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(14) 8 - 8- MPEHG - OS SABERES DE GEOGRAFIA E AVALIACAO

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METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
A Geografia e suas diferentes visões
À época do determinismo geográfico, a Geografia explicava que as forças ambientais (frio, calor, umidade excessiva, extrema aridez) atuavam sobre as pessoas, definindo suas características. 
Na prática, o determinismo geográfico era evidente na linguagem e no conhecimento do senso
comum, por meio das frases: “quem habita os trópicos é preguiçoso, não gosta de trabalhar, é ‘molenga’; os que vivem nos países onde o frio é intenso são mais espertos e inteligentes”. Por volta de 1930, esta tendência foi sendo repudiada, uma vez que seus pressupostos não tinham suporte teórico que os sustentasse.
Surge, então, a tendência denominada Geografia Regional. Agora, dizia-se que o campo próprio de trabalho da Geografia eram o espaço e os lugares geográficos. Os seguidores dessa tendência dedicaram-se à pesquisa e ao estudo das características dos lugares, bem como se preocuparam com a escolha de procedimentos sistematizados (métodos) para a divisão da terra em regiões definidas pelas semelhanças de vegetação, clima etc. Seus pressupostos teóricos foram levantados, dentre outros, por Vidal de La Blache e Richard Hartshorne. Cada um deles, por sua vez, também tinha as próprias explicações: o primeiro explicava que os estilos de vida humana é que definiam os diferentes perfis da Geografia; para o segundo, a Geografia se definia pela continuidade e descontinuidade de elementos geográficos (vegetação, clima, terra) de cada área.
Na década de 1950, a História registra uma grande realização: o homem chega à Lua, como resultado de muitos anos de dedicação científica e tecnológica. Logo após o lançamento do Sputnik, a Revolução Quantitativa caracteriza-se pelo esforço de a Geografia se redefinir como ciência. Seus seguidores, chamados de revolucionários quantitativos ou os “cadetes espaciais”, eram adeptos do positivismo das ciências naturais. Afirmavam que o fim último da Geografia era testar as regras gerais que até então definiam as várias regiões do globo terrestre. Para provar suas hipóteses, usavam o mesmo método das demais ciências: o estatístico. Desde então, o espaço geográfico foi matematizado e representado pelos índices de frequência (%) e, logo em seguida, conforme o desenvolvimento da tecnologia, também foi informatizado.
Como acontece com toda teoria, há os que a aceitam e os que a consideram imprópria para
explicar os fatos. Assim, em reação ao positivismo da última escola, forma-se a corrente intitulada Geografia Crítica ou Radical que, em seu início, foi representada pela dimensão humanista, surgindo assim a Geografia Humana, que contou com várias versões. Dentre elas, há que se destacar a Geografia Marxista, originada pela explicação dos princípios de Karl Marx. Nessa linha, ganharam destaque os cientistas sociais David Harvey e Richard Peet. Ainda atuante como fonte explicativa dos fenômenos geográficos, a Geografia Radical ganha uma nova versão: trata-se da versão pós modernista que explica a ação das relações sociais e espaciais pelas ideias do pós-modernismo e das teorias pós-estruturalistas.
No Brasil, Milton Santos e Aziz Ab’Saber destacam-se como representantes da Geografia Crítica. Milton Santos, ainda hoje, mesmo após seu falecimento (2001), é considerado por muitos o pai da Geografia Crítica. Escreveu textos e livros sobre a Geografia como ciência social, acusando a sociedade capitalista pelo estudo do espaço sob a mira do capitalismo ou da economia neoliberal. Também cabe ressaltar os estudos importantes do professor Jurandyr Ross, cujo trabalho foi o de mapear detalhadamente o relevo do solo brasileiro.
Linha do tempo da Geografia no contexto educacional brasileiro
1837 - O Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, é a primeira escola brasileira a incluir Geografia
nas disciplinas obrigatórias. A intenção é criar uma elite nacional capaz de ocupar quadros políticos e administrativos.
