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Atividade 1 - Malformações cardíacas Amanda Gonçalves Jesus da Silva M2 2020.2/ UFRJ Macaé Dextrocardia Consiste na anomalia posicional congênita mais frequente do coração, no qual o tubo cardíaco se dobra para a esquerda em vez de se dobrar para a direita. O coração encontra-se deslocado para a direita e há uma transposição, na qual o órgão e seus grandes vasos estão invertidos da esquerda para a direita. Caso não existam outras anomalias vasculares associadas, esses corações funcionam normalmente. Existem a dextrocardia com situs inversus e a isolada. A dextrocardia com situs inversus (transposição de vísceras tais como fígado) é congênita, autossômica e recessiva, que tem incidência de 1:10.000 na população. Nesse caso, é baixa a incidência de defeitos cardíacos associados. A dextrocardia isolada, por sua vez, apresenta a incidência de 1:30.000 em nascidos vivos e de 1:900.000 na população adulta, e a posição anormal do coração não é acompanhada pelo deslocamento de outras vísceras. Essa anomalia é comumente complicada por anomalias cardíacas graves, como um único ventrículo e transposição de grandes vasos. O diagnóstico dessa malformação é realizado por exames como o eletrocardiograma, exame físico e de imagens. Tendo conhecimento da dextrocardia, é possível um acompanhamento de problemas cardíacos relacionados e correções cirúrgicas caso necessário. Ectopia Cordis A ectopia "cordis" verdadeira é uma entidade rara onde o coração encontra-se parcial ou totalmente fora do tórax, resultado da falta do desenvolvimento adequado do esterno e da cavidade pericárdica por fusão incompleta das pregas laterais na formação da parede torácica durante a quarta semana. Normalmente, esta doença congênita está associada a defeitos intracardíacos complexos e a uma alta mortalidade. Na maior parte dos casos, a morte ocorre durante os primeiros dias após o nascimento, comumente por infecção, parada cardíaca ou hipoxemia. No entanto, os resultados clínicos têm melhorado para pacientes com ectopia do coração, e muitos têm sobrevivido até a fase adulta. Caso não existam defeitos cardíacos graves, o tratamento consiste na realização de uma cirurgia que cobre o coração com a pele. Em alguns casos de ectopia cardíaca, o coração faz protrusão, através do diafragma, para o abdome. Defeito do septo atrial (DSA) Consiste em uma abertura no septo interatrial, provocando derivação da esquerda para a direita e sobrecarga de volume do átrio e do ventrículo direitos. Esse defeito ocorre em aproximadamente 6 de cada 10.000 bebês nascidos vivos e surge da falha na fusão dos coxins endocárdicos dorsal e ventral. Caso seja grave, é provável a ocorrência de hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca congestiva e arritmias atriais. Os defeitos do septo atrial são responsáveis por cerca de 6 a 10% dos casos de doença cardíaca congênita. A maioria é isolada e esporádica, mas alguns fazem parte de uma síndrome genética, como por exemplo mutações do cromossomo 5, síndrome de Holt-Oram. O diagnóstico é confirmado por meio de um ecocardiograma. Os defeitos do septo atrial são classificados em: 1. Ostium secundum: um defeito na fossa oval na parte central ou no meio do septo atrial; 2. Seio venoso: um defeito na face posterior do septo, perto da veia cava superior ou veia cava inferior e frequentemente associado ao retorno anômalo das veias pulmonares direitas inferiores ou superiores para o átrio direito ou a veia cava; 3. Ostium primum: um defeito na porção anteroinferior do septo, uma forma de defeito do septo atrioventricular (defeito do coxim endocárdico). A maioria dos pacientes com defeitos do septo atrial pequenos ou moderados é assintomática. Mesmo grandes DSAs podem não causar sintomas em crianças pequenas. Derivações maiores podem desacelerar o ganho de peso na primeira infância e ocasionar intolerância a exercícios, dispneia aos esforços, fadiga e/ou palpitação em pacientes mais velhos. Passagem de microêmbolos da circulação venosa através do DSA (embolização paradoxal), quase sempre associado às arritmias, pode levar a eventos tromboembólicos cerebrais ou sistêmicos, como