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Alvaro Bianchi - Crise, política e economia no pensamento gramsciano-tratado

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CRISE, POLÍTICA E ECONOMIA 
NO PENSAMENTO GRAMSCIANO 
“Alvaro Bianchi 
 
Au longo dos Cadernos do cárcere, escritos por 
Antomo Gramsci entre os anos 1929 e 1935, é 
possível perecber um claro deslocamento temático 
Aos poucos, e tema da crise, ausente do esboço 
original, ganha contornos mais defimdos, juntamente 
com uma politização acentuada do prójcto dé 
pesquisa. À motivar tal inflexão estavam os dilemas 
da luta contra o fascismo, o guo secrário da 
Internacional Comunista dado pelo VII Congresso 
(1928) e consolidado pelo X Plenum do Comté 
Execunvo (1929) e à crescente estalinização da 
União Soviérica, bem como o impacto desses 
processos sobre o Pardo Comunista da lraha, 
É no ano chave de 193%, que esse novo penqero 
gramisciano assume contornos mais definidos Na 
cadeia, O marosta itabano dá mico a uma série de 
discussões com seus companheiros de mforrúmio;! 
Refletindo sobre as relações entre estrutura é 
superestrutura, Gramsci mtroduzira o tema deerse, 
procurando estabelecer as relações existentes entre 
pabtica e economia O campo mterpretativo 
afirmado por Gramsci não é, entretanto, aquele que 
deriva a crise revolucionisia da crise cconómica. O 
maresta mahano faz questão de afirmar que “pode- 
se excluir que, de per v, as crises econômicas 
imediatas produzam acontecimentos fufidamentais, 
apenas podem criar um terreno favoravel à difusão 
de «determinadas maneiras de pensar, deformiular é 
resolver as questões que envolvem todo o curso 
ulterior da vida estatal” 
ação das massas, bem como seus movimentos 
políncos e deologicos, possur uma temporalidade 
própria que não necessariamente é a temporalidade 
da crise econômica. Pelo contrário, na maiotia das 
vezes, OS movimentos das massas encontram-se 
Protessoitada Uneetstdade Metodista de Sao Paulo 
atrasados em relação aos fenômenos econômicos 
conjunturais de tal forma que “o impulso automático 
devido ao fator econômico é afrouxado, travado ou 
até destruido momentaneamente por elementos 
ideológicos tradicionais” Temos, então, que uma 
mulnphodade de tempos pode ser contemporânea 
de tal forma que, interagindo vos com os ogtros, 
apresentem como produto final não à resultante de 
um “paralelogramo de forças”, mas uma simgu- 
laridade histórica 
Gramsci quer evitar que a crise política seja 
deduzida diretamente dos aspectos mais imediatos 
da crise econômica. Critica, espheitamente, 0 
compêndio de Mathiez sobrea história da Revolução 
Francesa. Nele, preocupado em realizar esta 
dedução, Mathrez afiima a existência de uma crise 
econômica no ano de 1789 O magosta irahiado 
alertará que por volta daquele ano à situação 
econômuca era estável, tornando uvcerossimila idéia 
deque a catástrofe do Estado álbsolunsta tenha sido 
motivada pelo empobrecimento da população * 
Evitar à dedução direta das crises não quer dizer 
que (rramscr cindisse a unidade existente entre 
economia e política Ao contrano do que afismam 
alguns comentadores, Gramsci não se afasta nesse 
ponto de Marx, muito embera exista em seu 
pensamento uma contínua tentativa de arualização 
do pensâmento marsista Não € possivel tratá-lo 
como um mero “teórico das superestruturas" é 
Eeonomma q polmica encontram-se para Gramsci 
profundamente vinculadas. Vejamos como 
Crise DA ECONOMIAS & QUEDA 
TENDENCIAL DA TAXA DE LUCRO 
A chave para o estudo da crise capiralista é, para 
Gramsci, a deu da queda tendencial da taxa de lucro. 
Novos Rumos O Amo VT» nº 36 » 2002
Em sua abordagem dessa lei dexa claro que o que 
lhe interessa são co desenvolvimentos de longo prazo 
 da consuma Cary 
 
 
tulisra c não as rápidas oscilações 
k económicas Desenvolvimentos estes que são 
cruzados peis pedíica. pelos choques entre as classes, 
 
 
 
pelas guerras revolucões, configurando-os € 
recuntigara “s, arualzandõos é reatualizando- 
Da! que destaque o caráter 
Coto vErEmos ináls adiante. 
cetomâando Marx, com uma 
rápida desprcão das + amáveis envolvidas no processo 
 
de trai Afercadora e dinheiro, formas 
elerter ES audio SO apresenta t+ capital, não 
 
So a pargr de determinadas em capral, assim como 
emissas o possudor de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ro se transforma em um 
 iasita ENTOrrêu frequen- 
raderar casas formas 
: da formação do capital, 
como soma de valores de 
dese valorzar-se, o valor 
et de troça. Qu seja, O 
gerar um salor a mais, uma 
“ainheiro € capital tão- 
cx de tal forma que tenha 
scumento, 4 finalidade do 
descem v + Ãs Nas 
anão ne Bnrais-s aliã ee Edi 
 
