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Perícia Contábil 1 Perícia Contábil André Cantareli da Silva 1ª e di çã o Perícia Contábil 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Texto: André Cantareli da Silva Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói S586p Silva, André Cantareli da. Perícia contábil / André Cantareli da Silva ; revisão Rafael Dias de Carvalho Moraes ; ilustração Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos. 1.ed. – Niterói, RJ : EAD/UNIVERSO, 2016. 119p. : il. 1 Perícia contábil - História. 2. Contabilidade. 3. Auditoria contábil. 4 . Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Bordoni, Eduardo. III. Ramos, Fabrício. IV. Título. CDD 657.45 Bibliotecária responsável: Ana Marta Toledo Piza Viana CRB 7/2224 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Perícia Contábil 3 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Perícia Contábil 4 Perícia Contábil 5 Sumário Apresentação da disciplina.................................................................................................................................... 7 Plano da disciplina ...................................................................................................................................................... 9 Unidade 1 – Aspectos históricos, legais, sociais e conceituais da perícia contábil................. 11 Unidade 2 – Fundamentos teóricos e éticos da perícia contábil...................................................... 25 Unidade 3 – A ética e a Contabilidade............................................................................................................. 43 Unidade 4 – Processualística e operacionalização da perícia contábil ......................................... 59 Unidade 5 – Fraudes em Contabilidade ......................................................................................................... 83 Unidade 6 – Aplicações – modelo burocrático pericial – cartas, mandados, petições......... 99 Considerações finais .................................................................................................................................................. 109 Conhecendo o autor.................................................................................................................................................. 111 Referências ...................................................................................................................................................................... 113 Anexos ............................................................................................................................................................................... 115 Perícia Contábil 6 Perícia Contábil 7 Apresentação da Disciplina Cada vez mais a Contabilidade vem ocupando seu espaço nas organizações e nos negócios, diante de um mundo cada vez mais globalizado. Sua importância é indiscutível, pois além do seu caráter legal obrigatório as informações contábeis ultrapassam os limites da construção do Balanço Patrimonial, desbravando novas áreas e criando informações cada vez mais necessárias ao controle e ao processo de tomada de decisão. Dessa forma, encontra-se a Perícia Contábil, que utilizando-se dos métodos da perícia, agrega valor pelo conhecimento da Contabilidade, suas regras e legislação específica, para contribuir em detectar atos ou fatos considerados ilícitos, como fraudes por exemplo. A atividade em si cria uma oportunidade de trabalho para o profissional contábil, como Perito Contábil, muito solicitado nos Fóruns e em processos cujo o conhecimento da Contabilidade se faz necessário. Assim sendo, esta disciplina traz para o aluno as orientações necessárias para a formação do conhecimento sobre Perícia Contábil, suas aplicações, o comportamento do perito, a documentação necessária para o desempenho eficiente da função, debate um pouco sobre a questão da ética, entre outros saberes necessários ao bom desempenho da profissão. Esteja assim, aluno ou aluna, preparado (a) para um universo novo a ser descoberto através deste curso EAD da Universo. Perícia Contábil 8 Perícia Contábil 9 Plano da Disciplina A disciplina contém 6 unidades desenvolvidas com o objetivo geral de tornar a Perícia Contábil uma disciplina produtiva, dentre as outras já apresentadas. Na unidade 1, serão estudados os aspectos históricos, legais, sociais e conceituais referentes à Perícia Contábil, objetivando apresentar ao aluno (a) os princípios que regem a disciplinae justifiquem à sua existência. Na unidade 2, os fundamentos teóricos e éticos são apresentados e indicados a sua aplicação. A unidade 3 trata da ética e da Contabilidade, como ciência que preza pela seriedade. Todo o meio pelo qual a perícia deverá acontecer, encontra-se na unidade 4 que trata do processo e operação da mesma, fazendo uma relação entre ela e o CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. A unidade 5 trata da fraude em contabilidade e os tipos e modos nos quais pode ser detectada, considerando ainda a questão dos vícios em documentos, registros e demonstrações. Concluindo o trabalho, a unidade 6 trata das aplicações da Perícia, bem como apresenta os modelos documentais necessários para o bem desempenho da perícia contábil. Bons estudos! Perícia Contábil 10 Perícia Contábil 11 Aspectos Históricos, Legais, Sociais e Conceituais da Perícia Contábil 1 Perícia Contábil 12 Caro aluno, Nesta unidade, você terá conhecimento sobre os aspectos básicos da Perícia Contábil, sobre o Perito e sobre o Assistente Técnico. Objetivos da unidade: Conhecer os aspectos iniciais, relevantes, sobre a disciplina. Plano da unidade: Introdução – Aspectos históricos e legislação básica Conceitos de perícia, perito e assistente técnico Bem-vindo à primeira unidade de Estudo. Sucesso! Perícia Contábil 13 Introdução – Aspectos históricos e legislação básica Toda disciplina tem uma origem histórica e essa informação contribui para seu entendimento. Com a Perícia Contábil não foi diferente. A origem da disciplina ou a ação em si confunde-se com o início da perícia propriamente dita. Como perícia pode-se entender com um conhecimento especial ou habilidade e destreza em uma atividade ou área específica, neste caso contábil. Perícia também é considerada a qualidade de perito (FERREIRA, 2004). Sá (2011) lembra que “no Brasil, a matéria sobre “perícia contábil” foi pela primeira vez incluída para debate perante um evento da classe no I Congresso Brasileiro de Contabilidade em 1924”, vindo ainda neste mesmo conclave, segundo o autor, a dividir em três funções profissionais: Contador, Guarda Livros e Perito. Importante! Observou-se nesse evento a necessidade de oficialização da perícia judicial e que quando criados os Conselhos de Contabilidade, os mesmos deveriam fiscalizar o trabalho dos peritos. Sá (2011) declara que no século XX, nas primeiras décadas, houve uma crise ocorrida no setor de profissionais de perícias. Havia, segundo ele, uma “indústria de falência”, ou seja, uma intensa ação de criar situações falsas nos balanços, gerando fechamento de empresas. Em 1924, ainda, o contador Emílio de Figueiredo contou a respeito de tal crise, declarando que nem mesmo os grandes líderes da época não foram livrados dos ataques sem justificativas, por suas reações contrárias ao evento, sendo vitimado inclusive, o professor Carlos de Carvalho (SÁ, 2011). A primeira obra de referência sobre a perícia contábil é “Perícia em Contabilidade Comercial”, do Professor João Luiz Santos, tendo sua segunda edição publicada pela editora Jornal do Brasil em 1928 (SÁ, 2011). Perícia Contábil 14 No ano seguinte foi publicado o decreto 5.746, que tinha por fim atribuir ao Contador, e somente a ele, a tarefa da perícia. Em 1931, foi criada a Câmara de Peritos Contadores, tendo como fundador o Professor Erymar Carneiro, que fora posteriormente membro do CFC – Conselho Federal de Contabilidade (SÁ, 2011). Em 27 de maio de 1946, Com a criação do Conselho Federal de Contabilidade, pelo Decreto-Lei 9.295, que definiu as atribuições do Contador, “se pode dizer institucionalizada a perícia contábil, no Brasil” (MAGALHÃES, 2012), mais detalhadas ficaram condições para a perícia contábil. A partir de então, o Contador tendo sua profissão regulamentada fez-se privativa a ele a atividade de perícia (SÁ, 2011). Outras legislações ainda viriam para complementar e até mesmo modificar aquelas. Importante! Outros Decretos-Lei podem ser destacados no que diz respeito à perícia: Decreto-Lei 8.579 de 08 de janeiro de 1946; Decreto-Lei 7.661, de 21 de junho de 1945, que trata sobre falência, alterado pela Lei 4.983, de 18 de maio de 1946, “que