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ESTRUTURA E FUNÇÃO HUMANA
CAPÍTULO 1 - O QUE É A ESTRUTURA E FUNÇÃO HUMANA?
Introdução
Seja bem-vindo ao estudo do corpo humano! Você sabe o que é a “Estrutura e Função”? É um estudo integrado de três ciências básicas: anatomia, histologia e fisiologia humana.
Você sabia que anatomia é uma palavra que vem do grego que significa “cortar em partes”, conhecer a organização estrutural do corpo humano? Já a histologia, também do grego, significa “o estudo dos tecidos” que compõem as estruturas do corpo humano. Por sua vez, fisiologia, como as demais, uma palavra grega que significa “estudo da função” das estruturas e tecidos que compõem o corpo humano.
O estudo segregado destas três ciências é possível, porém limitado. Queremos oferecer a você um aprendizado próximo à realidade, em que as ciências se integram harmonicamente.
Você sabia que o nosso corpo não é simplesmente um conjunto de células ou de órgãos, mas sim um conjunto de células e órgãos que se agrupam para formar estruturas com funções específicas?
Neste primeiro capítulo, usaremos de três tópicos de estudo para nivelar conhecimentos, ou seja, para saber de que maneira nosso organismo funciona e como se organiza, do que ele é constituído e algumas nomenclaturas que são utilizadas de maneira geral no mundo científico.
No último tópico, daremos início à nossa aventura pelo corpo humano, por um sistema de grande complexidade por dominar o funcionamento de todos os restantes: o sistema nervoso. 
Fique atento ao material apresentado e bons estudos!
Mecanismos homeostáticos
Você já percebeu que sua frequência respiratória ou a sua frequência cardíaca se alteram durante uma prática esportiva? E que, quando você faz uma pausa para descansar, essas mesmas frequências retornam ao estado inicial? Ou, ainda, você já notou como seu corpo se comporta diferente dependendo do clima? Num dia quente, você transpira. Já em um dia frio, você treme. Já parou para pensar em por que ou como seu corpo faz isso?
Antes de iniciar o estudo da homeostase, assista ao vídeo que preparamos para você!
 https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550228983&entry_id=1_5hhtf8ny
Neste primeiro tópico, você terá a oportunidade de aprender mais sobre o tema. 
Vamos lá?
Homeostase e a membrana plasmática
Nosso organismo tem a capacidade de se adaptar às mudanças ambientais e internas, mantendo as funções orgânicas acontecendo de maneira eficiente, independente, da situação. A essa característica chamamos de Homeostase.
Você, como futuro profissional da área da saúde, precisa compreender de que maneira o nosso organismo funciona, para que nossas intervenções promovam a saúde, previnam e tratem as doenças de nossos clientes, pacientes e alunos! Para aprender mais sobre o tema, clique nas setas abaixo.
Muitos autores definem homeostase como equilíbrio. Porém, não é assim tão simples, isso porque vivemos num ambiente totalmente dinâmico. O conceito correto seria a “manutenção da constância do ambiente interno independente de qualquer condição. Você dorme, acorda, trabalha, estuda; além disso, as temperaturas oscilam ao longo do dia, sua alimentação muda, estresse etc.”.
Homeostase, do grego, homeo, significa parecido ou similar e stase significa condição. Perceba que nosso organismo não é estático. Toda vez que algo perturba o equilíbrio, a homeostase, rapidamente o organismo se ajusta e retorna ao estado de equilíbrio.
A capacidade que nosso organismo tem de manter a homeostase é realmente incrível, mas, para que isso aconteça, é preciso que haja uma comunicação íntima entre todos os sistemas que compõem nosso organismo. Conforme formos aprofundando nosso estudo sobre o corpo humano, você perceberá que sempre existe a presença de um receptor, um centro integrador e um efetor. O receptor será aquele que perceberá a quebra da homeostase; o centro integrador será o responsável pela tomada de decisão do restabelecimento do equilíbrio corporal; e o efetor será aquele responderá ou efetuará o comando do centro integrador.
Por exemplo, a temperatura ideal para o funcionamento do nosso corpo fica em torno de 36,5 °C ou 37 °C. Imagine que hoje está fazendo 20 °C lá fora e você não imaginava que teria tal queda de temperatura, saiu de casa vestindo apenas uma bermuda e uma regata.
Imediatamente a temperatura do ambiente começa a influenciar sua temperatura corporal, porém, para que os nossos órgãos funcionem de maneira adequada, precisamos mantê-los a 36,5 ºC. Receptores localizados na superfície de nosso corpo percebem a temperatura ambiente, enviam esta mensagem para o sistema nervoso que compreende que se a temperatura corpórea diminuir, nossos órgãos poderão sofrer danos.
A estratégia tomada então é enviar um comando aos músculos (efetores), para que contraiam repetidamente (tremor), gerando calor. Obviamente, não é somente esse comando, muitos outros são enviados, mas conseguem compreender a intima relação que há entre os sistemas? Todos com o mesmo objetivo: garantir a homeostase.
Essa íntima relação entre os sistemas recebe o nome de feedback ou retroalimentação. Trata-se de uma conversa entre receptores, centro integrador e efetores a fim de garantir a homeostase momento a momento. Existem dois tipos de feedbacks: o negativo e positivo. Para conhecer mais sobre eles, clique nas abas abaixo.
· Feedback negativo
O negativo é o mais comum e consiste na reversão de uma variação, por exemplo: a pressão arterial (pressão sanguínea exercida contra a parede dos vasos sanguíneos), deve ser mantida dentro de um limiar, para que todo o corpo receba os nutrientes provindos do sangue de maneira adequada. Vamos supor que a sua pressão arterial se eleve ou reduza por algum estímulo, isso pode gerar prejuízos sérios na nutrição tecidual.
