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Ebook ESCOLA CUIABANA 2019 (2)

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Prévia do material em texto

CULTURA, TEMPOS DE VIDA, 
DIREITOS DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO
TEXTO BASE
Niuan Ribeiro Roberto 
Vice Prefeito
Alex Vieira Passos 
Secretário de Educação
Edilene de Souza Machado 
Secretária Adjunta de Educação
Mabel Strobel Moreira da Silva 
Diretoria Geral de Gestão Educacional
Emanuel Pinheiro 
Prefeito de Cuiabá
Abelardo Augusto Ribeiro Junior
Adilene de Assunção
Adriana Mariano de S. Cruz
Adriana Vicenti
Alanir de Oliveira
Albene Cezar de Arruda
Aldemir Santana da Silva
Alexandre Carneiro Leão
Ana Dias de Amorim
Ana Paula Gomes de Moraes
Ana Domingas C. Silva
Andréa dos Santos
Andréa Negrisoli Silveira
Andreia Mesquita Forato
Ângelo Valentim Lena
Angely Aparecida de Arruda
Ayrton Agostinho J. Filho
Bernadeth Luiza da Silva E Lima
Bianca Cameschi Braz
Benedita Soares de Amorim
Camile de Araújo Aguiar
Cilene Gracinha da Cunha
Célia Alves Pereira
Carlos Klaus
Carmen Cinira Siqueira Leite
Cecília Batista Duarte Campos
Cirlene Ribeiro de Figueiredo
Cleonice Cassemira de Arruda
Conye Maria da S. Bruno
Dalva do Carmo Ferreira
Daniela Macambira
Daniele Laura Moraes Camargo da Silva
Deise Marques de A. Pinho
Denyse Batista Angeline
Edilaine Aparecida Pereira Mattos
Edilaine Maria Mendes Ferreira
Edilbeth Graciela Ortt Arruda
Edilene de Souza Machado
Edilete Silva Pereira
Edvair Pereira Alves
Elaine Aparecida Pereira Mattos
Eliane de Castilho Lírio
Eliana Gonçalves da Silva
Eliane Eduarda de Anunciação
Eliane Soares de Souza
Eliane de Oliveira Mendes Quinhone
Ádila Terezinha de Andrade
Ana Izabel da S. Cabral
Elijane Gonçalves Lopes
Irani Ribeiro de Lara Gnoatto
Jociane A.A. Ramires
Léia Laura de S. Mendes
Coordenação 
Mabel Strobel Moreira da Silva
Participação 
Equipe da Secretaria Municipal de Educação
Equipe das Unidades Educacionais
Fotografia
Jorge de Souza Pinho
Celso Miguel de Oliveira
Gentilmente Cedidas Pelas Equipes Gestoras das Unidades 
Educacionais; Museu da Educação de Cuiabá e
Museu da Imagem e do Som (Misc/Cuiabá) 
Correspondência
Rua Diogo Domingos Ferreira, 292 
Bairro Bandeirantes, Cuiabá-MT/ Brasil-BR
CEP: 78010-090
E-mail: dgge.sme@cuiaba.mt.gov.br 
Fones: 65 3645-6505/3645-6580/36456582
Secretaria Municipal de Educação
Elaboração
Diretoria Geral de Gestão Educacional/Diretoria de Ensino
Eliane Menacho
Eliene Alves Ferreira
Ellen Ferrari Silveira
Eub Rezende Murtinho
Evanildes de Arruda Bordalho
Ezenir Vital Oliveira
Fábio de Oliveira
Feliciana Cunha Figueiredo
Geraldo Grossi Junior
Gilberto Fraga
Haydel Taina Schuster
Herlon da Silva Rezende
Inês Walker Ehrenbrielk
Isabella Maria C. Bezerra Santiago Silva
Ivana Elisa de A. Schafer
Izis Saraiva F. dos Santos
Izolda Strentzke
Janaina Gonçalves da Silva Marques
Jane Regina da Silva Costa
Joneide Maria de Souza
José Carlosde Oliveira
Josemeire do Nascimento Ferreira
Joyce Gonçalves da Silva Marques
Keityane Soares S. Sabino Campos
Laura Gabriela Ribeiro de Paula
Leide Aparecida S. e Silva
Leilane dos Santos Rohleder
Leodenil Alves Duarte
Letícia Dias Branquinho
Lídia Antonia de Siqueira San Martin de Souza
Loedilza Milícia da Silva
Lorandi Ferreira de Morais
Louridina Antonia M. da Cruz
Luciene Oliveira da Silva Duarte
Lucilene de Souza Santos
Lucilene Ferreira Lescano
Lucirene Aparecida Borges Porto
Luzeni Ferreira da Silva
Luzinete Almeida Campos de Silveira
Luzinete Carvalho de Miranda
Mabel Strobel Moreira da Silva
Magna Maria Barros
Marcela Rezende Guimarães Martins
Márcia Cristina Albieri
Marcos Roberto Godói
Margareth Guerrise
Maria Alice Silva S. Oliveira
Maria Helena Santiago Soares
Marilene de Souza Carvalho
Maria Aparecida R. Pinto
Maria Auxiliadora de Almeida
Maria Helena B. Ormond
Maria José C. Santos
Marlene Alves Melo
Marilu Marqueto Rodrigues
Marilucy de Souza Farias Brandão
Marly Oliveira da C. Z. Luz
Michel de Almeida
Mirian Januário de Oliveira Krummennauer
Mônica Beurmann Ferreira Magalhães
Mônica Rosa da Silva
Nádia Patrícia Silva Borges
Nadir Simplício Dias
Ocimar Gomes da Costa
Patrícia Rodrigues Maciel
Paulino Alves de Oliveira
Paulo Ricardo Souza Dias
Priscila Rodrigues Maciel
Rita de Cássia Menegão
Ronaldo Fernandes de Figueiredo
Rosa Tonon de Rossi
Rosana Cristina Mazetto
Rosangela Carneiro Goes
Rosimar Nunes Rondon
Sandra Regina de Queiroz
Santiago Silva
Silene Ticianel
Silma Gonçalves Ponce Correa Costa
Silva Rosa de Oliveira
Simone Emília Cavasin
Solange Maria M. R. A. Silva
Suellen Cristina A. Xavier
Suely Norberto Gomes
Talita Fonseca Mazetto
Terezinha de Jesus Meira
Ugolina Cesária da Cruz
Vânia Joceli Araújo
William Ortega Ferreira
Yvone Inez Ricci Boaventura
Zileide Lucinda dos Santos
Lilian Lima da Silva Gonçalves
Malsete Arestides Santana
Mara Lídia de Lima
Marli Nobre Rocha Carmo
Melissa Lilian Teixeira
Mirian Margareth de Oliveira Zanca
Neuzalina P. Souza
Rosana Aparecida P. Ferreira
Sandra Cristina Melo
Susan Maira F. Batista
Waldirene M. Alcântara
Zileide Lucinda dos Santos 
Diretoria de Ensino
Rosa Tonon de Rossi 
Diretoria de Planejamento e Orçamento
Eliane de Oliveira Mendes Quinhone 
Coordenadoria de Organização Curricular
Ângelo Valentim Lena 
Coordenadoria de Gestão e Legislação
Carmen Cinira Siqueira Leite 
Coordenadoria de Formação
Jane Regina da Silva Costa 
Coordenadoria de Programas e Projetos
Ana Paula Gomes de Moraes 
Coordenadoria de Avaliação Institucional
Maria Auxiliadora de Almeida 
Coordenadoria de Informática e Estatística
SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO DE CUIABÁ
CULTURA, TEMPOS DE VIDA, 
DIREITOS DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO
Organizadoras
Edilene de Souza Machado
Mabel Strobel Moreira da Silva
Cuiabá - MT, 2019
E74
 Escola Cuiabana: cultura, tempos de vida, direitos de
 aprendizagem e inclusão./ Edilene de Souza Machado
 e Mabel Strobel Moreira da Silva (organizadoras).
 1ª edição. Cuiabá-MT: Print Gráfica e Editora, 2019.
 256 p.
 
 ISBN 978-85-86422-80-5
 
 1. Educação – Cuiabá-MT. 2. Escola Cuiabana. 
 3. Proposta Pedagógica. I. Machado, Edilene de Souza
 (org.) II. Strobel, Mabel S. M. da Silva (org.).
 
 CDU 37(817.2)
Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Douglas Rios (CRB1/1610)
Índices para catálogo sistemático:
1. Educação – Cuiabá-MT – 37(817.2)
2. Escola Cuiabana - 37(817.2)
3. Proposta Pedagógica - 37(817.2)
Carlini & Caniato Editorial 
(nome fantasia da Editora TantaTinta Ltda.)
Rua Nossa Senhora de Santana, 139 – sl. 03 
Centro Sul – Cuiabá-MT 
65 3023-5714
contato@tantatinta.com.br
carliniecaniato.com.br
Gráfica Print
Av. João Eugênio Gonçalves Pinheiro, 350
Cuiabá-MT 
65 3617-7600
contato@graficaprint.com.br
graficaprint.com.br
© Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá, 2019
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução de partes ou do todo desta obra sem autorização expressa da Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá 
(art. 184 do Código Penal e Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Realização
Prefeitura de Cuiabá /Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá
Organização
Edilene de Souza Machado
Mabel Strobel Moreira da Silva
Editores
Elaine Caniato
Ramon Carlini
Rommel Kunze
Projeto gráfico
Elaine Caniato e Marcelo Cabral
Capa, editoração eletrônica e tratamento de imagens
Marcelo Cabral
Revisão
Doralice Jacomazi
mailto:contato%40tantatinta.com.br?subject=
http://carliniecaniato.com.br
mailto:contato%40graficaprint.com.br?subject=
http://graficaprint.com.br
Alex Vieira Passos
Secretário Municipal de Educação
Apresentação
Em 2019, temos muito a comemorar: o aniversário de 300 anos da capital mato-grossense 
e a Política Educacional da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, concretizada na Escola Cuia-
bana: cultura, tempos de vida, direitos de aprendizagem e inclusão.
