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Livro - Perícia_Contábil_inc

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Perícia Contábil 
1 
Perícia Contábil 
André Cantareli da Silva 
1ª
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o 
Perícia Contábil 
2 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: André Cantareli da Silva 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
S586p Silva, André Cantareli da. 
Perícia contábil / André Cantareli da Silva ; revisão Rafael 
Dias de Carvalho Moraes ; ilustração Eduardo Bordoni e 
Fabrício Ramos. 1.ed. – Niterói, RJ : EAD/UNIVERSO, 2016. 
119p. : il. 
 
 
1 Perícia contábil - História. 2. Contabilidade. 3. Auditoria 
contábil. 4 . Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de 
Carvalho. II. Bordoni, Eduardo. III. Ramos, Fabrício. IV. Título. 
 
CDD 657.45 
Bibliotecária responsável: Ana Marta Toledo Piza Viana 
CRB 7/2224 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Perícia Contábil 
3 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o 
momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Perícia Contábil 
4 
 
Perícia Contábil 
5 
 
 
Sumário 
 
Apresentação da disciplina.................................................................................................................................... 7 
Plano da disciplina ...................................................................................................................................................... 9 
Unidade 1 – Aspectos históricos, legais, sociais e conceituais da perícia contábil................. 11 
Unidade 2 – Fundamentos teóricos e éticos da perícia contábil...................................................... 25 
Unidade 3 – A ética e a Contabilidade............................................................................................................. 43 
Unidade 4 – Processualística e operacionalização da perícia contábil ......................................... 59 
Unidade 5 – Fraudes em Contabilidade ......................................................................................................... 83 
Unidade 6 – Aplicações – modelo burocrático pericial – cartas, mandados, petições......... 99 
Considerações finais .................................................................................................................................................. 109 
Conhecendo o autor.................................................................................................................................................. 111 
Referências ...................................................................................................................................................................... 113 
Anexos ............................................................................................................................................................................... 115 
 
Perícia Contábil 
6 
Perícia Contábil 
7 
 
 
Apresentação da Disciplina 
 
Cada vez mais a Contabilidade vem ocupando seu espaço nas organizações e 
nos negócios, diante de um mundo cada vez mais globalizado. 
Sua importância é indiscutível, pois além do seu caráter legal obrigatório as 
informações contábeis ultrapassam os limites da construção do Balanço 
Patrimonial, desbravando novas áreas e criando informações cada vez mais 
necessárias ao controle e ao processo de tomada de decisão. 
Dessa forma, encontra-se a Perícia Contábil, que utilizando-se dos métodos da 
perícia, agrega valor pelo conhecimento da Contabilidade, suas regras e legislação 
específica, para contribuir em detectar atos ou fatos considerados ilícitos, como 
fraudes por exemplo. 
A atividade em si cria uma oportunidade de trabalho para o profissional 
contábil, como Perito Contábil, muito solicitado nos Fóruns e em processos cujo o 
conhecimento da Contabilidade se faz necessário. 
Assim sendo, esta disciplina traz para o aluno as orientações necessárias para a 
formação do conhecimento sobre Perícia Contábil, suas aplicações, o 
comportamento do perito, a documentação necessária para o desempenho 
eficiente da função, debate um pouco sobre a questão da ética, entre outros 
saberes necessários ao bom desempenho da profissão. 
Esteja assim, aluno ou aluna, preparado (a) para um universo novo a ser 
descoberto através deste curso EAD da Universo. 
Perícia Contábil 
8 
Perícia Contábil 
9 
 
Plano da Disciplina 
 
A disciplina contém 6 unidades desenvolvidas com o objetivo geral de tornar a 
Perícia Contábil uma disciplina produtiva, dentre as outras já apresentadas. 
Na unidade 1, serão estudados os aspectos históricos, legais, sociais e 
conceituais referentes à Perícia Contábil, objetivando apresentar ao aluno (a) os 
princípios que regem a disciplinae justifiquem à sua existência. 
Na unidade 2, os fundamentos teóricos e éticos são apresentados e indicados 
a sua aplicação. 
A unidade 3 trata da ética e da Contabilidade, como ciência que preza pela 
seriedade. 
Todo o meio pelo qual a perícia deverá acontecer, encontra-se na unidade 4 
que trata do processo e operação da mesma, fazendo uma relação entre ela e o 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. 
A unidade 5 trata da fraude em contabilidade e os tipos e modos nos quais 
pode ser detectada, considerando ainda a questão dos vícios em documentos, 
registros e demonstrações. 
Concluindo o trabalho, a unidade 6 trata das aplicações da Perícia, bem como 
apresenta os modelos documentais necessários para o bem desempenho da 
perícia contábil. 
 
 
Bons estudos! 
 
Perícia Contábil 
10 
 
 
Perícia Contábil 
11 
Aspectos Históricos, Legais, 
Sociais e Conceituais da 
Perícia Contábil 1 
Perícia Contábil 
 
12 
 
Caro aluno, 
Nesta unidade, você terá conhecimento sobre os aspectos básicos da Perícia 
Contábil, sobre o Perito e sobre o Assistente Técnico. 
 
Objetivos da unidade: 
 Conhecer os aspectos iniciais, relevantes, sobre a disciplina. 
 
Plano da unidade: 
 Introdução – Aspectos históricos e legislação básica 
 Conceitos de perícia, perito e assistente técnico 
 
Bem-vindo à primeira unidade de Estudo. 
Sucesso! 
 
Perícia Contábil 
 
13 
 
Introdução – Aspectos históricos e legislação básica 
 
Toda disciplina tem uma origem histórica e essa informação contribui para seu 
entendimento. Com a Perícia Contábil não foi diferente. A origem da disciplina ou a 
ação em si confunde-se com o início da perícia propriamente dita. 
Como perícia pode-se entender com um conhecimento especial ou habilidade 
e destreza em uma atividade ou área específica, neste caso contábil. Perícia 
também é considerada a qualidade de perito (FERREIRA, 2004). 
Sá (2011) lembra que “no Brasil, a matéria sobre “perícia contábil” foi pela 
primeira vez incluída para debate perante um evento da classe no I Congresso 
Brasileiro de Contabilidade em 1924”, vindo ainda neste mesmo conclave, segundo 
o autor, a dividir em três funções profissionais: Contador, Guarda Livros e Perito. 
 
Importante! 
Observou-se nesse evento a necessidade de oficialização da perícia 
judicial e que quando criados os Conselhos de Contabilidade, os mesmos deveriam 
fiscalizar o trabalho dos peritos. Sá (2011) declara que no século XX, nas primeiras 
décadas, houve uma crise ocorrida no setor de profissionais de perícias. Havia, 
segundo ele, uma “indústria de falência”, ou seja, uma intensa ação de criar 
situações falsas nos balanços, gerando fechamento de empresas. 
 
Em 1924, ainda, o contador Emílio de Figueiredo contou a respeito de tal crise, 
declarando que nem mesmo os grandes líderes da época não foram livrados dos 
ataques sem justificativas, por suas reações contrárias ao evento, sendo vitimado 
inclusive, o professor Carlos de Carvalho (SÁ, 2011). 
A primeira obra de referência sobre a perícia contábil é “Perícia em 
Contabilidade Comercial”, do Professor João Luiz Santos, tendo sua segunda 
edição publicada pela editora Jornal do Brasil em 1928 (SÁ, 2011). 
Perícia Contábil 
 
14 
No ano seguinte foi publicado o decreto 5.746, que tinha por fim atribuir ao 
Contador, e somente a ele, a tarefa da perícia. Em 1931, foi criada a Câmara de 
Peritos Contadores, tendo como fundador o Professor Erymar Carneiro, que fora 
posteriormente membro do CFC – Conselho Federal de Contabilidade (SÁ, 2011). 
Em 27 de maio de 1946, Com a criação do Conselho Federal de Contabilidade, 
pelo Decreto-Lei 9.295, que definiu as atribuições do Contador, “se pode dizer 
institucionalizada a perícia contábil, no Brasil” (MAGALHÃES, 2012), mais 
detalhadas ficaram condições para a perícia contábil. 
A partir de então, o Contador tendo sua profissão regulamentada fez-se 
privativa a ele a atividade de perícia (SÁ, 2011). Outras legislações ainda viriam para 
complementar e até mesmo modificar aquelas. 
 
Importante! 
Outros Decretos-Lei podem ser destacados no que diz respeito à 
perícia: Decreto-Lei 8.579 de 08 de janeiro de 1946; Decreto-Lei 7.661, de 21 de 
junho de 1945, que trata sobre falência, alterado pela Lei 4.983, de 18 de maio de 
1946, “que estabeleceu regras de perícia contábil, que são claras ao definirem esta 
atribuição ao Contador” (MAGALHÃES, 2012). 
 