estabeleceu regras de perícia contábil, que são claras ao definirem esta atribuição ao Contador” (MAGALHÃES, 2012). Sá (2011) vai destacar que na década de 1950 a apareceu a mais destacada obra sobre perícia, do professor Francisco D’Áuria, publicado em dois volumes pela Editora Nacional. O autor ainda destaca que nas décadas seguintes surgiram outras publicações, porém, somente nas últimas décadas do século XX, houve crescimento da literatura sobre perícia. Pode-se inferir daí que houve provável aumento da demanda pela atividade de Perícia Contábil. Foram décadas movidas por escândalos internacionais de empresas que fraudaram suas demonstrações contábeis, com o intuito de se favorecerem ou favorecerem seus gestores. Caso clássico da empresa Enron nos Estados Unidos, no início dos anos 2000, o que fez com que surgisse a lei Sarbanes- Oxley (BORGERTH, 2008). Perícia Contábil 15 Magalhães (2012) vai destacar ainda que somente no Código de Processo Civil de 1973 (Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973), considerando suas modificações e complementos ao CPC, foi a partir de então que a perícia judicial passou a contar com legislação ampla, clara e aplicável, tendo ainda a legislação trabalhista e comercial. No tocante às questões técnico-contábeis, o destaque é para o Conselho Federal de Contabilidade que as produz, de forma elucidativa e esclarecedora. Dessa forma, pode-se observar que em meio a todas essas normas estabelece-se a perícia contábil (MAGALHÃES, 2012), o que determina de início a necessidade de atenção a essa legislação bem como as que podem surgir a partir das demandas do processo de execução em si. Leitura Complementar Sugestão de leitura: Lei Sarbanes-Oxley e Lei 5.869/73. Conceitos de perícia, perito e assistente técnico Como apresentado no item anterior, perícia é com um conhecimento especial ou habilidade e destreza em uma atividade ou área específica. Perícia também é considerada a qualidade de perito. Para Alberto (2012), a Perícia pode ser definida como “um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos”. Pode-se completar que é o meio pelo qual, utilizando-se de um conhecimento técnico, no caso a Contabilidade, possa-se estabelecer um juízo de valor pautado em fatos e não em suposições. Perícia Contábil 16 Completa o autor que a perícia é “um modo definido, delimitado, é um instrumento portanto, e este, por sua vez, é especial porque se concretiza por uma peça ou relatório com características formais, intrínsecas e extrínsecas, também definidas, no caso o laudo pericial” (ALBERTO, 2012). O laudo pericial é a materialização, fundamentada de “forma científica ou tecnicamente, dos procedimentos utilizados para a constatação, prova ou demonstração conclusiva sobre a veracidade do estado do objeto” periciado (ALBERTO, 2012). Para Magalhães (2012), “entende-se por perícia o trabalho de notória especialização feito com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma autoridade formal”, tanto para uma autoridade devidamente formalizada em um julgamento quanto para dirimir conflitos, completa ainda o mesmo autor. A perícia tem dupla finalidade, podendo ser para efeito de prova ou opinião profissional sobre determinado assunto, segundo Magalhães (2012), que destaca o Código de Processo Civil, em seu artigo 145, que determina a assistência por parte de um perito caso o Juiz dependa de um conhecimento técnico ou científico. O autor lembra, ainda, que não há um conceito expressona legislação e nem na escassa bibliografia sobre o tema. Destaca que o CPC não a conceitua, porém estabelece “normas e procedimentos processuais, e quais as condições legais quanto à habilitação dos profissionais para o exercício da perícia judicial”. (MAGALHÃES, 2012). Importante! Assim, pode-se dizer que perito é o profissional capaz, habilitado e com idoneidade moral para realização da perícia. No tocante a esta disciplina, aqueles contadores com nível superior, habilitados pelos seus respectivos Conselhos e quando autorizados pela justiça, poderão exercer a função de peritos contábeis, uma oportunidade profissional cada vez mais solicitada e com poucos habilitados. Perícia Contábil 17 É o que trata a lei 7.270 de 10 de dezembro de 1984, que em seu artigo 1º e § 1º, descreve “os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente”. No § 2º, continua a lei: “os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos” (PLANALTO, 2016). Assim, todas as vezes que se precisa “de uma opinião válida, competente, de um entendedor, buscamos um Perito” (SÁ, 2011). O autor lembra ainda que a palavra perícia tem sua origem no latim, Peritia, que significa conhecimento adquirido pela experiência, bem como experiência. Em Roma na antiguidade, “de tal forma se deu valor aos que entendia que perícia passou a designar Saber, Talento, tal como a empregou o historiador Tácito, em sua obra Anais, onde escreveu uma fase da História do Senado Romano (4,58) “. (SÁ, 2011). A tecnologia da Perícia, segundo Sá (2011), “é a que enseja opinião sobre verificação feita, relativa ao patrimônio individualizado (de empreendimentos ou de pessoas)”. Segundo o autor, esta verificação se dá por determinação ou é requerida, quando alguém pede uma opinião. A Norma Brasileira de Contabilidade – 13 (NBC-13), aprovada através de resolução do Conselho Federal de Contabilidade, define a Perícia Contábil como “conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar a instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial ou parecer pericial contábil” (CFC, 2016). A NBC – 13 destaca ainda que o laudo ou parecer deverão estar em conformidade com “as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente” (CFC, 2016). Importante destacar que a Perícia Contábil Judicial, Extrajudicial e Arbitral, é de competência exclusiva do Contador, que naturalmente esteja nas condições já elencadas. Perícia Contábil 18 Para Sá (2011), a Perícia é “a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado, visando oferecer opinião, mediante questão proposta”. Para que se apresente tal opinião, continua o autor, “realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimento necessário à opinião” (SÁ, 2011). Segundo o mesmo autor, a formação do conceito de Perícia se dará por duas razões: 1. A necessidade de se conhecer uma opinião de especialista em Contabilidade sobre uma realidade patrimonial, em qualquer tempo, em qualquer espaço, qualitativa e quantitativamente, em causas e efeitos; 2. O exame do especialista sobre o que se deseja conhecer como opinião. Para refletir! Sá (2011), afirma que “trata-se de uma análise para produzir uma conclusão”, referindo-se ainda sobre a Perícia. Os limites da Perícia estão relacionados com o que se deve avaliar e somente isso, não permitindo ao Perito tratar do que não foi solicitado. Nessa hora, sua conduta moral e ética devem falar mais alto. Todo o seu conhecimento deve ser utilizado, sempre pautado na legislação, em normas de procedimento e conduta. Além disso, o sigilo será sempre importante e imprescindível. Considerando todas essas informações, Magalhães (2012) propõe outro conceito de Perícia Contábil como um trabalho que exige notória especialização no seio das Ciências Contábeis, com o objetivo de esclarecer ao Juiz de Direito, ao Administrador Judicial (Síndico ou Comissário) e a outras autoridades formais, fatos que envolvam ou modifiquem o patrimônio de entidades nos seus aspectos quantitativos. Perícia Contábil 19 Magalhães (2012) destaca, ainda, que a perícia reúne experiência e conhecimento. Ocorre através do exame de registros e documentos que originaram fatos, declarando sua autenticidade e dando sua opinião sobre “suas causas, essência e efeitos na coisa em lide”. A origem da perícia, conclui o autor, se dá pelo “interesse de pessoas litigantes, pelo interesse da justiça e, também, do interesse público”. O Perito passa a ter assim ou o seu trabalho, grande importância nos processos a que é chamado a avaliar. Juntamente com ele, após a alteração do Código de Processo Civil pela lei 8.455, de 24 de agosto der 1992, outro componente que surge na tarefa de perícia é o Assistente Técnico. De acordo com a referida lei, o Perito realiza a perícia propriamente dita, prepara o laudo que o subscreve. Ao Assistente Técnico, cabe apenas emitir um parecer sobre o laudo apresentado. Este pode ser contratado por uma ou pelas duas partes do processo. Compreende-se, assim, que a formação do Assistente Técnico deverá ser compatível com a do Perito. A Norma Brasileira de Contabilidade – P2 (NBC-P2), trata sobre as conceituação e competência do Perito, da independência, dos impedimentos, dos honorários, do sigilo, da responsabilidade e zelo, da utilização do trabalho de especialistas e a importância da educação continuada. Apresenta-se dessa forma um grande campo de atuação do perito. Quase ao infinito vão as possibilidades de realização de uma perícia, considerando naturalmente a abrangência das Ciências Contábeis (SÁ, 2011). Nesta unidade, foi possível conhecer os aspectos iniciais sobre a Perícia Contábil, o que contribui para apresentar a importância do trabalho de Perito. Na unidade seguinte, serão tratados os aspectos teóricos e éticos. Perícia Contábil 20 Leitura Complementar Sugestão de leitura: Lei 7.270/84 e NBC 13 É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades dessa unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Perícia Contábil 21 Exercícios – Unidade 1 1.Ao analisar um processo referente à falência de uma organização, o Juiz poderá contar com um: a) Médico. b) Economista. c) Advogado. d) Contador. e) Administrador. 