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UniSALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium Curso de Fisioterapia Juliana Trombini Thiago Henrique Viveiro Herrera EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO FASCIAL DA CICATRIZ DE CESÁREA SOBRE A MOBILIDADE DA CADEIA POSTERIOR: ESTUDO ALEATORIZADO E CONTROLADO LINS – SP 2019 JULIANA TROMBINI THIAGO HENRIQUE VIVEIRO HERRERA EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO FASCIAL DA CICATRIZ DE CESÁREA SOBRE A MOBILIDADE DA CADEIA POSTERIOR: ESTUDO ALEATORIZADO E CONTROLADO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxillium, curso de Fisioterapia sob a orientação do Prof. º Me Jonathan Daniel Telles e orientação técnica da Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni LINS – SP 2019 Trombini, Juliana; Herrera, Thiago Henrique Viveiro Efeito agudo da manipulação fascial da cicatriz de cesárea sobre a mobilidade da cadeia posterior: estudo aleatorizado e controlado. / Juliana Trombini; Thiago Henrique Viveiro Herrera – – Lins, 2019. 59p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Fisioterapia, 2019. Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Jonathan Daniel Telles 1. Aderomêtro. 2. Cicatriz de Cesárea. 3. Manipulação Fascial. I Título. CDU 615.8 T766e JULIANA TROMBINI THIAGO HENRIQUE VIVEIRO HERRERA EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO FASCIAL DA CICATRIZ DE CESÁREA SOBRE A MOBILIDADE DA CADEIA POSTERIOR: ESTUDO ALEATORIZADO E CONTROLADO. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para a obtenção do título de Fisioterapeuta. Aprovada em: ___/____/____ Banca Examinadora: Prof. Orientador: Jonathan Daniel Telles Titulação: Mestre em Fisioterapia - UFSCar Assinatura: _________________________________ 1º Prof. (a): Paulo Umeno Koeke Titulação: Doutor em Fisioterapia - UFSCAR Assinatura: _________________________________ 2º Prof. (a): Marco Aurélio Gabanela Schiavon Titulação: Mestrado em ensino em saúde - FAMEMA Assinatura: _________________________________ AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ser essencial em minha vida, aos meus pais: Sérgio Trombini e Gladis Trombini por todo carinho e por não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da vida, ao meu esposo Lucas Furquim por todo amor, paciência e incentivo durante toda a faculdade, por me trazer calma e me dar seu ombro nos momentos mais difíceis, aos meus amigos que me apoiaram e torceram por mim, ao meu colega Thiago Herrera pelos muitos dias de trabalho e esforço para que pudéssemos concluir este estudo, ao meu orientador e amigo Jonathan Telles que sempre me inspirou a buscar conhecimento e acreditou em nosso trabalho e a todo momento esteve conosco, a meus mestres e professores que tanto incentivaram e até mesmo me motivaram a sempre ser melhor. Ao Louie e a Lola que mesmo sem compreender o que estava acontecendo, tinham por mim um olhar que me trazia calma. A todos aqueles qυе de alguma forma estiveram е estão próximos de mim, fazendo está etapa mais leve e feliz, colaborando para o início de novos caminhos. Juliana Trombini Agradeço, primeiramente, a Deus pelas graças necessárias por concluir todo esse trabalho. Agradeço aos meus pais MANOEL e MADALENA por estarem ao meu lado nessa caminhada de lutas renúncias e sacrifícios. A Izabela por todo seu apoio e seu companheirismo para comigo. Aos meus avós mesmo não presente se orgulhavam de seu neto Aos amigos/colegas que ajudaram para que toda essa pesquisa fosse concretizada A minha colega de trabalho Juliana Trombini que não mediu esforços para que conseguíssemos concluir essa etapa. Ao grande amigo e orientador Jonathan Telles que para mim é uma referência. Agradeço sem medidas a todos que de uma forma direta ou indireta contribuíram para que essa etapa de minha vida se encerrasse para que outra se inicie. Thiago Henrique Viveiro Herrera Agradecimentos do grupo Dedicamos o presente trabalho primeiramente a Deus, por nos dar forças para a realização deste projeto. Aos nossos pais, amigos e todos que de alguma forma direta ou indireta, nos ajudaram e fizeram parte para a realização do mesmo. Ao Prof. Jonathan Daniel Telles e Prof.ª. Jovira Maria Sarraceni, pelas orientações, seu grande esforço em ajudar-nos nesta etapa. A todas as participantes que mesmo diante das intempéries do dia a dia nos ajudaram e foram primordiais para a realização deste projeto. Juliana Trombini e Thiago Henrique Viveiro Herrera RESUMO A fáscia é um tecido conjuntivo com derivação mesodérmica, que recobre todo o corpo humano, dividindo, suportando e conectando diferentes partes do sistema do corpo. O movimento humano deriva da capacidade deste sistema manter o equilíbrio e interagir com os diferentes sistemas corporais, células corporais tem a capacidade de converter estímulos mecânicos em alterações químicas, baseando-se no princípio da tensegridade, um mecanismo de integridade tensional, atuante nos processos fisiológicos como a mecanotransdução, em diferentes escalas. A disfunção fascial pode se iniciar por uso excessivo do tecido ou traumas sofridos repentinamente ou lentamente, levando ao processo inflamatório e a remodelagem inadequada do tecido, formando a cicatriz ou levando ao desenvolvimento de fibrose. A Manipulação fascial objetiva reordenar tecidos e aderências podendo repercutir de forma distal e não somente sobre a área afetada. O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da mobilização da cicatriz de cesárea sobre a mobilidade da cadeia posterior e mobilidade da cicatriz de cesárea. A pesquisa contou com 20 participantes de 20 a 50 anos de idade, com cicatriz de cesárea e que possuíam encurtamento na cadeia posterior. As participantes foram divididas em grupo mobilização da cicatriz ou grupo placebo, conforme randomização. O grupo mobilização da cicatriz recebeu a técnica de forma aguda e com duração de 12 minutos, em um único dia. As participantes do grupo placebo receberam aplicação de laser, porém, com o equipamento desligado. As participantes foram avaliadas utilizando o Banco de Wells para mensurar a mobilidade da cadeia posterior e o Aderomêtro para avaliar a mobilidade da cicatriz pré e pós intervenções. Nos resultados do teste de amplitude de movimento da cadeia posterior, foram observadas diferenças clinicamente significantes intragrupo para o grupo mobilização da cicatriz (p ≤ 0,004), porém, não houve diferença estatisticamente significante intragrupo para o grupo placebo (p ≤ 0,356). Não houve diferença estatisticamente significante intergrupo para o teste de ADMCP (p ≤ 0,184). Quando avaliado a mobilidade da cicatriz foram observadas diferenças estatisticamente significantes intragrupo para o grupo mobilização da cicatriz (p ≤ 0,000) e para o grupo placebo (p ≤ 0,009). Houve diferença estatisticamente significante intergrupo (p ≤ 0,025). A técnica de mobilização da cicatriz foi superior a técnica placebo em relação a mobilidade da cicatriz de cesárea, porém, não houve diferença em relação a mobilidade da cadeia posterior. Palavras-chave: Aderômetro. Cicatriz de cesárea. Manipulação. ABSTRACT The fascia is a connective tissue with mesodermal shunt that covers the entire human body, dividing, supporting and connecting different parts of the body system. Human movement derives from the ability of this system to maintain balance and interact with different body systems, body cells havethe ability to convert mechanical stimuli into chemical changes, based on the principle of tensegrity, a mechanism of tensional integrity, acting on physiological processes. like mechanotransduction, at different scales. Fascial dysfunction may be caused by overuse of the tissue or trauma suffered suddenly or slowly, leading to the inflammatory process and improper remodeling of the tissue, forming the scar or leading to the development of fibrosis. Fascial manipulation aims to reorder tissues and adhesions and may have a distal effect and not only on the affected area. The aim of the present study was to evaluate the effects of cesarean section scar mobilization on posterior chain mobility and cesarean section scar mobility. The research had 20 participants from 20 to 50 years old, with cesarean scar and who had shortening in the posterior chain. Participants were divided into scar mobilization group or placebo group according to randomization. The scar mobilization group received the technique acutely and lasted 12 minutes in a single day. Participants in the placebo group received laser application, however, with the equipment turned off. Participants were evaluated using the Wells Bank to measure posterior chain mobility and the Aderometer to assess scar mobility before and after interventions. In the results of the posterior chain range of motion test, clinically significant intra-group differences were observed for the scar mobilization group (p ≤ 0.004), but there was no statistically significant intragroup difference for the placebo group (p ≤ 0.356). There was no statistically significant intergroup difference for the ADMCP test (p ≤ 0.184). When assessing scar mobility, statistically significant differences were observed within the group for scar mobilization group (p ≤ 0.000) and for the placebo group (p ≤ 0.009). There was a statistically significant intergroup difference (p ≤ 0.025). The scar mobilization technique was superior to the placebo technique regarding cesarean section scar mobility, however, there was no difference regarding posterior chain mobility. Keywords: Aderometer. Cesarean section scar. Manipulation. