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Figuras de Linguagem São recursos expressivos do nosso idioma; uma forma de expressão que consiste no emprego de palavras em sentido figurado. sentido diferente daquele em que as palavras são convencionalmente empregadas. A jiboia apresenta cabeça triangular, uma característica de cobras venenosas, no entanto, a jiboia não é uma cobra venenosa. A jiboia apresenta cabeça triangular, uma característica de cobras venenosas, no entanto, a jiboia não é uma cobra venenosa. Sentido literal; Denotação. Não confie naquelas pessoas, pois elas são umas cobras. Não gosto de ir naquela repartição, aquilo é um ninho de cobras. Não confie naquelas pessoas, pois elas são umas cobras. Não gosto de ir naquela repartição, aquilo é um ninho de cobras. Sentido figurado; Conotação. Não confie naquelas pessoas, pois elas são umas cobras. Não gosto de ir naquela repartição, aquilo é um ninho de cobras. Sentido figurado: Metáfora Conotação. DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO Palavra com significação restrita. Palavra com significação ampla. Palavra com sentido comum, aquele encontrado no dicionário. Palavra com sentidos que carregam valores: afetivos, ideológicos, sociais, etc. Palavra utilizada de modo objetivo. Palavra utilizada de modo criativo, artístico. Linguagem exata e precisa. Linguagem expressiva, rica em sentidos. Covid – 19: como o vírus saltou de morcegos para humanos Pandemias como a que estamos vivendo, infelizmente, já eram esperadas por autoridades e cientistas. Tudo por causa do estilo de vida contemporâneo. A destruição de habitats naturais, manuseio de carne sem os protocolos de higiene, consumo de animais silvestres, criação intensiva de animais domésticos e mudanças climáticas são apontados como os principais causadores de pandemias, epidemias e surtos epidêmicos no mundo. E a fórmula é simples: quanto mais nos aproximamos de áreas preservadas, mais entramos em contato com patógenos nunca antes vistos. É aí que surge o fenômeno conhecido como spillover (termo em inglês que pode ser traduzido como transbordamento) que torna-se cada vez mais frequente, e aqui vamos entender o porquê. O spillover é usado em Ecologia para dizer que um vírus ou micróbio conseguiu se adaptar e ir de um hospedeiro para outro. E foi assim, migrando dos morcegos para os seres humanos (tendo, talvez, os pangolés como intermediários) que o SARS-CoV-2 atingiu esses números impressionantes. O morcego Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. "Vou mandar levantar outra parede..." — Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh'alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! Figuras de Palavra Metáfora Emprega-se a palavra fora de seu sentido padrão, básico; tem-se um novo sentido resultante de uma relação de semelhança, de intersecção entre dois termos. (É a comparação sem o “como”) Menina na janela Sérgio Caparrelli A lua é uma gata branca, mansa, que descansa entre as nuvens. O sol é um leão sedento, mulambento, que ruge na minha rua. Eu sou uma menina bela, na janela, de um olhar sempre à procura. “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” Fernando Pessoa “Seus dentes são um colar de pérolas.” Cecília Meireles “Beber a água do mar azul dos teus olhos.” “Minha alma é como um pastor, Conhece o vento e o sol E anda pela mão das Estações A seguir e a olhar.” Fernando Pessoa “Minha alma é como um pastor, Conhece o vento e o sol E anda pela mão das Estações A seguir e a olhar.” Fernando Pessoa Comparação “Minha alma é um pastor, Conhece o vento e o sol E anda pela mão das Estações A seguir e a olhar.” Metáfora Comparação (símile) Ocorre quando se associam dois elementos que, de alguma maneira, identificam-se. Na comparação, sempre ocorrem conectivos explícitos, como: feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem ou verbos comparativos, como parecer. “Amou daquela vez como se fosse a última. Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único, E atravessou a rua com seu passo tímido. Subiu a construção como se fosse máquina” Chico Buarque Metonímia (e sinédoque) Emprega-se a palavra também fora de seu sentido padrão, porém a nova significação é dada pelo emprego de uma palavra no lugar de outra. A metonímia ocorre quando empregamos: * O efeito pela causa, e vice-versa: Com suor conseguirás ser aprovado. (Trabalho) * O autor pela obra: Gosto de ouvir Beethoven. (a música) Leio Machado de Assis regularmente. * O continente pelo conteúdo: Alimentei-me com dois pratos e fiquei satisfeito. (alimento) * A marca pelo produto: Gostaria de um chiclete! (goma de mascar) * O singular pelo plural: O europeu é introspectivo e trabalhador; o brasileiro é desinibido e mais trabalhador ainda. (os europeus e os brasileiros) * A parte pelo todo: Comprei várias cabeças de gado. (o animal) Mil olhos apreensivos seguiam a partida de futebol. (pessoas, torcedores) * O concreto pelo abstrato e vice-versa: A infância merece cuidado e atenção especiais. (as crianças) Só ele tem cabeça para resolver isso. (inteligência) * A matéria pelo objeto: A um sinal do maestro, os metais iniciaram o concerto. (instrumentos de sopro feitos de metal) * O lugar de origem (ou de produção) pelo produto: Aceitas um havana? (charuto) * A coisa pelo lugar: Hoje vou ao dentista. (consultório) * O símbolo pela coisa simbolizada: A coroa inglesa não aprovava a medida. (a monarquia) Catacrese Assemelha-se à metáfora. A diferença é que, de tanto ser usada, acabou perdendo a originalidade contida num enunciado metafórico. Embarcar no trem. Braço da cadeira. Batata da perna. Raiz do problema. Fio de azeite. Pé da mesa. Dente de alho. Céu da boca. Sinestesia Consiste na construção de comparações acarretadas pela mistura dos sentidos humanos. “E as borboletas sem voz Dançavam assim veludosamente” Cecília Meireles O ruído áspero do despertador me acordava antes do nascer do sol; e eu sentia o gosto amargo da primeira luz do dia. Perífrase Ocorre quando nos referimos a algum lugar, por exemplo, por meio de uma qualidade ou de um título que a ele se refere. Paris, a Cidade-Luz. São Paulo, a terra da garoa. O Velho Chico vem sofrendo com problemas ambientais. (Rio São Francisco) * Com a intenção de não repetir várias vezes a mesma palavra, a perífrase é utilizada como ferramenta para substituir palavras por um termo. Logo que as luzes de Paris se apagaram, o pânico tomou conta de Nova Iorque e ecoou nos lugares mais remotos dos EUA. Paris rendeu-se sem batalha. A imprensa lamentava sem exceção essa capitulação de Paris nas mãos dos alemães. Paris, embaixo das botas, mas salva sem destruição. A Cidade Luz protegida pela sua cultura! O que era mais doloroso para os editorialistas americanos era ver o símbolo da civilização ocidental abandonado à barbárie. A vida para por cinco anos. * Quando ocorre com pessoas, damos à figura o nome de antonomásia. Castro Alves, o poeta dos escravos. Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho. Figuras de Pensamento Antítese É a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras que se opõem quanto ao sentido. “Maior amor nem mais estranho existe que o meu – que não sossega a coisa amada e quando a sente alegre, fica triste, e se a vê descontente, dá risada.” Vinícius de Moraes Paradoxo (Oxímoro) Ao contrário da imagem sucessiva da antítese, que aproxima as imagensopostas, o paradoxo as mantém em posição de confronto. A questão inusitada advém do fato de um enunciado paradoxal incluir conceitos que parecem contrários. “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.” Luís de Camões Hipérbole Consiste em expressar uma ideia com exagero. “Por você eu dançaria tango no teto Eu limparia os trilhos do metrô Eu iria a pé do Rio a Salvador Eu aceitaria a vida como ela é Viajaria a prazo pro inferno Eu tomaria banho gelado no inverno Por você eu deixaria de beber Por você eu ficaria rico num mês Eu dormiria de meia pra virar burguês” “Pois há menos peixinhos a nadar no mar Do que os beijos que darei Na sua boca.” Vinícius de Moraes Prosopopeia (ou personificação) É