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MONOGRAFIA Mobilização de cicatriz cesareana

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UniSALESIANO 
Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium 
Curso de Fisioterapia 
 
 
 
 
 
Juliana Trombini 
Thiago Henrique Viveiro Herrera 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO FASCIAL DA 
CICATRIZ DE CESÁREA SOBRE A MOBILIDADE 
DA CADEIA POSTERIOR: ESTUDO 
ALEATORIZADO E CONTROLADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINS – SP 
2019 
 
 
JULIANA TROMBINI 
THIAGO HENRIQUE VIVEIRO HERRERA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO FASCIAL DA CICATRIZ DE CESÁREA 
SOBRE A MOBILIDADE DA CADEIA POSTERIOR: ESTUDO ALEATORIZADO 
E CONTROLADO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Banca Examinadora do 
Centro Universitário Católico Salesiano 
Auxillium, curso de Fisioterapia sob a 
orientação do Prof. º Me Jonathan Daniel 
Telles e orientação técnica da Prof.ª Ma. 
Jovira Maria Sarraceni 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINS – SP 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trombini, Juliana; Herrera, Thiago Henrique Viveiro 
Efeito agudo da manipulação fascial da cicatriz de cesárea sobre 
a mobilidade da cadeia posterior: estudo aleatorizado e controlado. / 
Juliana Trombini; Thiago Henrique Viveiro Herrera – – Lins, 2019. 
59p. il. 31cm. 
 
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico 
Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em 
Fisioterapia, 2019. 
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Jonathan Daniel Telles 
 
1. Aderomêtro. 2. Cicatriz de Cesárea. 3. Manipulação Fascial. I 
Título. 
CDU 615.8 
 
T766e 
 
 
JULIANA TROMBINI 
THIAGO HENRIQUE VIVEIRO HERRERA 
 
 
 
EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO FASCIAL DA CICATRIZ DE CESÁREA 
SOBRE A MOBILIDADE DA CADEIA POSTERIOR: ESTUDO 
ALEATORIZADO E CONTROLADO. 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, 
para a obtenção do título de Fisioterapeuta. 
 
 
Aprovada em: ___/____/____ 
 
Banca Examinadora: 
 
Prof. Orientador: Jonathan Daniel Telles 
Titulação: Mestre em Fisioterapia - UFSCar 
Assinatura: _________________________________ 
 
 
1º Prof. (a): Paulo Umeno Koeke 
Titulação: Doutor em Fisioterapia - UFSCAR 
Assinatura: _________________________________ 
 
 2º Prof. (a): Marco Aurélio Gabanela Schiavon 
Titulação: Mestrado em ensino em saúde - FAMEMA 
Assinatura: _________________________________ 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida, aos 
meus pais: Sérgio Trombini e Gladis Trombini por todo carinho e por não 
mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da vida, ao meu 
esposo Lucas Furquim por todo amor, paciência e incentivo durante 
toda a faculdade, por me trazer calma e me dar seu ombro nos 
momentos mais difíceis, aos meus amigos que me apoiaram e torceram 
por mim, ao meu colega Thiago Herrera pelos muitos dias de trabalho e 
esforço para que pudéssemos concluir este estudo, ao meu orientador 
e amigo Jonathan Telles que sempre me inspirou a buscar 
conhecimento e acreditou em nosso trabalho e a todo momento esteve 
conosco, a meus mestres e professores que tanto incentivaram e até 
mesmo me motivaram a sempre ser melhor. 
Ao Louie e a Lola que mesmo sem compreender o que estava 
acontecendo, tinham por mim um olhar que me trazia calma. A todos 
aqueles qυе de alguma forma estiveram е estão próximos de mim, 
fazendo está etapa mais leve e feliz, colaborando para o início de novos 
caminhos. 
 
Juliana Trombini 
 
 
Agradeço, primeiramente, a Deus pelas graças necessárias por concluir 
todo esse trabalho. 
Agradeço aos meus pais MANOEL e MADALENA por estarem ao meu 
lado nessa caminhada de lutas renúncias e sacrifícios. 
A Izabela por todo seu apoio e seu companheirismo para comigo. 
Aos meus avós mesmo não presente se orgulhavam de seu neto 
Aos amigos/colegas que ajudaram para que toda essa pesquisa fosse 
concretizada 
A minha colega de trabalho Juliana Trombini que não mediu esforços para 
que conseguíssemos concluir essa etapa. 
Ao grande amigo e orientador Jonathan Telles que para mim é uma 
referência. 
Agradeço sem medidas a todos que de uma forma direta ou indireta 
contribuíram para que essa etapa de minha vida se encerrasse para que 
outra se inicie. 
 
Thiago Henrique Viveiro Herrera 
 
 
 
 
 
Agradecimentos do grupo 
 
Dedicamos o presente trabalho primeiramente a Deus, por nos dar 
forças para a realização deste projeto. Aos nossos pais, amigos e todos 
que de alguma forma direta ou indireta, nos ajudaram e fizeram parte 
para a realização do mesmo. 
Ao Prof. Jonathan Daniel Telles e Prof.ª. Jovira Maria Sarraceni, pelas 
orientações, seu grande esforço em ajudar-nos nesta etapa. 
 A todas as participantes que mesmo diante das intempéries do dia a dia 
nos ajudaram e foram primordiais para a realização deste projeto. 
 
Juliana Trombini e Thiago Henrique Viveiro Herrera 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A fáscia é um tecido conjuntivo com derivação mesodérmica, que recobre 
todo o corpo humano, dividindo, suportando e conectando diferentes partes do 
sistema do corpo. O movimento humano deriva da capacidade deste sistema 
manter o equilíbrio e interagir com os diferentes sistemas corporais, células 
corporais tem a capacidade de converter estímulos mecânicos em alterações 
químicas, baseando-se no princípio da tensegridade, um mecanismo de 
integridade tensional, atuante nos processos fisiológicos como a 
mecanotransdução, em diferentes escalas. A disfunção fascial pode se iniciar 
por uso excessivo do tecido ou traumas sofridos repentinamente ou lentamente, 
levando ao processo inflamatório e a remodelagem inadequada do tecido, 
formando a cicatriz ou levando ao desenvolvimento de fibrose. A Manipulação 
fascial objetiva reordenar tecidos e aderências podendo repercutir de forma 
distal e não somente sobre a área afetada. O objetivo do presente estudo foi 
avaliar os efeitos da mobilização da cicatriz de cesárea sobre a mobilidade da 
cadeia posterior e mobilidade da cicatriz de cesárea. A pesquisa contou com 20 
participantes de 20 a 50 anos de idade, com cicatriz de cesárea e que possuíam 
encurtamento na cadeia posterior. As participantes foram divididas em grupo 
mobilização da cicatriz ou grupo placebo, conforme randomização. O grupo 
mobilização da cicatriz recebeu a técnica de forma aguda e com duração de 12 
minutos, em um único dia. As participantes do grupo placebo receberam 
aplicação de laser, porém, com o equipamento desligado. As participantes foram 
avaliadas utilizando o Banco de Wells para mensurar a mobilidade da cadeia 
posterior e o Aderomêtro para avaliar a mobilidade da cicatriz pré e pós 
intervenções. Nos resultados do teste de amplitude de movimento da cadeia 
posterior, foram observadas diferenças clinicamente significantes intragrupo 
para o grupo mobilização da cicatriz (p ≤ 0,004), porém, não houve diferença 
estatisticamente significante intragrupo para o grupo placebo (p ≤ 0,356). Não 
houve diferença estatisticamente significante intergrupo para o teste de ADMCP 
(p ≤ 0,184). Quando avaliado a mobilidade da cicatriz foram observadas 
diferenças estatisticamente significantes intragrupo para o grupo mobilização da 
cicatriz (p ≤ 0,000) e para o grupo placebo (p ≤ 0,009). Houve diferença 
estatisticamente significante intergrupo (p ≤ 0,025). A técnica de mobilização da 
cicatriz foi superior a técnica placebo em relação a mobilidade da cicatriz de 
cesárea, porém, não houve diferença em relação a mobilidade da cadeia 
posterior. 
 
Palavras-chave: Aderômetro. Cicatriz de cesárea. Manipulação. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The fascia is a connective tissue with mesodermal shunt that covers the 
entire human body, dividing, supporting and connecting different parts of the body 
system. Human movement derives from the ability of this system to maintain 
balance and interact with different body systems, body cells havethe ability to 
convert mechanical stimuli into chemical changes, based on the principle of 
tensegrity, a mechanism of tensional integrity, acting on physiological processes. 
like mechanotransduction, at different scales. Fascial dysfunction may be caused 
by overuse of the tissue or trauma suffered suddenly or slowly, leading to the 
inflammatory process and improper remodeling of the tissue, forming the scar or 
leading to the development of fibrosis. Fascial manipulation aims to reorder 
tissues and adhesions and may have a distal effect and not only on the affected 
area. The aim of the present study was to evaluate the effects of cesarean section 
scar mobilization on posterior chain mobility and cesarean section scar mobility. 
The research had 20 participants from 20 to 50 years old, with cesarean scar and 
who had shortening in the posterior chain. Participants were divided into scar 
mobilization group or placebo group according to randomization. The scar 
mobilization group received the technique acutely and lasted 12 minutes in a 
single day. Participants in the placebo group received laser application, however, 
with the equipment turned off. Participants were evaluated using the Wells Bank 
to measure posterior chain mobility and the Aderometer to assess scar mobility 
before and after interventions. In the results of the posterior chain range of motion 
test, clinically significant intra-group differences were observed for the scar 
mobilization group (p ≤ 0.004), but there was no statistically significant intragroup 
difference for the placebo group (p ≤ 0.356). There was no statistically significant 
intergroup difference for the ADMCP test (p ≤ 0.184). When assessing scar 
mobility, statistically significant differences were observed within the group for 
scar mobilization group (p ≤ 0.000) and for the placebo group (p ≤ 0.009). There 
was a statistically significant intergroup difference (p ≤ 0.025). The scar 
mobilization technique was superior to the placebo technique regarding cesarean 
section scar mobility, however, there was no difference regarding posterior chain 
mobility. 
 
