONFLITUOSOS ........................................................................... 14 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 18 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19 5 1. INTRODUÇÃO O COVID-19 popularmente chamado de “Coronavírus”, é uma doença infecciosa causada por um vírus recém descoberto, surgido inicialmente na cidade de Wuhan na China no fim do ano de 2019. A doença é transmitida através de gotículas provocadas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou exala. Essas gotículas permanecem no ar e em superfícies por um longo período, facilitando assim sua transmissão, basta estar em contato com alguém que tenha COVID-19 ou ao tocar em uma região contaminada e logo após, passar as mãos no nariz, nos olhos, ou na boca. Devido ao novo vírus, estão sendo tomadas diversas medidas governamentais para a proteção dos cidadãos (lavagem periódica das mãos, uso continuo de máscara, entre outros) e uma dessas medidas é descrita pela maioria dos indivíduos como uma das mais difíceis de nos adequar, que é a ordem de isolamento social. Através de um estudo mais detalhado será possível perceber como ocorre e como validar os reais motivos de tais acontecimentos, para que assim, seja possível prever e detectar métodos eficazes para ajudar os indivíduos que se encontram em tal estado de fragilidade psicológica. Desta maneira, é visível a necessidade de examinar e esclarecer tanto para que aja maior entendimento dos profissionais da saúde, como também para os cidadãos no geral, dos impactos que uma nova doença contagiosa capaz de parar o mundo pode acarretar danos não apenas à saúde física, mas também em questões psicológicas e emocionais. Diante das informações já apresentadas acima, surge um grande questionamento: Quais são os impactos negativos emocionais e psicológicos decorrentes ao distanciamento e isolamento social devido a uma pandemia, como o Novo Coronavírus (COVID-19)? Este trabalho tem como objetivo principal analisar os impactos negativos emocionais e psicológicos decorrentes ao distanciamento e isolamento social devido ao Novo Coronavírus (COVID-19). Além disto, possui como objetivos específicos: relacionar o contexto atual com o histórico de pandemias passadas; contextualizar sentimentos e patologias que as pessoas podem desenvolver no período de isolamento e apresentar as contribuições que a psicologiatrouxe em momentos similares a este. 6 O presente estudo refere-se de forma circunscrita à revisão de literatura. A pesquisa aborda aspectos de caráter metodológico qualitativo e descritivo com objetivo de estruturar e analisar informações, levando em consideração estudos com fins acadêmicos, de autores que tratem de temas relacionados a pandemias, interações sociais e impactos emocionais, realizando buscas através de bibliotecas virtuais, livros, teses, revistas e sites de banco de dados como Scielo, Pepsic, ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e Revista Espaço Acadêmico, levando em consideração estudos decorridos até 25 de Outubro de 2020. Com base nos autores citados no decorrer deste estudo, a proposta tratada no primeiro tópico deste trabalho é averiguar a história de outras pandemias como também a pandemia presente. Já no segundo tópico, o objetivo é contextualizar fragilidades e sentimentos que podem ser desenvolvidas no período de isolamento. Por fim, o terceiro e ultimo tópico são apresentadas as contribuições e métodos utilizados pela psicologia em um momento como este. 7 2. A HISTÓRIA DAS EPIDEMIAS A história da humanidade é contada em cima de vários acontecimentos marcantes como guerras, conflitos políticos, desastres naturais e doenças mortais. As pandemias e epidemias foram tão comuns quanto qualquer outro acontecimento significativo na narrativa do desenvolvimento humano. O cenário ao qual estamos inseridos atualmente não se trata de um acontecimento estreado este ano, a história está aqui para nos mostrar exatamente isso. Desde o inicio da raça humana nos deparamos com