a atribuição de características ou ações humanas a seres inanimados. “O mar lambia a areia.” Carlos Drummond de Andrade Eufemismo Consiste no emprego de uma palavra ou expressão no lugar de outra palavra ou expressão considerada desagradável ou chocante. “Alma minha gentil que te partiste Tão cedo desta vida descontente” Luís de Camões • Ele entregou a alma a Deus. (Em lugar de: Ele morreu) • Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo cão... (Em lugar de fezes) • Trata-se de um usurpador do bem alheio(Em lugar de ladrão) • "Era uma estrela divina que ao firmamento voou!" (Em lugar de morreu) (Álvares de Azevedo) • Ele subtraiu os bens de tal pessoa. (Em vez de furtou) • "Ele vivia de caridade pública" (ao invés de "esmolas") (Machado de Assis) Gradação Consiste em criar uma sequência de palavras ou expressões que reforçam uma mesma ideia. Gradação ascendente (clímax) Gradação descendente (anticlímax) Em menos de um ano passou de estagiário, a funcionário, a chefe e a tirano. (Clímax) Ela berrou, gritou, falou, sussurrou, murmurou… já não havia mais nada que pudesse fazer. (anticlímax) Ironia Ocorre quando se diz uma coisa pelo seu oposto. O objetivo da ironia é quase sempre a depreciação e o sarcasmo. “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de reis. Nada menos.” Machado de Assis Figuras de Sintaxe Elipse Omissão de um termo da oração que pode ser identificado por marcas gramaticais presentes na frase ou pelo contexto. “Levo uma pena leve de não ter sido bom” Thiago de Mello (Eu) levo uma pena leve de não ter sido bom. Na sala de aula, apenas cinco ou seis alunos. Na sala de aula, (há/havia) apenas cinco ou seis alunos. A cidade dormia, ninguém na rua. A cidade dormia, ninguém (estava)na rua. Zeugma Omissão de um termo mencionado anteriormente. “Levo uma pena leve de não ter sido bom. E no coração, neve.” Thiago de Mello “Levo uma pena leve de não ter sido bom. E no coração, (levo) neve.” Eu adoro flores, quero plantá-las Eu adoro flores, (eu) quero plantá-las Eu gosto de Matemática, você de Português. Eu gosto de Matemática, você (gosta) de Português Vamos brincar juntos, você joga para mim e eu para você. Vamos brincar juntos, você joga para mim e eu (jogo) para você. Polissíndeto Caracteriza-se pela repetição de conjunções (síndeto). “E o olhar estaria ansioso esperando e a cabeça ao sabor da mágoa balançando e o coração fugindo e o coração voltando e os minutos passando e os minutos passando...” Vinícius de Moraes “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga) Não entendo minha filha: ou chora, ou grita, ou reclama, ou se entristece, ou se chateia, parece que nunca está bem. Assíndeto Caracteriza-se pela ausência reiterada de conectivos. “A tua raça quer partir, guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília Meireles) “Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os arredores, bradava com desespero, até ouvia duas notas estridentes, localizava o fugitivo, saía de casa como (…)” (Graciliano Ramos) Quem me dera viver livremente, rir, passear, dançar, cantar, me divertir, sair pelo mundo. Anáfora Repetição de uma ou mais palavras no texto, com a particularidade de que elas têm de vir no início de vários versos. Pode também ser utilizada na prosa. “Eu sou a vela que acende. Eu sou a luz que se apaga Eu sou a beira do abismo Eu sou o tudo e o nada” Raul Seixas Mas de tudo, terrível, fica um pouco, E sob as ondas ritmadas E sob as nuvens e os ventos E sob as pontes e sob os túneis E sob as labaredas e sob o sarcasmo E sob a gosma e sob o vômito E sob o soluço, o cárcere, o esquecido E sob os espetáculos e sob a morte escarlate E sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes E sob tu mesmo e sob teus pés já duros E sob os gonzos da família e da classe, fica sempre um pouco de tudo. Carlos Drummond de Andrade Iteração (ou repetição) Repetição de qualquer palavra (não apenas de conjunção), e em qualquer posição do texto. Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. Carlos Drummond de Andrade Inversão (Hipérbato) Consiste na inversão da ordem direta dos termos da oração ou do enunciado. Ordem direta da oração: Sujeito verbo complemento adjunto adverbial. “Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino escreve.” Olavo Bilac Ordem direta: Beneditino escreve longe do estéril turbilhão da rua. “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante” Joaquim Osório Duque Estrada Ordem direta: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. Anacoluto O anacoluto serve para ressaltar um determinado termo, que passa a ser visto como tópico do enunciado. Nora, lembro dela sempre que chego aqui. “O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga) “Umas carabinas que guardavam atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis.” (José Lins do Rego) Silepse É a concordância ideológica. Realiza-se na relação existente entre termos da oração e ideias associadas ao sujeito e pode ser de gênero, número ou pessoa. De gênero Ocorre quando a concordância é feita com o gênero da pessoa à qual um pronome se refere. Sua Majestade já estava morto quando os médicos chegaram ao palácio. A concordância foi feita com o gênero masculino da pessoa em questão, e não com o feminino do pronome de tratamento. De número A multidão ficou ansiosa com o barulho e saíram correndo para fora do recinto. A concordância foi feita com a condição plural da palavra “multidão”. De pessoa Os brasileiros somos pessoas dedicadas, honestas e trabalhadoras. A concordância foi feita pelo fato de o falante se incluir no enunciado como brasileiro. Pleonasmo Consiste na repetição de uma mesma ideia a fim de reforçá-la. “Iam vinte anos desde aquele dia Quando com os olhos eu quis ver de perto Quanto em visão com os da saudade via.” (Alberto de Oliveira) Não confundir com pleonasmo vicioso. Figuras de Som (ou de harmonia) Relacionam-se com a sonoridade da palavra ou expressão. Aliteração É a repetição constante de um mesmo fonema consonantal. “Auriverde pendão de minha terra Que a brisa do Brasil beija e balança” Castro Alves CHAMA CHUVA Cecília Meireles Chama o Alexandre! Chama! Olha a chuva que chega! É a enchente. Olha o chão que foge com a chuva ... Olha a chuva que encharca a gente. Põe a chave na fechadura. Fecha a porta por causa da chuva, olha a rua como se enche! Enquanto chove bota a chaleira no fogo: olha a chama! Olha a chispa. Olha a chuva nos feixes de lenha! Vamos tomar chá pois a chuva é tanta que nem de galocha se pode andar na rua cheia! Chama o Alexandre! Chama! “Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso... Tudo na noite, tudo clama e voa Sob a febril agitação de um pulso.” Cruz e Sousa Assonância É a repetição de um mesmo fonema vocálico. “Sou Ana, da cama Da cana, fulana bacana Sou Ana de Amsterdam.” Chico Buarque “Diamante, vidraça arisca, áspera asa risca o ar. E brilha. E passa.” (Guilherme de Almeida) “Ó Formas alvas, brancas, Formas claras” (Cruz e Sousa) Paronomásia É a aproximação de palavras de um texto pela sua semelhança, na forma ou no som, com significados diferentes. “Como um eco que vem na aragem A estrugir, rugir e mugir, O lamento das quedas d’água!” (Manuel Bandeira) “Ah pregadores! Os de cá achar-vos-ei com mais paço; os de lá com mais passos.” (Pe. Antônio Vieira) “Berro pelo aterro, pelo desterro Berro por seu berro, pelo seu erro Quero que você ganhe, que você me apanhe” (Caetano Veloso) Onomatopeia É a imitação de sons por meio de uma palavra escrita, criada com o intuito exato de representar o som em questão. Não consegui entender o zumzumzum da classe. O Relógio Vinícius de Moraes Passa, tempo, tic-tac Tic-tac, passa, hora Chega logo, tic-tac Tic-tac, e vai-te embora Passa, tempo Bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansado Já perdi Toda a alegria De fazer Meu tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac Tic-tac Dia e noite Noite e dia. Questões 01. Enem (2014) Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para a) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la. b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia. c) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia. d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período. e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo. 02. (Enem – 2015) Aquarela O corpo no cavalete é um pássaro que agoniza exausto do próprio grito. As vísceras vasculhadas principiam a contagem regressiva. No assoalho o sangue se decompõe em matizes que a brisa beija e balança: o verde – de nossas matas o amarelo – de nosso ouro o azul – de nosso céu o branco o negro o negro CACASO. In: HOLLANDA, H. B (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007. Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando: a) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura. b) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado. c) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura. d) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência. e) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado. 03 (Enem – 2016) O nome do inseto pirilampo (vaga-lume) tem uma interessante certidão de nascimento. De repente, no fim do século XVII, os poetas de Lisboa repararam que não podiam cantar o inseto luminoso, apesar de ele ser um manancial de metáforas, pois possuía um nome “indecoroso” que não podia ser “usado em papéis sérios”: caga-lume. Foi então que o dicionarista Raphael Bluteau inventou a nova palavra, pirilampo, a partir do grego pyr, significando “fogo”, e lampas, “candeia”. FERREIRA, M. B. Caminhos do português: exposição comemorativa do Ano Europeu das Linguas. Portugal: Biblioteca Nacional, 2001 (adaptado). O texto descreve a mudança ocorrida na nomeação do inseto, por questões de tabu linguístico. Esse tabu diz respeito à a) recuperação histórica do significado. b) ampliação do sentido de uma palavra. c) produção imprópria de poetas portugueses. d) denominação científica com base em termos gregos. e) restrição ao uso de um vocábulo pouco aceito socialmente. 04 (Uerj – 2017) O passado anda atrás de nós como os detetives os cobradores os ladrões o futuro anda na frente como as crianças os guias de montanha os maratonistas melhores do que nós [...] ANA MARTINS MARQUES Nos versos de 1 a 6, a poeta vale-se de um recurso para caracterizar tanto o passado quanto o futuro. Esse recurso consiste na construção de: a)índices de ironia b)escala de gradações c)relações de comparação d)sequência de personificações 05 (Enem – 2018) O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa. Passou um homem e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada. Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa. Era uma enseada. Acho que o nome empobreceu a imagem. BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Best Seller, 2008. O sujeito poético questiona o uso do vocábulo “enseada” porque a a) terminologia mencionada é incorreta. b) nomeação minimiza a percepção subjetiva. c) palavra é aplicada a outro espaço geográfico. d) designação atribuída ao termo é desconhecida. e) definição modifica o significado do termo no dicionário. 06 (Unifesp – 2018) Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre celebrada. Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de uma outra vontade, que nunca poderá ver-se apartada. Ela só viu as lágrimas em fio que, de uns e de outros olhos derivadas, se acrescentaram em grande e largo rio. Ela viu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio, e dar descanso às almas condenadas. Luís de Camões A imagem das lágrimas a formarem um largo rio” (3ª estrofe) produz um efeito expressivo que se classifica como a) Paradoxo b) Pleonasmo c) Personificação d) Hipérbole e) Eufemismo 07 (FGV – 2016) “Pois bem, é hora de ir: eu para morrer, e vós para viver. Quem de nós irá para o melhor é algo desconhecido por todos, menos por Deus.” (Sócrates, no momento de sua morte) No período inicial das palavras de Sócrates, há a presença de dois exemplos de diferentes figuras de linguagem; tais figuras são, respectivamente, a) eufemismo e antítese. b) sinestesia e paradoxo. c) metonímia e metáfora. d) pleonasmo e catacrese. e) ironia e polissíndeto. 