Keywords: Aderometer. Cesarean section scar. Manipulation. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Vista frontal e perfil da coluna lombar ................................................ 19 
Figura 2: Movimentos da articulação coxofemoral ............................................ 22 
Figura 3: Fáscia Superficial .............................................................................. 23 
Figura 4: Linha Superficial Posterior ................................................................. 24 
Figura 5: Fáscia Sacroretogenitovesicopubiana ............................................... 26 
Figura 6: Fibrose em cicatriz de cesárea .......................................................... 30 
Figura 7: Esquematização para intervenção ..................................................... 36 
Figura 8: Banco de Wells Sanny ....................................................................... 37 
Figura 9: Aderômetro para mensurar a aderência cicatricial. ........................... 38 
Figura 10: Esquema para medidas do quadrilátero. ......................................... 39 
Figura 11: Aderômetro ...................................................................................... 41 
Figura 12: Técnica de Manipulação de cicatriz ................................................. 42 
Figura 13: Aparelho de Fotobiomodulação ....................................................... 43 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Classificação do nível de flexibilidade em cm para o teste banco de 
wells em mulheres de diferentes faixas etárias de acordo com o Canadian 
Standardizes Test of Fitness (CSTF) ................................................................ 40 
Tabela 2: Resultados do teste de amplitude de movimento da cadeia posterior 
(ADM) de ambos os grupos pré e pós intervenção ........................................... 44 
Tabela 3: Resultado do teste de mobilidade da cicatriz (MC) de ambos os grupos 
pré e pós intervenção. ...................................................................................... 44 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
ADM – Amplitude de Movimento 
ADMCP – Amplitude de Movimento da Cadeia Posterior 
DP – Desvio Padrão 
ECR - Estudo Clínico Randomizado 
LSP – Linha Superficial Posterior 
MEC – Matriz Extracelular 
MC – Mobilidade de Cicatriz 
NPRS -Escala numérica de Classificação da dor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14 
 
1 CONCEITOS PRELIMINARES ...................................................................... 17 
 
1.1 Anatomia da Coluna Lombar ...................................................................... 17 
1.1.2 Sistema Muscular da Coluna Lombar ...................................................... 17 
1.1.3 Sistema Articular da Coluna Lombar ....................................................... 18 
1.1.4 Articulação Coxofemoral .......................................................................... 20 
 
1.2 Estrutura do Tecido Fascial ........................................................................ 22 
1.2.1 A Linha Superficial Posterior .................................................................... 24 
1.2.2 Relações Anatômicas do Complexo Lombo-Pélvico ................................ 25 
 
1.3 Cicatriz e Processo de Reparação Tecidual ............................................... 27 
1.3.1 Cesariana: técnica cirúrgica ..................................................................... 28 
1.3.2 Fibrose ..................................................................................................... 29 
 
1.4 Tratamento .................................................................................................. 30 
1.4.1 Fisioterapia (recursos fisioterapêuticos) .................................................. 31 
1.4.1.1 Terapia Manual ..................................................................................... 31 
1.4.2.1.1 Benefícios fisiológicos e terapêuticos da manipulação de cicatrizes . 32 
1.4.2.1.2 Indicações .......................................................................................... 33 
1.4.2.1.3 Contraindicações ............................................................................... 33 
1.4.2.1.4 Cuidados a serem tomados ............................................................... 33 
 
2 O EXPERIMENTO ......................................................................................... 34 
 
2.1 Recursos Metodológicos ............................................................................. 34 
2.1.1 Tipo de pesquisa/Experimental ................................................................ 34 
2.1.2 Estudo Aleatorizado e Controlado ........................................................... 34 
2.1.3 Critérios de Inclusão ................................................................................ 34 
2.1.4 Critérios de Exclusão ............................................................................... 35 
 
 
 
2.2 Condições Ambientais ................................................................................ 35 
 
2.3.1 Casuística ................................................................................................ 35 
2.3.1.1 Métodos ................................................................................................ 35 
 
2.4 Materiais ..................................................................................................... 36 
 
2.5 Procedimentos ............................................................................................ 36 
 
2.6 Avaliação ....................................................................................................37 
2.6.1 Banco de Wells ........................................................................................ 40 
2.6.1.1Aderômetro ............................................................................................ 41 
2.6.2 Técnica de Manipulação de Cicatriz ........................................................ 42 
2.6.2.1 Técnica Placebo ................................................................................... 43 
2.7 Análise Estatística ....................................................................................... 44 
 
2.8 Resultados .................................................................................................. 44 
2.8.1 Discussão ................................................................................................ 46 
2.8.2 Limitação do estudo ................................................................................. 49 
2.8.3 Conclusão. ............................................................................................... 49 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51 
 
ANEXOS ........................................................................................................... 56 
 
 
14 
 
INTRODUÇÃO 
 
De acordo com Bordoni, Lintonbon e Morabito (2018), a fáscia é definida 
como tecidos de derivação mesodérmica que são considerados especializados 
como os tecidos conjuntivos: o sangue e a linfa. Como a água molda as rochas, 
os fluidos corporais modificam a forma e o funcionamento das estruturas 
corporais. Os fluídos corporais testemunham silenciosamente a informação 
mecanotransdutora, permitindo assim a adaptação e vida, transportando os 
processos bioquímicos e sinais hormonais. Enquanto o tecido sólido fascial 
divide, suporta e conecta as diferentes partes do sistema do corpo, o tecido 
fascial líquido alimenta e transporta mensagens para o tecido fascial sólido. 
Schleip, Jäger e Klingler (2012) descrevem fáscias como um tecido 
conjuntivo que recobre o corpo e fazem parte de um sistema que transmite força 
tensional do corpo. 
 
O componente de tecido mole do sistema de tecido conectivo 
que permeia o corpo humano. Pode-se também descrevê-las 
como tecidos colagenosos fibrosos que fazem parte de um 
sistema de transmissão de força tensional amplo do corpo. A 
rede fascial completa, portanto, inclui não apenas bainhas de 
tecido planar denso (como septos, envelopes musculares, 
cápsulas articulares, cápsulas dos órgãos e retináculos), que 
também pode ser chamada de ‘fáscia própria’, mas ela também 
abrange densificações locais desta rede na forma de ligamentos 
e tendões. Adicionalmente, ela inclui tecidos conectivos 
colagenosos mais moles como a fáscia superficial ou a camada 
intramuscular íntima do endomísio... O termo fáscia agora inclui 
a dura-máter, o periósteo, o perineuro, a camada capsular 
fibrosa dos discos vertebrais e as cápsulas dos órgãos, bem 
como tecido conectivo brônquico e o mesentério do abdômen. 
(SCHLEIP, JÄGER E KLINGLER ,2012, p497). 
 
Para Dischiavi et al. (2018), movimento humano é derivado de uma 
complexa orquestração de movimentos que envolvem muitos sistemas 
corporais diferentes, compreender como esses sistemas interagem durante os 
movimentos pode demostrar diretamente uma variedade em campo de 
pesquisa, que pode incluir: etiologia da lesão, mecanismos de prevenção de 
lesões e prescrição de exercícios terapêuticos. 
De acordo com Tadeo et al. (2014), as células do corpo humano são 
dotadas de capacidade de converter estímulos mecânicos em alterações 
químicas, e baseado no princípio da tensegridade, um mecanismo de integridade 
15 
 
tensional, demonstrou-se que atua em processos fisiológicos como a 
mecanotransdução em diferentes escalas. O processo envolve componentes 
extracelulares, incluindo a participação de matriz extracelular, micro túbulos que 
atuam como estruturas de compreensão e filamentos de actina que atuam como 
tensão. 
Para Myers (2003), Matriz extracelular (MEC), é aplicado a soma das 
substâncias extracelular dentro do tecido conjuntivo, consiste em um sistema de 
fibras proteicas insolúveis e complexos solúveis compostos de polímeros de 
carboidratos unidos a moléculas de proteínas, proteoglicanas, e se ligam a água 
mecanicamente e tem sua evolução justificada para distribuir as tensões de 
movimento e gravidade, ao passo que mantem a forma das diferentes regiões 
do corpo. 
Chaitow et al. (2017), descrevem inúmeras formas pelas quais uma 
disfunção fascial pode se iniciar, que serão exploradas nos tópicos a seguir, mas 
a maioria das disfunções musculoesqueléticas tem como “causa” o uso 
excessivo, abusivo, errado ou desuso, ou pode se originar de traumatismos 
sofridos de forma lenta ou repentina, levando a inflamação e a remodelagem 
inadequada, formando cicatriz excessiva ou até mesmo o desenvolvimento de 
fibrose. 
O presente estudo tem como pergunta problema: A manipulação fascial 
sobre a cicatriz de cesárea pode melhorar a mobilidade em cadeia posterior? A 
manipulação do tecido fascial tem como objetivo melhorar o fluxo sanguíneo 
local no tecido trazendo, mais nutrição e melhorando a elasticidade, através da 
quebra do tecido fibrótico formado aliviando, portanto, os sintomas distais 
causados pela disfunção tecidual anterior. 
O objetivo do presente estudo foi o de avaliar os efeitos da mobilização 
da cicatriz de cesárea sobre a mobilidade da cadeia posterior e mobilidade da 
cicatriz de cesárea. 
A pesquisa tem como característica abordar, experimentalmente, um 
determinado objeto de estudo, selecionando variáveis que interferem 
diretamente na realidade dos participantes, pretendendo informar o modo que 
tal acontecimento é produzido. Definindo assim as formas de controle e 
observação que os efeitos da variável produzem no produto. 
16 
 
As avaliações e tratamento foram realizadas na Clínica Escola do Centro 
Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins – (UniSALESIANO), na sala de 
avaliação no setor de Ortopedia/traumatologia. 
O presente estudo está organizado da seguinte forma: 
Nos conceitos preliminares, descreve-se a morfofisiologia da região 
posterior, os conceitos, a biomecânica, técnicas, benefícios, indicações, 
contraindicações e precauções da técnica de manipulação fascial. 
No experimento, aborda-se o recurso metodológico, a pesquisa 
experimental, a abordagem qualitativa, os critérios de inclusão e exclusão. Além 
disso cita os locais onde foram realizadas as avaliações e aplicação da técnica 
apresentadas no presente estudo, especificando a técnica, os materiais 
utilizados, os testes antes e após a intervenção. 
Ao final serão apresentados todos os resultados em forma de imagens, 
gráficos e dados qualitativos, fazendo comparação antes e após a intervenção, 
seguida da discussão baseada em conceitos teóricos comprovados por 
diferentes autores, mediante os resultados e discussões para se obter a 
conclusão. 
 