2.Assinale uma das pré-condições que um contador precisa ter para realizar uma perícia: a) Se relacione com as partes do processo. b) Seja familiar do juiz. c) Esteja habilitado para tal. d) Não conheça a matéria. e) Não conheça os autos do processo. 3.A função de perito contábil será fiscalizada por: a) Ministério Público Federal. b) Conselho Federal de Contabilidade. c) Associação Nacional de Peritos. d) Conselho Regional de Contabilidade. e) Associação Nacional dos Contadores. Perícia Contábil 22 4.A perícia contábil foi instituída no Brasil: a) Pela lei das Sociedades por Ações. b) Pela Lei das Falências. c) Pelo Decreto lei 9.925/46. d) Pelo Código de Processo Civil. e) Pela Constituição. 5.A NBC 13 do Conselho Federal de Contabilidade determina que a perícia Contábil é: a) Conjunto de conhecimentos destinados a levar a instância judicial, decisão de elementos de prova para um litígio, mediante laudo pericial ou relatório que o represente. b) Capacidade técnica do Contador perito, que determina ao juiz a sentença que deve ser proferida, diante de um pedido de falência apresentado em juízo. c) Conjunto de procedimentostécnicos e científicos destinados a levar a instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial ou parecer pericial contábil. d) Conjunto de procedimentos técnicos e científicos utilizados por um economista para influenciar a decisão de um juiz sobre fato ou ato de falência em organizações. e) Conhecimento do Perito. Perícia Contábil 23 6.A perícia tem dupla finalidade, no que diz respeito ao posicionamento do profissional, podendo ser para efeito de: a) Conclusão e prova. b) Conclusão e averbação c) Prova ou conclusão d) Ajuizamento ou defesa. e) Prova ou opinião. 7.Assinale a opção INCORRETA (Ministério da Educação. Universidade Federal do Piauí. Realizado por COPESE. Edital 06/2012). a) O perito deve utilizar os meios que lhe são facultados pela legislação e pelas normas concernentes ao exercício de sua função, com vistas a instruir o laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil com as peças que julgarem necessárias. b) A avaliação é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério técnico-científico. c) Enquanto o planejamento da perícia é um procedimento prévio abrangente que se propõe a estabelecer todas as etapas da perícia, o programa de trabalho é a especificação de cada etapa a ser realizada, devendo ser elaborado com base nos quesitos e/ou no objeto da perícia. d) Os documentos dos autos servem como suporte para obtenção das informações necessárias à elaboração do planejamento da perícia. e) Quando a perícia exigir a utilização de perícias interdisciplinares ou trabalho de especialistas, estes devem estar devidamente registrados em seus conselhos profissionais, quando aplicável, devendo o planejamento contemplar tal necessidade. Perícia Contábil 24 8.O Auxiliar Técnico após receber o laudo lavrado e assinado pelo Perito deve: a) Revisar os quesitos. b) Refazer a perícia. c) Falar com o juiz. d) Emitir parecer técnico. e) Assinar o laudo do perito. 9.Defina, com suas palavras, Perícia Contábil: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10.Qual a importância do conhecimento técnico do perito contábil ao realizar a perícia? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Perícia Contábil 25 2Fundamentos Teóricos e Éticos da Perícia Contábil Perícia Contábil 26 Caro aluno, Nesta unidade, serão apresentados os conceitos que embasam a atividade da perícia, o conhecimento que a fundamenta e as necessidades de se realizar a tarefa, bem como as irregularidades. Objetivos da unidade: Conhecer os fundamentos da Perícia, a importância do comportamento ético do perito e do profissional de Contabilidade. Plano da unidade: Funções e Fundamentos Contábeis Necessidade de se fazer perícia contábil Irregularidades administrativas Irregularidades contábeis Bem-vindo à segunda unidade de Estudo. Sucesso! Perícia Contábil 27 Funções e Fundamentos Contábeis Para se entender bem a utilidade da Perícia, necessário se faz entender as funções e os fundamentos da Contabilidade, que vai muito além dos registros contábeis realizados através de um sistema ou até mesmo nos tempos da escrituração manual em livros. Importante! Como ciência, a Contabilidade reúne princípios e métodos específicos que favorecem meios de se alcançar o conhecimento inerente aos controles, gerando funções e apoiando o processo de tomada de decisão, desde a gestão de negócios até a Perícia. Um alerta é feito por Alberto (2012), quando escreve: (...) a Contabilidade é uma ciência e, como tal, se vale do método científico aplicável às ciências em geral, expresso, operacionalizado na realidade concreta com uma metodologia científica própria, às vezes lamentavelmente, confundida com uma simples técnica utilitarista. Para Magalhães (2012), a “Contabilidade tem, em última análise, função descritiva”. Porém o mesmo autor confirma que é necessário subdividir esta função de acordo com o grau ou relevância do patrimônio a ser registrado e controlado. Perícia Contábil 28 Propõe assim, uma subdivisão da função principal em três níveis: 1. Subfunção escritural ou de registro; 2. Subfunção expositiva ou demonstrativa; 3. Subfunção interpretativa ou de análise. De fato, na primeira subfunção vemos a base de todo o trabalho da Contabilidade, reunindo, classificando e lançando os atos e fatos que geram as riquezas e o patrimônio das organizações. Na segunda subfunção, lembramo-nos da destinação das demonstrações contábeis quando se trata de uma sociedade anônima, e a obrigatoriedade de sua publicação. Mesmo em outras organizações não obrigadas a publicar suas demonstrações contábeis o mesmo pode ocorrer em níveis menores, como na comunicação interna, com o objetivo de apresentar aos colaboradores, a situação financeira daquela empresa. Importante! E, assumindo um caráter mais específico, a subfunção interpretativa ou de análise, engloba todas as ações tomadas a partir de detido estudo das demonstrações e de sua dinâmica de confecção. Pode-se dizer que nesta subdivisão encontra-se a Perícia Contábil. Aceitando que toda esta dinâmica desenvolve outras funções, Magalhães (2011), destaca denominando-as de Funções Complementares, sendo: 1. Função administrativa; 2. Função revisora; 3. Função pericial. Perícia Contábil 29 Magalhães (2011), lembra que “as transações ou negócios contratados devem merecer adequado registro”, pois os fatos patrimoniais são para “registrar de acordo com os preceitos contábeis, revelando-se, então, função previsora ou preditiva”. Demonstra assim outras funções contidas dentro da função administrativa. Traduz-se a função administrativa “como cooperação na gestão administrativa/patrimonial, isto é, no conjunto de atos que tendem a consecução dos objetivos previstos para cada organização” (MAGALHÃES, 2011). Dessa forma, determina-se o planejamento contábil, os modos de controle, a formatação de documentação que atenda às necessidades da organização, tudo que colabore de forma eficiente com a gestão. No caso da função revisora, o mesmo autor a defende como que inerente à Contabilidade, uma vez que sempre a precisão dos lançamentos requer atenção, exatidão e conferência. Esta função é ou deve ser uma constante para que sejam eficazes os lançamentos, “continuamente para assegurar exatidão e verdadeira representação gráfica dos fatos contábeis” (MAGALHÃES, 2011). Pode-se destacar que “registro e demonstrações contábeis devem expressar rigorosamente a verdade dos fatos. E para que esse trabalho mereça maior confiança, é indispensável certificar a fidedignidade de tais registros” (MAGALHÃES, 2011). A função pericial, de outro modo, é esporádica, somente quando houver solicitação, ou seja, requisitada