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Vista frontal e perfil da coluna lombar ................................................ 19 Figura 2: Movimentos da articulação coxofemoral ............................................ 22 Figura 3: Fáscia Superficial .............................................................................. 23 Figura 4: Linha Superficial Posterior ................................................................. 24 Figura 5: Fáscia Sacroretogenitovesicopubiana ............................................... 26 Figura 6: Fibrose em cicatriz de cesárea .......................................................... 30 Figura 7: Esquematização para intervenção ..................................................... 36 Figura 8: Banco de Wells Sanny ....................................................................... 37 Figura 9: Aderômetro para mensurar a aderência cicatricial. ........................... 38 Figura 10: Esquema para medidas do quadrilátero. ......................................... 39 Figura 11: Aderômetro ...................................................................................... 41 Figura 12: Técnica de Manipulação de cicatriz ................................................. 42 Figura 13: Aparelho de Fotobiomodulação ....................................................... 43 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Classificação do nível de flexibilidade em cm para o teste banco de wells em mulheres de diferentes faixas etárias de acordo com o Canadian Standardizes Test of Fitness (CSTF) ................................................................ 40 Tabela 2: Resultados do teste de amplitude de movimento da cadeia posterior (ADM) de ambos os grupos pré e pós intervenção ........................................... 44 Tabela 3: Resultado do teste de mobilidade da cicatriz (MC) de ambos os grupos pré e pós intervenção. ...................................................................................... 44 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ADM – Amplitude de Movimento ADMCP – Amplitude de Movimento da Cadeia Posterior DP – Desvio Padrão ECR - Estudo Clínico Randomizado LSP – Linha Superficial Posterior MEC – Matriz Extracelular MC – Mobilidade de Cicatriz NPRS -Escala numérica de Classificação da dor SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14 1 CONCEITOS PRELIMINARES ...................................................................... 17 1.1 Anatomia da Coluna Lombar ...................................................................... 17 1.1.2 Sistema Muscular da Coluna Lombar ...................................................... 17 1.1.3 Sistema Articular da Coluna Lombar ....................................................... 18 1.1.4 Articulação Coxofemoral .......................................................................... 20 1.2 Estrutura do Tecido Fascial ........................................................................ 22 1.2.1 A Linha Superficial Posterior .................................................................... 24 1.2.2 Relações Anatômicas do Complexo Lombo-Pélvico ................................ 25 1.3 Cicatriz e Processo de Reparação Tecidual ............................................... 27 1.3.1 Cesariana: técnica cirúrgica ..................................................................... 28 1.3.2 Fibrose ..................................................................................................... 29 1.4 Tratamento .................................................................................................. 30 1.4.1 Fisioterapia (recursos fisioterapêuticos) .................................................. 31 1.4.1.1 Terapia Manual ..................................................................................... 31 1.4.2.1.1 Benefícios fisiológicos e terapêuticos da manipulação de cicatrizes . 32 1.4.2.1.2 Indicações .......................................................................................... 33 1.4.2.1.3 Contraindicações ............................................................................... 33 1.4.2.1.4 Cuidados a serem tomados ............................................................... 33 2 O EXPERIMENTO ......................................................................................... 34 2.1 Recursos Metodológicos ............................................................................. 34 2.1.1 Tipo de pesquisa/Experimental ................................................................ 34 2.1.2 Estudo Aleatorizado e Controlado ........................................................... 34 2.1.3 Critérios de Inclusão ................................................................................ 34 2.1.4 Critérios de Exclusão ............................................................................... 35 2.2 Condições Ambientais ................................................................................ 35 2.3.1 Casuística ................................................................................................ 35 2.3.1.1 Métodos ................................................................................................ 35 2.4 Materiais ..................................................................................................... 36 2.5 Procedimentos ............................................................................................ 36 2.6 Avaliação ....................................................................................................37 2.6.1 Banco de Wells ........................................................................................ 40 2.6.1.1Aderômetro ............................................................................................ 41 2.6.2 Técnica de Manipulação de Cicatriz ........................................................ 42 2.6.2.1 Técnica Placebo ................................................................................... 43 2.7 Análise Estatística ....................................................................................... 44 2.8 Resultados .................................................................................................. 44 2.8.1 Discussão ................................................................................................ 46 2.8.2 Limitação do estudo ................................................................................. 49 2.8.3 Conclusão. ............................................................................................... 49 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51 ANEXOS ........................................................................................................... 56 14 INTRODUÇÃO De acordo com Bordoni, Lintonbon e Morabito (2018), a fáscia é definida como tecidos de derivação mesodérmica que são considerados especializados como os tecidos conjuntivos: o sangue e a linfa. Como a água molda as rochas, os fluidos corporais modificam a forma e o funcionamento das estruturas corporais. Os fluídos corporais testemunham silenciosamente a informação mecanotransdutora, permitindo assim a adaptação e vida, transportando os processos bioquímicos e sinais hormonais. Enquanto o tecido sólido fascial divide, suporta e conecta as diferentes partes do sistema do corpo, o tecido fascial líquido alimenta e transporta mensagens para o tecido fascial sólido. Schleip, Jäger e Klingler (2012) descrevem fáscias como um tecido conjuntivo que recobre o corpo e fazem parte de um sistema que transmite força tensional do corpo. O componente de tecido mole do sistema de tecido conectivo que permeia o corpo humano. Pode-se também descrevê-las como tecidos colagenosos fibrosos que fazem parte de um sistema de transmissão de força tensional amplo do corpo. A rede fascial completa, portanto, inclui não apenas bainhas de tecido planar denso (como septos, envelopes musculares, cápsulas articulares, cápsulas dos órgãos e retináculos), que também pode ser chamada de ‘fáscia própria’, mas ela também abrange densificações locais desta rede na forma de ligamentos e tendões. Adicionalmente, ela inclui tecidos conectivos colagenosos mais moles como a fáscia superficial ou a camada intramuscular íntima do endomísio... O termo fáscia agora inclui a dura-máter, o periósteo, o perineuro, a camada capsular fibrosa dos discos vertebrais e as cápsulas dos órgãos, bem como tecido conectivo brônquico e o mesentério do abdômen. (SCHLEIP, JÄGER E KLINGLER ,2012, p497). Para Dischiavi et al. (2018), movimento humano é derivado de uma complexa orquestração de movimentos que envolvem muitos sistemas corporais diferentes, compreender como esses sistemas interagem durante os movimentos pode demostrar diretamente uma variedade em campo de pesquisa, que pode incluir: etiologia da lesão, mecanismos de prevenção de lesões e prescrição de exercícios terapêuticos. De acordo com Tadeo et al. (2014), as células do corpo humano são dotadas de capacidade de converter estímulos mecânicos em alterações químicas, e baseado no princípio da tensegridade, um mecanismo de integridade 15 tensional, demonstrou-se que atua em processos fisiológicos como a mecanotransdução em diferentes escalas. O processo envolve componentes extracelulares, incluindo a participação de matriz extracelular, micro túbulos que atuam como estruturas de compreensão e filamentos de actina que atuam como tensão. Para Myers (2003), Matriz extracelular (MEC), é aplicado a soma das substâncias extracelular dentro do tecido conjuntivo, consiste em um sistema de fibras proteicas insolúveis e complexos solúveis compostos