Neste caso, terminações nervosas localizadas em algumas artérias (barorreceptores) terão a função de receptores, ou seja, serão os responsáveis por perceber se o fluxo sanguíneo está passando com a pressão adequada. Essa informação é constantemente enviada para um centro integrador, que no caso, é o sistema nervoso central. Ele interpreta a mensagem e responde ao coração e aos vasos sanguíneos (efetores), que gerarão diminuição ou aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição ou vasodilação, de acordo com a necessidade. Ou seja, se a pressão arterial está elevada, por meio do feedback negativo, essa pressão diminuirá até os valores normais para aquele indivíduo. Porém, se a pressão arterial diminuiu, por meio do feedback negativo, os valores da pressão arterial se elevarão até atingir a normalidade daquele indivíduo.
· Feedback positivo
Por outro lado, o feedback positivo reforça a variável. Funciona da mesma forma que no feedback negativo, porém, agora, o comando enviado para o efetor é de intensificação, ou seja, aquela variável vai ser ainda mais estimulada. Exemplo: situação de parto. Por meio do feedback negativo, as contrações uterinas seriam anuladas, mas se isso acontecer o bebê não irá nascer, já que são as contrações uterinas que favorecem a saída do bebê do útero. Com o feedback positivo, quanto mais contrações e estiramentos, mais contrações uterinas irão acontecer até que o bebê nasça.
Aprofundando um pouco mais nosso conhecimento, o conceito de homeostase é aplicado ao funcionamento celular. Existem diversos tipos de células, vamos usar um modelo simplificado, mas que se aplica a todos os tipos de células eucariontes.
No esquema abaixo, observe uma célula eucarionte, dotada de diversas organelas com diferentes funções e de um núcleo contendo em seu interior nosso material genético, o DNA. Queremos chamar atenção para o envoltório celular, denominado Membrana Plasmática. Ainda que as demais estruturas celulares sejam interessantes, serão focos de outra disciplina chamada Processos Biológicos.Figura 1 - A) Uma ilustração de uma célula animal, com seus constituintes citoplasmáticos. B) Uma ampliação do envoltório celular, conhecido como membranaplasmática, ilustrando sua composição.
Confira, na sequência, um vídeo sobre a membrana plasmática e a proteção das organelas internas de uma célula.
 https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550234050&entry_id=1_jujbccbz
Agora, observe o quadro abaixo.
Quando a membrana plasmática consegue garantir que as concentrações iônicas intracelulares estejam de acordo com a necessidade celular, a célula está em homeostase.Figura 2 - Concentrações iônicas homeostáticas no meio extracelular e intracelular
Robert Hooke foi um cientista inglês da Universidade de Oxford, que viveu no século XVII, o primeiro a descrever a existência das células. Fez isso a partir da análise de cortiça, observou que ela era formada por “pequenas celas”, a qual chamou de células.
A função de transporte entre o meio extra e intracelular é então muito importante para as células. Tanto para entrar (influxo) como para sair (efluxo), todas as substâncias químicas atravessam a membrana plasmática. Os transportes pela membrana podem ser divididos de acordo com dois critérios: mediados e não mediados, e ativos e passivos. O transporte mediado é feito pelas proteínas, que podem ser carreadoras (transportadoras) ou proteínas de canais. Neste caso, as substâncias que querem entrar ou sair da célula precisam de ajuda destas proteínas ou canais.
A maior parte das moléculas que são transportadas fazem uso do que chamamos de mediadores ou canais transportadores, proteínas localizadas na membrana plasmática capazes de mudar a sua conformação ao se ligarem à molécula na qual possuem especificidade, transportando-a para o MIC ou para o MEC.
Na figura, você pode observar a membrana plasmática em destaque com suas proteínas transportadoras. À esquerda, um canal fechado e à direita, o canal aberto, permitindo a difusão dos íons de um meio para outro.Figura 3 - Proteínas transportadoras de membranas plasmáticas
No transporte não mediado, as substâncias atravessam a membrana plasmática sem a ajuda de proteínas. Clique nas abas e aprenda mais sobre o tema.
Transporte Ativo - No transporte ativo a célula gasta ATP e ele ocorre contra um gradiente de concentração e com uso de um mediador (carreador ou proteína de canal).
Transporte Passivo - No transporte passivo, a célula não gasta ATP. São exemplos de transporte passivo: a osmose, realizada pela água no corpo humano, quando ela vai de uma área de alta concentração de Transporte água para uma área de baixa concentração de água; a difusão simples, que ocorre quando um passivo íon ou gás é transportado sem um mediador e sem gasto energético; e a difusão facilitada, ocorrida quando um íon ou gás é transportado com um mediador, porém, sem gasto energético.
Você sabia que a diabetes é uma doença das células? A glicose provinda da alimentação é a principal matéria prima para a produção de ATP, porém, ele só será produzido a partir do momento que a glicose for transportada do sangue para dentro das células. A insulina (hormônio produzido pelo pâncreas) atua facilitando a entrada da glicose nas células. Existem diversos tipos de diabetes, as mais comuns são a “tipo 1” e a “tipo 2”. Na diabetes tipo 1, a pessoa não produz insulina (é uma doença autoimune, em que o próprio corpo destrói as células pancreáticas produtoras de insulina). Já na diabetes tipo 2, a pessoa tem deficiência nas proteínas celulares que se ligam à insulina. Seja a 1 ou a 2, a pessoa tem dificuldades em fazer essa glicose sanguínea entrar no meio intracelular e, por isso, ela se acumula no sangue.
Existem milhares de proteínas transportadoras na membrana plasmática, isso porque elas têm alta especificidade, ou seja, existe uma proteína transportadora específica para o sódio, outra para o potássio, outra para o cálcio e por aí vai. A membrana plasmática é dinâmica, isso significa que as proteínas transportadoras não são estáticas, ao contrário, migram pela membrana a fim de garantir que os íons ou moléculas consigam ser transportados para dentro ou para fora, não importando o local em que estejam.
CASO
Caso clínico: J.M.T., homem, 54 anos, obeso, hipertenso e diabético tipo 2 há 20 anos, procurou o hospital. Ao exame físico, observou-se ferida no pé esquerdo, rarefação de pelos e perda da sensibilidade nas pontas dos dedos. Quando o médico perguntou sobre a ferida, J.M.T. disse que nunca tinha percebido a presença dela. O médico tratou a ferida e orientou J.M.T. em relação à sua doença.
