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INTRODUÇÃO PARA O ESTUDO CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA CONSIDERAÇÕES ESQUELÉTICAS, MUSCULARES E NEUROLOGICAS SOBRE O MOVIMENTO HUMANO Educação Física Unime Itabuna, 2016-1 Prof. MSc. Vanessa Midlej ARISTÓTELES (384 a 322 a.C.) - Pai da Cinesiologia - Ações musculares submetidas à análise geométrica; - Primeiro a descrever a deambulação - Notável conhecimento sobre centro de gravidade, leis do movimento e das alavancas para a época - Tratados: Partes dos Animais, Movimentos dos Animais e Progressão dos Animais ARQUIMEDES (287 a 212 a.C.) - Princípios hidrostáticos até hoje válidos na Cinesiologia GALENO (131 a 201 a.C.) - Descreveu nervos motores e sensitivos, músculos agonistas e antagonistas, tônus muscular - Introduziu termos diartrose e sinartrose - Pai da medicina esportiva LEONARDO DA VINCI (1452-1519) - Artista, engenheiro, cientista - Interesse pela estrutura do corpo humano - Descreveu a mecânica do corpo na posição ereta - Primeiro a registrar dados científicos sobre a marcha humana ISAAC NEWTON (1642 a 1727) Três leis de Newton 1) Lei da Inércia Todo corpo permanece em seu estado de repouso, ou de movimento uniforme, em linha reta, a menos que seja compelido a alterar este estado por forças aplicadas sobre ele. 2) Lei do Momento A alteração do movimento é proporcional à força motriz aplicada e realizada na direção da linha reta na qual esta força se aplica. 3) Lei da Interação Toda ação corresponde sempre a uma reação na mesma intensidade e na direção oposta. F = m . a LUIGI GALVANI (1737 a 1798) - Presença de potenciais elétricos em nervos e músculos EMIL DUBOIS-REIMOND (1818 a 1896) - Lançou os fundamentos da eletrofisiologia moderna Cinesiologia • Ciência que estuda o movimento humano • Cinesiologistas – cientistas que estudam o movimento humano • Contribuições: Anatomia, Biomecânica, Fisiologia, Física, Psicologia Biomecânica • Aplicação dos conhecimentos da Mecânica aos organismos vivos • Mecânica – Ramo da Física que estuda o movimento, as variações de energia e as forças que atuam sobre os corpos A n ál is e d o M o vi m en to H u m an o Biomecânica Cinemática Cinética Cinesiologia Anatomia funcional CINEMÁTICA Formas de movimentos, planos e eixos (não analisa as causas) Posição Deslocamento Velocidade Aceleração CINÉTICA Forças que produzem, detém ou modificam o movimento Torque e alavancas Resistência externa Equilíbrio Centro de gravidade ANATOMIA FUNCIONAL Estudo dos componentes do corpo necessários para a obtenção ou realização de um movimento ou função humana. CONSIDERAÇÕES ESQUELÉTICAS, MUSCULARES E NEUROLOGICAS SOBRE O MOVIMENTO HUMANO MOVIMENTO LINEAR Trajeto retilíneo ou curvilíneo em que todos os pontos num corpo ou objeto cobrem a mesma distância no mesmo intervalo de tempo. MOVIMENTO ANGULAR Movimento em torno de algum ponto (eixo), de modo que diferentes regiões do mesmo segmento do corpo ou objeto não se movimentem na mesma distância em determinado período de tempo. Constituem a habilidade do movimento humano. O movimento linear ocorre como consequência de contribuições angulares. AMPLITUDE DE MOVIMENTO (ADM) • Restrições anatômicas: Articulações, ossos, eslasticidade de músculos, tendões, fáscias, ligamentos e pele • Reflexos neurológicos • Temperatura e hora do dia, sexo, idade • Roupa e acessórios • Lesão, dor, disfunção • Treinamento específico • Atividades Laborais OSTEOLOGIA - Ossos Tecido ósseo – sustentação e movimento O osso pode crescer de várias maneiras e está continuamente sendo modificado, reformado, remodelado e reparado Osteócitos: Osteoblastos Osteolclastos Constituição: • Inorgânicos – cálcio e fosfato (rigidez