Este documento não é uma simples diretriz ou orientação educacional, trata-se de um ma-
terial profundo e inspirador de reflexões, um subsídio significativopara nortear o Projeto Po-
lítico Pedagógico das unidades educacionais e, também, a formação continuada dos nossos 
gestores, professores e demais profissionais, que lidam com a arte de cuidar e educar.
A Escola Cuiabana apresenta uma ampla fundamentação teórica, assim como sugere me-
todologias, projetos, formas e instrumentos de avaliação, nova proposta de organização dos 
estudantes em seus ciclos de vida: infância, adolescência, juventude, adulto e idoso, apro-
fundando a compreensão sobre o modo como eles pensam, como aprendem e se socializam 
nesta sociedade conectada.
Nesse contexto, esta política educacional coloca Cuiabá na vanguarda das discussões pós-
-modernas com a intenção de promover uma educação com foco na aprendizagem e desen-
volvimento, para o sucesso de todos os estudantes, valorizando, ainda, o multiculturalismo 
característico da nossa gente.
Vale ressaltar que a Escola Cuiabana está articulada com outros projetos inovadores, como 
a Escola da Inteligência, Escola em Tempo Integral, Programa de Alfabetização Cuiabano (ProAC), 
Projeto Bom de Bola - Bom de Escola, Escola de Gestores, Programa Hora Estendida, entre outros.
Por meio da Escola Cuiabana, a Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá pretende ofe-
recer novos horizontes para a rede municipal, na certeza de que contribuirá na garantia do 
direito à aprendizagem e na melhoria dos indicadores educacionais, influenciando positiva-
mente na qualidade de vida dos cuiabanos de “chapa e cruz” e dos cuiabanos de coração, uni-
dos pelo sentimento de cuiabanidade.
Emanuel Pinheiro
Prefeito de Cuiabá 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................ 8
CAPÍTULO 1: 
CONTEXTUALIZAÇÃO DA SOCIEDADE E DA EDUCAÇÃO ............................................................................ 13
CAPÍTULO 2: 
ANÁLISE DE TAXAS DO ANALFABETISMO E RESULTADOS 
DA PRODUTIVIDADE EM ARTICULAÇÃO COM PROJETOS DE MELHORIA 
NOS NÍVEIS DE APRENDIZAGEM .................................................................................................................................... 34
CAPÍTULO 3: 
CONCEPÇÕES E CONCEITOS QUE EMBASAM A ESCOLA CUIABANA ....................................................... 41 
CAPÍTULO 4: 
PROPOSTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA CUIABANA CICLOS DE FORMAÇÃO HUMANA ................ 76
CAPÍTULO 5: 
EDUCAÇÃO INFANTIL NA ESCOLA CUIABANA ......................................................................................................... 94
CAPÍTULO 6: 
ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA CUIABANA ................................................................................................ 119
CAPÍTULO 7: 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA ESCOLA CUIABANA, 
DA TRANSVERSALIDADE À ESPECIFICIDADE ..................................................................................................... 155
CAPÍTULO 8: 
EDUCAÇÃO DO CAMPO NA ESCOLA CUIABANA ................................................................................................ 177
CAPÍTULO 9: 
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA ESCOLA CUIABANA ..................................................................... 197
CAPÍTULO 10: 
ESCOLA CUIABANA: PROGRAMAS, PROJETOS 
E AÇOES ESTRATÉGICAS E ESTRUTURANTES .................................................................................................... 225
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................................... 248
Sumário
Introdução
A Escola Cuiabana nasce no âmago da sociedade contemporânea e coloca no centro das suas discussões 
a formação do ser humano constituído e integrado nesta sociedade, assinalada pelo contexto social global 
e, ao mesmo tempo, pelo local no espaço do território cuiabano. É uma Política Educacional profundamen-
te marcada pelo movimento teórico prático instaurado na história social, na cultura, na reflexão e no diálo-
go, assim como, no enfrentamento às adversidades que ainda persistem no campo da Educação Básica da 
capital mato-grossense no limiar dos seus trezentos anos, evidenciadas nas avaliações internas e externas 
e nos indicadores apresentados no Plano Municipal de Educação (CUIABÁ/PME, 2015-2024). 
A concepção de uma educação que considere a cultura cuiabana vem sendo construída ao longo dos 
anos na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, desde 1998, com o Projeto Saranzal, aprofunda as discussões 
em 1999, com a primeira versão da Escola Sarã e ganha destaque em 2000, com a segunda versão dessa 
proposta.
Recentemente, em 2017, com a aproximação do aniversário de trezentos anos de Cuiabá, os assessores, 
na Secretaria Municipal de Educação, e os educadores, nas unidades educacionais, sentiram a necessidade 
de partir dos saberes construídos e revisitados para elaborarem uma proposta educacional enraizada na 
realidade local, que pudesse considerar: a diversidade étnica, com a presença dos povos originários, colo-
nizadores, migrantes e imigrantes, os biomas da região, como o Cerrado, Pantanal e Amazônia, e outros 
elementos históricos, culturais e ambientais. Esta proposta, embora valorize a realidade local, não exclui o 
conhecimento de outras realidades e culturas.
Assim, sugere um projeto pedagógico ancorado na história e cultura cuiabanas sem perder o nexo com 
as transformações ocorridas na sociedade global pelo desenvolvimento das Tecnologias Digitais da Infor-
mação e Comunicação. Destaca, neste projeto, a concepção de que o homem se apropria da cultura, ao 
mesmo tempo que a produz e modifica, por isso, visa formar o homem consciente dos problemas de seu 
tempo, de seu mundo, um sujeito capaz de contribuir para a produção de uma sociedade mais justa e igua-
litária. 
A visão omnilateral, como aborda Frigotto (1996), e não unilateral e passiva de ser humano articula-se 
com a ideia de que as crianças não estão culturalmente homogêneas para poder aprender e também que os 
novos campos do conhecimento forçam para uma pluralidade, diversidade, multiplicidade de orientações 
que abrem possibilidades para a renovação dos fins, dos meios e das relações entre eles. A informação, que 
antes era tão disputada e valorizada, hoje está disponível. “Há mais informação publicada na internet em 
uma semana do que todo conteúdo gerado no século 19” (OLIVEIRA, 2010, p. 26). 
Dessa maneira, o leque formativo que estava centrado na família e na escola, portanto, semifechado, 
abriu-se e as crianças e jovens de hoje têm demonstrado dificuldades para assimilar a prática pedagógica 
unidirecionada com um currículo departamentalizado. 
Esta visão de ser humano e de conhecimento constitui-se em um dos eixos de uma formação humana 
que se coloca a serviço da libertação e humanização dos homens. Para Frigotto (1996), formar hoje para 
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá8
uma perspectiva omnilateral, e dentro de uma concepção de que as pessoas vêm em primeiro lugar, pres-
supõe novas relações, capazes de prover, minimamente, o conjunto de direitos fundamentais a todos os 
seres humanos, a começar pelo direito à vida digna, à saúde, à educação, habitação, emprego ou salário 
desemprego, lazer, etc., sem o que o humano se atrofia (FRIGOTO, 1996, p. 157).
A concepção de sujeito situado histórico e culturalmente fundamenta-se nos pressupostos interacio-
nistas de acordo com a perspectiva vygotskyana: o sujeito se constrói como sujeito pelas e nas relações 
sociais. Essa visão, por sua vez, está em consonância com a citada perspectiva omnilateral que deve consi-
derar as transformações ocorridas na sociedade, os contextos globais e locais, assim como todos os lados 
ou dimensões das especificidades do ser humano: condições objetivas e subjetivas reais para o seu pleno 
desenvolvimento histórico. 
Necessariamente, essas concepções consideramque o ser humano aprende nas relações sociais para 
que possa desenvolver-se e isto também altera o estatuto epistemológico do ser pedagogo que se abre 
para a necessidade de romper com a formação educativa unilateral e avançar para uma visão integral do 
ser humano e de uma racionalidade comunicativa. Aprender a trabalhar com os novos territórios de co-
nhecimento parece algo imprescindível, pois “aonde chegam os meios de comunicação de massa, não ficam 
intactas as crenças, os saberes e as lealdades. Todos os níveis culturais se reconfiguram, quando se produz 
uma volta tecnológica da magnitude da transmissão eletrônica com imagens e sons” (MOREIRA, 1999).
Dessa maneira, a escola deve primeiramente conhecer este ser humano que deseja colaborar na sua for-
mação, em seus ciclos, fases ou períodos de vida, partir dos seus conhecimentos, da cultura local, e narrativas, 
valorizando-as, incorporando-as aos objetos de ensino e toda densidade de recursos tecnológicos disponíveis 
deve ser ajuntada nas propostas de alfabetização, por exemplo, e fazer parte do cotidiano dos estudantes.
Isso requer, novas formas de leitura e a escrita de gêneros multimodais (texto escrito, imagem, vídeo, 
áudio, etc.) em um mesmo texto, principalmente aos que estão relacionados à cultura digital. Assim como 
os textos que circulam na internet, que também devem ser alvo de reflexão, de diálogo crítico, visando ao 
protagonismo no espaço virtual e ampliando os espaços para a efetivação da cidadania plena. 
Do que foi apresentado até aqui, pode-se afirmar que em uma política para a educação em tempos da 
pós-modernidade, alta modernidade, hipermodernidade ou da sociedade conectada, como é a Escola Cuia-
bana, discutida nos capítulos que se seguem, é preciso considerar que: as transformações ocorridas na 
sociedade pelo desenvolvimento das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação são muitas e pro-
fundas, fazendo com que os pais e educadores reflitam como as mídias podem interferir de forma positiva, 
na formação da infância, apropriando-se pedagogicamente das tecnologias. 
As experiências adquiridas por aquilo que é transmitido pelas mídias influenciam fortemente na inte-
ração do aluno com o conhecimento, por serem capazes de mostrar além das fronteiras locais, culturais, 
reflexões e modos de vida diferentes. Além disso, as informações coletadas modificam a maneira como o 
indivíduo compreende sua realidade e amplia o número de escolhas a serem realizadas.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 9
Esta discussão coaduna com a opção por um lastro teórico-metodológico que se edifica, na Escola Cuia-
bana, no tripé: tempo, espaço e conhecimento, considera o diálogo interdisciplinar entre cultura, comuni-
cação e diversidade no contexto contemporâneo, tornando-se provocadora da aprendizagem e proporcio-
nando a ampliação das possibilidades culturais dos alunos e da comunidade. Ratifica, assim, a relevância do 
contexto sócio-histórico-cultural, o diálogo com a cultura e com a diversidade. Para isso, amplia a proposta 
pedagógica estruturada no Ciclo de Formação Humana para todo o atendimento na Rede Municipal, en-
globando desde os bebês e as crianças bem pequenas na Educação Infantil, até os idosos na Educação de 
Jovens e Adultos, com suas narrativas e especificidades. 