Em uma situação normal, o açúcar (glicose) ingerido na nossa dieta é absorvido e cai na corrente sanguínea, aumentando a glicemia (quantidade de glicose no sangue). O aumento da glicemia sinaliza para o pâncreas produzir mais insulina, aumentando a capacidade de captação da glicose pelas células. Com a entrada da glicose nas células, a glicemia diminui. A redução da glicemia sinaliza para o pâncreas reduzir a produção da insulina, formando uma alça de feedback.
No caso de J.M.T., no diabetes tipo 2, as células podem adquirir resistência à insulina, destruindo ou não produzindo os receptores de insulina da membrana celular e impedindo a entrada da glicose. Dessa maneira, a glicose fica livre no sangue e acaba se acumulando em alguns tecidos, principalmente nas extremidades do corpo.
A produção da insulina é um exemplo muito claro de feedback negativo, pois a redução da glicemia inibe a produção de insulina no pâncreas. O feedback é negativo porque tem uma ação reversa ao estímulo inicial. As alças de feedback negativo são homeostáticas, pois mantêm em equilíbrio dinâmico o funcionamento do organismo. Veja que assim que a glicemia baixar, o feedback negativo fará com que o pâncreas produza menos insulina, já que ela não será mais necessária.
No caso do nosso paciente J.MT., a fase do controle da glicemia que está em desequilíbrio é a etapa em que a insulina será transportada para o MIC, por meio uma proteína de membrana (receptor), já que as células do corpo destroem ou deixam de fabricar esses receptores, pois adquiriram resistência à insulina.
Vamos praticar o que estudamos até aqui? Vimos em nossos estudos sobre os transportes ativos e passivos.
Na sequência, vamos estudar sobre os níveis organizacionais de diferentes tecidos. Fique atento.
Como o organismo humano está organizado?
Para compreender a homeostase, faz-se necessário que compreendamos o que chamamos de “Níveis Organizacionais”. E é sobre esse tema que estudaremos neste tópico. Antes de iniciar o estudo dos níveis de organização do corpo humano, assista ao vídeo que preparamos para você!
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229035&entry_id=1_4gvuaa1y
Ao ler um livro, muitas vezes, não refletimos sobre isso, mas esse livro precisa ser formado por capítulos. Esses capítulos são formados por parágrafos, que são formados por palavras, que são formadas por letras combinadas.
Quando observamos um indivíduo, o vemos como um livro finalizado. Porém, esse indivíduo é formado por sistemas (nervoso, respiratório, cardiovascular, urinário, endócrino, digestório, esquelético e genital). Cada sistema é formado por um conjunto de órgãos que trabalham para a mesma finalidade. Esses órgãos são formados por tecidos, que por sua vez são formados por células.
Ainda comparando com um livro, os capítulos interagem uns com os outros. Os sistemas corporais não trabalham de maneira individual, mas exercem grande influência e até mesmo manutenção no funcionamento dos demais sistemas.Figura 4 - Constituição corporal humana e seus constituintes celulares
Por exemplo, de que adianta o sistema cardiovascular trabalhar e enviar sangue a todo o corpo, se o sistema respiratório não lhe ofertar o oxigênio ou o sistema digestório não ofertar os nutrientes necessários? De que adianta um carteiro ir às ruas, se não houver quem escreva as cartas? Entendem como um sistema precisa do outro?
A homeostase começaem nível celular. Se as células estão exercendo bem suas funções, logo o tecido também está. Consequentemente, o órgão funciona de maneira adequada e assim os sistemas corporais também.
Uma das maiores causas de mortes no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é o Infarto Agudo do Miocárdio. Muitos acreditam que a causa dessa morte é o “entupimento” de algumas artérias cardíacas, as artérias coronárias. No entanto, o problema não é a obstrução das artérias, mas o fato de haver um bloqueio na passagem do sangue (que leva os nutrientes e gases necessários para a vida celular), as células morrem (necrose). Se as células do coração sofrem necrose, logo, o órgão para de funcionar.
Por isso que é possível um indivíduo se manter vivo após um procedimento conhecido como revascularização do miocárdio, com a implantação de stent, que desobstrui a artéria e restabelece o fluxo sanguíneo.
Temos quatro tecidos fundamentais que compõem nosso corpo, são eles: tecido epitelial, tecido muscular, tecido nervoso e tecido conjuntivo.
Cada um deles desempenha um papel fundamental à nossa existência, porém, com características diferentes.
Tecido epitelial: O tecido epitelial é responsável pelo revestimento de superfícies externas (como a pele, por exemplo) e internas do nosso corpo (nossos órgãos). O tecido epitelial de revestimento é responsável por proteger as superfícies internas e externas do corpo ou fazer a absorção de elementos. Dessa maneira, as células que o compõem podem apresentar diferentes formatos ou estar dispostas em camadas. Ainda existe uma forma especializada de tecido epitelial, com a capacidade de secreção. Para este, damos o nome de tecido epitelial glandular.
Tecido muscular: O tecido muscular é composto por células com capacidade contrátil. Essas células apresentam formato de fibra e, por isso, recebem o nome de fibra muscular. Temos três tipos de tecido muscular: tecido muscular estriado esquelético, que compõe a musculatura do corpo; tecido muscular estriado cardíaco (ou miocárdio), que compõe o coração; e tecido muscular liso que compõe nossos órgãos internos como estômago, intestino, útero, etc.
Tecido nervoso: O tecido nervoso é um tecido especializado na condução de informações, na comunicação entre os demais tecidos e sistemas. É formado por neurônios (unidade funcional) e células da glia (dão o suporte necessário para o funcionamento adequado dos neurônios e a manutenção do tecido).
Tecido conjuntivo: Já o tecido conjuntivo é o tecido que forma o conjunto com os demais. Também chamado de tecido conectivo, esse tecido encontra-se associado a todos os demais, conectando cada um deles. Isso porque é o único tecido vascularizado. As células principais são os fibroblastos e fibrócitos (responsáveis pela síntese e manutenção da matriz extracelular), macrófagos, mastócitos e plasmócitos (células responsáveis pela defesa do tecido) e a célula mesenquimal (precursora destes tipos celulares). Há vários subtipos de tecido conjuntivo, como o tecido ósseo, o tecido cartilaginoso, o tecido adiposo e outros.