de polímeros de carboidratos unidos a moléculas de proteínas, proteoglicanas, e se ligam a água mecanicamente e tem sua evolução justificada para distribuir as tensões de movimento e gravidade, ao passo que mantem a forma das diferentes regiões do corpo. Chaitow et al. (2017), descrevem inúmeras formas pelas quais uma disfunção fascial pode se iniciar, que serão exploradas nos tópicos a seguir, mas a maioria das disfunções musculoesqueléticas tem como “causa” o uso excessivo, abusivo, errado ou desuso, ou pode se originar de traumatismos sofridos de forma lenta ou repentina, levando a inflamação e a remodelagem inadequada, formando cicatriz excessiva ou até mesmo o desenvolvimento de fibrose. O presente estudo tem como pergunta problema: A manipulação fascial sobre a cicatriz de cesárea pode melhorar a mobilidade em cadeia posterior? A manipulação do tecido fascial tem como objetivo melhorar o fluxo sanguíneo local no tecido trazendo, mais nutrição e melhorando a elasticidade, através da quebra do tecido fibrótico formado aliviando, portanto, os sintomas distais causados pela disfunção tecidual anterior. O objetivo do presente estudo foi o de avaliar os efeitos da mobilização da cicatriz de cesárea sobre a mobilidade da cadeia posterior e mobilidade da cicatriz de cesárea. A pesquisa tem como característica abordar, experimentalmente, um determinado objeto de estudo, selecionando variáveis que interferem diretamente na realidade dos participantes, pretendendo informar o modo que tal acontecimento é produzido. Definindo assim as formas de controle e observação que os efeitos da variável produzem no produto. 16 As avaliações e tratamento foram realizadas na Clínica Escola do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins – (UniSALESIANO), na sala de avaliação no setor de Ortopedia/traumatologia. O presente estudo está organizado da seguinte forma: Nos conceitos preliminares, descreve-se a morfofisiologia da região posterior, os conceitos, a biomecânica, técnicas, benefícios, indicações, contraindicações e precauções da técnica de manipulação fascial. No experimento, aborda-se o recurso metodológico, a pesquisa experimental, a abordagem qualitativa, os critérios de inclusão e exclusão. Além disso cita os locais onde foram realizadas as avaliações e aplicação da técnica apresentadas no presente estudo, especificando a técnica, os materiais utilizados, os testes antes e após a intervenção. Ao final serão apresentados todos os resultados em forma de imagens, gráficos e dados qualitativos, fazendo comparação antes e após a intervenção, seguida da discussão baseada em conceitos teóricos comprovados por diferentes autores, mediante os resultados e discussões para se obter a conclusão. 17 1 CONCEITOS PRELIMINARES 1.1 Anatomia da Coluna Lombar De acordo com Moore, Dalley e Agur (2014), a coluna vertebral se estende do crânio ao ápice do cóccix, sendo a sua região cervical e região lombar com maior liberdade de movimentos. O ângulo formado entre as regiões lombar e sacral é conhecido como ângulo lombossacral, e as cinco vértebras sacrais são fundidas em adultos para formar o sacro. As vértebras ao longo da coluna possuem diferentes formatos de acordo com suas funções principais, a coluna cervical produz movimentos de flexão e extensão e rotação, a coluna torácica tem em sua predominância movimentos rotativos e a coluna lombar realiza movimentos de flexão e extensão. Para Natour et al. (2004), pode-se descrever topograficamente a musculatura da coluna vertebral definindo sua posição em relação a um plano que passa por processo transverso das vértebras. Aqueles que sesituam anteriormente com relação ao processo transverso compõe a musculatura anterior da coluna vertebral, os que se situam posteriormente, compoem a musculatura posterior. A coluna vertebral é composta de músculos posteriores em toda sua extensão, porém só existem músculos anteriores nas regiões cervical e lombar. A coluna lombar consiste em uma série de curvaturas fisiológicas, as regiões cervical e lombar exibem um alinhamento denominado lordose, as regiões torácicas e sacrococcígeas exibem uma cifose. Tais curvaturas são naturais, porém não são fixas, são dinâmicas e assumem formas diferentes durante os movimentos. A coluna embrionária é cifótica durante sua extensão, as lordoses ocorrem após o nascimento, durante a maturação motora e a postura ereta, a musculatura se responsabilizará por gerar as tensões necessárias para criar as curvaturas (NEUMAMM, 2006). 1.1.2 Sistema Muscular da Coluna Lombar Segundo Drake, Vogl e Mitchell (2004), a coluna lombar é provida de musculatura que compreende as regiões anterior, posterior e lateral do abdômen, gerando assim sustentação para a região abdominal, os músculos são divididos em grupos superficiais, médios e profundos. 18 Os músculos dos grupos superficial e médio são extrínsecos porque se originam embriologicamente de locais diferentes Daquele do dorso. São inervados por ramos anteriores dos Nervos espinais: o grupo superficial consiste em músculos relacionados com os movimentos dos membros superiores e com eles envolvidos; grupo médio consiste em músculos fixados às costelas e pode servir a uma função respiratória. Os músculos do grupo profundo são intrínsecos porque se desenvolvem no dorso. São inervados por ramos posteriores dos nervos espinais e estão diretamente relacionados com movimentos da coluna vertebral e da cabeça. (DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2004 p.47). Os grupos musculares cumprem uma missão tanto estática, quanto cinética na coluna lombar e estão localizados anatomicamente em ambos os lados da linha média. Para Vasconcelos et al (2004), a musculatura atuante na coluna vertebral é bilateral, funcionando de modo independente, podendo ser dividida de forma didática em duas categorias: anteriores que são responsáveis pela flexão da coluna vertebral e posteriores, responsáveis pela extensão. a) Musculatura anterior: Reto abdominal; Oblíquos interno e externo do abdômen; e Transverso do abdômen. b) Musculatura posterior Eretores espinhais; Iliocostal; Dorsal longo (longuíssimo do tórax, pescoço e cervical); Espinhais; Multifidos; Interespinhais e Intertransversais; e Rotadores. Portanto, Vasconcelos et al (2004) elucidam a importância do sistema muscular para o bom funcionamento e independência da biomecânica da coluna vertebral. 1.1.3 Sistema Articular da Coluna Lombar Kapandji (2000) elucida que a coluna lombar, em uma radiografia, em vista 19 anterior, é retilínea e simétrica em relação a apófise espinhosa. Os corpos vertebrais têm espessuras como as das apófises transversas e decrescem de baixo para cima. Em uma vista perfil da coluna lombar (figura 1), verifica-se as características de lordose lombar e da estática da coluna. O ângulo sacral (a), é constituído pela inclinação de seu platô superior da primeira vértebra sacra sobre a horizontal, tem valor médio de 30º. O ângulo lombossacro (b), é formado entre o eixo da quinta vértebra lombar e o eixo do sacro e tem angulação média de 140º. O ângulo de inclinação da pelve (c), é inclinado horizontalmente sobre a linha que se estende entre o promontório e a margem superior da sínfise púbica, tendo sua angulação média de 60º. A seta de lordose lombar (s), deverá ser traçada a partir da lordose lombar, onde ocorre a união da margem póstero- superior da primeira vértebra lombar com a margem póstero-inferior da quinta vértebra lombar. Figura 1: Vista frontal coluna lombar e vista perfil . Fonte: KAPANDJI, 2000, p. 75. De acordo com Drake, Vogl e Mitchell (2004), as vértebras lombares se diferem das demais vértebras de outras regiões devido ao seu tamanho grande. Também por não possuírem fóveas para articular com as costelas. Em geral os 20 processos transversos são finos e longos, exceto da 5º vértebra lombar, que são maciços e mais ou menos cuneiforme para que haja fixação dos ligamentos ileolombares, conectando processos transversos e os ossos do quadril. O corpo de uma vértebra lombar típico é cilíndrico e o forame vertebral tem forma triangular e tem o tamanho maior que nas vértebras torácicas. Segundo Kapandji (2000), na continuidade do esqueleto axial, a cintura pélvica forma a base do tronco, constituindo também um suporte para o abdômen e unindo membros inferiores ao tronco. Trata-se de um anel ósteo- articular fechado composto por três peças ósseas: Os ossos ilíacos, ísquio e o sacro, este composto ainda por cinco vértebras sacrais fundidas. Compondo assim um sistema articular com mobilidade reduzida, são duas articulações sacrilíacas que unem o sacro e os ossos ilíacos e a sínfise púbica que unem os ossos ilíacos pela frente. A cintura pélvica, tem a forma de funil com uma base superior grande e conecta à cavidade abdominal com a pelve, através de uma abertura superior. A cintura pélvica transmite forças entre a coluna vertebral e os membros inferiores, o peso suportado pela quinta vértebra lombar suporta e divide o peso direcionando-o às asas do sacro, e somente depois, através das espinhas ciáticas dirige-se a cavidade cotiloide (KAPANDJI, 2000). De acordo com Neumamm (2006), há três características relevantes na face externa do quadril, a asa flabeliforme do ílio forma a metade superior do quadril, abaixo desta encontra-se o acetábulo caliciforme e profundo, onde a cabeça do fêmur se articula e todos os três ossos da perna compoem o acetábulo. O fêmur é o osso mais longo e resistente do corpo humano, em sua extremidade proximal, a cabeça do fêmur se articula com o acetábulo, o colo é uma região que conecta a cabeça do fêmur com o corpo do osso, serve para deslocar a parte proximal do corpo do fêmur lateralmente, afastando-o da articulação, reduzindo assim a probabilidade de colisão óssea contra a pelve. 