Considerando essas ideias iniciais, a metodologia para a elaboração da proposta da Escola Cuiabana foi 
organizada a partir de um movimento interno e externo da Secretaria Municipal de Educação (SME) e das 
unidades educacionais, liderado pela Secretaria Adjunta de Educação, Diretoria Geral de Gestão Educa-
cional e Diretoria de Ensino. Um trabalho de muita reflexão, diálogo e produção consolidado nas reuniões, 
fóruns, seminários, consultas públicas e no olhar cuidadoso para o trabalho pedagógico das unidades edu-
cacionais, para o conhecimento pedagógico construído pela Rede Municipal de Ensino de Cuiabá e para 
os trezentos anos de história e cultura cuiabana na persecução do arcabouço legal e teórico que pudesse 
respaldar a proposta. Finalizando com a apresentação e discussão do texto base na Semana Pedagógica1 
de 2019. 
Esta metodologia inicia com a sensibilização e mobilização para a elaboração da Política Educacional 
durante a aula inaugural2 de 03/02/2017. Neste evento, o prefeito Emanuel Pinheiro, em seu discurso, rei-
terou o compromisso estabelecido no Plano de Governo, que tem como uma das metas a “reestruturação 
das diretrizes educacionais que definirá os novos caminhos da educação municipal, sendo discutido entre 
outros temas a modernização do ensino, inserção de projetos, reorganização curricular, avaliação educa-
cional, formação continuada” (PLANO GESTÃO 2017/2020).
Durante o ano de 2017, foram realizadas várias reuniões envolvendo a Diretoria de Ensino/SME e ou-
tros setores com o objetivo de organizar uma linha do tempo contendo uma breve retrospectiva da história 
da Rede, definir os princípios norteadores da proposta e também organizar grupos de estudos para a pro-
dução dos textos. O aprofundamento teórico dos grupos de trabalho e de todos os profissionais da Rede 
ocorreu durante o Seminário Integrador (27 e 28/11/2017), que é um momento formativo estruturado 
com palestras, debates, discussões, reflexões e com apresentação de trabalhos das escolas. 
Nesse evento, as contribuições foram muitas, especialmente dos professores e estudiosos: Luiz Augus-
to Passos (Universidade Federal de Mato Grosso) com o tema “Direitos Humanos, diversidade e Educação: 
implicações curriculares” e Vítor Henrique Paro (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) 
discutindo “Gestão Escolar Democrática”.
Outro momento de aprofundamento teórico para o grupo ocorreu durante a Semana Pedagógica do 
exercício do ano de 2018, com as contribuições de: Attico Chassot (Rede Amazônica de Educação em Ci-
ências e Matemática) com o tema “O que é Ciência, afinal”?, Adriana Lima Verde (Universidade Federal do 
1 - A Semana Pedagógica é aquela que antecede o início do calendário escolar dedicada aos momentos formativos organizados e oferecidos pela 
Secretaria Municipal de Educação para todos os profissionais da Rede e, também, momentos formativos organizados pelas unidades educacionais sob 
a coordenação dos Gestores Escolares em que ocorrem estudos, avaliações e planejamentos dos aspectos pedagógicos e administrativos. Esta Semana 
Pedagógica antecede a aula inaugural. 
2 - Aula inaugural é a denominação do ato público que conduz o início das aulas na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, pela autoridade máxima do 
Poder Executivo, ao declarar aberto o ano letivo. Além do Prefeito Municipal, Secretário de Educação, Secretário Adjunto e todo o staf da Secretaria de 
Educação, outras autoridades municipais e estaduais são convidadas. Todos os profissionais da Rede são recepcionados e no conteúdo do evento, além 
das mensagens das autoridades, do ato de abertura do ano letivo, recebem uma palestra formativa e participam de apresentações culturais. Trata-se de 
uma tradição na Rede Municipal de Cuiabá. 
Ceará), que discutiu “Educação Inclusiva”, e Maria Margarida Machado (Universidade Federal de Goiás), 
com o tema “Educação de Jovens e Adultos e o universo do trabalho: tempo/espaço de humanização”.
Em reunião na data de 17/10/18, a secretária adjunta, professora Edilene de Souza Machado, colocou a 
conclusão da política educacional da Rede como ponto inquestionável. Assim, foram realizados o levanta-
mento do material até então produzido, discussão do roteiro para a estrutura do material a ser publicado, 
metodologia de orientação e produção dos textos. Logo em seguida, avaliou-se com os professores e ges-
tores da Educação Infantil e 1º ciclo do Ensino Fundamental a possibilidade de parametrizar os registros 
no sistema Sigeduca/SME.3
Entre novembro e dezembro de 2018, o trabalho da produção da política se intensificou calcado no 
objetivo de abrir para aparticipação e contribuição mais efetiva de representantes das unidades educacio-
nais. Definiram-se o título preliminar, o estilo de redação e uma nova metodologia para que os profissionais 
das unidades pudessem conhecer e sugerir o conteúdo da política educacional em construção.
Assim, ocorreram três fóruns de discussão com um grupo de dezesseis coordenadoras pedagógicas com 
práticas diferenciadas e exitosas4, ao mesmo tempo em que foram efetuadas sete reuniões de apresen-
tação e coleta de sugestões com as demais coordenações pedagógicas da Rede organizadas em Creches, 
Centros Municipais de Educação Infantil, Escolas de Ensino Fundamental urbanas, do Campo e de Educa-
ção de Jovens e Adultos. O texto da Educação Especial foi apresentado em todas as reuniões na perspec-
tiva da sua transversalidade. 
Do ponto de vista do trabalho interno da SME, observou-se que havia necessidade de mais uma etapa 
antes da finalização do texto base: o estabelecimento de interfaces entre os seus programas e projetos, a 
definição de outros programas necessários para que a nova proposta educacional pudesse ser projetada 
e executada com êxito, questionando: Que caminhos a SME já caminhou em seus programas e projetos? 
Qual a convergência das políticas e programas? Foram diagnosticados os pontos de interfaces e de con-
vergências para a discussão com e entre as equipes e a reorganização do trabalho na SME, bem como o 
conteúdo dos capítulos do documento. 
No período de 27 a 30/11/2018, ocorreu o 2º Seminário Integrador da Rede Municipal de Ensino de 
Cuiabá, com o tema: “Educação Básica como direito” e as contribuições vieram dos relatos de experiên-
cias das unidades educacionais e dos estudiosos e pesquisadores: Profª. Drª. Elvira Souza Lima (Univer-
sidade de Salamanca), que abordou o tema “Contribuições da neurociência para o desenvolvimento e as 
aprendizagens”; Profª. Drª. Viviane Mosé (Universidade Estadual de Campinas – Unicamp), que discutiu 
os “Desafios dos educadores na escola contemporânea”; Prof. Dr. Leonir Boff (Universidade do Estado de 
Mato Grosso - Unemat), que trouxe referenciais sobre o “Currículo e saberes do campo”; Profª. Drª. Jussara 
Hoffman (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ), com o tema “O que é mesmo avaliar?”, e a Profª. 
Dra. Jaqueline Moll (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRS), que discutiu “Currículo, cultura e 
conhecimento escolar”.
Na etapa final ocorreu um olhar mais crítico dos profissionais da Diretoria Geral de Gestão Educacional, 
Diretoria de Ensino, Diretoria de Planejamento e Orçamento e de vários setores da SME com a colabo-
3 - Sistema SigEduca/SME é o Sistema Integrado de Gestão Educacional, uma ferramenta desenvolvida em ambiente web, que visa atender às demandas 
de gestão dos processos efetivados pelas escolas, junto à Secretaria de Educação de Cuiabá, utilizado também pela Secretaria de Educação do Estado 
de Mato Grosso.
4 - São coordenadoras pedagógicas de unidades educacionais que apresentam melhorias nas avaliações internas e externas e uma organização curricular 
diferenciada, como Sala Ambiência; Narrativa como guia e fio condutor do currículo; e Hora Estendida. Ou que apresentam projetos tais como: Mídias 
na escola; Colcha literária; Stúdio Stop Motion; Mala viajante; Soletrando e matematizando com materiais lúdicos; Registros acadêmicos, portfólios e 
gráficos à vista; dentre outros.
ração da professora Daniela Macambira (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP), que 
realizaram os ajustes finais da proposta. 
Com o texto base concluído, houveram apresentações para aproximadamente seis mil profissionais de 
todos os segmentos da Rede Municipal de Ensino, durante a Semana Pedagógica, de 23/01 a 07/02/2019, 
culminando com o lançamento oficial do texto base da Política Educacional em abril de 2019, durante as 
comemorações de aniversário dos trezentos anos de Cuiabá. Outras discussões com a participação dos 
profissionais da Rede estão previstas até agosto de 2019, para sugerirem e validarem o novo modelo edu-
cacional, como, também, colaborarem na elaboração do referencial curricular da Escola Cuiabana e do refe-
rencial de avaliação do desempenho acadêmico. Após esses encaminhamentos o lançamento definitivo da 
Política educacional - Escola Cuiabana está previsto para outubro de 2019, por ocasião do Dia do Professor.
A primeira parte deste documento é formada pelos primeiro e segundo capítulos, que apresentam uma 
contextualização da sociedade global e incluem os aspectos da história, cultura e educação da sociedade 
local, almejando compreender a relação sociedade e educação, imbricados no processo de formação hu-
mana para situar qual é o projeto pedagógico necessário para a contemporaneidade e a cidadania que se 
espera exercitar neste tempo e neste espaço. No segundo capítulo apresentam-se tópicos da educação na 
Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, com análises de taxas e resultados do analfabetismo e outros aspec-
tos relacionados à produtividade e frequência dos estudantes e a articulação com projetos de melhoria nos 
níveis de aprendizagem. 