para “testemunhar a existência dos elementos patrimoniais e de situações do direitoe/ou econômico-jurídicas” (MAGALHÃES, 2011). Ainda e sempre, deve-se realizar com todo o critério e cuidado. Um dos seus objetivos é o esclarecimento dos litigantes, caracterizando as “funções informativas ou opinativas dos contadores, tendo em vista os registros contábeis” (MAGALHÃES, 2011). A perícia tem por objetivo a geração de informação fidedigna. “A perícia origina-se da discriminação e definição de interesses e de controvérsia entre litigantes, é requisitada pelas partes interessadas ou autoridades judiciais” (MAGALHÃES, 2011). Perícia Contábil 30 Alberto (2012) acrescenta que a Perícia por ser uma parte ou uma “faceta” da ciência contábil, “será, de permeio e de consequência, influenciada por aquela metodologia científica concretizada, manifestada, na realidade” pela mesma Ciência Contábil. O autor ainda acrescenta que com segurança, conclui-se “que a atividade contábil tem caráter científico e técnico, já que este último – como modus operandi – decorre do primeiro” (ALBERTO, 2012). Necessidades de se fazer perícia contábil A Perícia Contábil, como visto, surge a partir de um solicitante, denominado de litigante, considerando uma demanda ou impasse, e torna-se necessária a opinião de um Contador Perito. Manifesto é que por alguma “imperfeição ou inadequação” (MAGALHÃES, 2011) a perícia é solicitada a partir de alguma irregularidade. Esta irregularidade pode ser intencional ou não e por isso deve-se utilizar da opinião de um Perito. Dentre as irregularidades, podem-se classificar as administrativas e as contábeis (MAGALHÃES, 2011), que suscitarão tempo de avaliação e estudo para que seja apresentado o laudo pericial e o que está sendo investigado ser apurado. Importante! Um dos objetivos da Perícia é “a constatação, prova ou demonstração, sobre os princípios e instrumentos da Ciência Contábil, do ou sobre o objeto” (ALBERTO, 2012). Completa o autor o objetivo maior é a transferência da verdade contábil para o ordenamento – o processo ou outra forma – da instância decisória. Perícia Contábil 31 Ainda sobre o objetivo da perícia, Alberto (2012) destaca de forma complementar, que “a perícia contábil tem por objetivo geral a constatação, prova ou demonstração contábil da verdade real sobre seu objeto, transferindo-o, através de sua materialização – o laudo”. Mais adiante, será tratado sobre o laudo mais especificamente. Pode-se antecipar que o laudo é, portanto, “o ordenamento da instância decisória, judicial ou extrajudicialmente” (ALBERTO, 2012). Dessa forma, a perícia apresenta as provas necessárias ao que se pôs em busca, utilizando-se da técnica contábil para fazê-lo acusar ou absolver. É por isso, a Perícia “algo de especial e específico. São elas às vezes decisivas no julgamento. Onde se envolvem fatos patrimoniais de pessoas, empresas, instituições, onde esteja o diretor patrimonial está à perícia como auxiliar de primeira linha nos julgamentos” (SÁ, 2011). A perícia torna-se necessária, de acordo com Alberto (2012) em alguns pontos, conforme a experiência do autor, em que se espera: a) A informação fidedigna; b) A certificação, o exame e a análise do estado circunstancial o objeto; c) O esclarecimento e a eliminação das dúvidas suscitadas sobre o objeto; d) O fundamento científico da decisão; e) A formulação de uma opinião ou juízo técnico; f) A mensuração, a análise, a avaliação ou arbitramento sobre o quantum monetário do objeto; e g) Trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade, má-fé, astúcia ou fraude. Perícia Contábil 32 Pode-se dizer que a perícia, seja na forma judicial, semijudicial, extrajudicial ou arbitral, ela pode ser aplicada, nos casos de avaliações, verificações e apurações de haveres, bem como exame, análise de erros ou fraudes (ALBERTO, 2012). Acrescenta o autor sobre cada uma dessas ocorrências: a) Avaliações, verificações e apurações: é, senão a principal, uma das mais importantes aplicações da perícia contábil, pois que se inserem os haveres no próprio objeto da contabilidade, o patrimônio, e, naturalmente, o grande fator determinante dos dissídios individuais ou coletivos, concretos, potenciais ou latentes, se fundam, certamente, nos haveres de uma entidade (física ou jurídica) que, em menor ou maior parcela de tempo, encontram-se agregados ao patrimônio de outra entidade. b) Exame, análise e identificação de erros ou fraudes: neste caso, seja qual for o ambiente em que a perícia esteja atuando, este é o instrumento próprio para verificar, analisar examinar ou identificar situações patológicas da Contabilidade, como são os erros e fraudes. Todas essas aplicações de perícia contábil devem-se ressaltar, podem ocorrer na instância de inquérito, no processo judicial ou arbitral, ou ainda, extrajudicialmente (no capítulo 5 será tratado mais detidamente sobre o erro e a fraude). Alberto (2012) lembra ainda que a “quantificação, identificação, avaliação, análise, apuração ou arbitramento dos haveres são atividades típicas da perícia contábil”. Conclui informando, que a “perícia contábil, cuja finalidade principal é a de apontar os haveres monetariamente mensurados ou avaliados pode ser necessária em variadas situações, judiciais ou não” (ALBERTO, 2012). Perícia Contábil 33 Irregularidades administrativas Uma vez solicitada a avaliação de uma irregularidade administrativa, para a consecução da perícia será necessário considerar algumas questões, para não incorrer em erro aquele que a execute, bem como se deixar influenciar por medidas que tem por finalidade provocar o equívoco ou induzir ao erro. Pode-se utilizar o perito das técnicas de auditoria para identificar as irregularidades administrativas. Attie (2011), lembra que a integridade dos administradores deve ser considerada, logo no primeiro momento em que se prepara a auditoria, neste caso a perícia. A integridade dos administradores fala muito e pode indicar o caminho para a realização da perícia ou o ponto nos registros contábeis em que se deve mais ater o perito. Embora o caráter da perícia ser diferente da auditoria, ambas podem compartilhar de suas técnicas e meios de detecção de falhas. Como identificar, então, a irregularidade administrativa? Teoricamente tudo aquilo que está em desacordo com a legislação ou até mesmo com o planejamento da empresa é uma irregularidade. Porém, devem ser avaliadas aquelas que trazem maior prejuízo para a parte considerada prejudicada diante de um litígio que requeira uma perícia. Assim, Attie (2011) destaca alguns itens da auditoria que podem ser considerados na perícia: 1. Verificar se não há negligência proposital nos controles internos da empresa; 2. Os administradores ordenam os funcionários a concluir transações ou informações, provocando entendimento equivocado; 3. Não confiar plenamente nos controles internos; 4. Considerar a possibilidade de existência de conflito entre os administradores e o pessoal responsável pela elaboração das demonstrações contábeis. Perícia Contábil 34 Importante! A negligência proposital dos controles internos feita por parte dos administradores refere-se a todas as ações de relaxamento dos controles, para arbitrar indiretamente a responsabilidade dos subordinados, e assim tentar confundir o trabalho do perito. Utilizando-se por vezes da força do cargo, administradores ordenam, porém, sem registrar as ordens, como os funcionários devem proceder, mais uma vez com o intuito de confundir o perito, que poderá avaliar os procedimentos e compará-los com o que foi planejado. A documentação ou os registros contábeis podem possuir erros, detectáveis ou não, assim um cuidado redobrado ao considerar valores ou rubricas sem muito sentido para as atividades daquela organização. Um diálogo junto àqueles que exercem os lançamentose controles, iniciado com as questões técnicas e depois para a relação interpessoal entre os níveis hierárquicos, pode resultar em insatisfações declaradas, ou até mesmo em lamentações. Magalhães (2011) neste tocante destaca alguns itens sobre as irregularidades administrativas: 1. Generalidade – a ação econômico-administrativa realizada pelos que tenham interesse pecuniário; 2. Imperfeições – a ação administrativa desenvolvendo-se no sentido dos finais que se destina a massa patrimonial; 3. Negligência – em matéria administrativa, a vigilância, zelo e ordem devem presidir os atos e fatos de gestão, objetivando alcançar as metas determinadas, lembrando que há falhas humanas; 4. Erros – são expressões generalizadas de irregularidades, considerando que o que não é certo, real ou verdadeiro, está errado, podendo ser voluntários ou involuntários; Perícia Contábil 35 