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VANDERLEI LIZI DE OLIVEIRA - TCC - VERSÃO CAPA DURA - LIBREOFFICE

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL
VANDERLEI LIZI DE OLIVEIRA
TRANSPARÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA GESTÃO PÚBLICA
MUNICIPAL, ESTUDO DE CASO NA PREFEITURA MUNICIPAL DE
COLNIZA/MT, ANO DE 2014
Juara/MT,
2014
VANDERLEI LIZI DE OLIVEIRA
TRANSPARÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA GESTÃO PÚBLICA
MUNICIPAL, ESTUDO DE CASO NA PREFEITURA MUNICIPAL DE
COLNIZA/MT, ANO DE 2014
Monografia apresentada à Diretoria de Educação à
Distância e Coordenação da Universidade Aberta do Brasil
na Universidade do Estado de Mato Grosso como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão
Pública Municipal.
Orientador: Prof. Esp. Ednei Isidoro de Almeida
Juara/MT,
2014
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Prof. Esp. Ednei Isidoro de Almeida (Orientador)
Curso de Ciências Contábeis – FACISA – UNEMAT/Sinop
___________________________________________________________________________
Prof. Me. Thiago Silva Guimarães (Membro)
Curso de Ciências Contábeis – FACISA – UNEMAT/Nova Mutum
___________________________________________________________________________
Prof. Me. Vandersézar Casturino (Membro)
Curso de Ciências Contábeis – FACISA – UNEMAT/Sinop
Aprovado em ____ / _____ / _________ Nota:________
Desejo expressar minha sincera gratidão ao meu orientador, Prof. Esp.
Ednei Isidoro de Almeida, pela paciência, motivação e sugestões, que
possibilitaram o desenvolvimento deste trabalho, à minha tutora
Márcia Cristina Bailo Ledesma, por toda a atenção, comprometimento
e empenho dispensados, e à tutora orientadora de metodologia, Profª.
Fabiana Elisa Krostt;
Aos professores, que no decorrer desse curso nos repassaram muitos
conhecimentos que levaremos para nossa vida profissional, e aos
colegas do curso, que compartilharam suas experiências e maneiras de
pensar;
Agradeço ainda aos gestores municipais que aceitaram participar do
estudo de caso.
À Deus, por me conceder a vida, uma família harmoniosa que me
incentiva e me apoia, amigos sinceros e leais, oportunidades de
aprender e melhorar.
Aos meus pais, Mauro e Eronita, que me deram a vida, promoveram
meu sustento, tiveram tamanho zelo e atenção, me educando,
ensinando, incentivando e demonstrando que o mais importante na
vida é a busca pelos objetivos, a autorrealização.
“Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com seu
trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um
sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos
conselhos sensatos”.
(Luís Fernando Veríssimo).
RESUMO
A sociedade brasileira está compreendendo melhor o conceito de cidadania, e exigindo mais
transparência por parte da administração pública. Os cidadãos estão amadurecendo,
despertando seu senso crítico, exigindo respeito por parte de seus representantes no governo e
manifestando-se diante da improbidade administrativa. Neste sentido, o presente trabalho tem
como objetivo analisar a concepção da transparência pelos gestores públicos e a forma como é
praticada na atual gestão pública municipal em Colniza/MT. Para tanto, partiu-se de um
levantamento junto aos principais gestores municipais, sendo prefeito, secretários e
controladora interna. Os dados foram coletados através de um questionário (formulário),
composto por perguntas fechadas, as quais procuram analisar a concepção do tema pelos
entrevistados, o reconhecimento de sua importância no âmbito da gestão pública e as formas
utilizadas por estes gestores públicos para sua implementação. As respostas foram
confrontadas com o marco teórico. No tocante ao referencial teórico, procedeu-se ao
levantamento bibliográfico relacionado ao tema, com o respectivo fichamento e resumo. Os
resultados indicam que os gestores públicos municipais de Colniza/MT compreendem o
significado da transparência, reconhecem sua relevância para a administração pública e
procuram implantá-la no exercício de suas funções. 
Palavras-chave: Transparência, Gestão Pública, Prestação de Contas. 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................08
1.1 Objetivos.............................................................................................................................08
1.1.1 Objetivo geral...................................................................................................................08
1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................................09
1.2 Justificativa.........................................................................................................................09
1.3 Estrutura do trabalho...........................................................................................................11
2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................12
2.1 Administração Pública........................................................................................................12
2.2 Regime Militar....................................................................................................................15
2.3 Redemocratização...............................................................................................................17
2.4 Constituição Federal...........................................................................................................18
2.5 Princípios da Administração Pública..................................................................................20
2.6 Lei de Acesso À Informação...............................................................................................21
2.7 Accountability – Prestação de Contas.................................................................................22
2.8 Transparência......................................................................................................................23
3 METODOLOGIA................................................................................................................27
3.1 Classificação da pesquisa....................................................................................................27
3.2 Coleta de dados...................................................................................................................28
3.3 Universo e amostra da pesquisa..........................................................................................28
3.4 Análise de dados.................................................................................................................29 
4 ESTUDO DE CASO.............................................................................................................30
4.1 Caracterização do ambiente de pesquisa.............................................................................30
4.1.1 Município de Colniza/MT – história, economia e características....................................30
4.2 Avaliação dos resultados.....................................................................................................32
4.2.1 Questionário aplicado aos gestores municipais – prefeito, secretários e controladora 
interna........................................................................................................................................32
4.3 Discussão............................................................................................................................40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................42
REFERÊNCIAS......................................................................................................................438
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Coelho (2012), por mais de 20 (vinte) anos, entre 1964 e 1985, o
Brasil esteve sob o regime militar, que reprimiu a democracia, a opinião pública e impôs uma
política centralizada e obscura, que não prestava contas a respeito de suas ações à população.
A redemocratização foi, sem sombra de dúvidas, uma grande conquista de todo o povo
brasileiro, que pode – a partir da Constituição Cidadã – eleger livremente seus representantes
e usufruir plenamente de seus direitos civis. Embora ainda haja resquícios da ditadura, a
saber: escândalos de corrupção, clientelismo, sobreposição de interesses individuais em
detrimento dos coletivos etc., nota-se que a administração pública caminha para uma
reformulação, acompanhando a mudança de postura, consciência e cultura dos cidadãos
brasileiros.
Neste contexto, foram abordados neste trabalho os aspectos advindos da promulgação
da Constituição de 1988, os Princípios da Administração Pública, a Lei de Acesso à
Informação e as mudanças no âmbito da Administração Pública. 
O trabalho em tela parte do seguinte problema: De que forma a Prefeitura Municipal
de Colniza/MT, em sua atual gestão, promove a transparência na prestação de contas da
gestão pública municipal, quanto às ações dos gestores e aplicação dos recursos públicos?
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Analisar a concepção da transparência pelos gestores públicos e a forma como é
praticada na atual gestão pública municipal1 em Colniza/MT.
1.1.2 Objetivos específicos
a) Avaliar se os gestores públicos municipais possuem consciência acerca da
relevância do tema transparência na prestação de contas à sociedade.
1 A atual gestão compreende o período de 2013-2016. Todavia, quanto ao estudo de caso, a pesquisa foi
realizada no ano corrente.
9
b) Identificar se a Prefeitura Municipal de Colniza/MT em sua atual gestão age de
forma transparente na prestação de contas à sociedade quanto às ações dos gestores e à
aplicação dos recursos públicos.
c) Apresentar as formas que a Prefeitura Municipal de Colniza/MT, em sua atual
gestão, utiliza para promover a transparência na prestação de contas à população.
1.2 Justificativa
O tema abordado foi escolhido mediante a reflexão acerca de sua importância na
Administração Pública, mormente nos dias atuais, haja vista as recentes transformações
políticas, sociais e, por que não dizer, culturais ocorridas em nosso país. A administração
pública é algo que diz respeito a todos nós. Uma gestão transparente implica num controle
social sobre os gastos públicos, e resulta no bem comum.
Conforme Platt Neto (2013), desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o
Brasil avançou em demasia quanto à legislação e organização interna, com o surgimento de
leis que beneficiaram a sociedade, permitindo o controle social sobre o Estado, como a Lei
das Licitações, a Lei de Responsabilidade Fiscal etc., bem como reformas concebidas e
implantadas com o intuito de promover a desburocratização do aparelho estatal e modernizar
a máquina pública.
No caso do município de Colniza/MT, com poucos anos de emancipação político-
administrativa, porém promissor pelas oportunidades de emprego e renda e potencial
econômico na região, apesar da grande deficiência quanto à infraestrutura, a transparência da
gestão pública municipal permite verificar o comprometimento da administração com a
coletividade, correspondendo às expectativas dos munícipes no tocante ao desenvolvimento e
à prosperidade, que refletem na melhoria da qualidade de vida de todos. 