A segunda parte compreende do terceiro ao nono capítulos que discorrem sobreas concepções e os 
conceitos que embasam a proposta pedagógica na Escola Cuiabana e também, discutem a organização cur-
ricular, ou seja, especificam as propostas da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação Especial, 
Educação de Jovens e Adultos e Educação do Campo.
A terceira parte, constituída pelo décimo capítulo, consta a discussão sobre a Escola Cuiabana como o 
programa macroestrutural da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá. Os eixos de articulação e os outros 
programas estruturantes para o seu desenvolvimento, com os respectivos projetos ou ações estratégicas.
Capítulo 01
CONTEXTUALIZAÇÃO DA SOCIEDADE E DA EDUCAÇÃO
1.1 Contextualização da sociedade contemporânea
Compreender a amplitude dos fenômenos educacionais na sociedade contemporânea e propor ações 
no campo das políticas públicas de Educação Básica, com princípios, eixos conceituais e programas estru-
turais, representam um imenso desafio. Significa, primeiramente, contextualizar a sociedade que temos 
hoje e compreender a sua relação com o processo de formação humana. Entender quais são as caracte-
rísticas gerais dos seres humanos inseridos nessa sociedade, qual é o projeto pedagógico necessário para 
a contemporaneidade e qual a cidadania que se espera exercitar neste tempo. Incluir a complexidade da 
sociedade e do ser humano na formação do professor e entender que as escolas constituem-se como ter-
ritorialidade espacial e também cultural são temas amplamente abordados nos estudos de Nóvoa (1999).
A modernidade, como Giddens (2002) descreve, é o período que surge após a extinção do feudalismo, 
a partir do surgimento de indústrias capazes de transformar matéria-prima em produtos manufaturados 
com o objetivo de serem comercializados, com isso, nasce também o capitalismo baseado no comércio e no 
lucro. Com o desaparecimento do feudalismo, os territórios passaram a ser definidos por fronteiras geo-
gráficas que possuem política legítima e um governo soberano chamado de Estado-Nação.
A expressão pós-moderno surgiu no cenário intelectual na década de 1970, pelos teóricos que verifi-
caram a necessidade de marcar um novo período em ascensão dominado pelo efêmero e pelo hipotético, 
uma temporalidade social inédita que era baseada, sobretudo, no presente. As rupturas que caracteriza-
vam esse momento eram marcadas pela “Rápida expansão do consumo e da comunicação de massa; enfra-
quecimento das normas autoritárias e disciplinares; surto de individualização; consagração do hedonismo 
e do psicologismo; perda da fé no futuro revolucionário; descontentamento com as paixões políticas e as 
militâncias” (LIPOVETSKY, 2004, p.52). 
Os estudos e o surgimento da designação pós ofereceram um novo olhar para o contexto social con-
temporâneo. Com osavanços nos estudos da concepção pós-moderna, constatou-se que esta percepção 
não estava de todo modo correta. “Longe de decretar-se o óbito da modernidade, assiste-se a seu remate, 
concretizando-se no liberalismo globalizado, na mercantilização quase generalizada dos modos de vida, na 
exploração da razão instrumental até a “morte” desta, numa individualização galopante” (LIPOVETSKY, 
2004, p.53).
Lipovetsky (2004) denomina esse período não de pós-moderno, mas de hipermoderno, pois a moderni-
dade estava longe de ter acabado, mas, ao contrário, suas características agora se apresentavam de forma 
Aluno Pedro Henrique da Luz Rodrigues - (EMEB Ana Tereza Arcos Krause - 1˚ Ciclo - 3˚ Ano)
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 13
exagerada. Por isso, o autor acrescenta o prefixo hiper a elas, como o hipercapitalismo, hipermercado, hi-
perconsumismo e hiperindividualismo. O avanço da globalização, da ciência e da tecnologia foi o fator que 
permitiu a hiperradicalização dos aspectos modernos ao romper barreiras organizacionais e ideológicas. 
As análises de Bauman (2001) assimilam-se em alguns pontos com a de Lipovetsky (2004), contudo esse 
autor designou o período histórico, social, cultural e econômico que corresponde à contemporaneidade de 
modernidade líquida. Dessa maneira, para Bauman (2001, p. 7-22), a modernidade pode ser dividida em duas 
partes: a Modernidade Sólida, regida pelo Capitalismo Pesado que surgiu com o desenvolvimento das indús-
trias; e a Modernidade Líquida, guiada pelo Capitalismo Leve, que nasceu após a criação das redes como a 
internet e que nada mais é do que uma extensão da primeira que se desenvolveu a partir de um novo contexto 
sociocultural. Portanto, pode-se perceber a grande importância que as redes digitais ganharam neste período. 
Já o autor Giddens (2002) denomina o período contemporâneo de alta modernidade ou de modernida-
de reflexiva. Ele conceitua este período desta maneira por acreditar, como Bauman (2001) e Lipovetsky 
(2004), que não é posterior à modernidade, por isso, não pode ser chamado de pós-moderno, mas é uma 
continuidade. Assim, trata-se de um momento em que suas características foram ainda mais ressaltadas, 
tendo desdobramentos extensos e profundos. Os fatores já citados, que fizeram da modernidade um perí-
odo mais dinâmico, na alta modernidade se intensificaram. As novas tecnologias impulsionam como nunca 
a globalização e a dialética entre o global e o local. 
Na alta modernidade, as relações se tornaram muito mais fluidas, o que reflete nos modos de relaciona-
mentos das pessoas; o emprego não é mais fixo como antes, e há uma gama de oportunidades a serem es-
colhidas. Por isso, este momento também é denominado de modernidade reflexiva, pois as atitudes estão 
sempre sendo revistas. A procura pela melhor alternativa é incessante, e tudo isso é impulsionado também 
pelo surgimento constante de novos saberes.
As aprendizagens e o desenvolvimento na contemporaneidade
Para colaborar com a discussão sobre a sociedade e trazê-la para o enfoque humano possibilitando 
compreender quais são as características gerais dos seres humanos inseridos nessa sociedade, busca-
-se Oliveira (2010). O autor, estudioso da história da humanidade, exemplifica as mudanças ocorridas por 
meio do avanço das tecnologias a partir da história de uma jovem que fazia trabalho escolar com a ajuda de 
diversas plataformas tecnológicas e midiáticas (incluindo as redes sociais). 
No primeiro momento em que seu pai viu a cena, logo imaginou que a filha estivesse em um momento de 
lazer, mas ao observar atentamente se chocou ao perceber que todas as mídias proporcionavam materiais 
necessários para a elaboração do trabalho escolar e que a jovem conseguia administrar diversas tarefas ao 
mesmo tempo. 
Este exemplo, de maneira geral e nas devidas proporções, demonstra como a Era das Conexões, ter-
minologia utilizada por Oliveira (2010) em que a contemporaneidade está inserida, teve como incentivo 
os desenvolvimentos comunicacionais, principalmente, os ligados à telefonia e à internet, como tudo está 
conectado e faz parte da vida das pessoas, especialmente da geração denominada pelo autor de geração Y, 
abrangendo os seres humanos nascidos entre 1980 e 2000, e a geração Z, nascida após 2000. 
Ainda há poucos estudos sobre as características que compõem a geração Z porque estes indivíduos 
ainda são crianças e adolescentes. Porém, alguns aspectos sobre o modelo de criação que estão obtendo, 
assim como identificar a sociedade na qual estão crescendo, são fatos que refletirão no seu comportamen-
to e podem ser apontados por Lima (2012), como: as facilidades tecnológicas, o grande tempo que passam 
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá14
com a tecnologia, o acesso constante a sites de relacionamento e também observam a facilidade com que 
os relacionamentos de seus parentes se desfazem e se refazem. 
A eles também são oferecidas grande liberdade e quantidade de escolhas, têm muitos amigos virtuais, 
mas que não suprem suas carências emocionais, afetivas e de reconhecimento. Seria difícil para estes sujei-
tos imaginar um mundo sem internet, pois eles a utilizam como se fosse uma projeção de seu próprio corpo 
e vivem muito mais submersos no virtual. 
Este é o público-alvo das 162 unidades educacionais da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá: os seres 
humanos que já nasceram na Era da Conexão.
A educação ofertada nesta Rede tem como prioridade a Educação Básica, na primeira e segunda etapas, 
que compreende a Educação Infantil e o Ensino Fundamental nas diferentes modalidades (Educação Espe-
cial, Educação do Campo, Educação de Jovens e Adultos) e, segundo o censo escolar (2018), atendeu um 
total de 50.265 alunos matriculados no ano de 2018.
Importante frisar que não se pode generalizar ou estereotipar os indivíduos. Lima (2012) alerta que 
é preciso analisar o conjunto de todas as características que compõem cada geração para que se tenha 
um painel mais confiável que a defina. O que não se pode negar é que o desenvolvimento das Tecnologias 
Digitais da Informação e Comunicação, um aspecto inerente à contemporaneidade, fez com que as mídias 
se tornassem parte do cotidiano das pessoas. Sendo assim, é preciso analisar os resultados que este fato 
acarretou para a sociedade e para os indivíduos e buscar maneiras para que os seus efeitos sejam os mais 
benéficos possíveis e não danosos às aprendizagens e ao desenvolvimento. 
Qual é a contextura humana que se fez e se faz num processo social tão dinâmico amparado por tecno-
logias, redes sociais, globalização e outros fatores? Muitas crianças têm um grande acesso às mídias. Como 
seres que estão em fase de desenvolvimento físico, social e cognitivo, é preciso observar como o contato 
com o conteúdo comunicacional está refletindo em seu aprendizado, para então buscar formas de suas 
consequências não serem prejudiciais a elas.
As mudanças aconteceram durante um curto espaço de tempo sem que uma reflexão mais profunda 
sobre seus resultados no processo de formação da criança e na sociedade fosse feita. Muitos pais e educa-
dores ainda sentem dificuldades para ajudar a criança a compreender e interpretar o conteúdo midiático 
ao qual está exposta, porque muitas vezes os próprios adultos não refletem sobre esse contexto. 