Sá (2011) vai destacar que na década de 1950 a apareceu a mais destacada 
obra sobre perícia, do professor Francisco D’Áuria, publicado em dois volumes pela 
Editora Nacional. O autor ainda destaca que nas décadas seguintes surgiram outras 
publicações, porém, somente nas últimas décadas do século XX, houve 
crescimento da literatura sobre perícia. 
Pode-se inferir daí que houve provável aumento da demanda pela atividade 
de Perícia Contábil. Foram décadas movidas por escândalos internacionais de 
empresas que fraudaram suas demonstrações contábeis, com o intuito de se 
favorecerem ou favorecerem seus gestores. Caso clássico da empresa Enron nos 
Estados Unidos, no início dos anos 2000, o que fez com que surgisse a lei Sarbanes-
Oxley (BORGERTH, 2008). 
Perícia Contábil 
 
15 
Magalhães (2012) vai destacar ainda que somente no Código de Processo Civil 
de 1973 (Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973), considerando suas modificações e 
complementos ao CPC, foi a partir de então que a perícia judicial passou a contar 
com legislação ampla, clara e aplicável, tendo ainda a legislação trabalhista e 
comercial. 
No tocante às questões técnico-contábeis, o destaque é para o Conselho 
Federal de Contabilidade que as produz, de forma elucidativa e esclarecedora. 
Dessa forma, pode-se observar que em meio a todas essas normas estabelece-se a 
perícia contábil (MAGALHÃES, 2012), o que determina de início a necessidade de 
atenção a essa legislação bem como as que podem surgir a partir das demandas do 
processo de execução em si. 
 
 
Leitura Complementar 
Sugestão de leitura: Lei Sarbanes-Oxley e Lei 5.869/73. 
 
 
Conceitos de perícia, perito e assistente técnico 
 
Como apresentado no item anterior, perícia é com um conhecimento especial 
ou habilidade e destreza em uma atividade ou área específica. Perícia também é 
considerada a qualidade de perito. 
Para Alberto (2012), a Perícia pode ser definida como “um instrumento 
especial de constatação, prova ou demonstração científica ou técnica, da 
veracidade de situações, coisas ou fatos”. Pode-se completar que é o meio pelo 
qual, utilizando-se de um conhecimento técnico, no caso a Contabilidade, possa-se 
estabelecer um juízo de valor pautado em fatos e não em suposições. 
Perícia Contábil 
 
16 
Completa o autor que a perícia é 
“um modo definido, delimitado, é um instrumento 
portanto, e este, por sua vez, é especial porque se 
concretiza por uma peça ou relatório com características 
formais, intrínsecas e extrínsecas, também definidas, no 
caso o laudo pericial” (ALBERTO, 2012). 
 
O laudo pericial é a materialização, fundamentada de “forma científica ou 
tecnicamente, dos procedimentos utilizados para a constatação, prova ou 
demonstração conclusiva sobre a veracidade do estado do objeto” periciado 
(ALBERTO, 2012). 
Para Magalhães (2012), “entende-se por perícia o trabalho de notória 
especialização feito com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma 
autoridade formal”, tanto para uma autoridade devidamente formalizada em um 
julgamento quanto para dirimir conflitos, completa ainda o mesmo autor. 
A perícia tem dupla finalidade, podendo ser para efeito de prova ou opinião 
profissional sobre determinado assunto, segundo Magalhães (2012), que destaca o 
Código de Processo Civil, em seu artigo 145, que determina a assistência por parte 
de um perito caso o Juiz dependa de um conhecimento técnico ou científico. 
O autor lembra, ainda, que não há um conceito expressona legislação e nem 
na escassa bibliografia sobre o tema. Destaca que o CPC não a conceitua, porém 
estabelece “normas e procedimentos processuais, e quais as condições legais 
quanto à habilitação dos profissionais para o exercício da perícia judicial”. 
(MAGALHÃES, 2012). 
 
Importante! 
Assim, pode-se dizer que perito é o profissional capaz, habilitado e com 
idoneidade moral para realização da perícia. No tocante a esta disciplina, 
aqueles contadores com nível superior, habilitados pelos seus respectivos 
Conselhos e quando autorizados pela justiça, poderão exercer a função de peritos 
contábeis, uma oportunidade profissional cada vez mais solicitada e com poucos 
habilitados. 
 
Perícia Contábil 
 
17 
É o que trata a lei 7.270 de 10 de dezembro de 1984, que em seu artigo 1º e § 
1º, descreve “os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, 
devidamente inscritos no órgão de classe competente”. No § 2º, continua a lei: “os 
peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, 
mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos” (PLANALTO, 
2016). 
Assim, todas as vezes que se precisa “de uma opinião válida, competente, de 
um entendedor, buscamos um Perito” (SÁ, 2011). O autor lembra ainda que a 
palavra perícia tem sua origem no latim, Peritia, que significa conhecimento 
adquirido pela experiência, bem como experiência. 
Em Roma na antiguidade, “de tal forma se deu valor aos que entendia que 
perícia passou a designar Saber, Talento, tal como a empregou o historiador Tácito, 
em sua obra Anais, onde escreveu uma fase da História do Senado Romano (4,58) “. 
(SÁ, 2011). 
A tecnologia da Perícia, segundo Sá (2011), “é a que enseja opinião sobre 
verificação feita, relativa ao patrimônio individualizado (de empreendimentos ou 
de pessoas)”. Segundo o autor, esta verificação se dá por determinação ou é 
requerida, quando alguém pede uma opinião. 
A Norma Brasileira de Contabilidade – 13 (NBC-13), aprovada através de 
resolução do Conselho Federal de Contabilidade, define a Perícia Contábil como 
“conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar a instância 
decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, 
mediante laudo pericial ou parecer pericial contábil” (CFC, 2016). 
A NBC – 13 destaca ainda que o laudo ou parecer deverão estar em 
conformidade com “as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no 
que for pertinente” (CFC, 2016). Importante destacar que a Perícia Contábil Judicial, 
Extrajudicial e Arbitral, é de competência exclusiva do Contador, que naturalmente 
esteja nas condições já elencadas. 
Perícia Contábil 
 
18 
Para Sá (2011), a Perícia é “a verificação de fatos ligados ao patrimônio 
individualizado, visando oferecer opinião, mediante questão proposta”. Para que se 
apresente tal opinião, continua o autor, “realizam-se exames, vistorias, indagações, 
investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimento 
necessário à opinião” (SÁ, 2011). 
Segundo o mesmo autor, a formação do conceito de Perícia se dará por duas 
razões: 
1. A necessidade de se conhecer uma opinião de especialista em 
Contabilidade sobre uma realidade patrimonial, em qualquer tempo, em 
qualquer espaço, qualitativa e quantitativamente, em causas e efeitos; 
2. O exame do especialista sobre o que se deseja conhecer como opinião. 
 
 
Para refletir! 
Sá (2011), afirma que “trata-se de uma análise para produzir uma 
conclusão”, referindo-se ainda sobre a Perícia. 
Os limites da Perícia estão relacionados com o que se deve avaliar e somente 
isso, não permitindo ao Perito tratar do que não foi solicitado. Nessa hora, sua 
conduta moral e ética devem falar mais alto. Todo o seu conhecimento deve ser 
utilizado, sempre pautado na legislação, em normas de procedimento e conduta. 
Além disso, o sigilo será sempre importante e imprescindível. 
 
 
Considerando todas essas informações, Magalhães (2012) propõe outro 
conceito de Perícia Contábil como um 
 
trabalho que exige notória especialização no seio das 
Ciências Contábeis, com o objetivo de esclarecer ao Juiz de 
Direito, ao Administrador Judicial (Síndico ou Comissário) e 
a outras autoridades formais, fatos que envolvam ou 
modifiquem o patrimônio de entidades nos seus aspectos 
quantitativos. 
Perícia Contábil 
 
19 
 
Magalhães (2012) destaca, ainda, que a perícia reúne experiência e 
conhecimento. Ocorre através do exame de registros e documentos que 
originaram fatos, declarando sua autenticidade e dando sua opinião sobre “suas 
causas, essência e efeitos na coisa em lide”. A origem da perícia, conclui o autor, se 
dá pelo “interesse de pessoas litigantes, pelo interesse da justiça e, também, do 
interesse público”. 
O Perito passa a ter assim ou o seu trabalho, grande importância nos processos 
a que é chamado a avaliar. Juntamente com ele, após a alteração do Código de 
Processo Civil pela lei 8.455, de 24 de agosto der 1992, outro componente que 
surge na tarefa de perícia é o Assistente Técnico. 
De acordo com a referida lei, o Perito realiza a perícia propriamente dita, 
prepara o laudo que o subscreve. Ao Assistente Técnico, cabe apenas emitir um 
parecer sobre o laudo apresentado. Este pode ser contratado por uma ou pelas 
duas partes do processo. Compreende-se, assim, que a formação do Assistente 
Técnico deverá ser compatível com a do Perito. 
A Norma Brasileira de Contabilidade – P2 (NBC-P2), trata sobre as conceituação 
e competência do Perito, da independência, dos impedimentos, dos honorários, do 
sigilo, da responsabilidade e zelo, da utilização do trabalho de especialistas e a 
importância da educação continuada. 
Apresenta-se dessa forma um grande campo de atuação do perito. Quase ao 
infinito vão as possibilidades de realização de uma perícia, considerando 
naturalmente a abrangência das Ciências Contábeis (SÁ, 2011). 
Nesta unidade, foi possível conhecer os aspectos iniciais sobre a Perícia 
Contábil, o que contribui para apresentar a importância do trabalho de Perito. Na 
unidade seguinte, serão tratados os aspectos teóricos e éticos. 
Perícia Contábil 
 
20 
 
 
 
Leitura Complementar 
Sugestão de leitura: Lei 7.270/84 e NBC 13 
 
 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades dessa unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
 
Perícia Contábil 
 
21 
 
Exercícios – Unidade 1 
 
1.Ao analisar um processo referente à falência de uma organização, o Juiz 
poderá contar com um: 
a) Médico. 
b) Economista. 
c) Advogado. 
d) Contador. 
e) Administrador. 
 