5. Infrações – a administração deve processar-se em conformidade com a legislação vigente em todos os aspectos, sejam eles ambientais, fiscais ou trabalhistas; 6. Simulações – o interesse pecuniário, a ambição e a avidez pela conquista de riquezas, promovendo ações ardilosas, de astúcia e malícia com o fim de ludibriar outrem em proveito próprio; 7. Adulteração – alteração de coisas e fatos de forma premeditada com o fim de enganar a outrem em benefício próprio; 8. Fraudes – fraudar é enganar ou burlar a outrem em proveito próprio; 9. Culpas – aquele que, por negligência, comete omissão é culpado; 10. Responsabilidades – em se tratando de administração, responsável é aquele que se obriga a guardar e conservar a coisa, como legítimo dono. O perito, dessa forma, precisa atentar para todos os detalhes quando do planejamento da perícia contábil, considerando que, dependendo do que se vá periciar, alguém antes pensou como um perito pensaria para encobrir erros e fraudes. O conhecimento técnico será insuficiente se não houver certo grau de malícia, não que para isso seja preciso ver crime em tudo o que se analise. Não é para se tornar um “inquisidor”, mas ter o cuidado e atenção necessários à prática de uma perícia séria. Perícia Contábil 36 Irregularidades contábeis Uma administração mal sucedida ou intencionalmente voltada para vantagens pessoais torna a organização incapaz de produzir bons resultados. Uma das formas de se alterar os resultados é através da Contabilidade. Ocorre irregularidade contábil todas as vezes que os preceitos técnicos ou legais, estabelecidos pelas normas da Contabilidade e/ou as legislações são burladas. Como visto anteriormente, há de se pesquisar e verificar se o não atendimento às normas e às legislações foi voluntário por ação de má-fé ou involuntário por falta de conhecimento técnico. Tanto numa como em outra situação, uma vez caracterizada a irregularidade, a mesma deve ser esmiuçada para que se identifique de fato o motivo pelo qual se deu. Suscitando assim muitas ações judiciais para as quais se requer um perito contábil, sendo elas decisivas em um julgamento (SÁ, 2011). Magalhães (2011) referindo às irregularidades contábeis, cita alguns itens de atenção, da mesma forma que apresentou as irregularidades administrativas: 1. Generalidades – irregularidades contábeis concorrem para as falhas de administração incorrendo em prejuízo. Falhas na administração podem causar falhas na contabilidade; 2. Imperfeições técnicas – a organização do trabalho de Contabilidade obedece a planos previamente elaboradores e sua execução é orientada por normas predeterminadas. Ao profissional contábil se exige o mínimo de conhecimento técnico. 3. Negligência profissional – todo contador que responde pela gestão contábil de uma organização deve mantê-la em dia e em boa ordem; 4. Erros técnicos e de escrituração – a primeira distinção a fazer é a do erro substancial, o que se refere à essência, ou formal, que é a referência à apresentação, expressão de atributos das coisas; Perícia Contábil 37 5. Infração – o não cumprimento de uma determinação administrativa e, principalmente, legal, em parte ou no todo; 6. Simulações – quando coisas e fatos administrativos incorrem em inverdades e não apresentam a realidade; 7. Adulteração – quando da alteração, da emenda, das eliminações ou os acréscimos que alterem propositalmente os requisitos. Apresenta vício a contabilização que apresenta alterações posteriores, com o objetivo da falsificação; 8. Fraudes – quando ocorre a intenção de lesão de interesses alheios; 9. Culpas profissionais – imperfeições técnicas de organização e execução da contabilização, somadas as negligências, erros técnicos e de escrituração e outras irregularidades da escrita; 10. Responsabilidades profissionais – voluntárias ou involuntárias as falhas, culpas, do profissional da Contabilidade e as consequências prejudiciais no patrimônio alheio. Sobre a negligência profissional, o autor destaca algumas ações que a caracterizam perfeitamente: formas inadequadas para a guarda e conservação dos livros, para apresentação de trabalho, acúmulo de documentos por escriturar, falta de asseio, ausência ou atraso nas verificações. Importante! Como consequência dessas negligências, haverá dificuldade para a realização do trabalho de revisão ou de perícia, diminuindo a força comprobatória da escrituração e podendo comprometer o próprio administrador (MAGALHÃES, 2011). Perícia Contábil 38 Em Contabilidade, continua Magalhães (2011), O erro é de substância ou de conceito, quando se organiza plano de contas ou livros com impropriedades de indicação ou defeitos de função ou quando consideram ou classificam fatos de maneira que não significam a realidade ou verdade. Infere-se, então, que a perícia será dificultada em função da forma com que a escrituração, bem como as demais rotinas contábeis sejam negligenciadas. Ao observar tal fato, o perito deverá precaver-se para a emissão do seu laudo, pois o mesmo pode incorrer em erro por indução provocada por informação inadequada. Além disso, o autor fala das simulações. De forma geral, ele destaca a simulação de inventários, a simulação de operações ou negócios, de débitos e créditos, de despesas e prejuízos, de rendas ou lucros, da distribuição de lucros líquidos, de déficit ou superávit falso, situações aparentes ou falsas de balanços patrimoniais. Essas simulações podem gerar fraudes o que altera de fato lançamentos, valores de contas, lucros, classificação indevida de receita e despesa, omissão de recebimentos, saídas erradas de dinheiro, dentre outras falsidades praticadas com dolo, ou seja, intenção de fazer (MAGALHÃES, 2011). Como se vê, o perito deve considerar como possíveis todas essas irregularidades listadas, podendo encontrar outras ainda não catalogadas, considerando a criatividade humana. Conclui-se, assim, a unidade 2 que tratou dos fundamentos teóricos e éticos da Perícia Contábil. Na próxima unidade será tratada a questão da ética mais aprofundada e com enfoque especial na conduta ética do Contador. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Perícia Contábil 39 Exercícios – Unidade 2 1.Como se vê, o perito deve considerar como possíveis todas essas irregularidades listadas, podendo, considerando a criatividade humana, encontrar outras ainda não catalogadas. Assinale um dos fundamentos teóricos da perícia contábil: a) Função legal. b) Função trabalhista. c) Função acadêmica. d) Função contábil. e) Função histórica. 2.Assinale uma das funções complementares da Contabilidade: a) Função descritiva. b) Função pericial. c) Função denominativa. d) Função judicial. e) Função operacional. 3.Qualcaracterística possui a função revisora da Contabilidade: a) Periciar as demonstrações. b) Emitir o balanço patrimonial. c) Assegurar a exatidão dos fatos. d) Registrar os fatos ocorridos. e) Analisar as demonstrações. Perícia Contábil 40 4.Assinale um exemplo de irregularidade administrativa: a) Assinar o balanço com o contador. b) Contabilizar os fatos. c) Imprimir as informações contábeis. d) Negligenciar na gestão. e) Gerar o balancete de verificação. 5.Fraude é: a) Alteração de atos e fatos. b) Atualização de valores pela inflação. c) Ocultar regularidades. d) Enganar a outrem ou burlar lei. e) Cancelar conta bancária. 6.O que ocorre ao vender um produto em quantidade menor do que o que foi especificado na nota? a) Culpa. b) Simulação c) Infração. d) Adulteração. e) Coesão. Perícia Contábil 41 7.Quando o profissional da contabilidade não mantém os lançamentos em dia e não se preocupa com a gestão contábil da organização ele está cometendo: a) Adulteração de contrato. b) Ação beneficente. c) Negligência profissional. d) Imperfeições técnicas. e) Erros técnicos. 8.O não cumprimento de uma determinação administrativa e, principalmente, legal, em parte ou no todo, caracteriza uma: a) Simulação. b) Adulteração. c) Negligência. d) Fraude. e) Infração. 