Qual é o projeto pedagógico necessário para a formação humana na contemporaneidade?
Diante da contextualização da sociedade que temos hoje apresentada nos parágrafos anteriores, nota-
-se quão obsoleto se tornou restringir o projeto pedagógico para a formação dos seres humanos da con-
temporaneidade a uma concepção em que o ensino e as aprendizagens são processos restritos ao espaço 
da instituição educacional ou desprovidos das influências dos pressupostos da sociedade conectada e do 
próprio desenvolvimento biopsicossocial e cultural dos seres humanos nela situados. 
A Escola Cuiabana compreendeque, apesar do alto fluxo de informações da sociedade moderna, o espa-
ço educativo readquire papel de destaque, pois as relações nele estabelecidas permitem e efetivam trocas 
de perspectivas, percepções e vivências. Educar na esperança, mesmo em tempos de desencanto, como 
abordam Gentili e Alencar(2012), pois a humanidade, por meio da educação, ainda aposta em si mesma: 
apesar de todos os avanços tecnológicos e das transformações sociais, a escola continua no centro de to-
dos os debates e discussões sobre o futuro e o progresso. 
Uma das propostas da Escola Cuiabana, além de possibilitar o desenvolvimento dos conhecimentos for-
mais, é auxiliar os educadores a compreenderem o papel das Tecnologias Digitais da Informação e Comu-
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 15
nicação (TDICs) na formação escolar e como as questões referentes às comunicações de massa podem 
ser abordadas nas escolas, no sentido de os educadores pensarem a educação concebida como meio para 
preparação e integração plena como sujeitos da vida pública, no exercício da cidadania para todos. Essa 
educação busca desenvolver os conhecimentos formais, a cidadania, a construção de cultura, a promoção 
da vida em geral e a emancipação e, nesse contexto, reconhece o papel das TDICs.
1.2 Contextualização Histórica, Populacional e Cultural da Sociedade Cuiabana
Em 8 de abril de 1719, Pascoal Moreira Cabral assinou a Ata da Fundação de Cuiabá no local conhecido 
como Forquilha, às margens do Coxipó. O adjetivo pátrio da pessoa que nasce em Cuiabá é cuiabano ou 
cuiabana. A cidade recebeu o mesmo nome do rio que a banha e apresenta várias vertentes que indicam 
essa origem. 
Muitos pesquisadores ao longo do tempo levantaram várias hipóteses sobre o seu nome, que perpassa 
pelos saberes dos povos indígenas Guarani e Bororo, alcançando os significados de pesca com flecha e 
arpão, árvores que produziam cuias, vale dos índios das águas, rio da lontra brilhante, como explica o breve 
histórico a seguir.5
a) Os Anais do Senado da Câmara6, em sua parte inicial,destaca que: o termo rio Cuiabá tem origem 
por acharem em margens cabaças produzidas pelos indígenas (gentio) que as transformavam em 
cuias para uso doméstico. No Álbum Graphico do Estado de Mato Grosso (1914), encontra-se a afir-
mação de que o nome Cuiabá originou-se do fato de que nas margens desse rio, havia árvores que 
produziam frutos, dos quais faziam um objeto denominado de cuia (Álbum, 1914, p.52).
b) Outra origem vem do nome de uma tribo, que não deixou vestígio, mas foi relatada pelos bandei-
rantes paulistas e pelos portugueses.
c) A obra de Silva e Ferreira (1998) que discorre sobre a origem e significado dos nomes das cida-
des de Mato Grosso, traz outra designação citando pesquisa de Brasilides Brites Farina, professor de 
gramática e semântica guarani, da Universidade Nacional de Assunção, que afirma que Cuiabá, vem 
da corrupção dos nomes Kyyaverá, Cuyavá, Cuyabá e finalmente Cuiabá. Na língua guarani significa 
Lontra Brilhante. João Carlos Ferreira e o Padre José de Moura e Silva colaboram com a ideia de que 
os índios Paiaguás em suas perambulações por todo pantanal, observando a quantidade de lontras e 
ariranhas que tinham no Rio Cuiabá, o seu hábitat, chamaram-no kyyaverá ou Rio da Lontra Brilhante.
d) Jucá (2002) defende a tese da origem guarani do nome, sendo o topônimo para nominar a região 
do Pantanal Mato-grossense: o Vale dos Índios das Águas.
O trabalho bibliográfico, organizado por Machado (2008), procura a origem do nome do rio Cuiabá, da 
cidade e adjacências, dentro da linguística da etnia Bororo, seguem alguns exemplos:
5 - Fonte: Portal Mato Grosso Brasil, desenvolvido por Wagner Augusto. Disponível em: http://www.matogrossobrasil.com.br/historia cuiaba.asp. 
Acesso em: 10 jan. 2019. E Plano Municipal de Educação de Cuiabá, 2015-2024.
6 - Além dos Anais do Senado Federal Brasileiro/Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal (https://
www.senado.leg.br/publicacoes/anais/pdf/Anais_Imperio/1823/1823%20), pode-se pesquisar em: Annaes do Sennado da Camara do Cuyabá: 1719-
1830. Transcrição e organização de Yumiko Takamoto Suzuki. Cuiabá, MT: Entrelinhas, Arquivo Público de Mato Grosso, 2007.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá16
http://www.matogrossobrasil.com.br/historiadecuiaba.asp
http://www.senado.leg.br/publicacoes/anais/pdf/Anais_Imperio/1823/1823%20
a) Rio Cuiabá (trecho com rio São Lourenço): Tarigára – Água do espírito que grita.
b) Cuiabá: Ikuiapá (ikuia = flecha, pá = lugar) – Lugar onde se pesca com flecha e arpão. Seguindo 
esta vertente, as pesquisas de Póvoas (1995), mencionam que Raimundo Conceição Pombo M. da Cruz 
(1989) afirma em conformidade com os Padres da Missão Salesiana de Mato Grosso, que o nome Cuiabá 
é de origem Bororo, procedendo de Ikuiapá, palavra composta de duas expressões: Ikuia, que significa 
flecha, arpão e páque quer dizer lugar; sendo a designação de uma localidade onde se pesca com flecha 
e arpão. 
c) Córrego da Prainha: Ikuiebo - Água das estrelas. O nome designa uma localidade onde os bororos costu-
mavam caçar e pescar com a flecha, no córrego da Prainha, afluente da esquerda do rio Cuiabá.
d) Rio Coxipó: Kujibó - rio dos mutuns. 
Por fim, ainda consta o imaginário popular da origem a partir do episódio do índio, que estava lavando 
sua cuia às margens do rio e ao perdê-la disse: “Cuia que vá”, daí surgiu Cuiabá.
Póvoas (1995, p. 80) enfatiza nas suas afirmações: “Uma coisa, entretanto, é certa: o rio já se chamava 
Cuiabá antes de ter sido navegado por Antônio Pires de Campos em 1718. [...] O nome da cidade proveio 
do rio que a “banha” [...] Agora, de onde provém o nome do rio, eis a questão”.
A história de Cuiabá7 se instaura no século XVII, e os primeiros indícios de bandeirantes paulistas na 
região onde hoje fica a cidade se situam entre 1673 e 1682, quando da passagem de Manoel de Campos 
Bicudo pelo local. Ele fundou o primeiro povoado da região, onde o rio Coxipó deságua no Cuiabá, batiza-
do de São Gonçalo. Em 1718, chegou ao local, já abandonado, a bandeira do sorocabano Pascoal Moreira 
Cabral. Em busca de indígenas, Moreira Cabral subiu pelo Coxipó, onde travou uma batalha, com os índios 
Coxiponés. Com o ocorrido, voltaram e, no caminho, encontraram ouro, deixando, então, a captura de ín-
dios para se dedicarem ao garimpo.
Em 8 de abril de 1719, Pascoal assinou a ata da fundação de Cuiabá no local conhecido como Forquilha, 
às margens do Coxipó, de forma a garantir os direitos pela descoberta à Capitania de São Paulo. A notícia 
da descoberta se espalhou e a imigração para a região tornou-se intensa. Esta data marca a comemoração 
de aniversário de Cuiabá, perfazendo-se, então, 300 anos em 8 de abril de 2019.
Em outubro de 1722, Miguel Sutil, também bandeirante, descobriu às margens do córrego da Prainha 
grande quantidade de ouro, maior que a encontrada anteriormente na Forquilha. O afluxo de pessoas tor-
nou-se grande e até a população da Forquilha se mudou para perto desse novo achado. Em 1727 Cuiabá 
foi elevada à categoria de vila - Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. A Capitania de Mato Grosso foi 
criada em 1748, por carta régia, pelo governo português, desmembrando-a da Capitania de São Paulo e, 
em 1818, Cuiabá foi elevada à condição de cidade. 
Somente após a Guerra do Paraguai (1865) e o retorno da navegação pelas bacias dos rios Paraguai, 
Cuiabá e Paraná é que o município se desenvolveu economicamente. A economia esteve, nesse período, 
baseada na produção da cana-de-açúcar e no extrativismo. As ruas centrais da cidade eram cobertas de 
grandes pedras-canga. Para trafegar, apenas cavalos e charretes, pois ainda não existia outro meio de 
transporte. A iluminação, que no início do século era por meio de candeeiros ou lampiões movidos a azeite 
de peixe, passou a ser a querosene e, depois, a gás.7 - Fontes: Plano Municipal de Educação de Cuiabá, 2015-2024 e Portal Mato Grosso Brasil, desenvolvido por Wagner Augusto. Disponível em: http://
www.matogrossobrasil.com.br/historiacuiaba.asp. Acesso em: 10 jan. 2019.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 17
http://www.matogrossobrasil.com.br/historiadecuiaba.asp
A paisagem urbana e a arquitetura também sofreram alterações. As ruas principais da cidade, devido à 
chegada dos automóveis, foram calçadas com pedra cristal de quartzo. As escolas, nesse período, recebe-
ram outro tipo de arquitetura marcada pela fase republicana, como é possível observar na construção do 
Palácio da Instrução (1911) e no Grupo Escolar Senador Azeredo (1910).
 O município voltou a ficar estagnado, desta vez até 1930, quando assumiu o interventor Júlio Müller. 