2.Assinale uma das pré-condições que um contador precisa ter para realizar 
uma perícia: 
a) Se relacione com as partes do processo. 
b) Seja familiar do juiz. 
c) Esteja habilitado para tal. 
d) Não conheça a matéria. 
e) Não conheça os autos do processo. 
 
3.A função de perito contábil será fiscalizada por: 
a) Ministério Público Federal. 
b) Conselho Federal de Contabilidade. 
c) Associação Nacional de Peritos. 
d) Conselho Regional de Contabilidade. 
e) Associação Nacional dos Contadores. 
Perícia Contábil 
 
22 
 
4.A perícia contábil foi instituída no Brasil: 
a) Pela lei das Sociedades por Ações. 
b) Pela Lei das Falências. 
c) Pelo Decreto lei 9.925/46. 
d) Pelo Código de Processo Civil. 
e) Pela Constituição. 
 
5.A NBC 13 do Conselho Federal de Contabilidade determina que a perícia 
Contábil é: 
a) Conjunto de conhecimentos destinados a levar a instância judicial, 
decisão de elementos de prova para um litígio, mediante laudo pericial 
ou relatório que o represente. 
b) Capacidade técnica do Contador perito, que determina ao juiz a sentença 
que deve ser proferida, diante de um pedido de falência apresentado em 
juízo. 
c) Conjunto de procedimentostécnicos e científicos destinados a levar a 
instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa 
solução do litígio, mediante laudo pericial ou parecer pericial contábil. 
d) Conjunto de procedimentos técnicos e científicos utilizados por um 
economista para influenciar a decisão de um juiz sobre fato ou ato de 
falência em organizações. 
e) Conhecimento do Perito. 
Perícia Contábil 
 
23 
 
6.A perícia tem dupla finalidade, no que diz respeito ao posicionamento do 
profissional, podendo ser para efeito de: 
a) Conclusão e prova. 
b) Conclusão e averbação 
c) Prova ou conclusão 
d) Ajuizamento ou defesa. 
e) Prova ou opinião. 
 
7.Assinale a opção INCORRETA (Ministério da Educação. Universidade Federal 
do Piauí. Realizado por COPESE. Edital 06/2012). 
a) O perito deve utilizar os meios que lhe são facultados pela legislação e 
pelas normas concernentes ao exercício de sua função, com vistas a 
instruir o laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil com as peças 
que julgarem necessárias. 
b) A avaliação é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por 
critério técnico-científico. 
c) Enquanto o planejamento da perícia é um procedimento prévio 
abrangente que se propõe a estabelecer todas as etapas da perícia, o 
programa de trabalho é a especificação de cada etapa a ser realizada, 
devendo ser elaborado com base nos quesitos e/ou no objeto da perícia. 
d) Os documentos dos autos servem como suporte para obtenção das 
informações necessárias à elaboração do planejamento da perícia. 
e) Quando a perícia exigir a utilização de perícias interdisciplinares ou 
trabalho de especialistas, estes devem estar devidamente registrados em 
seus conselhos profissionais, quando aplicável, devendo o planejamento 
contemplar tal necessidade. 
Perícia Contábil 
 
24 
 
8.O Auxiliar Técnico após receber o laudo lavrado e assinado pelo Perito deve: 
a) Revisar os quesitos. 
b) Refazer a perícia. 
c) Falar com o juiz. 
d) Emitir parecer técnico. 
e) Assinar o laudo do perito. 
 
9.Defina, com suas palavras, Perícia Contábil: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10.Qual a importância do conhecimento técnico do perito contábil ao realizar 
a perícia? 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Perícia Contábil 
 
25 
2Fundamentos Teóricos e Éticos da Perícia Contábil 
 
Perícia Contábil 
 
26 
 
Caro aluno, 
Nesta unidade, serão apresentados os conceitos que embasam a atividade da 
perícia, o conhecimento que a fundamenta e as necessidades de se realizar a tarefa, 
bem como as irregularidades. 
 
Objetivos da unidade: 
 Conhecer os fundamentos da Perícia, a importância do comportamento 
ético do perito e do profissional de Contabilidade. 
 
Plano da unidade: 
 Funções e Fundamentos Contábeis 
 Necessidade de se fazer perícia contábil 
 Irregularidades administrativas 
 Irregularidades contábeis 
 
 
Bem-vindo à segunda unidade de Estudo. 
Sucesso! 
Perícia Contábil 
 
27 
 
Funções e Fundamentos Contábeis 
 
Para se entender bem a utilidade da Perícia, necessário se faz entender as 
funções e os fundamentos da Contabilidade, que vai muito além dos registros 
contábeis realizados através de um sistema ou até mesmo nos tempos da 
escrituração manual em livros. 
 
 
Importante! 
Como ciência, a Contabilidade reúne princípios e métodos específicos 
que favorecem meios de se alcançar o conhecimento inerente aos controles, 
gerando funções e apoiando o processo de tomada de decisão, desde a gestão de 
negócios até a Perícia. 
 
 
Um alerta é feito por Alberto (2012), quando escreve: 
 
(...) a Contabilidade é uma ciência e, como tal, se vale do 
método científico aplicável às ciências em geral, expresso, 
operacionalizado na realidade concreta com uma 
metodologia científica própria, às vezes lamentavelmente, 
confundida com uma simples técnica utilitarista. 
 
Para Magalhães (2012), a “Contabilidade tem, em última análise, função 
descritiva”. Porém o mesmo autor confirma que é necessário subdividir esta função 
de acordo com o grau ou relevância do patrimônio a ser registrado e controlado. 
Perícia Contábil 
 
28 
 
Propõe assim, uma subdivisão da função principal em três níveis: 
1. Subfunção escritural ou de registro; 
2. Subfunção expositiva ou demonstrativa; 
3. Subfunção interpretativa ou de análise. 
 
De fato, na primeira subfunção vemos a base de todo o trabalho da 
Contabilidade, reunindo, classificando e lançando os atos e fatos que geram as 
riquezas e o patrimônio das organizações. 
Na segunda subfunção, lembramo-nos da destinação das demonstrações 
contábeis quando se trata de uma sociedade anônima, e a obrigatoriedade de sua 
publicação. Mesmo em outras organizações não obrigadas a publicar suas 
demonstrações contábeis o mesmo pode ocorrer em níveis menores, como na 
comunicação interna, com o objetivo de apresentar aos colaboradores, a situação 
financeira daquela empresa. 
 
Importante! 
E, assumindo um caráter mais específico, a subfunção interpretativa ou 
de análise, engloba todas as ações tomadas a partir de detido estudo das 
demonstrações e de sua dinâmica de confecção. Pode-se dizer que nesta 
subdivisão encontra-se a Perícia Contábil. 
 
Aceitando que toda esta dinâmica desenvolve outras funções, Magalhães 
(2011), destaca denominando-as de Funções Complementares, sendo: 
1. Função administrativa; 
2. Função revisora; 
3. Função pericial. 
Perícia Contábil 
 
29 
 
Magalhães (2011), lembra que “as transações ou negócios contratados devem 
merecer adequado registro”, pois os fatos patrimoniais são para “registrar de 
acordo com os preceitos contábeis, revelando-se, então, função previsora ou 
preditiva”. Demonstra assim outras funções contidas dentro da função 
administrativa. 
Traduz-se a função administrativa “como cooperação na gestão 
administrativa/patrimonial, isto é, no conjunto de atos que tendem a consecução 
dos objetivos previstos para cada organização” (MAGALHÃES, 2011). 
Dessa forma, determina-se o planejamento contábil, os modos de controle, a 
formatação de documentação que atenda às necessidades da organização, tudo 
que colabore de forma eficiente com a gestão. 
No caso da função revisora, o mesmo autor a defende como que inerente à 
Contabilidade, uma vez que sempre a precisão dos lançamentos requer atenção, 
exatidão e conferência. Esta função é ou deve ser uma constante para que sejam 
eficazes os lançamentos, “continuamente para assegurar exatidão e verdadeira 
representação gráfica dos fatos contábeis” (MAGALHÃES, 2011). 
Pode-se destacar que “registro e demonstrações contábeis devem expressar 
rigorosamente a verdade dos fatos. E para que esse trabalho mereça maior 
confiança, é indispensável certificar a fidedignidade de tais registros” 
(MAGALHÃES, 2011). 
A função pericial, de outro modo, é esporádica, somente quando houver 
solicitação, ou seja, requisitada para “testemunhar a existência dos elementos 
patrimoniais e de situações do direitoe/ou econômico-jurídicas” (MAGALHÃES, 
2011). Ainda e sempre, deve-se realizar com todo o critério e cuidado. 
Um dos seus objetivos é o esclarecimento dos litigantes, caracterizando as 
“funções informativas ou opinativas dos contadores, tendo em vista os registros 
contábeis” (MAGALHÃES, 2011). A perícia tem por objetivo a geração de 
informação fidedigna. “A perícia origina-se da discriminação e definição de 
interesses e de controvérsia entre litigantes, é requisitada pelas partes interessadas 
ou autoridades judiciais” (MAGALHÃES, 2011). 
Perícia Contábil 
 
30 
Alberto (2012) acrescenta que a Perícia por ser uma parte ou uma “faceta” da 
ciência contábil, “será, de permeio e de consequência, influenciada por aquela 
metodologia científica concretizada, manifestada, na realidade” pela mesma 
Ciência Contábil. 
O autor ainda acrescenta que com segurança, conclui-se “que a atividade 
contábil tem caráter científico e técnico, já que este último – como modus operandi 
– decorre do primeiro” (ALBERTO, 2012). 
 