doenças e infecções que tem capacidade de destruir uma população inteira. De acordo com Ujvari (2011, p. 111) “Enquanto as formas de vida complexas surgem e se desenvolvem, no mundo microscópico continua a guerra química entre bactérias, fungos e vírus pela disputa de espaço.” Desta maneira é possível se ter uma provável idealização de como se dá o funcionamento desse mundo microscópio de vírus e bactérias. Surgem os primatas, e, depois, os primeiros hominídeos que evoluem em diversas espécies até o Homo sapiens “[...] nosso corpo está repleto de campos de batalhas onde bactérias se digladiam pelos nutrientes emanados do nosso organismo. [...] Esses microrganismos, sem se intimidarem, nos envolvem”. (UJVARI, 2011, p. 111). Nesta mesma obra, encontra-se um pequeno trecho destacado por Ujvari (2011, p. 171), “A peste negra, de 1348 a 1350, matou um terço da população europeia infectada pela bactéria transmitida de pulga dos ratos”. A Peste Negra ou Peste Bubônica foi uma das maiores pandemias registradas na história humana. Segundo Martino (2017, p. 29), “a peste negra assolou uma região bem vasta, que se estende desde a China até a Península Ibérica”. Se tratando de uma doença contagiosa sendo uma das tragédias que matou mais pessoas durante toda a história. “Diversas epidemias sempre assolaram os homens da Idade Antiga e da Idade Média, mas nenhuma alcançou as proporções da peste negra”. Ainda de acordo com Martino (2017, p. 30), a crise da pandemia acarretou em grandes complicações para o povo, parou a economia, fecharam-se escolas, e trouxe também a fome, “com a chegada da peste, a situação geral do povo se 8 agravou. Novamente, o fantasma da fome passou a assombrar as pessoas, pois faltavam braços para cultivar a terra”. Em 1817 teve inicio a pandemia de cólera, uma infecção intestinal aguda produzida pela bactéria Gram negativa Vibrio cholerae, causada pela ingestão de água ou alimentos contaminada, ocasionando sintomas como vomito e diarreia intensa, podendo levar a uma rápida desidratação e morte. De acordo com Carvalho et al (2020), “ primeira pandemia de cólera teve início em 1817 com a disseminação da doença fora do subcontinente indiano em direção à Rússia” (p. 13997). Segundo Killingray (2009), a gripe espanhola de 1918 foi uma pandemia causada pelo vírus da gripe H1N1, uma gripe mortal, que matou milhões de pessoas em todo o mundo, recebeu esse nome devido a grande repercussão de noticias sobre a doença vinda da Espanha. Mas para Killingray (2009, p. 43), “a gripe teve sua origem na região Centro- Oeste da América do Norte, no estado do Kansas”, espalhando inicialmente na costa oriental, seguindo para os oceanos Pacífico e Atlântico e assim para o restante do mundo, “o vírus propagou-se rapidamente através da Europa devastada pela guerra, alastrando à África do Norte e à Ásia, e alcançando a Austrália em Julho” (p. 45). De acordo com Killingray (2009, p. 41), a gripe é uma doença respiratória comum, transmitida por meio de tosse e espirros, mas para alguém mais vulnerável, como idosos ou jovens que possuem uma imunidade um pouco mais baixa, pode ser uma doença de risco fatal. Em 1976, foi identificado o primeiro caso do vírus Ebola surgido na África, Ujvari (2012, p. 11), nos diz a respeito que “muitas das vítimas do ebola de 1976 já estavam infectadas pelo novo vírus”. Além de: A nova doença espalhou-se pela África de maneira explosiva. O vírus caminhou de nação para nação. Guerra, pobreza e urbanização com prostituição o ajudaram. O uso de medicamentos e vacinas com agulhas não descartáveis foram coadjuvantes da epidemia. (UJVARI, 2012, p. 11) Conforme Ujvari (2012), o vírus se espalhou para o oeste do continente com pequenas diferenças, criando assim, uma nova denominação, existindo o tipo 1 e o tipo 2 do vírus. O tipo 1 foi exportado para outros continentes por meio de soldados, transmitido através de transfusão sanguínea, logo depois através de relação sexual. Acredita-se que imigrantes haitianos infectados levaram o vírus para os