 
17 
 
1 CONCEITOS PRELIMINARES 
 
1.1 Anatomia da Coluna Lombar 
 
De acordo com Moore, Dalley e Agur (2014), a coluna vertebral se estende 
do crânio ao ápice do cóccix, sendo a sua região cervical e região lombar com 
maior liberdade de movimentos. O ângulo formado entre as regiões lombar e 
sacral é conhecido como ângulo lombossacral, e as cinco vértebras sacrais são 
fundidas em adultos para formar o sacro. As vértebras ao longo da coluna 
possuem diferentes formatos de acordo com suas funções principais, a coluna 
cervical produz movimentos de flexão e extensão e rotação, a coluna torácica 
tem em sua predominância movimentos rotativos e a coluna lombar realiza 
movimentos de flexão e extensão. 
Para Natour et al. (2004), pode-se descrever topograficamente a 
musculatura da coluna vertebral definindo sua posição em relação a um plano 
que passa por processo transverso das vértebras. Aqueles que sesituam 
anteriormente com relação ao processo transverso compõe a musculatura 
anterior da coluna vertebral, os que se situam posteriormente, compoem a 
musculatura posterior. A coluna vertebral é composta de músculos posteriores 
em toda sua extensão, porém só existem músculos anteriores nas regiões 
cervical e lombar. 
A coluna lombar consiste em uma série de curvaturas fisiológicas, as 
regiões cervical e lombar exibem um alinhamento denominado lordose, as 
regiões torácicas e sacrococcígeas exibem uma cifose. Tais curvaturas são 
naturais, porém não são fixas, são dinâmicas e assumem formas diferentes 
durante os movimentos. A coluna embrionária é cifótica durante sua extensão, 
as lordoses ocorrem após o nascimento, durante a maturação motora e a 
postura ereta, a musculatura se responsabilizará por gerar as tensões 
necessárias para criar as curvaturas (NEUMAMM, 2006). 
 
1.1.2 Sistema Muscular da Coluna Lombar 
 
Segundo Drake, Vogl e Mitchell (2004), a coluna lombar é provida de 
musculatura que compreende as regiões anterior, posterior e lateral do 
abdômen, gerando assim sustentação para a região abdominal, os músculos 
são divididos em grupos superficiais, médios e profundos. 
18 
 
 
Os músculos dos grupos superficial e médio são extrínsecos 
porque se originam embriologicamente de locais diferentes 
Daquele do dorso. São inervados por ramos anteriores dos 
Nervos espinais: o grupo superficial consiste em músculos 
relacionados com os movimentos dos membros superiores e 
com eles envolvidos; grupo médio consiste em músculos fixados 
às costelas e pode servir a uma função respiratória. Os músculos 
do grupo profundo são intrínsecos porque se desenvolvem no 
dorso. São inervados por ramos posteriores dos nervos espinais 
e estão diretamente relacionados com movimentos da coluna 
vertebral e da cabeça. (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2004 p.47). 
 
Os grupos musculares cumprem uma missão tanto estática, quanto 
cinética na coluna lombar e estão localizados anatomicamente em ambos os 
lados da linha média. 
Para Vasconcelos et al (2004), a musculatura atuante na coluna vertebral 
é bilateral, funcionando de modo independente, podendo ser dividida de forma 
didática em duas categorias: anteriores que são responsáveis pela flexão da 
coluna vertebral e posteriores, responsáveis pela extensão. 
a) Musculatura anterior: 
 Reto abdominal; 
 Oblíquos interno e externo do abdômen; e 
 Transverso do abdômen. 
b) Musculatura posterior 
 Eretores espinhais; 
 Iliocostal; 
 Dorsal longo (longuíssimo do tórax, pescoço e cervical); 
 Espinhais; 
 Multifidos; 
 Interespinhais e Intertransversais; e 
 Rotadores. 
Portanto, Vasconcelos et al (2004) elucidam a importância do sistema 
muscular para o bom funcionamento e independência da biomecânica da coluna 
vertebral. 
 
1.1.3 Sistema Articular da Coluna Lombar 
 
Kapandji (2000) elucida que a coluna lombar, em uma radiografia, em vista 
19 
 
anterior, é retilínea e simétrica em relação a apófise espinhosa. Os corpos 
vertebrais têm espessuras como as das apófises transversas e decrescem de 
baixo para cima. Em uma vista perfil da coluna lombar (figura 1), verifica-se as 
características de lordose lombar e da estática da coluna. O ângulo sacral (a), é 
constituído pela inclinação de seu platô superior da primeira vértebra sacra sobre 
a horizontal, tem valor médio de 30º. O ângulo lombossacro (b), é formado entre 
o eixo da quinta vértebra lombar e o eixo do sacro e tem angulação média de 
140º. O ângulo de inclinação da pelve (c), é inclinado horizontalmente sobre a 
linha que se estende entre o promontório e a margem superior da sínfise púbica, 
tendo sua angulação média de 60º. A seta de lordose lombar (s), deverá ser 
traçada a partir da lordose lombar, onde ocorre a união da margem póstero-
superior da primeira vértebra lombar com a margem póstero-inferior da quinta 
vértebra lombar. 
 
Figura 1: Vista frontal coluna lombar e vista perfil 
. Fonte: KAPANDJI, 2000, p. 75. 
 
De acordo com Drake, Vogl e Mitchell (2004), as vértebras lombares se 
diferem das demais vértebras de outras regiões devido ao seu tamanho grande. 
Também por não possuírem fóveas para articular com as costelas. Em geral os 
20 
 
processos transversos são finos e longos, exceto da 5º vértebra lombar, que são 
maciços e mais ou menos cuneiforme para que haja fixação dos ligamentos 
ileolombares, conectando processos transversos e os ossos do quadril. O corpo 
de uma vértebra lombar típico é cilíndrico e o forame vertebral tem forma 
triangular e tem o tamanho maior que nas vértebras torácicas. 
Segundo Kapandji (2000), na continuidade do esqueleto axial, a cintura 
pélvica forma a base do tronco, constituindo também um suporte para o 
abdômen e unindo membros inferiores ao tronco. Trata-se de um anel ósteo-
articular fechado composto por três peças ósseas: Os ossos ilíacos, ísquio e o 
sacro, este composto ainda por cinco vértebras sacrais fundidas. Compondo 
assim um sistema articular com mobilidade reduzida, são duas articulações 
sacrilíacas que unem o sacro e os ossos ilíacos e a sínfise púbica que unem os 
ossos ilíacos pela frente. A cintura pélvica, tem a forma de funil com uma base 
superior grande e conecta à cavidade abdominal com a pelve, através de uma 
abertura superior. 
A cintura pélvica transmite forças entre a coluna vertebral e os membros 
inferiores, o peso suportado pela quinta vértebra lombar suporta e divide o peso 
direcionando-o às asas do sacro, e somente depois, através das espinhas 
ciáticas dirige-se a cavidade cotiloide (KAPANDJI, 2000). 
De acordo com Neumamm (2006), há três características relevantes na 
face externa do quadril, a asa flabeliforme do ílio forma a metade superior do 
quadril, abaixo desta encontra-se o acetábulo caliciforme e profundo, onde a 
cabeça do fêmur se articula e todos os três ossos da perna compoem o 
acetábulo. O fêmur é o osso mais longo e resistente do corpo humano, em sua 
extremidade proximal, a cabeça do fêmur se articula com o acetábulo, o colo é 
uma região que conecta a cabeça do fêmur com o corpo do osso, serve para 
deslocar a parte proximal do corpo do fêmur lateralmente, afastando-o da 
articulação, reduzindo assim a probabilidade de colisão óssea contra a pelve. 
 
1.1.4 Articulação Coxofemoral 
 
O quadril é uma articulação do tipo esférica, circundada por musculaturas 
estabilizadoras, e muito forte, permitindo as mesmas amplitudes de movimentos 
em quaisquer planos, além de ser geradora de grande estabilidade. (TORTOGA, 
21 
 
2007), além disso é um importante componente de união do esqueleto axial com 
o esqueleto apendicular (NETTER, 2000). 
A consequência da união entre os membros inferiores e o esqueleto axial 
servem para transmissão de forças do solo em direção ao tronco (THOMPSON, 
2002). 
Os movimentos no quadril são realizados pela articulação coxofemoral 
(figura 2), que possui grande mobilidade e estabilidade. A articulação coxofemoral 
possui as quatro características de uma articulação sinovial ou diartrodial: 
Cavidade articular, cobertas por cartilagem articular, Membrana sinovial com 
produção de líquido sinovial e ligamentos capsulares (BYRD, 2004). 
A articulação do quadril possui uma vasta mobilidade, em movimentos 
considerados simples no que diz respeito a Cinesiologia. Na articulação 
coxofemoral existem os movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, 
rotação interna (medial) e rotação externa (lateral) (NETTER, 2000). 
Nos movimentos de flexão, o membro é projetado em direção anterior ou 
para frente, já em extensão vai em direção posterior ou para trás. Ambos 
movimentos ocorrem no plano sagital e eixo transversal (KAPANDJI, 2000). 
Já os movimentos que estão relacionados para abdução e adução, em que 
o membro realiza o movimento para a lateral em relação ao plano sagital e retorna 
ao centro vindo pela linha média do corpo. Estes movimentosocorrem no plano 
frontal e eixo anteroposterior (sagital) (KAPANDJI, 2000). 
Outro movimento que é proveniente da articulação do quadril é a rotação, 
que pode ser lateral, quando o membro gira em torno do seu próprio eixo com 
sentido externo, e pode ser medial, quando o membro inferior gira em seu próprio 
eixo com sentido interno (THOMPSON, FLOYD, 2002). 
Outro movimento que também ocorre na articulação coxofemoral, que se 
inicia simultaneamente aos demais movimentos, é um movimento global, aí se dá 
o nome de circundução, faz com que o membro inferior execute um movimento 
combinado e, ao mesmo tempo, circular na articulação coxofemoral (KAPANDJI, 
2000). 
A estabilização desta articulação acontece tanto de uma forma dinâmica 
pelo sistema musculoesquelético, quanto de forma estática através do nosso 
sistema ligamentar. Estes são submetidos a um eixo mecânico representado 
pela linha que conecta os centros das articulações do joelho e do quadril (SMITH, 
22 
 
1997). 
Figura 2: Movimentos da articulação coxofemoral 
Fonte: Augusto, 2016. 
 