9.Cite um exemplo de irregularidade administrativa: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Perícia Contábil 42 10.Cite um exemplo de irregularidade contábil: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Perícia Contábil 43 3A Ética e a Contabilidade Perícia Contábil 44 Caro aluno, O trabalho da Contabilidade deve estar pautado em ações éticas para que não haja distorções ou a possibilidade de desvios. Nesta unidade, serão tratados a ética e a Contabilidade. Objetivos da unidade: Conhecer os conceitos de ética e contabilidade, bem como associar os conhecimentos e a conduta do profissional Contador. Plano da unidade: O que é ética? Aspectos históricos e formação ética A Contabilidade e o comportamento ético Bem-vindo à terceira unidade de Estudo. Sucesso! Perícia Contábil 45 O que é ética? Antes de seguir com o estudo propriamente dito da perícia contábil, considerando que a unidade anterior falou da ética nessa atividade, faz-se necessário acrescentar algumas informações sobre este tema que precisa estar presenta no exercício da função de perito. O jurista Fábio Konder Comparato, em sua obra intitulada “Ética”, verdadeiro tratado sobre o tema, apresenta que a ética, conforme pensava Aristóteles, refere-se ao “agir humano considerado em si mesmo. Uma filosofia das coisas humanas” (COMPARATO, 2011). A ética é definida por Ferreira (2004) como: Estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua totalidade, quer pela busca da realidade capaz de abranger todas as outras, o Ser, quer pela definição do instrumento capaz de apreender a realidade, o pensamento, tornando-se o homem tema inevitável de consideração. Corroborando com esta definição, Comparato (2011) vai destacar que o objeto da ética é o “estudo do supremo bem a que podem aspirar aos homens, isto é, a felicidade”. Entendendo a felicidade como a satisfação de tudo o que o homem aspira, inclusive, no que ele desenvolve com seu trabalho. Assim, “a ética procura, pois, saber, em primeiro lugar, em que consiste a felicidade; em segundo lugar, qual a forma de organização política que assegure a felicidade geral” (COMPARATO, 2011). Como complemento ao conhecimento e para encontrar a resposta das questões anteriores, Comparato (2011), lembra duas obras de Aristóteles: para responder a primeira questão, a obra “Ética a Nicômaco”; para responder à segunda, a obra “Política”. Perícia Contábil 46 Nelas, encontram-se o pensamento inicial sobre a ética e seu papel na formação do homem e da sociedade. A ética está em acordo com a cultura dos povos, sendo a eles específica. Diferente da técnica que é independente dessas particularidades. Lisboa (2012), de forma simplificada, define “o termo ética como sendo um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado”. Em outra definição mais completa, o autor define ética como: expressão única do pensamento correto, conduz à idéia da universalidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do comportamento humano, expressa em princípios válidos para todo pensamento normal e sadio. (LISBOA, 2012). Dessa forma, ao pensar a técnica envolvida no trabalho da perícia contábil, esta deve atender a todos os métodos aceitos pela Contabilidade, não fugindo, porém à ética. O perito deve ter uma conduta técnica impecável baseado na ética que a função exige. Importante! O produto da perícia contábil deve ser a apresentação da verdade, envolvida de seriedade, tentando se livrar de erros ou enganos que possam surgir em função de fraudes ou vícios, como será visto mais adiante. Perícia Contábil 47 Aspectos históricos e formação ética O marco inicial da ética encontra-se na Grécia antiga e o já citado Aristóteles trabalhou para que houvesse um corpo de doutrina que formasse o entendimento da ética. Não se esquecendo de Sócrates e Platão, e as contribuições desses autores para a origem da filosofia como um todo. Comparato (2011) vai demonstrar que essa construção é de fato bem antiga. Após a Grécia, Roma daria sua contribuição à ética instituindo o Direito. E, observe, através dele o trabalho do perito se agrega para auxiliar em juízo uma tomada de decisão. O autor lembra-se da ética religiosa no período medieval e o desafio de manter um comportamento humanizado, pois este período ficou conhecido como “idade das sombras”. O destaque de pensadores dessa época vai para Francisco de Assis e Tomás de Aquino. Maquiavel, Martinho Lutero, João Calvino, Jean Bodin, Thomas Hobbes, Jean Locke, Jean-Jacques Rousseau, Immanuel Kant, Adam Smith Hegel, Marx, entre outros, são lembrados igualmente por Comparato (2011), para a formação do pensamento ético. Essa formação pode-se afirmar que é contínua, não cessa, não para, se constrói e se reconstrói com o passar do tempo da ética e do próprio ser. Cada indivíduo ou grupo social se valoriza, pelo desenvolvimento contínuo de suas potencialidades, na medida em que se abre a todos os outros, neles reconhecendo o complemento necessário de si próprio (COMPARATO, 2011). Os aspectos éticos deverão estar presentesna atividade pericial, pois “os princípios éticos são normas que nos obrigam a agir em função do valor do bem visado pela nossa ação, ou do objetivo final que dá sentido à vida humana” (COMPARATO, 2011). Perícia Contábil 48 Importante! O perito não é um ser que vive fora da realidade, ele precisa estar atento a ela para que seu conhecimento construa a dignidade de sua profissão, com eficiência e ética. A Contabilidade e o comportamento ético Ferramenta indispensável para a gestão de organizações, a Contabilidade tem por fim a execução, o controle e a demonstração dos resultados financeiros. Obedece a um conjunto de Princípios e atende a um grupo expressivo de normas e legislações. Contribui para o processo de tomada de decisão em todos os níveis organizacionais. Sua identidade é a de Ciência dos números, embora seja uma Ciência Social aplicada. Suas regras e sua metodologia baseiam-se na seriedade e por que não dizer na ética, uma vez que um erro ou falha na sua escrituração pode comprometer e até mesmo desvirtuar o sentido de uma organização. A Contabilidade está na sociedade desde os tempos mais primitivos, de forma rudimentar, até os dias atuais, na era da informação digital. No Brasil, somente a partir do século XX é que tem início a formação superior em Contabilidade. Mesmo assim seu desenvolvimento é notório e hoje está de acordo com a Contabilidade Internacional. O comportamento ético se faz necessário também na atuação do profissional de Contabilidade, como garantia de respeito e continuidade de seu trabalho, no caso da perícia mais ainda, lembrando que “qualquer ato que desrespeite uma regra estabelecida e aceita pela sociedade, independente de sua natureza, representa falta de ética” (LISBOA, 2012). Perícia Contábil 49 O especialista pode errar ocasionalmente, mas não pode usar da exclusividade do seu conhecimento, por exemplo, para enganar aos outros que desconhecem por completo a sua técnica. É importante lembrar que os profissionais especializados, inclusive os contadores têm suas regras próprias, tendo também suas próprias punições (LISBOA, 2012). No caso dos contadores, as penalidades ficam por conta do Conselho Federal de Contabilidade, dos Conselhos Regionais de Contabilidade e da Comissão de Valores Mobiliários, lembra Lisboa (2012). “Caso a sociedade não perceba a disposição dos profissionais em proteger os valores éticos, certamente ela passará a não acreditar na profissão” (LISBOA, 2012). O trabalho do perito que estiver se comportando de forma ilícita diante da sua tarefa, promoverá desconfiança e certamente não será solicitado para a realização de perícias. Não é demais lembrar, de forma resumida, o que determina o código de ética do profissional contador, de acordo com a resolução CFC nº 803/96, alterada pela resolução 1.307/10 (LISBOA, 2012): a) Responsabilidade, perante a sociedade, de atuar com esmero e qualidade, adotando critério livre e imparcial; b) Lealdade, perante o contratante de seus serviços, guardando sigilo profissional e recusando tarefas que contrariem a moral; c) Responsabilidade para com os deveres da profissão mesma (aprimoramento técnico, inscrição nos órgãos de classe etc.); d) Preservação da imagem profissional, mantendo-se atualizado em relação às novas técnicas de trabalho, adotando, igualmente, as mais altas normas profissionais de conduta. O contador deve contribuir para o desenvolvimento e difusão dos conhecimentos próprios da profissão. O respeito aos colegas deve ser sempre observado. Perícia Contábil 50 Importante! O cumprimento do código de ética é uma forma do perito ter um comportamento ético, e sua atuação será sempre considerada e solicitada por todos que desejarem ter um parecer ou laudo sério. Assim, se conclui a unidade 3 onde foi possível observar a importância da ética na gestão contábil e, por conseguinte a função do Perito. Na próxima unidade, será tratada a operacionalização da Perícia de acordo com os trâmites que a regem, a forma como deve ser executada. Leitura Complementar Sugestão de leitura: consulte no site do Conselho Regional de Contabilidade, o Código de Ética do Contador É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades dessa unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino- aprendizagem. Perícia Contábil 51 Exercícios – Unidade 3 1.De acordo com o que determina o Código de Ética Profissional do Contador, julgue as situações hipotéticas