Para a gestão pública municipal, a transparência está relacionada com sua
credibilidade junto à sociedade. Segundo Platt Neto (2013), qualquer gestão pública se
legitima através da confiança de sua população quanto à capacidade da administração de
prestar serviços com qualidade e promover o desenvolvimento. Existe sempre o risco do
poder público ser utilizado apenas para o benefício de alguns, ao invés de ter como foco o
10
bem de toda a coletividade. A transparência corresponde à possibilidade da sociedade ter um
controle, através do conhecimento das ações públicas, do emprego dos recursos oriundos dos
tributos que todos pagam, e que devem ser utilizados para o benefício de todos também.
Em relação à Academia, o tema da transparência permite explorar um dos aspectos
mais relevantes da administração pública e sua relação com a sociedade. Os cursos de
graduação e pós-graduação em Administração Pública ou Gestão Pública são relativamente
novos em nosso país. Porém, assim como bem enfatizado na presente pós-graduação, a
formação acadêmica e a especialização dos gestores públicos permite a mudança no aparelho
estatal, a modernização da administração pública, com a otimização dos serviços oferecidos, o
desenvolvimento de forma justa e sustentável e o progresso de toda a nação.
Para mim, enquanto discente, trata-se de uma excelente oportunidade de aprender mais
sobre a dinâmica desta relação entre administração pública e sociedade. A transparência é um
importante elo entre essas duas instâncias. Como servidor público – embora seja servidor
estadual – o trabalho permite conhecer um pouco mais acerca da estrutura de uma prefeitura
municipal, bem como compreender a importância do serviço público por nós prestado de
maneira geral, e da transparência em qualquer esfera do governo. Enquanto munícipe, o
estudo permite aguçar meu senso crítico em relação à forma como é gerida a cidade onde
resido atualmente, levando-me também a refletir acerca de como posso ajudar na construção
de uma cidade melhor para todos.
1.3 Estrutura do trabalho
O presente trabalho está dividido em 5 capítulos. O capítulo 1 compreende a
Introdução, sendo apresentados os Objetivos Geral e Específicos, a Problemática e a
Justificativa. É apresentada uma contextualização do tema proposto, de forma breve e
superficial. Os Objetivos Geral e Específicos compreendem as diretrizes sobre as quais o
estudo de caso foi pautado, a fim de obter resposta à problemática definida. A Problemática,
por sua vez, é a indagação que serviu como ponto de partida para a elaboração do trabalho, a
questão fundamental que foi objeto de discussão. Por fim, a Justificativa apresenta a
importância do trabalho elaborado, explicando o por quê de sua realização.
O capítulo 2 tratará do Referencial ou Marco Teórico, sendo abordados os conceitos e
descrição de Administração Pública, Regime Militar, Redemocratização, Constituição
11
Federal, Princípios da Administração Pública, Lei de Acesso à Informação, Accountability –
Prestação de Contas e Transparência. 
No capítulo 3 será demonstrada a Metodologia utilizada para a elaboração do presente
trabalho, com sua respectiva classificação quanto ao problema abordado, objetivos e
procedimentos, assim como a exposição da forma como os dados serão coletados e
analisados, universo e amostra.
Já no capítulo 4, será tratado o Estudo de Caso, com a caracterização do ambiente de
pesquisa, avaliação dos resultados e discussão.
O capítulo 5 consiste nas considerações finais. Por fim, são elencadas as referências
utilizadas na pesquisa.
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Administração Pública
O termo “Administração”, conforme Bächtold (2008, p. 26), tem origem no latim – ad
(direção) e minister (obediência) – significando, portanto, ''dirigir com obediência”. Já
“Administração Pública” é o “planejamento, organização, direção e controle dos serviços
públicos, segundo as normas do direito e da moral, visando ao bem comum”.
Todavia, para tratarmos mais a fundo acerca da Administração Pública, primeiro há
que se definir o significadode Estado. Segundo Coelho (2012, p. 13), Estado é a “organização
que exerce o poder supremo sobre o conjunto de indivíduos que ocupam um determinado
território”. Coelho (2012, p. 13) afirma que, de acordo com Max Weber, “o que caracteriza o
Estado é o monopólio do exercício legítimo da força em uma sociedade”. 
Para Bächtold (2008, p. 17), “O Estado é governado por uma minoria, cuja força
provém da combinação do poder econômico (riqueza), político (força) e ideológico (saber). O
Estado é a organização político-administrativo-jurídica e detém força para impor normas e
exigir seu cumprimento à sociedade civilizada”. 
De acordo com Coelho (2012), o Estado possui também duas características distintas:
a universalidade (toma decisões em nome de todos) e a inclusividade (poderá intervir em
qualquer esfera da vida social). Do Estado decorrem três funções ou poderes fundamentais:
Executiva (assegura o cumprimento das leis), Legislativa (elabora as leis) e Judiciária (julga
de acordo com as leis).
Conforme Coelho (2012, p. 17), a Função ou Poder Executivo “por meio do seu
aparato coercitivo, garante o cumprimento das decisões dos outros poderes e executa as
políticas do Estado”.
O Poder Executivo, ou Governo, como define Coelho (2012), procede o recolhimento
dos tributos, promove a segurança de toda a coletividade e exerce o Poder de Polícia
(fiscalização do cumprimento das normas e punição dos infratores). Ainda de acordo com
Coelho (2012, p. 13), o Governo é a “organização que exerce o poder supremo sobre o
conjunto de indivíduos que ocupam um determinado território”.
Outras definições importantes são quanto a Povo, Território e Soberania. Bächtold
(2008, p. 16 e 17) apresenta as seguintes definições:
13
a) Povo: conjunto de habitantes de determinado local. Representa o elemento humano,
comum a todas as sociedades;
b) Território: Extensão de terra que está sob direção de um governo;
c) Soberania: Poder absoluto e indivisível de organizar-se e de conduzir-se segundo a
vontade livre de seu povo, e de fazer cumprir suas decisões, inclusive pela força, se
necessário.
Referências pré-históricas acerca das magníficas construções erigidas durante a
Antiguidade no Egito, na Mesopotâmia, na Assíria, testemunharam a existência em
épocas remotas de dirigentes capazes de planejar e guiar os esforços de milhares de
trabalhadores em monumentais obras que perduram até nossos dias, como as
pirâmides do Egito. Os papiros egípcios, atribuídos à época de 1.300 a.C, já indicam
a importância da organização e da administração da burocracia pública no Antigo
Egito. Na China, as parábolas de Confúcio sugerem práticas para a boa
administração pública. (CHIAVENATO, 2003, apud BÄCHTOLD, 2008, p. 14).
Assim, como se vê, a administração pública remota a milênios. No período Paleolítico,
conforme expõe Bächtold (2008) os homens pré-históricos passaram a organizar-se em clãs,
pois sua alimentação e segurança dependiam da cooperação entre os mesmos. Nossos
antepassados perceberam que unidos eram mais fortes, e tinham maiores chances de
sobrevivência.
Posteriormente, no período Neolítico, de acordo com Bächtold (2008), o homem
iniciou o cultivo da terra e a domesticação de animais, ou seja, deixou a coleta de frutos e a
caça para produzir seu próprio alimento. O homem deixava também de ser nômade. Nesta
época ainda não havia a divisão em classes sociais, todos eram iguais. O trabalho era
distribuído de forma igualitária entre todos, havendo apenas a separação entre o trabalho
realizado pelos homens e pelas mulheres.
Já no período dos Metais, surgiu a civilização propriamente dita, que segundo
Bächtold (2008, p. 16) “é o estabelecimento dos homens sobre uma área continuamente
possuída e cultivada, vivendo em construções habitadas, com regras e uma cidade comum.
Começaram a surgir as primeiras cidades, com populações que se aproximavam de 2.000
habitantes”. A partir desse período, surgem as propriedades privadas, a divisão da sociedade
em classes sociais e a exploração do homem sobre o homem. 
A Administração Pública que até então era exercida por todos, na organização e
controle sobre a alimentação e segurança contra os animais selvagens e os invasores,
deu espaço para o surgimento: de classes sociais - passou a existir a figura dos ricos
e pobres, a dos senhores e escravos; do nascimento do Estado - estabelecimento de
14
um governo que administra para o povo e controla a força militar (exército) sob
determinado território. (BÄCHTOLD, 2008, p. 16).