acidente vascular encefálico. A maioria dos pequenos defeitos do septo atrial centralmente localizados, ou seja, defeitos menores que 3 mm de comprimento, se fecha de forma espontânea. Esses defeitos provavelmente representam um forame oval patente distendido, em vez de DSAs secundum verdadeiros. No entanto, os DSAs ostium primum e DSAs do seio venoso não se fecham espontaneamente. DSAs moderados a extensos (evidência de sobrecarga do volume ventricular direito na ecocardiografia) devem ser fechados, tipicamente entre 2 e 6 anos de idade, através de intervenções cirúrgicas. Defeito do septo ventricular O defeito do septo ventricular (DSV) consiste na mais comum anormalidade cardíaca que acomete os nascidos vivos, representando cerca de 25% dos casos. Os DSVs ocorrem em qualquer parte do septo IV, mas o DSV membranoso é o mais comum. A maioria dos pacientes com um grande DSV tem um desvio de sangue maciço da esquerda para a direita. O fechamento incompleto do forame IV advém de uma falha no desenvolvimento da parte membranácea do septo IV. Ele também se origina da deficiência de prolongamento do tecido subendocárdico em seu crescimento e fusão com o septo aorticopulmonar e com a porção muscular do septo IV. Os defeitos do septo ventricular podem variar de pequenos orifícios, que podem causar um sopro cardíaco, mas nenhum sintoma, até orifícios maiores que provocam sintomas no começo da vida. Sintomas decorrentes de defeitos do septo ventricular maiores costumam se desenvolver quando o bebê tem entre seis e oito semanas de vida e incluem respiração acelerada, dificuldade para se alimentar, sudorese na hora de comer e ganho de peso lento. Esses sintomas sugerem que a criança está desenvolvendo insuficiência cardíaca. O DSV muscular é um tipo menos comum de defeito e pode aparecer em qualquer local da porção muscular do septo interventricular. Algumas vezes existem múltiplos pequenos defeitos produzindo o que às vezes é chamado de DSV em "queijo suíço". Os DSVs musculares provavelmente ocorrem em virtude da cavitação excessiva do tecido miocárdico durante a formação das paredes ventriculares e da parte muscular do septo interventricular. A ausência do septo IV - ventrículo único ou ventrículo comum - resultante da falta de formação do septo IV é extremamente rara e origina um coração com três câmaras. Quando há um ventrículo único, ambos os átrios se esvaziam através de uma válvula comum ou de duas válvulas AV, em uma única câmara ventricular comum. A aorta e o tronco pulmonar se originam de um único ventrículo. A transposição das grandes artérias e uma câmara rudimentar de saída estão presentes na maioria das crianças com ventrículo único. Alguns pacientes morrem durante a infância com insuficiência cardíaca congestiva O diagnóstico é realizado através de um ecocardiograma, que determina o tamanho e a localização do defeito e eventuais aumentos das cavidades do coração. No geral, as crianças com defeitos do septo ventricular pequenos não precisam de tratamento. No entanto, alguns DSVs localizados próximos à válvula aórtica podem causar o vazamento da válvula. Se a criança tiver regurgitação aórtica, os médicos costumam realizar cirurgia para fechar o DSV e, às vezes, fazer o reparo ou reposição da válvula aórtica. Forame oval permeável O forame oval permeável consiste no não fechamento do forame oval situado no assoalho da fossa oval, entre os átrios, que fica aberto durante o período gestacional, o que permite a circulação sanguínea plena no feto, já que os pulmões só começam a funcionar depois do nascimento. Esse é o mais comum dos defeitos do septo atrial, estando presente em 25% da população aproximadamente. O forame oval permeável advém de uma adesão incompleta entre a valva em forma de aba do forame oval e o septum secundum após o nascimento. Sua abertura não é tão significante e, por isso, geralmente não apresenta nenhum problema.Em 75% dos casos, o forame oval se fecha com a primeira respiração do bebê. Quando isso não acontece, uma pequena parte do sangue oxigenado se mistura com sangue pobre em oxigênio. O forame oval patente pode ser originado por reabsorção do septum primum em locais