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Racismo
Para se compreender bem o que é o racismo, é necessário saber, antes de tudo, que a própria palavra racismo tem uma origem relativamente recente. Ela apareceu pela primeira vez em um artigo publicado em uma revista francesa intitulada Revue Blanche, no ano de 1902. Nas décadas que se seguiram, o termo começou a se popularizar em quase todas as línguas europeias (inglês, português, espanhol etc.), sendo usado para denominar as concepções sobre superioridade e inferioridade racial que começaram a vigorar na Europa a partir do século XIX.
Em pouco tempo, essas concepções, que tinham aprovação de muitos cientistas da época, passaram a “justificar” ações políticas racistas em várias partes do mundo. Três exemplos podem ser dados de imediato (depois voltaremos a eles): 1) a política antissemita (relativa à perseguição aos judeus – povo semita) na Alemanha nazista, que culminou no holocausto; 2) o apartheid, na África do Sul; 3) as leis de segregação racial no sul dos Estados Unidos da América.
Quais são as origens do racismo?
O racismo tem uma origem cientificista, isto é, ele se originou a partir de determinadas teses de cientistas europeus do século XIX, sobretudo médicos e antropólogos, que usaram de seus conhecimentos para elaborar doutrinas raciais. Um dos procedimentos utilizados por esses médicos consistia em medir o tamanho do crânio de indivíduos de “raças” diferentes. Os crânios maiores, que supostamente comportavam mais massa cerebral, eram indicativo de superioridade racial. Outro procedimento consistia em analisar os traços fisionômicos (relativos à feição humana, aos traços faciais), como nariz, lábios, orelhas, cor dos olhos, para que fosse determinado o grau de “pureza racial” atingido por determinada raça ao longo da evolução do homem.
Muitos desses cientistas baseavam-se na teoria darwinista da seleção natural e evolução das espécies e acreditavam que as mesmas leis aplicáveis à evolução dos seres vivos eram também válidas para descrever uma hierarquia das civilizações, sendo as mais fortes as construídas por raças superiores. Dois dos maiores representantes do cientificismo racista foram o francês Arthur Gobineau e o inglês Houston S. Chamberlain.
Racismo no Brasil
Em outras regiões do mundo, como o Brasil, o racismo existiu e ainda existe, mas com uma diferença grande para os exemplos citados acima: no Brasil, nunca houve, após a abolição da escravatura, em 1888, leis (nem federais nem estaduais) que segregassem (separassem e diferenciassem) negros de brancos. O racismo, no Brasil, nunca foi política de Estado, como foi nos EUA, por exemplo.
Muitos autores da virada do século XIX para o século XX acreditavam que os vários surtos de doenças que haviam no interior do Brasil eram resultado da contaminação da raça negra sobre a branca, que resultara na figura do mestiço, anêmico e doente. Monteiro Lobato, quando elaborou pela primeira vez seu personagem “Jeca Tatu”, tinha isso em mente. Depois, com o início das pesquisas sanitaristas (pesquisas médicas que tinham a missão de esclarecer os agentes de transmissão de doenças, como mosquitos, ratos etc.), Lobato e vários outros escritores e intelectuais abandonaram as antigas concepções racistas.
Tipos de Racismo
1- Racismo Individual
O racismo individual é expresso em atitudes discriminatórias individuais, através de esteriótipos, insultos e rejeição a uma pessoa que não possua as mesmas características étnicas que a sua.
Desta maneira, temos expressões como "é preto, mas é limpinho" ou "índio bom é índio morto" que revelam o profundo desprezo a todo um grupo.
2-Racismo Institucional
O racismo institucional é aquele exercido pelas instituições, como o Estado, a Igreja, as empresas privadas e públicas, no qual certos grupos étnicos, como negros ou índios, são marginalizados e rejeitados, seja direta ou indiretamente.
Um dos maiores exemplos foi o apartheid, na África do Sul, quando os negros estavam proibidos de frequentar os mesmos lugares que os brancos. Igualmente, nos Estados Unidos, havia leis desse tipo, que impediam os negros a estudarem nas mesmas escolas que os brancos, por exemplo.