1900 - A área ganha espaço nas escolas de todo o país. Acredita-se que, conhecendo as características físicas do local, o sentimento de nacionalismo e patriotismo será despertado nos
estudantes.
1905 - O livro Compêndio de Geografia Elementar, de Manuel Said Ali Ida (1861-1953), propõe o estudo do Brasil por regiões, abrindo espaço para melhor conhecer o território nacional.
1934 - O departamento e o curso superior de Geografia são criados na Universidade de São Paulo. A maioria dos professores era da escola francesa e defendia a abordagem tradicional.
1966 - O livro Geografia do Subdesenvolvimento, de Yves Lacoste, é lançado no Brasil. Com a
publicação, as teorias da Geografia crítica começam a ecoar em todo o país.
1971 - Durante o período militar, Geografia e História são aglutinadas na disciplina Estudos Sociais. O governo acredita que o conhecimento dessas áreas é uma ameaça à hegemonia nacional.
1978 - Milton Santos (1926-2001), considerado o maior geógrafo do Brasil, publica o livro Por uma Geografia nova, no qual preconiza a importância do estudo das questões sociais.
1990 - Com a pesquisa que mostrou a deficiente formação dos estudantes americanos, se inicia um debate sobre o papel da disciplina no século XXI e os reais objetivos de aprendizagem.
1993 - Inaugurado o Núcleo de Pesquisa sobre Espaço e Cultura da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro, que divulga estudos e pesquisas realizados de acordo com essa abordagem.
1998 - A publicação dos PCNs lista os objetivos da disciplina. Os alunos precisam compreender as relações entre a formação da sociedade e o funcionamento da natureza com base na paisagem.
Os conteúdos no ensino de Geografia
Escola e professores devem ter consciência do ponto de partida para o ensino de Geografia: o que o aluno já sabe. Contudo, somente precisamos olhar para o espaço ao redor? O espaço em que habitamos e de onde viemos poderá estar ligado ao território de outros povos? Precisamos conhecer outros lugares, outras paisagens e estabelecer outras relações que não somente as da nossa origem?
Para responder a esses questionamentos, consultamos os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Conforme os PCN de Geografia e História:
“Embora o espaço geográfico deva ser objeto central de estudo, as categorias paisagem, território e lugar devem também ser abordadas, principalmente nos ciclos iniciais, quando se mostram mais acessíveis aos alunos, tendo em vista suas características cognitivas e afetivas. Portanto, devemos começar o ensino dessa disciplina a partir do que está mais próximo e seguir na direção do que está mais distante, porém com significado: o aluno cidadão tem direito ao conhecimento, sobretudo se pensarmos que, para muitos, a escola é a única fonte de estímulo ao saber”.
Ao falarmos da paisagem local próxima ao aluno como conteúdo geográfico, citamos novamente os PCN de Geografia e História:
“[...] dela fazem parte seu relevo, a orientação dos rios e córregos da região, sobre os quais se implantaram suas vias expressas, o conjunto de construções humanas, a distribuição da população que nela vive, o registro das tensões, sucessos e fracassos da história dos indivíduos e grupos que nela se encontram. É nela que estão expressas as marcas da história de uma sociedade, fazendo, assim, da paisagem uma soma de tempos desiguais, uma combinação de espaços geográficos”.
Enquanto os PCN nos instruem sobre as categorias de análise, surgem os conteúdos a serem
trabalhados no Ensino Fundamental, muitas vezes explorados pela mídia, que também ajuda na postura a ser adotada diante da realidade, mas confunde o real com o imaginário. Por isso, é recomendável que se recorra aos conhecimentos científicos como suporte às reflexões pertinentes ao espaço geográfico e ao referido lugar, senão corremos o risco de nos desviarmos do real.
Segundo Kozel e Filizola (2010), Coll e Teberosky (2008) e os PCN de Geografia (1997), alguns temas devem ser desenvolvidos no Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano, variando em grau de complexidade pela ampliação em profundidade e em extensão e que compreendam:
• a Geografiada vida cotidiana;
• a vida na cidade e no campo;
• a cidade inserida no Estado;
• a organização do espaço pelo trabalho;
• a vida nos diferentes espaços da sociedade;
• o conhecimento do planeta;
• a relação entre tecnologia e os espaços geográficos.