Sendo que as variações anatômicas determinam a aplicação das forças 
que ocorrem no ângulo entre o eixo da diáfise e o colo do fêmur, pois de acordo 
com esse ângulo podemos determinar se a coxa possui angulação normal (120°-
135°), se ela é valga (acima de 135°) e se ela é vara (abaixo de 120°) (KÖPF-
MAIER, 2006). 
 
1.2 Estrutura do Tecido Fascial 
 
Para Myers (2003), o sistema muscular age de forma individual, porém 
também atua mediante conexões por todo o corpo e no interior de faixas de 
fáscias que são integradas funcionalmente. Tais laminas e linhas seguem a 
trama de uma estrutura de tecido conjuntivo do corpo, formando assim 
“meridianos” miofasciais que são determináveis gerando tração, tensão, fixação, 
compensação e a maioria dos movimentos são distribuídos ao longo destas 
linhas. A Fáscia é um tecido conectivo firme, que envolve completamente o corpo 
humano em três dimensões, recobre músculos, ossos, nervos, vasos 
sanguíneos e todos os órgãos. Considerando suas relações anatômicas são 
responsáveis por manter a integridade das tensões no organismo, usam a tração 
e a compressão de forma combinada, proporcionando estabilidade e resistência 
para o corpo, estabelecendo uma forma de equilíbrio descrita pela 
biotensigridade. 
Segundo Steco (2015) o tecido conjuntivo é um dos quatro principais tipos 
23 
 
de tecido (sendo os epiteliais, musculares e tecido nervoso), responsável por 
manter a forma do corpo e dos seus órgãos, proporcionando coesão e apoio 
estrutural para tecidos e órgãos. Tem seu nome derivado de sua função em ligar 
células e tecidos, sendo presente em todo o corpo e considerado como “cola”, 
mantendo as partes do corpo juntas. 
Muitos estudos enfatizam a continuidade do aparelho de tecido conjuntivo 
no ser humano. O mesoderma tem como principal função, de um tecido interno 
responsável por se conectar e desconectar, formando espaços. A exemplo de 
Standring (2004), categorizar o tecido conjuntivo baseado em seu grau de 
orientação dos componentes fibrosos: tecido conjuntivo denso (regular), e tecido 
conjuntivo areolar frouxo, irregular denso e tecido adiposo (irregular). Sendo o 
tecido conjuntivo regular formando tendões e ligamentos e o tecido conjuntivo 
irregular mantendo órgãos e epitélio no lugar, com uma variedade de fibras 
incluindo colágeno e elastina (STANDRING S, 2004 apud VAN DER WAL, 2009). 
 
Figura 3: Fáscia Superficial 
Fonte: Steco, 2015, p.22. 
 
De acordo com Bordoni e Zanier (2013), tratando-se de uma perspectiva 
embriológica, as fáscias se originam no mesoderma, alguns autores citam 
também que esta rede pode ser encontrada, de forma parcial, em cristas neurais 
como a ectoderme. A camada mais externa é denominada fáscia areolar, 
composta por vários níveis com quantidades variáveis de fibroblastos (células 
conectivas), dispostos desordenadamente e embebidos em matriz extracelular 
Fáscia Superficial 
24 
 
(substância gelatinosa), onde é encontrado glicosaminoglicanos, proteoglicanos 
e polissacarídeos como o ácido hialurônico. A fáscia superficial permeia todo o 
corpo até repousar na fáscia profunda, sendo composta por diferentes camadas 
que promovem o deslizamento entre os tecidos. 
Steco (2015) elucida a conexão existente entre a fáscia superficial, a pele 
e a fáscia profunda, através de septos fibrosos que lhe conferem propriedades 
mecânicas específicas (figura 3). Ao analisar profundamente verificou-se que 
alguns septos são muito oblíquos e uma pequena porção dessa área revelaria 
múltiplas lâminas fibrosas, porém se áreas maiores são dissecadas, verifica-se 
que tais lâminas não se fundem em uma estrutura distinta. 
Steco (2015) afirma que os pontos aderidos em vários planos subcutâneos 
podem ser mapeados e estão nos mesmos locais no corpo humano, ao se referir 
às linhas de adesões presentes no tecido fascial, onde existe a aderência da 
fáscia superficial com a fáscia profunda. 
 
1.2.1 A Linha Superficial Posterior 
 
A Linha Superficial Posterior (LSP) (figura 4), é responsável por conectar 
toda a superfície posterior do corpo, da planta do pé ao topo da cabeça 
 
Figura 4: Linha Superficial Posterior 
Fonte: Myers, 2003, p 61. 
25 
 
Tem como função dar apoio ao corpo durante a extensão completa 
prevenindo a tendência do corpo em se curvar em flexão. Durante o 
desenvolvimento humano a musculatura da LSP é responsável por levantar a 
cabeça do bebê desde a flexão embrionária, com progressiva evolução, levando-
a a ficar de pé (MYERS, 2003). 
 
1.2.2 Relações Anatômicas do Complexo Lombo-Pélvico 
 
Para Molins-Cubero, Boscá-Gandía, Rus-Martínez (2012), a pelve é 
cercada de paredes ósseas, sistema ligamentar e muscular. Limitadas pelo 
estreito superior, acima e abaixo encontramos o estreito inferior (ou pelve falsa 
e pelve verdadeira), fechado pelo diafragma pélvico. Posteriormente, o cóccix 
está localizado em sua parte na sínfise púbica anterior. Contendo bexiga urinaria, 
porções terminais dos ureteres, genais, reto, vasos sanguíneos, linfáticos e 
nervos. 
Segundo Molins-Cubero, Boscá-Gandía, Rus-Martínez (2012), há uma 
ação sinérgica entre os ligamentos, fáscia e músculos do assoalho pélvico, uma 
vez que tais componentes garantem a orientação do eixo horizontal da bexiga, 
reto e dois terços superiores da vagina, essenciais para prevenir prolapso e 
incontinência urinária, a função do complexo lombo-pélvico garantem a posição 
e vascularização uterina. 
Stecco et al. (2016) elucida que o sistema fascial da cavidade pélvica é 
dividido em duas folhas que constituem a fáscia parietal e a fáscia visceral, o 
segundo tipo consiste em um tecido conjuntivo que tem espessura variada, 
composição, resistência e elasticidade, dependendo das necessidades 
mecânicas e fisiológicas de cada região. Formando uma rede tridimensional, 
ancorada em frente ao púbis, lateralmente à pelve e coluna vertebral isquiática 
e abaixo do corpo perineal (figura 5). A fáscia visceral também é conhecida como 
fáscia endopelvica ou fáscia Sacroretogenitovesicopubiana, tem duas 
importantes funções: suspender horizontalmente a bexiga, os 2/3 superiores da 
vagina e o reto; promovem o aumento da pressão intra-abdominal gerando 
tensão no sistema fascial, prendendo assim as vísceras entre a tensão e 
contraindo os músculos elevadores, serve também como um canal de suporte 
para os vasos, nervos e tecido linfático do assoalho pélvico. 
26 
 
Descrevendo essa fáscia por regiões a descrição seria da seguinte 
maneira: a frente está localizado a fáscia vesical que recobre a bexiga; anterior 
e externamente existe a aponeurose do músculo obturador interno e está sujeito 
a inserção muscular do elevador do ânus e abaixo estão as fáscias do períneo e 
reforços constituídos por: fáscia superficial do períneo que tem sua inserção na 
parte inferior do ramo isquiopúbico,correspondendo a aponeurose do músculo 
transverso do períneo; a fáscia profunda do períneo do músculo transversal 
profundo do períneo; o ligamento transverso profundo do períneo localiza-se na 
parte anterior do diafragma pélvico e corresponde a fusão das duas fáscias 
precedentes na parte anterior; centro tendinoso do períneo localiza-se entre a 
fenda urogenital e o ânus e recebe inserções do músculo elevador do ânus e o 
ligamento anoccigeo, unindo o ânus ao cóccix. (MOLINS-CUBERO, BOSCÁ-
GANDÍA, RUS-MARTÍNEZ, 2012). 
 
Figura 5: Fáscia Sacroretogenitovesicopubiana 
Fonte: Ebrafim, 2018. 
 
Há uma relação entre as cicatrizes de parto cesariana e sistema fascial, 
pois no nível anatômico existem muitas estruturas compostas por tecido 
27 
 
conjuntivo que influenciam diretamente mobilidade do útero e, portanto, podem 
restringi-lo. 
 