 
Zu do valor adiantado 
assm, como o fim 
sdonidor « 
proces d 
como 3 
valor ur 
 
captral” 
processo pro 
nitude carmo 
“| o od ca 
adquirir a força de trabalho e que pode gerar um 
valor adicional Podemos, então, deduzir o séguinter 
D Ae+mg=e+ ("+ Aj,ecomoa diferença de 
e = 0, temos que Afe+ = (+ A) S Ax= Ar 
2) Como C=c+e-sAC= Ar i 
3): “Taxa de mats-valia, ou taxa de exploração, é a 
proporção na qual cresceu 1 [Az/?] e taxa de lucró 
a proporção na qual cresceu € [Ar/(e + 2). 
A massa de mais-valia Ape a taxa de exploração 
Ar/v padem ser elevadas de duas maneiras: dire- 
tamente, estendendo jornada de trabalho, de maneira 
que o tempo de trabalho excedente aumente de 
forma direta, e indiretamente, reduzindo o tempo 
de trabalho necessário 4, de tal modo que o trabalho 
excedente Ar aumente, para tanto podem ser 
reduzidos os salários reais ou incrementada à 
produrmdade do trabalho, 
Essa taxa de mais-valia expressa a divisão da 
pornada de trabalho em tempo de trabalho necessario 
a reproducao da torça de trabalho e rempo de 
teabalho excedente La mede o grau de exploração 
dos trabalhadores produtivos. Mas para o capiralista 
o ponto de referência e à taxa de lucro Avife + eh, 
ou seja, o grau de rentabilidade de capstal. O 
resultado de Ar quando comparado como o 
investimento inicial e à medida do sucesso do 
capitalista, e ela que regula a acumulação do capital” 
Lo aqui que tem lugar os continos entre a 
burguesa é o proletariado que se traduzem no 
processo produtivo em uma luta pelo excedente. 
Mas tambem rêm lugar os confhtos intraclasse Afinal, 
não podemos esquecer, como alerrou Marx, que “ag 
todos os membros da burguesa 
moderna rém o mesmo interesse, 
enquanto formam uma classe 
frente a outra classe, eles têm 
mnteresses opostos, antagônicos, 
enquanto se defrontam entre st. 
Esta oposição de interesses decor- 
re das condições econômicas da 
sua vida burguesa” 
São essas “condições econó- 
micas de sua vida burguesa” a 
cusa da permanente diminuição 
dos custos unitários de produção, 
de modo a ganhar pontos na 
baralha das vendas obter ganhos 
extraordimanos. À mecanização É 
dic Zoe mo 36 * 2002 Ono: Rumos.
o meio principal de elevar a produtividade 
do trabalho e reduzir os custos unitarios, 
mao esse que surge do controle que o 
capitalista exerce sobre o processo de 
trabalho À crescente utilização de metas 
de produção e de matérias-primas 
colocados em movimento no processo 
produtivo provoca um aumento do 
volume de capital constante « em relação 
ao conjunto do capital Ou seja, se 
tomarmos a relação c/ fe + 2) denominada 
por Marx composição orgânica do capital, 
veremos que ela tende À aumentar, uma 
parte cada vez mmor do valor do produro 
final é proveniente dos meios de 
produção e uma parte cada vez menor 
do trabalho vivo. Ora, como a taxa de 
lucro é Ax/fe + v), temos que um capital constante « 
crescente produz uma taxa de lucro decrescente 
Essa queda da taxa de lucro devido ao aumento da 
composição orgânica do capital É o que Marx 
denominou lei da queda tendencia! da raxa de lucro. 
É conhecida a demonstração que Marx far da 
queda sendencral da taxa de lucro nas primerras 
páginas do Capítido NHL, do Livro HI de O capatal, 
Supondo uma taxa de mais-valia fixa de 100%, ele 
desenhao segunte quadro para um capital constante 
e Crescente 
 
 
 
 
 
 
Capital c “apital Mais- Taxade — Taxade 
constante Arias el vaha ti ais-vala lucro 
O 100 OO 62,66% 
“100 O 00 100% a 
Ela) Lot 16H) 10004 
300 mo 100 100%, 
am 100 E 1 00 HO 
 
A conclusão «alta aos olhos; “[..] a mesma taxa 
de mais-valia, sem necessidade de que varie o grau 
de exploração do trabalho, se traduz em uma taxa 
decrescente de lucro, já que ao aumentar o volume 
matenial aumenta também, anda que não na mesma 
proporção, o volume de valor do capital constante 
e, portanto, o de capiral em seu conjunto" E pouco 
mais adiante, reafirma: “| ..] este incremento gradual 
do capital constante em proporção ao varrmvel, tem 
como resultado um decréscimo gradual da taxa geral 
 
de lucro, sempre que per- 
manecer invartâvel a taxa 
de mais-vaha”. 
Faro que bastou Um 
numero sigmficativo de 
comentadores, recorrendo 
ao Volume [ de O capetal, 
onde é estudado o pro- 
blema da mais-vala relativa 
utennficou aneditamente 
uma contradição. Paul 
Swvezy é desses comenta- 
dores, provavelmente o 
mais conhecido. Diz, ele, 
depois de citar à Volume É 
Ela Pare iV do Volume T 
CA produção de mais-valia 
relausali que compreende mars de 200 paginas c em 
grande parte dedicada a demonstrar a relação intima 
entre a produrmvidade do trabalho c 4 taxa de mais- 
valia 
Parecena, portanto, que Marx não estava certo, 
mesmo em termos de seu proprio sistema teorica, 
ao supor uma taxa de mas-vala constante simultança- 
mente com uma crescente composição orgânica do capi- 
tel Uma elevação na composição organica do capital 
deve sigmficar um aumento na produtrrvidade do 
trabalho, & temos a própria palavra de Mars de que a 
produnvidade maror é invariavelmente acompanhada 
de uma taxa mator de mascvalia No caso geral, 
portanto, devemos supor que a crescente compo- 
sição organica do capral se processa per parse com 
uma crescente taxa de mas-valra O 
O mesmo argumento é apresentado por Joan 
Robinson, para quem “[..] a lei da tendência 
decrescente dos lucros, elaborada por Mars, consiste 
então, simplesmente, na seguinte tautologia. quando 
a taxa de exploração é constante, a taxa de lucro ca, 
a medida que aumenta o capital por pessoa”. E 
reproduzindo a mesma observação de Sweezy, 
dispara o argumento definitivo: “]...] essa proposição 
se destaca em surpreendente contradição com O 
REA restante da argumentação de Marx 
Roman Rosdolsky alertou, de forma pertinente, 
que nas páginas seguintes do mesmo capítulo citado 
por ambos, Marx desenvolve a possibilidade de uma 
taxa de mais-valia crescente “ De fato, o decréscimo 
da taxa de lucro, na formulação marxrana, não 
depende da manutenção de uma taxa de mais-valta 
constante Vejamos o texto de O capital 
Novos Rumos O Asc 7 cs 36 + 2002
Esta ja tendência ceal da produção capitalista na 
medida em que aumenta o dectescimo relativo do 
capural variavel com relação ao constante faz com 
 