1.1.4 Articulação Coxofemoral O quadril é uma articulação do tipo esférica, circundada por musculaturas estabilizadoras, e muito forte, permitindo as mesmas amplitudes de movimentos em quaisquer planos, além de ser geradora de grande estabilidade. (TORTOGA, 21 2007), além disso é um importante componente de união do esqueleto axial com o esqueleto apendicular (NETTER, 2000). A consequência da união entre os membros inferiores e o esqueleto axial servem para transmissão de forças do solo em direção ao tronco (THOMPSON, 2002). Os movimentos no quadril são realizados pela articulação coxofemoral (figura 2), que possui grande mobilidade e estabilidade. A articulação coxofemoral possui as quatro características de uma articulação sinovial ou diartrodial: Cavidade articular, cobertas por cartilagem articular, Membrana sinovial com produção de líquido sinovial e ligamentos capsulares (BYRD, 2004). A articulação do quadril possui uma vasta mobilidade, em movimentos considerados simples no que diz respeito a Cinesiologia. Na articulação coxofemoral existem os movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna (medial) e rotação externa (lateral) (NETTER, 2000). Nos movimentos de flexão, o membro é projetado em direção anterior ou para frente, já em extensão vai em direção posterior ou para trás. Ambos movimentos ocorrem no plano sagital e eixo transversal (KAPANDJI, 2000). Já os movimentos que estão relacionados para abdução e adução, em que o membro realiza o movimento para a lateral em relação ao plano sagital e retorna ao centro vindo pela linha média do corpo. Estes movimentosocorrem no plano frontal e eixo anteroposterior (sagital) (KAPANDJI, 2000). Outro movimento que é proveniente da articulação do quadril é a rotação, que pode ser lateral, quando o membro gira em torno do seu próprio eixo com sentido externo, e pode ser medial, quando o membro inferior gira em seu próprio eixo com sentido interno (THOMPSON, FLOYD, 2002). Outro movimento que também ocorre na articulação coxofemoral, que se inicia simultaneamente aos demais movimentos, é um movimento global, aí se dá o nome de circundução, faz com que o membro inferior execute um movimento combinado e, ao mesmo tempo, circular na articulação coxofemoral (KAPANDJI, 2000). A estabilização desta articulação acontece tanto de uma forma dinâmica pelo sistema musculoesquelético, quanto de forma estática através do nosso sistema ligamentar. Estes são submetidos a um eixo mecânico representado pela linha que conecta os centros das articulações do joelho e do quadril (SMITH, 22 1997). Figura 2: Movimentos da articulação coxofemoral Fonte: Augusto, 2016. Sendo que as variações anatômicas determinam a aplicação das forças que ocorrem no ângulo entre o eixo da diáfise e o colo do fêmur, pois de acordo com esse ângulo podemos determinar se a coxa possui angulação normal (120°- 135°), se ela é valga (acima de 135°) e se ela é vara (abaixo de 120°) (KÖPF- MAIER, 2006). 1.2 Estrutura do Tecido Fascial Para Myers (2003), o sistema muscular age de forma individual, porém também atua mediante conexões por todo o corpo e no interior de faixas de fáscias que são integradas funcionalmente. Tais laminas e linhas seguem a trama de uma estrutura de tecido conjuntivo do corpo, formando assim “meridianos” miofasciais que são determináveis gerando tração, tensão, fixação, compensação e a maioria dos movimentos são distribuídos ao longo destas linhas. A Fáscia é um tecido conectivo firme, que envolve completamente o corpo humano em três dimensões, recobre músculos, ossos, nervos, vasos sanguíneos e todos os órgãos. Considerando suas relações anatômicas são responsáveis por manter a integridade das tensões no organismo, usam a tração e a compressão de forma combinada, proporcionando estabilidade e resistência para o corpo, estabelecendo uma forma de equilíbrio descrita pela biotensigridade. Segundo Steco (2015) o tecido conjuntivo é um dos quatro principais tipos 23 de tecido (sendo os epiteliais, musculares e tecido nervoso), responsável por manter a forma do corpo e dos seus órgãos, proporcionando coesão e apoio estrutural para tecidos e órgãos. Tem seu nome derivado de sua função em ligar células e tecidos, sendo presente em todo o corpo e considerado como “cola”, mantendo as partes do corpo juntas. Muitos estudos enfatizam a continuidade do aparelho de tecido conjuntivo no ser humano. O mesoderma tem como principal função, de um tecido interno responsável por se conectar e desconectar, formando espaços. A exemplo de Standring (2004), categorizar o tecido conjuntivo baseado em seu grau de orientação dos componentes fibrosos: tecido conjuntivo denso (regular), e tecido conjuntivo areolar frouxo, irregular denso e tecido adiposo (irregular). Sendo o tecido conjuntivo regular formando tendões e ligamentos e o tecido conjuntivo irregular mantendo órgãos e epitélio no lugar, com uma variedade de fibras incluindo colágeno e elastina (STANDRING S, 2004 apud VAN DER WAL, 2009). Figura 3: Fáscia Superficial Fonte: Steco, 2015, p.22. De acordo com Bordoni e Zanier (2013), tratando-se de uma perspectiva embriológica, as fáscias se originam no mesoderma, alguns autores citam também que esta rede pode ser encontrada, de forma parcial, em cristas neurais como a ectoderme. A camada mais externa é denominada fáscia areolar, composta por vários níveis com quantidades variáveis de fibroblastos (células conectivas), dispostos desordenadamente e embebidos em matriz extracelular Fáscia Superficial 24 (substância gelatinosa), onde é encontrado glicosaminoglicanos, proteoglicanos e polissacarídeos como o ácido hialurônico. A fáscia superficial permeia todo o corpo até repousar na fáscia profunda, sendo composta por diferentes camadas que promovem o deslizamento entre os tecidos. Steco (2015) elucida a conexão existente entre a fáscia superficial, a pele e a fáscia profunda, através de septos fibrosos que lhe conferem propriedades mecânicas específicas (figura 3). Ao analisar profundamente verificou-se que alguns septos são muito oblíquos e uma pequena porção dessa área revelaria múltiplas lâminas fibrosas, porém se áreas maiores são dissecadas, verifica-se que tais lâminas não se fundem em uma estrutura distinta. Steco (2015) afirma que os pontos aderidos em vários planos subcutâneos podem ser mapeados e estão nos mesmos locais no corpo humano, ao se referir às linhas de adesões presentes no tecido fascial, onde existe a aderência da fáscia superficial com a fáscia profunda. 1.2.1 A Linha Superficial Posterior A Linha Superficial Posterior (LSP) (figura 4), é responsável por conectar toda a superfície posterior do corpo, da planta do pé ao topo da cabeça Figura 4: Linha Superficial Posterior Fonte: Myers, 2003, p 61. 25 Tem como função dar apoio ao corpo durante a extensão completa prevenindo a tendência do corpo em se curvar em flexão. Durante o desenvolvimento humano a musculatura da LSP é responsável por levantar a cabeça do bebê desde a flexão embrionária, com progressiva evolução, levando- a a ficar de pé (MYERS, 2003). 1.2.2 Relações Anatômicas do Complexo Lombo-Pélvico Para Molins-Cubero, Boscá-Gandía, Rus-Martínez (2012), a pelve é cercada de paredes ósseas, sistema ligamentar e muscular. Limitadas pelo estreito superior, acima e abaixo encontramos o estreito inferior (ou pelve falsa e pelve verdadeira), fechado pelo diafragma pélvico. Posteriormente, o cóccix está localizado em sua parte na sínfise púbica anterior. Contendo bexiga urinaria, porções terminais dos ureteres, genais, reto, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Segundo Molins-Cubero, Boscá-Gandía, Rus-Martínez (2012), há uma ação sinérgica entre os ligamentos, fáscia e músculos do assoalho pélvico, uma vez que tais componentes garantem a orientação do eixo horizontal da bexiga, reto e dois terços superiores da vagina, essenciais para prevenir prolapso e incontinência urinária, a função do complexo lombo-pélvico garantem a posição e vascularização uterina. Stecco et al. (2016) elucida que o sistema fascial da cavidade pélvica é dividido em duas folhas que constituem a fáscia parietal e a fáscia visceral, o segundo tipo consiste em um tecido conjuntivo que tem espessura variada, composição, resistência e elasticidade, dependendo das necessidades mecânicas e fisiológicas de cada região. Formando uma rede tridimensional, ancorada em frente ao púbis, lateralmente à pelve e coluna vertebral isquiática e abaixo do corpo perineal (figura 5). A fáscia visceral também é conhecida como fáscia endopelvica ou fáscia Sacroretogenitovesicopubiana, tem duas importantes funções: suspender horizontalmente a bexiga, os 2/3 superiores da vagina e o reto; promovem o aumento da pressão intra-abdominal gerando tensão no sistema fascial, prendendo assim as vísceras entre a tensão e contraindo os músculos elevadores, serve também como um canal de suporte para os vasos, nervos e tecido linfático do assoalho pélvico. 