1.3 Cicatriz e Processo de Reparação Tecidual 
 
A capacidade auto regenerativa é um fenômeno universal em organismos 
vivos. A pele é considerada como a nossa primeira barreira de proteção, está 
muito sujeita a constantes agressões e injúrias externas, tornando sua 
capacidade de reparação muito importante para a sobrevivência. (NOGUEIRA, 
KITAMURA e AGUIAR., 2005) 
Com a lesão ou rompimento tecidual nos animais vertebrados, 
imediatamente dá o início ao processo de reparo, que consiste em uma delicada 
sequência de eventos moleculares visando o objetivo na restauração do tecido 
injuriado (MENDONÇA e COUTINHO-NETTO, 2009). 
A cicatrização é o processo pelo qual o tecido lesado é substituído por um 
novo tecido conjuntivo vascularizado, quer a lesão tenha sido traumática ou de 
forma necrótica (PANOBIANCO et al., 2012). 
Nos organismos unicelulares, não há a presença das enzimas que são 
responsáveis pela recuperação dos elementos estruturais e de moléculas de alta 
complexidade (RNA e o DNA). Nos organismos que se apresentam superiores, 
também ocorre o reparo de tecidos que pode se dar de algumas formas, ou pela 
regeneração e com a recomposição das atividades funcionais do tecido 
lesionado ou pela própria cicatrização, restabelecendo a harmonia e a 
homeostase do tecido com a perda das suas atividades funcionais pela própria 
formação de cicatriz fibrótica. Sendo assim, o processo de cicatrização tem como 
a finalidade de restabelecer a homeostasia do tecido lesionado (CAVALCANTE 
et al., 2012). 
Em um processo de reparo tecidual ou de cicatrização, ocorrem inúmeras 
alterações bioquímicas em nosso organismo, visando o mais rápido possível, a 
reparação desse dano. Os eventos que desencadeiam o processo de 
cicatrização são intercedidos e sustentados por mediadores bioquímicos, 
descritos em diferentes fases, que correspondem aos principais episódios 
observados em determinado período de tempo (LIMA et al., 2012). 
O processo de reparo é dividido em três partes, considerando os aspectos 
28 
 
macroscópicos e histológicos prioritariamente e que predominam em cada fase. 
O processo de reparação tecidual é dividido em fases, de limites não muito 
distintos, mas sobrepostas no tempo: fase inflamatória (homeostasia); formação 
do tecido de granulação, com deposição de matriz extracelular; e fase de 
remodelação. (BRANSKI et al, 2005) 
Durante a fase inflamatória, em um primeiro momento, ocorre o 
tamponamento dos vasos que sofreram injúria, devido às descargas 
adrenérgicas por influência nervosa, e como, primeira resposta, ocorre a 
vasoconstrição. A lesão dispara uma sequência de eventos que se iniciam pela 
deposição das plaquetas, seguido por sua ativação e recrutamento de plaquetas 
novas, formando assim um trombo rico em plaquetas que tampona 
provisoriamente a lesão no endotélio. Tal trombo é posteriormente infiltrado pela 
fibrina e transforma-se em um trombo fibrinoso (BALBINO; PEREIRA; CURI, 
2005). 
Por volta do décimo dia, o leito da lesão está preenchido totalmente por 
tecido de granulação e com uma rede capilar atravessando-o, e a rede linfática 
se regenerando. O tecido de granulação é enriquecido com mais fibras de 
colágeno e vai adquirindo a aparência de massa fibrótica, característica de uma 
cicatriz. Com o processo evoluindo, o organismo acentua a deposição de 
colágeno e a maioria das células desaparecem, formando assim a cicatriz 
(BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). 
 
1.3.1 Cesariana: técnica cirúrgica 
 
De acordo com Nakano, Bonan e Teixeira (2016), a técnica cesariana tem 
sido uma das mais utilizadas e preferidas entre as mulheres pelo mundo todo. 
Este crescimento da utilização da técnica cirúrgica levantou diversas questões 
sobre os prós e contras da cirurgia. 
Montenegro e Rezende Filho (2014), na execução da cesárea, deve-se 
ter atenção a dois pormenores: a incisão arciforme do útero e a da pele, também 
curvilínea, em pleno monte púbico. 
 
O obstetra, colocado à esquerda, procede à abertura transversal 
da pele e do tecido conectivo frouxo, subcutâneo, incisão 
ligeiramente encurvada formando arco (cujo raio tem de 10 a 12 
cm), de cavo superior, pouco acima do púbis, em plena região 
29 
 
guarnecida de pelos, no nível das espinhas ilíacas. 
(MONTENEGRO E REZENDE FILHO, 2014, p 63). 
 
De acordo com progressão da incisão, o ferimento se abre de forma 
espontânea, devido a distensão da parede abdominal. Após o pinçamento e a 
cauterização dos vasos sanguíneos, deve-se dar início a secção, da 
aponeurose, bainha anterior do reto um pouco acima da incisão da pele. As 
aponeuroses devem ser bem descoladas, utilizando a tesoura na linha branca, 
cada um dos retos abdominais pode ser liberado da parede anterior da bainha, 
para cima, em direção ao umbigo. Os dedos indicadores esquerdos do cirurgião 
e de seu assistente levantam a parede anterior das bainhas, colocando-as sob 
tensão. Utiliza-se os dedos para a liberação do peritônio parietal, e faz o 
pinçamento, realiza uma incisão parietal com a tesoura de Metzembaum, 
protegendo intestinos. É colocado a válvula de Doyen (afastador dinâmico), após 
faz-se nova incisão com bisturi no peritônio visceral, ao se extrair o concepto, 
retira-se a valva de Doyen. Com todos os procedimentos realizados, as camadas 
são suturadas em duas camadas, diminuindo assim problemas com rompimento 
uterino em uma nova gestação (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2014). 
 
1.3.2 Fibrose 
 
A formação da fibrose está diretamente ligada a fase de cicatrização de 
um processo cirúrgico, é iniciado a partir de um evento cirúrgico e gera uma série 
de eventos defensivos como citados anteriormente. 
De acordo com Vieira e Netz (2012), o colágeno é a proteína mais 
abundante do corpo humano, tem como função fornecer resistência e integridade 
ao tecido, as fibras de colágeno são reabsorvidas durante o crescimento e o 
processo cicatricial. A reabsorção é iniciada por colagenases específicas que 
digerem as moléculas de tropocolágeno da fibra. 
Silva e Mejia (2018) elucidam a fibrose como uma das maiores 
complicações em processos cirúrgicos, compromete resultados estéticos, (figura 
6) limita movimentos e aumenta a dor. A fase de remodelação é a mais longa, 
podendo continuar por até um ano após a cirurgia, é nesta última fase que se 
deve atuar terapeuticamente para prevenir a formação de fibrose. 
Segundo Guirro e Guirro (2010), a eficiência da circulação sanguínea e 
30 
 
linfática é determinante no processo de cicatrização, tanto no trauma agudo 
como na inflamação crônica, então se pode presumir que na ocorrência de algum 
tipo de disfunção em alguma das fases do processo de reparo, a fibrose impera. 
Ainda, segundo o mesmo autor, uma vez que se sabe o funcionamento do 
processo de reparo, entende-se que sempre haverá formação de fibroses, em 
menor ou maior quantidade. 
 
Figura 6: Fibrose em cicatriz de cesárea. 
 Fonte: Martins, 2019. 
 
Kede e Sabatovich (2003) corroboram com a explanação acima, 
elucidando que a fibrose está associada a um defeito na cicatrização em funçãodo excesso de produção na matriz extracelular e pelo índice elevado de mitose 
dos fibroblastos dérmicos, portando existindo desregulação entre a proliferação 
e a apoptose celular. De modo a entender que, para evitar a fibrose, é necessário 
atuar de forma terapêutica logo que se inicia a resposta a agressão tecidual, logo 
que ocorre a síntese de colágeno. Após o trauma cirúrgico ocorrido nos tecidos, 
existe uma tendência natural de formação de tecido fibroso de forma a reparar 
as áreas lesadas. 
 
1.4 Tratamento 
 
Verhaegen et al. (2012) descreveu em seu estudo a atuação das forças 
31 
 
mecânicas nos tecidos, concluiu que a elastina e o colágeno realinham-se de 
forma paralela em resposta ao estiramento. Em uma pele saudável foi 
visualizado feixes mais grossos e maior espaço entre os feixes foram 
encontrados. Portanto, mudanças rápidas na extensão, alinhamento e 
morfologia do colágeno parecem ser os mecanismos subjacentes de adaptação 
ao alongamento. 
Altomare (2019) elucida as principais forças mecânicas que atuam no 
tecido cicatricial: compressão e tensão. A compressão estimula a liberação de 
enzimas que degradam o tecido excessivo, utiliza-se tal força quando é 
necessário estimular a degradação tecidual. A tensão é a base de diversos 
tratamentos fisioterapêuticos, fenômenos como a mecanotransdução explica as 
respostas celulares quando se aplica a força de tensão. Deve ser aplicada nos 
tecidos cicatriciais, respeitando sua resistência para obter os benefícios desta 
força, o rearranjo das fibras colágenas, a diminuição da secreção de citocina 
responsável pela formação de fibroses (TGFß1), entre outras. Estudos 
demonstram que forças breves e suaves tem obtido melhores resultados que 
tensões fortes e duradouras. 
 
1.4.1 Fisioterapia (recursos fisioterapêuticos) 
 
A formação de fibrose nos pós cirúrgicos é muito comum e há diversos 
recursos comumente utilizados na fisioterapia para redução no tecido fibrótico. 
Desde que aplicados corretamente, tem dado ótimos resultados, técnicas como: 
terapias manuais e recursos eletrotermofototerapêuticos estão entre os mais 
utilizados (VIEIRA; NETZ, 2012). 
 
1.4.1.1 Terapia Manual 
 
Araújo (2011) descreve as técnicas manuais como manipulações e 
mobilizações que tem por objetivo estimular a propriocepção, produzir 
elasticidade em fibras aderidas e estimular líquidos sinoviais, a fim de reduzir a 
dor. 
A terapia manual tem se tornado uma importante ferramenta na 
intervenção de doenças e disfunções. São técnicas muito antigas e com grande 
32 
 
eficácia comprovada até os dias atuais, há documentos encontrados na China 
antiga e no Egito datados com cerca de 15 mil anos e serviram como base para 
o desenvolvimento das técnicas que hoje utilizamos. Algumas técnicas foram 
criadas por médicos e outras desenvolvidas por fisioterapeutas estão entre as 
filosofias básicas, a partir daí surgiu uma grande quantidade de subconjuntos 
como por exemplo: técnicas de mobilização neurodinâmica, facilitação 
neuromuscular proprioceptiva, liberação posicional, mobilização e manipulação 
articular, liberação miofascial, exercícios resistidos, drenagens manuais entre 
outros (DUTTON, 2010). 
Araújo (2011) concluiu que, quando adicionado técnicas de terapias 
manual nos tratamentos, houve uma melhora significativa funcional, pois, as 
técnicas possibilitam um efeito fisiológico à entrada de informações 
neurológicas, por meio dos mecanorreceptores, ativando assim, comportas 
medulares, a estimulação do retorno venoso e linfático, estresse nos tecidos 
encurtados por aderências, possibilitando a quebra das aderências e alterando 
significativamente as condições dos tecidos. Salienta também a grande 
variedade de técnicas existentes, mas que há critérios importantes para a 
aplicação correta das técnicas que devem ser respeitados. 
 