Cuiabá começou novamente a crescer e, na área central, abriu-se uma rua larga com o nome de Getúlio 
Vargas, nela foram construídos o Grande Hotel, o Cine Teatro e as repartições do serviço público. Na re-
gião do Porto foi construída a primeira ponte de concreto do estado, ligando Cuiabá a Várzea Grande. A 
partir desta época, o isolamento foi quebrado com as ligações rodoviárias com Goiás e São Paulo. 
Com a implantação do Estado Novo, por meio do programa da Marcha pelo Oeste, a situação modificou-
-se. Buscava-se interiorizar as relações capitalistas e expandir o capital internamente acumulado, assim o 
processo de urbanização foi se intensificando e, entre 1960-1970, a população teve um aumento conside-
rável, decorrente do fato de Cuiabá ter passado à condição de polo de apoio à ocupação da Amazônia me-
ridional brasileira, sendo chamada de “Portal da Amazônia”. Em 1977, o estado de Mato Grosso foi dividido, 
nascendo uma nova unidade federativa: Mato Grosso do Sul. 
Em ritmo de crescimento, o estado ampliou sua economia baseado no agronegócio e Cuiabá começou 
a modernizar-se e industrializar-se. Hoje, além das funções político-administrativas, Cuiabá é o principal 
polo industrial, comercial e de serviços do estado. É conhecida como Cidade Verde, por causa da grande 
arborização e é uma das cidades médias brasileiras que mais se expande, apresentando um índice de de-
senvolvimento humano municipal alto, de 0,785.
Caracterização populacional física e socioeconômica de Cuiabá
No Centro Geodésico da América do Sul encontra-se Cuiabá, nas coordenadas 15°35›56», 80 de latitude 
sul e 56°06›05» de longitude oeste, com uma área total de 3.291,81 km², caracterizada por uma área urbana 
de 126,9 km². Possui hoje, conforme dados do IBGE (2018), 607.153 mil habitantes e, com o município de 
Várzea Grande, soma-se o número de 889.162 mil habitantes. Já a região metropolitana, formada pelos muni-
cípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento e Santo Antônio do Leverger, possui 918.826 
mil habitantes, o que faz de Cuiabá uma pequena metrópole no centro da América do Sul, ocupando a 20ª 
capital da federação com mais habitantes, possuindo uma densidade populacional de 184,44 hab/km². 
Atualmente, a economia de Cuiabá está concentrada no comércio e na indústria, sendo o comércio va-
rejista constituído por casas de gêneros alimentícios, vestuários, eletrodomésticos, de objetos e artigos 
diversos. O setor industrial é representado, basicamente, pela agroindústria. Muitas indústrias estão ins-
taladas no Distrito Industrial de Cuiabá, criado em 1978. 
Na agricultura cultivam-se lavouras de subsistência e hortifrutigranjeiros, conta com máquinas para a 
realização do plantio e da colheita, e um destaque especial é dado para o crescente mercado do turismo8.
Por estar diretamente ligada a grandes empresas, a atividade agrícola tem absorvido uma parcela signifi-
cativa de trabalhadores com prioridade para os técnicos qualificados.
Em relação às características ambientais, o município se encontra no divisor de águas das bacias Ama-
zônica e Platina e é banhado pelos rios Cuiabá,Coxipó-Açu, Pari, Mutuca, Claro, Coxipó, Aricá, Manso, São 
Lourenço, das Mortes, Cumbuca, Suspiro, Coluene, Jangada, Casca, Cachoeirinha e Aricazinho, além de 
8 - Disponível em: http://www.portalmatogrosso.com.br/municipios/cuiaba/dados-gerais/economia-de-cuiaba/773. Acesso em: 20 dez. 2018.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá18
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arboriza%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Coxip%C3%B3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Manso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_S%C3%A3o_Louren%C3%A7o
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_das_Mortes_(Mato_Grosso)
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rio_Coluene&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Casca_(Minas_Gerais)
http://www.portalmatogrosso.com.br/municipios/cuiaba/dados-gerais/economia-de-cuiaba/773
córregos e ribeirões. É cercado por três grandes biomas: a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, além disso, o 
município de Cuiabá é considerado a porta de entrada da Floresta Amazônica. O clima é tropical e úmido, 
e as chuvas se concentram de outubro a abril. 
Os principais mananciais de captação de água são os rios Coxipó e Cuiabá; este último representa cerca 
de 95% do total das fontes de captação de água bruta do município. Importante mencionar que, apesar da 
grande disponibilidade hídrica, o rio Cuiabá vem ao longo dos anos apresentando uma redução na qualida-
de de suas águas, pois tem se tornado um grande corpo receptor de cargas poluidoras, de origem domésti-
ca e industrial. Os investimentos adequados em saneamento básico, a coleta e tratamento de esgotamento 
sanitário representam um grande desafio para a administração pública.
Estudos realizados pela UFMT, como também por órgãos ambientais do estado, já relatados no PME 
(CUIABÁ/PME, 2015-2024) demonstram que o rio Cuiabá apresenta capacidade de autodepuração 
das cargas orgânicas, ainda dentro dos limites estabelecidos para sua capacidade, muito embora, os va-
lores de tratamento ao longo desta década venham apresentando uma curva decrescente. O rio Cuia-
bá, apesar de seu grande volume de água, já se mostra bastante preocupante para fins de tratamento 
para o consumo humano. A poluição urbana e dos rios é apontada como o maior problema ambiental 
de Cuiabá.
1.2.1 Cultura Cuiabana
Cuiabá, segundo Lópes (2012), é uma cidade multicultural, multiétnica, assim como os demais estados 
do Brasil. Vangelista (1996) relata que os primeiros habitantes deste lugar eram indígenas e, na medida 
em que crescia o processo de exploração e expansão do território brasileiro, ocorreram na localidade as 
miscigenações mais diversas. 
Partindo de tais informações, pode-se considerar que a população cuiabana, por formação como ci-
dade, manteve traços das culturas europeia, africana e principalmente da indígena, do povo Bororo, que 
habitava estas regiões, do sul de Mato Grosso até o Vale do Rio Cuiabá. 
Quando os bandeirantes chegaram ao território cuiabano, encontraram como habitantes os indígenas. 
Grando (2004, p. 148), em sua pesquisa, relata que a organização do povo acontecia da seguinte maneira:
Os Bororo Orientais também chamados de Coroados ou Parrudos do lado esquerdo do Rio 
Cuiabá, e os Bororo Ocidentais do outro lado, considerados extintos no final do século XIX. 
Estes viviam na margem leste do rio Paraguai, onde os jesuítas espanhóis fundaram várias 
aldeias de missões. As referências dão conta de que, por serem muito amáveis, serviam de 
guia aos brancos, além de trabalharem nas fazendas da região. Por serem aliados dos ban-
deirantes, desapareceram como povo, tanto pelas moléstias contraídas quanto pela misci-
genação com outros indígenas e brancos. 
 Conforme ressalta Rondon (2015), a cultura cuiabana herdou vários elementos da cultura do povo Bo-
roro, como a constituição familiar, tendo como referência a casa da mãe-cultura matriarcal, com irmanda-
des ampliadas, que torna a família numerosa considerando todosos parentes consanguíneos e agregados. 
Segundo o autor, a linguagem de matriz portuguesa também tem grande influência Bororo, principalmente 
no sotaque peculiar do cuiabano.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 19
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerrado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pantanal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_amaz%C3%B4nica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clima
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropical
No que se refere aos processos de educação e transmissão de conhecimentos, é importante também 
destacar na pesquisa de Rondon (2015) fatos como os momentos de excursão em famílias pelo meio da 
floresta, os ritos de passagem para a vida adulta, as confraternizações coletivas e demais rituais sagra-
dos, e o herói mítico, que são também fundamentais na sociedade Bororo. É perceptível na cultura cuia-
bana a valorização de momentos festivos, em famílias que formam uma comunidade. Nas comunidades 
ribeirinhas ainda permanece evidente a forte relação com a natureza, com o que se produz dela e o que 
ela tem a ensinar.
Tal como a cultura dos indígenas, também é a influência africana na formação do povo cuiabano. Se-
gundo Cunha Filho (2003), por estar isolada das demais cidades do Brasil, a Vila de Cuiabá demorou a 
saber da abolição da escravatura, portanto, os africanos e seus descendentes viviam ainda em condi-
ções bastante precárias; porém, nos grandes terreiros, produziam suas músicas e danças, com alguma 
influência das culturas europeia e indígena, já que foi um período de miscigenação entre esses povos, 
embora, há que se reconhecer que, entre os bandeirantes, alguns já eram mestiços, vindos de São Paulo 
e de Sorocaba. 
As matrizes que por miscigenação formaram a cultura cuiabana, em distintos aspectos, constituíram 
uma cidade com características peculiares que se destaca por sua composição cultural e social. Assim, 
ao mesmo tempo em que se vivenciava, nos séculos XVIII e XIX, parte das práticas culturais indígenas, 
também se convivia com a forte influência da cultura europeia. Pelas descrições de Alencastro (2003), 
percebe-se que começou um processo de miscigenação também, na arte, na música, na dança, quando se 
tornou inevitável a mistura de ritmos africanos e indígenas inseridos nas produções com bases europeias. 
Arruda (1998) relata que a dança na cultura popular cuiabana tem origens nas danças indígena, africana, 
espanhola, chiquitana e portuguesa. Danças tradicionais como a dança do Congo e a dança do Chorado, 
esta última com raízes na primeira capital do estado, Vila Bela da Santíssima Trindade, trazem a forte influ-
ência dos povos africanos, representados pelos negros que se encontravam em condições de escravidão.
Outras manifestações que envolvem música e dança, como o Siriri, têm um conjunto de elementos indí-
gena, espanhol e português. Os ritmos musicais, da mesma forma, assim se desenvolvem na cultura popu-
lar, bem como as crenças. Muito ligados à religião praticada na capital, Cuiabá, o Cururu e o Siriri são partes 
das comemorações religiosas.