que a composição otgámica do capital em ceu 
compunto seja cada vez mais elevada, e a conequéncia 
direra disto é que a taxa de mais vala se expresse em 
uma taxz geral de lucro descendente, anda que 
permaneça invanável e inclusme aumente o grau de 
exploração do trabalho ' 
À medida que o argumento é desenvolvido não 
só é possível uma taxa de mais-valia crescente, como 
é considerada a luporese mais provável, 
[fa tasa de lucro não deminar porque o trabalho se 
torna mais improdutivo c sum porque fica mais 
produtivo As duas cormsas, q ctescimicaso da taxa de 
mars valia coa descenso da tasas de lucro são, 
simplesmente, formas especrass sob as quais se 
manifesta sob o capimltemo a croscunte produtt 
vidade do crabalho 
Sweczy é Robinson, demonstram uma tendência 
crescente a repetição de atgumentos. Quase meio 
século antes, em 1899, Benedetto Croce havia 
formulado “objeções” semelhantes a teoria marxiana 
da queda tendencial da raxa de Jucro em seu tro 
Materrabaão Bistorco e econinna marcia Na cadeia, 
sem poder recorrer aos textos de Marx, obrigado a 
tar de memoria, Antomo Gramsci formula uma 
resposta extremamente eficaz ao problema 
A resposta ErdImiscIana tem como pressuposto 
uma apreciacão do conjunto da abra de Marx, 
No esento sobre a queda tendeicial da taxa de bacro, 
ha que observar um crro fundamenta) de Croce Este 
problema esta pá colocado do tomo Dida Cortrca de 
ecsnonra polrtica, al onde se tala da masesala relativa e 
do progresso tecnico como causa, precrsimentes de 
manada celatra, no mesmo ponto se abseria 
Como neste processo «e mantiesta uma centradação, 
prots espunto por um tacho e progresso 
tecnico permite uma dilatação da mais 
raha, por ouro determana, pula mulbanca 
que introduz na composição do capstal, 
a queda tendencia da taxa de lucro e test 
esta demonstrado no como TE da Cosa 
, : E 
de ecbnomra fulalica O 
O problema é colocado por Gramsu 
nos mesmos termos que Marx, ou seja, 
constata a existencia de forças que se 
opõem à queda da taxa de lucro, 
atenuando ou freando sua velocidade. É 
a existência dessas forças o que define o 
caráter tendencial da ler, Gramsci historiciza o 
problema, À existência desse upo de lei é própria do 
capitalismo « deve ser associada “|...) ao desen- 
volvimento da burguesa como classe concretamente 
mundial e, portanto, à formação de um mercado 
mundial ja bastante “denso” de movimentos 
complexos, para que dele possám ser isoladas e 
estudadas as les não em sentido naturalista ou do 
determinismo especulativo, e sim em sentido 
“ustorcista”” É Qu seja, é a crescente complexidade 
do mundo econômico que impede a formulação de 
leis absoluras e napeláveis do desenvolvimento 
capitalista e obniga a formular. juntamente com a 
tendência principal, aquelas outras forças que agem 
em senado contrania 
Apesar de ver claramente as tendências que 
operam contra a queda da taxa de lucro, Gramsci 
não incorre no erro muito frequente de igualar 
tendência e contratendéência, uma anulando a outra. 
E explicio ao afirmar 6 contrário, ressaltando que 
a msistência no adjetivo tendencial, tem sua um- 
portância 
[| quando a rendenciostdade se converte em uma 
caracterisuca crganitamente relevante, como neste 
ciso, no qual s queda da tava dé lucro é apresentada 
como o aspecto contradirono de outra lu, a da 
produção de mais valia relara, na qual uma tende a 
são de que a queda da desor de 
 
Supramer à CTA, COM P 
incro cera Ê redemonatte 
E, para não deixar lugar a dúvidas, ressalta os 
limites impostos à contratendênci expressa na 
produção de mais-vaha relativa, inutes entre os quais 
merece destaque a “[..] medida suportavel de 
desemprego em uma determinada souedade” + O 
argumento e chave para responder aqueles que 
afirmam que o aumento da tua de mais-vala 
poderia compensar indeBimdamento o aumento da 
 