Estados Unidos, onde foi transmitido por meio de homossexuais masculinos, criando 9 assim, um novo tipo de epidemia quem vem a ser chamada de HIV, “O vírus foi descoberto em 1983 e, posteriormente, recebeu o nome de HIV (vírus da imunodeficiência humana)”. (UJVARI, 2012, p. 12). De acordo com informações do site do Ministério da Saúde (2020), em dezembro de 2019, surgiu uma doença respiratória grave, sendo considerada a síndrome respiratória viral mais severa desde a pandemia de influenza H1N1 (subtipo de Influenzavirus A) e que além de causar um grande impacto global, causou a morte de milhões de pessoas por todo o mundo. Teve seu início na China e semanas depois foi se espalhando por todos os outros países, e assim, assolando toda população mundial, o COVID-19 (SARS-CoV-2), conhecido popularmente por “corona vírus”. O COVID-19 é uma doença infecciosa causada por um vírus recém- descoberto. A doença é transmitida através de gotículas provocadas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou exala. Essas gotículas permanecem no ar e em superfícies por um longo período, facilitando assim sua transmissão, basta estar em contato com alguém que tenha COVID-19 ou ao tocar em uma região contaminada e logo após, passar as mãos no nariz, nos olhos, ou na boca. De acordo com Zwielewski et. al (2020, p. 2), “a humanidade já passou por epidemias como o SARS, ZikaVirus, Ebola, H1N1 e, certamente, enfrentará novas epidemias devido a contaminação e disseminação de doenças infecciosas com a globalização”, apesar de não ser possível afirmar com exatidão, tal comentário é um fato inegável levando em consideração todos acontecimentos marcantes na história humana. Tendo em vista todo o contexto histórico apresentado, é correto afirmar que cabe aos seres humanos, encontrar meios de enfrentar as adversidades que virão futuramente. Onde uma dessas adversidades que esta sendo vivenciado no momento atual é a grande angustia de se manter afastado mesmo que apenas fisicamente um do outro, a dificuldade de praticar o distanciamento social. Devido a esse novo vírus, estão sendo tomadas diversas medidas governamentais de segurança como intuito de controlar os impactos causados pela doença como também para a proteção dos cidadãos (lavagem periódica das mãos, uso continuo de máscara, entre outros) e uma dessas medidas é descrita pela maioria dos indivíduos como uma das mais difíceis de nos adequar, que é a 10 necessidade de reclusão quase que total, a ordem de isolamento social chamada de quarentena. 11 3. FRAGILIDADE EMOCIONAL E A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO SOCIAL Os impactos que pandemia atual pode vir a acarretar na vida da população é muito alto, pois assim como é possível que as pessoas possam vir a seguir seu dia- a-dia normalmente, também pode ocorrer o surgimento de sentimentos estressores devido as alterações de rotina, o isolamento social, o medo de contaminação tanto de si próprio como os familiares, entre outros, são capazes de causar um profundo sofrimento emocional e psíquico. Li et al apud Diniz et al (2020), sugerem “que em situações como pandemias, é comum o aumento da frequência de emoções e interpretações negativas, comportamento de esquiva e estigmatização de pessoas que apresentam os sintomas”, (p. 3). Ainda de acordo com Li et al, apud Diniz et al (2020), é mencionado que em uma pesquisa feita durante a quarentena, foram analisados os termos mais usados pelos internautas frequentemente na rede social Weibo, onde teve uma grande baixa no uso de palavras referente a sentimentos ou emoções positivas, e tendo um aumento significativos nas palavras relacionas a indignação, ansiedade e ao medo. De acordo com Zwielewski et al (2020): A quarentena, forma principal de contenção da velocidade da contaminação pela COVID-19 e da letalidade, adotada em várias regiões do mundo, promoveu o isolamento e o confinamento de um grande número de pessoas e a mobilização de um contingente significativo de profissionais da saúde para o enfrentamento