Necessidades de se fazer perícia contábil 
 
A Perícia Contábil, como visto, surge a partir de um solicitante, denominado de 
litigante, considerando uma demanda ou impasse, e torna-se necessária a opinião 
de um Contador Perito. 
Manifesto é que por alguma “imperfeição ou inadequação” (MAGALHÃES, 
2011) a perícia é solicitada a partir de alguma irregularidade. Esta irregularidade 
pode ser intencional ou não e por isso deve-se utilizar da opinião de um Perito. 
Dentre as irregularidades, podem-se classificar as administrativas e as 
contábeis (MAGALHÃES, 2011), que suscitarão tempo de avaliação e estudo para 
que seja apresentado o laudo pericial e o que está sendo investigado ser apurado. 
 
Importante! 
Um dos objetivos da Perícia é “a constatação, prova ou demonstração, 
sobre os princípios e instrumentos da Ciência Contábil, do ou sobre o objeto” 
(ALBERTO, 2012). Completa o autor o objetivo maior é a transferência da verdade 
contábil para o ordenamento – o processo ou outra forma – da instância decisória. 
Perícia Contábil 
 
31 
 
Ainda sobre o objetivo da perícia, Alberto (2012) destaca de forma 
complementar, que “a perícia contábil tem por objetivo geral a constatação, prova 
ou demonstração contábil da verdade real sobre seu objeto, transferindo-o, através 
de sua materialização – o laudo”. Mais adiante, será tratado sobre o laudo mais 
especificamente. 
Pode-se antecipar que o laudo é, portanto, “o ordenamento da instância 
decisória, judicial ou extrajudicialmente” (ALBERTO, 2012). 
Dessa forma, a perícia apresenta as provas necessárias ao que se pôs em busca, 
utilizando-se da técnica contábil para fazê-lo acusar ou absolver. É por isso, a 
Perícia “algo de especial e específico. São elas às vezes decisivas no julgamento. 
Onde se envolvem fatos patrimoniais de pessoas, empresas, instituições, onde 
esteja o diretor patrimonial está à perícia como auxiliar de primeira linha nos 
julgamentos” (SÁ, 2011). 
A perícia torna-se necessária, de acordo com Alberto (2012) em alguns pontos, 
conforme a experiência do autor, em que se espera: 
a) A informação fidedigna; 
b) A certificação, o exame e a análise do estado circunstancial o objeto; 
c) O esclarecimento e a eliminação das dúvidas suscitadas sobre o objeto; 
d) O fundamento científico da decisão; 
e) A formulação de uma opinião ou juízo técnico; 
f) A mensuração, a análise, a avaliação ou arbitramento sobre o quantum 
monetário do objeto; e 
g) Trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade, má-fé, 
astúcia ou fraude. 
Perícia Contábil 
 
32 
 
Pode-se dizer que a perícia, seja na forma judicial, semijudicial, extrajudicial ou 
arbitral, ela pode ser aplicada, nos casos de avaliações, verificações e apurações de 
haveres, bem como exame, análise de erros ou fraudes (ALBERTO, 2012). 
Acrescenta o autor sobre cada uma dessas ocorrências: 
a) Avaliações, verificações e apurações: é, senão a principal, uma das mais 
importantes aplicações da perícia contábil, pois que se inserem os 
haveres no próprio objeto da contabilidade, o patrimônio, e, 
naturalmente, o grande fator determinante dos dissídios individuais ou 
coletivos, concretos, potenciais ou latentes, se fundam, certamente, nos 
haveres de uma entidade (física ou jurídica) que, em menor ou maior 
parcela de tempo, encontram-se agregados ao patrimônio de outra 
entidade. 
b) Exame, análise e identificação de erros ou fraudes: neste caso, seja qual 
for o ambiente em que a perícia esteja atuando, este é o instrumento 
próprio para verificar, analisar examinar ou identificar situações 
patológicas da Contabilidade, como são os erros e fraudes. Todas essas 
aplicações de perícia contábil devem-se ressaltar, podem ocorrer na 
instância de inquérito, no processo judicial ou arbitral, ou ainda, 
extrajudicialmente (no capítulo 5 será tratado mais detidamente sobre o 
erro e a fraude). 
 
Alberto (2012) lembra ainda que a “quantificação, identificação, avaliação, 
análise, apuração ou arbitramento dos haveres são atividades típicas da perícia 
contábil”. Conclui informando, que a “perícia contábil, cuja finalidade principal é a 
de apontar os haveres monetariamente mensurados ou avaliados pode ser 
necessária em variadas situações, judiciais ou não” (ALBERTO, 2012). 
Perícia Contábil 
 
33 
 
Irregularidades administrativas 
 
Uma vez solicitada a avaliação de uma irregularidade administrativa, para a 
consecução da perícia será necessário considerar algumas questões, para não 
incorrer em erro aquele que a execute, bem como se deixar influenciar por 
medidas que tem por finalidade provocar o equívoco ou induzir ao erro. 
Pode-se utilizar o perito das técnicas de auditoria para identificar as 
irregularidades administrativas. Attie (2011), lembra que a integridade dos 
administradores deve ser considerada, logo no primeiro momento em que se 
prepara a auditoria, neste caso a perícia. 
A integridade dos administradores fala muito e pode indicar o caminho para a 
realização da perícia ou o ponto nos registros contábeis em que se deve mais ater o 
perito. Embora o caráter da perícia ser diferente da auditoria, ambas podem 
compartilhar de suas técnicas e meios de detecção de falhas. 
Como identificar, então, a irregularidade administrativa? Teoricamente tudo 
aquilo que está em desacordo com a legislação ou até mesmo com o planejamento 
da empresa é uma irregularidade. Porém, devem ser avaliadas aquelas que trazem 
maior prejuízo para a parte considerada prejudicada diante de um litígio que 
requeira uma perícia. 
Assim, Attie (2011) destaca alguns itens da auditoria que podem ser 
considerados na perícia: 
1. Verificar se não há negligência proposital nos controles internos da 
empresa; 
2. Os administradores ordenam os funcionários a concluir transações ou 
informações, provocando entendimento equivocado; 
3. Não confiar plenamente nos controles internos; 
4. Considerar a possibilidade de existência de conflito entre os 
administradores e o pessoal responsável pela elaboração das 
demonstrações contábeis. 
Perícia Contábil 
 
34 
 
Importante! 
A negligência proposital dos controles internos feita por parte dos 
administradores refere-se a todas as ações de relaxamento dos controles, para 
arbitrar indiretamente a responsabilidade dos subordinados, e assim tentar 
confundir o trabalho do perito. 
 
Utilizando-se por vezes da força do cargo, administradores ordenam, porém, 
sem registrar as ordens, como os funcionários devem proceder, mais uma vez com 
o intuito de confundir o perito, que poderá avaliar os procedimentos e compará-los 
com o que foi planejado. 
A documentação ou os registros contábeis podem possuir erros, detectáveis 
ou não, assim um cuidado redobrado ao considerar valores ou rubricas sem muito 
sentido para as atividades daquela organização. 
Um diálogo junto àqueles que exercem os lançamentose controles, iniciado 
com as questões técnicas e depois para a relação interpessoal entre os níveis 
hierárquicos, pode resultar em insatisfações declaradas, ou até mesmo em 
lamentações. 
Magalhães (2011) neste tocante destaca alguns itens sobre as irregularidades 
administrativas: 
1. Generalidade – a ação econômico-administrativa realizada pelos que 
tenham interesse pecuniário; 
2. Imperfeições – a ação administrativa desenvolvendo-se no sentido dos 
finais que se destina a massa patrimonial; 
3. Negligência – em matéria administrativa, a vigilância, zelo e ordem 
devem presidir os atos e fatos de gestão, objetivando alcançar as metas 
determinadas, lembrando que há falhas humanas; 
4. Erros – são expressões generalizadas de irregularidades, considerando 
que o que não é certo, real ou verdadeiro, está errado, podendo ser 
voluntários ou involuntários; 
Perícia Contábil 
 
35 
 
5. Infrações – a administração deve processar-se em conformidade com a 
legislação vigente em todos os aspectos, sejam eles ambientais, fiscais ou 
trabalhistas; 
6. Simulações – o interesse pecuniário, a ambição e a avidez pela conquista 
de riquezas, promovendo ações ardilosas, de astúcia e malícia com o fim 
de ludibriar outrem em proveito próprio; 
7. Adulteração – alteração de coisas e fatos de forma premeditada com o 
fim de enganar a outrem em benefício próprio; 
8. Fraudes – fraudar é enganar ou burlar a outrem em proveito próprio; 
9. Culpas – aquele que, por negligência, comete omissão é culpado; 
10. Responsabilidades – em se tratando de administração, responsável é 
aquele que se obriga a guardar e conservar a coisa, como legítimo dono. 
 