3- Racismo Cultural
Resulta na crença que existe superioridade entre as culturas existentes, no amplo sentido que "cultura" engloba, religião, costumes, línguas, dentre outras.
O racismo cultural foi usado como justificativa para colonizar e dominar territórios desde a Antiguidade. Na época moderna, esse tipo de racismo pode incluir elementos do racismo institucional e individual.
4- Racismo Comunitarista (Diferencialista)
O conceito de comunitarismo ganhou força nos anos 80, em contraposição ao individualismo. Esta filosofia defende que a comunidade é mais importantes que o indivíduo em si.
Dessa maneira, o racismo comunitarista está ligado ao pensamento contemporâneo e ao nacionalismo. Ele torna-se racista na medida que sempre privilegia a sua comunidade em detrimento de outra.
Como consequência, o racismo comunitarista se dirige a um grupo como uma aldeia indígena, uma comunidade quilombola, e não só aos indivíduos específicos.
5- Racismo Ecológico (Ambiental)
O racismo ecológico é detectado quando as populações periféricas não recebem o mesmo tratamento que uma área central.
Um exemplo disso são as desapropriações realizadas de maneira arbitrária para dar lugar às represas ou instalações de eventos esportivos. Ou quando uma empresa de país desenvolvido vende um produto para um país em desenvolvimento que não cumpre as mesmas regras do seu país de origem.
Também a destruição do meio ambiente, afetando grupos e comunidades baseados na aplicação desigual da legislação é considerada como racismo ambiental.
Das primeiras horas de vida à morte violenta
O Brasil tem hoje a maioria da população (55,8%) composta por pretos e pardos, mas é justamente esse grupo que tem a maior taxa de analfabetismo, os menores salários e sofre mais com a violência e o desemprego. A desigualdade em relação à população branca começa desde o nascimento, já que a mortalidade entre crianças negras e pardas brasileiras é bastante superior à da população branca da mesma idade. Em 2017, 50,7% das crianças até 5 anos que morreram por causas evitáveis eram pardas e pretas, enquanto 39,9% eram brancas, segundo dados do Ministério da Saúde.
A disparidade educacional no país também tem cor. Apesar de uma série de indicadores educacionais da população preta ou parda terem melhorado gradativamente nos últimos anos, reflexo de políticas públicas afirmativas como o sistema de cotas, a desvantagem desta população em relação à branca continua evidente. Ainda que o número de analfabetos tenha registrado uma queda entre 2016 e 2018, a taxa de analfabetismo das pessoas pretas ou pardas foi de 9,1% no Brasil, quase três vezes maior que a de brancos (3,9%), segundo dados do IBGE.
Concluir o ensino médio ainda é uma realidade distante para muitos brasileiros, mas o desafio é maior para a população parda e preta. A taxa de conclusão do ensino médio (proporção de pessoas de 20 a 22 anos que concluíram esse nível) deste grupo era de 61,8%, enquanto a dos brancos era de 76,8%.
O abandono escolar também reflete a disparidade entre os dois grupos. A proporção de pessoas pretas ou pardas de 18 a 24 anos de idade com menos de 11 anos de estudo e que não frequentavam escola caiu ligeiramente de 30,8% para 28,8%, porém a proporção de pessoas brancas na mesma situação, em 2018, era bem menor, de 17,4%.
Na semana passada, o IBGE informou que, pela primeira vez, os pretos ou pardos passaram a ser 50,3% dos estudantes de ensino superior da rede pública, no entanto, como formam a maioria da população, eles continuam sub- representados. Os dados do instituto mostraram também que, entre a população preta ou parda de 18 a 24 anos que estudava, o percentual cursando ensino superior aumentou de 2016 (50,5%) para 2018 (55,6%), mas, novamente, ainda ficou abaixo do percentual de brancos da mesma faixa etária (78,8%).
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/19/politica/1574195977_206027.html
“Ninguém nasceodiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar. ”
Nelson Mandela

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