anormais, pela reabsorção excessiva do septum primum, por um forame oval muito grande ou a combinação de um forame oval muito grande e reabsorção excessiva do septum primum. As complicações geralmente acontecem em decorrência de coágulos sanguíneos, que normalmente seriam filtrados nos capilares pulmonares. Com a abertura fornecida pelo forame oval, esses trombos venosos podem passar diretamente para o ventrículo direito, sem passar pelos pulmões e sua filtração, o que pode ocasionar um derrame. O forame oval permeável pode ser detectado por meio de um ecocardiograma. A investigação de um possível forame oval permeável acontece quando um paciente tem enxaquecas persistentes, ou após um quadro de AVC. O tratamento da condição geralmente não é cirúrgico, sendo recomendado anticoagulantes. Em raros casos é recomendado cirurgia de peito aberto ou fechamento de catéter para realizar a obliteração do forame oval. Tronco arterioso persistente No tronco arterioso persistente, o tronco primitivo não se divide em artéria pulmonar e aorta, resultando em um único e grande tronco arterial que se sobrepõe a um grande defeito do septo ventricular (DSV) que e supre as circulações sistêmica, pulmonar e coronariana. Estudos recentes indicam que a parada do desenvolvimento do trato de saída das válvulas semilunares e do saco aórtico no embrião precoce está envolvida na patogênese das anomalias do TA. O tipo mais comum de TA é um vaso arterial único que se ramifica para formar o tronco pulmonar e a aorta ascendente. No segundo tipo mais comum, as artérias pulmonares direita e esquerda surgem bem juntas da parede dorsal do TA . Durante as primeiras semanas de vida, os bebês têm geralmente uma leve cianose e sintomas e sinais de insuficiência cardíaca, incluindo falta de ar, respiração acelerada, má alimentação e sudorese. O diagnóstico é confirmado por meio de um ecocardiograma. O tratamento consiste em reparo cirúrgico e tratamento médico voltado para insuficiência cardíaca (p. ex., diuréticos, digoxina, inibidores da ECA) antes da cirurgia. Transposição dos grandes vasos A transposição das grandes artérias (TGA) é a causa mais comum de doença cianótica do coração em crianças recém-nascidas. A TGA está frequentemente associada a outras anomalias cardíacas. Os defeitos DSA e DSV associados permitem algum intercâmbio entre as circulações pulmonar e sistêmica. Por causa dessas anomalias anatômicas, o sangue venoso sistêmico desoxigenado, retornando do átrio direito, entra no ventrículo direito e em seguida passa para o corpo através da aorta. O sangue venoso pulmonar oxigenado volta, através do ventrículo esquerdo, para a circulação pulmonar. Por causa do forame oval patente, há alguma mistura de sangue. Os sintomas ficam evidentes ao nascimento e incluem cianose grave e dificuldade respiratória que tem início ao nascimento. O diagnóstico é feito mediante um ecocardiograma. Quanto ao tratamento, alguns médicos administram uma prostaglandina por via intravenosa a alguns bebês para manter o canal arterial aberto, já que isso aumenta o fluxo sanguíneo nos pulmões e aumenta a saturação de oxigênio no sangue. No entanto, sem a correção cirúrgica da transposição, essas crianças comumente morrem em poucos meses. Divisão desigual dos grandes vasos A divisão desigual do tronco arterial ocorre quando a septação do TA acima das válvulas é desigual. Uma das grandes artérias é maior do que a outra. Como resultado, o septo aorticopulmonar fica desalinhado com o septo IV, surge de dois vasos e o maior comumente incorpora o DSV. Na estenose da válvula pulmonar, as cúspides da válvula pulmonar estão fusionadas e formam uma cúpula com uma estreita abertura central. Na estenose infundibular, o cone arterial (infundíbulo) do ventrículo direito é subdesenvolvido. Os dois tipos de estenose podem ocorrer juntos. Dependendo da intensidade da obstrução à corrente sanguínea, há um grau variável de hipertrofia do ventrículo direito. Esse problema é solucionado por meio de cirurgia cardíaca aberta, e uma das possíveis causas desses defeitos cardíacos é a migração anormal das células da crista neural, visto que essas são essenciais na septação aorticopulmonar. Tetralogia