e resistência à compressão) • Orgânico – colágeno (resistência tensiva e flexibilidade) • Água – 30% do peso ósseo • Osso cortical – camada externa, dura, osso compacto, passagem de vasos sanguíneos e nervos • Osso esponjoso – extremidades de ossos longos, copo das vértebras, escápulas e pelve Trabéculas – espaços, fibras de colágeno de acordo com direção da carga Distribui pressão e absorve energia nas cargas aplicadas à estrutura esquelética • Esqueleto Axial – cabeça e tronco Mais de 50% do peso corporal Grande tamanho e velocidade baixa nos movimentos Boa referência para análise de movimentos • Esqueleto Apendicular – membros superiores e inferiores Segmentos menores e mais rápidos CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA DOS OSSOS • Longos – alavancas, movimento Ex: clavícula, umero, radio, ulna, femur, tibia, fibula, metatarsais, metacarpais e falanges. • Curtos – Esponjoso com fina camada cortical, absorção de choques e transmissão de forças Ex: patela, ossos do carpo e do tarso. • Planos – osso esponjoso com duas camadas de osso compacto e medula entre elas; protegem estruturas internas e oferecem ampla estrutura para inserção muscular Ex: costelas, iliaco, esterno e escápula. • Irregulares – esponjoso com fina camada cortical exterior; funções especiais como sustentação do peso, dissipação de cargas, proteção da medula espinhal, movimentos e inserções musculares Ex: crânio, pelve e vértebras Denominação Forame Fossa Sulcos Côndilo Epicôndilo Eminência Crista Espinha Trocanter Tuberosidade Denominações Anatômicas Denominação Descrição Exemplos Forame Orifício pelo qual passam vasos e nervos Forame intervertebral Fossa Depressão Fossa supra-espinhosa Sulcos Ranhuras onde passam tendões, nervos e vasos sanguíneos Sulco do nervo ulnar Côndilo Projeção arredondada na extremidade de um osso Côndilo femural Epicôndilo Proeminência acima ou sobre o côndilo Epicôndilo femural Eminência Parte proeminente de um osso Eminências alveolares Crista Saliência ou borda Crista ilíaca Espinha Projeção longa e fina de um osso Espinha ilíaca antero- superior Trocanter Proeminência para fixação muscular Trocanter maior do fêmur Tuberosidade Projeção óssea arredondada Tuberosidade da tíbia Os ossos dependem da carga mecânica para crescer e se fortalecer. Os ossos ganham ou perdem massa e alteram sua forma lentamente, em resposta às alterações na aplicação de carga mecânica. ATIVIDADE FÍSICA DESENVOLVIMENTO, MANUTENÇÃO DA INTEGRIDADE E RESISTÊNCIA DO ESQUELETO SOBRECARGA PROGRESSIVA ARTROLOGIA - Articulações SINARTROSE • Tecido fibroso; movimento imperceptivel • Suturas do crânio, sindesmose tíbio- fibular, gonfose (raízes dentárias) ANFIARTROSE • Tecido cartilagionoso, movimento limitado • Sínfise púbica, sincondroses (cartilagem costal) DIARTROSE • Movimento livre e amplo; articulação sinovial • Cápsula articular • Cartilagem articular • Cavidade articular • Líquido sinovial • Membrana sinovial • Ligamentos • Disco (presente ou não) SINARTROSE SINARTROSE ANFIARTROSE ATM COLUNA VERTEBRAL OMBRO COTOVELO PUNHO E DEDOS QUADRIL JOELHO TORNOZELO Cartilagem articular • Transmite forças compressivas através da articulação • Diminui fricção e desgaste articular • Redistribui tensões de contato • Protege osso subjacente Ligamentos • Tecido conjuntivo fibroso que une dois ossos adjacentes, pode ou não estar dentro da cápsula articular • Estabilidade passiva – restringe movimentos articulares excessivos ou lesivos • Posição de tensão e relaxamento • Sensibilidade proprioceptiva (receptores nervosos) – velocidade, posição, movimento, tensionamento, dor MIOLOGIA - Músculos • Origem e inserção – INSERÇÃO PROXIMAL E INSERÇÃO DISTAL • Músculos uni e