Dal Moro (2010) ressalta que o movimento de emigração interna teve força no final da década de 1960 
e início de 1970. Nessa época, as pessoas mais ligadas à cultura de raiz consideravam que a cultura de 
Cuiabá estava ameaçada devido aos impactos produzidos pelo processo de modernização, principalmente 
no que dizia respeito às suas práticas cotidianas, que bem representavam os traços de um povo ímpar. O 
autor acrescenta que houve interferência na cultura típica cuiabana, tornando-amenos hegemônica. As-
sim muitos aspectos da cultura, principalmente o sotaque típico e alguns costumes e personalidades que 
representavam a cultura cuiabana, se tornaram cada vez menos notáveis de um modo geral. 
Nas décadas seguintes, de 1980 e 1990, acontece um movimento de resistência por parte de artistas 
cuiabanos e demais interessados no tema, que passaram a reafirmar sua identidade cultural muito par-
ticular que se esvaía na avalanche de novas maneiras de se conceber o cotidiano. Como salienta Giddens 
(1991), a necessidade de se perpetuarem tradições que foram sendo deixadas pela nova configuração da 
cidade passou a fazer parte de um projeto amplo de difusão. Assim, o pretenso resgate da cultura cuiabana, 
a Cuiabania, termo cunhado por Silva Freire (1991) como sendo a expressão mais profunda do ser cuiaba-
no, fortalece o movimento que tende a ganhar destaque e amplitude.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá20
 A retomada do orgulho de ser cuiabano e de valorizar as coisas da terra é o carro-chefe nesse contexto. 
As danças e músicas reaparecem com força atualmente, porém, ressignificadas. Como exemplos citam-se 
os trabalhos do Grupo Flor Ribeirinha,da dupla Nico e Lau, dentre outros. Os lugares outrora pitorescos 
representam hoje comunidades tradicionais e pontos que marcam a história onde se cambiavam trocas 
simbólicas entre pessoas, marcos de um lugar que passa por altos e baixos, no que concerne à construção 
de uma identidade sociocultural.
1.3 Breve História da Educação Cuiabana
No Brasil, alguns problemas para a conquista da educação pelas camadas populares se instalaram por 
décadas, afetando a democratização da educação brasileira. A não preocupação com a educação pública 
da população, agravada pela inexistência, em alguns períodos históricos e fragilidade em outros, de in-
vestimentos e de orientação pedagógica, são questões que, sem desmerecer outras iniciativas, tiveram 
alterações mais significativas na década de 1980 no processo de redemocratização vivido pela sociedade 
brasileira, que obteve sua maior expressão a partir da Constituição Federal de 1988. 
Importante mencionar que a história do atendimento escolar, da organização pedagógica e da gestão 
democrática implantada na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, não está descolada da história da educa-
ção brasileira e mato-grossense, e que o reducionismo pode dificultar a visão mais aprofundada e crítica da 
história. Assim outras leituras serão necessárias, pois aqui, devido à amplitude do tema, apresenta-se, nos 
próximos parágrafos, apenas uma síntese da história da educação tendo como marco a década de 1950-
1960, quando ocorre a criação das Secretarias Estadual e Municipal de Educação.
Em 1953, a educação em Mato Grosso tornou-se autônoma em sua administração, com a criação da 
Secretaria de Educação, Cultura e Saúde (03/08/1953) e, na esfera municipal, a Lei nº 673/63 cria pela pri-
meira vez a estrutura da Secretaria Municipal de Educação e Saúde, no governo do prefeito Vicente Emílio 
Vuolo. De início o trabalho é focado nas escolas rurais e as escolas urbanas, oficialmente municipais, sur-
gem em 1969, quando o prefeito de Cuiabá Frederico Soares de Campos (1967 a 1969), além de autorizar 
a Escola de 1º Grau Rotary Patrono Padre Agostinho Colli, que já estava em funcionamento com apoio do 
Rotary Club, aprovou também a criação da Escola Municipal Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira.
A Lei nº 1.440/75 modificou a estrutura da Secretaria Municipal de Educação (SME), desvinculando-a da 
pasta de Saúde e justapondo-a ao segmento da cultura. E nesse mesmo ano, a Prefeitura de Cuiabá assumiu 
integralmente a manutenção da Escola Padre Agostinho Colli, na administração do então prefeito Manoel 
Antônio Rodrigues Palma. Por meio do Decreto nº 418/1975, alterou a redação do art. 1º dos Decretos nº 9; 
10; 11/1969 e nº 10 e 11/1971 e ratificou todos os atos emitidos no período de prevalência da antiga redação. 
No Decreto nº 418/1975, a Escola de 1º Grau Rotary Patrono Padre Agostinho Colli e a Escola Ezequiel 
Pompeu Ribeiro de Siqueira (nomenclaturas da época), autorizadas em 1969, passaram a ter a denomina-
ção de Escolas Públicas Municipais de Cuiabá. Nesse mesmo dispositivo legal foram criadas as seguintes 
escolas: Escola Municipal Maria Dimpina LoboDuarte, Escola Municipal Filogônio Correa, Escola Munici-
pal Professora Tereza Lobo, Escola Municipal Alzira Valladares e Escola Municipal Hélio de Souza Vieira.
A Escola Municipal de Educação Básica Padre Agostinho Colli encerrou suas atividades de escolariza-
ção e foi desativada em 2012, atendendo sua última turma de alunos em 2013, na esteira dos seus 44 anos 
de funcionamento, e passou a funcionar como arquivo da educação e, hoje, a SME tem como proposta a 
criação do primeiro Museu da Educação de Cuiabá no espaço da escola desativada.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 21
O final da década de 80 foi um período de muitas modificações na Secretaria Municipal de Educação de 
Cuiabá (SME) e nas unidades educacionais, envoltas no processo de redemocratização vivido pela socieda-
de brasileira no decorrer da década de 80, que obteve sua maior expressão a partir da Constituição Fede-
ral de 1988. Como aponta Maldonado (1993), esse processo transformou-se em uma referência histórica, 
fundamental na construção do processo da Gestão Democrática na Educação.
Em 1988, realizou-se o concurso para professores e o primeiro teste seletivo para supervisor escolar9 
e, por influência deste teste, surgiu a necessidade de uma formação com ênfase na elaboração do plano 
de ação dos supervisores. Em razão disso, foi solicitado a esses profissionais que, primeiramente, diag-
nosticassem a realidade da unidade educacional para ter uma matriz analítica, isto é, um documento que 
mostrasse os problemas enfrentados nas escolas municipais naquele momento, com análise, sugestões 
e propostas.
 Assim, os supervisores evidenciaram os aspectos problemáticos apontando algumas propostas para a 
resolução dos problemas encontrados nas unidades. Um dos principais problemas destacados foi a falta 
de um programa que orientasse as ações da escola na elaboração de suas propostas pedagógicas. O currí-
culo se resumia a uma lista de conteúdo elaborada por técnicos da Secretaria e, nesta, o conteúdo de cada 
disciplina era programado para cada série escolar. 
 Com o plano de ação do supervisor escolar e subsidiada pela matriz analítica, a atenção da Secretaria 
Municipal de Educação e das unidades educacionais passou a ser, naquele momento, as propostas curricu-
lares; entretanto, não mais elaboradas pelos técnicos e sim nas próprias unidades. 
E, para consolidar o princípio da participação democrática, instituiu-se a Gestão Democrática no ano 
de 1987. Os diretores das escolas passaram a ser eleitos e criou-se o Conselho Deliberativo Escolar. Dessa 
forma, “[...] as escolas passaram a ter autonomia para elaborar suas propostas curriculares com o envolvi-
mento de professores, direção, alunos e comunidade externa”. (CUIABÁ, SME, 1994 p. 7). Ainda que len-
tamente, o processo da construção de uma proposta curricular participante desenvolvia-se nas escolas 
tendo como seu maior suporte a Gestão Democrática.
Em 1989, a diretriz da política educacional da Rede Municipal deixada pela gestão do período político 
anterior foi a questão curricular. Uma prática pedagógica de caráter teórico-prática e participativa esta-
va aflorando pela primeira vez, tanto no trabalho dos técnicos da Secretaria, como dos supervisores das 
escolas: a participação de membros das escolas na elaboração de currículos. Porém, diante de uma nova 
conjuntura político-partidária, a tão aclamada participação na elaboração dos currículos foi interrompida 
e em 2 de outubro de 1991 a gestão democrática foi suspensa das escolas por ação cautelar. Os diretores 
eleitos foram destituídos de seus cargos.
Em 1992, ocorre uma nova mudança no cenário político e a proposta foi “[...] retomar e aperfeiçoar a 
gestão democrática no sistema municipal de ensino” (PLANO DE GOVERNO, 1992) e, em 10 de novembro 
de 1993, a Lei nº 3201 - Lei da Gestão Democrática do Ensino na Rede Pública Municipal de Cuiabá foi 
instituída. Os elementos básicos da gestão democrática propostos para essa lei foram: a constituição dos 
Conselhos Escolares Comunitários, a eleição de diretor da unidade escolar e a transparência de recursos 
financeiros à unidade escolar.
Concomitantemente à retomada do processo da gestão democrática, retomou-se também o processo 
de organização das propostas curriculares e, por meio de convênio com a Universidade Federal de Mato 
9 - Nomenclatura utilizada antes da Lei nº 3330, de 14 de julho 1994 - Lei Orgânica do Magistério Público Municipal de Cuiabá-MT.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá22
Grosso (UFMT), a SME elaborou em 1994 o Projeto Reorganização Curricular das Escolas da Rede Muni-
cipal de Cuiabá.
Foi percorrendo esse processo que os supervisores escolares e professores elaboraram as propostas 
curriculares. Essas propostas foram “[...] submetidas às assembleias nas escolas e foram aprovadas pelos 
Conselhos Escolares Comunitários” (CUIABÁ, SME, 1994, p. 7). Dessa forma, o processo participativo 
de elaborar as propostas curriculares nas escolas rompeu com as listas de conteúdo e instaurou uma 
prática sedimentada em Temas Geradores com os princípios pedagógicos da globalização e interdisci-
plinaridade.