Ano 172 nº 36 * 2002 O Novos Rumos
 
composição orgânica do capital. Tal afirmação esta 
fundamentada em um argumento puramente 
“técmeco” Se tomarmos a taxa de lucro Ar/ie+ re 
dividirmos numerador e denominador por x, teremos 
Arial 4 
mente proporcional à composição orgânica do capital 
 
ffrtdr A taxa de lucro é, assim, inversa) 
e diretamente proporcional a tasa de mar-valia Se 
a taxa de mars-vala qoumentar nã mesma proporção 
que + composção orgânica, a taxa de lucro não cama 
rhass, 
OQ sumento na mesma proporção da composição 
orgânica e da rea de mas vala e, entrecanto, aneiável 
a longo pro Teoricamente a composição orgânica 
pode aumentar indefinadamente. Nãe ba restrições, 
a mão ser o bom seriso der capatalista para tadto À 
taxa de mais valia, ecirretanio tem aum teto que e 
dado «seja pelo murimo necessário q reprodução da 
Força de trabalho, seja pela elutação da jornada, seja 
pelo mávimo de desemprego. Mars já alertava no 
Bíero | para o faro c é extremamente sgmificanvo 
que Gramsci tenha sugendo umaleitura do problema 
no conjunto de O capri) De Marx, antecipando o 
problema da queda rendencial da taxa de lucros 
2 iimiçe absoluto ala jornada media de trabalho, que É 
sempre, cuacuradmente. internos w 24 horas apos um 
Prsdo oi, Fa 
RE sds PNM REVER ab ARES 
 deseo atiradato dé frorerd sã ul 
 
 
re dpriia qdo 
 
; Par nd aaiaS a = , calidad Pocseered errtapen ana dO BA BI 
: z Bridal) 2 nda à 
É RAMEIRÇO df Bipidt dr, é 
 
EA CAR 
 
PE 
ho, beim palpável e 
 
Ear 
 
Empis ario pra esplicar mineiros, Fencimenos spo 
hrotami du rendéncia, que mate cirde cepitcuremos, 
der capeta rediir ao ehrenho é qumero de operar 
Er eli emipra gados, Hi, di Hdr do igual sua frdrte pra q Í 
variavel, insergubs com forcas de rrabalho, em aparente 
contradição com cure tendôncia à de produzir a 
matr massa posstici de mides Caliá 
Mendel aborda uni problem 
semelhante. Se na extensao dy 
tormada tratava-se de aumentar ce 
Ars quando se avança em direção 
tutomatrzação completa trata se «de 
vero comportamento da maes tia 
ante um capital varnavel + tendendo 
a zero 
[bt quando sos aproximam da 
automauzação completa, A 
ce ERA Co atrial proporção tim 
uma massa absoluta — coca 
dechnsr rapidamente juntamente 
com ea medida cm que e namero 
de assalanados e é mumers qo es 
 
de horas de trabalho diminvem abrapramente Na 
ceiltdade, em uma econonua plenamente auto 
matizeda, a mares alta desipareceria complemento, 
na medida em que vecam desaparecido es insumos 
de trabalho vma do processo de produção De modo 
que sera absurdo considerar tormalmente uma “rquá 
de mais cabia UAM quando a mars valia aãe mais 
CASTEL 
Egprer sr amore E no entanto limitada acima e 
abaixo, controntando uína composição orgânica que 
não sofre restrições de ordem natural, a contra- 
tendência opera arrasando, moldando, tecon- 
Hgurando uma ensc que não depende unicamente 
de mecanismos automáticos para se tea liar, 
Lais tendências contratendências encontrarm- 
se ne centro da análise que Gramscr faz das crises 
e, em partivular do grande cruk de 1929, Tendo 
como referencial reorco à queda tendencial da taxa 
de lucro, mas procurando exitar uma abordagem 
mecanicista da crise de 1929, Gramsci enfatiza três 
st pontos. “bj que a crise é um processo complicado, 
2) que tem meto, pelo menos com à guerra, embora 
Esta ndo seja à primeira mumfestação: 3) que a crise 
tum origem interna, no modo de produção e de trocã 
e não em fatos políticos e jurídicos" 
Vale à pena tetómar, mesmo brevemente, o 
conceito de conjuntura que Gramsci utiliza. Duas 
so as passagens dos Cadergor onde este tema é 
eratado de forma explicita, 
ye apr EO pan é Primera passagem 
Comunista Origem da expressão serve para 
compreender melhor o concerto Em salano = 
fluruação ceoncmica Ligada aos fenomenos do pos 
gucrre muito rapidos so tempo (Em italiano o 
stemtficado de “ocastão feconómical 
EavoravelO ficou para a palavra “con 
junmara o 4 comjunturd seria o cónjunto 
de caracterietcas imediatas É transitórias 
dh stêuacao econômica e para este 
Coro Rio haveria ue enteniler critão, 
ds CAPACICriSiioas Mats tundamentara E 
permanentes da próprig situação, O 
estudo da conjuntura esta, pois, nais 
estrttamente higado a politica imediata, 
 
a “ratica” o à agitação), enquanto que a 
1 Ê 
 
 “emuação esta ligada a “estrategia” e à 
propaganda, err | 
segunda passagem, 
E fa conmuintara pode Ser definida como 
Í o comunto de circunstancias EPE 
ovos Rumos Ono [7 » nº 36 * 2002
determi du meccado em uma dada fase, SE ESTAS 
circunstánicias são concebidas como eme mowimentro, 
isto do, CEMTIA ALTO COR iue da tugar ao um PECICE Sia 
de »eMpEr Buoiits combinações, PLC So tpLi nú 
esco económica Estuda se d conjuntura pára prover 
e consequentumente também determinar, dentro de 
certós hmines, o ciclo econúmico em um sentulo 
tivoravel aos gégócios Por essa rasão q conjuntura 
tor cambem definida como a osciiação da situação 
ecosommnçã, du a conjunto das ascilanóes O 
Vemos que nestas duas passagens à comuntira 
diz respeito áquelas rápidas flutuações próprias do 
gelo económico Distingue-se do conceira de vinação, 
wtlizado por Gramsci para destacar aqueles 
processos que se desenvolvem no longo prazo. Ora, 
na analise da crise de 1929 realizada pelo marxista 
raltano -— os três pontos por ele enfatizados — ela 
aparece como um processo de longo prazo no qual 
múltiplas rendéncias é contrarendências operam, 
prevalecendo a tendencia ao decresamo da taxa de 
lucro, ou séja, a crisé é um processo que se desen- 
volve eni uma situação, atualizando-se ão longo de 
diversas conjunturas. 
 