Na sequência, realize a atividade especialmente proposta para testar seus conhecimentos sobre a membrana plasmática e outros temas relacionados ao corpo humano.
Os quatro tecidos fundamentais formam os órgãos do corpo humano. Alguns órgãos com funções semelhantes se agrupam formando os sistemas orgânicos.Figura 5 - Constituição corporal humana
Sistema Esquelético: O sistema esquelético é formado por ossos e cartilagens e sua função é dar sustentação e forma ao organismo.
Sistema Articular: O sistema articular é formado pelas articulações, cuja função é unir segmentos do corpo humano.
Sistema Muscular: O sistema muscular é formado pelos músculos associados ao nosso esqueleto, bem como é formado pelo coração e alguns órgãos o músculo liso. A função desse sistema é a geração de movimento, ou seja, movimentar o corpo ou impulsionar e movimentar o sangue ou ainda movimentar o bolo alimentar no interior do nosso sistema digestório, por exemplo.
Sistema Nervoso: O sistema nervoso é formado pelo nosso encéfalo, medula espinal, nervos e gânglios e tem a função de percepção do ambiente interno e externo, compreender e gerar respostas para a manutenção da homeostase e gerar comportamentos.
Sistema Circulatório: O sistema circulatório é formado pelo coração e uma rede condutora, a qual nomeamos vasos sanguíneos. Tem a função de conduzir o sangue para todo o corpo a fim de serem distribuídos os nutrientes e materiais adequados para a sobrevivência celular.
Sistema Respiratório: O sistema respiratório é formado pelo nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. É responsável por fazer a troca gasosa, filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado.
Sistema Digestório: O sistema digestório tem a função de captar o alimento, digeri-lo e a partir daí absorver os nutrientes necessários para o corpo e excretar aquilo que não pudemos digerir. É formado pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, além de algumas glândulas anexas como o fígado, o pâncreas e as glândulas salivares.
Sistema Urinário: O sistema urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. É responsável pela filtração do sangue e formação da urina, pela manutenção do volume plasmático, bem como a manutenção iônica plasmática.
Sistema Linfático: O sistema linfático é formado pelos vasos linfáticos e linfonodos. Faz o recolhimento do líquido que se acumula entre os tecidos (liquido intersticial) e forma a linfa, faz a absorção dos lipídeos no intestino formando o quilo e ainda pode atuar na defesa do organismo, eliminando possíveis patógenos.
Sistema Genital: O sistema genital masculino é formado pelo testículo, epidídimo, ducto deferente, glândula seminal, ducto ejaculatório, próstata, uretra, glândula bulbouretral, pênis e escroto. Já o sistema genital feminino é formado pelos ovários, tuba uterina, útero, vagina e genitália externa, também chamada de vulva, formada por monte do púbis, lábios maiores, lábios menores, clitóris e glândulas vestibulares. Ambos os sistemas são responsáveis pela formação e manutenção dos gametas (espermatozoide e ovócito) e produção de hormônios.
Alguns sistemas podem ser agrupados e formar aparelhos. É o caso dos sistemas esquelético, articular e muscular, que se juntos permitem a locomoção e, por isso, formam o que chamamos o aparelho locomotor. Esse também é o caso do Aparelho urogenital, formado pelos sistemas urinário, genital masculino e feminino.
Agora, para continuar seus estudos, no próximo tópico você verá sobre a terminologia anatômica. Mantenha-se concentrado!
Como me comunicar utilizando os termos adequados?
Os profissionais de saúde utilizam uma linguagem científica com termos próprios para descrever as estruturas anatômicas e suas funções. Esses termos permitem que a comunicação seja mais eficaz e precisa. A partir deste momento, vamos discutir alguns termos e normas para que possamos adequar nossa linguagem ao contexto profissional.
Ao estudarmos o corpo humano, faremos descrição das estruturas anatômicas que o compõem. Por exemplo: O estômago é um órgão em formato de “J”, localizado na cavidade abdominal, ligado ao esôfago e ao duodeno (intestino delgado).
Toda a descrição das estruturas anatômicas que serão feitas, serão de estruturas normais.
Normal na anatomia é toda característica que se repete na maior parte dos indivíduos. Então, é normal que o estômago da maioria das pessoas seja dessa forma. Porém, será que todos os indivíduos possuem todas as características corporais normais? Não. Quando um indivíduo apresenta alguma característica que fuja dos padrões normais da anatomia, mas isso não interfere no funcionamento daquela estrutura, atribuímos o nome de variação anatômica. Portanto, variação anatômica é uma característica interna ou externa que não é normal, mas que mantem a sua função integra.
Por exemplo, a estatura. No Brasil, o normal é que os homens apresentem uma estatura média de 1,73 m. Joaquim, é um rapazde 23 anos que tem 2,04 m. Considerando-se a população brasileira, a estatura de Joaquim é normal?
Do ponto de vista anatômico, um indivíduo com 2,04 m, não é normal, pois difere da maioria. Do ponto de vista anatômico, diríamos que Joaquim apresenta uma variação anatômica, pois, embora a estatura difira da maioria, ela não traz prejuízos funcionais ao Joaquim.
Veja que todos somos portadores de variações anatômicas e precisamos que você se lembre disso quando estiver examinando ou avaliando seus pacientes, alunos e clientes.
Quando a morfologia diferente gerar algum tipo de prejuízo na função da estrutura anatômica, dizemos que isso é anomalia. Por exemplo, a fissura lábio-palatina é uma anomalia anatômica, pois o indivíduo apresenta os lábios e o palato fendidos, impedindo a adequada função alimentar e de fala.
Em nossos estudos sobre o corpo humano, vamos priorizar aquilo que é normal, mas sempre trazer algum exemplo ou caso de alguma anomalia ou variação anatômica para que possamos discutir.Figura 6 - Gestação
O corpo humano é dividido em regiões. No objeto abaixo, clique nas diferentes partes que compõem o corpo humano e aprenda mais sobre elas.