De acordo com Coelho (2012), os pensadores Thomas Hobbes (1588–1679), John
Locke (1632–1704), Charles Louis de Secondat – conhecido como barão de Montesquieu
(1689–1755), e Jean-Jacques Rousseau (1712–1778), os denominados contratualistas,
acreditavam que a organização social e a instituição da figura do Estado teriam partido de um
pacto ou contrato social.
Há muitas divergências de ideias entre os quatro pensadores, todavia existem
elementos fundamentais em comum, como expõe Coelho (2012, p. 30):
a) a ideia de que a vida em sociedade não é o ambiente natural do homem, mas um
artifício fundado em um contrato; 
b) o contrato social que funda a sociedade civil foi precedido por um estado de guerra
(exceto para Locke) e um estado de natureza, no qual as relações humanas eram regidas pelo
Direito Natural; 
c) que o Direito Natural constitui a única base legítima do Direito Civil; 
d) que somente por meio da razão seria possível conhecer os direitos naturais para,
com base neles, estabelecer os fundamentos de uma ordem política legítima.
As ideias desses autores, como menciona Coelho (2012), são pertinentes à corrente
filosófica do Jusnaturalismo2, e formam a base do chamado Pensamento Liberal ou
Liberalismo. Para os liberais, todos os indivíduos são iguais por natureza, possuindo direitos
naturais não passíveis de abdicação, que são a liberdade e a propriedade. De acordo com os
contratualistas, a razão pela qual os homens abriram mão de sua liberdade absoluta e estado
de natureza para se submeterem às regras da ordem social e do Estado, seria a segurança, a
proteção dos bens e da vida de cada indivíduo.
Para Hobbes, conforme relata Coelho (2012), quando os homens transferiram seu
direito natural de utilizarem suas próprias forças para autodefesa e também para a satisfação
de suas necessidades a um ser artificial e coletivo, que é a figura do Estado (chamado por
Hobbes de “o Leviatã”), trocaram sua liberdade natural e independência pela denominada
liberdade civil e segurança, respectivamente. Deveriam, a partir de então, sujeitar-se às regras
impostas pelo Estado, sendo que este último deveria preservar os direitos naturais de
liberdade e propriedade dos indivíduos.
2 Corrente filosófica que buscou no indivíduo a origem do Direito e da ordem política legítima.
15
Conforme afirma Coelho (2012, p. 33) “Por se tratar de direitos humanos inalienáveis,
a preservação da liberdade e da propriedade dos indivíduos seria considerada pelos liberais
como cláusula pétrea de qualquer contrato social. Toda ameaça ou tentativa de usurpação
desses direitos seria sempre espúria, pois contrária à razão da existência do próprio Estado”.
De acordo com Coelho (2012), a partir destas concepções, houve a inversão do
princípio da representação, em que a ideia de que o governo seria uma unção de Deus (Direito
divino) daria lugar à delegação de poder dos governados ao governante. Coelho (2012, p. 35)
menciona que “Essa inversão do princípio da representação abriria o caminho para o
surgimento da democracia nos Estados liberais na virada do século XIX para o XX, entendida
essa como o governo do povo, consagrando o princípio da soberania popular”.
Mill (1980) apudCoelho (2012) destaca que a democracia não poderá jamais ser
simplesmente a ditadura da maioria. Essa ideia é a base da garantia de direito de expressão
para as minorias nas assembleias de representantes.
A Democracia, segundo Bächtold (2008, p. 17) é o “poder emanado da maioria do
povo”. Surgiu na antiga Grécia, há milênios. Para Bächtold (2008, p. 17) “Não havendo uma
verdadeira democracia o Estado, ao administrar, tende a beneficiar os interesses das classes
dominantes”.
Em um regime democrático – em que os governantes são eleitos e têm seus atos
constantemente submetidos ao escrutínio da opinião pública e dos formadores de
opinião – a força de um governo depende, em grande parte, do apoio que suas
propostas políticas e proposições legislativas encontrarem no parlamento; da
sintonia entre suas ações e as expectativas dos eleitores; e da relação mantida com os
diferentes grupos organizados da sociedade – meios de comunicação, sindicatos e
associações, empresas e ONGs etc. (COELHO, 2012, p. 19).
2.2 Regime Militar
Conforme expõe Leite Júnior (2012), no período de 1964 a 1985, o Brasil ficou
subjugado à repressão do Regime Militar. Os militares já visavam se apossar do poder desde o
governo de Getúlio Vargas. Todavia, vários motivos adiaram tais pretensões, até 1964.
O suicídio de Vargas, o crescimento econômico no período Juscelino Kubitschek, a
eleição de Jânio Quadros, com apoio da União Democrática Nacional (UDN)
(partido de centro-direita), a opção parlamentarista no início do governo João
Goulart e a ampla vitória do presidencialismo no plebiscito de 63 [...]. (LEITE
JÚNIOR, 2012, p. 29).
16
De acordo com Leite Júnior (2012), o primeiro presidente militar foi Castello Branco
(1964-1967). Durante seu governo foram abolidos todos os partidos políticos da época e
criados a Arena e o MDB, que permaneceram como os únicos partidos políticos brasileiros até
1979. Apesar da repressão, durante o regime militar houve também um controle maior das
contas públicas e da inflação e importantes reformas estruturais, com profundas mudanças nos
sistemas tributário, financeiro, trabalhista e previdenciário do país. Foram criados o Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, os tributos ISS – Imposto Sobre Serviços, ICM –
Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e o IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados,
bem como o Fundo de Participação dos Municípios – FPM.
Conforme expõe Leite Júnior (2012), o segundo presidente do Regime Militar foi
Costa e Silva (1967-1969). Durante seu governo, período mais duro da Ditadura, foi
promulgado o Ato Institucional número 5, que fechou o Congresso Nacional, cassou políticos
e institucionalizou a repressão. Conforme afirma Leite Júnior (2012, p. 34) “Durante os
governos Costa e Silva e Médici, foi realizada a maioria das prisões, torturas e assassinatos de
opositores do regime militar”.
Segundo Leite Júnior (2012), os governos Costa e Silva e Médici (este último
governou de 1969 a 1974) presenciaram o chamado Milagre Econômico Brasileiro, período
de grande crescimento da economia brasileira. O PIB brasileiro crescia duas vezes mais que o
PIB mundial. Todavia, nem tudo foi positivo, como ressalta Leite Júnior (2012, p. 34) “O
crescimento econômico, embora tenha melhorado a vida das pessoas, contribuiu para o
aumento da concentração de renda, que ainda hoje é um dos principais problemas do país”.
Leite Júnior (2012) explica que nesse período desenvolveu-se a administração indireta,
formada pelas autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações. A
administração indireta foi criada a partir do decreto-lei n. 200/67. Surgiram, a partir daí, as
estatais como a Embraer, Telebrás, Embrapa e Embratel. Outros avanços desta época foram o
Plano de Integração Nacional, que levou à construção das rodovias Santarém-Cuiabá e
Perimetral Norte, da Ferrovia do Aço e da ponte Rio-Niterói, a instituição do PIS – Programa
de Integração Social, e o Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização. Porém, a
economia era totalmente dependente do capital estrangeiro. No período, houve significante
endividamento externo, o que mais tarde se tornaria um grande problema para nosso país.
No ano de 1974, segundo Leite Júnior (2012), Ernesto Geisel assume o poder, após a
primeira crise do petróleo. Em seu governo houve o chamado “crescimento forçado”, em que
17
– embora a crise econômica internacional se alastrava – o país continuava promovendo gastos
públicos e investindo sem cessar em sua economia, o que resultou no desequilíbrio das contas
públicas e aumento relevante da dívida externa. Foram iniciados, no governo Geisel, a
prospecção de petróleo em águas profundas, o programa nuclear brasileiro, o pró-álcool e a
construção de grandes hidroelétricas, como Itaipu e Tucuruí. Houve uma enorme expansão
industrial no Brasil durante seu mandato, completando assim a fase de industrialização do
país. No final de seu mandato, Geisel enviou ao Congresso a emenda constitucional que
derrubou o Ato Institucional número 5.
O último presidente militar, como expõe Leite Júnior (2012), foi Figueiredo (1979-
1985). Em seu mandato, houve a abertura política do país. Em 28 de agosto de 1979, o
Presidente da República concedeu a anistia a todos que tiveram seus direitos políticos
suspensos durante o regime militar, através da lei n. 6.683. De acordo com Leite Júnior (2012,
p. 42) “Com a Lei de Anistia, retornam ao país os principais líderes políticos de oposição ao
regime militar, e inicia-se um período de reorganização partidária e de construção dos
mecanismos de transição para o Estado de Direito, que somente vem a se concretizar com a
promulgação da nova Constituição, em 1988”. O governo Figueiredo enfrentou também uma
grave crise econômica. Houve uma nova crise do petróleo, em 1979, afetando toda a
economia do globo. Com a crise, o Brasil reduziu drasticamente seus investimentos e gastos
públicos, o que culminou com a recessão entre 1980 e 1983. 