À crise de 1929 é a mtensificaç 
E À quanntanva de certos clementos, nem sovos nem 
enigmas, mas especialmente a intensificação de Lertos 
fenomenos enquanto outros que apaseciam primeiro 
e coperooeno amultancaniente ans prmerros, Imum 
zarudo EP, tornam “E imoperantes at desaparecem 
coralmente Resumindo, e deserrolvimento do 
capralismo ae da graves de uma “erse continua”. se 
tale pessecelo dizer, sto eo um movimenta 
rapidesemo de elementos que se equiibravam 
VENTA ATT Em um cerho ponte nesse NOVIDEnter, 
alguns clementos passam 4 prevalecer, currias 
desaparecem ou tornam se estereis no quadeo geral 
A noção do desenvolvimento do capitalismo 
como o desenrolar de uma “cre continua” e da 
máxima importancia, Ela permite trabalhar com a 
tdéra de uma tesposta capitalista à crise do capita- 
hsmo. Mas para alem da resposta capralista ela 
permite cambem definir a debiidade do próprio 
capitalismo é as possibilidádes que se abrem para 
sua superação, ou seja, à resposta pe ária: 
Cerise DO ESTADO! HEGEMDNIA 
EM CRISE 
Se bem que não seja possível deduzir à crise 
política da crise econômica, fica claro que entre elas 
hã um vínculo profundo. À crise econômica cria 
um “rerteno favorável” para a crise política na 
medida em que ela compromete as bases materiais 
para a construção do consenso é da legitimação da 
ordem burguesa À absorção das demandas não 
antagônicas das classes subalternas, necessária para 
a consttuição desse consenso, torna-se, asum, um 
processo árduo e raramente completado de maneira 
eficaz. 
Ora, à dificuldade para articular o consenso é 
justamente uma das caracteristicas da crise do Estado 
liberal. Gramsci dedica longas páginas a traçar a 
biografia desse Estado hiberal de modo a identificar 
a origem dessa crise Em sua forma clássica de 
constituição, aquela promovida pela Revolução 
Erancesa, o novo Estado nasce da unificação da 
burguesta sob 4 bandeira de um partido, o jacobino 
E embora possa se afirmar que csse parado levou a 
burguesia mais longe do que ela própria desejana, O 
fato é que através dos jacobinos ela se tornou 
governo, 
“las os jacobimos fizeram mais do que trans- 
formar a burguesa em governo, ou seja, em classe 
dominante. Fizeram dela uma classe nacional 
disgente é hegemônica, aglutinando ao redor dela 
às forças vivas da Prança, recriando a própria nação 
co Estado, dando-lhes um conteúdo moderno À 
realização da hegemonia através da revolução é 0 
E que Gramsci chama “jacobinismo de conteúdo” 
O “jacobsusmo de conteudo” e marcado pelo 
máximo desenvolvimento das energias privadas 
nacionais, cu seja, pela constituição e fortalecinento 
da soctedade civil e pela criação de uma ampla 
rede de mstinnções arravés da qual o consenso é 
permanentemente orgarizado Consenso que e de 
caráter moral e etico, já que voluntário Daí que os 
jcobimos insistissem tanto na identidade entre o 
governo e a sociedade civil, procurando wúruficar 
no Estado, de maneira ditatorial, toda a vida política 
nacional.” 
A constituição desse modermo Estado teve, 
então, como pressuposto, o alargamento da base 
histórica da próprio Estado, Para realizar sua 
hegemonia sobre toda à população, à burguesa incor- 
porou demandas, realizou as aspirações da nação,assimiou economicamente grupos sociais, trans- 
formou sua cultura na cultura de toda a sociedade. 
O alargamento da base histórica do Estado é, assim, 
acompanhada pela expansão da própria burguesia 
Amo [7 a 36 * 2002 O novos Ruros
Para Gramsci o regime jurídico parlamentar é 
o resultado desse processo de expansão: 
Q desenvolvimento do jacobmmuismo (de conteudo) 
“ da formula da cevolução permanente, aplicada na 
fase ama da Revolução Erancesa, encontrou seu 
“aperfeiçoamento” quredico conviructonal ao regime 
parlamentar, que realiza, no periodo mais rico de 
energias “privadas” na sortedade, a hegemonia 
permanente da classe urbana sobre toda a população, 
oa tórma hegehana de govetoa do consenso 
permanentemente ceganirado mas a ofgantzação 
do consenso v deixada a intelánisa privada, co 
partanto, de carater moral ou 
 