da situação de crise. (ZWIELEWSKI et al, 2020, p. 1). Conforme Bittencourt (2020), as condições impostas para que se siga a quarentena de forma a não se contaminar e contaminar outras pessoas, são desagradáveis, pois se perde aquela rotina em que era inserido antes, tal como, se torna comum durante este período ações paranoicas, “são usuais situações de ansiedade, estresse, angústia” (BITTENCOURT, 2020, p. 4) De acordo com Zwielewski et al (2020), para alguns indivíduos a quarentena pode ser sentida de forma desagradável, “há separação e, ao mesmo tempo confinamento de famílias, rituais de luto são suspendidos, há sentimento de perda da liberdade, solidão, tédio, incertezas quanto ao futuro, suicídios, assim como ataques de pânico e raiva”. (ZWIELEWSKI et al, 2020, p. 2). 12 Segundo a Cartilha de Suporte em Saúde Mental (2020) as reações psíquicas são consideradas normais devido à situação em que estamos vivendo, mas caso não aja nenhum tipo de intervenção é possível que futuramente isso gere algum tipo de transtorno psicopatológico. A pandemia atual nos mostra a fragilidade emocional humana, indivíduos que antes não demonstravam transtornos psicológicos muito aparentes acabam tendo a pandemia como um gatilho, “acordando” esse transtorno, assim como aqueles que sabiam possuir psicopatologias demonstraram aumento nas suas crises/manias. De acordo com Zwielewski et al (2020), além do medo de ser contaminado pelo vírus, também se é sentido o aumento das demandas por cuidados e atenção em relação a saúde mental tanto para aqueles que estão com suspeita ou contaminados e seus familiares, quanto para os profissionais de saúde que estão em contato com esses pacientes contaminados. É descrito que para cada grupo são feitos o uso de protocolos de atendimentos breves de acordo com a demanda e a queixa, procurando assim os procedimentos mais eficientes para a diminuição de sentimentos estressores. Além desses sentimentos experimentados, a presente pandemia também nos trás o risco de aumento significativo dos casos de suicídio. Com esse cenário de pandemia pode aumentar e agravar os sentimentos negativos, principalmente os de morte, aumentando o risco de comportamentos de automutilação e suicida. De acordo com a cartilha Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia COVID-19: suicídio na pandemia COVID-19 “No Brasil, 51% dos casos de suicídio acontecem dentro de casa”. (GREFF et al., 2020, p.1). O isolamento social tem como objetivo restringir o contato social, para que assim não aja maior manifestação de contaminação do vírus, no entanto vale ressalvar que apesar do isolamento social apresentar benefícios, a diminuição do convívio social pode provocar resultados desagradáveis nos indivíduos. Segundo Brooks et al., 2020 e Singhal, 2020 apud Pereira et al (2020), o “afastamento de familiares e amigos, a constante incerteza quanto a duração deste isolamento, o acúmulo de tarefas durante as atividades de homeschooling e homeworking, etc”. Para Danzmann, Silva e Guazina (2020), os resultados gerados devido ao adoecimento mental causado pelo coronavírus “não se restringem somente ao 13 momento atual, mas sim após a pandemia se extinguir, período no qual poderá ter muitas pessoas ainda em sofrimento mental”, essa fala do autor nos faz pensar sobre como tudo se engloba agora e futuramente, como o estresse causado por medo da contaminação juntamente com o fato do isolamento podem afetar tanto o ser humano. O convívio e a interação com outras pessoas já foram discutidos por muitos autores, no qual chegaram à conclusão de que a interação social permite que sejam criadas experiências e ideias que podem ser influenciadoras na aprendizagem e no comportamento humano. Aranha (1993), pressupunha-se que a identificação de características comuns encontradas nos indivíduos em diferentes grupos e em diferentes contextos levaria ao conhecimento da natureza humana. Ainda de acordo com Aranha (1993), o mesmo afirma que na década de 60, parte da produção cientifica