2.3 Redemocratização
Segundo Leite Júnior (2012), os efeitos da crise, durante o governo Figueiredo,
geraram uma crescente insatisfação contra o regime em vigor. Em 1983, o movimento das
Diretas, em oposição ao regime militar, começou a ganhar força. O ponto de referência deste
movimento era a proposta de emenda constitucional, de autoria do deputado Dante de
Oliveira (de Mato Grosso), que previa as eleições diretas para Presidente da República.
Todavia, a proposta foi rejeitada na Câmara dos Deputados, em 1984. Com a rejeição, o
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que era o principal partido da
oposição, lançou a candidatura no colégio eleitoral de Tancredo Neves, governador do estado
de Minas Gerais. Tancredo contava com o apoio de praticamente toda a oposição (com
18
exceção do PT), além de parte significativa do partido governista, o que resultou em sua
eleição, de forma indireta, em 15 de janeiro de 1985. 
Conforme narra Leite Júnior (2012), nas vésperas de tomar posse, Tancredo Neves
adoeceu, sendo conduzido ao Hospital de Base de Brasília, onde passou por intervenção
cirúrgica. Desta forma, o vice presidente eleito, José Sarney, assumiu a Presidência
provisoriamente em 15 de março. Contudo, o estado de saúde de Tancredo se agravou, e o
mesmo veio a óbito em 21 de abril de 1985, em São Paulo. Assim, Sarney permaneceu como
presidente do país. Durante o governo Sarney, foram eleitos os deputados e senadores que
formaram a Assembleia Nacional Constituinte, a quem coube elaborar a nova Constituição do
Brasil. Depois de muitos meses de discussões, disputas e empenho, fora promulgada a sétima
Constituição Brasileira, em 5 de outubro de 1988. Após, foi convocadaa eleição direta para
presidente da República, como previa a Nova Constituição. O primeiro presidente eleito
democraticamente após o regime militar foi Collor de Mello.
Neste período foram fortalecidas as bases do moderno Estado de Direito com
liberdade de expressão, democracia de massas, inclusão social e abertura econômica,
condições que, de modo geral, o país experimenta atualmente. Neste processo, teve
grande importância a promulgação da Constituição de 1988, as eleições diretas para
todos os níveis de governo, a modernização do aparelho de Estado, a expansão das
políticas públicas e a construção de uma rede de proteção social que atende ao
universo da população carente. (LEITE JÚNIOR, 2012, p. 53).
2.4 Constituição Federal
De acordo com Brasil (1988, p. 1), na Constituição da República Federativa de 1988,
denominada Constituição Cidadã, Artigo 1º, parágrafo único: “Todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”. Logo, se todo poder emana do povo, a prestação de contas à coletividade e a
permissão para que haja a participação popular nas discussões e tomadas de decisão que
afetarão a vida de todos são preceitos indissociáveis à administração pública. Ainda no Artigo
1º, nossa Carta Magna menciona que a República Federativa do Brasil baseia-se, entre outros,
no fundamento da cidadania. Cabe frisar que o conceito de cidadania pressupõe a existência
de garantias, de direitos. O cidadão não poderia, de forma alguma, ser considerado como
figurante no Estado Democrático de Direito, haja vista que possui o papel central. O Estado só
existe em função da sociedade, formada por todos os cidadãos. 
19
Conforme Brasil (1988, p. 4), em seu Artigo 5º, inciso XXXIII, a Constituição expõe o
seguinte: “Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado”. Sendo assim, todas as informações que dizem respeito à sociedade como um
todo, devem estar disponíveis aos cidadãos. Esse direito de acesso à informação seria
regulamentado posteriormente, com a Lei de Acesso à Informação, como será tratado adiante.
No Artigo 37, temos os Princípios da Administração Pública, em que devem se pautar todos
os gestores e servidores públicos. Esses princípios serão abordados no tópico seguinte. 
A participação popular nas discussões e tomadas de decisão também é abordada
algumas vezes no texto constitucional. Salles (2012, p. 85) afirma que “A transparência da
Administração Pública será garantida pela participação da sociedade e pela divulgação que
deve ser dada a todas as ações relacionadas à arrecadação de receitas e à realização de
despesas”. No Artigo 198, segundo Brasil (1988), por exemplo, que trata das ações e serviços
públicos de saúde, é ressalvada no inciso III a participação da comunidade. Já o Artigo 204,
que refere-se às ações governamentais na área da assistência social, em seu inciso II, fala
acerca da participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação
das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Também no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, conforme Brasil (1988),
aparece a figura da gestão participativa. No Artigo 79 (p. 53), que discorre acerca do Fundo de
Combate e Erradicação da Pobreza no âmbito do Poder Executivo Federal, temos, em seu
parágrafo único: “O Fundo previsto neste artigo terá Conselho Consultivo e de
Acompanhamento que conte com a participação de representantes da sociedade civil, nos
termos da lei”. Do mesmo modo, o Artigo 82 (p. 54), que trata sobre Fundos de Combate à
Pobreza no âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios, faz menção à gestão
participativa: “(...) devendo os referidos Fundos ser geridos por entidades que contem com a
participação da sociedade civil”.
2.5 Princípios da Administração Pública
Coelho (2012) afirma que a transparência na divulgação de informações relevantes e
prestação de contas por parte dos órgãos e gestores públicos no tocante às ações,
20
planejamentos, atividades, serviços oferecidos, arrecadação, gastos e investimentos está
inteiramente relacionada aos princípios da Administração Pública, bem como aos deveres dos
servidores públicos. É obrigação de todo agente público agir em prol do interesse público,
prestando contas à sociedade.
Conforme Brasil (1988, p. 27), a Constituição Federal, em seu artigo 37, disciplina que
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência”. 
De acordo com Coelho (2012), é óbvio que, caso haja probidade e observação às leis,
o gestor público não terá nenhum motivo para se esquivar de prestar contas à sociedade,
expondo suas realizações enquanto representante da sociedade. Ou seja, sendo transparente, a
administração pública estará observando os princípios da legalidade e moralidade. Desta
forma, agirá o servidor e/ou gestor público em observância às leis vigentes, e respaldado na
moral, na honestidade, nos bons princípios.
Coelho (2012) explica que colocando o interesse público acima de interesses pessoais
e/ou de grupos distintos, o gestor ou servidor público estará observando o princípio da
impessoalidade, partindo do pressuposto de que o Estado só existe para servir à coletividade.
A transparência na gestão pública implica em dar satisfação à sociedade a respeito das ações
da administração pública.
Segundo Brasil (1988, p. 27), na Constituição Federal, no 1º parágrafo do artigo 37,
discorre-se acerca da publicidade: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos”. A publicidade dos atos públicos está
intrinsecamente relacionada à transparência da administração, embora esta última seja muito
mais abrangente e relevante que a simples publicação. Publicar significa levar ao
conhecimento público, expor aos cidadãos. A transparência, neste caso, deverá ir além da
publicidade, devendo as informações prestadas serem de fácil compreensão. Ser transparente,
prestar contas é demonstrar respeito com a coletividade, demonstrando que a máquina pública
está a serviço da sociedade, existindo apenas em função dela. 
21
De acordo com Coelho (2012), através da prestação de contas, poderá o gestor público
demonstrar que houve o melhor custo-benefício, ou seja, eficiência na aplicação dos recursos
oriundos do contribuinte.
Conforme Brasil (1998), a Emenda Constitucional n. 19, de 1998, incluiu o parágrafo
3º, que trata da satisfação dos usuários dos serviços públicos, bem como ao acesso às
informações de caráter público: 
A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública
direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamações relativas à prestação
dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos
serviços; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre
atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII. (BRASIL, 1988, p.
30).
Segundo os ensinamentos de Platt Neto (2013), o trecho acima ressalta a gestão
participativa, além do aspecto relativo à fiscalização por parte do cidadão quantoà qualidade
dos serviços prestados. É imprescindível a participação popular na gestão pública, mesmo
porque o poder emana da sociedade, e a falta de instrumentos de controle, participação e
fiscalização resulta em abuso de poder, corrupção, arbitrariedades. E a gestão participativa só
é possível se houver a transparência na gestão. Percebe-se claramente que a nossa
Constituição visa salvaguardar o direito de todo cidadão quanto à qualidade dos serviços
prestados, bem como assegurar também o conhecimento de todos os atos (desde que não se
tratem de informações estratégicas, principalmente no caso da administração indireta e
empresas estatais, ou relativas à segurança e soberania nacionais) da administração pública.