Assim, conforme a Declaração Internacional sobre Educação Geográfica, firmada pela Comissão de Educação Geográfica em 1992, em Washington, e ratificada em 2000, na reunião realizada em Seul, na Coreia do Sul:
• a Geografia como campo de estudos é essencial para a compreensão de nosso lugar no mundo e de como as pessoas interagem com as demais em seu entorno;
• a investigação e educação geográficas promovem e ampliam a compreensão cultural, a interação, a igualdade e a justiça em escala local, regional e global;
• todos os estudantes têm direito à oportunidade de desenvolver seus valores sociais, culturais e ambientais por meio da educação geográfica que promoverá seu desenvolvimento como pessoas geograficamente informadas;
• os geógrafos profissionais e educadores geográficos [devem] promover a educação geográfica global para fazer frente aos futuros desafios do desenvolvimento e o entorno natural.
Para que o ensino de Geografia na escola atinja tais propósitos, é preciso que se tenha muita clareza quanto aos pressupostos e objetivos da visão científica dessa área de conhecimento, dos conteúdos da dimensão pedagógica e democrática do cotidiano escolar e do compromisso dos profissionais envolvidos.
A Geografia tratada dessa maneira difere muito da de tempos atrás, quando os alunos eram obrigados a decorar os nomes dos acidentes geográficos e registrar esses mesmos acidentes no mapa, além de decorar as lições do livro didático e ouvir longas explanações do professor, sem direito a ter dúvidas.
Para a seleção dos conteúdos conforme os PCN de Geografia e de História, por meio do estudo dessa disciplina, os alunos podem construir atitudes, procedimentos e valores significativos para a vida em sociedade. Os conteúdos a serem tratados durante as aulas devem possibilitar o pleno desenvolvimento e a construção de uma identificação com o lugar onde vive e, “em sentido mais abrangente, com a nação brasileira, valorizando os aspectos socioambientais que caracterizam seu patrimônio cultural e ambiental”. Além disso, devem possibilitar desenvolver e aprimorar a tomada de consciência sobre o território nacional que é composto de muitas e diferentes culturas. Essas culturas dão perfil aos grupos sociais, povos e etnias que habitam a sociedade brasileira. Portanto, um dos critérios a serem usados para a seleção dos conteúdos é a preservação da diversidade nacional. Somos todos diferentes, porém iguais quanto à natureza e aos direitos, constituímos a tessitura do que chamamos identidade brasileira.
Há ainda que se levar em conta o desenvolvimento cognitivo da clientela em relação ao tempo e ao espaço, para que as atividades propostas pelo professor deem bons resultados nas interações sociais e nas aprendizagens. Uma pesquisa poderá ser proposta como estratégia de estudo e ser abordada do ponto de vista das interfaces com as demais disciplinas do Ensino Fundamental, mas, para isso, caberá ao professor conhecer como estão os recursos cognitivos do aluno.
Ao mesmo tempo, para que uma pesquisa seja desenvolvida com sucesso, há que se contar com alunos alfabetizados, senão as trocas simbólicas não acontecerão e a busca de informação será muito limitada, ocasionando empobrecimento no resultado final.
Nunca podemos esquecer de que, para muitos alunos, a escola é a única possibilidade de interação com o conhecimento, portanto há que se levar em conta as possibilidades formadoras desse ambiente no que diz respeito à construção de habilidades necessárias que muitas vezes parecem não lhes ser atraentes, mas que constituem o acesso aos bens socioculturais e à prática da cidadania.
Desta forma, nos primeiros anos de escolaridade, o estudo da Geografia deve voltar-se sobretudo para os temas relativos à presença e ao papel da natureza e sua relação com a ação das pessoas e dos grupos sociais e, de forma geral, da sociedade na construção do espaço geográfico. Para tanto, o conhecimento que o aluno traz de casa é a referência para a organização do trabalho do professor.