O perito, dessa forma, precisa atentar para todos os detalhes quando do 
planejamento da perícia contábil, considerando que, dependendo do que se vá 
periciar, alguém antes pensou como um perito pensaria para encobrir erros e 
fraudes. 
O conhecimento técnico será insuficiente se não houver certo grau de malícia, 
não que para isso seja preciso ver crime em tudo o que se analise. Não é para se 
tornar um “inquisidor”, mas ter o cuidado e atenção necessários à prática de uma 
perícia séria. 
Perícia Contábil 
 
36 
 
Irregularidades contábeis 
 
Uma administração mal sucedida ou intencionalmente voltada para vantagens 
pessoais torna a organização incapaz de produzir bons resultados. Uma das formas 
de se alterar os resultados é através da Contabilidade. 
Ocorre irregularidade contábil todas as vezes que os preceitos técnicos ou 
legais, estabelecidos pelas normas da Contabilidade e/ou as legislações são 
burladas. Como visto anteriormente, há de se pesquisar e verificar se o não 
atendimento às normas e às legislações foi voluntário por ação de 
má-fé ou involuntário por falta de conhecimento técnico. 
Tanto numa como em outra situação, uma vez caracterizada a irregularidade, a 
mesma deve ser esmiuçada para que se identifique de fato o motivo pelo qual se 
deu. Suscitando assim muitas ações judiciais para as quais se requer um perito 
contábil, sendo elas decisivas em um julgamento (SÁ, 2011). 
Magalhães (2011) referindo às irregularidades contábeis, cita alguns itens de 
atenção, da mesma forma que apresentou as irregularidades administrativas: 
1. Generalidades – irregularidades contábeis concorrem para as falhas de 
administração incorrendo em prejuízo. Falhas na administração podem 
causar falhas na contabilidade; 
2. Imperfeições técnicas – a organização do trabalho de Contabilidade 
obedece a planos previamente elaboradores e sua execução é orientada 
por normas predeterminadas. Ao profissional contábil se exige o mínimo 
de conhecimento técnico. 
3. Negligência profissional – todo contador que responde pela gestão 
contábil de uma organização deve mantê-la em dia e em boa ordem; 
4. Erros técnicos e de escrituração – a primeira distinção a fazer é a do erro 
substancial, o que se refere à essência, ou formal, que é a referência à 
apresentação, expressão de atributos das coisas; 
Perícia Contábil 
 
37 
 
5. Infração – o não cumprimento de uma determinação administrativa e, 
principalmente, legal, em parte ou no todo; 
6. Simulações – quando coisas e fatos administrativos incorrem em 
inverdades e não apresentam a realidade; 
7. Adulteração – quando da alteração, da emenda, das eliminações ou os 
acréscimos que alterem propositalmente os requisitos. Apresenta vício a 
contabilização que apresenta alterações posteriores, com o objetivo da 
falsificação; 
8. Fraudes – quando ocorre a intenção de lesão de interesses alheios; 
9. Culpas profissionais – imperfeições técnicas de organização e execução 
da contabilização, somadas as negligências, erros técnicos e de 
escrituração e outras irregularidades da escrita; 
10. Responsabilidades profissionais – voluntárias ou involuntárias as falhas, 
culpas, do profissional da Contabilidade e as consequências prejudiciais 
no patrimônio alheio. 
 
Sobre a negligência profissional, o autor destaca algumas ações que a 
caracterizam perfeitamente: formas inadequadas para a guarda e conservação dos 
livros, para apresentação de trabalho, acúmulo de documentos por escriturar, falta 
de asseio, ausência ou atraso nas verificações. 
 
Importante! 
Como consequência dessas negligências, haverá dificuldade para a 
realização do trabalho de revisão ou de perícia, diminuindo a força comprobatória 
da escrituração e podendo comprometer o próprio administrador (MAGALHÃES, 
2011). 
Perícia Contábil 
 
38 
Em Contabilidade, continua Magalhães (2011), 
 
O erro é de substância ou de conceito, quando se organiza 
plano de contas ou livros com impropriedades de indicação 
ou defeitos de função ou quando consideram ou 
classificam fatos de maneira que não significam a realidade 
ou verdade. 
 
Infere-se, então, que a perícia será dificultada em função da forma com que a 
escrituração, bem como as demais rotinas contábeis sejam negligenciadas. Ao 
observar tal fato, o perito deverá precaver-se para a emissão do seu laudo, pois o 
mesmo pode incorrer em erro por indução provocada por informação inadequada. 
Além disso, o autor fala das simulações. De forma geral, ele destaca a 
simulação de inventários, a simulação de operações ou negócios, de débitos e 
créditos, de despesas e prejuízos, de rendas ou lucros, da distribuição de lucros 
líquidos, de déficit ou superávit falso, situações aparentes ou falsas de balanços 
patrimoniais. 
Essas simulações podem gerar fraudes o que altera de fato lançamentos, 
valores de contas, lucros, classificação indevida de receita e despesa, omissão de 
recebimentos, saídas erradas de dinheiro, dentre outras falsidades praticadas com 
dolo, ou seja, intenção de fazer (MAGALHÃES, 2011). 
Como se vê, o perito deve considerar como possíveis todas essas 
irregularidades listadas, podendo encontrar outras ainda não catalogadas, 
considerando a criatividade humana. 
Conclui-se, assim, a unidade 2 que tratou dos fundamentos teóricos e éticos da 
Perícia Contábil. Na próxima unidade será tratada a questão da ética mais 
aprofundada e com enfoque especial na conduta ética do Contador. 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Perícia Contábil 
 
39 
 
Exercícios – Unidade 2 
 
1.Como se vê, o perito deve considerar como possíveis todas essas 
irregularidades listadas, podendo, considerando a criatividade humana, encontrar 
outras ainda não catalogadas. 
Assinale um dos fundamentos teóricos da perícia contábil: 
a) Função legal. 
b) Função trabalhista. 
c) Função acadêmica. 
d) Função contábil. 
e) Função histórica. 
 
2.Assinale uma das funções complementares da Contabilidade: 
a) Função descritiva. 
b) Função pericial. 
c) Função denominativa. 
d) Função judicial. 
e) Função operacional. 
 
3.Qualcaracterística possui a função revisora da Contabilidade: 
a) Periciar as demonstrações. 
b) Emitir o balanço patrimonial. 
c) Assegurar a exatidão dos fatos. 
d) Registrar os fatos ocorridos. 
e) Analisar as demonstrações. 
Perícia Contábil 
 
40 
4.Assinale um exemplo de irregularidade administrativa: 
a) Assinar o balanço com o contador. 
b) Contabilizar os fatos. 
c) Imprimir as informações contábeis. 
d) Negligenciar na gestão. 
e) Gerar o balancete de verificação. 
 
5.Fraude é: 
a) Alteração de atos e fatos. 
b) Atualização de valores pela inflação. 
c) Ocultar regularidades. 
d) Enganar a outrem ou burlar lei. 
e) Cancelar conta bancária. 
 
6.O que ocorre ao vender um produto em quantidade menor do que o que foi 
especificado na nota? 
a) Culpa. 
b) Simulação 
c) Infração. 
d) Adulteração. 
e) Coesão. 
Perícia Contábil 
 
41 
 
7.Quando o profissional da contabilidade não mantém os lançamentos em dia 
e não se preocupa com a gestão contábil da organização ele está cometendo: 
a) Adulteração de contrato. 
b) Ação beneficente. 
c) Negligência profissional. 
d) Imperfeições técnicas. 
e) Erros técnicos. 
 
8.O não cumprimento de uma determinação administrativa e, principalmente, 
legal, em parte ou no todo, caracteriza uma: 
a) Simulação. 
b) Adulteração. 
c) Negligência. 
d) Fraude. 
e) Infração. 
 
9.Cite um exemplo de irregularidade administrativa: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Perícia Contábil 
 
42 
 
10.Cite um exemplo de irregularidade contábil: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
Perícia Contábil 
 
43 
3A Ética e a Contabilidade 
Perícia Contábil 
 
44 
 
Caro aluno, 
O trabalho da Contabilidade deve estar pautado em ações éticas para que não 
haja distorções ou a possibilidade de desvios. Nesta unidade, serão tratados a ética 
e a Contabilidade. 
 
Objetivos da unidade: 
 Conhecer os conceitos de ética e contabilidade, bem como associar os 
conhecimentos e a conduta do profissional Contador. 
 
Plano da unidade: 
 O que é ética? 
 Aspectos históricos e formação ética 
 A Contabilidade e o comportamento ético 
 
 
Bem-vindo à terceira unidade de Estudo. 
Sucesso! 
 