26 Descrevendo essa fáscia por regiões a descrição seria da seguinte maneira: a frente está localizado a fáscia vesical que recobre a bexiga; anterior e externamente existe a aponeurose do músculo obturador interno e está sujeito a inserção muscular do elevador do ânus e abaixo estão as fáscias do períneo e reforços constituídos por: fáscia superficial do períneo que tem sua inserção na parte inferior do ramo isquiopúbico,correspondendo a aponeurose do músculo transverso do períneo; a fáscia profunda do períneo do músculo transversal profundo do períneo; o ligamento transverso profundo do períneo localiza-se na parte anterior do diafragma pélvico e corresponde a fusão das duas fáscias precedentes na parte anterior; centro tendinoso do períneo localiza-se entre a fenda urogenital e o ânus e recebe inserções do músculo elevador do ânus e o ligamento anoccigeo, unindo o ânus ao cóccix. (MOLINS-CUBERO, BOSCÁ- GANDÍA, RUS-MARTÍNEZ, 2012). Figura 5: Fáscia Sacroretogenitovesicopubiana Fonte: Ebrafim, 2018. Há uma relação entre as cicatrizes de parto cesariana e sistema fascial, pois no nível anatômico existem muitas estruturas compostas por tecido 27 conjuntivo que influenciam diretamente mobilidade do útero e, portanto, podem restringi-lo. 1.3 Cicatriz e Processo de Reparação Tecidual A capacidade auto regenerativa é um fenômeno universal em organismos vivos. A pele é considerada como a nossa primeira barreira de proteção, está muito sujeita a constantes agressões e injúrias externas, tornando sua capacidade de reparação muito importante para a sobrevivência. (NOGUEIRA, KITAMURA e AGUIAR., 2005) Com a lesão ou rompimento tecidual nos animais vertebrados, imediatamente dá o início ao processo de reparo, que consiste em uma delicada sequência de eventos moleculares visando o objetivo na restauração do tecido injuriado (MENDONÇA e COUTINHO-NETTO, 2009). A cicatrização é o processo pelo qual o tecido lesado é substituído por um novo tecido conjuntivo vascularizado, quer a lesão tenha sido traumática ou de forma necrótica (PANOBIANCO et al., 2012). Nos organismos unicelulares, não há a presença das enzimas que são responsáveis pela recuperação dos elementos estruturais e de moléculas de alta complexidade (RNA e o DNA). Nos organismos que se apresentam superiores, também ocorre o reparo de tecidos que pode se dar de algumas formas, ou pela regeneração e com a recomposição das atividades funcionais do tecido lesionado ou pela própria cicatrização, restabelecendo a harmonia e a homeostase do tecido com a perda das suas atividades funcionais pela própria formação de cicatriz fibrótica. Sendo assim, o processo de cicatrização tem como a finalidade de restabelecer a homeostasia do tecido lesionado (CAVALCANTE et al., 2012). Em um processo de reparo tecidual ou de cicatrização, ocorrem inúmeras alterações bioquímicas em nosso organismo, visando o mais rápido possível, a reparação desse dano. Os eventos que desencadeiam o processo de cicatrização são intercedidos e sustentados por mediadores bioquímicos, descritos em diferentes fases, que correspondem aos principais episódios observados em determinado período de tempo (LIMA et al., 2012). O processo de reparo é dividido em três partes, considerando os aspectos 28 macroscópicos e histológicos prioritariamente e que predominam em cada fase. O processo de reparação tecidual é dividido em fases, de limites não muito distintos, mas sobrepostas no tempo: fase inflamatória (homeostasia); formação do tecido de granulação, com deposição de matriz extracelular; e fase de remodelação. (BRANSKI et al, 2005) Durante a fase inflamatória, em um primeiro momento, ocorre o tamponamento dos vasos que sofreram injúria, devido às descargas adrenérgicas por influência nervosa, e como, primeira resposta, ocorre a vasoconstrição. A lesão dispara uma sequência de eventos que se iniciam pela deposição das plaquetas, seguido por sua ativação e recrutamento de plaquetas novas, formando assim um trombo rico em plaquetas que tampona provisoriamente a lesão no endotélio. Tal trombo é posteriormente infiltrado pela fibrina e transforma-se em um trombo fibrinoso (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). Por volta do décimo dia, o leito da lesão está preenchido totalmente por tecido de granulação e com uma rede capilar atravessando-o, e a rede linfática se regenerando. O tecido de granulação é enriquecido com mais fibras de colágeno e vai adquirindo a aparência de massa fibrótica, característica de uma cicatriz. Com o processo evoluindo, o organismo acentua a deposição de colágeno e a maioria das células desaparecem, formando assim a cicatriz (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). 1.3.1 Cesariana: técnica cirúrgica De acordo com Nakano, Bonan e Teixeira (2016), a técnica cesariana tem sido uma das mais utilizadas e preferidas entre as mulheres pelo mundo todo. Este crescimento da utilização da técnica cirúrgica levantou diversas questões sobre os prós e contras da cirurgia. Montenegro e Rezende Filho (2014), na execução da cesárea, deve-se ter atenção a dois pormenores: a incisão arciforme do útero e a da pele, também curvilínea, em pleno monte púbico. O obstetra, colocado à esquerda, procede à abertura transversal da pele e do tecido conectivo frouxo, subcutâneo, incisão ligeiramente encurvada formando arco (cujo raio tem de 10 a 12 cm), de cavo superior, pouco acima do púbis, em plena região 29 guarnecida de pelos, no nível das espinhas ilíacas. (MONTENEGRO E REZENDE FILHO, 2014, p 63). De acordo com progressão da incisão, o ferimento se abre de forma espontânea, devido a distensão da parede abdominal. Após o pinçamento e a cauterização dos vasos sanguíneos, deve-se dar início a secção, da aponeurose, bainha anterior do reto um pouco acima da incisão da pele. As aponeuroses devem ser bem descoladas, utilizando a tesoura na linha branca, cada um dos retos abdominais pode ser liberado da parede anterior da bainha, para cima, em direção ao umbigo. Os dedos indicadores esquerdos do cirurgião e de seu assistente levantam a parede anterior das bainhas, colocando-as sob tensão. Utiliza-se os dedos para a liberação do peritônio parietal, e faz o pinçamento, realiza uma incisão parietal com a tesoura de Metzembaum, protegendo intestinos. É colocado a válvula de Doyen (afastador dinâmico), após faz-se nova incisão com bisturi no peritônio visceral, ao se extrair o concepto, retira-se a valva de Doyen. Com todos os procedimentos realizados, as camadas são suturadas em duas camadas, diminuindo assim problemas com rompimento uterino em uma nova gestação (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2014). 1.3.2 Fibrose A formação da fibrose está diretamente ligada a fase de cicatrização de um processo cirúrgico, é iniciado a partir de um evento cirúrgico e gera uma série de eventos defensivos como citados anteriormente. De acordo com Vieira e Netz (2012), o colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano, tem como função fornecer resistência e integridade ao tecido, as fibras de colágeno são reabsorvidas durante o crescimento e o processo cicatricial. A reabsorção é iniciada por colagenases específicas que digerem as moléculas de tropocolágeno da fibra. Silva e Mejia (2018) elucidam a fibrose como uma das maiores complicações em processos cirúrgicos, compromete resultados estéticos, (figura 6) limita movimentos e aumenta a dor. A fase de remodelação é a mais longa, podendo continuar por até um ano após a cirurgia, é nesta última fase que se deve atuar terapeuticamente para prevenir a formação de fibrose. Segundo Guirro e Guirro (2010), a eficiência da circulação sanguínea e 30 linfática é determinante no processo de cicatrização, tanto no trauma agudo como na inflamação crônica, então se pode presumir que na ocorrência de algum tipo de disfunção em alguma das fases do processo de reparo, a fibrose impera. Ainda, segundo o mesmo autor, uma vez que se sabe o funcionamento do processo de reparo, entende-se que sempre haverá formação de fibroses, em menor ou maior quantidade. Figura 6: Fibrose em cicatriz de cesárea. Fonte: Martins, 2019. Kede e Sabatovich (2003) corroboram com a explanação acima, elucidando que a fibrose está associada a um defeito na cicatrização em funçãodo excesso de produção na matriz extracelular e pelo índice elevado de mitose dos fibroblastos dérmicos, portando existindo desregulação entre a proliferação e a apoptose celular. De modo a entender que, para evitar a fibrose, é necessário atuar de forma terapêutica logo que se inicia a resposta a agressão tecidual, logo que ocorre a síntese de colágeno. Após o trauma cirúrgico ocorrido nos tecidos, existe uma tendência natural de formação de tecido fibroso de forma a reparar as áreas lesadas. 1.4 Tratamento Verhaegen et al. (2012) descreveu em seu estudo a atuação das forças 31 mecânicas nos tecidos, concluiu que a elastina e o colágeno realinham-se de forma paralela em resposta ao estiramento. Em uma pele saudável foi visualizado feixes mais grossos e maior espaço entre os feixes foram encontrados. Portanto, mudanças rápidas na extensão, alinhamento e morfologia do colágeno parecem ser os mecanismos subjacentes de adaptação ao alongamento. Altomare (2019) elucida as principais forças mecânicas que atuam no tecido cicatricial: compressão e tensão. A compressão estimula a liberação de enzimas que degradam o tecido excessivo, utiliza-se tal força quando é necessário estimular a degradação tecidual. A tensão é a base de diversos tratamentos fisioterapêuticos, fenômenos como a mecanotransdução explica as respostas celulares quando se aplica a força de tensão. Deve ser aplicada nos tecidos cicatriciais, respeitando sua resistência para obter os benefícios desta força, o rearranjo das fibras colágenas, a diminuição da secreção de citocina responsável pela formação de fibroses (TGFß1), entre outras. Estudos demonstram que forças breves e suaves tem obtido melhores resultados que tensões fortes e duradouras. 