Afinal, o Estado é mantido em função do cidadão.
2.6 Lei de Acesso À Informação
Como explica Platt Neto (2013), ainda em relação ao acesso às informações da
administração pública, temos a Lei de Acesso à Informação, um grande avanço em nosso
ordenamento jurídico, enaltecendo os direitos do cidadão no tocante ao acesso aos atos e
registros públicos. A referida lei foi promulgada em 18 de novembro de 2011, sob o número
12.527, sendo portanto muito recente. Abrange todos os entes da Federação (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios), nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem
22
como as autarquias, empresas estatais e sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
O Artigo 2º da referida lei, conforme Brasil (2011, p. 1), complementa: “Aplicam-se as
disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam,
para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou
mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes
ou outros instrumentos congêneres”. O parágrafo único do artigo supracitado ainda esclarece:
“A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos
recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que
estejam legalmente obrigadas”.
Cabe citar, ainda, o Artigo 3º, haja vista a síntese de conceitos apresentada:
Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental
de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios
básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes: I - observância da
publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; II - divulgação de
informações de interesse público, independentemente de solicitações; III - utilização
de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV - fomento
ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; V -
desenvolvimento do controle social da administração pública. (BRASIL, 2011, p. 1).
2.7 Accountability – Prestação de Contas
Accountability significa, na Administração Moderna, conforme Platt Neto (2013, p.
42), “Prestação de Contas”. É um termo moderno e amplamente utilizado na literatura
especializada. Na administração pública, toma dimensão ainda maior, significando, segundo
Rua (2012, p. 49) “Controle público sobre a ação do Estado”. 
De acordo com Platt Neto (2013), tem início nos registros e relatórios contábeis,
culminando na publicidade das informações relacionadas à origem e aplicação dos recursos
públicos. Transparência e Prestação de Contas são duas faces da mesma moeda. 
Outra definição importante para accountability é:
Termo com origem na Ciência Política norte-americana que comporta distintos
significados e ênfases. Um de seus significados está relacionado à determinação de
que as decisões tomadas pelos Executivos Municipais devam ser compreendidas
pela população. Por exemplo: como é calculada a tarifa dos ônibus urbanos? Como
são justificados os seus aumentos? É essa prestação de contas à população que
denominamos de accountability. De acordo com Schedler (1999), existem pelo
menos duas conotações básicas para o termo, uma é a capacidade de respostas dos
23
governos, isto é, a obrigação dos funcionários públicos de informarem e explicarem
seus atos, outra é a capacidade de impor sanções e perda de poder para os que
infringiram os deveres públicos. (SALLES, 2012, p. 16).
Malmegrin (2012, p. 94) também explana sobre accountability, a responsabilização
sobre os agentes de Estado: “esse conceito foi inicialmente estudado por Frederic Mosher, nos
anos de 1980, como sinônimo de responsabilidade objetiva ou da obrigação de uma pessoa ou
organização responder perante outra pessoa por alguma coisa. Seria, em uma versão livre da
ideia, a responsabilidade ética de prestar contas”.
2.8 Transparência
A citação a seguir foi extraída do Portal da Transparência do Governo Federal, e traz
importantes informações a respeito do tema:
O estímulo à transparência pública é um dos objetivos essenciais da moderna
Administração Pública. A ampliação da divulgação das ações governamentais a
milhões de brasileiros, além de contribuir para o fortalecimento da democracia,
prestigia e desenvolve as noções de cidadania. As Páginas de Transparência Pública
dão continuidade às ações de governo voltadas para o incremento da transparência e
do controle social, com objetivo de divulgar as despesas realizadas pelos órgãos e
entidades da Administração Pública Federal, informando sobre execução
orçamentária, licitações, contratações, convênios, diárias e passagens. Dessa forma,
conforme dispõe a Portaria Interministerial nº 140, de 16 de março de 2006, cada
órgão e entidade deve ter sua própria Página de Transparência com informações
detalhadas. (BRASIL, 2013, p. 1).
Para Malmegrin (2012, p. 94), “a transparência constitui parte da responsabilidade
ética de prestar contas, mediante a facilitação do acesso a informações para que a tomada de
contas possa ser efetiva”.
A primeira iniciativa legal no sentido de incorporar a obrigatoriedade da divulgação
de informações das contas públicas na internet surgiu por meio da Lei n. 9.755/1998,
que criou a página da internet (homepage) Contas Públicas
(<www.contaspublicas.gov.br>). Por meio de tal página, todas as entidades gestoras
de recursos públicos são obrigadas a disponibilizar determinadas informações
orçamentárias e financeiras mensalmente. (PLATT NETO, 2013, p. 38).
Platt Neto (2013) também cita a criação do Portal da Transparência da Controladoria-
Geral da União (<www.portaltransparencia.gov.br>), no ano de 2004, com o fito de informar
24
acerca das aplicações diretas do governo federal e transferências aos entes estaduais e
municipais. 
Segundo Platt Neto (2013), em 2009 surge a Lei da Transparência, Lei Complementar
n. 131, de 27 de maio de 2009, que obriga todos os entes da federação a disponibilizar, em
tempo real, informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, tendo
prazo entre um e quatro anos para o devido cumprimento. Esta lei acrescentou novos
dispositivos à Lei de Responsabilidade Fiscal. 
O professor Platt Neto (2013, p. 21) afirma que o estudo da Transparência sobre as
Contas Públicas tem como um de seus principais objetivos “compreender o papel da
democracia no contexto social e a necessidade do efetivo acesso aos dados e informações para
garantir a viabilidade do exercício real da transparência governamental”. Platt Neto (2013, p.
21) explica que “em Estados democráticos, as informações são predominantemente públicas,
enquanto que em Estados autoritários (como em ditaduras), a informação é
predominantemente restrita”. 
Platt Neto (2013, p. 21) menciona uma definição interessante da Controladoria Geral
da União – CGU: “a informação produzida, guardada,organizada e gerenciada pelo Estado
em nome da sociedade é um bem público”. Isso significa que o poder emana da sociedade, do
povo, e que a administração pública deve estar organizada de acordo com o interesse coletivo.
Afirma também que o orçamento público surge quando há uma democracia com
administração pública. O acesso à informação permite à sociedade o controle social, que Platt
Neto (2013, p. 22) define como “uma influência exercida pela população sobre o Estado, seus
governantes e sobre a própria sociedade”. Os elementos asseguradores do controle social
seriam a democracia, a informação e a ação popular.
Quanto ao acesso à informação: 
A Era do Acesso à Informação representa um momento histórico, iniciado com a Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF), que associa a criação de normas, o emprego de
tecnologias pelo Estado e o esclarecimento com inclusão dos cidadãos. Apesar de
iniciado com a LRF, no ano de 2000, as normas que amparam essa Era foram muito
ampliadas com a Lei de Acesso à Informação (LAI), em 2012, que finalmente
regulou direitos de acesso previstos na Constituição Federal de 1988. (PLATT
NETO, 2013, p. 23).
Platt Neto acrescenta (2013, p. 26): “pode-se esperar reações contrárias às divulgações
por parte de governos e gestores, de modo que a cobrança popular por parte da sociedade deve
25
interagir para fazer valer direitos assegurados e punições previstas legalmente”. Ainda destaca
que:
As entidades que compõem a estrutura da administração pública brasileira são
obrigadas pela Constituição Federal a prestar contas do uso de recursos públicos e a
respeitar o princípio da publicidade, entre outros princípios da administração
pública. Princípios são elementos supralegais que informam o ordenamento jurídico,
visando dar compreensão à intenção dos legisladores. (PLATT NETO, 2013, p. 27).
De acordo com Platt Neto (2013), a própria Lei de Responsabilidade Fiscal tem como
fundamentos o planejamento, a transparência e a participação popular. A participação popular,
base do controle social, depende fundamentalmente da transparência das ações
governamentais e contas públicas para sua efetivação. A transparência possibilitaria também o
exercício da cidadania.
Platt Neto (2013, p. 28) cita um importante conceito apresentado pelo Tribunal de
Contas do Estado de Santa Catarina: “a mera divulgação sem tornar o conteúdo
compreensível para a sociedade não é transparência, como também não o é a informação
compreensível sem a necessária divulgação”. Portanto, deve haver tanto a divulgação quanto
possibilitar-se a compreensão da mesma, bem como a relevância das informações. 
Platt Neto (2013, p. 30) explica que “nem tudo que é público é acessível ou
compreensível”, e afirma que a simples divulgação de determinadas informações pode coibir
práticas inadequadas na administração pública. A divulgação da prestação de contas, a partir
do momento em que chega ao conhecimento da população e é entendida, resulta num controle
social esclarecido, que se reflete no voto e nas possíveis denúncias de abusos ocorridos. 