de Fallot A tetralogia de Fallot ou síndrome de maladie bleue (dança azul) consiste na malformação cardíaca cianótica congênita mais comum entre os bebês nascidos vivos. Essa síndrome engloba quatro malformações que levam à circulação de sangue pobre em oxigênio, sendo elas a estenose do tronco pulmonar, o defeito do septo ventricular, o deslocamento da aorta para a direita (dextroposição, por vezes também chamada de cavalgamento da aorta) e a hipertrofia do ventrículo direito. Os sintomas incluem cianose leve a grave, crises potencialmente fatais e um sopro cardíaco. Em bebês com tetralogia de Fallot, o principal defeito é uma divisão desigual do trato de saída, favorecendo a aorta, com o mau alinhamento do septo de saída em relação aos ventrículos direito e esquerdo. Esses defeitos propiciam a elevação da pressão do sangue no ventrículo direito, resultando em uma hipertrofia progressiva do ventrículo direito. O estreitamento da passagem do ventrículo direito restringe o fluxo sanguíneo para os pulmões. A restrição do fluxo sanguíneo faz com que sangue pobre em oxigênio do ventrículo direito flua através de um defeito do septo para o ventrículo esquerdo e então para a aorta (derivação direita-esquerda). Quanto mais sangue pobre em oxigênio circular para o corpo, mais azulado fica o corpo. A anomalia pode ser corrigida cirurgicamente com o alívio da obstrução do tronco pulmonar e com a reparação do defeito do septo ventricular. O tratamento também pode ser feito com a administração de prostaglandina por via intravenosa para manter o canal arterial do bebê aberto, já que manter o canal arterial aberto envia mais sangue aos pulmões e aumenta a saturação de oxigênio no sangue do bebê. Em casos de crise de hipercianose, a orientação é de acalmar o bebê e administrar oxigênio. Se tais medidas não surtirem efeito, morfina, hidratação intravenosa e medicamentos, como um betabloqueador ou fenilefrina podem ser administrados para melhorar o fluxo sanguíneo aos pulmões. Estenose e atresia aórtica (EA) Estenose aórtica (EA) é o estreitamento da valva aórtica, obstruindo o fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para a aorta ascendente durante a sístole. A estenose valvular causa um trabalho extra para o coração, o que resulta em hipertrofia do ventrículo esquerdo e sopros cardíacos. Na estenose subaórtica, há, frequentemente, uma faixa de tecido fibroso logo abaixo da válvula aórtica. O estreitamento da aorta resulta da persistência de tecido que normalmente degenera quando a válvula se forma. A atresia aórtica está presente quando a obstrução da aorta ou de sua válvula é completa. Essa anomalia pode ser congênita ou pode se desenvolver após o nascimento. Em pacientes idosos, o precursor mais comum da estenose aórtica é a esclerose aórtica, uma doença valvar aórtica degenerativa com espessamento das estruturas da valva aórtica por fibrose e calcificação inicialmente sem estenose causando obstrução significativa. Em pacientes com menos de 70 anos, a causa mais comum de estenose aórtica é a valva aórtica bicúspide congênita. A estenose aórtica congênita ocorre em 3 a 5/1000 nascidos vivos e afeta mais homens; ela está associada a coarctação e dilatação progressiva da aorta ascendente provocando dissecção. A estenose aórtica congênita é geralmente assintomática até aos 10 a 20 anos. Em todas as formas, a estenose aórtica progressiva e não tratada com o tempo resulta em síncope por esforço, angina e dispneia. Outros sinais e sintomas podem abranger aqueles da insuficiência cardíaca e arritmias, incluindo fibrilaçãoventricular que leva à morte súbita. O diagnóstico é realizado por meio de uma ecocardiografia. Quanto ao tratamento, ainda não se comprovou que alguma coisa desacelere a progressão da estenose aórtica. Os benefícios da intervenção só superam os riscos depois que os pacientes desenvolvem sintomas e/ou atendem certos critérios ecocardiográficos. Desse modo, os pacientes devem passar por avaliações clínicas periódicas, incluindo ecocardiografia e às vezes testes de esforço, para determinar o momento ideal para a substituição valvar.
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