1.4.2.1.1 Benefícios fisiológicos e terapêuticos da manipulação de cicatrizes 
 
Guirro e Guirro (2010) definem as técnicas manuais como o uso de várias 
técnicas que tem como objetivo promover o alívio do estresse promovendo o 
relaxamento, mobilizando estruturas variadas, aliviando as dores e os edemas, 
prevenindo deformidades e promovendo independência funcional em um 
indivíduo. As técnicas envolvem diversas condições como o terapeuta precisa de 
conhecimento de anatomia e fisiologia da pele, conhecimento profundo das 
manobras a serem executadas, suas indicações e contraindicações, direção, 
pressão, velocidade, ritmo, frequência e duração das sessões. 
As técnicas manuais exercem um efeito mecânico no local, decorrente da 
ação direta da pressão exercida neste local e também uma ação reflexa indireta, 
por liberação de substâncias vasoativas. Os efeitos fisiológicos podem ser 
divididos em circulatórios, neuromusculares, metabólicos e reflexos. Na 
Circulação sanguínea localizada há o deslocamento do líquido nos vasos, 
33 
 
aumentando assim a velocidade do fluxo e a troca de substâncias com as células 
tissulares (GUIRRO & GUIRRO, 2010). 
Os efeitos neuromusculares são extremamente benéficos, já que com o 
aumento da circulação sanguínea ocorre a rápida eliminação de substâncias 
residuais, melhorando assim a nutrição das miofibrilas e eliminando o líquido 
extravascular, possibilitando assim o aumento da contratilidade e excitabilidade, 
tornando o músculo melhor nutrido. Quanto a seus efeitos metabólicos é citado 
o aumento da diurese quando realizado técnicas manuais no abdômen, essa 
diurese é acompanhada pelo aumento na excreção de nitrogênio, fósforo 
inorgânico e cloreto de sódio. Os efeitos reflexos são explicados pela ação da 
terapia manual nos sistemas nervoso central, autonômico e periférico. Os efeitos 
reflexos podem ser entendidos como alterações do limiar elétrico associadas ao 
sistema neurológico, obtendo-se assim diversos efeitos fisiológicos (GUIRRO & 
GUIRRO, 2010). 
 
1.4.2.1.2 Indicações 
 
Segundo Guirro e Guirro (2010), as técnicas manuais devem basear-se 
em seus efeitos e nas disfunções apresentadas pelo paciente, são indicadas na 
presença de edemas e hematomas, cicatrizes aderentes, tensão muscular, dor 
e diminuição de amplitude de movimento. Devendo constar sempre o tipo de 
manobra, o tempo de duração, a intensidade das manobras e a frequência de 
tratamento. 
 
1.4.2.1.3 Contraindicações 
 
Para Guirro e Guirro (2010), é contraindicado as técnicas manuais quando 
há patologias e existe o risco de acentua-las ou propaga-las. Patologias como 
tumores benignos ou malignos, distúrbios circulatórios (flebites, tromboflebites, 
erisipela), doenças de pele (eczema, furúnculos, entre outros), queimaduras, 
trombose venosa profunda, gravidez – em caso de técnicas abdominais mais 
profundas e processos infecciosos. 
 
1.4.2.1.4 Cuidados a serem tomados 
34 
 
 
Segundo Altomare (2019), alguns cuidados são importantes para as 
abordagens manuais em tecido cicatricial. Ao iniciar o tratamento no paciente 
observar se a abordagem está dentro dos parâmetros de tensão mecânica, pois, 
técnicas mais intensas podem afetar o equilíbrio das tensões extrínsecas e 
intrínsecas que atuam no tecido cicatricial, fazendo com que o quadro seja 
agravado. As abordagens manuais devem ser feitas respeitando as resistências 
do tecido, a terapia manual nunca deve provocar dor. 
 
2 O EXPERIMENTO 
 
2.1 Recursos Metodológicos 
 
O Projeto foi submetido na Plataforma Brasil atendendo a resolução 
466/12 e 510/16 do Ministério da Saúde e aprovado pelo comitê de Ética e 
Pesquisa do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. Parecer 
consubstânciado nº 3.417.590 (ANEXO A). 
 
2.1.1 Tipo de pesquisa/Experimental 
 
Trata-se de um estudo aleatorizado e controlado com abordagem 
qualitativa e experimental. Segundo Gil (2017), a pesquisa experimental consiste 
em determinar um objeto de estudo, escolher as variáveis e definir as formas de 
comando de tal estudo. Trata-sede um estudo onde o pesquisador age 
ativamente. 
 
2.1.2 Estudo Aleatorizado e Controlado 
 
Para Souza (2009), o Estudo Clínico Randomizado (ECR) é uma 
poderosa ferramenta para obter evidências para o cuidado com a saúde. Apesar 
de apresentar possíveis variações, se baseia na comparação entre duas ou mais 
intervenções, as quais são controladas pelos pesquisadores e aplicadas 
aleatoriamente em um grupo de participantes. 
 
2.1.3 Critérios de Inclusão 
35 
 
 
Mulheres de 20 a 50 anos, com cicatriz de cesárea, que possuem 
encurtamento de cadeia posterior que apresente um padrão abaixo da média 
que são 33 cm, avaliado através do Banco de Wells, que não estivessem em 
período menstrual e concordando em participar assinando o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido. (ANEXO B) 
 
2.1.4 Critérios de Exclusão 
 
Mulheres que já realizaram cirurgias na coluna, que possuírem qualquer 
patologia associada ou que estiverem no período de menopausa. E que tiverem 
um padrão acima da média que são 33 cm na avaliação do banco de wells. 
 
2.2 Condições Ambientais 
 
O presente estudo foi realizado na Clínica Escola do Centro Universitário 
Católico Salesiano Auxilium de Lins – (UniSALESIANO) no Setor de Ortopedia, 
no período de agosto a setembro de 2019. 
 
2.3 Casuística e Métodos 
 
2.3.1 Casuística 
 
Participaram do estudo 20 voluntárias do sexo feminino, com idade entre 
20 a 50 anos com cicatriz de cesárea e que apresentem Hipomobilidade de 
cadeia posterior. Foi realizada uma intervenção aguda, com duração de 12 
minutos cada, em um único dia. As avaliações foram realizadas antes e após a 
intervenção na Clínica Escola do Centro Universitário Católico Salesiano 
Auxilium de Lins – (UniSALESIANO) no Setor de Ortopedia, no período de 
agosto a setembro de 2019. 
 
2.3.1.1 Métodos 
 
Para avaliação foi realizado o teste utilizando o Banco de Wells, antes e 
após o tratamento, que irá avaliar a mobilidade da cadeia posterior em pacientes 
36 
 
com padrão abaixo da média de 33 cm de acordo com a tabela 1. E, para 
mensurar a mobilidade do tecido cicatricial, foi utilizado o Aderômetro. 
 
2.4 Materiais 
 
A intervenção foi realizada utilizando uma maca para tratamento, para 
realização dos testes foi utilizado para mensurar a mobilidade de cadeia 
posterior um Banco de Wells e para mensurar a mobilidade do tecido cicatricial 
o Aderômetro. 
 
2.5 Procedimentos 
 
As avaliações foram realizadas na Clínica Escola do Centro Universitário 
Católico Salesiano Auxilium de Lins – (UniSALESIANO) no Setor de Ortopedia, 
na sala de avaliação. 
A intervenção foi realizada no mesmo local, em sala reservada, os testes 
foram realizados pelo pesquisador 1 após os testes, outro pesquisador foi 
responsável por aplicar a técnica (pesquisador 2), posterior a aplicação da 
técnica o paciente foi encaminhado para reavaliação. 
 
37 
 
Figura 7: Esquematização para intervenção 
Fonte: Os autores, 2019. 
Após recrutadas, as participantes foram randomizadas em dois grupos de 
10 participantes cada, por meio do site http://www.randomization.com, onde 
foram inseridas as informações da amostra, dos grupos e classificadas em grupo 
ativo (manipulação) e grupo placebo (figura 7). Os grupos foram avaliados 
anteriormente com o teste Banco de Wells e o Aderômetro conforme descrito e 
cada participante foi encaminhada para a sala de tratamento, onde o pesquisador 
2 deu início a intervenção sem a presença do pesquisador 1, onde recebeu as 
informações acerca da técnica a ser utilizada. 
O pesquisador responsável pela aplicação da técnica solicitou a 
participante que se posicionasse na maca em decúbito dorsal e expusesse a 
cicatriz de cesárea, foi realizada a técnica manipulativa na cicatriz de cesárea 
conforme descrito no item 2.6.2 deste estudo, após 12 minutos decorridos do 
início da aplicação da técnica a participante aguardou na maca para a 
reavaliação com o aderômetro (item 2.6.1.1) e após pôde levantar-se da maca 
e foi reencaminhada para o teste Banco de Wells conforme descrito no item 
2.6.1. Os dados foram colhidos e armazenados para análise estatística. 
 
2.6 Avaliação 
Avaliado para 
elegibilidade
n=20
Exclusão
n=0
Grupo Ativo 
(Manipulação)
n=10
Intervenção 
descontinuada
n=0
Analisados n=10
Excluidos da 
análise n=0
Grupo Placebo 
(Laser)
n=10
Intervenção 
descontinuada
n=0
Analisados n=10
Excluidos da 
análise n=0
Randomizadados
n=20
38 
 
 
As participantes inicialmente foram avaliadas com o teste “Banco de 
Wells” onde foi utilizado modelo Instant Flex Sanny (figura 8), com sistema de 
leitura dos resultados, que fornece a classificação da medida diretamente no 
banco de Wells, sem o uso de tabelas. 
 
