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Texto: MELLO, Leonel Itaussu Almeida. “John Locke e o individualismo liberal” em WEFFORT, Francisco (org.). Os Clássicos da Política, vol. 1. São Paulo: Ática, 1995. Pp. 81-89
Na Inglaterra, o século XVII foi definido por uma forte oposição de idéias entre a Coroa e o Parlamento, sendo eles respectivamente defensores do absolutismo e do liberalismo (MELLO, 1995, pg.81). Diante disso, varias revoluções ocorreram acerca de tanto assuntos políticos quanto religiosos, consequentemente originou-se uma grande crise político-religiosa e em 1640 inicia-se a famosa Revolução Puritana, uma sangrenta guerra civil que veio a terminar somente após nove anos com a vitória dos parlamentares e a implantação de uma República no país.
John Locke, o Individualista Liberal, nascido em 1632, formado em medicina, professor, estava refugiado por ser contra as ideologias dos Stuart, retorna à Inglaterra após a revolução. O filósofo é considerado um defensor da liberdade e da tolerância religiosa, fundador da doutrina do empirismo segundo a qual todo conhecimento deriva da experiência (MELLO, 1995, pg 83), também conhecido pela teoria da “tábula rasa” onde critica as idéias inatas de Platão, que acredita que o conhecimento independe das experiências.
Em uma de suas principais obras fala sobre os Dois tratados publicados na Inglaterra após a guerra civil. O Primeiro tratado fala sobre o direito divino dos reis que dizia que os monarcas eram descendentes de Adão, o primeiro rei, sendo assim herdeiros legítimos. O Segundo tratado é um estudo sobre o governo civil em que John Locke defende que a única fonte do poder legítimo seria o consentimento expresso dos governados (MELLO, 1995, pg 84), sendo essa considerada a mais completa formulação do Estado liberal.
Locke é um importante representante do jusnaturalismo e seus pensamentos se assemelham aos de Hobbes, mas se divergem ao conceituar os termos estado natural, contrato social e estado civil. John afirma o surgimento da sociedade e do Estado como sendo após a existência do individuo, ou seja os homens viviam originalmente num estado de natureza, em liberdade e igualdade. Nesse estado os indivíduos já eram dotados de razão e desfrutavam da propriedade que designava a vida, a liberdade e os bens como direitos naturais do ser humano (MELLO, 1995, pg. 85).
Locke também discorre sobre a noção de propriedade, afirma que a seria um direito natural do individuo, pois já existe no estado de natureza sendo assim não pode ser violado pelo Estado. Defendia que a partir do momento que o homem incorporou seu trabalho a matéria que antes se encontrava em estado natural, ela se torna sua propriedade privada. Assim sendo o trabalho, o fundamento originário da propriedade. Após o surgimento do dinheiro surgiu o comércio e novas formas de aquisições da propriedade, para Locke esse foi o processo que determinou a passagem da propriedade limitada à propriedade ilimitada (MELLO, 1995, pg 85)
Para superar certos inconvenientes no estado de natureza como a violação da propriedade, é necessário segundo Locke, estabelecer entre si o contrato social, onde o homem estabelece seus direitos, depois consolida uma forma de governo baseada no principio da maioria. O filosofo acreditava que o único objetivo do governo é o de conservar a propriedade por isso a necessidade da formação de uma sociedade civil para preservar esses direitos, pois assim se tornam mais protegidos sob o amparo da lei (MELLO, 1995, pg 86).
Após definida a forma de governo, deve escolher-se o poder legislativo, considerado por Locke um poder supremo sendo superior aos outros. Para John, o consentimento dos indivíduos para o estabelecimento da sociedade, a formação do governo, a proteção dos direitos de propriedade, o controle do executivo pelo legislativo e o controle do governo pela sociedade, são os principais fundamentos do estado civil (MELLO, 1995, pg 86).
O autor ainda comenta sobre o governo tirano, que para ele seria quando o poder viola uma lei e atenta contra a propriedade, não cumprindo com sua obrigação e agindo em beneficio próprio, tendo como resultado um conflito entre governantes e governados. O que faz necessário a busca do povo por justiça ou o problema volta ao estado de natureza, sendo Deus o único a solucioná-lo (MELLO, 1995, pg 87/88).
Diante do exposto, pode-se concluir que John Locke é o pai do individualismo liberal uma vez que seus maiores interesses são os direitos naturais do individuo e possui ideais de resistência. Por isso influenciou toda sua geração e segue até hoje sendo um grande nome tanto na filosofia quanto no Direito.

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