Uma nova mudança veio no contexto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN, 
1996), quando, em 1997, na SME, têm início as discussões sobre a mudança da Escola Seriada para a Es-
cola Ciclada. Elaborou-se o projeto Saranzal, com a perspectiva de “dar uma nova organização aos tem-
pos e espaços para aprender”, pois a garantia da aprendizagem “[...] passa a ser uma meta fundamental 
quando pensamos em uma sociedade sem exclusão, voltada aos interesses da maioria” (SARANZAL, 
1997, p.11). 
As razões político-pedagógicas das discussões sobre a Escola Ciclada foram justificadas como:
Visão de continuidade dos avanços da prática curricular buscando a valorização do conhe-
cimento para acompanhar as transformações e evoluções da sociedade moderna. Busca de 
superação das dificuldades ainda existentes nos processos de ensino e aprendizagem, tais 
como: a fragmentação do percurso escolar; ausência de ações pedagógicas diferenciadas 
que atendam aos diferentes processos de aprendizagem dos alunos; descompasso entre 
qualidade e quantidade na avaliação da aprendizagem; descompasso entre os processos de 
avaliação e o seu resultado. (SARANZAL, 1997, p.11).
 Essas dificuldades citadas mostraram que a escola seriada apresentava problemas do ponto de 
vista da exclusão do estudante e da escola que fragmenta o percurso da aprendizagem. O projeto Saranzal 
foi debatido com a Rede, fundamentado e transformado na política educacional denominada Escola Sarã: 
Cuiabá nos Ciclos de Formação, publicado em 2000.
Como apresentado acima, a proposta da Escola Sarã inovou os processos de elaboração curricular e 
apontou para uma nova forma de organização da escola e sua gestão, considerando os tempos e espaços 
para aprender, trazendo como princípios democráticos a garantia de um ensino de qualidade e uma apren-
dizagem significativa para todos.
Entretanto, as ações de um Projeto Político-Pedagógico de rompimento com a concepção da divisão do 
ensino de caráter classificatório e excludente precisam ser atualizadas a partir de um constante repensar 
da prática pedagógica: currículo, avaliação, relação entre professores e alunos, entre outros aspectos, am-
parados pela qualidade no ensino em um processo inclusivo, interativo e de promoção dos sujeitos na so-
ciedade contemporânea. Este projeto se faz e refaz em um processo contínuo, responsável e democrático 
em conexão com os processos empreendidos pela dinâmica da sociedade.
Nesse sentido, a Escola Cuiabana reconhece os avanços trazidos pela Escola Sarã e outras propostas 
para a Rede Municipal de Educação. Porém, como mostram os dados apresentados neste documento, o 
processo avaliativo ainda não alcançou progressos suficientes no ensino, as oportunidades educacionais 
de inserção socialde todos os alunos ainda não estão equalizadas e, transcorridos aproximadamente vinte 
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 23
anos de elaboração da proposta da Escola Sarã, a sua revisão, atualização e incorporação de novos refe-
renciais teóricos e metodológicos são necessárias e urgentes.
1.4 Gestão Educacional e Marcos Legais
A tomada de decisão em propor ações de política educacional requer a ampliação da visão de gestão 
escolar e de gestão educacional para interagir e também agir, no sentido micro, da realidade escolar local 
onde ela está inserida com sua história e cultura, e ainda, no sentido macro, do sistema educacional com 
suas orientações e normatizações. Esta visão pressupõe adentrar na dimensão ampla da gestão da educa-
ção, baseada na organização dos sistemas de ensino federal, estadual e municipal e das suas incumbências 
para impulsionar as melhorias e as inovações necessárias no âmbito da gestão escolar, em um movimento 
processual de reflexão e ação, aberto a alterações com base nos resultados que se apresentam na prática 
pedagógica. 
Embora seja necessário avançar para uma colaboração bem mais efetiva entre os sistemas de ensino 
federal, estadual e municipal, um importante instrumento articulador da gestão educacional é o Plano Na-
cional de Educação (PNE)10 instituído pela Lei nº 13.005, de 25/06/2014, em consonância com a Constitui-
ção da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988). Este Plano traz vinte metas e diversas estratégias 
para a maior organicidade da educação nacional, visando ao compromisso com o esforço contínuo de eli-
minação de desigualdades históricas no país, construindo formas de colaboração cada vez mais orgânicas 
entre os sistemas de ensino (BRASIL, 2014). 
Destaca-se, neste contexto, a meta 7 do PNE (2014), que aborda o aprendizado na idade certa (já atua-
lizado pela BNCC/2017), a qualidade do ensino em todas as etapas e modalidades da Educação Básica e o 
alcance das médias nacionais para o Ensino Fundamental: 
A Meta 7 do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 diz respeito à melhoria da qua-
lidade da Educação Básica, enfocando, particularmente, a melhoria do fluxo escolar e da 
aprendizagem dos estudantes de modo a atingir, até 2021, as seguintes médias nacionais 
para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb): 6,0 para os anos iniciais do 
Ensino Fundamental (EF); 5,5 para os anos finais do Ensino Fundamental. (BRASIL, PNE 
2014, p. 113).
Assim, os entes federados compartilham responsabilidades sem negar suas atribuições próprias, pre-
vistas na Lei 9394/96. Neste caso, trata-se do Sistema Municipal de Ensino de Cuiabá11, que atende as de-
mandas por meio da integração com as políticas e planos educacionais do Estado e da União, planejadas no 
seu Plano Municipal de Educação, que é voltado, prioritariamente, para as primeiras etapas da Educação 
Básica, suas modalidades e as suas formas de articulação, entre as instâncias que determinam as normas, 
executam e deliberam no setor educacional. 
10 - Além do PNE, o Plano de Ações Articuladas (PAR) pode ser outro exemplo de elo entre as esferas governamentais. O PAR foi criado com a 
finalidade de diminuir as desigualdades educacionais existentes no Brasil e com a concepção de um sistema de articulação entres os entes federados, 
feito mediante adesão de cada município e visa à implementação de 28 diretrizes para a educação com foco no comportamento progressivo do Índice 
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), utilizado nacionalmente pela primeira vez em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação e Cultura (MEC).
11 - Amparado pela Lei nº 5.289/2009, que cria o Sistema Municipal de Educação de Cuiabá.
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá24
Assim, a SME, órgão responsável na esfera municipal pela política educacional, tem como objetivo ga-
rantir o atendimento de qualidade para todos os alunos desta rede, considerando os indicadores de aces-
so, permanência e progresso dos alunos, por meio de ações articuladas com os outros entes federativos. A 
Constituição Federal (1988) reconhece o Brasil como uma República Federativa formada pela união indis-
solúvel dos Estados e Municípios. E, ao se estruturar assim, o faz sob o princípio da cooperação, de acordo 
com os artigos 1º, 18, 23 e 60. 
O regime de colaboração previsto na Constituição Federal, entre os entes federados, é para 
evitar omissões ou sobreposições de ações, assegurar mais qualidade à educação escolar e 
melhor utilização dos recursos públicos destinados ao ensino. No seu art. 212, é garantida 
a quantidade mínima de recursos financeiros que o poder público é obrigado a aplicar em 
educação, assim a União aplicará anualmente, nunca menos de dezoito e os Estados, Distri-
to Federal e Municípios, vinte e cinco por cento no mínimo, da receita resultante de impos-
tos, para Manutenção e Desenvolvimento do Ensino – MDE. (CUIABÁ, PME 2015-2024). 
Ressalta-se que uma política pública assumida por todos explicita a vontade dos cidadãos, é transcendente 
de um governo para outro e tem o papel de zelar pelo direito à educação do munícipe, não apenas referente 
à sua responsabilidade constitucional de oferta. E, na essência desta compreensão, pretende-se superar um 
grande entrave da história da educação brasileira: a descontinuidade dos planos e das políticas educacionais. 
Em sintonia com os desafios da sociedade contemporânea e com características sistêmicas e de conti-
nuum que emerge este documento da Política Educacional de Cuiabá originando a proposta da Escola Cuia-
bana, amparado nos marcos legais: da Constituição Federal (1988), Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (9394/1996), Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013), Parâmetros Curricu-
lares Nacionais (1997), Lei nº 13.005, de 25/06/2014 (Plano Nacional de Educação/2014), Lei 10.111/2014 
(Plano Estadual de Educação de Mato Grosso/2014), Lei 5.949/2015 (Plano Municipal de Educação de 
Cuiabá/2015), Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), Lei n° 11.114/2005, (tornar obrigatório 
o início do Ensino Fundamental aos 06 (seis) anos de idade), Lei 11.274/2006 (Diretrizes e Bases da edu-
cação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o Ensino Fundamental).Assim como no 
Projeto Saranzal (CUIABÁ, 1997), Escola Sarã (CUIABÁ, 1999/2000), Diretrizes da Secretaria Municipal 
de Educação e a coletânea que a compõe (CUIABÁ, 2008), Legislações do Conselho Municipal de Educa-
ção de Cuiabá (CME/CUIABÁ), e os Compromissos Internacionais, entre outros marcos legais. E apresenta 
as estratégias político-pedagógicas para a Educação Básica no contexto do Sistema de Ensino Municipal.
1.5 Desafios à Gestão Educacional em Cuiabá
1.5.1 Atendimento na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá
A Rede Municipal de Ensino de Cuiabá disponibilizou 162 unidades educacionais para atender as etapas 
e modalidades de ensino ofertadas no ano letivo de 2018, sendo 50% formadas por Escola Municipal de 
Educação Básica (EMEB); 31,47% por Creches; 12,35% por Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI); 
4,94% por Escola Municipal de Educação Básica do Campo (EMEBC); e 1,24% por Centro Emergencial de 
Educação Infantil (CEEI), conforme atabela abaixo:
Política Educacional da Secretaria de Educação de Cuiabá 25
Tabela 1 - Atendimento unidades educacionais da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá
Unidades Educacionais Municipais de Cuiabá
Atendimento Educacional no ano letivo de 2018 Quantidade - unidades disponibilizadas
CEEI - Centro Emergencial de Educação Infantil 2
CMEI - Centro Municipal de Educação Infantil 20
CRECHES 51
EMEB - Escola Municipal de Educação Básica 81
EMEBC - Escola Municipal de Educação Básica do Campo 8
Total 162
Fonte: SME /DGGE/CGL/SIGEDUCA (2018).
No período de 2014 à 2018 a Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, apresentou aumento

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