A chave para 0 estudo da crise 
capitalista é, para Gramsci, à 
lei da queda tendencial da taxa | 
de lucro. Em sua abordagem | 
dessa lei deixa claro que o que 
lhe interessa são 08 
desenvolvimentos de longo 
prazo da economia capitalista e 
não as rápidas oscilações 
econômicas. 
o cetro, ja que o consenso, de um 
medo ou de outro, É dado 
“veluntariamente O 
A Revolução Francesa 
serve para o marxista sardo 
como contraponto para 
estudar O presente e poner- 
palmente aquele de seu pais, 
a Hália. Quando Gramsc 
escreve mu prisão à crise do 
Estado liberal já havia se 
tortiado vOZ corrente A 
guerra havia evidenciado 
esse esgotamento É Os tem- 
pos de paz que lhe su- 
cederam não estavam dando 
+ provas de que ele seria 
 
supirado. 
Os umpulsos hegemômicos que sob os jacobinos 
pareciam inesgoráveis, haviam em grande parte se 
exaurido. Aquela capacidade que a burguesia havia 
demonstrado em seus primordios de absorver toda 
a sociédade, asssmilando-a eulteral e econome 
camente, ou seja, dirigindo-a e exercendo sua 
hegemonia, tothou-se cada vez mam escassa. À 
cão acabou atingindo 
 
escassa capacidade de assimil: 
a própria burguesia, que sacnificou uma parte de si 
mesma. À direção que uma classe exercia sobre 
toda a sociedade transformou-se, assim, no 
domínio de uma fração dessa classe sobre toda a 
sociedade através da mediação do Estado Nesse 
contexto, o Estado perdeu sua função de 
“educador”, seu conteúdo etico for esvazuido e ele 
fox reduzido ao aparelho governátivo, colonizando 
a sociedade cral O projeto jacobino de identidade 
entre governo e sociedade civil for realizado da 
pior maneira possivel, 
Gramscs observará atentamente este processo, 
idennficando-o à crise do Estado liberal Percebera, 
em primeiro lugar, a perda da capacidade dinigente 
da burguesa. Ela, afirma, “é “sarurada” não só não 
se difunde como se desagrega; não só não assimila 
novos elementos, como desassimila uma parte de st 
propria (ou ao menos as desassimilações são mais 
as agr 
numerosas que as assimilações) 
Sem poder assimilar a sociedade, sua capacidade 
de articular o consenso «a legrmidade da ordem é 
abalada. Abre-se, então, uma situação de contraste 
entre cepresentados « representantes Nesses mo- 
mentos qs BrUpOS SOCIdES SE afastam de suas 
 organizações tradicionais, ou seja, essas organizações 
e seus lideres não são mais reconhecidos como 
expressão própria de sua classe ou fração, com- 
prometendo de forma decisiva a capacidade dirigente 
desses grupos. Gramsci chama esses processos de 
“crise de hegemonia, ou ense do Estado no seu 
congunto” 
A erse de begemonta é asam, uma crise do 
Fstado e das formas de organização política, 
ideológica e cultural da classe dirigente. O aspecto 
mais visível € q crise dos parudos e das coalizões 
governamentais 
Trata-se, na verdadeçdo dificuldade de corstrair urta 
direção politica permanente e de longo alcance. não de 
qualquer dificuldade A análise não pode deixar de 
examinar É) porque houve a mulmplicação dos partidos 
pobncos, 9) parque cornou se dificil totmar uma mmoria 
permanente entre estes parados parlamentares, 3) do 
porque, ainda, us grandes parmdos tradicionais têm 
perdido à poder de guiar, 0 prestigia, cho 
A divisão dos parados « a» crises mternas que 
os atravessam são, assim, marutestação dessa crise. 
A dificuldade de compor uma direção estavel cos 
choques permanentes entre as diferentes claques 
reproduzem nos pardos os mesmos problemas 
encontrados no BOVErDnOo Co nO parlamento Nos 
 
choques entre as diferentes frações « partidos, a 
corrupção encontra terreno feral para se desenvolver. 
Cada fração considera a s1 mesma a unica com 
condições de superar a crise do pardo, assim como 
cada partido considera-se o único capaz de superar 
a crise da nação Os fins passam justificar os meios 
A crise não se limita, entretanto, aos partidos e 
ao governo Ela e uma crise dó Estado em seu 
comunto, ou seja, processa-se, também, no nível da 
sociedade civil, onde as classes dirigentes tradicionais 
Novos Rumos O so 7 + nm 36 * 2002
passam a manifestar sua crescente incapacidade de 
dirigir toda a nação. À burocracia, à alta finança, a 
Igreja e todos aqueles organismos relativamente inde- 
pendentes dá ópimão pública têm suas posições 
reforçadas no intemor do listado * À repercussão 
da ense no conjunto do Estado pode provocar, dessa 
forma, o “deslocamento da base histórica do Estado” 
e à supremacia do capital financeiro “ 
Ora, o que temos então como catacteristica 
fundamental da crise de hegemonia não é o vazio 
de poder”, que a rigor podera ser ocupado por 
qualquer um, até mesmo por um aventureiro ou 
um grupo deles, À crise de hegemonia se caracteriza, 
antes de mais nada, por uma meultpleidade de poderes, 
É claro que 
 
essa situação não pode se prolongar 
indefinidamente. Sem nenhuma capacidade dumgente, 
a burguesia ou frações dela podem ser deslocadas 
do poder, deixando de ser dommantes. 
Quais são as razões que levam ao surgimento 
de uma crise dessas proporções? O que faz com 
que a capacidade dirigente de uma classe seja abalada 
de maneira tão profunda. Para Gramsci a crise de 
hegemonia da classe dirigente ocorre 
[ | ou porque a classe dirigente fracassa em 
determimado grande empreendimento politico pelo 
qual pechu ou impós pela força o consentimento das 
grandes massas (como à guerra), ou porque amplas 
massas (especialmente camponeses e de pequenos 
burgueses intelecruars) passaram de repente da 
passividade polínca à cerra anvidade e apresentaram 
reivindicações que, po seu complexo desorganizado, 
constituem umia revolução * 
À crise tem, portanto, em sua ongem, uma 
profunda modificação das relações de forças entre 
as classes O tema é detalhado na análise gramésciana 
da crise do Estado hberal após a guerra de 1914. 
1918, ganhando contornos históricos mais concretos 
O aparelho hegemônico dos grupos dominantes 
desagregou-se 
 