abordava sobre a interação com o objetivo de identificar os eventos determinantes do estabelecimento, da manutenção e da mudança do comportamento do indivíduo, pois a interação passava a ser vista como um processo complexo, sendo a ponte para a formação das relações sociais, considerado "como um sistema comportamental de imensa significância adaptativa para os seres humanos”. (p. 22). Considerando então a importância da interação social para os seres humanos, é possível relacionar que a interação do indivíduo com o meio social pode interferir em seu bem-estar psicológico. A respeito de saúde mental a Organização Mundial de Saúde (OMS), conceitua que: [...] um estado de bem-estar no qual a pessoa percebe suas habilidades, é produtivo em suas atividades de trabalho, consegue manejar o estresse da rotina diária e tem a capacidade de trazer contribuições positivas para a sua comunidade. [...] pensar no cuidado a saúde mental implica considerar o indivíduo como um ser composto pelas dimensões física, psicológica, social e espiritual (CARTILHA SUPORTE EM SAUDE MENTAL, 2020, p. 01). Desta forma, é possível afirmar que a quebra dessa interação com o meio social pode gerar impacto significativo para a saúde mental dos seres humanos. Com o rompimento abrupto desse convívio os indivíduos que de alguma forma já estejam fragilizados, acabam intensificando essa fragilidade. 14 4. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA AMENIZAÇÃO DE SENTIMENTOS CONFLITUOSOS Devido à situação em que estamos enfrentando atualmente em nosso cotidiano, a pandemia decorrida ao Novo Covid-19 e o isolamento social podem acarretar a sentimentos de ansiedade, estresse, frustração, medo, entre outros. Apesar das medidas adotadas para conter a propagação da COVID-19, governos, profissionais e instalações hospitalares não se mostraram preparados para mitigar os seus efeitos. (ZWIELEWSKI et al, p. 2). É neste momento queo auxílio psicológico juntamente com uma equipe multidisciplinar com objetivo de promover saúde mental tem sido de grande importância, pois com o apoio dos profissionais da área da psicologia esse cenário pode ser amenizado. Uma das maneiras encontradas de ajudar a população é através das intervenções psicológicas, (Bao et al., 2020; Shojaei & Masoumi, in press; Zhou, 2020 apud SCHMIDT, 2020, p. 4), que devem são disponibilizadas para a população geral quanto aos profissionais da saúde. Essas intervenções estão sendo oferecidas de forma paga ou gratuita por alguns profissionais da psicologia e psiquiatria, como também algumas instituições de ensino superior de vários cursos tomaram a iniciativa e estão disponibilizando profissionais e estagiários para estarem realizando essas intervenções. Para Diniz et al (2020), a prioridade no momento se dá a atenção referente principalmente à saúde mental, afirmando que: A psicologia e a psiquiatria, assim como outras ciências que lidam com fenômenos relacionados à saúde mental, serão cruciais para lidar não apenas com o adoecimento e os já adoecidos, mas também com a mobilização geral da população para adaptação às novas circunstâncias e contextos sociais, sejam eles imediatos ou de longo prazo. (DINIZ et al, 2020, p. 18). Para Brooks et al. (2020 apud SCHMIDT, 2020, p. 4), “medidas adotadas para reduzir os impactos psicológicos da pandemia não podem ser desprezadas nesse momento”, e é neste momento de fragilidade emocional mundial que se deve ser dado grande visibilidade para os profissionais de saúde mental. 