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Figueira, Videira, Oliveira - 3 Ministérios distintos

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Projeto Gráfico e Editoração 
Márcio Bertachini 
 
 
 
Composição – 2013 
Atibaia – São Paulo 
Categoria: Estudo Bíblico e Admoestação 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos 
 
 
 
 
 
ministerioescrito@hotmail.com 
ministerioescrito.blogspot.com 
mailto:ministerioescrito@ig.com.br
Referências 
 
 
As citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida – 
Edição Revista e Corrigida (ERC) de 1994, salvo menção espe-
cífica: ERA (Edição Revista e Atualizada de 1997). 
As citações bíblicas com “duplas” aspas são literais 
(como em “Persiste em ler” na ERC), enquanto as com aspas 
‘simples’ são uma adaptação do texto original (como em 
‘persistindo em ler’). 
Os textos demarcados por [colchetes] dentro das citações 
bíblicas são acréscimos do autor para uma melhor compreensão 
do texto. 
Os verbetes enfatizados foram consultados no Dicionário 
Brasileiro Melhoramentos, 4ª Edição, de 1968. 
O texto grego do Novo Testamento examinado foi o da 
“Trinitarian Bible Society, England – H KