Buscar

Aula 04 - História da Educação - 2017 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA DA 
UNIRIO/UAB/CEDERJ 
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
PROFA COORDENADORA: NAILDA MARINHO DA COSTA BONATO 
 
Título: EDUCAÇÃO NO OCIDENTE CRISTÃO MEDIEVAL: O PAPEL DAS 
UNIVERSIDADES1 
 
INTRODUÇÃO 
Você atualmente faz o curso de Licenciatura em Pedagogia, mas certamente já 
ouviu falar que as universidades atuais também oferecem cursos de bacharelado, 
além de mestrado e doutorado. Está curioso para saber como tudo isso 
começou? A princípio podemos te responder que a estrutura, a forma e o 
funcionamento das universidades atuais tiveram origem na Idade Média, período 
histórico compreendido entre os anos de 476 a 1453 como visto no texto 4. 
Para nos situarmos melhor, vamos voltar para o ponto onde paramos: Na aula 
anterior vimos que com a fragmentação do Império Romano no Ocidente, o 
cristianismo vai se firmando como elemento unificador no período medieval. Neste 
processo de cristianização surge na Idade Média a igreja Católica que exerce 
além de influência religiosa, influência política. O mundo clássico e antigo, calcado 
em uma sociedade escravista foi sendo substituido por um mundo novo ligado 
pelo ideal cristão e calcado no modo feudal de produção onde o poder é medido 
pela quantidade de terras que cada um possui. Os mosteiros tinham o monopólio 
da ciência, sendo o centro da cultura medieval. Guardavam em suas bibliotecas 
obras da cultura greco-latina, traduziam, reinterpretavam e adaptavam obras 
gregas para o latim à luz do cristianismo. Como vimos no texto 4, 
etimologicamente, as palavras mosteiro (monasterion) e monge (monachós) são 
formadas pelo mesmo radical grego monos, que significa só, solitário. O monge 
 
1
 Texto em versão preliminar sendo produzido como aula 5 para compor o Caderno Didático da 
disciplina História da Educação do curso de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância da 
UNIRIO/UAB/CEDERJ. Deverá ser usado única e exclusivamente para as aulas de História da Educação, não 
devendo ser disponibilizado de nenhuma forma para outro fim sem minha prévia autorização. 
2 
 
então é o religioso que procura a perfeição na solidão se afastando da vida 
mundana, e esses monges copistas multiplicavam os textos da Antiguidade 
clássica. Neste contexto encontravam-se as escolas monacais, episcopais ou 
catedrais e as escolas paroquiais, como você também viu no texto 4. 
Neste texto, manterei a discussão em torno da educação na Idade Média, 
apresentando uma nova instituição educativa que persiste até os dias atuais – a 
universidade. É importante ressaltar que naquele momento a palavra universidade 
possuía outro significado. E então, vamos saber mais sobre esse assunto? 
1. AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIOS – UNIVERSITAS 
 
A partir do século XI na Baixa Idade Média — período que se inicia na virada do 
Ano Mil — a atividade da burguesia comercial em expansão começava a provocar 
o reaparecimento das cidades e, consequentemente, dos burgueses citadinos. 
Durante esse período, os burgueses faziam movimentos contra as autoridades 
locais (senhores feudais e bispos), reivindicando a autonomia administrativa das 
cidades. Quando emancipadas passavam a ser denominadas de comunas, 
constituindo as primeiras municipalidades de um governo laico, ou seja, autônomo 
em relação à religião e a igreja. 
 
Essa dinâmica urbana também trouxe conflitos para a administração do ensino, 
balançando o monopólio da Igreja. Surgiram tensões entre os representantes 
locais da Igreja e a comunidade de mestres e alunos que passa a se organizar 
como uma corporação para a administração autônoma de seus estudos a partir do 
século XII. 
Neste processo proliferaram-se as corporações de ofícios – universitas, 
denominação geral para associações juridicamente organizadas e reconhecidas 
por todos, que visavam controlar e regular a produção de diversas profissões 
surgidas na Idade Média. Essas associações congregavam pessoas de um 
mesmo ofício submetidas a estatutos próprios. Desta forma, a palavra 
3 
 
universidade (universitas) não significava, inicialmente, um estabelecimento de 
ensino, mas qualquer assembléia corporativa seja de marceneiro, curtidores, 
sapateiros, carpinteiros, tecelãos, herboristas, entre outras. Essas corporações de 
ofícios “exerceram um papel educativo fundamental e de 'massa', especialmente 
nas cidades, emancipando o trabalhador de uma ética apenas religiosa e 
eclesiástica, e marcando a sua mentalidade em sentido laico, técnico, 
racionalista.” (CAMBI, 1999, p.175) 
INÍCIO DO VERBETE 
Segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de 
Holanda Ferreira uma corporação é uma associação de pessoas do mesmo 
credo religioso ou profissão sujeitas às mesmas regras, obrigações, direitos, 
deveres, privilégios etc. 
FIM DO VERBETE 
 
Entre essas corporações vamos encontrar um tipo especifico - as corporações de 
estudos constituídas inicialmente de mestres e alunos que cultivavam as ciências 
e que se reuniam para discussões sem a preocupação de uma aplicabilidade 
imediata desses estudos - a universitas studii. Segundo um outro autor chamado 
Roger Gal (1989), essas corporações de estudos eram em parte, associações de 
apoio mútuo, e em parte, confrarias religiosas visando defender direitos de 
mestres e alunos. Com o tempo essas corporações de estudos vão tomando outra 
configuração. 
Para continuarmos a nossa conversa sobre a origem das universidades, a seguir 
tomaremos como ponto de referência a obra História da educação: da Antiguidade 
aos nossos dias, de Mario Alighiero Manacorda. É importante ressaltar que à 
época de sua produção, esta obra destinava-se a ser difundida através de uma 
série de transmissões radiofônicas da Rádio-Televisão Italiana, sob o título A 
Escola nos Séculos, como conta Paolo Nosella na orelha do livro. 
 
4 
 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Mario Alighiero Manacorda 
Lecionou Pedagogia e História da Pedagogia nas universidades de Cagliari, Viterbo, 
Florença e Roma. É considerado na Itália um dos maiores representantes italianos no 
campo da Pedagogia. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
Agora que você já sabe que a palavra universidade – universitas, se referia às 
diversas corporações de ofícios, e que desta universitas surgiu um tipo muito 
especifico, a universitas studii, vamos entender um pouco como era essa 
corporação de estudo na próxima seção. 
2. UMA CORPORAÇÃO DE ESTUDO: A UNIVERSITAS STUDII 
Com o surgimento da economia mercantil das cidades e a organização em 
comuna na Europa, surgem para a instrução os mestres livres - clérigos não 
ordenados ou leigos que atuavam junto às escolas episcopais sob a tutela jurídica 
da Igreja e também do Império. Munidos da licentia docendo concedida pelo 
scholasticus, fora dos muros das escolas e de forma itinerante, esses mestres 
livres, que mudavam de um lugar para outro, ensinavam também aos leigos. 
Assim, satisfaziam as exigências culturais da burguesia e de uma nova sociedade 
em construção. 
INICIO DO VERBETE 
Scholasticus e magister 
Escolásticos – denominação para os clérigos vinculados ao ensino. Esses clérigos 
introduziram para o estudo da língua latina o procedimento de retirar dos textos da 
Antiguidade Clássica apenas os trechos em que se evidenciava o aspecto formal da 
língua ou modelos de estruturação da ordenação lógica do discurso como matéria de 
reflexão e ensinamento. O Scholasticus é o professor das artes liberais e mais tarde 
também professor de filosofia e teologia, sendo oficialmente chamado de magister 
(mestre). 
FIM DO VERBETE 
 
Os clérigos não ordenados ou leigos ensinavam especialmente as artes liberais do 
trivium - composto pelas seguintes matérias: gramática, retórica e dialética - e do 
quadrivium - composto por: aritmética, geometria,música e astronomia. Em 
5 
 
conformidade com a tradição clássica que remonta por exemplo a Santo 
Agostinho, estudado no texto 4, a meta desse currículo era preparar o estudante 
para os estudos teológicos, aos quais se somariam as faculdades de direito e 
medicina. 
Para Manacorda, é provável que esses mestres livres tenham contribuído para o 
surgimento das universidades devido a sua futura organização em corporações de 
estudo. Ele nos informa que em Salerno, já antes do ano 1000, existia uma 
tradição da prática médica que foi assumindo paulatinamente o caráter de uma 
escola teórica e que dois séculos depois foi reconhecida como Studium generale, 
significando com isso, que o título concedido era reconhecido em qualquer lugar, 
elemento característico de uma universidade. Esse reconhecimento favorecia a 
circulação dos mestres, pois com a autorização docente, podiam lecionar em 
qualquer lugar. 
 
Imagem 1: Mapa da Itália com indicação da província de Salerno e Bolonha 
Fonte: http://www.voyagesphotosmanu.com/Complet/images/mapa_da_italia.gif 
 
6 
 
Um outro tipo de ensino iniciado no século XI também se desenvolveu sobretudo 
nas universidades italianas: a Ars dictandi, que ensinava a escrever cartas e atos 
oficiais, diplomas, privilégios papais etc., e, às vezes, cartas familiares, do pai ao 
filho, do sobrinho estudante ao tio tutor etc. Este tipo de ensino teve seu apogeu 
no século XIII com alguns mestres em Bolonha (ver Figura 1). Foi em Bolonha, na 
segunda metade do século XI, que teve início o ensino de Direito Romano Civil, 
pelo qual “se costuma começar a história das universidades medievais”. 
(MANACORDA, 1995, p.146). 
No século XII, o ensino do direito romano passou a abranger também o ensino do 
direito canônico. Portanto, percebem-se três campos de estudos distintos: artes 
liberais, medicina e jurisprudência. 
INÍCIO DO VERBETE 
O direito canônico é o conjunto das normas que regulam a vida na comunidade eclesial. 
FIM DO VERBETE 
 
INÍCIO DO VERBETE 
Jurisprudência é um termo jurídico que significa o conjunto das decisões e 
interpretações das leis. 
FIM DO VERBETE 
 
Acrescenta-se a eles, no início do século XIII, o ensino da teologia pelos 
dominicanos, que eram frades pertencentes à Ordem de São Domingos. Essas 
quatro faculdades (facultas) compõem as universidades medievais. As 
faculdades de artes tiveram por muito tempo função propedêutica, ou seja, base 
para qualquer outro estudo e sem muita distinção das escolas de gramática. 
 
Nesse momento, a igreja Católica, que mantivera a hegemonia religiosa, cultural e 
espiritual no Ocidente, passa a ser afrontada pelas heresias disseminadas com o 
ressurgimento das cidades. Temerosa, a igreja conservadora instala a Inquisição 
ou Santo Ofício, cujos tribunais se espalham a partir do século XII na Europa para 
apurar os “desvios da fé”. 
7 
 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
O termo Inquisição refere-se a várias instituições dedicadas à eliminação da heresia no 
seio da Igreja Católica. A Inquisição, fundada em 1184 no sul da França, foi criada 
inicialmente para combater alguns grupos religiosos, que praticavam a adoração de 
plantas e animais. O condenado era muitas vezes responsabilizado por uma "crise da fé", 
sendo entregue às autoridades do Estado, para que fosse punido. Confisco de bens, 
perda de liberdade, até mesmo a pena de morte, muitas vezes na fogueira, são 
exemplos de penas aplicadas àqueles que eram acusados por “desvios da fé”, ou seja, 
aqueles que não seguiam os preceitos da religião católica naquela época. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Na mesma época, a erudição, ou seja, o saber aprofundado em um ramo do 
conhecimento, que até então havia sido uma prerrogativa da escolástica, 
tornava-se dia a dia mais leiga. Nas universidades, os estudantes eram 
castigados por, entre outros motivos, não falarem apenas o latim. 
 
INÍCIO DO VERBETE 
Escolástica: Segundo o Dicionário do Aurélio, é o ensino filosófico próprio da Idade 
Média ocidental, fundamentado na tradição aristotélica e inseparável da teologia. Chama-
se Escolástica por ser a filosofia ensinada nas escolas. 
FIM DO VERBETE 
 
Então, no início do século XIII, quando as universidades se consolidam e se 
difundem, surgem as novas ordens religiosas: as ordens de pregadores, os 
dominicanos e os mendicantes, os franciscanos, que renovam as escolas e os 
estudos. Os dominicanos dedicam-se à teologia e os franciscanos às artes 
liberais. 
INÍCIO DO VERBETE 
Mendicantes – Segundo o Dicionário do Aurélio, são ordens religiosas que fazem voto de 
pobreza, vivendo apenas de esmolas. 
FIM DO VERBETE 
Essas ordens assumiram o trabalho de manter a ortodoxia religiosa, implantada 
pela Inquisição, com censura e rigor, determinando a punição dos dissidentes à fé 
Católica, a queima de livros e dos seus autores. E foram responsáveis pelo 
modelo de teorização do pensamento medieval: o modelo típico dos dominicanos - 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Heresia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Católica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pena_de_morte
8 
 
ligados à valorização da razão em si e como instrumento para penetrar e 
desenvolver o significado da fé e o modelo dos franciscanos -, destinado a 
sublinhar a superioridade da fé em relação à razão. 
INÍCIO DO VERBETE 
Ortodoxia religiosa: Que está conforme a doutrina religiosa, é rígida em suas convicções. 
FIM DO VERBETE 
Nesta seção então, você viu como foi o surgimento das universidades medievais, 
a universitas studii, e quais eram, a princípio, seus diferentes campos de estudo. 
Na próxima seção você ficará por dentro de como foi a expansão dessas 
universidades pela Europa Ocidental. 
INÍCIO DO BOXE MULTIMÌDIA 
Imagem 2. Fonte da imagem: 
http://www.adorocinema.com/filmes/nome-
darosa/imagens/1245097761_nomedarosaposter01/#i
magens 
 
Com título homônimo da obra literária de Umberto Eco de 
1980, o filme O nome da rosa estrelado por Sean Conery e 
dirigido por Jean-Jacques Annaud, de 1986, é ambientado 
em um mosteiro beneditino do Norte da Itália que continha o 
maior acervo cristão do mundo. O filme conta a história de 
um monge franciscano, William de Baskerville que chega a 
esse mosteiro acompanhado de um noviço, Adso Von Melk 
e pretende participar de uma assembléia para decidir se a 
Igreja Católica devia doar parte de suas riquezas. Porém, a 
atenção de todos é desviada por muitos assassinatos que 
ocorrem no mosteiro. William de Baskerville começa a 
investigar o caso, mas os mais religiosos acreditam que tal fato é obra do Demônio. Antes 
que ele conclua suas investigações, Bernardo Gui, o Grão-Inquisidor, chega ao local 
pronto para torturar qualquer suspeito de ter cometido assassinatos em nome do Diabo. 
Por não gostar de Baskerville, o Inquisidor o coloca no topo da lista dos que são 
diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto a uma guerra ideológica entre 
franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente 
solucionado. Ficou interessado no filme? Então, prepare a pipoca que a seção vai 
começar! 
Fonte: /www.adorocinema.com/filmes/nome-da-rosa/ 
FIM DO BOXE MULTIMÍDIA 
3. A DIFUSÃO DAS UNIVERSIDADES NA EUROPA OCIDENTAL 
http://www.adorocinema.com/filmes/nome-darosa/imagens/1245097761_nomedarosaposter01/#imagens
http://www.adorocinema.com/filmes/nome-darosa/imagens/1245097761_nomedarosaposter01/#imagens
http://www.adorocinema.com/filmes/nome-darosa/imagens/1245097761_nomedarosaposter01/#imagens
9 
 
Após o surgimento das universidades, a expansão pela Europa ocidental foi rápida 
e enorme! Os dados trazidos por Franco Cambi (1999) são significativos. 
Vejamos. Na Itália, por volta de 1200, havia studii de artes liberais em Pávia, 
Verona, Vicenza, Florença, Siena, Pádua; em 1300 já havia onze universidades e, 
em 1400, outras sete; neste ano na França se contavam nove universidades; sete 
na Espanha (acomeçar por Salamanca); duas na Inglaterra (Oxford e Cambridge); 
em Portugal, na Alemanha, nos países eslavos. Esses números variam um pouco 
de autor para autor. 
Cintia Greyve Veiga (2007) em seu estudo sobre o surgimento das universidades 
nos séculos XII e XIII recorre a Jacques Verger. 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Nascido em 1943, em Telence Gironde na França, Jacques Verger, além de ser 
especialista em estudo dos saberes na Idade Média, é doutor em letras e leciona na 
Universidade de Paris XIII. O estudo de Verger aborda os reflexos da intelectualidade 
medieval e sua ligação com a criação de uma nova instituição de ensino: a universidade. 
Fonte:lampiaoatomico.blogspot.com/.../por-ronaldo-brasil-dos-santos-publicado.html 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
De acordo com o modo que foram criadas, Verger classifica a universidade em 
três modalidades: as espontâneas, as formadas por migração e as instituídas por 
autoridades religiosas ou da nobreza. 
1) As universidades espontâneas: foram aquelas oriundas de escolas 
preexistentes. São exemplos a Universidade de Oxford, na Inglaterra; as de 
Montpellier e Paris, na França e Bolonha, na Itália. 
2) As universidades formadas por migração: são aquelas universidades que se 
organizaram pela instalação de uma corporação de mestres e alunos dissidentes 
de outra. É o caso da Universidade de Pádua, na Itália, nascida de um movimento 
dissidente da Universidade de Bolonha, e o da Universidade de Cambridge, na 
Inglaterra, nascida da separação da Universidade de Oxford. 
10 
 
3) As universidades criadas por papas, imperadores, reis, príncipes: estas 
universidades traziam estatutos e privilégios definidos nas bulas ou cartas de 
fundação. Exemplos dessa modalidade são a Universidade de Nápoles, na Itália; 
as de Salamanca e Valladolid, na Espanha; a de Lisboa, em Portugal e as 
primeiras universidades germânicas. 
No fim da Idade Média, a Europa Ocidental, já contava com aproximadamente um 
número de oitenta universidades, cada qual com sua história de origem. Mas 
vamos nos aprofundar mais nesse assunto, conhecendo agora a vida universitária 
das corporações de estudos. 
4. A VIDA UNIVERSITÁRIA NA UNIVERSITAS STUDII 
A universitas studii não se vinculava a um prédio ou estabelecimento escolar 
especifico na forma que você conhece hoje, mas a um agrupamento de indivíduos, 
alunos e/ou professores com atividades de estudo leigos ou clérigos, com exceção 
dos estudos de teologia. Os mestres ministravam suas aulas em qualquer lugar – 
salas alugadas, na própria casa ou mesmo em espaços das igrejas. (Veiga, 2007) 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Prédio escolar 
De acordo com Cynthia Greive Veiga (2007), na Europa, os primeiros prédios destinados 
especificamente as chamadas universitas studii datam do século XV. 
FIM DO BOX EXPLICATIVO 
 
Como vimos, os poderes papal e imperial (ou régio), agiram para regulamentar as 
universidades, criando algumas delas. A origem dessas instituições está “na 
confluência espontânea de clérigos de várias origens para ouvir aulas de algum 
douto famoso”. (MANACORDA, 1999, p.147) 
Naquela época, havia clérigos vagantes que não dispunham de muito dinheiro, 
mas havia também os que não deixavam de levar uma vida dissoluta de jogos, 
bebidas e mulheres. Dessas desordens e do desejo de levar uma vida de 
11 
 
aventuras própria da juventude, nasceu o tipo de estudante “vagabundo” – o 
goliardo. 
 
INÍCIO DO VERBETE 
Goliardo - talvez de Golias, o gigante filisteu, símbolo de Satanás – explica 
Manacorda. 
FIM DO VERBETE 
 
Os goliardos não eram estudantes agradáveis para as cidades onde se 
instalavam. 
Os cantos goliárdicos remanescentes, especialmente da coletânea 
dos Carmina burana, falam mais de mulheres, vinho, caça 
desesperada ao dinheiro, conflitos com os mestres e os cidadãos, 
do que de estudos sérios. (MANACORDA, 1999, p.147). 
 
Assim, aproveitavam a licença, obtida ou arrancada, para afastar-se de seus 
mosteiros. 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Carmina burana 
 
Imagem 3: A roda da fortuna, no codex dos Carmina Burana 
Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmina_Burana 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmina_Burana
12 
 
Carmina burana são textos poéticos de provável autoria dos goliardos, compilados em um 
manuscrito do século XIII. O códex contém composições poéticas em latim do período 
medieval, em folhas de pergaminho decoradas com miniaturas. Atualmente o manuscrito 
encontra-se na Biblioteca Nacional de Munique. Carl Orff (1895-1982), compositor alemão 
teve acesso a esse códex e arranjou alguns dos poemas em canções seculares para 
solistas e coro. A palavra Carmina é o plural de Carmen (em português, Canção). O título 
inteiro significa literalmente: Canções dos Beurens; esta última palavra se refere ao fato 
de que os textos escolhidos por Orff para a cantada foram descobertos em um mosteiro 
beneditino da Baviera, em Benediktbeuren, no sudoeste da Alemanha. Os Carmina 
Burana exaltam o jogo, o amor e o vinho, é portanto, uma obra coral baseada em poemas 
e canções profanas escritos em latim e alemão medievais, provavelmente entre os 
séculos XII e XIII. Foi apresentada pela primeira vez na Alemanha em 1937. 
Fontes: 
http://www.bachiana.com.br/site/images/stories/arquivos/traducao_carmina_buran
a_scm.pdf;http://spectrumgothic.com.br/musica/carmina.htm; 
http://www.filologia.org.br/ixcnlf/13/04.htm; 
http://www.das.ufsc.br/~sumar/perfumaria/Carmina_Burana/carmina_burana.htm 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
Assim, esses estudantes vagantes honestos ou goliardos criticavam a ordem 
social, religiosa e laica - atacavam os nobres e os frades, por exemplo. Como 
vimos, foram eles que constituíram associações, societates scholarium, que se 
tornaram por volta do século XII a universistas studii à semelhança das 
corporações de artes e ofícios e com estatuto próprio garantidor de sua 
autonomia. Esse estatuto variava de acordo com as corporações de cada 
localidade e regulamentava os procedimentos dos sujeitos cujas atividades se 
ligavam ao studium: além de professores e alunos, bedéis, livreiros, copistas, 
barbeiros e boticários (vinculados ao estudo da medicina). 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Bedéis 
Mensageiros dos estudantes, aqueles que anunciam as festas, convocam reuniões e 
medeiam a compra e venda de livro. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Cynthia Greive Veiga nos informa que as corporações de estudos possuíam 
algumas características comuns, como “assembléias para tomada de decisões 
(realizadas em igrejas ou conventos), eleição de representantes, garantia dos 
privilégios, ritual de exames e colação de grau.” (Veiga, 2007, p.22) 
http://www.bachiana.com.br/site/images/stories/arquivos/traducao_carmina_burana_scm.pdf
http://www.bachiana.com.br/site/images/stories/arquivos/traducao_carmina_burana_scm.pdf
http://spectrumgothic.com.br/musica/carmina.htm
http://www.filologia.org.br/ixcnlf/13/04.htm
http://www.das.ufsc.br/~sumar/perfumaria/Carmina_Burana/carmina_burana.htm
13 
 
As universidades criadas por papas, imperadores, reis, príncipes: estas 
universidades traziam estatutos e privilégios definidos nas bulas ou cartas de 
fundação. 
Sucessivas bulas papais estabeleceram a proteção e os privilégios dos 
cooperados, como é o caso das prebenhas (renda eclesiástica que garantia o 
sustento dos mestres), e limitaram bastante os poderes locais dos bispos e 
chanceleres. Entretanto, esse controle das universitas através de privilégios, não 
era apenas pela autoridade eclesiástica (o papa), mas também pela nobreza (reis 
e príncipes) e/ou pelos dirigentes municipais. Os privilégios ou regalias incluíam 
obter das cidades isenção de serviço militar, de impostos e taxas, aluguéis mais 
baixos, tanto para alunos quanto para os mestres. Alguns mestres também 
ocupavam cargos administrativos, prestavam serviços a soberanos ou exerciam o 
oficio em âmbito particular. 
Muitos reisfundaram universidades e concederam-lhes privilégios – como foi o 
caso, por exemplo, da Universidade de Bolonha que já no início de 1100, 
apresentava sua vocação para tornar-se centro de estudo de direito. Os 
estudantes vagantes honestos ou vagantes goliardos receberam apoio, em 
Bolonha, do imperador Frederico I que reconheceu a universitas (ou corporação 
estudantil) bolonhesa em 1158. No ano seguinte, o papa Alexandre III também a 
reconheceu. 
INICIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Inicialmente a expressão Universidade de Bolonha era apenas uma abreviação da 
expressão Universidade dos Mestres e Estudantes de Bolonha. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Outras intervenções do poder político acontecem, sancionando novos privilégios 
acadêmicos. Em Castela e Leão são sancionadas leis por Afonso, X, o Sábio 
(1252-1284), estabelecendo o que era estudo, os tipos de estudo e por ordem de 
quem deveria ser feito. Dessas leis, destacamos as que se seguem para sua 
14 
 
melhor compreensão e conhecimento de como deveria ser a vida universitária 
naquele momento nas universitas studii. 
Estudo é união de mestres e estudantes, que se realiza em qualquer 
lugar com a vontade e o objetivo de aprender as ciências. Existem duas 
espécies de estudo: a primeira é aquela que chamamos de ‘estudo 
geral’, em que há mestres das artes, como gramática, lógica, retórica, 
aritmética, geometria, música e astronomia, como também há mestres 
de decretos e senhores de leis; este estudo dever ser estabelecido por 
mandado do Papa, do imperador ou do Rei. A segunda espécie é 
aquela que chamamos de ‘estudo particular’, que é o ensino que um 
mestre ministra numa cidade qualquer, privadamente, a alguns 
alunos...(Lei I apud MANACORDA, 1999, p.151). 
 
A lei fala no estudo geral (studii generale) e em faculdades, porém neste caso, 
trata-se inicialmente de apenas duas: artes e direito (canônico e civil). Fundada 
em 1230 e consolidada em 1242, a universidade de Salamanca, por exemplo, 
também oferecia medicina e teologia. 
As leis ainda mencionam também os livreiros. 
É necessário que em cada estudo geral, para que seja completo, 
existam livreiros que tenham em suas livrarias livros bons, legíveis e 
verazes no texto e nas glossemas, que os estudantes possam tomar 
por empréstimo esses livros, pra, copiando-os, fazer novos livros ou 
emendar os velhos (Lei XI, Ibid., p.153) 
Fala-se também sobre o reitor que governa a universidade e deve controlar a 
qualidade dos livros - e seus preços; e do direito de associação de mestres e 
estudantes: 
Os antigos proibiam que se fizessem associações e confrarias nas 
cidades e nos reinos, porque nada de bom nasce nelas; todavia, 
julgamos justo que os mestres e estudantes no estudo geral possam 
organizar-se, já que eles se unem com boas intenções, e são, de fato, 
forasteiros e de lugares distantes; convém, portanto, que de acordo 
com o direito que eles têm, todos se ajudem mutuamente naquilo que é 
necessário ao estudo, a si mesmos e às suas coisas. (Lei VI, Ibid). 
Como em Bolonha, em Paris o afluxo de estudantes levou-os a reunirem-se em 
nações – picardos, normandos, ingleses e franceses – segundo suas origens. 
15 
 
INÍCIO DO VERBETE 
Picardos são pessoas naturais ou habitantes de Picardia, região da França, localizada ao 
norte do país e Normandos são os naturais ou habitantes de Normandia, região histórica 
do noroeste da França. 
FIM DO VERBETE 
 
 Quanto ao Reitor, mencionado anteriormente, é importante explicar que, em 
1245, as quatro nações das Artes elegeram um Reitor, que se tornou pouco a 
pouco o chefe da Universidade e o seu principal funcionário. Possuindo jurisdição 
civil, convocava e presidia assembléias e era assistido por um conselho submetido 
às decisões das assembléias gerais e composto por delegados das nações de 
alunos e por alguns funcionários. 
INICIO DO VERBETE 
Reitor 
Como herança da Idade Média, você sabe que as universidades atuais têm um Reitor ou 
uma Reitora que a dirige. Mas também é o título que recebe o pároco de certas freguesias 
(divisão própria da igreja católica – povoação); o prior. 
FIM DO VERBETE 
Os estatutos de 1317 da Universidade de Bolonha impunham que o Reitor fosse 
um eclesiástico erudito, solteiro e usasse batina. Nos diz Aníbal Ponce (1998, 
p.100) que na época de Inocêncio II (1130-1143) – Papa que instituiu o celibato, a 
Universidade de Paris teve um atrito com o Chanceler da Catedral, que pretendia 
que os candidatos à licenciatura lhe jurassem fidelidade e se referia com 
indignação às assembléias de professores. O Papa prevendo a grandeza futura da 
universidade se pronunciou a seu favor. A exigência de que o reitor fosse clérigo 
foi aos poucos caindo em desuso. Os interesses intelectuais, que a princípio eram 
exclusivamente religiosos, passaram a ser filosóficos e lógicos. 
Mesmo com esse apoio político, a igreja Católica mantinha as universidades sob 
sua influência através da concessão, com exame prévio dos títulos de estudo, da 
autorização para ensinar. “A ‘conventatio’ era a cerimônia pública que sucedia à 
da concessão da ‘licencia’, interna da universidade. Portanto, na ação dos mestres 
16 
 
livres nota-se uma continuidade ininterrupta, pelo menos na direção política, entre 
as escolas episcopais e as universidades.” (MANACORDA, 1999, p.150). 
Assim se organizaram as faculdades de artes (que aglutinavam mestres e alunos 
das sete artes liberais) e as faculdades de estudos superiores de teologia, direito e 
medicina. 
Quanto aos estudantes clérigos vagantes, estes constituíram por muito tempo 
problemas para as cidades hospedeiras, para o poder público e para a Igreja. Esta 
instituiu que aqueles estudantes que se tornassem goliardos e não se corrigissem, 
perderiam os privilégios concedidos. Se os goliardos chegavam até a mendigar 
para farrear, haviam aqueles estudantes que trabalhavam para estudar. 
Agora você já sabe como se organizavam as universidades medievais, por quem 
elas eram compostas, todos os privilégios e concessões que lhes eram dadas e a 
influência da Igreja Católica sobre elas. Vamos então, saber mais um pouco agora 
sobre como os estudos terminavam e os títulos que os alunos recebiam, bem 
como perceber a importância da universidade para a burguesia. 
4.1 A OBTENÇÃO DO GRAU 
Como qualquer corporação, na corporação da universitas studdi há a exigência de 
provas para obter os títulos de bacharel, licenciado e doutor, assim como o 
artesão que desejava trabalhar num ofício qualquer devia se inscrever no grêmio 
respectivo, trabalhando primeiro como aprendiz e depois como oficial até chegar a 
mestre. 
Para que você entenda melhor o que significava cursar uma faculdade na Idade 
Média, vejamos agora o que dizem Cynthia Greive Veiga (2007), Franco Cambi 
(1999) e Aníbal Ponce (1998). Como já vimos, fazer uma faculdade e se graduar 
significava frequentar às aulas de um professor da corporação de estudos – 
universitas studii e praticar os atos prescritos para se tornar um mestre 
(faculdades de artes) ou um doutor (medicina, teologia, direito). Para concluir a 
faculdade de artes, os estudos duravam em média seis anos e os de teologia até 
17 
 
15 anos. Cursar a faculdade de arte não era uma exigência legal para ingressar 
nos estudos superiores, porém o conhecimento prévio das disciplinas das 
faculdades de artes era uma exigência. Assim como, para ingressar nas 
faculdades de artes era necessário o conhecimento de latim, adquirido numa 
escola ou com mestres particulares. 
A Universidade de Paris, por exemplo, foi se organizando em colégios para 
acolher os jovens estudantes e em nações, segundo a práxis bolonhesa, como 
você já sabe: francesa, normanda, picarda e inglesa. Estes estudantes, “passando 
das artes liberais para as três faculdades superiores, desempenhavam também 
um papel de docentes na faculdade inferior”. (CAMBI, 1999, p.183). Porém, 
ocorreram conflitosentre as corporações estudantis e as dos docentes das 
corporações superiores (teologia, direito e medicina). 
A faculdade mais importante era a de Teologia onde ensinaram os grandes 
mestres da Escolástica. 
Os estudos terminavam com uma “cerimônia de disputa ou debate” (determanatio) 
que designava o estudante como bacharel. Com mais dois anos de estudos, era 
designado magister (através da licentia docendo). Seis meses depois, era 
licentiatus. Os títulos de mestre e doutor eram antecedidos de debates com alunos 
e mestres. 
O candidato recebia a insígnias de seu titulo – barrete, anel e livro e 
oferecia presentes e um banquete. Devido ao custo da solenidade, no 
entanto, muitos alunos contentavam-se somente com a licença 
[docente], não obtendo o grau [de licenciado]. (VEIGA, 2007, p. 27) 
 
INICIO DO VERBETE 
Insígnias 
Sinal distintivo de uma função, de dignidade, de posto, de comando, de poder, de 
nobreza. Também símbolo, emblema, divisa. No caso são representativos o barrete 
(chapéu quadrangular usado por clérigos), o anel e o livro. 
FIM DO VERBETE 
18 
 
 
 
Imagem 4: Encontro de doutores na Universidade de Paris 
Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Meeting_of_doctors_at_t
he_university_of_Paris.jpg 
 
A cerimônia final da aprovação – o conventário - , por exemplo, exigia muitos 
gastos. Vejamos o que diz Aníbal Ponce: 
O diplomado devia dar vários presentes ao promotor (correspondente 
ao nosso orientador de tese), aos doutores que integravam a sua banca 
examinadora e ao doutor que havia pronunciado o sermão de 
encerramento. E, se isso acontecia por ocasião da formatura, o mesmo 
acontecia quando do ingresso na universidade. Os próprios estudantes 
exigiam que o “calouro” patrocinasse um lauto festim, como parte do 
trote a que o submetiam. (PONCE, 1998, p.101). 
Aníbal Ponce (1998) destaca a importância da universidade para a burguesia, 
considerando que a conquista de um título universitário elevava o burguês quase 
ao nível da nobreza, ao ostentar os signos da dignidade doutoral – a borla, o 
capelo, o anel e o livro. Assim, a universidade era uma instituição que permitia à 
burguesia participar de muitas vantagens da nobreza e do clero, até então não 
tidas. Para o autor, a riqueza dos comerciantes criava nas universidades 
medievais um clima adequado para o aparecimento dos doutores, assim como no 
século V a. C., em Atenas, essa riqueza tinha feito surgir os sofistas e em Roma, 
os retores. 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Meeting_of_doctors_at_the_university_of_Paris.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Meeting_of_doctors_at_the_university_of_Paris.jpg
19 
 
INÍCIO DO BOXE DE ATENÇÃO 
Sofistas e retores 
Retorne ao texto 2. 
FIM DO BOXE DE ATENÇÃO 
 
 
Imagem 5: Aluno obtendo o grau de doutor 
 
Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Dendrono_Der_zum_Doctorat_gelang
ende_Student.jpg 
 
Nesta seção você conheceu como os alunos obtinham o grau na universidade 
durante a Idade Média. Na próxima seção, você ficará sabendo sobre um método 
de ensino utilizado na universidade: o método escolástico. 
4.2 O MÉTODO ESCOLÁSTICO / LECTIO 
O ensino fornecido nas universidades caracterizava-se, em primeiro lugar, pelo 
enciclopedismo em consonância com o seu tempo. Sua intenção era religiosa, 
assim subordinado à Teologia. Quanto às técnicas, o recurso à memória, às 
classificações, o verbalismo justifica-se em parte pela ausência de livros. 
A atividade docente na universidade é desenvolvida conforme o método da 
Escolástica, sendo esta a expressão mais fiel da filosofia cristã medieval. De 
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Dendrono_Der_zum_Doctorat_gelangende_Student.jpg
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Dendrono_Der_zum_Doctorat_gelangende_Student.jpg
20 
 
acordo com Maria Lucia de Arruda Aranha (2006), o período áureo da Escolástica 
ocorre nos séculos XII e XIII, tendo seu apogeu neste século e entrando em 
decadência até o Renascimento. 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Renascimento – período compreendido entre os séculos XV e XVI. Neste período se 
retoma os valores Greco-romanos, por isso RENASCIMENTO. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
No período da escolástica, os teólogos procuravam apoiar a fé na razão, e desta 
forma justificar as crenças, converter os não-crentes e combater os infiéis. Se por 
um lado, nessa época, reinava um forte clima religioso determinado pela igreja 
Católica, por outro lado, é nesses tempos que nasce e se cultiva nas escolas 
universitárias o hábito das discussões abertas integrantes do currículo. É claro que 
os debates ocorriam sob a vigilância do professor que, além de moderador, 
garantia a ortodoxia das ideias, ou seja, a conformidade com o dogma católico, e 
as conclusões necessárias. 
No ensino oral, as duas principais atividades eram a lectio – prelação, e a 
disputatio - debates entre mestres e alunos ou entre os próprios alunos. 
Normalmente, nas aulas, o magister fazia uma conferência, propunha certo 
número de princípios (tesis) perante outros professores (oponentes). Nesse 
debate arguia-se e respondia-se. O objetivo era ensinar como o autor demonstra 
sua ideia, a lógica de construção do discurso, e para isso fazia-se a decomposição 
em argumentos. Em seguida, por meio da disputatio (disputa, discussão), 
estabelecia-se o ensinamento retirado do texto (questio) e o professor 
apresentava a conclusão (determinatio) como determinação da verdade 
(conclusio). 
No período da escolástica, na universitas studii, a filosofia se torna estudo 
obrigatório do teólogo, sendo considerada “serva da teologia”, porque a razão 
encontrava-se a serviço da fé. As argumentações se pautavam pela lógica 
aristotélica, sobretudo pelo silogismo, forma acabada do pensamento dedutivo. 
21 
 
 
INICIO DO VERBETE 
Silogismo 
Nas palavras de Cinthya Greive Veiga no silogismo, “elaborava-se uma dedução formal a 
partir da apresentação de duas proposições (premissas) e retira-se uma terceira premissa 
logicamente implicada”. Para nosso melhor entendimento trás como exemplo de 
silogismo: “Deus criou o universo; o universo é integrado por criaturas; logo, todas as 
criaturas são criação divina”. (VEIGA, 2007, p.25). No Novo dicionário Aurélio da língua 
portuguesa encontra-se a seguinte definição para silogismo: “Dedução formal tal qual que, 
postas duas proposições, chamadas premissas, delas se tira uma terceira, nelas 
logicamente implicada, chamada conclusão”. (1986, p.1585) 
FIM DO VERBETE 
Você já estava por dentro de questões relativas a vida na universidade da Idade 
Média, a partir da universitas studii, como: a forma de organização dessas 
universidades e sua importância para a sociedade; como os alunos se formavam; 
e agora, conheceu também o método de ensino utilizado, o método escolástico. 
Na próxima seção, para concluirmos esse assunto, estudaremos dois importantes 
mestres da escolástica. 
4.2.1 DOIS IMPORTANTES MESTRES DA ESCOLÁSTICA E A UNIVERSITAS 
STUDII 
Aqui destacaremos dois mestres da escolástica bastante representativos da 
cultura medieval, cujo pensamento foi influenciado pelas ideias de Aristóteles. 
Você poderá saber mais sobre outros mestres da escolástica consultando as 
referências bibliográficas apresentadas no final dessa aula. 
a) PEDRO ABELARDO (1079-1142) 
As universidades atraíam milhares de estudantes vindos de diversos países. O 
papel era muito raro, assim os alunos quase não dispunham de livros e cadernos. 
Ouvia-se o mestre ler, falar, explicar e discutia-se. Nas universidades, o estudante 
podia ligar-se ao mestre que quisesse; disputava-se a audiência dos mais 
famosos, entre eles Pedro Abelardo. Este mestre nasceu em 1079 em Le Pallet, 
perto de Nantes, na França e faleceu em Chalon-sur-Saône, a 21 de abril de 1142. 
Em 1100 tornou-se discípulo de Guilherme de Champeaux, na Escola da Catedral, 
22 
 
em Paris.Em 1102 fundou a escola de Melun, onde se encontrava a corte do rei 
da França; escola que foi transferida posteriormente para Corbeil, nos arredores 
de Paris. 
Clérigo não-ordenado, Abelardo atuou em Paris junto a escola episcopal. Mestre 
da pedagogia escolástica, é conhecido pelo discurso caloroso e pelas polêmicas 
que enfrentou em sua vida pessoal. Instituiu um curso referente ao trivium (artes 
liberais), depois à teologia, ao direito, à medicina, que vinham constituir o nível 
superior de ensino. 
 
Imagem 6: Abelardo e Heloísa. Manuscrito do séc. XIV do Roman de la Rose 
Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Abelardo 
 
 
De influência aristotélica, Abelardo delineará um primeiro quadro inovador dos 
processos educativos. Ao narrar o seu atormentado amor por Heloísa – amor que 
fora condenada pela Igreja, em sua obra autobiográfica Historia calamitatum 
mearum, põe em destaque uma nova identidade humana, mais individual, mais 
racional, mais livre, que se propõe também como modelo formativo. (CAMBI, 
1999). 
INICIO DO BOXE MULTIMIDIA 
Mestre da pedagogia escolástica 
Para saber mais sobre o pensamento de Pedro Abelardo, veja o artigo de Margarita 
Victoria Rodriguez intitulado “O pensamento filosófico medieval de Pedro Abelardo: 
educação e docência” em: http://www.hottopos.com/notand18/pensfilabel.pdf 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Abelardo
23 
 
FIM DO BOXE MULTIMIDIA 
INÍCIO DO BOXE MULTIMÍDIA 
Abelardo e Heloísa 
 
Imagem 7: Capa do filme “Em nome de Deus” com os atores Derek De Lint (Abelardo) e Kim 
Thomson (Heloisa) 
Fonte da imagem: http://www.2001video.com.br/detalhes_produto_extra_dvd.asp? produto=11697 
 
Para entender melhor o que estamos dizendo, assista ao filme “Em nome de Deus” - 
Direção de Clive Donner, 1988 – que conta a história do conturbado romance entre 
Abelardo e Heloisa na Paris do século XII. Respeitado filósofo, professor em Paris e 
comprometido com o celibato, Abelardo, tutor da bela e inteligente Heloisa, por ela se 
apaixona sendo correspondido. Por conta de sua “vocação” precisam manter seu 
relacionamento escondido de todos. 
Fonte: www.interfilmes.com/filme_20458_em.nome.de.deus 
FIM DO BOXE MULTIMÍDIA 
b) SANTO TOMÁS DE AQUINO 
 