15 Para Danzmann, Silva e Guazina (2020), comenta que é perceptível a baixa na saúde mental da população decorrente ao alto nível de ansiedade e estresse ocasionado pela COVID19. Os autores trazem sobre “a importância do olhar do poder público para essas condições. [...] esforços devem ser empregados provindos de todas as áreas do conhecimento, além da psicologia” (2020, p. 3), com intuito de reduzir significativamente os impactos ocasionados. Para Zwielewski et al (2020), a pandemia que estamos enfrentando neste momento está gerando um grande impacto social e de dimensão internacional, onde “intervenções tradicionais para os cuidados com a saúde mental não se adequam às necessidades atuais.” (p. 7). De acordo com Jiang et al (2020 apud SCHMIDT et al., 2020, p. 13) “recomenda-se que as intervenções psicológicas face a face sejam restritas ao mínimo possível (ex., atendimento a profissionais da saúde que trabalham na linha de frente e não foram infectados), para minimizar o risco de propagação do vírus”. O autor Zwielewski et al (2020), trás que é importante desenvolver formas comuns em casos de atendimento emergencial para as demandas de saúde mental, e que apesar de que na prática os serviços de emergência aplicar métodos de atendimento específicas como plantões psicológicos e atendimento psiquiátricos, além de disporem de acolhimento, espaço de escuta e redução de sintomas, ainda assim não são baseados em protocolos típicos de atendimento. Para Zwielewski et al. (2020, p. 6), “[...] é sugerido a elaboração de um checklist com todos os passos importantes para prevenção da transmissão a ser fornecido à toda população sujeita ao contágio para que ela possa consultar [...]”, práticas de atividades voltadas para a prevenção e orientação a cerca de saúde mental são de suma importância. Sugere-se que as intervenções sejam baseadas no grau de risco, de acordo com a demanda de cada um. Além de ser necessário um serviço de saúde especializada na área de Psicologia, mas também juntamente de outros profissionais da área da saúde: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, agentes de saúde, entre outros, todos os trabalhadores que estão na linha de frente do combate ao vírus. De acordo com Zwielewski et al. (2020, p. 7), “é necessário o desenvolvimento de novos modelos de intervenção em saúde mental para serem disponibilizados a população”, como também uma melhoria nas intervenções afim de 16 reestabelecer “novas políticas públicas e treinamentos para as equipes de suporte à saúde mental”, assim como intervenções com mais eficácia de acordo com a demanda trazida pela pandemia para o tratamento psiquiátrico e psicológico. O uso da tecnologia tem sido de grande ajuda no contexto atual, pois é por meio do uso dos aparelhos de comunicação como os celulares e computadores juntamente com o uso da internet que se está sendo realizados os atendimentos psicológicos. Em 26 de abril de 2020, foi permitida a prestação de atividades de atendimento psicológico por meio do uso da tecnologia de comunicação a partir da Resolução CFP nº 4/2020, mas tal ato só é permitido iniciar o trabalho remoto após ser feito a inscrição no “Cadastro e-Psi”. Para Duan e Zhu (2020 apud SCHMIDT et al., 2020, p. 13) “em outras epidemias, Como a SARS, o atendimento psicológico remoto se tornou rapidamente um mecanismo importante para acolhimento a queixas relativas à saúde mental”. Com a restrição do contato físico e aglomerações devido o COVID-19, profissionais da saúde tende a buscar novos métodos e maneiras de contribuir com a população, uma das formas encontradas por profissionais da psicologia são os atendimentos de psicoterapias de forma remota. De acordo com Danzmann, Silva e Guazina (2020, p.9), “[...] o atendimento online é o modo como a Psicologia adaptou-se para não descuidar da saúde mental do indivíduo, das famílias e da sociedade”. Esse meio de atendimento remoto se torna importantíssimo e necessário no momento atual, devido a crescente demanda e procura por atendimento psicológico é a partir deste que se pode garantir a saúde tanto do profissional quanto da pessoa que esta buscando o atendimento. Assim como em caso de pessoas contaminadas pelo o vírus que são orientadas a permanecer em casa, mas que estão psicologicamente abaladas, o atendimento remoto se torna facilitador, pois como se é ariscado manter um contado proximal a tecnologia acaba sendo uma ponte entre o profissional e o paciente. Segundo Zwielewski et al. (2020), a abordagem de Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), tem