1y porque grandes massas, anterrormente passivas, 
entraram em movimento, mas em um movimento 
caouco e desordenado, sem direção, isto é sem 
vontade polnca coleuva precisa, 2) porque as classes 
mechas que na guerra ercerami uma função de comando 
e responsabilidade toram pervadas delas com a paz, 
ficando desocupadas justamente depois de terem ferro 
uma aprendizagem de comando, etc, 3) porque as 
forças antagónistas fúram incapazes de organizar 
em seu proveito esta desordem real “ 
A crise é, portanto, defimda pelas lutas que 
opõem as classes umas às ourras, latas nas quais os 
diferentes projetos alternativos vão sc desenhando 
e aglutinando detensores. É afirmada pela ruptura 
da passividade de certos grupos sociais «e pela sua 
entrada ativa no cenário político, deseguilibrando 
arramos de poder que tendiam a exclumr esses grupos. 
“fenômeno sindical” tem um papel-chave na 
configuração dessa crise do Estado Ele marca a 
 
passagem de grupos sociais novos que até então não 
tinham uma “voz ativa” a uma posição de destaque.” 
O parlamento, local de mediaçãodos conflitos 
no Est 
 
ado liberal mostrou-se incapaz de absorver 
estes novos atores. À expansão dos parnidos social- 
democratas e comunistas e à massificação dos 
sincicaros e da imprensa operária ocorria, em grande 
medida, fora da arena parlamentar, À mcorporação 
dessas forças ao parlamentarismo permitiu, em 
algumas oportunidades, bloquear provisoriamente 
essa expansão, como na Aletnanha de Weimar, Mas 
essa incorporação não era feita de maneira tranquila 
e. mutas vezes, trazia mais problemas do que 
resolvia. 
A ascensão desses novos atores não defima, para 
Gramsci, todo o conteudo da crise, E preciso ter 
 
em imente a forma sob a qual essa ascensão ocorre 
As classes subalternas unda não possuiam uma 
direção capaz de colocar-se à frente de seu movi- 
mento e imprimir a ele um conteúdo claramente 
transformador A crise não atingia apenas a bur- 
guesia e o parlamento. Ela era, também, uma ense 
de direção das classes subalternas, que não 
conseguiam impor seu projeto hegemônico, muito 
embora conseguissem desarticular a hegemonia das 
classes dominantes Eta, para usar uma teminologia 
cunhada por Trotsks, mas tambem presente em 
Gramsci, uma crise de dire 
 
> que atingia de manera 
combinada, mas desigual, tanto a burguesta como o 
proletariado 
Encontrar a solução orgânica para essa crise não 
é simples. Ela exige a umficação de um grande 
número de partidos sob a bandeira de um único 
partido, “[..] que melhor representa e resume as 
 
necessidades de toda a classe”* As tentativas são 
múmeras. À crise é um processo de longo prazo no 
qual se desenvolvem permanentemente experiências 
visando sua superação, Partidos alinham-se e 
realinham-se, blocos são formados e cussolvidos. 
Líderes são criados e depostos. À velocidade desses 
ANo 17 + nº 36 * 2002 É) Novos Rumos
processos pode surpreender, O ritmo é rápido e 
fulminante se comparado com os tempos normais. 
Mas a crise, é verdade, acelera essã dimensão, re- 
criândo à noção de tempo, 
A cada tentativa de resolução dessa crise ela 
cobra um novo desenho O fracasso dessas tentativas 
não conduz, entretanto, ao ponto de origem. Ganhos 
« perdas são contabilizados por cada grupo ou 
fração Caso contrário a carastrofe seta immnente, 
E sabemos muito bem que ela não é 
As possibilidades de articular um projeto 
alternatrvo ou de alinhar defensores atrás desses 
projetos criando tentativas de resolução da crise são, 
entretanto, assimétricas. Às classes dingentes tradr- 
cionais, ao contrário das classes subalternas, contam 
com grande numero de intelectuais, numeroso 
pessoal especializado capaz de formular esses 
projetos « crganizar seus defensores Pode mudar 
de pessoal dirigente, de programa e mesmo de 
partido de modo a oferecer, rapilamente, uma saída 
para a crise Não raro, constroem a unidade que até 
então parecii impossível que atnpgissem, perfilande- 
se sob a direção do partido que melhor encarna as 
necessidades de toda a classe naquele momento E 
as necessidades, nessas ocasiões, não são outras que 
a superação da própria crise 
Mas mesmo tendo condições mais favoráveis 
para decidir rapidamente o conthto à seu favor, às 
classes dirigentes tradicionais nem sempre o 
conseguem. Isso ocorre quando ja amadureceram 
contradições na estrutura que as classes socrais que 
atuam para conservar e defender essa estrutura não 
conseguem resolver, ao mesmo tempo em que as 
classes que lutam pela sua transformação profunda 
não conseguem Horrut-se dirigentes, V 
Colocado de tal maneira o problema, temos que 
à crise de hegemonia não é derivada auto- 
maticamente da crise econômica À crise econômica, 
tomada em seu senado amplo como crise de 
acumulação resultante da queda tendencral da taxa 
de lucro, pode ser pressuposto da crise de Estado 
Mas ela não a põe, por si própria, a crise de hegemo- 
ma. Quando a crise econômica e à crise de hege- 
monta comodem no tempo temos o que Gramsci 
chama de crise orgóncca, uma crise que afeta o conjunto 
das relações socius c e a condensação das 
contradições imerentes à estrutura socul” Para a 
eclosão dessa ese orgânica e preciso a comeidência 
dos tempos dessa crise de acumulação com o 
acrramento dos choques entre as classes, e no 
intemor delas próprias entre suas frações, 
Na defimção da crise, atribuímos, juntamente 
com Gramsci, um lugar especial às classes subal- 
ternas. Procedemos, portanto, em senado inveiso a 
uma literatura murro difundida atualmente, que 
apresenta a crise como resultado da contradição 
 