Citando mais uma vez os PCN de Geografia e História:
“O estudo das manifestações da natureza em suas múltiplas formas, presentes na paisagem local, é ponto de partida para uma compreensão mais ampla das relações entre sociedade e natureza. É possível analisar as transformações que esta sofre por causa de atividades econômicas, hábitos culturais ou questões políticas, expressas de diferentes maneiras no próprio meio em que os alunos estão inseridos. Por exemplo, através da arquitetura, da distribuição da população, dos hábitos alimentares, da divisão e constituição do trabalho, das formas de lazer e inclusive através de suas próprias características biofísicas pode-se observar a presença da natureza e sua relação com a vida dos homens em sociedade. Do mesmo modo, é possível também compreender por que a natureza favorece o desenvolvimento de determinadas atividades e não de outras e, assim, conhecer as influências que uma exerce sobre a outra, reciprocamente”. 
Não são apenas os impulsos subjetivos ou coletivos que definem as formas de ocupação dos espaços geográficos. Também há de se levar em conta as atividades econômicas, as questões políticas, os costumes que emergem da sociedade onde o aluno está inserido. Por outro lado, é preciso entender as características dos espaços, que muitas vezes podem impossibilitar determinadas ações transformadoras, o que contribui para a diferenciação entre os espaços geográficos.
Ao estudo da Geografia cabe também o destaque às diferenças entre a cidade e a zona rural, enfatizando as questões socioculturais e a própria diversidade ambiental. Aqui, cabe destacar a importância do papel do trabalho, das tecnologias, da sistemática da informação e da comunicação, bem como dos meios de transporte existentes na região em destaque.
Uma metodologia adequada a esses estudos poderá chamar a atenção sobre o processo histórico e as forças políticas que definiram as categorias (cidade e zona rural) tornando-as tão diferentes. As fotografias ou cenas da vida que caracterizam o antes e o depois são significativas como recursos metodológicos.
Atualmente, não só o trabalho produz mudanças nos estilos de vida e ritmos da cidade e do campo, a tecnologia também influi nas suas formas de relacionamento e na sua organização. Uma vez esses temas sendo selecionados, é interessante que se destaque como se relacionam com a vida cotidiana, qual seu papel no conforto e desconforto que trazem, os benefícios e malefícios que proporcionam. É possível comparar técnicas e tecnologias antigas e modernas, como o arado e o trator, a colheita manual e a mecanizada e avaliar o que é melhor para as pessoas e seu meio ambiente. Os mesmos temas podem analisar a distribuição da tecnologia na paisagem urbana e na rural levantando-se várias questões sobre as pessoas que têm acesso a elas, como são distribuídos o lazer, as escolas, os produtos de consumo; como são atendidas as preferências das pessoas, qual a sistemática de distribuição de remédios para a população carente de um e outro lugar.
Muitos outros questionamentos podem ser feitos. O que importa é que, na seleção dos conteúdos, os critérios de sua escolha impliquem atividades significativas e conhecimentos transformadores aos alunos. E para que essas atividades sejam significativas é necessário disponibilizar meios e ferramentas para que os alunos possam buscar respostas.
Mas quais são essas ferramentas da Geografia?
O fato geográfico
Segundo o geógrafo Milton Santos (2004), o espaço geográfico é a configuração territorial dos
objetos geográficos e seu conteúdo social, a vida que lhes dá sentido e os anima. Veja o exemplo seguinte.
Um vulcão se torna “fato geográfico” quando se localiza o lugar onde se encontra, quando são
examinadas suas características e origem e sepercebe ação e riscos sociais. Quando se examina a lava que expeliu e que, tempos depois, transformou-se em solo, justificando a ocupação humana e a atividade agrícola, exigindo estradas e tornando viável o comércio dos produtos cultivados e de outros tantos necessários a esses agricultores. Nesse caso, o vulcão é o “objeto geográfico” e é a análise de seu “conteúdo social” que lhe dá sentido e o anima.