Perícia Contábil 
 
45 
 
O que é ética? 
 
Antes de seguir com o estudo propriamente dito da perícia contábil, 
considerando que a unidade anterior falou da ética nessa atividade, faz-se 
necessário acrescentar algumas informações sobre este tema que precisa estar 
presenta no exercício da função de perito. 
O jurista Fábio Konder Comparato, em sua obra intitulada “Ética”, verdadeiro 
tratado sobre o tema, apresenta que a ética, conforme pensava Aristóteles, 
refere-se ao “agir humano considerado em si mesmo. Uma filosofia das coisas 
humanas” (COMPARATO, 2011). 
A ética é definida por Ferreira (2004) como: 
 
Estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar 
incessantemente a compreensão da realidade, no sentido 
de apreendê-la na sua totalidade, quer pela busca da 
realidade capaz de abranger todas as outras, o Ser, quer 
pela definição do instrumento capaz de apreender a 
realidade, o pensamento, tornando-se o homem tema 
inevitável de consideração. 
 
Corroborando com esta definição, Comparato (2011) vai destacar que o objeto 
da ética é o “estudo do supremo bem a que podem aspirar aos homens, isto é, a 
felicidade”. Entendendo a felicidade como a satisfação de tudo o que o homem 
aspira, inclusive, no que ele desenvolve com seu trabalho. 
Assim, “a ética procura, pois, saber, em primeiro lugar, em que consiste a 
felicidade; em segundo lugar, qual a forma de organização política que assegure a 
felicidade geral” (COMPARATO, 2011). 
Como complemento ao conhecimento e para encontrar a resposta das 
questões anteriores, Comparato (2011), lembra duas obras de Aristóteles: para 
responder a primeira questão, a obra “Ética a Nicômaco”; para responder à 
segunda, a obra “Política”. 
Perícia Contábil 
 
46 
 
Nelas, encontram-se o pensamento inicial sobre a ética e seu papel na 
formação do homem e da sociedade. A ética está em acordo com a cultura dos 
povos, sendo a eles específica. Diferente da técnica que é independente dessas 
particularidades. 
Lisboa (2012), de forma simplificada, define “o termo ética como sendo um 
ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado”. 
Em outra definição mais completa, o autor define ética como: 
 
expressão única do pensamento correto, conduz à idéia da 
universalidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do 
comportamento humano, expressa em princípios válidos 
para todo pensamento normal e sadio. (LISBOA, 2012). 
 
Dessa forma, ao pensar a técnica envolvida no trabalho da perícia contábil, 
esta deve atender a todos os métodos aceitos pela Contabilidade, não fugindo, 
porém à ética. O perito deve ter uma conduta técnica impecável baseado na ética 
que a função exige. 
 
 
Importante! 
O produto da perícia contábil deve ser a apresentação da verdade, 
envolvida de seriedade, tentando se livrar de erros ou enganos que possam surgir 
em função de fraudes ou vícios, como será visto mais adiante. 
Perícia Contábil 
 
47 
 
Aspectos históricos e formação ética 
 
O marco inicial da ética encontra-se na Grécia antiga e o já citado Aristóteles 
trabalhou para que houvesse um corpo de doutrina que formasse o entendimento 
da ética. Não se esquecendo de Sócrates e Platão, e as contribuições desses autores 
para a origem da filosofia como um todo. 
Comparato (2011) vai demonstrar que essa construção é de fato bem antiga. 
Após a Grécia, Roma daria sua contribuição à ética instituindo o Direito. E, observe, 
através dele o trabalho do perito se agrega para auxiliar em juízo uma tomada de 
decisão. 
O autor lembra-se da ética religiosa no período medieval e o desafio de 
manter um comportamento humanizado, pois este período ficou conhecido como 
“idade das sombras”. O destaque de pensadores dessa época vai para Francisco de 
Assis e Tomás de Aquino. 
Maquiavel, Martinho Lutero, João Calvino, Jean Bodin, Thomas Hobbes, Jean 
Locke, Jean-Jacques Rousseau, Immanuel Kant, Adam Smith Hegel, Marx, entre 
outros, são lembrados igualmente por Comparato (2011), para a formação do 
pensamento ético. 
Essa formação pode-se afirmar que é contínua, não cessa, não para, se constrói 
e se reconstrói com o passar do tempo da ética e do próprio ser. 
 
Cada indivíduo ou grupo social se valoriza, pelo 
desenvolvimento contínuo de suas potencialidades, na 
medida em que se abre a todos os outros, neles 
reconhecendo o complemento necessário de si próprio 
(COMPARATO, 2011). 
 
Os aspectos éticos deverão estar presentesna atividade pericial, pois “os 
princípios éticos são normas que nos obrigam a agir em função do valor do bem 
visado pela nossa ação, ou do objetivo final que dá sentido à vida humana” 
(COMPARATO, 2011). 
Perícia Contábil 
 
48 
 
Importante! 
O perito não é um ser que vive fora da realidade, ele precisa estar 
atento a ela para que seu conhecimento construa a dignidade de sua profissão, 
com eficiência e ética. 
 
 
A Contabilidade e o comportamento ético 
 
Ferramenta indispensável para a gestão de organizações, a Contabilidade tem 
por fim a execução, o controle e a demonstração dos resultados financeiros. 
Obedece a um conjunto de Princípios e atende a um grupo expressivo de normas e 
legislações. Contribui para o processo de tomada de decisão em todos os níveis 
organizacionais. 
Sua identidade é a de Ciência dos números, embora seja uma Ciência Social 
aplicada. Suas regras e sua metodologia baseiam-se na seriedade e por que não 
dizer na ética, uma vez que um erro ou falha na sua escrituração pode 
comprometer e até mesmo desvirtuar o sentido de uma organização. 
A Contabilidade está na sociedade desde os tempos mais primitivos, de forma 
rudimentar, até os dias atuais, na era da informação digital. No Brasil, somente a 
partir do século XX é que tem início a formação superior em Contabilidade. Mesmo 
assim seu desenvolvimento é notório e hoje está de acordo com a Contabilidade 
Internacional. 
O comportamento ético se faz necessário também na atuação do profissional 
de Contabilidade, como garantia de respeito e continuidade de seu trabalho, no 
caso da perícia mais ainda, lembrando que “qualquer ato que desrespeite uma 
regra estabelecida e aceita pela sociedade, independente de sua natureza, 
representa falta de ética” (LISBOA, 2012). 
Perícia Contábil 
 
49 
 
O especialista pode errar ocasionalmente, mas não pode usar da exclusividade 
do seu conhecimento, por exemplo, para enganar aos outros que desconhecem 
por completo a sua técnica. É importante lembrar que os profissionais 
especializados, inclusive os contadores têm suas regras próprias, tendo também 
suas próprias punições (LISBOA, 2012). 
No caso dos contadores, as penalidades ficam por conta do Conselho Federal 
de Contabilidade, dos Conselhos Regionais de Contabilidade e da Comissão de 
Valores Mobiliários, lembra Lisboa (2012). “Caso a sociedade não perceba a 
disposição dos profissionais em proteger os valores éticos, certamente ela passará 
a não acreditar na profissão” (LISBOA, 2012). 
O trabalho do perito que estiver se comportando de forma ilícita diante da sua 
tarefa, promoverá desconfiança e certamente não será solicitado para a realização 
de perícias. Não é demais lembrar, de forma resumida, o que determina o código 
de ética do profissional contador, de acordo com a resolução CFC nº 803/96, 
alterada pela resolução 1.307/10 (LISBOA, 2012): 
a) Responsabilidade, perante a sociedade, de atuar com esmero e 
qualidade, adotando critério livre e imparcial; 
b) Lealdade, perante o contratante de seus serviços, guardando sigilo 
profissional e recusando tarefas que contrariem a moral; 
c) Responsabilidade para com os deveres da profissão mesma 
(aprimoramento técnico, inscrição nos órgãos de classe etc.); 
d) Preservação da imagem profissional, mantendo-se atualizado em relação 
às novas técnicas de trabalho, adotando, igualmente, as mais altas 
normas profissionais de conduta. O contador deve contribuir para o 
desenvolvimento e difusão dos conhecimentos próprios da profissão. O 
respeito aos colegas deve ser sempre observado. 
Perícia Contábil 
 
50 
 
Importante! 
O cumprimento do código de ética é uma forma do perito ter um 
comportamento ético, e sua atuação será sempre considerada e solicitada por 
todos que desejarem ter um parecer ou laudo sério. 
 
Assim, se conclui a unidade 3 onde foi possível observar a importância da ética 
na gestão contábil e, por conseguinte a função do Perito. Na próxima unidade, será 
tratada a operacionalização da Perícia de acordo com os trâmites que a regem, a 
forma como deve ser executada. 
 
Leitura Complementar 
Sugestão de leitura: consulte no site do Conselho Regional de 
Contabilidade, o Código de Ética do Contador 
 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades dessa unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo 
a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. 
 