Imagem 8: Santo Tomás de Aquino por Fra Angelico, pintor italiano do século XV. 
24 
 
Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fra_Angelico 
À medida que aumenta a importância da universidade, reis e a Igreja disputam seu 
controle, e no século XIII, os dominicanos conseguem muitas cátedras, ou seja 
ocuparam cargos ou a função de professor de determinada disciplina - por 
exemplo, filosofia ou teologia, na universidade. 
Inicialmente, a lógica aristotélica (retorne ao verbete sobre silogismo) determina as 
regras do bem pensar, e com o passar do tempo, todas as obras de Aristóteles 
são traduzidas para o latim. A Escolástica atinge nesse século o apogeu, 
sobretudo com a produção de Santo Tomás de Aquino. 
Santo Tomás de Aquino (1225-1274) — é um frade dominicano, teólogo, filósofo 
italiano, principal expoente da Escolástica. Como obra pedagógica, escreve De 
Magistro, obra homônima a de Santo Agostinho, da qual retoma muitos conceitos. 
Diz ele “Parece que só Deus ensina e deve ser chamado de Mestre.” 
 
INÍCIO DO BOXE MULTIMIDIA 
De Magistro 
Obra do período em que Santo Tomas de Aquino lecionou em Paris (1256-1259). Nesta 
obra, retoma Santo Agostinho, destacando a importância do professor no despertar da 
mente do estudante. Para saber mais, além de ler a própria obra, veja o texto de Nadir 
Antonio Pichler publicado em: 
http://www.unifra.br/thaumazein/edicao3/artigos/magistro.pdf 
FIM DO BOXE MULTIMIDIA 
 
De inspiração aristotélica, em sua Summa theologica, por exemplo, Santo Thomas 
de Aquino elaborou a síntese entre a fé e a razão, tornando-se a doutrina oficial 
dos dominicanos. 
É fato que grande parte do trabalho intelectual dessa época girava em torno das 
verdades da fé religiosa, valorizando-se os estudos filosóficos – a Filosofia. Platão, 
Aristóteles - que você já conheceu na aula 2 - e outros filosóficos gregos são 
25 
 
trazidos pela escolástica, cuja influência no pensamento ocidental se reflete até os 
dias atuais. 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Influência árabe na educação ocidental 
Os árabes, em conseqüência de sua expansão em grandes partes da Ásia, da África e da 
Europa, tiveram influência e papel significativo sobre a educação e cultura que se 
desenvolveram paralelamente à civilização cristã dos séculos IX ao XIII no ocidente. Os 
estudantes itinerantes da Europa, por intermédio de interpretes judeus, descobriram e 
entraram em contato com as obras de Aristóteles, cuja influência sobre a teologia cristã é 
conhecida, mas também foram feitas traduções latinas dos livros árabes, havendo assim 
um compartilhamento entre as culturas grega e árabe. As Cruzadas também contribuíram 
para esse contato por meio da guerra. Isso ligou a Idade Média e, mais tarde, a 
Renascença, à tradição científica do mundo grego. 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
E então? Gostou de conhecer a origem das universidades atuais? Esperamos que 
tenha compreendido como a universidade se instituiu e o seu valor desde o 
período medieval. 
CONCLUSÃO 
De acordo com autores consultados para a elaboração dessa aula, a Idade Média 
configura-se como uma complexa época de profundas transformações 
geográficas, sociais, políticas, mas também econômicas e culturais. Embora 
agregadas em torno da mensagem cristã, essas transformações manifestam 
alguns efeitos que terão longa duração e estarão no centro também da época 
moderna. 
O século XIV é um século de crises que leva ao fim da Idade Média. Neste século 
as universidades entraram em decadência devido ao dogmatismo religioso, a 
ausência de debate critico, a resistência às mudanças anunciadas, entre elas o 
surgimento do livro impresso. Invenção atribuída a Gutenberg no século XIV, a 
impressão gráfica com tipos móveis fez surgir o livro impresso, que constituiu-se 
como uma nova “tecnologia” educacional revolucionária, contribuindo para abalar 
o método escolástico. 
26 
 
Assim, mantendo as universidades a influência escolástica, distanciam-se 
inicialmente das tendências que prenunciam o nascimento da ciência moderna e 
das novas perspectivas em direção ao humanismo. Enfim, novos ventos sopravam 
com o Renascimento. Mas isso é tema para próxima aula. 
RESUMO 
Nesta aula, procuramos levá-lo a conhecer a origem das universidades na Idade 
Média, bem como sua evolução no período a partir das universitas studii, uma 
corporação de estudos aos moldes das corporações de ofícios existentes no 
período. Apresentamos elementos tais como: forma de organização, os tipos de 
estudantes e profissionais, graus de estudos, o método de ensino, alguns 
escolásticos. Esperamos tê-lo munido desse conhecimento, para levá-lo à reflexão 
sobre a forma como se organizam e se estruturam as universidades atuais. 
REFERÊNCIAS 
ANSELMO, Santo. Monológio; Poslógio; A verdade; O gramático / Santo 
Anselmo de Cantuária. Lógica para principiantes; A história das minhas 
calamidades / Pedro ABELARDO; tradução Angelo Ricci, Ruy Afonso da Costa 
Nunes. 4ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os pensadores). 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral 
e Brasil. 3ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006. 
CAMBI, Franco. História da pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São 
Paulo: UNESP, 1999. (Encyclopaidéia) 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua 
portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986. 
GAL, Roger. História da educação. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo: Martins 
Fortes, 1990. (Universidade hoje) 
MANACORDA, Mario Alighiero. História da educação: da Antiguidade aos 
nossos dias. Tradução de Gaetano Lo Monaco; revisão da tradução Rosa dos 
Santos Anjos Oliveirae Paolo Nosella. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 1995. 
PONCE, Aníbal. Educação e lutas de classes. Tradução de José Severo de 
Camargo Pereira. 16ª Ed. São Paulo: Cortez, 1998. 
27 
 
VEIGA, Cynthia Greive. História da educação. São Paulo: Ática, 2007. (Ática 
Universidade)

Continue navegando