Não existe um fato geográfico em um único fenômeno, seja esse acidente, um planalto ou uma
cidade, mas na análise cuidadosa desse fenômeno com seu entorno e suas muitas relações com as pessoas.
O texto e a carta geográfica
A linguagem, em seu sentido mais amplo, é um dos elementos essenciais à vida moderna e às ciências. Muito mais que um meio de comunicação entre pessoas, expressa o que se entende por “conhecimento”, pois a linguagem encarna as significações. Quando uma pessoa fala com você, ela não fala qualquer palavra, mas fala de coisas que possuem significados. Para quem fala, a palavra traduz um pensamento e, para quem escuta, a palavra que chega é o próprio conhecimento que se conquista. A linguagem não existe sem pensamentos, sem nada e, por esse motivo, é muito importante conhecer quais são as “linguagens” da Geografia, pois é através delas que se expressam os conhecimentos geográficos. Justamente por esse motivo, quem ensina Geografia deve estar muito atento a duas de suas mais importantes linguagens: o texto geográfico e a representação geográfica, isto é, a cartografia.
Os mapas nos permitem ter domínio espacial e fazer síntese dos fenômenos que ocorram em um determinado espaço e, por isso, representam outra linguagem imprescindível à Geografia, pois aprender “geograficamente” o texto é tão importante quando “aprender cartograficamente” um mapa e, nesse sentido, um essencial papel do professor é “alfabetizar cartograficamente” seus alunos.
A alfabetização cartográfica
O primeiro passo de um aluno em sua alfabetização cartográfica é aprender a ver um mapa ou carta geográfica, diferenciando a ação do verbo ver com a ação do olhar. Olhar não é algo que se aprende, pois, se temos olhos e eles funcionam, sua função é olhar, algo tão simples quanto o respirar. Mas ver é olhar com interesse, atenção, concentrando-se nessa tarefa para perceber coisas que o rápido olhar jamais percebe.
Não é necessário aprendermos a olhar, mas é importante que aprendamos a ver, ação essencial para quem pratica a alfabetização cartográfica. Todo aluno tem necessidade de ir se acostumando com as diferenças entre a linguagem escrita e a linguagem visual.
Mas o que se deve ensinar os alunos a ver em uma carta geográfica?
· O título: verificar se a informação nos conta de que natureza é a carta geográfica, destaca a que parte do lugar ela se refere.
· A escala do mapa: para que através dela se possa perceber a extensão da área mapeada, calcular distâncias e buscar ver a relação entre o espaço que se estuda e os espaços que se localizam em seu entorno, desde os mais próximos aos mais distantes. Todo mapa geográfico mostra uma parte singular e específica de um espaço maior que é o nosso planeta.
· A análise da localização da área mapeada: analisar significa decompor o todo em suas partes constituintes e, portanto, observar uma carta geográfica é proceder à leitura atenta de tudo quanto ela nos revela, vendo suas indicações e referências e compreendendo os sinais convencionais utilizados.
· A orientação espacial: é o sentido da posição geográfica.
· As correlações: ver como interagem os elementos naturais com os elementos humanos e perceber como a atividade destes caracteriza a visão econômica, a produção e os transportes.
· A síntese: concluir a leitura com um trabalho que permita explicar, comparar, classificar, descrever, associar e aplicar em outras situações a paisagem que o mapa ilustra.
Segundo Maria Elena Ramos Simielli (1999), a conquista do aluno e sua consequente alfabetização cartográfica supõem que o aluno domine:
• a visão oblíqua e vertical da área mapeada;
• a percepção tridimensional a partir da visão de uma imagem bidimensional;
• o domínio de palavras e expressões do alfabeto cartográfico;
• a identificação da escala e sua projeção em relação ao espaço real;
• a lateralidade e a orientação.
Trabalhos de campo e o estudo do meio
Por meio de uma atividade externa, os alunos têm a chance de descobrir uma nova Geografia e de percebê-la, não como tema restrito à sala de aula, mas como projeto de pesquisa no qual se aprende a olhar o objeto estudado e a atribuir-lhe sentido.
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