Perícia Contábil 
 
51 
 
Exercícios – Unidade 3 
 
1.De acordo com o que determina o Código de Ética Profissional do Contador, 
julgue as situações hipotéticas abaixo e, em seguida, assinale a opção CORRETA 
(adaptado de exame de suficiência CFC 02/2013). 
 I. Um contador assinou as demonstrações contábeis preparadas por seu 
primo, recém-formado e ainda não registrado no CRC local por não ter sido 
aprovado no Exame de Suficiência, cujo trabalho não orientou nem supervisionou; 
II. Um perito contador, indicado para atuar em um caso de apuração de 
haveres, recusou sua indicação por não se achar capacitado para a tarefa requerida; 
III. Um técnico em contabilidade, cursando o último ano da graduação em 
Ciências Contábeis, apresenta-se como contador, e já fez constar esta informação 
também no seu cartão de visitas e no site da empresa prestadora de serviços 
contábeis do qual é proprietário. 
 
Agiram em desacordo com o que determina o Código de Ética Profissional do 
Contador, os profissionais citados nas situações: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) I, II e III. 
d) II e III. 
e) NRA. 
Perícia Contábil 
 
52 
 
2.Conforme o Código de Ética Profissional do Contador, Aaprovado pela 
Resolução CFC no 803/96 e alterações posteriores, no que se refere ao 
desempenho das funções do profissional da Contabilidade, julgue os itens abaixo 
como Verdadeiros (V) ou Falsos (F) e, em seguida, assinale a opção CORRETA 
(adaptado de Lisboa (2011). 
I. É vedado ao profissional da Contabilidade não revelar negociação 
confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou transação que, 
comprovadamente, tenha tido conhecimento. 
II. É vedado ao profissional da Contabilidade emitir referência que 
identifique o cliente ou empregador, com quebra de sigilo profissional, 
em publicação em que haja menção a trabalho que tenha realizado ou 
orientado, salvo quando autorizado por eles. 
III. É vedado ao profissional da Contabilidade iludir ou tentar iludir a boa-fé 
de cliente, empregador ou de terceiros, alterando ou deturpando o exato 
teor de documentos, bem como fornecendo falsas informações ou 
elaborando peças contábeis inidôneas. 
IV. É vedado ao profissional da Contabilidade não cumprir, no prazo 
estabelecido, determinação dos Conselhos Regionais de Contabilidade, 
depois de regularmente notificado. 
 
A sequência CORRETA é: 
 
a) F, V, V, V. 
b) V, F, F, F. 
c) F, V, F, V. 
d) V, F, V, F. 
e) NRA. 
Perícia Contábil 
 
53 
 
3.Com relação ao comportamento dos profissionais da Contabilidade, analise 
as situações hipotéticas apresentadas nos itens abaixo e, em seguida, assinale a 
opção CORRETA (adaptado de Lisboa (2011)). 
I. Um contabilista iniciante contratou um agenciador de serviços para atuar 
na captação de clientes. Para cada cliente captado, o agenciador irá 
receber 1% dos honorários acertados. 
II. Em razão de sua aposentadoria, o contabilista transferiu seus contratos de 
serviço para seu genro, também contabilista. Os clientes foram 
contatados um a um, por telefone, e se manifestaram de acordo com a 
mudança. 
III. Um perito-contador, indicado pelo juiz para atuar em uma questão 
relativa a uma dissolução de sociedade, recusou-se a assumir o trabalho 
por não se achar capacitado. 
 
 
De acordo com as três situações acima descritas, o comportamento do 
profissional da Contabilidade está em DESACORDO com os deveres descritos no 
Código de Ética Profissional do Contabilista nositens: 
a) I, II e III. 
b) I e II, apenas. 
c) I, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) NRA. 
Perícia Contábil 
 
54 
 
4.Com relação aos deveres dos profissionais da Contabilidade, de acordo com 
o Código de Ética Profissional do Contador, aprovado pela Resolução CFC n.º 
803/96, e alterações posteriores, julgue os itens abaixo e, em seguida, assinale a 
opção CORRETA (adaptado de Lisboa (2011). 
I. É dever do profissional da Contabilidade comunicar ao CRC a mudança de 
seu domicílio ou endereço e da organização contábil de sua 
responsabilidade, bem como a ocorrência de outros fatos necessários ao 
controle e fiscalização profissional; 
II. Se substituído em suas funções, é dever do profissional da Contabilidade 
informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao conhecimento 
desse, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem 
exercidas; 
III. São deveres do profissional da Contabilidade, entre outros, cumprir os 
Programas Obrigatórios de Educação Continuada estabelecida pelo 
Conselho Federal de Contabilidade e auxiliar a fiscalização do exercício 
profissional. 
 
 
Estão CORRETOS os itens: 
a) I, II e III. 
b) I e II, apenas. 
c) I, e III, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) NRA. 
Perícia Contábil 
 
55 
 
5.De acordo com o que determina o Código de Ética Profissional do Contador, 
julgue as situações hipotéticas abaixo e, em seguida, assinale a opção CORRETA 
(adaptado de exame de suficiência CFC 02/2013). 
I. Um contador adota como estratégia de marketing publicar anúncios em 
jornal. Nos anúncios, ele faz indicação de títulos, especializações, serviços 
oferecidos, trabalhos realizados, além da relação dos clientes que autorizaram a 
publicação de seu nome. 
II. Um auditor, atento ao programa de educação continuada, mantém-se 
atualizado, participando de cursos de extensão, seminários e outros eventos. 
III. Um profissional da Contabilidade que atua como consultor tributário 
orienta os seus clientes a manterem escrituração contábil regular, 
independentemente do regime tributário escolhido. 
Os profissionais citados nas situações acima agiram em conformidade com o 
que determina o Código de Ética Profissional do Contador nos itens: 
 
a) I e II, apenas. 
b) I e III, apenas. 
c) I, II e III. 
d) II e III, apenas. 
e) NRA. 
 
6.De acordo com a Resolução CFC n°. 803/96 – Código de Ética Profissional do 
Contador e suas alterações, NÃO é norma de conduta a ser observada, 
obrigatoriamente, pelo profissional da Contabilidade, com relação à classe 
(adaptado de exame de suficiência CFC 02/2013): 
a) acatar as resoluções votadas pela classe contábil, inclusive quanto a 
honorários profissionais. 
b) prestar seu concurso moral, intelectual e material, salvo circunstâncias 
especiais que justifiquem a sua recusa. 
c) valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse nos 
honorários a receber. 
d) zelar pelo prestígio da classe, pela dignidade profissional e pelo 
aperfeiçoamento de suas instituições. 
e) NRA. 
 
Perícia Contábil 
 
56 
7.Assinale, dentre os itens a seguir, aquele que representa um comportamento 
que NÃO infringe o Código de Ética Profissional do Contador (adaptado de exame 
de suficiência CFC 01/2013): 
a) Evitar conceder declarações públicas sobre os motivos da renúncia às 
suas funções, motivada por falta de confiança por parte do cliente. 
b) Exercer suas atividades profissionais demonstrando comprovada 
incapacidade técnica. 
c) Oferecer ou disputar serviços profissionais com redução excessiva no 
valor dos honorários. 
d) Valer-se de agenciador de serviços, mediante a participação desse nos 
honorários a receber. 
e) NRA. 
 
8.Determinada empresa atua em dois segmentos de negócio: retificadora de 
motores e revenda de peças para automóveis. O faturamento da empresa está 
crescendo e ameaça extrapolar o limite de receita bruta da modalidade tributária 
Lucro Presumido. Para manter o enquadramento tributário, nos exercícios 
seguintes, o contador sugeriu ao proprietário, em dezembro, que desmembrasse a 
empresa em duas, sendo uma retificadora de motores e outra revenda de peças. 
Considerando o estabelecido no Código de Ética Profissional do Contador, a 
atitude do profissional citado (adaptado de exame de suficiência CFC 01/2013): 
a) infringiu o código de ética ao aconselhar o cliente contra disposições 
expressas nos Princípios de Contabilidade e nas Normas Brasileiras de 
Contabilidade. 
b) infringiu o código de ética ao propor ato contrário à legislação tributária e 
societária. 
c) não infringiu o código de ética, mas agiu contra o empresário ao 
aumentar a complexidade das atividades administrativas. 
d) não infringiu o referido código ética, pois a atitude do contador pode ser 
considerada como planejamento tributário. 
e) NRA. 
Perícia Contábil 
 
57 
 
9.Como você define ética? 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10.Qual o campo de atuação da ética? 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Perícia Contábil 
 
58 
 
Perícia Contábil 
 
59 
4Processualística e Operacionalização da 
Perícia Contábil 
Perícia Contábil 
 
60 
 
Caro aluno, 
A unidade 4 trata do trâmite de realização da perícia, os processos que 
envolvem a atividade, sua operacionalização e apresenta o laudo, documento 
conclusivo da Perícia Contábil. 
 
Objetivos da unidade: 
 Analisar as condições de aplicabilidade do conhecimento contábil para a 
execução de uma perícia. 
 