Figura 8: Banco de Wells Sanny. 
Fonte: Os autores, 2019. 
As participantes foram posicionadas sentadas no solo com pés descalços 
e totalmente apoiados na caixa, com a face plantar tocando o apoio, os braços 
estendidos à frente, com o terceiro dedo um sobre o outro e a palma das mãos 
para baixo. As participantes deveriam flexionar o tronco sobre o quadril, 
empurrando a estrutura de madeira, que possui uma fita métrica milimétrica, 
cessando o movimento ao chegar em seu ponto máximo de flexão. Foi realizado 
três vezes a mensuração, considerando-se a maior distância atingida. 
Após a avaliação com o Banco de Wells realizou-se a avaliação da 
aderência da cicatriz, utilizando o Aderômetro como ferramenta de avaliação, a 
participante foi colocada em decúbito ventral expondo a cicatriz 
Em caso de cicatrizes lineares o pesquisador mensura o centro da cicatriz, 
medindo sua distância entre as duas extremidades da cicatriz (figura 9). 
 
39 
 
Figura 9: Aderômetro para mensurar a aderência cicatricial. 
Fonte: Os autores, 2019. 
 
O Aderômetro deveria ser posicionado de modo que os anéis ficassem 
centrados no marco. A pele deveria estar relaxada e nas proximidades as 
articulações estavam em uma posição solta. O pesquisador deve segurar o 
dispositivo na mão, apoiando-a no corpo da participante de tal forma que não 
haja contato entre o aderômetro e a pele do paciente. O outro polegar é 
posicionado perto da borda externa do dispositivo (17 mm do centro). Antes de 
alongar a pele com o polegar com força máxima dentro de um intervalo 
confortável para a participante, a tração foi aplicada em 4 direções: caudal, 
cefálico, lado direito e esquerdo. Para cada tração, o pesquisador lê sobre o 
Aderômetro a posição do marco na excursão máxima. Uma vez que a tensão é 
liberada, o pesquisador deveria verificar se o marco retorna ao centro, em caso 
negativo seria necessário repetir a medição 
Após obter as medidas do quadrilátero, foi calculado o índice de 
mobilidade da cicatriz: SMA, sendo SMA: Índice de Mobilidade de Superfície da 
Adesão. A pontuação do SMA foi obtida calculando a área do quadrilátero: RC 
X S1S2/2 
Abaixo há a representação gráfica da mobilidade de superfície índice. 
Onde, O é a posição original de o ponto de avaliação, S1 e S2 representam as 
2 excursões laterais máximas e C e R representam o máximo caudal e excursões 
cefálicas. 
 
40 
 
Figura 10: Esquema para medidas do quadrilátero. 
Fonte: FERRIERO et a.l, 2010, p 779. 
 
Ferriero et al. 2010, elucidam o cálculo para mensurar o quadrilátero 
(figura 10), onde as diagonais S1S2 (lado-a-lado, vermelho) e RC (cefalo-caudal, 
azul), se cruzam em ângulos retos, área do quadrilátero é calculada como: (S1S2 
x RC) / 2. Neste exemplo, S1+S2 (7+ 5= 12 mm), R+C (8+ 2=10 mm) e 
consequentemente, a mobilidade superficial o índice é calculado como 12 x10/2= 
60 mm² (FERRIERO et al., 2010). 
2.6.1 Banco de Wells 
 
O teste de sentar e alcançar foi descrito por Wells e Dillon, em 1952. Neste 
método de avaliação, a participante sentava-se com as pernas em extensão 
completa, com os membros inferiores ligeiramente afastados e a face plantar 
tocando completamente a estruturade madeira, medindo aproximadamente 25 
cm de altura. Sobre essa estrutura encontra-se uma régua com medidas em 
centímetros. O teste foi realizado com as participantes descalças para que não 
houvesse nenhuma alteração quanto ao tamanho dos membros inferiores. Foi 
solicitado a participante que realizasse três repetições de flexão do tronco, 
deixando os joelhos, cotovelos e punhos em extensão total (WELLS; DILLON, 
1952). 
Segundo a Metodologia de Wells e Dillon, (1952) considera-se como zero 
o contato dos membros inferiores com o anteparo, conseguindo obter resultados 
41 
 
positivos ou negativos, quando as pontas dos dedos não chegam a alcançar ou 
a ultrapassar o anteparo (WELLS; DILLON, 1952). 
 
Tabela 1 – Classificação do nível de flexibilidade em cm para o teste banco de 
wells em mulheres de diferentes faixas etárias de acordo com o Canadian 
Standardizes Test of Fitness (CSTF). 
 
Idade 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 
Excelente >43 >41 >41 >38 >39 >35 
Acima da Média 
Média 
Abaixo da Média 
Ruim 
38-42 
34-37 
29-33 
<28 
37-40 
33-36 
28-32 
<27 
36-40 
32-35 
27-31 
<26 
34-37 
30-33 
25-29 
<24 
33-38 
30-32 
25-29 
<24 
31-34 
27-30 
23-26 
<22 
Fonte: Canadian Standardizes Test of Fitness (CSTF), 1987. 
 
De acordo com Fitness Canada; Canada Fitness And Amateur Sport 
(1987), há uma classificação de referência da flexibilidade de acordo com a idade 
e os resultados do teste banco de wells, utilizados para parametrizar os 
diferentes níveis médios. 
 
2.6.1.1 Aderômetro 
 
Segundo Ferriero et al. (2010), o aderômetro (figura 11) é um método para 
avaliação de aderência de cicatriz pós-cirúrgica, define-se como a restrição da 
mobilidade da cicatriz, respeitando os tecidos subjacentes do pior ponto de 
adesão quando esticado em 4 direções ortogonais. 
 
42 
 
Figura 11: Aderômetro 
Fonte: Ferriero et al., 2010, p 777. 
 
O Instrumento tem formato ergonômico consistindo em 9 anéis 
concêntricos com raios de 1,2,4,6,8,10,12,14 e 15 mm respectivamente, 
impresso em filme de transparência flexível para copiadoras. 
 
2.6.2 Técnica de Manipulação de Cicatriz 
 
As medidas do Banco de Wells e do Aderômetro foram realizadas na 
avaliação (antes do início do tratamento), a técnica manipulativa foi realizada por 
um pesquisador que desconhecia as medidas da avalição, a técnica realizada 
facilita a mobilidade independente entre as camadas de tecido, conforme 
necessário. 
A participante foi posicionada em decúbito dorsal com a cicatriz de 
cesárea exposta, o pesquisador posicionado em finta anterior em posição cefalo-
caudal, posicionando sua mão direita sobre a cicatriz, o pesquisador exerceu 
uma pressão anteroposterior, até encontrar a barreira elástica e realizou 
movimento para lateral direita, em seguida, executou o movimento para lateral 
esquerda e verificou a direção da tensão da fáscia palpável, e manteve no 
sentido da restrição a tensão por 10 minutos, em seguida foram realizadas 
técnicas de liberação da cicatriz, aplicando um stretching na direção da restrição 
palpável. Isso envolveu manter pressão profunda cuja força e direção foram 
43 
 
ditadas pelo pesquisador (WASSERMAN et al., 2016). 
 
Figura 12: Técnica de Manipulação de cicatriz 
Fonte: Wasserman et al., 2016. p 9. 
 
As pressões foram mantidas até o pesquisador sentir um abrupto 
relaxamento na tensão do tecido, geralmente em torno de 120 segundos 
(WASSERMAN et al., 2016). 
 
2.6.2.1 Técnica Placebo 
 
As participantes selecionadas para a técnica placebo fizeram as 
avaliações citadas anteriormente, posicionadas na maca de tratamento e 
expuseram a cicatriz de cesárea, foi utilizado um aparelho de fotobiomodulação 
a laser, modelo THERA LASE da marca DMC, as participantes foram orientadas 
acerca da técnica utilizada, foi solicitado a utilização de óculos protetor tanto para 
a participante quanto para o pesquisador responsável. Sobre a técnica, foi 
realizado a mensuração da cicatriz e demarcado os pontos, que são no início, 
meio e fim da incisão, utilizado 6 pontos em torno da cicatriz sendo eles: 3 pontos 
superiormente a cicatriz, e 3 pontos inferiormente, com duração de 2 minutos de 
aplicação cada ponto, a caneta do laser foi posicionada próxima ao tecido, 
porém, sem toca-lo. 
 
44 
 
Figura 13: Aparelho de Fotobiomodulação 
Fonte: Os autores, 2019. 
 
Frare e Nicolau (2008) ao verificar uma Análise clínica do efeito da 
fotobiomodulação laser (GaAs – 904 nm) sobre a disfunção temporomandibular 
utiliza o laser nas intervenções placebo com a mesma técnica utilizada no grupo 
controle, porém com o laser desligado. Sendo assim, a intervenção foi realizada 
com o aparelho desligado, durante 12 minutos, tempo semelhante à técnica de 
manipulação de cicatriz. 
 
2.7 Análise Estatística 
 
Foi utilizado o teste de normalidade Shapiro-Wilk. Onde foi constatado 
normalidade dos dados e com isso, utilizado o Teste T de Student paramétrico. 
Foi atribuída a presença de diferença significante de (p<0,05) A análise dos 
dados foi realizada por meio do Statistical Package for the Social Science 
(SPSS) versão 20.0. 
 
2.8 Resultados 
45 
 
Na tabela 2, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) 
do resultado do teste de amplitude de movimento da cadeia posterior (ADMCP) 
realizado através do Banco de Wells Pré e pós intervenção dos participantes do 
grupo mobilização da cicatriz e placebo. Foram observadas diferenças 
estatisticamente significantes intragrupo para o grupo mobilização da cicatriz (p 
≤ 0,004), porém, não houve diferença estatisticamente significante intragrupo 
para o grupo placebo (p ≤ 0,356). Não houve diferença estatisticamente 
significante intergrupo para o teste de ADMCP (p ≤ 0,184). 
 
Tabela 2 – Resultados do teste de amplitude de movimento da cadeia posterior 
(ADMCPçi) de ambos os grupos pré e pós intervenção. 
Grupo ADM pré (º) 
Média (DP) 
ADM pós (º) 
Média (DP) 
% de 
alteração 
Valor p 
intragrupo 
Valor p 
intergrupo 
Manipulação 22,4 ± 4,3 25,3 ± 4,1 14% 0,004* 0,184 
Placebo 25 ± 6,8 25,9 ± 8,8 2% 0,356 
Fonte: Autores, 2019 
* Nível de significância de 5% (p<0,05) em relação ao valor pré (valores intragrupo) 
Na tabela 3, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) 
do resultado do teste de mobilidade da cicatriz (MC) avaliada através do 
aderômetro pré e pós intervenção dos participantes do grupo mobilização da 
cicatriz e grupo placebo. 
 