 Como exemplos relativamente recentes acerca da visão permitida pela transparência
sobre o uso dos recursos públicos:
Abusos identificados no uso de cartões corporativos do Governo Federal que foram
expostos por meio do Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União
(CGU) nos anos de 2007 e 2008, com ampla divulgação pela impressa. Tal
ocorrência levou à queda de uma ministra e à devolução de dinheiro por outro
ministro; e a existência de salários ultrapassando os limites constitucionais, que
foram divulgados em portais de transparência pelo Brasil a partir do ano de 2012.
Tal ocorrência impactou a opinião pública e trouxe reações corporativistas e
judiciais. (PLATT NETO, 2013, p. 30).
Segundo Platt Neto (2013), é preciso a mudança de cultura, acabando-se com a cultura
da impunidade e implantando-se a cultura da responsabilização, com a utilização das boas
26
práticas de governança pela administração pública, como transparência e accountability. Para
que haja a prestação de contas, as informações divulgadas também devem ser confiáveis. 
27
3 METODOLOGIA
3.1 Classificação da pesquisa
O presente trabalho classifica-se, quanto ao método e à forma de abordar o problema,
como pesquisa qualitativa. Para Zanella (2012, p. 73), a pesquisa qualitativa “pode ser
definida como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas”. Baseia-se em
conhecimentos teóricos-empíricos que permitem atribuir cientificidade à análise, possui o
ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento chave, como
afirma a autora. A pesquisa qualitativa é descritiva, ocupando-se da descrição dos fenômenos
por meio dos significados que o ambiente manifesta. 
Em relação aos seus objetivos, esta pesquisa é classificada como exploratória. O ponto
de partida será o levantamento bibliográfico, com o objetivo de buscar o maior número de
informações acerca do problema em tela, a fim de exprimir sua relevância e permitir sua
compreensão. Conforme define Prestes (2003, p. 26), a pesquisa exploratória “tem como
objetivos proporcionar maiores informações sobre o assunto que será investigado, facilitar a
delimitação do tema a ser pesquisado, orientar a fixação dos objetivos e a formulação das
hipóteses ou descobrir uma nova possibilidade de enfoque para o assunto”.
No tocante aos procedimentos técnicos para a elaboração do trabalho, trata-se de uma
pesquisa bibliográfica, pois serão utilizadas obras de divulgação (livros, artigos científicos
etc.). Prestes (2003, p. 26) conceitua a pesquisa bibliográfica como “aquela que se efetiva
tentando-se resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego
predominante de informações provenientes de material gráfico, sonoro ou informatizado”. Gil
(2007) apud Zanella (2012, p. 81) menciona que “o processo de pesquisa envolve a escolha
do tema, levantamento bibliográfico preliminar, formulação do problema, elaboração do plano
provisório de assunto, busca das fontes, leitura do material, fichamento, organização lógica do
assunto e redação do texto”.
Ainda quanto aos procedimentos técnicos, trata-se também de um levantamento, além
de um estudo de caso, haja vista que será aplicado um formulário ao prefeito, controladora
interna e secretários municipais, a fim de verificar a Transparência na Gestão Pública
Municipal. O levantamento, de acordo com Gil (2002, p. 50), caracteriza-se pela
“interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer”. Zanella (2012, p.
28
82) menciona que trata-se de “um método de levantamento e análise de dados sociais,
econômicos e demográficos e se caracteriza pelo contato direto com as pessoas”. Estudo de
caso, na concepção de Zanella (2012, p. 84) é “uma forma de pesquisa que aborda com
profundidade um ou poucos objetos de pesquisa, por isso tem grande profundidade e pequena
amplitude, procurando conhecer em profundidade a realidade de uma pessoa, de uma ou mais
organizações, uma política econômica, um programa de governo, um tipo de serviço público,
entre outros”.
3.2 Coleta de dados
A coleta de dados foi feita através de um questionário (formulário) aplicado ao
prefeito, secretários municipais e controladora interna, de forma direta. Esse questionário é
composto de perguntas fechadas, que visam analisar a concepção e a prática da transparência
na prestação de contas pelos gestores públicos municipais, utilizando-se a escala Likert. De
acordo com a professora Luciane Ferreira Alcoforado (2011), da Universidade Federal
Fluminense:
A Escala Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada comumente em
questionários, e é a escala mais usada em pesquisas deopinião. Ao responderem a
um questionário baseado nesta escala, os respondentes especificam seu nível de
concordância com uma afirmação. (ALCOFORADO, 2011, p. 12).
3.3 Universo e amostra da pesquisa
De acordo com Gil (2002), o universo é o conjunto de todos os elementos ou
integrantes acerca dos quais será realizado o levantamento. O universo da presente pesquisa é
constituído por todos os servidores públicos da Prefeitura Municipal de Colniza/MT que
ocupam cargos de chefia (funções de confiança e cargos comissionados). 
Conforme Gil (2002, p. 121), a amostra é “uma pequena parte dos elementos que
compõem o universo”. A amostra, no caso deste trabalho, compreenderá 8 (oito) secretários
municipais (Administração, Agricultura, Assistência Social, Educação, Planejamento, Saúde,
Finanças e Obras), juntamente com o prefeito e a controladora interna, que serão submetidos
ao questionário. O motivo da escolha foi a centralização de poder decisório nesses cargos. Os
29
formulários (questionários) foram entregues diretamente aos gestores municipais. O período
de aplicação ocorreu entre os dias 8 e 12 de agosto de 2014.
3.4 Análise de dados 
Basicamente, as respostas do prefeito, secretários municipais e controladora interna,
que compõem a amostra, foram confrontadas com a literatura especializada (referencial
teórico), a fim de analisar a concepção da Transparência, o reconhecimento de sua
importância para a administração pública e a forma utilizada para promovê-la.
Desta forma, as informações obtidas pela leitura, apontamentos e resumos (que
resultaram no marco teórico), assim como a aplicação dos formulários e análise de conteúdo
dos mesmos (coleta e análise de dados), foram correlacionadas com o problema e os objetivos
definidos, de forma a darem resposta à preocupação fundamental, que é verificar a forma que
a Prefeitura Municipal de Colniza/MT, em sua atual gestão, promove a transparência na
prestação de contas da gestão pública municipal, quanto às ações dos gestores e aplicação dos
recursos públicos.
30
4 ESTUDO DE CASO
4.1 Caracterização do ambiente de pesquisa
4.1.1 Município de Colniza/MT – história, economia e características
A Prefeitura Municipal de Colniza/MT (2013), em seu portal, expõe de forma
condensada as principais informações relacionadas à história, economia e características do
município (www.colniza.mt.gov.br, acesso em 9/10/2013). Colniza/MT está localizada no
noroeste do estado, estando distante 1.065 km da capital, Cuiabá/MT. Tem uma extensão
territorial de 27.947 km2. Faz divisa com os municípios de Aripuanã/MT, Cotriguaçu/MT e
Juruena/MT, além dos estados do Amazonas e Rondônia. Possui dois distritos: Guariba (a 150
km da sede) e Guatá ou Três Fronteiras (a 315 km da sede). A população de Colniza/MT, de
acordo com o censo do IBGE de 2010, é de 25.827 habitantes. 
Conforme a Prefeitura Municipal de Colniza/MT (2013), os primeiros habitantes da
região onde hoje encontra-se o município de Colniza/MT foram os seringueiros e ribeirinhos,
ainda na década de 70, nas proximidades do rio Roosevelt. A partir de 1986, a empresa
Colniza Colonização instalou-se na localidade, que até então não passava de um distrito do
município de Aripuanã/MT. Surgiam assim as primeiras estradas, bem como as primeiras
obras: a sede da colonizadora, uma escola estadual, um posto de saúde, loteamento urbano e
abertura de ruas. A primeira atividade econômica relevante foi o extrativismo mineral, que
teve declínio nos anos 90. A atividade madeireira produziu e ainda produz muitas divisas para
o município, sendo uma das bases econômicas, juntamente com a cultura do café. 
De acordo com a Prefeitura Municipal de Colniza/MT (2013), em 1991 diversas
famílias sem terras vieram do estado do Rio Grande do Sul, para o primeiro Projeto de
Assentamento, denominado Pacutinga. Todavia, a grande maioria não se adaptou às diversas
dificuldades da região, principalmente as estradas precárias e intransitáveis no período das
chuvas, doenças como a malária e a falta de comunicação. A partir de 1994, várias outras
famílias, desta vez vindas do estado de Rondônia, ocuparam as terras da região. Hoje, estima-
se que mais de 90% dos habitantes do município de Colniza/MT são oriundos de Rondônia. 