Plano da unidade: 
 Atos preparatórios do laudo pericial 
 Atos de execução 
 Diligência e prova pericial 
 Laudo da perícia judicial, elaboração e entrega 
 Situações e procedimentos especiais 
 A perícia contábil e o CPC 
 
Bem-vindo à quarta unidade de Estudo. 
Sucesso! 
Perícia Contábil 
 
61 
 
Atos preparatórios do laudo pericial 
 
Além das preocupações citadas até agora, em relação ao conhecimento 
técnico do Perito, as possíveis irregularidades administrativas e contábeis, além da 
ética e moral envolvidas neste trabalho, importante é lembrar que há todo um 
procedimento de instalação da Perícia. 
Alberto (2012), lembra que toda ciência tem seus objetivos e seus princípios, 
bem como uma metodologia específica, o que ocorre com a Contabilidade, “é a 
ciência, com objetivo definido (o patrimônio), está fundamentada em princípios e 
utiliza metodologia adequada a seu objeto e a seus objetivos”. 
No que diz respeito à prática da Contabilidade, considerando a perícia uma 
delas, embora modificada, afiança Alberto (2012), o mesmo destaca que “há que 
considerar os “modos de operação”decorrentes da própria ciência”, com o fim útil 
de abordar determinadas situações. 
Assim, “a técnica, portanto, não é a ciência, mas é a parte da aplicação desta 
ciência. Da técnica (modus operandi) nasce a tecnologia (modus faciendi)” 
(ALBERTO, 2012). A técnica pré-determinada ordena o trabalho do perito, para a 
preparação do laudo. 
Magalhães (2011) aponta como atos preparatórios do laudo pericial, com 
fundamento no artigo 145 do Código de Processo Civil, combinado com os artigos 
33, 138, 146, 421, 422 e 435. Pode-se assim organizar: 
1. Nomeação de ofício a ser realizado pelo Juiz de Direito, quando este, 
diante de um conteúdo técnico ou científico do processo, sente a 
necessidade de nomear um perito; 
2. Nomeação requerida ocorre quando uma das partes ou ambas, autor ou 
réu, por exemplo, no trâmite do processo solicita ao juiz a nomeação do 
perito, para esclarecer questão técnica ou científica; 
3. Indicação quando uma das partes ou ambas desejam após a saída do 
laudo, uma opinião independente do profissional em perícia, indicando 
assim um assistente técnico perito da parte; 
Perícia Contábil 
 
62 
4. Intimação. Feita a nomeação, o juiz manda intimar ou cientificar de que 
o perito foi nomeado, podendo aquele utilizar-se de um “mandato de 
intimação” ou de uma “carta de intimação”, com os dados do processo; 
5. Escusa quando da declinação da nomeação por parte do Perito, por 
motivos de ordem legal, técnica ou científica. Podendo haver, por 
exemplo, conflitos de interesse entre ele e as partes do processo. 
Uma vez sendo nomeado ou indicado, e tomando conhecimento do que se 
trata o processo, o perito inicia a sua atividade, utilizando-se do seu conhecimento 
e de todos os meios que tornem possível a geração do laudo pericial. 
Como laudo pericial, pode-se definir como a “manifestação literal do perito 
sobre fatos patrimoniais devidamente circunstanciados” (SÁ, 2011). Será a 
materialização de sua perícia, baseado em seus conhecimentos profissionais. 
Sá (2011) explica a origem da palavra laudo que provem da expressão verbal 
latina substantivada laudare, no sentido de “pronunciar”. Assim podendo definir, 
também o laudo como “um pronunciamento ou manifestação de um especialista, 
ou seja, o que entende ele sobre uma questão ou várias, que se submetem a sua 
apreciação” (SÁ, 2011). Exemplo: 
 
em um processo judicial, um advogado precisa argumentar 
sobre o valor de quotas da sociedade da qual seu cliente 
saiu; o sócio egresso entende que foi prejudicado e, 
inconformado, entrou na justiça para discutir. O advogado 
sabe que pela lei o sócio tem direito a receber o valor de 
suas quotas na forma que o contrato estabelecia, mas não 
tem conhecimentos contábeis suficientes para atestar isto 
(...). Requere-se, então, a um perito Contador sua opinião 
(SÁ, 2011). 
 
O autor acrescenta ainda que, perguntas podem ser feitas ao perito ou solicita-
se que sejam formulados quesitos, através das partes ou seus advogados. Após 
exame das questões e do conteúdo do processo, o perito emite sua opinião, 
gerando o laudo. 
Alberto (2012) declara que na perícia, deverá ser ordenada, lógica, racional, 
com o objetivo a geração do laudo, “o perito deve (para aplainar seu próprio 
caminho), se valer das técnicas usuais e especiais, as quais, sem ter o condão de 
esgotá-las ou dá-las como definitivas”. 
Perícia Contábil 
 
63 
 
Importante! 
Toda a experiência do Perito deve ser igualmente considera. Se for um 
iniciante, pode-se valer da experiência de outros e utilizar um dos métodos mais 
tradicionais das ciências que é a observação. 
 
Apropriando-se do que proporcionou bons resultados, considerando técnicas 
e métodos utilizados por outrem, adequando à realidade a ser periciada, todo o 
preâmbulo de preparação do laudo fará a diferença na execução da perícia em si. 
Magalhães (2012) apresenta uma sugestão para a condução da perícia: 
 
é aconselhável, em primeiro lugar, delimitar o campo de 
conhecimento geral que envolve essa temática. Feito isto, 
levantar dúvidas ou questões sobre os conteúdos do 
conhecimento específico que precisa ser dominado. 
 
O autor destaca que o universo desse estudo está sobreposto ao campo do 
conhecimento geral, apresentado entre os artigos 18 e 1.072, do Código de 
Processo Civil, e o “campo de conhecimento específico, que compreende toda a 
problemática emanada do início dos atos preparatórios até o término dos de 
execução do trabalho pericial” (MAGALHÃES, 2012). 
 
Atos de Execução 
 
Após os atos preparatórios do laudo, a perícia se inicia de fato com os atos de 
execução. É quando “se inicia o trabalho pericial, de natureza técnica/científica, 
objetivo do processo, para esclarece ao juiz sobre a complexidade do problema em 
lide” (MAGALHÃES, 2012). 
Perícia Contábil 
 
64 
 
O início da execução se dá pela formulação de quesitos pelo juiz, que partam 
de sua própria iniciativa, ou quando homologada ou rejeitada por ele, quando 
formulada pelos advogados das partes, conforme determina o Código de Processo 
Civil, em seu artigo 426, incisos I e II, conforme destaca Magalhães (2012). 
Conforme visto no item anterior, no que diz respeito às técnicas da ciência, 
uma forma de se obter uma boa resposta é formular uma boa perguntar. Se a 
perguntar for clara e objetiva, com todos os quesitos devidamente tratados, a 
resposta terá menos chance de fracassar. 
Um questionamento mal feito pode gerar resposta inadequada. “Quesitos 
bem formulados são fundamentais para a boa qualidade do trabalho pericial, pois 
são os quesitos que indicam o escopo da perícia” (MAGALHÃES, 2012). 
 O autor destaca ainda que as “diligências para obtenção de provas dos fatos 
constituir-se-ão em atos de execução subsequentes e destes atos resulta o laudo 
pericial” (MAGALHÃES, 2012). 
Com a metodologia da perícia determinada, utilizando-se das técnicas 
previstas para o intento, tendo os quesitos para direcionar o trabalho de busca das 
respostas, o perito executa sua tarefa e logrará êxito se atender à demanda que for 
solicitada, fazendo prevalecer a verdade dos fatos, com imparcialidade. 
Sá (2011) alerta que os serviços contábeis como qualquer outro serviço 
apresenta riscos em sua execução, “na perícia, todavia, o risco tem muito mais 
significação, pois pode levar a uma opinião errônea, produzindo uma falsa prova, 
com lesão ao direito de terceiros”. 
O mesmo autor apresenta algumas precauções a serem adotadas pelos 
peritos. Em relação aos seguintes fatores (SÁ, 2011): 
1. Tempo atribuído: só aceitar a tarefa em tempo hábil para que possa 
desempenhá-la com rigor. Para tanto, deve dimensionar a tarefa e, se o 
tempo atribuído for incompatível com a necessidade de dedicação à 
execução, solicitar maior prazo, e, se esse for negado, recusar a 
incumbência; 
Perícia Contábil 
 
65 
2. Plano de trabalho: elabora um plano amplo e competente para a 
execução da perícia e escolher os melhores critérios de desempenho do 
mesmo; 
3. Desempenho exigente: no desempenho ou execução do plano deve o 
perito usar autoridade para que tudo lhe seja oferecido a tempo e 
completamente, ou seja, os elementos materiais de exame devem ser 
satisfatórios; 
4. Apoio exigente: nos casos, por exemplo, como nos sistemas 
informatizados, onde muitas entradas em computadores não possuem 
documentação (exemplo: caixas eletrônicos de bancos), exigir rigoroso 
apoio de programação de verificação (com assistência especializada de 
alto nível); 
5. Resguardo de informes: todo informe fornecido com base em 
“conhecimento de serviços”, ou “conhecimento de fatos”, que seja 
relevante para o julgamento, deve ser acolhido em depoimentos escritos 
e assinados pelos depoentes, testemunhalmente (por exemplo, 
informação sobre o critério de aplicação de títulos no mercado); 
6. Provas emprestadas: onde couber, deve o perito apelar para a informação 
de pessoas alheias ao processo,

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