As estruturas anatômicas contidas na cabeça, estão inseridas na cavidade craniana; as estruturas contidas no tórax, estão na cavidade torácica; as estruturas contidas no abdômen estão na cavidade abdominal; por sua vez, as estruturas localizadas na região da pelve estão inseridas na cavidade pélvica.
Para estudarmos o corpo humano, é preciso que alguns padrões anatômicos sejam estabelecidos, para que, ao se descrever a localização de determinada estrutura, todos compreendam da mesma forma. Para compreender melhor, observe a imagem ao lado.Figura 7 - Corpo humano e suas posições
Será que, independentemente da posição que a pessoa se encontre, podemos afirmar que essa pessoa tem a cabeça acima do pescoço?
Obviamente que este exemplo foi bem simplista, mas pense na posição dos órgãos ou ossos. Vamos supor que uma pessoa precise fazer uma cirurgia para a retirada de um tumor intestinal, e o responsável técnico pelos exames de imagem fizesse a tomografia com o paciente “deitado de bruços”. Será que para o médico seria fácil saber o local certo da incisão?
Por isso foi estabelecida a Posição Anatômica. Todo o estudo corporal será baseado nesta posição.
Pronto. A partir daí, podemos fazer qualquer descrição de localização de órgãos, músculos, ossos etc. A posição anatômica faz com que qualquer pessoa no mundo compreenda o que foi dito.
A anatomia é uma ciência muito antiga, e há registros de que vem sendo estudada desde antes de Cristo, na Idade Antiga. Durante todos esses séculos de estudo anatômico, essa ciência se modernizou, mas algumas coisas permanecem as mesmas desde os tempos antigos. Você quer saber mais sobre como os primeiros anatomistas criaram essa ciência e a terminologia que descreve o corpo humano?
Leia: LAROSA, Paulo Ricardo R. Anatomia humana: texto e atlas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. p. 1-10. Você encontrará essa obra acessando a Minha Biblioteca.
Somos indivíduos tridimensionais, isso significa que possuímos profundidade. Como, então, descrever as estruturas que estão mais atrás ou mais à frente? Ou mais acima e mais abaixo? Mais de um lado ou mais no meio? Isso também foi padronizado, são os Termos Direcionais. Para conhecer os principais, clique nos itens abaixo.
· Superior: Para se referir a alguma estrutura que esteja acima de outra.
· Inferior: Para se referir a alguma estrutura que esteja abaixo de outra.
· Anterior: Para se referir a alguma estrutura que esteja mais à frente de outra.
· Posterior: Para se referir a alguma estrutura que esteja mais atrás de outra.
· Medial: Para se referir a alguma estrutura que esteja localizada mais ao centro do corpo, comparada a outra.
· Lateral: Para se referir a alguma estrutura que esteja localizada mais à lateral (direita ou esquerda) do que outra.
· Superficial: Para se referir a alguma estrutura que esteja mais próxima à superfície do corpo do que comparada a outra.
· Profundo: Para se referir a alguma estrutura que esteja mais distante da superfície do corpo quando comparada a outra.
· Proximal: Utilizado apenas para os membros superiores e inferiores, para estruturas que estejam mais próximas a região do tronco, quando comparado a outra.
· Distal: Utilizado apenas para os membros superiores e inferiores, para estruturas que estejam mais distantes da região do tronco, quando comparado a outra.
Agora, confira alguns exemplos de uso dos principais Termos Direcionais.
· Os olhos são superiores ao nariz.
· A boca é inferior ao nariz.
· O osso esterno é anterior às vértebras torácicas.
· As vértebras torácicas são posteriores ao osso esterno.
· O osso ulna é medial em relação ao osso rádio.
· O osso rádio é lateral em relação ao osso ulna.
· O músculo oblíquo externo é superficial em relação ao músculo oblíquo interno.
· O músculo oblíquo interno é profundo ao músculo oblíquo externo.
· As falanges são distais em relação aos ossos do carpo.
· Os ossos do carpo são proximais em relação às falanges.
Repare que, para cada um dos exemplos, foi feito o uso de comparativos. Não se pode dizer apenas: “O coração é inferior”. Pois, nesse caso, ele é inferior a quem? Mas ele também é superior a alguém, lateral a alguém, anterior e posterior a alguém.
Estamos aprendendo os planos tradicionais de secção do corpo humano e os que são utilizados nos livros técnicos e exames de imagem. Mas há quem inove e prepare o corpo humano para estudo de formas diferentes. Um deles é o Dr. Gunther Von Hagens, que viaja o mundo com exposições de ‘arte’ que mostram o corpo humano em posições pouquíssimo convencionais. Assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões!
Disponível em: <https://youtu.be/yEutJeER0XE>.
Imagine o corpo humano como uma caixa simples. Agora, insira o coração dentro dela. Haverá sempre uma parede da caixa à frente, atrás, nas laterais, acima e abaixo. Por isso, é importante que comparemos sempre ao menos duas estruturas anatômicas para fazer o uso dos termos direcionais.Figura 8 - Órgãos em caixa. Assim é nosso corpo, somos uma caixa que contém órgãos internamente.
Por fim, precisaremos cortar ou seccionar o corpo humano para ver os órgãos e estruturas que estão dentro dele. A maneira de cortar o corpo humano foi padronizada, e chamamos de planos de secção do corpo humano. São quatro: plano sagital paramediano (divide o corpo humano em partes direita e esquerda); plano sagital mediano (divide o corpo humano exatamente ao meio, em metades direita e esquerda; plano horizontal (divide o corpo humano em partes superior e inferior) e plano frontal (divide o corpo humano em partes anterior e posterior).Figura 9 - Planos de secção
Esses planos nos ajudarão a compreender e visualizar as estruturas como elas são internamente. Assista ao vídeo que preparamos para você e revise esses conceitos! https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229113&entry_id=1_egnhb6x0
Na sequência, realize a atividade especialmente proposta para testar seus conhecimentos neste tópico.
Como o sistema nervoso funciona como centro integrador?
Vamos começar nosso estudo dos sistemas do corpo humano pelo sistema nervoso! O sistema nervoso é um dos mais complexos e é o principal centro integrador para a manutenção da homeostase. Seu funcionamento influencia todos os demais sistemas orgânicos. O sistema nervoso é responsável por receber estímulos do ambiente ou da periferia do corpo, interpretá-los e gerar respostas adequadas. É dessa maneira que o sistema nervoso controla o funcionamento de todos os órgãos do corpo e gera comportamentos.