A emancipação do município, segundo a Prefeitura Municipal de Colniza/MT (2013),
deu-se em 1998, no segundo plebiscito realizado com esta finalidade. Concretizou-se através
31
da Lei nº. 7.604, de 26/11/1998, de autoria do Deputado Estadual Pedro Satélite. A primeira
eleição municipal ocorreu em 2000, sendo a Sra. Nelci Capitani a primeira prefeita. Depois da
emancipação, uma das primeiras obras importantes para o município recém-criado foram
estradas ligando a cidade aos estados do Amazonas e Rondônia. O atual prefeito, gestão 2013-
2016, é o Sr. João Assis Ramos. Assim como a grande maioria dos munícipes, é oriundo do
estado de Rondônia. 
Como relata a Prefeitura Municipal de Colniza/MT (2013), as bases da economia do
município são o extrativismo vegetal (indústria madeireira), a pecuária de corte e a agricultura
(cultivo do café). O setor madeireiro conta com 30 serrarias e 6 marcenarias. Quanto à
pecuária, o rebanho bovino é superior a 240.000 cabeças. Em relação à produção de café, o
município é atualmente o maior produtor do estado, possuindo mais de 19 milhões de pés, e
com uma colheita superior a 99 mil sacas por ano, em mais de 12 mil hectares cultivados.
Cabe frisar que a produção tem como base a agricultura familiar, existindo no município 7
Projetos de Assentamento de Reforma Agrária. O dinheiro proveniente da produção de café
garante o aquecimento do comércio no município. São 4 beneficiadoras de café em
Colniza/MT, sendo 1 de grande porte.
As principais demandas do município são a manutenção das rodovias (todavia, o ideal
seria a pavimentação) – este é o calcanhar de Aquiles da região, pois inibe a vinda de novos
empreendimentos, profissionais autônomos, além de dificultar a chegada de mercadorias e
escoamento da produção –, das estradas e avenidas (que praticamente não são pavimentadas),
iluminação pública (faltam redes, postes, luminárias) e melhoria na área de telecomunicações
(telefones fixos e móveis, internet – considerando que a cobertura é parcial, limitada) e
energia elétrica (há falta de energia, além de quedas frequentes, principalmente no período
chuvoso), sendo que esta última é um fator importante na implantação de novos
empreendimentos no município. No período das chuvas, as estradas e rodovias ficam
praticamente intransitáveis (são atoleiros intermináveis, buracos, árvores caídas no caminho,
pontes de madeira quebradas etc.), o que já levou o poder público a decretar estado de
calamidade pública algumas vezes, nos últimos anos. Os fatos retro elencados são o grande
desafio dos governadores, cidadãos e empreendedores locais. Vencê-lo significa tornar a
cidade, esquecida pelo governo estadual – assim como a inúmeros municípios do interior –
num lugar melhor, próspero, promissor, com mais qualidade de vida a todos. 
32
4.2 Avaliação dos resultados
4.2.1 Questionário aplicado aos gestores municipais – prefeito, secretários e controladora
interna:
Quadro 1:
1. Transparência é o cumprimento das formalidades impostas pela lei.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 4
Concordo 4
Indiferente 0
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 1.
De acordo com a literatura abordada, o conceito de transparência na administração
pública vai muito além do mero cumprimento dos deveres e formalidades estabelecidos pela
legislação vigente. Desta forma, a resposta mais coerente, de acordo com o referencial teórico
utilizado, seria“Concordo”, já que os aspectos legais devem sempre serem considerados,
todavia não se sobrepõem à obrigação de prestar contas à sociedade. Assim, percebemos que
todos os entrevistados que aceitaram responder à questão demonstraram zelo e preocupação
com as leis (80% da amostra), pois responderam “Concordo totalmente” e “Concordo”. E
metade desses, ou 40% da amostra, foram mais coerentes à literatura apresentada, pois a
resposta foi “Concordo”. Ressalta-se que 2 gestores optaram por não responder ao
questionário, por razões não declaradas, o que corresponde a 20% da amostra. 
Quadro 2:
2. Transparência é a exposição da gestão pública a toda a sociedade de forma direta e honesta.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 6
Concordo 2
33
Indiferente 0
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 2.
A presente afirmação consiste exatamente na concepção, de forma clara e objetiva, do
conceito de transparência apresentado pelos autores abordados no marco teórico. Desta forma,
a resposta mais coerente à literatura especializada seria “Concordo totalmente”. A grande
maioria dos respondentes, 60% da amostra, foram de encontro a esta definição. Todos os
entrevistados que aceitaram responder à questão apresentaram concordância, alguns em
menor grau, portanto (os que responderam somente “Concordo”, 20% da amostra). Salienta-
se que 2 gestores não responderam (20% da amostra). 
Quadro 3:
3. Transparência é a prestação de contas aos órgãos de fiscalização.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 3
Concordo 4
Indiferente 1
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 3.
Este item apresenta uma afirmação cujo aspecto abordado (submissão aos órgãos
fiscalizadores) é o de menor importância, de forma geral, em comparação aos outros dois
aspectos citados, quais sejam a exposição da gestão pública a toda a sociedade de forma direta
e honesta e a observância às leis vigentes. A resposta mais coerente em relação ao marco
teórico seria “Concordo”. Metade dos entrevistados que aceitaram responder, ou 40% da
amostra, foram de encontro a esse viés. Apenas um entrevistado (10% da amostra) considerou
34
irrelevante a prestação de contas aos órgãos de fiscalização na abordagem da transparência.
Cabe frisar que 2 gestores, o equivalente a 20% da amostra, não quiseram responder. 
Quadro 4:
4. A transparência é de suma importância para a administração pública e também para os
gestores.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 4
Concordo 4
Indiferente 0
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 4.
Todos os gestores que responderam a essa questão consideram a transparência
relevante à gestão pública e aos administradores públicos, sendo que metade afirma – ao
responder “Concordo totalmente” (40% da amostra) – ser extremamente relevante. Este é um
bom indicador quanto ao avanço e modernização no âmbito da administração pública,
considerando-se que algumas décadas atrás a visão dos administradores públicos era
completamente distinta da atual. A controladora interna do município apresentou uma
ressalva, em que afirma que a principal importância da transparência é para a sociedade. 2
gestores não responderam (20% da amostra).
Quadro 5:
5. A Lei de Acesso à Informação é uma excelente possibilidade de promover a transparência,
permitindo o controle social e a aferição da satisfação da sociedade quanto à gestão pública. 
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 5
Concordo 3
35
Indiferente 0
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 5.
Os entrevistados, quanto a este item, reconhecem a Lei de Acesso à Informação (Lei n.
12.527/2011) como um valioso instrumento para o atingimento da transparência, culminando
no controle social e permitindo uma avaliação do desempenho da administração pública por
parte da sociedade. A maioria dos entrevistados, 50% da amostra, demonstrou este
reconhecimento de forma absoluta, respondendo “Concordo totalmente”. Ressalta-se que 2
gestores, o que corresponde a 20% da amostra, optaram por não responder ao questionário.
Quadro 6:
6. A prefeitura/secretaria deve sempre utilizar a imprensa oficial, mídia local e audiências
públicas para expor suas ações, prestando contas à população.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 6
Concordo 2
Indiferente 0
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 6.
Os gestores, em sua totalidade, concordam com a ideia de que as ações da prefeitura e
secretarias devem ser divulgadas, seja por meio da imprensa oficial, mídia local e/ou
audiências públicas. A grande maioria, 60% da amostra, concorda totalmente com esta visão.
A controladora interna ressaltou que outro meio igualmente válido e importante é o Portal da
Transparência, disponível no sítio da Prefeitura Municipal de Colniza/MT, para acesso dos
cidadãos. Salienta-se que 2 gestores (20% da amostra) não responderam.
36
Quadro 7:
7. A prefeitura municipal e secretarias deveriam possuir um portal de transparência pública
para facilitar o acesso às informações atinentes à gestão municipal.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 6
Concordo 2
Indiferente 0
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 7.
Uma observação importante no tocante a este item, é que a Prefeitura Municipal de
Colniza/MT já implantou o Portal da Transparência em seu sítio, em conformidade com a Lei
de Transparência (131/2009) e Lei de Acesso à Informação (12.527/2011). Mas percebe-se
que nem todos os servidores, inclusive alguns gestores, têm conhecimento acerca dele. Trata-
se de um “link” da página principal da prefeitura. Da mesma forma que muitos servidores
desconhecem sua existência ou importância, a sociedade normalmente também desconhece.