sido a estratégia de atendimento clínico que melhor apresenta resultados referentes as demandas apresentadas na atual situação. Além de que: 17 [...] há evidências de que intervenções psicológicas baseadas na TCC, inclusive aquelas realizadas online ou por telefone12, podem contribuir na compreensão do processo de proliferação de doenças dessa magnitude de exposição e suas repercussões na saúde e no comportamento pessoal e dos familiares. (ZWIELEWSKI et al, 2020, p. 6). Desta forma se dá a procura incessante entre abordagens mais assertiva, estratégias, métodos e maneiras que sejam mais eficazes para se tentar reduzir os riscos e os impactos psicológicos mundiais causados pela pandemia do novo coronavírus, buscando sempre manter a saúde mental tanto dos pacientes quanto dos profissionais que estão lidando diariamente com o COVID-19. 18 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os conhecimentos em relação aos contextos históricos das pandemias presenciadas até o momento foram sistematizados como uma forma de tentar compreender quais eram as diferenças e semelhanças entre as pandemias passadas e o Novo Corona vírus. Tanto as pandemias passadas, quanto à pandemia atual, além de terem em comum o choque gerado na economia dos países que são afetados por elas, possuem em similaridade as vítimas fatais e o intenso sofrimento mental que pode ser testemunhado pela população geral. De acordo com os estudos realizados neste trabalho, podemos observar os impactos psicológicos que estão sendo desencadeados, desta forma ficou evidente que muitas das pessoas que não tinham nenhum sentimento de vulnerabilidade, fragilidade emocional ou um diagnósticopsicopatológico, acabaram por desenvolver algum traço, seja de ansiedade, depressão, sintomas de estresse, entre outros. E aqueles que já possuíam algum diagnóstico psicopatológico tendem a agravar seus quadros. Em vista desse impacto negativo na saúde mental da população, percebe-se neste momento a necessidade da contribuição e do auxílio de um psicólogo para que haja redução dos sofrimentos psicológicos causados devido ao Covid-19. Tais contribuições se dariam de acordo a promover saúde mental e a readaptação populacional, de forma a realizar intervenções psicológicas. Como foram aprovadas pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia), essas intervenções se dariam inicialmente de forma remota, e embora, como foi descrito neste estudo, essa maneira nova de atuação possa apresentar alguns obstáculos, como a dificuldade de criar um vinculo com determinados pacientes, o atendimento remoto, pode evitar o contagio do paciente e do profissional, do mesmo jeito que se pode usar a praticidade e facilidade da tecnologia para abranger a todos considerando características e rotinas de diferentes pessoas visando minimizar os impactos sofridos tanto agora como posteriormente. 19 REFERÊNCIAS ARANHA, M. S. F. A interação social e o desenvolvimento humano. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 1, n. 3, p. 19-28, dez. 1993. Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X1993000300004&lng=pt&nrm=iso>. (acesso em 16. Maio. 2020). BITTENCOURT, R. N. Pandemia, isolamento social e colapso global. Revista Espaço Acadêmico, v. 19, n. 221, p. 168-178, 28 mar. 2020. BRASIL, Organização Mundial da Saúde. Cartilha Suporte em Saúde Mental em Tempos de covid-19: Guia de cuidados aos profissionais da saúde. HU/UFS. Sergipe. 2020. Disponível em: <http://www2.ebserh.gov.br/documents/16756/5119444/A+cartilha+sau%CC%81de+ mental+covid-19+ok.pdf/b277aed9-f881-45cd-b289-4457f33a0d85>. (acesso em 17. Maio. 2020). BRASIL, Ministério da Saúde. Sobre a doença, 2020. Disponível: < https://coronavirus.saude.gov.br/index.php/sobre-a-doenca> (acesso em: 06. Agosto. 2020). CARVALHO, L. S,. et al. Análise dos aspectos epidemiológicos da cólera no Brasil: Um estudo da última década. Braz. J. Hea. Rev. Curitiba, v. 3, n. 5, p. 13996-14007 set/out. 2020. 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