08 (Unicamp – 2019) “Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo do bom senso e do senso comum." (Adaptado de “Franz Kafka, carta a Oscar Pollak, 1904.” Disponível em https://laboratoriode sensibilidades.wordpress.com. Acessado em 28/05/2018.) Assinale o excerto que confirma os dois textos anteriores. a) A leitura é, fundamentalmente, processo político. Aqueles que formam leitores – professores, bibliotecários – desempenham um papel político. (Marisa Lajolo) b) Pelo que sabemos, quando há um esforço real de igualitarização, há aumento sensível do hábito de leitura, e portanto difusão crescente das obras. (Antonio Candido) c) Ler é abrir janelas, construir pontes que ligam o que somos com o que tantos outros imaginaram, pensaram, escreveram; ler é fazer-nos expandidos. (Gilberto Gil) d) A leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, por que não sonhar os meus próprios sonhos? (Fernando Pessoa) 09 (Ifes – 2017) Ex Mai Love Veloso Dias Meu amor era verdadeiro O teu era pirata O meu amor era ouro E o teu não passava de um pedaço de lata Meu amor era rio E o teu não formava uma fina cascata O meu amor era de raça E o teu simplesmente um vira lata Ex my love, ex my love, se botar teu amor na vitrine, Ele nem vai valer 1,99 Assinale a opção FALSA a respeito do texto. a) A canção revela que cada elemento do casal vê o amor a partirde ideias opostas. b) Duas figuras de linguagem predominam na canção: metonímia e pleonasmo. c) De raça e vira-lata são expressões antônimas. d) O compositor explora a polissemia no uso das palavras pirata e cascata. e) Duas figuras de linguagem predominam na canção: metáfora e antítese. Textos para as questões 10 e 11 Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? MEIRELES, Cecília. Cecília Meireles – obra poética. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Guillar, 1985. p. 122. 10 (Ueg – 2015) Tanto nos versos do poema quanto na pintura apresentada verificam-se elementos que comprovam a a) apologia ao envelhecimento. b) antecipação do futuro. c) importância do amor. d) passagem do tempo. e) Melancolia diante da vida. 11 (Ueg – 2015) Tanto o poema quanto a pintura têm seus sentidos construídos com base na referência a temas paradoxalmente polarizados, que são: a) vida e morte. b) claridade e escuridão. c) juventude e decadência. d) dinamismo e estagnação. e) amor e ódio. 12 (Enem) Canção do vento e da minha vida O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. [...] O vento varria os sonhos E varria as amizades... O vento varria as mulheres... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres. O vento varria os meses E varria os teus sorrisos... O vento varria tudo! E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. Na estruturação do texto, destaca-se a) a construção de oposições semânticas. b) a apresentação de ideias de forma objetiva. c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo. d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes. e) E a inversão da ordem sintática das palavras. 13 (Uerj – 2015) A hipérbole é uma figura empregada na crônica de Vinicius de Morais para caracterizar o estado de ânimo do personagem. Essa figura esta exemplificada em: a) Ela o olhava com um olhar intenso b) sentindo o pranto tornar-se muito longe em seu íntimo c) não lhe dava forças para desprender-se dela. d) De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas 14 (Uerj – 2015) Uma metáfora pode ser construída pela combinação entre elementos abstratos e concretos. No texto, um exemplo de metáfora que se constrói por esse tipo de combinação é: a) como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir b) o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida c) Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento d) E no entanto ali estava, a poucos passos GABARITO 01 – C 02 – D 03 – E 04 – C 05 – B 06 – D 07 – A 08 – C 09 – B 10 – D 11 – C 12 – D 13 – D 14 – B
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