1.4.1 Fisioterapia (recursos fisioterapêuticos) A formação de fibrose nos pós cirúrgicos é muito comum e há diversos recursos comumente utilizados na fisioterapia para redução no tecido fibrótico. Desde que aplicados corretamente, tem dado ótimos resultados, técnicas como: terapias manuais e recursos eletrotermofototerapêuticos estão entre os mais utilizados (VIEIRA; NETZ, 2012). 1.4.1.1 Terapia Manual Araújo (2011) descreve as técnicas manuais como manipulações e mobilizações que tem por objetivo estimular a propriocepção, produzir elasticidade em fibras aderidas e estimular líquidos sinoviais, a fim de reduzir a dor. A terapia manual tem se tornado uma importante ferramenta na intervenção de doenças e disfunções. São técnicas muito antigas e com grande 32 eficácia comprovada até os dias atuais, há documentos encontrados na China antiga e no Egito datados com cerca de 15 mil anos e serviram como base para o desenvolvimento das técnicas que hoje utilizamos. Algumas técnicas foram criadas por médicos e outras desenvolvidas por fisioterapeutas estão entre as filosofias básicas, a partir daí surgiu uma grande quantidade de subconjuntos como por exemplo: técnicas de mobilização neurodinâmica, facilitação neuromuscular proprioceptiva, liberação posicional, mobilização e manipulação articular, liberação miofascial, exercícios resistidos, drenagens manuais entre outros (DUTTON, 2010). Araújo (2011) concluiu que, quando adicionado técnicas de terapias manual nos tratamentos, houve uma melhora significativa funcional, pois, as técnicas possibilitam um efeito fisiológico à entrada de informações neurológicas, por meio dos mecanorreceptores, ativando assim, comportas medulares, a estimulação do retorno venoso e linfático, estresse nos tecidos encurtados por aderências, possibilitando a quebra das aderências e alterando significativamente as condições dos tecidos. Salienta também a grande variedade de técnicas existentes, mas que há critérios importantes para a aplicação correta das técnicas que devem ser respeitados. 1.4.2.1.1 Benefícios fisiológicos e terapêuticos da manipulação de cicatrizes Guirro e Guirro (2010) definem as técnicas manuais como o uso de várias técnicas que tem como objetivo promover o alívio do estresse promovendo o relaxamento, mobilizando estruturas variadas, aliviando as dores e os edemas, prevenindo deformidades e promovendo independência funcional em um indivíduo. As técnicas envolvem diversas condições como o terapeuta precisa de conhecimento de anatomia e fisiologia da pele, conhecimento profundo das manobras a serem executadas, suas indicações e contraindicações, direção, pressão, velocidade, ritmo, frequência e duração das sessões. As técnicas manuais exercem um efeito mecânico no local, decorrente da ação direta da pressão exercida neste local e também uma ação reflexa indireta, por liberação de substâncias vasoativas. Os efeitos fisiológicos podem ser divididos em circulatórios, neuromusculares, metabólicos e reflexos. Na Circulação sanguínea localizada há o deslocamento do líquido nos vasos, 33 aumentando assim a velocidade do fluxo e a troca de substâncias com as células tissulares (GUIRRO & GUIRRO, 2010). Os efeitos neuromusculares são extremamente benéficos, já que com o aumento da circulação sanguínea ocorre a rápida eliminação de substâncias residuais, melhorando assim a nutrição das miofibrilas e eliminando o líquido extravascular, possibilitando assim o aumento da contratilidade e excitabilidade, tornando o músculo melhor nutrido. Quanto a seus efeitos metabólicos é citado o aumento da diurese quando realizado técnicas manuais no abdômen, essa diurese é acompanhada pelo aumento na excreção de nitrogênio, fósforo inorgânico e cloreto de sódio. Os efeitos reflexos são explicados pela ação da terapia manual nos sistemas nervoso central, autonômico e periférico. Os efeitos reflexos podem ser entendidos como alterações do limiar elétrico associadas ao sistema neurológico, obtendo-se assim diversos efeitos fisiológicos (GUIRRO & GUIRRO, 2010). 1.4.2.1.2 Indicações Segundo Guirro e Guirro (2010), as técnicas manuais devem basear-se em seus efeitos e nas disfunções apresentadas pelo paciente, são indicadas na presença de edemas e hematomas, cicatrizes aderentes, tensão muscular, dor e diminuição de amplitude de movimento. Devendo constar sempre o tipo de manobra, o tempo de duração, a intensidade das manobras e a frequência de tratamento. 1.4.2.1.3 Contraindicações Para Guirro e Guirro (2010), é contraindicado as técnicas manuais quando há patologias e existe o risco de acentua-las ou propaga-las. Patologias como tumores benignos ou malignos, distúrbios circulatórios (flebites, tromboflebites, erisipela), doenças de pele (eczema, furúnculos, entre outros), queimaduras, trombose venosa profunda, gravidez – em caso de técnicas abdominais mais profundas e processos infecciosos. 1.4.2.1.4 Cuidados a serem tomados 34 Segundo Altomare (2019), alguns cuidados são importantes para as abordagens manuais em tecido cicatricial. Ao iniciar o tratamento no paciente observar se a abordagem está dentro dos parâmetros de tensão mecânica, pois, técnicas mais intensas podem afetar o equilíbrio das tensões extrínsecas e intrínsecas que atuam no tecido cicatricial, fazendo com que o quadro seja agravado. As abordagens manuais devem ser feitas respeitando as resistências do tecido, a terapia manual nunca deve provocar dor. 2 O EXPERIMENTO 2.1 Recursos Metodológicos O Projeto foi submetido na Plataforma Brasil atendendo a resolução 466/12 e 510/16 do Ministério da Saúde e aprovado pelo comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. Parecer consubstânciado nº 3.417.590 (ANEXO A). 2.1.1 Tipo de pesquisa/Experimental Trata-se de um estudo aleatorizado e controlado com abordagem qualitativa e experimental. Segundo Gil (2017), a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, escolher as variáveis e definir as formas de comando de tal estudo. Trata-sede um estudo onde o pesquisador age ativamente. 2.1.2 Estudo Aleatorizado e Controlado Para Souza (2009), o Estudo Clínico Randomizado (ECR) é uma poderosa ferramenta para obter evidências para o cuidado com a saúde. Apesar de apresentar possíveis variações, se baseia na comparação entre duas ou mais intervenções, as quais são controladas pelos pesquisadores e aplicadas aleatoriamente em um grupo de participantes. 2.1.3 Critérios de Inclusão 35 Mulheres de 20 a 50 anos, com cicatriz de cesárea, que possuem encurtamento de cadeia posterior que apresente um padrão abaixo da média que são 33 cm, avaliado através do Banco de Wells, que não estivessem em período menstrual e concordando em participar assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. (ANEXO B) 2.1.4 Critérios de Exclusão Mulheres que já realizaram cirurgias na coluna, que possuírem qualquer patologia associada ou que estiverem no período de menopausa. E que tiverem um padrão acima da média que são 33 cm na avaliação do banco de wells. 2.2 Condições Ambientais O presente estudo foi realizado na Clínica Escola do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins – (UniSALESIANO) no Setor de Ortopedia, no período de agosto a setembro de 2019. 2.3 Casuística e Métodos 2.3.1 Casuística Participaram do estudo 20 voluntárias do sexo feminino, com idade entre 20 a 50 anos com cicatriz de cesárea e que apresentem Hipomobilidade de cadeia posterior. Foi realizada uma intervenção aguda, com duração de 12 minutos cada, em um único dia. As avaliações foram realizadas antes e após a intervenção na Clínica Escola do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins – (UniSALESIANO) no Setor de Ortopedia, no período de agosto a setembro de 2019. 2.3.1.1 Métodos Para avaliação foi realizado o teste utilizando o Banco de Wells, antes e após o tratamento, que irá avaliar a mobilidade da cadeia posterior em pacientes 36 com padrão abaixo da média de 33 cm de acordo com a tabela 1. E, para mensurar a mobilidade do tecido cicatricial, foi utilizado o Aderômetro. 2.4 Materiais A intervenção foi realizada utilizando uma maca para tratamento, para realização dos testes foi utilizado para mensurar a mobilidade de cadeia posterior um Banco de Wells e para mensurar a mobilidade do tecido cicatricial o Aderômetro. 2.5 Procedimentos As avaliações foram realizadas na Clínica Escola do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins – (UniSALESIANO) no Setor de Ortopedia, na sala de avaliação. A intervenção foi realizada no mesmo local, em sala reservada, os testes foram realizados pelo pesquisador 1 após os testes, outro pesquisador foi responsável por aplicar a técnica (pesquisador 2), posterior a aplicação da técnica o paciente foi encaminhado para reavaliação. 37 Figura 7: Esquematização para intervenção Fonte: Os autores, 2019. Após recrutadas, as participantes foram randomizadas em dois grupos de 10 participantes cada, por meio do site http://www.randomization.com, onde foram inseridas as informações da amostra, dos grupos e classificadas em grupo ativo (manipulação) e grupo placebo (figura 7). Os grupos foram avaliados anteriormente com o teste Banco de Wells e o Aderômetro conforme descrito e cada participante foi encaminhada para a sala de tratamento, onde o pesquisador 2 deu início a intervenção sem a presença do pesquisador 1, onde recebeu as informações acerca da técnica a ser utilizada. O pesquisador responsável pela aplicação da técnica solicitou a participante que se posicionasse na maca em decúbito dorsal e expusesse a cicatriz de cesárea, foi realizada a técnica manipulativa na cicatriz de cesárea conforme descrito no item 2.6.2 deste estudo, após 12 minutos decorridos do início da aplicação da técnica a participante aguardou na maca para a reavaliação com o aderômetro (item 2.6.1.1) e após pôde levantar-se da maca e foi reencaminhada para o teste Banco de Wells conforme descrito no item 2.6.1. Os dados foram colhidos e armazenados para análise estatística. 