A unidade funcional do SN é uma célula chamada neurônio, célula especializada na capacidade de transmissão de mensagens, sejam elas químicas ou elétricas. Existem milhões de neurônios espalhados por todo o corpo, formando o SNC e SNP. As partes que compõe um neurônio são ocorpo celular, onde situa-se o núcleo da célula e suas principais organelas; os dendritos, pequenas ramificações que partem do corpo do neurônio; o axônio, ou fibra nervosa, pela qual o impulso elétrico será conduzido e as terminações nervosas. Os neurônios podem se apresentar de diferentes formas; acompanhe.
Mas o modelo didático principal é este ilustrado a seguir. Confira!
Figura 10 - Neurônio
Figura 11 - Tipos de neurônios
A seguir, encontramos as células da glia. São elas: Células de Schwann, Oligodendrócitos, Astrócitos, Microglias e Células Ependimárias.
Dessas, vamos destacar as células de Schwann e os oligodendrócitos. São duas células que têm a mesma função, porém, em locais diferentes. Para conhecê-las, clique nas abas abaixo.
Células de Schwann: As células de Schwann encontram-se no SNP, enrolando-se ao redor dos axônios dos neurônios, formando a bainha de mielina.
Oligodendrócitos: Os oligodentrócitos se encontram no SNC e são responsáveis pela formação da bainha de mielina, que aumentará a velocidade da propagação do impulso nervoso.
As demais células irão trabalhar na manutenção das condições adequadas para que estes neurônios sobrevivam e exerçam suas funções de maneira adequada. Vamos conhecer mais sobre elas? Clique nos cards a seguir e confira!
· Astrócitos
Os astrócitos são células que têm prolongamentos que os fazem semelhantes a astros (estrelas), são as células mais abundantes da neuroglia. Esses prolongamentos conectam os neurônios aos vasos sanguíneos, garantindo uma permeabilidade e nutrição seletiva e protegendo-os contra substâncias nocivas.
· Micróglias
As micróglias são as menores células da glia e funcionam como fagócitos. Ou seja, células que removem restos celulares e microrganismos.
· Ependimárias
Por fim, as células ependimárias produzem e mantêm o líquor.
E você sabe como os neurônios funcionam? Todos os neurônios do nosso corpo são capazes de produzir atividade elétrica, e chamamos esta habilidade de potencial de ação. Aqueles mesmos átomos mencionados no início deste capítulo, fundamentais para a vida celular, têm cargas elétricas positivas ou negativas. Portanto, há, sim, eletricidade constante em seu corpo; não na mesma força de uma corrente elétrica de uma tomada, mas há. A eletricidade com a qual estamos acostumados, é medida em volts, enquanto que a corrente elétrica que percorre nosso corpo é medida em milivolts, ou seja, mil vezes mais fraca do que um volt. Os neurônios são células capazes de usar destes íons para produzira atividade elétrica.
O potencial de ação é iniciado diante de um estimulo que pode ser temperatura, dor, luz, alteração de glicose sanguínea, pressão arterial etc.
Na ausência de estímulo, dizemos que o neurônio está em estado de repouso. Nossos neurônios produzem grandes proteínas carregadas com carga negativa, estas proteínas são ânions. No estado de repouso, o MIC do neurônio acaba ficando negativo por causa desses grandes ânions de proteína. No repouso, também ocorre entrada livre do íon potássio (K+) para o interior da célula.
A chegada de um estímulo faz com que canais iônicos sejam ativados na membrana celular do neurônio. Os canais de sódio, por exemplo. Como o sódio (Na+) está mais concentrado no meio extracelular, por difusão simples, ele tende a entrar no meio intracelular. É como em uma estação de metrô: se a plataforma está mais cheia, comparada ao vagão, as pessoas tendem a entrar.
A entrada de uma alta quantidade de íons Na+ no MIC faz com que o interior do neurônio deixe de ser negativo e fique positivo, invertendo a sua polaridade. A inversão de carga elétrica negativa para positiva é chamada de Despolarização.Figura 12 - Despolarização
Lembrando que no MIC temos íons com cargas positivas e negativas, porém, em proporção, no estado de repouso, temos muito mais cargas negativas do que positivas quando comparamos com o MEC. Por isso, muitos autores descrevem o MIC como um ambiente mais negativo no repouso.
Com a despolarização, a célula terá no seu interior os grandes ânions de proteína, os íons de Na+ e os íons de K+. Para voltar ao seu estado normal de negatividade, o neurônio precisa remover a carga positiva. Ele começa fazendo isso pelo K+, pois esse íon entra e sai do neurônio por transporte passivo, sem gasto energético.
Com a abertura dos canais de potássio, a célula vai deixando de ter uma carga tão positiva e vai voltando à negatividade. Essa nova etapa é denominada Repolarização.
Com isso, aquele ambiente interno que estava positivo começa a se tornar negativo mais uma vez e, lentamente, com gasto energético, o Na+ vai sendo bombeado para fora da célula.
A questão é que os canais de potássio são muito mais permeáveis do que os canais de sódio, portanto, mesmo após o neurônio já ter atingido a voltagem interna necessária, os íons de potássio continuam a sair. O MIC do neurônio, que deveria estar em torno de -65mV, agora fica bem mais negativo. A essa fase, denominamos Hiperpolarização.
A célula agora encontra dois problemas: além de estar muito mais negativa do que deveria estar, o MIC ainda está concentrado em sódio, e o MEC está concentrado em potássio, quando na realidade para a célula estar em repouso, isso deveria ser ao contrário.
Nesse momento, entra em ação a bomba de sódio e potássio, que terá por responsabilidade o restabelecimento do equilíbrio. Porém, para fazer isso, ela fará o uso de ATP (energia).