abaixo e, em seguida, assinale a opção CORRETA (adaptado de exame de suficiência CFC 02/2013). I. Um contador assinou as demonstrações contábeis preparadas por seu primo, recém-formado e ainda não registrado no CRC local por não ter sido aprovado no Exame de Suficiência, cujo trabalho não orientou nem supervisionou; II. Um perito contador, indicado para atuar em um caso de apuração de haveres, recusou sua indicação por não se achar capacitado para a tarefa requerida; III. Um técnico em contabilidade, cursando o último ano da graduação em Ciências Contábeis, apresenta-se como contador, e já fez constar esta informação também no seu cartão de visitas e no site da empresa prestadora de serviços contábeis do qual é proprietário. Agiram em desacordo com o que determina o Código de Ética Profissional do Contador, os profissionais citados nas situações: a) I e II. b) I e III. c) I, II e III. d) II e III. e) NRA. Perícia Contábil 52 2.Conforme o Código de Ética Profissional do Contador, Aaprovado pela Resolução CFC no 803/96 e alterações posteriores, no que se refere ao desempenho das funções do profissional da Contabilidade, julgue os itens abaixo como Verdadeiros (V) ou Falsos (F) e, em seguida, assinale a opção CORRETA (adaptado de Lisboa (2011). I. É vedado ao profissional da Contabilidade não revelar negociação confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou transação que, comprovadamente, tenha tido conhecimento. II. É vedado ao profissional da Contabilidade emitir referência que identifique o cliente ou empregador, com quebra de sigilo profissional, em publicação em que haja menção a trabalho que tenha realizado ou orientado, salvo quando autorizado por eles. III. É vedado ao profissional da Contabilidade iludir ou tentar iludir a boa-fé de cliente, empregador ou de terceiros, alterando ou deturpando o exato teor de documentos, bem como fornecendo falsas informações ou elaborando peças contábeis inidôneas. IV. É vedado ao profissional da Contabilidade não cumprir, no prazo estabelecido, determinação dos Conselhos Regionais de Contabilidade, depois de regularmente notificado. A sequência CORRETA é: a) F, V, V, V. b) V, F, F, F. c) F, V, F, V. d) V, F, V, F. e) NRA. Perícia Contábil 53 3.Com relação ao comportamento dos profissionais da Contabilidade, analise as situações hipotéticas apresentadas nos itens abaixo e, em seguida, assinale a opção CORRETA (adaptado de Lisboa (2011)). I. Um contabilista iniciante contratou um agenciador de serviços para atuar na captação de clientes. Para cada cliente captado, o agenciador irá receber 1% dos honorários acertados. II. Em razão de sua aposentadoria, o contabilista transferiu seus contratos de serviço para seu genro, também contabilista. Os clientes foram contatados um a um, por telefone, e se manifestaram de acordo com a mudança. III. Um perito-contador, indicado pelo juiz para atuar em uma questão relativa a uma dissolução de sociedade, recusou-se a assumir o trabalho por não se achar capacitado. De acordo com as três situações acima descritas, o comportamento do profissional da Contabilidade está em DESACORDO com os deveres descritos no Código de Ética Profissional do Contabilista nositens: a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) I, apenas. d) II e III, apenas. e) NRA. Perícia Contábil 54 4.Com relação aos deveres dos profissionais da Contabilidade, de acordo com o Código de Ética Profissional do Contador, aprovado pela Resolução CFC n.º 803/96, e alterações posteriores, julgue os itens abaixo e, em seguida, assinale a opção CORRETA (adaptado de Lisboa (2011). I. É dever do profissional da Contabilidade comunicar ao CRC a mudança de seu domicílio ou endereço e da organização contábil de sua responsabilidade, bem como a ocorrência de outros fatos necessários ao controle e fiscalização profissional; II. Se substituído em suas funções, é dever do profissional da Contabilidade informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao conhecimento desse, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem exercidas; III. São deveres do profissional da Contabilidade, entre outros, cumprir os Programas Obrigatórios de Educação Continuada estabelecida pelo Conselho Federal de Contabilidade e auxiliar a fiscalização do exercício profissional. Estão CORRETOS os itens: a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) I, e III, apenas. d) II e III, apenas. e) NRA. Perícia Contábil 55 5.De acordo com o que determina o Código de Ética Profissional do Contador, julgue as situações hipotéticas abaixo e, em seguida, assinale a opção CORRETA (adaptado de exame de suficiência CFC 02/2013). I. Um contador adota como estratégia de marketing publicar anúncios em jornal. Nos anúncios, ele faz indicação de títulos, especializações, serviços oferecidos, trabalhos realizados, além da relação dos clientes que autorizaram a publicação de seu nome. II. Um auditor, atento ao programa de educação continuada, mantém-se atualizado, participando de cursos de extensão, seminários e outros eventos. III. Um profissional da Contabilidade que atua como consultor tributário orienta os seus clientes a manterem escrituração contábil regular, independentemente do regime tributário escolhido. Os profissionais citados nas situações acima agiram em conformidade com o que determina o Código de Ética Profissional do Contador nos itens: a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) I, II e III. d) II e III, apenas. e) NRA. 6.De acordo com a Resolução CFC n°. 803/96 – Código de Ética Profissional do Contador e suas alterações, NÃO é norma de conduta a ser observada, obrigatoriamente, pelo profissional da Contabilidade, com relação à classe (adaptado de exame de suficiência CFC 02/2013): a) acatar as resoluções votadas pela classe contábil, inclusive quanto a honorários profissionais. b) prestar seu concurso moral, intelectual e material, salvo circunstâncias especiais que justifiquem a sua recusa. c) valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse nos honorários a receber. d) zelar pelo prestígio da classe, pela dignidade profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições. e) NRA. Perícia Contábil 56 7.Assinale, dentre os itens a seguir, aquele que representa um comportamento que NÃO infringe o Código de Ética Profissional do Contador (adaptado de exame de suficiência CFC 01/2013): a) Evitar conceder declarações públicas sobre os motivos da renúncia às suas funções, motivada por falta de confiança por parte do cliente. b) Exercer suas atividades profissionais demonstrando comprovada incapacidade técnica. c) Oferecer ou disputar serviços profissionais com redução excessiva no valor dos honorários. d) Valer-se de agenciador de serviços, mediante a participação desse nos honorários a receber. e) NRA. 8.Determinada empresa atua em dois segmentos de negócio: retificadora de motores e revenda de peças para automóveis. O faturamento da empresa está crescendo e ameaça extrapolar o limite de receita bruta da modalidade tributária Lucro Presumido. Para manter o enquadramento tributário, nos exercícios seguintes, o contador sugeriu ao proprietário, em dezembro, que desmembrasse a empresa em duas, sendo uma retificadora de motores e outra revenda de peças. Considerando o estabelecido no Código de Ética Profissional do Contador, a atitude do profissional citado (adaptado de exame de suficiência CFC 01/2013): a) infringiu o código de ética ao aconselhar o cliente contra disposições expressas nos Princípios de Contabilidade e nas Normas Brasileiras de Contabilidade. b) infringiu o código de ética ao propor ato contrário à legislação tributária e societária. c) não infringiu o código de ética, mas agiu contra o empresário ao aumentar a complexidade das atividades administrativas. d) não infringiu o referido código ética, pois a atitude do contador pode ser considerada como planejamento tributário. e) NRA. Perícia Contábil 57 9.Como você define ética? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10.Qual o campo de atuação da ética? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Perícia Contábil 58 Perícia Contábil 59 4Processualística e Operacionalização da Perícia Contábil Perícia Contábil 60 Caro aluno, A unidade 4 trata do trâmite de realização da perícia, os processos que envolvem a atividade, sua operacionalização e apresenta o laudo, documento conclusivo da Perícia Contábil. Objetivos da unidade: Analisar as condições de aplicabilidade do conhecimento contábil para a execução de uma perícia. Plano da unidade: Atos preparatórios do laudo pericial Atos de execução Diligência e prova pericial Laudo da perícia judicial, elaboração e entrega Situações e procedimentos especiais A perícia contábil e o CPC Bem-vindo à quarta unidade de Estudo. Sucesso! Perícia Contábil 61 Atos preparatórios do laudo pericial Além das preocupações citadas até agora, em relação ao conhecimento técnico do Perito, as possíveis irregularidades administrativas e contábeis, além da ética e moral envolvidas neste trabalho, importante é lembrar que há todo um procedimento de instalação da Perícia. Alberto (2012), lembra que toda ciência tem seus objetivos e seus princípios, bem como uma metodologia específica, o que ocorre com a Contabilidade, “é a ciência, com objetivo definido (o patrimônio), está fundamentada em princípios e utiliza metodologia adequada a seu objeto e a seus objetivos”. No que diz respeito à prática da Contabilidade, considerando a perícia uma delas, embora modificada, afiança Alberto (2012), o mesmo destaca que “há que considerar os “modos de operação”decorrentes da própria ciência”, com o fim útil de abordar determinadas situações. Assim, “a técnica, portanto, não é a ciência, mas é a parte da aplicação desta ciência. Da técnica (modus operandi) nasce a tecnologia (modus faciendi)” (ALBERTO, 2012). A técnica pré-determinada ordena o trabalho do perito, para a preparação do laudo. Magalhães (2011) aponta como atos preparatórios do laudo pericial, com fundamento no artigo 145 do Código de Processo Civil, combinado com os artigos 33, 138, 146, 421, 422 e 435. Pode-se assim organizar: 1. Nomeação de ofício a ser realizado pelo Juiz de Direito, quando este, diante de um conteúdo técnico ou científico do processo, sente a necessidade de nomear um perito; 2. Nomeação requerida ocorre quando uma das partes ou ambas, autor ou réu, por exemplo, no trâmite do processo solicita ao juiz a nomeação do perito, para esclarecer questão técnica ou científica; 3. Indicação quando uma das partes ou ambas desejam após a saída do laudo, uma opinião independente do profissional em perícia, indicando assim um assistente técnico perito da parte; Perícia Contábil 62 4. Intimação. Feita a nomeação, o juiz manda intimar ou cientificar de que o perito foi nomeado, podendo aquele utilizar-se de um “mandato de intimação” ou de uma “carta de intimação”, com os dados do processo; 5. Escusa quando da declinação da nomeação por parte do Perito, por motivos de ordem legal, técnica ou científica. Podendo haver, por exemplo, conflitos de interesse entre ele e as partes do processo. Uma vez sendo nomeado ou indicado, e tomando conhecimento do que se trata o processo, o perito inicia a sua atividade, utilizando-se do seu conhecimento e de todos os meios que tornem possível a geração do laudo pericial. Como laudo pericial, pode-se definir como a “manifestação literal do perito sobre fatos patrimoniais devidamente circunstanciados” (SÁ, 2011). Será a materialização de sua perícia, baseado em seus conhecimentos profissionais. Sá (2011) explica a origem da palavra laudo que provem da expressão verbal latina substantivada laudare, no sentido de “pronunciar”. Assim podendo definir, também o laudo como “um pronunciamento ou manifestação de um especialista, ou seja, o que entende ele sobre uma questão ou várias, que se submetem a sua apreciação” (SÁ, 2011). Exemplo: em um processo judicial, um advogado precisa argumentar sobre o valor de quotas da sociedade da qual seu cliente saiu; o sócio egresso entende que foi prejudicado e, inconformado, entrou na justiça para discutir. O advogado sabe que pela lei o sócio tem direito a receber o valor de suas quotas na forma que o contrato estabelecia, mas não tem conhecimentos contábeis suficientes para atestar isto (...). Requere-se, então, a um perito Contador sua opinião (SÁ, 2011). O autor acrescenta ainda que, perguntas podem ser feitas ao perito ou solicita- se que sejam formulados quesitos, através das partes ou seus advogados. Após exame das questões e do conteúdo do processo, o perito emite sua opinião, gerando o laudo. Alberto (2012) declara que na perícia, deverá ser ordenada, lógica, racional, com o objetivo a geração do laudo, “o perito deve (para aplainar seu próprio caminho), se valer das técnicas usuais e especiais, as quais, sem ter o condão de esgotá-las ou dá-las como definitivas”. Perícia Contábil 63 Importante! Toda a experiência do Perito deve ser igualmente considera. Se for um iniciante, pode-se valer da experiência de outros e utilizar um dos métodos mais tradicionais das ciências que é a observação. Apropriando-se do que proporcionou bons resultados, considerando técnicas e métodos utilizados por outrem, adequando à realidade a ser periciada, todo o preâmbulo de preparação do laudo fará a diferença na execução da perícia em si. Magalhães (2012) apresenta uma sugestão para a condução da perícia: é aconselhável, em primeiro lugar, delimitar o campo de conhecimento geral que envolve essa temática. Feito isto, levantar dúvidas ou questões sobre os conteúdos do conhecimento específico que precisa ser dominado. O autor destaca que o universo desse estudo está sobreposto ao campo do conhecimento geral, apresentado entre os artigos 18 e 1.072, do Código de Processo Civil, e o “campo de conhecimento específico, que compreende toda a problemática emanada do início dos atos preparatórios até o término dos de execução do trabalho pericial” (MAGALHÃES, 2012). Atos de Execução Após os atos preparatórios do laudo, a perícia se inicia de fato com os atos de execução. É quando “se inicia o trabalho pericial, de natureza técnica/científica, objetivo do processo, para esclarece ao juiz sobre a complexidade do problema em lide” (MAGALHÃES, 2012). Perícia Contábil 64 O início da execução se dá pela formulação de quesitos pelo juiz, que partam de sua própria iniciativa, ou quando homologada ou rejeitada por ele, quando formulada pelos advogados das partes, conforme determina o Código de Processo Civil, em seu artigo 426, incisos I e II, conforme destaca Magalhães (2012). Conforme visto no item anterior, no que diz respeito às técnicas da ciência, uma forma de se obter uma boa resposta é formular uma boa perguntar. Se a perguntar for clara e objetiva, com todos os quesitos devidamente tratados, a resposta terá menos chance de fracassar. Um questionamento mal feito pode gerar resposta inadequada. “Quesitos bem formulados são fundamentais para a boa qualidade do trabalho pericial, pois são os quesitos que indicam o escopo da perícia” (MAGALHÃES, 2012). O autor destaca ainda que as “diligências para obtenção de provas dos fatos constituir-se-ão em atos de execução subsequentes e destes atos resulta o laudo pericial” (MAGALHÃES, 2012). Com a metodologia da perícia determinada, utilizando-se das técnicas previstas para o intento, tendo os quesitos para direcionar o trabalho de busca das respostas, o perito executa sua tarefa e logrará êxito se atender à demanda que for solicitada, fazendo prevalecer a verdade dos fatos, com imparcialidade. Sá (2011) alerta que os serviços contábeis como qualquer outro serviço apresenta riscos em sua execução, “na perícia, todavia, o risco tem muito mais significação, pois pode levar a uma opinião errônea, produzindo uma falsa prova, com lesão ao direito de terceiros”. O mesmo autor apresenta algumas precauções a serem adotadas pelos peritos. Em relação aos seguintes fatores (SÁ, 2011): 1. Tempo atribuído: só aceitar a tarefa em tempo hábil para que possa desempenhá-la com rigor. Para tanto, deve dimensionar a tarefa e, se o tempo atribuído for incompatível com a necessidade de dedicação à execução, solicitar maior prazo, e, se esse for negado, recusar a incumbência; Perícia Contábil 65 2. Plano de trabalho: elabora um plano amplo e competente para a execução da perícia e escolher os melhores critérios de desempenho do mesmo; 3. Desempenho exigente: no desempenho ou execução do plano deve o perito usar autoridade para que tudo lhe seja oferecido a tempo e completamente, ou seja, os elementos materiais de exame devem ser satisfatórios; 4. Apoio exigente: nos casos, por exemplo, como nos sistemas informatizados, onde muitas entradas em computadores não possuem documentação (exemplo: caixas eletrônicos de bancos), exigir rigoroso apoio de programação de verificação (com assistência especializada de alto nível); 5. Resguardo de informes: todo informe fornecido com base em “conhecimento de serviços”, ou “conhecimento de fatos”, que seja relevante para o julgamento, deve ser acolhido em depoimentos escritos e assinados pelos depoentes, testemunhalmente (por exemplo, informação sobre o critério de aplicação de títulos no mercado); 6. Provas emprestadas: onde couber, deve o perito apelar para a informação de pessoas alheias ao processo,
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