Quanto à visão dos entrevistados, todos os que aceitaram responder concordam que deve
existir o Portal de Transparência, com o intuito de facilitar o acesso às informações atinentes à
gestão municipal, sendo que a maioria, 60% da amostra, respondeu “Concordo totalmente”. O
prefeito municipal salientou que o referido portal deve receber melhorias, gradativamente. A
controladora interna ressaltou as dificuldades e limitações no cumprimento das exigências
legais quanto ao portal. Cabe frisar que 2 gestores, o equivalente a 20% da amostra, não
quiseram responder. 
Quadro 8:
8. A mídia local em geral é vista com bons olhos pelo poder público e é sempre bem recebida
e atendida.
37
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 2
Concordo 2
Indiferente 2
Discordo 2
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 8.
Este item foi o que mais dividiu os entrevistados, o mais divergente. Metade dos
respondentes afirma, através de suas respostas, que a mídia local é sempre bem vista, recebida
e atendida pelo poder público municipal, em maior ou menor grau (20% da amostra
respondeu “Concordo totalmente”, enquanto outros 20% respondeu apenas “Concordo”). A
outra metade discordou da afirmação (20% da amostra) ou julgou-a indiferente (também 20%
da amostra). Essa divergência nas visões dos gestores deve-se à falta de imparcialidade, por
parte de alguns meios de comunicação locais, conforme mencionado por muitos entrevistados.
2 gestores não responderam (20% da amostra).
Quadro 9:
9. A mídia local em geral distorce as ações do poder público, manipula a opinião pública e não
é bem vista pelos gestores.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 0
Concordo 5
Indiferente 2
Discordo 1
Discordo totalmente 0
Nãoresponderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 9.
38
O item presente é de certa forma oposto ao anterior. Busca averiguar se os gestores
municipais consideram que a mídia local distorce as ações do poder público e manipula a
opinião pública. A grande maioria dos respondentes (50% da amostra) concorda que sim. Uma
parcela menor considera o item indiferente (20% da amostra), ou discorda (10% da amostra).
O prefeito municipal enfatizou que na maioria das vezes falta a alguns meios de comunicação
local buscar mais conhecimento e informações precisas acerca dos fatos divulgados. 2
secretários, o que corresponde a 20% da amostra, não quiseram responder.
Quadro 10:
10. Alguns meios de comunicação distorcem as ações realizadas pela prefeitura e secretarias.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 2
Concordo 5
Indiferente 1
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 10.
O item anterior é mais abrangente, enquanto o item presente almeja verificar se
realmente apenas uma pequena parcela da mídia local não observa a imparcialidade,
distorcendo as ações realizadas pela prefeitura e secretarias. Apenas um respondente (o que
equivale a 10% da amostra) declarou que a assertiva é indiferente. Os demais respondentes
concordaram com a afirmação, sendo que a maior parcela, 50% da amostra, respondeu
“Concordo”. Ressalta-se que 2 gestores (20% da amostra) optaram por não responder ao
questionário.
Quadro 11:
11. Sempre há algum obstáculo imposto aos meios de comunicação para dificultar o acesso e
a divulgação de informações à população.
Respostas Quantidade
39
Concordo totalmente 0
Concordo 1
Indiferente 1
Discordo 6
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n.11.
Nessa questão, a grande maioria dos gestores que responderam (60% da amostra)
discordaram da assertiva de que o poder público municipal impõe obstáculos aos meios de
comunicação, com a intenção de dificultar o acesso e consequentemente a divulgação de
informações à sociedade. Apenas um gestor (10% da amostra) julgou a afirmação indiferente.
Outro respondente (o que corresponde a 10% da amostra) concordou com a assertiva.
Salienta-se que 2 gestores, o equivalente a 20% da amostra, não responderam. 
Quadro 12:
12. Quando algum cidadão procura a prefeitura/secretaria e solicita alguma informação de
caráter público, é sempre bem recepcionado e recebe as informações que necessita.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 1
Concordo 7
Indiferente 0
Discordo 0
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 12.
A assertiva em tela procura verificar se o cidadão, ao solicitar alguma informação de
caráter público, é bem recepcionado e devidamente atendido. Esse acesso à informação é
disciplinado pela Lei n. 12.527/2011. Todos os gestores que responderam (80% da amostra)
concordaram com a assertiva, sendo que um concordou em maior grau, respondendo
40
“Concordo totalmente” (o que equivale a 10% da amostra). É muito interessante esse
posicionamento dos gestores, que indiretamente demonstram que a disponibilização de
informações ao cidadão é algo salutar para a administração pública. Cabe frisar que 2 gestores
não quiseram responder (20% da amostra). 
Quadro 13:
13. Atualmente não há estrutura para receber e orientar o cidadão na prefeitura e secretarias.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 0
Concordo 2
Indiferente 0
Discordo 3
Discordo totalmente 3
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 13.
O presente item almeja constatar se existe uma estrutura destinada a receber e orientar
o cidadão na prefeitura e secretarias. A grande maioria dos respondentes (60% da amostra)
discorda, em maior ou menor grau, de que falta estrutura para receber e orientar o cidadão. A
minoria (20% da amostra) concorda com a questão, o que pode indicar problemas pontuais
nas secretarias correspondentes. A controladora interna ressalta que já existe em pleno
funcionamento a Ouvidoria Municipal, com o objetivo de receber as críticas, sugestões e
prestar auxílio e esclarecimentos ao cidadão. O prefeito municipal salienta que a estrutura
existente ainda não é a desejada, mas ratifica sua preocupação em melhorá-la. 2 gestores, o
que corresponde a 20% da amostra, não responderam.
Quadro 14:
14. Existe um esforço, embora não haja estrutura e treinamento visando a prestação de
informações à população, para recebê-la bem e repassar as informações solicitadas.
Respostas Quantidade
Concordo totalmente 2
41
Concordo 3
Indiferente 2
Discordo 1
Discordo totalmente 0
Não responderam 2
Total 10
Respostas dos entrevistados à pergunta de n. 14.
Nesse item, parte-se da afirmação de que existe um esforço, todavia sem uma estrutura
treinamento necessários, para prestar informações à população e receber o cidadão e repassar
a ele as informações de que precisa. A maioria dos respondentes (50% da amostra) concorda
com a assertiva, em maior ou menor grau, enquanto a minoria (20% da amostra) é indiferente.
Apenas um gestor (o que corresponde a 10% da amostra) discordou da questão. Ressalta-se
que 2 gestores (20% da amostra) optaram por não responder ao questionário.
4.3 Discussão
A sociedade brasileira, como abordado no referencial teórico, passou por muitas
transformações nas últimas décadas. De igual forma, a administração pública também está em
constante mudança, muitas vezes de forma vinculada à edição de leis. 
Conforme pode-se perceber através das respostas apresentadas pelos gestores
municipais de Colniza ao questionário, a maioria considera que a transparência tem como
principal objetivo a prestação de contas à sociedade das ações praticadas e dos recursos
auferidos e aplicados. Consideram importante também a observação das leis e a submissão
aos órgãos fiscalizadores, todavia entendem que a sociedade é a principal razão para a prática
da transparência na gestão pública. 
Os gestores municipais reconhecem a importância da transparência para a
administração pública e para os administradores. Entendem também que a Lei de Acesso à
Informação (Lei n. 12.527/2011) constitui-se num excelente instrumento, capaz de promover
a transparência, o controle social e a avaliação da gestão por parte da sociedade. 
Os gestores, em sua totalidade, também concordam com a ideia de que as ações da
prefeitura e secretarias devem ser divulgadas à sociedade, seja por meio da imprensa oficial,
da mídia local e/ou audiências públicas. São todos favoráveis à existência e manutenção do
42
Portal de Transparência, com o intuito de facilitar o acesso às informações atinentes à gestão
municipal à sociedade. 
Quando trata-se da mídia local, percebe-se claramente que os gestores, de forma geral,
entendem que alguns meios de comunicação não agem com imparcialidade, inclusive
distorcendo as ações do governo municipal. Porém, declaram que a mídia é sempre bem
recebida e atendida pelos gestores municipais, não havendo obstáculos para dificultar o acesso
e a divulgação de informações à população. 
Os cidadãos, de acordo com as declarações contidas nas respostas, são sempre bem
recepcionados e atendidos quando solicitam informações de interesse público. Para os
gestores, há uma estrutura mínima para receber e atender aos cidadãos, assim como esforços
para a melhoria desta estrutura, bem como o treinamento dos servidores nesse sentido.
Por fim, pode-se concluir que é urgente e necessário enfatizar a importância da
transparência na administração pública, e incentivar os servidores, gestores e principalmente a
sociedade a utilizarem este instrumento de controle social e avaliação

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