2.6 Avaliação Avaliado para elegibilidade n=20 Exclusão n=0 Grupo Ativo (Manipulação) n=10 Intervenção descontinuada n=0 Analisados n=10 Excluidos da análise n=0 Grupo Placebo (Laser) n=10 Intervenção descontinuada n=0 Analisados n=10 Excluidos da análise n=0 Randomizadados n=20 38 As participantes inicialmente foram avaliadas com o teste “Banco de Wells” onde foi utilizado modelo Instant Flex Sanny (figura 8), com sistema de leitura dos resultados, que fornece a classificação da medida diretamente no banco de Wells, sem o uso de tabelas. Figura 8: Banco de Wells Sanny. Fonte: Os autores, 2019. As participantes foram posicionadas sentadas no solo com pés descalços e totalmente apoiados na caixa, com a face plantar tocando o apoio, os braços estendidos à frente, com o terceiro dedo um sobre o outro e a palma das mãos para baixo. As participantes deveriam flexionar o tronco sobre o quadril, empurrando a estrutura de madeira, que possui uma fita métrica milimétrica, cessando o movimento ao chegar em seu ponto máximo de flexão. Foi realizado três vezes a mensuração, considerando-se a maior distância atingida. Após a avaliação com o Banco de Wells realizou-se a avaliação da aderência da cicatriz, utilizando o Aderômetro como ferramenta de avaliação, a participante foi colocada em decúbito ventral expondo a cicatriz Em caso de cicatrizes lineares o pesquisador mensura o centro da cicatriz, medindo sua distância entre as duas extremidades da cicatriz (figura 9). 39 Figura 9: Aderômetro para mensurar a aderência cicatricial. Fonte: Os autores, 2019. O Aderômetro deveria ser posicionado de modo que os anéis ficassem centrados no marco. A pele deveria estar relaxada e nas proximidades as articulações estavam em uma posição solta. O pesquisador deve segurar o dispositivo na mão, apoiando-a no corpo da participante de tal forma que não haja contato entre o aderômetro e a pele do paciente. O outro polegar é posicionado perto da borda externa do dispositivo (17 mm do centro). Antes de alongar a pele com o polegar com força máxima dentro de um intervalo confortável para a participante, a tração foi aplicada em 4 direções: caudal, cefálico, lado direito e esquerdo. Para cada tração, o pesquisador lê sobre o Aderômetro a posição do marco na excursão máxima. Uma vez que a tensão é liberada, o pesquisador deveria verificar se o marco retorna ao centro, em caso negativo seria necessário repetir a medição Após obter as medidas do quadrilátero, foi calculado o índice de mobilidade da cicatriz: SMA, sendo SMA: Índice de Mobilidade de Superfície da Adesão. A pontuação do SMA foi obtida calculando a área do quadrilátero: RC X S1S2/2 Abaixo há a representação gráfica da mobilidade de superfície índice. Onde, O é a posição original de o ponto de avaliação, S1 e S2 representam as 2 excursões laterais máximas e C e R representam o máximo caudal e excursões cefálicas. 40 Figura 10: Esquema para medidas do quadrilátero. Fonte: FERRIERO et a.l, 2010, p 779. Ferriero et al. 2010, elucidam o cálculo para mensurar o quadrilátero (figura 10), onde as diagonais S1S2 (lado-a-lado, vermelho) e RC (cefalo-caudal, azul), se cruzam em ângulos retos, área do quadrilátero é calculada como: (S1S2 x RC) / 2. Neste exemplo, S1+S2 (7+ 5= 12 mm), R+C (8+ 2=10 mm) e consequentemente, a mobilidade superficial o índice é calculado como 12 x10/2= 60 mm² (FERRIERO et al., 2010). 2.6.1 Banco de Wells O teste de sentar e alcançar foi descrito por Wells e Dillon, em 1952. Neste método de avaliação, a participante sentava-se com as pernas em extensão completa, com os membros inferiores ligeiramente afastados e a face plantar tocando completamente a estruturade madeira, medindo aproximadamente 25 cm de altura. Sobre essa estrutura encontra-se uma régua com medidas em centímetros. O teste foi realizado com as participantes descalças para que não houvesse nenhuma alteração quanto ao tamanho dos membros inferiores. Foi solicitado a participante que realizasse três repetições de flexão do tronco, deixando os joelhos, cotovelos e punhos em extensão total (WELLS; DILLON, 1952). Segundo a Metodologia de Wells e Dillon, (1952) considera-se como zero o contato dos membros inferiores com o anteparo, conseguindo obter resultados 41 positivos ou negativos, quando as pontas dos dedos não chegam a alcançar ou a ultrapassar o anteparo (WELLS; DILLON, 1952). Tabela 1 – Classificação do nível de flexibilidade em cm para o teste banco de wells em mulheres de diferentes faixas etárias de acordo com o Canadian Standardizes Test of Fitness (CSTF). Idade 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 Excelente >43 >41 >41 >38 >39 >35 Acima da Média Média Abaixo da Média Ruim 38-42 34-37 29-33 <28 37-40 33-36 28-32 <27 36-40 32-35 27-31 <26 34-37 30-33 25-29 <24 33-38 30-32 25-29 <24 31-34 27-30 23-26 <22 Fonte: Canadian Standardizes Test of Fitness (CSTF), 1987. De acordo com Fitness Canada; Canada Fitness And Amateur Sport (1987), há uma classificação de referência da flexibilidade de acordo com a idade e os resultados do teste banco de wells, utilizados para parametrizar os diferentes níveis médios. 2.6.1.1 Aderômetro Segundo Ferriero et al. (2010), o aderômetro (figura 11) é um método para avaliação de aderência de cicatriz pós-cirúrgica, define-se como a restrição da mobilidade da cicatriz, respeitando os tecidos subjacentes do pior ponto de adesão quando esticado em 4 direções ortogonais. 42 Figura 11: Aderômetro Fonte: Ferriero et al., 2010, p 777. O Instrumento tem formato ergonômico consistindo em 9 anéis concêntricos com raios de 1,2,4,6,8,10,12,14 e 15 mm respectivamente, impresso em filme de transparência flexível para copiadoras. 2.6.2 Técnica de Manipulação de Cicatriz As medidas do Banco de Wells e do Aderômetro foram realizadas na avaliação (antes do início do tratamento), a técnica manipulativa foi realizada por um pesquisador que desconhecia as medidas da avalição, a técnica realizada facilita a mobilidade independente entre as camadas de tecido, conforme necessário. A participante foi posicionada em decúbito dorsal com a cicatriz de cesárea exposta, o pesquisador posicionado em finta anterior em posição cefalo- caudal, posicionando sua mão direita sobre a cicatriz, o pesquisador exerceu uma pressão anteroposterior, até encontrar a barreira elástica e realizou movimento para lateral direita, em seguida, executou o movimento para lateral esquerda e verificou a direção da tensão da fáscia palpável, e manteve no sentido da restrição a tensão por 10 minutos, em seguida foram realizadas técnicas de liberação da cicatriz, aplicando um stretching na direção da restrição palpável. Isso envolveu manter pressão profunda cuja força e direção foram 43 ditadas pelo pesquisador (WASSERMAN et al., 2016). Figura 12: Técnica de Manipulação de cicatriz Fonte: Wasserman et al., 2016. p 9. As pressões foram mantidas até o pesquisador sentir um abrupto relaxamento na tensão do tecido, geralmente em torno de 120 segundos (WASSERMAN et al., 2016). 2.6.2.1 Técnica Placebo As participantes selecionadas para a técnica placebo fizeram as avaliações citadas anteriormente, posicionadas na maca de tratamento e expuseram a cicatriz de cesárea, foi utilizado um aparelho de fotobiomodulação a laser, modelo THERA LASE da marca DMC, as participantes foram orientadas acerca da técnica utilizada, foi solicitado a utilização de óculos protetor tanto para a participante quanto para o pesquisador responsável. Sobre a técnica, foi realizado a mensuração da cicatriz e demarcado os pontos, que são no início, meio e fim da incisão, utilizado 6 pontos em torno da cicatriz sendo eles: 3 pontos superiormente a cicatriz, e 3 pontos inferiormente, com duração de 2 minutos de aplicação cada ponto, a caneta do laser foi posicionada próxima ao tecido, porém, sem toca-lo. 44 Figura 13: Aparelho de Fotobiomodulação Fonte: Os autores, 2019. Frare e Nicolau (2008) ao verificar uma Análise clínica do efeito da fotobiomodulação laser (GaAs – 904 nm) sobre a disfunção temporomandibular utiliza o laser nas intervenções placebo com a mesma técnica utilizada no grupo controle, porém com o laser desligado. Sendo assim, a intervenção foi realizada com o aparelho desligado, durante 12 minutos, tempo semelhante à técnica de manipulação de cicatriz. 2.7 Análise Estatística Foi utilizado o teste de normalidade Shapiro-Wilk. Onde foi constatado normalidade dos dados e com isso, utilizado o Teste T de Student paramétrico. Foi atribuída a presença de diferença significante de (p<0,05) A análise dos dados foi realizada por meio do Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 20.0. 2.8 Resultados 45 Na tabela 2, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) do resultado do teste de amplitude de movimento da cadeia posterior (ADMCP) realizado através do Banco de Wells Pré e pós intervenção dos participantes do grupo mobilização da cicatriz e placebo. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes intragrupo para o grupo mobilização da cicatriz (p ≤ 0,004), porém, não houve diferença estatisticamente significante intragrupo para o grupo placebo (p ≤ 0,356). Não houve diferença estatisticamente significante intergrupo para o teste de ADMCP (p ≤ 0,184). Tabela 2 – Resultados do teste de amplitude de movimento da cadeia posterior (ADMCPçi) de ambos os grupos pré e pós intervenção. Grupo ADM pré (º) Média (DP) ADM pós (º) Média (DP) % de alteração Valor p intragrupo Valor p intergrupo Manipulação 22,4 ± 4,3 25,3 ± 4,1 14% 0,004* 0,184 Placebo 25 ± 6,8 25,9 ± 8,8 2% 0,356 Fonte: Autores, 2019 * Nível de significância de 5% (p<0,05) em relação ao valor pré (valores intragrupo) Na tabela 3, são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) do resultado do teste de mobilidade da cicatriz (MC) avaliada através do aderômetro pré e pós intervenção dos participantes do grupo mobilização da cicatriz e grupo placebo. Tabela 3 – Resultado do teste de mobilidade da cicatriz (MC) de ambos os grupos pré e pós intervenção. Grupo MC pré (mm) Média (DP) MC pós (mm) Média (DP) % de alteração Valor p intragrupo Valor p intergrupo Manipulação 101,4 ± 32,5 177,7 ± 58,6 79% 0,000* 0,025# Placebo 103,0 ± 43,0 129,5 ± 57,0 26% 0,009* Fonte: Autores, 2019 * Nível de significância de 5% (p<0,05) em relação ao valor pré (valores intragrupo) # Nível de significância de 5% (p<0,05), valores intergrupo Foram observadas diferenças estatisticamente significantes intragrupo para o grupo mobilização da cicatriz (p ≤ 0,000) e para o grupo placebo (p ≤ 46 0,009). Houve diferença estatisticamente significante intergrupo (p ≤ 0,025). 2.8.1 Discussão A presente pesquisa teve como objetivo verificar a influência da técnica de mobilização da cicatriz de cesárea sobre a mobilidade da cadeia posterior e mobilidade da cicatriz. O resultado da presente pesquisa sugere que a técnica de mobilização da cicatriz é eficaz para melhora da mobilidade tecidual da região da cesárea. A manipulação fascial foi utilizada como proposta no tratamento de aderências em cicatrizes de cesárea em mulheres com pouca mobilidade lombar. Apresentando melhora clínica na ADMCP, porém não estatisticamente relevante, no teste de MC houve melhora estatisticamente e clinicamente relevante. Okabayashi et al. (2013) discorremque as aderências estão associadas ao aumento de complicações pós-operatórias, custo e carga de trabalho. Ao realizar uma revisão sistemática com agrupamento estatístico, utilizando uma pesquisa bibliográfica de artigos entre janeiro de 1990 e julho de 2011, 25 artigos preencheram seu critério de inclusão com o objetivo de estimar as taxas de formação, distribuição e gravidade das aderências no pós-operatório de cirurgias abdominais concluíram que a incidência e severidade das aderências abdominais variam entre as especialidades e procedimentos, e é necessário uma maior conscientização sobre as adesões que podem ajudar a identificar os mecanismos subjacentes de formação das aderências e novas abordagens terapêuticas, enquanto melhora o processo do consentimento cirúrgico. Bordoni e Zanier (2013) conceituam que todo elemento ou célula do corpo humano produz substâncias que comunicam e respondem de modo autócrino ou parácrino, afetando, como consequência, órgãos e estruturas aparentemente distantes umas das outras. Quando a integridade da pele é alterada ou o processo de cicatrização é perturbado, ela se torna uma fonte de sintomas que não são apenas cutâneos. Os autores examinaram as respostas patológicas produzidas pelas cicatrizes analisando, definições e diferenças. Ao mesmo tempo consideraram as fáscias subcutâneas, pois tal estrutura conectiva é alterada quando há superfície cutânea descontínua. Como consequência temos uma ampla sintomatologia, que não se limita apenas à área do corpo onde a 47 cicatriz está localizada, como um distúrbio postural. De acordo com a elucidação, constatou-se que é uma boa prática, avaliar o quadro clínico de um paciente verificando sempre a presença de cicatrizes. Olhar para o paciente como um sistema e não apenas como um sintoma ou segmento ajudará o clínico e profissionais que usam técnicas manuais a encontrar um tratamento eficaz. Bella (2011) discorre sobre campo interferente, como um tecido pré lesionado devido um estímulo forte ou longo, que não puderam ser eliminados ou silenciado, em um estado de irritação permanente e antifisiológica. Isso faz com que surja uma área crônica de despolarização irradiante de informações interferindo, podendo ser um estímulo, único, móvel ou estacionário, expressando sinais ou sintomas que a medicina chama de quadro clínico. As inter-relações biocinéticas entre periferia e central dependem de uma transmissão normal de informações que são possíveis se todas as vias vegetativas estão intactas, sendo baseada na mudança constante da frequência de pulso. Informações falsas guiam mal os mecanismos de regulação. Cicatrizes são um dos principais campos de interferência, em medições elétricas realizadas em cicatrizes, encontrou-se uma resistência alta e anormal em relação a pele normal, em certos locais a resistência era 10 vezes maior, quando comparada. Exames histológicos realizados indicaram que as cicatrizes formam campos de interferência. O autor introduziu um anestésico procaína ou lidocaína diretamente no campo de interferência, a resposta psicológica ao estímulo a neuralterapia se manifesta pela inibição da dor e distensão da musculatura espástica. Esta resposta conhecida como “reação relâmpago" pode ser imediata ou aparecer depois de algumas horas. Concluíram que a procaína, estimula a terapia neural que é capaz de desbloquear sistemas de regulação neurovegetativa, quando aplicada na área interferente. Um estudo realizado por Da Fonseca et al., (2019) onde foram avaliadas 34 mulheres com cicatriz de cesárea, pacientes do ambulatório de fisioterapia ortopédica, com o objetivo de analisar os efeitos da bandagem elástica na redução da queixa de dor local em estático, dor ao movimento, sensibilidade dolorosa, flexibilidade e função vascular em pacientes com sintomas musculoesqueléticos, submetidas à cirurgia de cesariana teve como resultados uma diminuição das queixas de dor em geral (p=0,004), dor ao movimento (p = 0,02), sensibilidade dolorosa (p = 0,0001), flexibilidade (p = 0,047) e condição 48 vascular (p = 0,027). Com isso, foi observado que após a aplicação da bandagem elástica todas as variáveis analisadas tiveram melhora significativa quando comparadas a condição inicial. O que corrobora com este estudo. Alguns autores realizaram estudo utilizando técnica de crochetagem miofascial com 26 mulheres, matriculadas em cursos da área da saúde da universidade, com idade ≥ 18 anos, que realizaram cirurgia cesariana com o objetivo de avaliar o efeito da crochetagem miofascial sobre a intensidade da dor, sensibilidade, amplitude de movimento e temperatura da superfície quando aplicada sobre a cicatriz. Seus resultados demonstraram uma diminuição na intensidade da dor (p = 0,0001), dor ao movimento (p = 0,0001), flexibilidade (p = 0,01) e a avaliação da temperatura no local dos sintomas não teve alterações (p = 0,70). Portanto a crochetagem miofascial contribuiu para a diminuição da sensação de dor, e foi observado um ganho considerável na flexibilidade da amostra estudada, embora não tenha sido verificado a melhora da mobilidade da cicatriz de cesárea, demonstra claramente uma melhora na mobilidade da cadeia posterior, corroborando com este estudo. (IGA et al., 2019). Wasserman et al. (2016) descreve os resultados de duas participantes com cicatrizes de cesárea cronicamente dolorosa, após uma intervenção com técnicas miofasciais. Neste estudo de caso, realizou quatro sessões de tratamento com duração de 30 minutos por um período de duas semanas, que consistia em esticar a cicatriz até que houvesse uma liberação na tensão do tecido, que fosse sentida pelo terapeuta. Utilizando para a avaliação um algômetro para a tolerância a dor, medidas de flexibilidade da cicatriz utilizando do Aderômetro e a Escala numérica de Classificação da dor (NPRS). Em quatro semanas, a tolerância à pressão em todos os pontos melhorou em até 79% (p <0,0001) e a mobilidade da cicatriz aumentou em todas as direções em todos os pontos em até 200% (p <0,0001). Após o tratamento, ambos os indivíduos classificaram sua dor pré-menstrual para todas as atividades anteriormente dolorosas em 0/10 pela primeira vez desde suas cirurgias. Sugerindo que as técnicas de liberação da cicatriz podem ajudar a reduzir a dor crônica da cicatriz em mulheres com cesariana. No presente estudo pode-se observar o impacto que a terapia manual oferece na melhora amplitude de movimento da cadeia posterior e sobre a mobilidade da cicatriz de cesárea. Uma vez que foi realizada apenas uma 49 intervenção aguda. Elucidando os dados obtidos através das pesquisas à literatura e associados aos resultados, pode-se afirmar que a aplicação da manipulação fascial em cicatriz de cesárea foi benéfica para mobilidade da cicatriz e amplitude de movimento da cadeia posterior. 2.8.2 Limitação do estudo A primeira limitação refere-se a dificuldade de obter uma amostra mais significativa. Devido ao tempo reduzido e a falta de disponibilidade das participantes em comparecer ao local, o número da amostra foi fixado em 20 participantes, fator que contribuiu para limitações do estudo e, certamente que, para uma amostra mais significativa e representativa da população permitiria uma maior validade externa. A segunda limitação está relacionada com a falta de estudos com o mesmo objetivo deste estudo e com a mesma população alvo, o que limitou fortemente em termos de revisão de literatura e de comparação de resultados com outros estudos realizados. A terceira limitação é relacionada a não avaliação do follow-up, para verificar se poderia ter ocorrido melhora significativa em algumas horas ou até mesmo dias após a intervenção. A quarta limitação refere-se à quantidade de sessões, como foi realizado uma intervenção aguda não podemos observar outros aspectos e possibilidades
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