Tabela 3 – Resultado do teste de mobilidade da cicatriz (MC) de ambos os 
grupos pré e pós intervenção. 
Grupo MC pré 
(mm) 
Média (DP) 
MC pós 
(mm) 
Média (DP) 
% de 
alteração 
Valor p 
intragrupo 
Valor p 
intergrupo 
Manipulação 101,4 ± 32,5 177,7 ± 58,6 79% 0,000* 0,025# 
Placebo 103,0 ± 43,0 129,5 ± 57,0 26% 0,009* 
Fonte: Autores, 2019 
* Nível de significância de 5% (p<0,05) em relação ao valor pré (valores intragrupo) 
# Nível de significância de 5% (p<0,05), valores intergrupo 
Foram observadas diferenças estatisticamente significantes intragrupo 
para o grupo mobilização da cicatriz (p ≤ 0,000) e para o grupo placebo (p ≤ 
46 
 
0,009). Houve diferença estatisticamente significante intergrupo (p ≤ 0,025). 
 
2.8.1 Discussão 
 
A presente pesquisa teve como objetivo verificar a influência da técnica 
de mobilização da cicatriz de cesárea sobre a mobilidade da cadeia posterior e 
mobilidade da cicatriz. O resultado da presente pesquisa sugere que a técnica 
de mobilização da cicatriz é eficaz para melhora da mobilidade tecidual da região 
da cesárea. A manipulação fascial foi utilizada como proposta no tratamento de 
aderências em cicatrizes de cesárea em mulheres com pouca mobilidade 
lombar. Apresentando melhora clínica na ADMCP, porém não estatisticamente 
relevante, no teste de MC houve melhora estatisticamente e clinicamente 
relevante. 
Okabayashi et al. (2013) discorremque as aderências estão associadas 
ao aumento de complicações pós-operatórias, custo e carga de trabalho. Ao 
realizar uma revisão sistemática com agrupamento estatístico, utilizando uma 
pesquisa bibliográfica de artigos entre janeiro de 1990 e julho de 2011, 25 artigos 
preencheram seu critério de inclusão com o objetivo de estimar as taxas de 
formação, distribuição e gravidade das aderências no pós-operatório de cirurgias 
abdominais concluíram que a incidência e severidade das aderências 
abdominais variam entre as especialidades e procedimentos, e é necessário uma 
maior conscientização sobre as adesões que podem ajudar a identificar os 
mecanismos subjacentes de formação das aderências e novas abordagens 
terapêuticas, enquanto melhora o processo do consentimento cirúrgico. 
Bordoni e Zanier (2013) conceituam que todo elemento ou célula do corpo 
humano produz substâncias que comunicam e respondem de modo autócrino ou 
parácrino, afetando, como consequência, órgãos e estruturas aparentemente 
distantes umas das outras. Quando a integridade da pele é alterada ou o 
processo de cicatrização é perturbado, ela se torna uma fonte de sintomas que 
não são apenas cutâneos. Os autores examinaram as respostas patológicas 
produzidas pelas cicatrizes analisando, definições e diferenças. Ao mesmo 
tempo consideraram as fáscias subcutâneas, pois tal estrutura conectiva é 
alterada quando há superfície cutânea descontínua. Como consequência temos 
uma ampla sintomatologia, que não se limita apenas à área do corpo onde a 
47 
 
cicatriz está localizada, como um distúrbio postural. De acordo com a elucidação, 
constatou-se que é uma boa prática, avaliar o quadro clínico de um paciente 
verificando sempre a presença de cicatrizes. Olhar para o paciente como um 
sistema e não apenas como um sintoma ou segmento ajudará o clínico e 
profissionais que usam técnicas manuais a encontrar um tratamento eficaz. 
Bella (2011) discorre sobre campo interferente, como um tecido pré 
lesionado devido um estímulo forte ou longo, que não puderam ser eliminados 
ou silenciado, em um estado de irritação permanente e antifisiológica. Isso faz 
com que surja uma área crônica de despolarização irradiante de informações 
interferindo, podendo ser um estímulo, único, móvel ou estacionário, 
expressando sinais ou sintomas que a medicina chama de quadro clínico. As 
inter-relações biocinéticas entre periferia e central dependem de uma 
transmissão normal de informações que são possíveis se todas as vias 
vegetativas estão intactas, sendo baseada na mudança constante da frequência 
de pulso. Informações falsas guiam mal os mecanismos de regulação. Cicatrizes 
são um dos principais campos de interferência, em medições elétricas realizadas 
em cicatrizes, encontrou-se uma resistência alta e anormal em relação a pele 
normal, em certos locais a resistência era 10 vezes maior, quando comparada. 
Exames histológicos realizados indicaram que as cicatrizes formam campos de 
interferência. O autor introduziu um anestésico procaína ou lidocaína 
diretamente no campo de interferência, a resposta psicológica ao estímulo a 
neuralterapia se manifesta pela inibição da dor e distensão da musculatura 
espástica. Esta resposta conhecida como “reação relâmpago" pode ser imediata 
ou aparecer depois de algumas horas. Concluíram que a procaína, estimula a 
terapia neural que é capaz de desbloquear sistemas de regulação 
neurovegetativa, quando aplicada na área interferente. 
Um estudo realizado por Da Fonseca et al., (2019) onde foram avaliadas 
34 mulheres com cicatriz de cesárea, pacientes do ambulatório de fisioterapia 
ortopédica, com o objetivo de analisar os efeitos da bandagem elástica na 
redução da queixa de dor local em estático, dor ao movimento, sensibilidade 
dolorosa, flexibilidade e função vascular em pacientes com sintomas 
musculoesqueléticos, submetidas à cirurgia de cesariana teve como resultados 
uma diminuição das queixas de dor em geral (p=0,004), dor ao movimento (p = 
0,02), sensibilidade dolorosa (p = 0,0001), flexibilidade (p = 0,047) e condição 
48 
 
vascular (p = 0,027). Com isso, foi observado que após a aplicação da bandagem 
elástica todas as variáveis analisadas tiveram melhora significativa quando 
comparadas a condição inicial. O que corrobora com este estudo. 
Alguns autores realizaram estudo utilizando técnica de crochetagem 
miofascial com 26 mulheres, matriculadas em cursos da área da saúde da 
universidade, com idade ≥ 18 anos, que realizaram cirurgia cesariana com o 
objetivo de avaliar o efeito da crochetagem miofascial sobre a intensidade da 
dor, sensibilidade, amplitude de movimento e temperatura da superfície quando 
aplicada sobre a cicatriz. Seus resultados demonstraram uma diminuição na 
intensidade da dor (p = 0,0001), dor ao movimento (p = 0,0001), flexibilidade (p 
= 0,01) e a avaliação da temperatura no local dos sintomas não teve alterações 
(p = 0,70). Portanto a crochetagem miofascial contribuiu para a diminuição da 
sensação de dor, e foi observado um ganho considerável na flexibilidade da 
amostra estudada, embora não tenha sido verificado a melhora da mobilidade 
da cicatriz de cesárea, demonstra claramente uma melhora na mobilidade da 
cadeia posterior, corroborando com este estudo. (IGA et al., 2019). 
Wasserman et al. (2016) descreve os resultados de duas participantes 
com cicatrizes de cesárea cronicamente dolorosa, após uma intervenção com 
técnicas miofasciais. Neste estudo de caso, realizou quatro sessões de 
tratamento com duração de 30 minutos por um período de duas semanas, que 
consistia em esticar a cicatriz até que houvesse uma liberação na tensão do 
tecido, que fosse sentida pelo terapeuta. Utilizando para a avaliação um 
algômetro para a tolerância a dor, medidas de flexibilidade da cicatriz utilizando 
do Aderômetro e a Escala numérica de Classificação da dor (NPRS). Em quatro 
semanas, a tolerância à pressão em todos os pontos melhorou em até 79% (p 
<0,0001) e a mobilidade da cicatriz aumentou em todas as direções em todos os 
pontos em até 200% (p <0,0001). Após o tratamento, ambos os indivíduos 
classificaram sua dor pré-menstrual para todas as atividades anteriormente 
dolorosas em 0/10 pela primeira vez desde suas cirurgias. Sugerindo que as 
técnicas de liberação da cicatriz podem ajudar a reduzir a dor crônica da cicatriz 
em mulheres com cesariana. 
No presente estudo pode-se observar o impacto que a terapia manual 
oferece na melhora amplitude de movimento da cadeia posterior e sobre a 
mobilidade da cicatriz de cesárea. Uma vez que foi realizada apenas uma 
49 
 
intervenção aguda. Elucidando os dados obtidos através das pesquisas à 
literatura e associados aos resultados, pode-se afirmar que a aplicação da 
manipulação fascial em cicatriz de cesárea foi benéfica para mobilidade da 
cicatriz e amplitude de movimento da cadeia posterior. 
 
2.8.2 Limitação do estudo 
 
A primeira limitação refere-se a dificuldade de obter uma amostra mais 
significativa. Devido ao tempo reduzido e a falta de disponibilidade das 
participantes em comparecer ao local, o número da amostra foi fixado em 20 
participantes, fator que contribuiu para limitações do estudo e, certamente que, 
para uma amostra mais significativa e representativa da população permitiria 
uma maior validade externa. 
A segunda limitação está relacionada com a falta de estudos com o 
mesmo objetivo deste estudo e com a mesma população alvo, o que limitou 
fortemente em termos de revisão de literatura e de comparação de resultados 
com outros estudos realizados. 
A terceira limitação é relacionada a não avaliação do follow-up, para 
verificar se poderia ter ocorrido melhora significativa em algumas horas ou até 
mesmo dias após a intervenção. 
A quarta limitação refere-se à quantidade de sessões, como foi realizado 
uma intervenção aguda não podemos observar outros aspectos e possibilidades

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