biarticulares • Tendão – extremidade quefixa o músculo na estrutura óssea • Propriedades musculares: Excitabilidade ou irritabilidade – neurotransmissor químico Contratilidade Elasticidade Tonicidade - estado de contração parcial, músculos prontos para entrar em ação; hipertonia e hipotonia Funções dos músculos esqueléticos • Movimento e a manutenção da postura • Produção de calor • Auxilia na circulação sanguínea e linfática • Protege e sustenta órgãos internos • Absorve choques para proteger o corpo • Respiração • Mastigação, eliminação de fezes e urina Unidade motora • Agonista – músculos que criam o mesmo movimento articular • Antagonista – ação oposta ao agonista, permite e coordena o movimento • Estabilizador ou fixador – estabiliza segmento do corpo, para que um músculo ativo tenha uma base firme para exercer sua função • Sinergistas – ajudam o movimento do agonista Ações musculares Tipos de contração muscular • Isométrica – não há movimento articular Manutenção de posição, controlar segmento • Isotônica Concêntrica – torque muscular > torque externo (F>R) Aproximação das inserções proximal e distal na contração muscular Comumente contra a gravidade e resistências externas Excêntrica – torque muscular < torque externo (R>F) Afastamento das inserções proximal e distal na contração muscular Produzida por ação da gravidade ou grupo muscular antagonista Formas dos músculos e suas fibras FUSIFORME bíceps, reto abdominal, sartório UNIPENADOS semimembranoso BIPENADOS reto femoral MULTIPENADOS deltóide Músculos fusiformes sao encontrados em locais que requerem a execução de movimentos rápidos e amplos. Músculos penados sao encontrados em locais de pequena amplitude, porém energéticos. Músculos tônicos e fásicos TÔNICOS posturais, antigravitacionais FÁSICOS movimentos de grande amplitude Resistentes ao movimento Executam o movimento Fibras curtas e oblíquas Fibras longas e paralelas Atividades musculares prolongadas e contínuas Contração muscular rápida e forte Tipos de fibras musculares PROPRIEDADES TIPO I TIPO IIA TIPO IIB Velocidade de contração Lenta Rápida Rápida Capacidade glicolítica Baixa Moderada Alta Capacidade oxidativa Alta Moderada Baixa Estoque de glicogênio Moderado Moderado Alto Estoque de triglicerídeos Alto Moderado Baixa Capilaridade do tecido Elevada Moderada Reduzida Fáscias musculares Tecido conjuntivo que envolve e une todas as células, estruturas e sistemas do corpo humano. EPIMÍSIO – PERIMÍSIO – ENDOMÍSIO Em termos funcionais, é ilógico tentar considerar o músculo como uma estrutura separada da fáscia, já que ambos são estreitamente relacionados. Principal responsável pela forma que temos e por nossa capacidade de adaptação ao campo gravitacional. “Tire a ação do tecido conjuntivo e o músculo que resta pareceria uma estrutura gelatinosa, sem forma ou capacidade funcional” Propriedade das fáscias • Ricamente dotada de terminações nervosas • Capacidade de adaptar-se de maneira elástica • Suporta e estabiliza – equilíbrio postural do corpo • Mudanças fasciais predispõem à congestão crônica dos tecidos articulares e periarticulares e muitas doenças crônicas degenerativas • Trauma sobre o tecido fascial geralmente resulta em dor do tipo em queimação • Principal arena dos processos inflamatórios – fluidos e processos infecciosos geralmente percorrem os planos fasciais • SNC cercado pelo tecido fascial – dura-máter – que conecta-se ao osso no crânio, de forma que a disfunção desse tecidos pode ter efeitos profundos e disseminados • Extensa conexão muscular – produzem faixas de tensão definidas Myers, Thomas W. Trilhos Anatômicos Miofasciais: meridianos miofasciais para terapeutas manuais e do movimento. SP, Summus, 2003.