entre um padrão de acumulação (do qual a burguesia 
seria porradora) e a forma estatal, À crise € sua 
solução não são para nós um processo de desagre- 
gação e reconstrução de uma “vontade capiralista”, 
processo no qual as classes subalternas ocuparam 
um papel passivo! 
Procuramos demonstrar que a crise É O produro 
dos choques existentes entre as classes sociais e entre 
essas classes e a forma estatal das classes dominantes 
Ela é o resultado “de um npo de articulação global 
entre Estado esociedade e não somente entre Estado 
e classes dotrmunantes” E 
São esses choques, os avanços é tetrócessos de 
cada grupo social, os que irão moldar as possi- 
Enhdades de superação dessa crise. Pois se Gramsci 
se derêm na análise da crise é porque está 
preocupado com as fórmas através das quais tais 
ceses deixam de ser presente e sc transformam em 
passado. 
Noras 
te discussões serao martaçdes por dhes Lasa, “Discussion 
Antonio Grama, 
lia NAS, 1948 pp 
tes ade e stetang Coreano 
polca com Crrume eg la carccl um 
 
 
 
tutti esco da 
 
N 
“Rio de fanemo Pasg Terra, 19 
 
arnbrer, Coruseppe Fin, de 
pp 305 48je Chestine 
 
Bucy-Glucksmane Cronscr e o Dura (Rão de janemo Paz e 
“Ferra, DOMUS pos da 
“o Antonio Cirammsci, Ligedi tar del corcerr Pdtesóni cribica 
desacato Cetaniso 4 cora di Valentino Gerada é Turim 
Couhe Eimandi, [977 p 485 Aparecendo-no “Caderno 4º, 
em sum prmelra sodação sob o grulis “Rapporie tea strattira 
é superesrrutrmaro sto Fragmento tera sus redação Anal nó 
“Caderno 1 disidido cim « tots vópicos “Analisi delle 
 
situzeont = rapporm de tora" e “eim aspeto ceoíiea e 
prano deeconomismo” Uma tercura parte aparecera em 
verde definitiva qa no “Caderno dU com o título 
“Entrou alho sendo chella fliimatiao” 
 
Antomo Coramsci, Canadorio dei corres po 1587 
 
Fiudop 1612 
As abrervações de CGrrameu sema possivel acrescentar aque as 
revoluç 
 
de t8dê edodiram quando o pror da crrse agricola 
de 1846 «1848 havia passado a produção estava sumentando 
Eos proçes cano, 
Novos Rumos Ono 17 + nº 36 * 2002
poderias aorta 
 
Jacques Tester, “Cramsco che 
eim La Pense ot DE Pares, 16 
nficien des superstructlires”, 
+ pp 55-60 
Karl Mars: Etcapril Lavro Lo Capiralo VD finediroj OAesco 
Sigo NT OR 3 
Amir Sha, [dir acmrnntadar penis Dutos de cópitiatia polia 
(Bogotá. Tercer Mundo, 199B, p 282 
Iearl Nes, erre Ecosonge FiPares Calimard 1977, po90 
art adaçã, Pilcapel, Lavra Lo Parte TIL OMessco Pondo de 
Cultura Peoromica, 18 pp HAD 
Iedap 24 
Pinil See denise do dercamrodremento coprtaleste: Proicipaas de cênimioratar 
ão Paulo. Abnil Cultáral, 1083, p 89 
Joan Robson, do Erva Mare Esomonner (Londres 
Mac Abland96)p Sa 
Roman Resdolshe, Genees pcentrantnra de DS capital sé Marx 
Estudos pubs dis Comprdiniro Meco Sudo NS LORD 
Karl Mais. PF captado erecde Parce do cir pod 
Id 20 
Benedertio Croce, Meterradeo hretnrito po econiinio apaiitta 
Buenos Aires Iman, 1043 
 
Anromt Coranser, Opaero del creio poi STR 
ti cpp | 247 MA 
Tout, po 1.270 entes ineus 
 
Tide 
Beard Mars, ef ceapetelo Lavra 1 Parte DiMesnco Fondo de 
Cultura Economica, BG po 244 
Ernest Mandelp Fi! capital Cleil adoro controreniad en tati da 
minado Bari aco Medico stilo XML, 1985, p 185 
António Cramsei Creneror del career ep 1576 
tip 797 
Had, p VITA 
tina spp 175601 “arf 5 
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“Ch aspecta-da crise moderna que € lamentido Como “onda 
de matestaliemo" esta vinculado aquele: que se chama ense 
de autoridade” Se a classe deminante perdem o -consento, 
sto econdoce mars Coreigente mas unicamente dominante, 
detentora da pura força corretiva, isto significa justamente 
que as grandes massa sescparany das ideologias tradheronais; 
nao crcem mass, em tudo o que ueraditavam antes, eg À 
cetic consiste precisamente no fato de que o velho-meunee 
e er cr at q nd riascer Tusçe iNtrrecane se venficam os 
terements rrórhidosentan canada” CAnrômo Crimes, ap 
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Ágicos Poulantzas, “Les rransformanams acouelle 
 
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