A bomba de Na+/K+ devolverá os íons para seus meios de origem, mas não na mesma proporção, pois não podemos esquecer que ela precisa deixar o MIC mais negativo do que o MEC. Então, serão três Na+ para o MEC e dois K+ para o MIC. Assim acontecerá até que as concentrações e cargas iônicas estejam novamente restabelecidas e o neurônio volte ao estado de repouso e esteja pronto para receber um novo estímulo. Resumindo: o potencial de ação do neurônio é composto pelas fases de repouso, despolarização, repolarização e hiperpolarização.
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Toda essa descrição que fizemos sobre o potencial de ação parece demorar, mas, na realidade, cada potencial de ação não ultrapassa a casa dos milésimos de segundos. Agora mesmo, ao ler e processar essas informações, milhares de neurônios estão gerando potenciais de ação numa velocidade incrível. Desde os receptores sensoriais localizados nos seus olhos e ouvidos, até o seu encéfalo, compreendendo cada palavra e organizando em sua memória.
Sem dúvida alguma, o neurônio é fundamental para o funcionamento do SN. Mas a velocidade de propagação desse impulso nervoso dependentes de algumas células da glia.
Você sabe como ocorre esse processo? Bem, para que uma corrente elétrica seja propagada, precisa de um meio condutor. Por exemplo, se você estiver descalço num piso úmido e uma descarga elétrica atingir o piso, a chance de você ser eletrocutado é grande, pois a água é condutora de eletricidade. Porém, se você estiver dentro de um carro, a chance é menor, isso porque a borracha dos pneus é isolante elétrica.
A bainha de mielina é a própria membrana plasmática da célula de Schwann e do oligodendrócito, envolvida sobre o axônio do neurônio. Como já vimos, no início deste capítulo, a composição da membrana plasmática é fosfolipídica, portanto, isolante elétrica.
Isso aumenta a velocidade da propagação do impulso nervoso, pois aquele potencial de ação que percorreria todo o axônio, agora acontecerá pontualmente entre uma bainha e outra, região que chamaremos de nós ou nodos de Ranvier. Além disso, há economia de ATP, pois a bomba de sódio e potássio será ativada em alguns momentos apenas.Figura 13 - Células formadoras da Bainha de Mielina
Na imagem, podemos ver as células responsáveis pela produção da bainha de mielina. Também observe de que forma a bainha de mielina aumenta a velocidade de propagação do impulso nervoso. Lembre-se que as etapas acontecem de maneira completa apenas nos Nós de Ranvier.
Aesclerose múltipla é uma doença degenerativa das células da glia, que formam a bainha de mielina. Dessa maneira, os impulsos nervosos vão perdendo a velocidade de propagação de maneira progressiva, até que o controle neural sobre os órgãos alvos se torna inefetivo.
E você sabe como os neurônios se comunicam? Clique nas setas para aprender sobre o tema.
Por meio de sinapses. Sinapse é a comunicação entre os neurônios. No sistema nervoso humano, a maior parte das sinapses é do tipo química, ou seja, os neurônios utilizam substâncias químicas para se comunicar. Essas substâncias químicas são chamadas de neurotransmissores. Os neurotransmissores mais conhecidos são a adrenalina e a acetilcolina. Estas substâncias químicas são produzidas pelos neurônios e ficam armazenadas em seu interior em pequenas bolsas, chamadas de vesículas sinápticas. As vesículas sinápticas liberam os neurotransmissores no momento certo para que a sinapse possa acontecer.
De maneira geral, para que uma sinapse aconteça, precisamos de dois neurônios, sendo um neurônio pré-sináptico e um neurônio pós-sináptico. Entre esses dois neurônios, há um pequeno espaço que os separa chamado de fenda sináptica.
Durante a sinapse, o neurônio que recebe o estímulo e está despolarizando é o neurônio pré-sináptico. Durante a despolarização, íons de cálcio entram no neurônio pré-sináptico e promovem a migração das vesículas sinápticas para a área de sinapse e a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica. Esse neurotransmissor atua sobre o neurônio seguinte, o pós-sináptico.
Quando o neurônio pós-sináptico despolariza sob ação do neurotransmissor, dizemos que esse neurotransmissor é excitatório. Quando o neurônio pós-sináptico hiperpolariza sob ação do neurotransmissor, dizemos que esse neurotransmissor é inibitório. Assim, um estímulo percebido pode ou não ser passado adiante entre os neurônios.
Assista ao vídeo que preparamos para você e revise estes conceitos!
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Anatomicamente, o sistema nervoso pode ser dividido em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico.
Recebem esses nomes pela sua localização em nosso corpo, um mais central, protegido pelos ossos do crânio e da coluna vertebral, e outro espalhado por toda a periferia do corpo, desprotegido por ossos.
O sistema nervoso central (SNC) é formado por: Encéfalo e Medula Espinal, como mostra a imagem abaixo.Figura 14 - Sistema nervoso periférico (SNP)
Figura 15 - Partes do sistema nervoso central (SNC)
Já o sistema nervoso periférico (SNP), é formado por nervos e gânglios e terminações nervosas, como visto na figura 14.
Agora, para saber mais sobre o SNP, clique nas abas abaixo.
Nervos: Nervos são conjuntos de axônios.
Gânglios: Gânglios são conjuntos de corpos celulares.
Conheça as regiões que compõem o sistema nervoso central e periférico no objeto tridimensional abaixo.
Movimente-o nas diferentes direções para ter uma visão completa do encéfalo, medula espinal e dos nervos.
As terminações nervosas do SNP são capazes de perceber qualquer alteração no ambiente externo ou interno ao corpo. Essas terminações são chamadas de receptores, e são específicos e especializados em visão, olfato, tato, dor, temperatura, pressão etc.
Assim que percebe qualquer estímulo, o neurônio é despolarizado, e a informação, transformada em um sinal elétrico, é conduzida ao SNCentral. Os neurônios que desempenham essa função são chamados de aferentes ou sensitivos. No SNCentral, o sinal elétrico será interpretado e lá a decisão sobre o que deve ser feito diante deste estímulo é tomada. Essa resposta será conduzida para a periferia do corpo por um neurônio eferente ou motor. Por exemplo: ao escutar seu telefone tocando, você estica a mão para atendê-lo, certo? Os neurônios que conduziram à informação do som ao SNCentral são aferentes, neles, o impulso elétrico sai da periferia e vai para o centro. Os neurônios que conduziram a resposta, esticar a mão para atender, são eferentes, neles o impulso nervoso vai do centro para a periferia do corpo.
Para saber como essas informações migram pelo nosso corpo, clique no infográfico a seguir.
Perceba que essas “setas” representam as informações que vão e vêm. Elas formam o que chamamos de “vias”. Toda a informação percebida é enviada por uma via aferente até o SNC, e toda resposta enviada migra por uma via eferente até o SNP efetor que executará o comando.
As vias são como autoestradas de mão dupla, enquanto há informações sendo levadas, há informações sendo trazidas pela medula espinal até o encéfalo e trazidas dele.
Você sabe qual a diferença principal em um indivíduo tetraplégico e outro paraplégico? O primeiro é aquele indivíduo que teve perda de mobilidade e da sensibilidade nos quatro membros. Já o segundo, diz respeito a um indivíduo que teve perda demobilidade e sensibilidade nos membros inferiores. Mas, você sabe o que determina essa diferença? O local da lesão medular. Como a medula espinal obrigatoriamente é o trajeto a ser percorrido pelos neurônios que vão ou vem do encéfalo e, ela está inserida na coluna vertebral, qualquer lesão mais grave na coluna pode interferir no funcionamento do sistema nervoso.
Uma pessoa que teve uma lesão cervical, ou seja, na região do pescoço, terá grandes chances de se tornar um tetraplégico, pois as informações não conseguem passar do pescoço. Porém, uma pessoa que teve uma lesão medular na região do tronco, terá mais chances de se tornar um paraplégico.
O sistema nervoso também pode ser dividido em somático e visceral. O sistema nervoso somático é formado por regiões do sistema nervoso que fazem um controle voluntário do organismo, enquanto o sistema nervoso visceral faz o controle involuntário.
Por exemplo, você decide, de acordo com a sua vontade, se levantar ou se sentar, por meio do controle voluntário dos músculos estriados esqueléticos. Estes, portanto, são controlados pelo sistema nervoso somático.
O sistema nervoso visceral está relacionado ao controle de órgãos formados por músculo liso, cardíaco ou que sejam glândulas. O controle eferente das vísceras é realizado de maneira involuntária pelo sistema nervoso, ou seja, independentemente da nossa vontade. Por exemplo, o coração ou o estômago: não podemos controlar o seu funcionamento de acordo com a nossa vontade. É como se o SN agisse com autonomia para o controle das vísceras. Por causa dessa característica, costumamos chamar as regiões do SN que controlam as vísceras de Sistema Nervoso Autônomo.
Assim, para conhecer mais sobre o funcionamento do sistema nervoso, clique no infográfico abaixo.
O SNC, como já foi dito anteriormente, está dividido em encéfalo e medula espinal. Mas existem ainda algumas subdivisões anatômicas na qual é importante estudarmos.
O encéfalo é dividido em: cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Por sua vez, o cérebro é subdividido em telencéfalo e diencéfalo, e o tronco encefálico em mesencéfalo, ponte e bulbo. Confira no esquema a seguir.Figura 16 - Divisão do SNC
Cada uma dessas regiões tem funções especializadas na manutenção da homeostase, você estudará sobre elas nos próximos capítulos. No entanto, é importante conhecer mais sobre o tema, por isso, observe a figura abaixo.
O telencéfalo é ainda dividido em dois hemisférios (direito e esquerdo), por meio da fissura longitudinal do cérebro. Cada hemisfério é dividido em cinco lobos: lobo frontal, parietal, temporal, occipital e insular. Nesses lobos, encontramos os principais centros de controle como raciocínio, linguagem, movimento, memoria, inteligência, emoções, sentidos etc.Figura 17 - Partes do cérebro
Recentemente, em nosso país, a epidemia do zika vírus causou o nascimento de muitas crianças portadoras de microcefalia. O vírus da zika ataca justamente os neurônios em formação durante a gestação, impedindo que os lobos do telencéfalo se formem adequadamente. Essas crianças poderão apresentaralgumas dificuldades motoras, do raciocínio e da linguagem.
Cada lobo do telencéfalo é formado por diversos giros, que são separados um do outro pelos sulcos. Confira na imagem abaixoFigura 18 - Lobos cerebrais
No diencéfalo, uma região logo abaixo do telencéfalo, encontramos estruturas responsáveis pelo controle do sistema nervoso autônomo e a glândula hipófise. A hipófise é responsável por produzir hormônios que controlam quase que todas as outras glândulas do corpo.
O tronco encefálico é dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo e suas funções estão relacionadas ao controle da atividade elétrica cortical, do sono e da vigília e dos nervos que controlam funções da cabeça.Figura 19 - Região do Diencéfalo: Hipotálamo e Hipófise
O cerebelo está relacionado à manutenção da postura, do equilíbrio e da coordenação motora. Já a medula espinal, por sua vez, serve como um meio de condução das informações do encéfalo para a periferia do organismo do pescoço para baixo e vice-versa. Por isso, quando há lesão medular, pode-se perder o controle motor e a sensibilidade dessas regiões. Porém, a medula espinal não ocupa todo o interior do canal vertebral. Em uma pessoa adulta ela apresenta aproximadamente 45 cm e termina na altura da segunda vértebra lombar (L2). A seguir, clique nas partes coloridas e conheça mais sobre essas importante partes do encéfalo.
Antes de passar para o próximo capítulo, realize a atividade especialmente proposta para testar seus conhecimentos sobre esse tema. Vamos lá?
Síntese
Vimos em nossos estudos que o nosso organismo está em uma busca constante pela homeostase, e que ela é regida pelo sistema nervoso. Além disso, você pôde entender os principais constituintes corporais e estudar sobre os principais sistemas do nosso corpo.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
· conhecer as estruturas anatômicas que compõem o SNC e o SNP;
· compreender de que forma eles se integram e suas principais funções;
· aprender de que forma os neurônios se comunicam e quais as células responsáveis pela manutenção deste tecido.
Bibliografia
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia básica: Texto e Atlas. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
LAROSA, P. R. R. Anatomia humana: Texto e Atlas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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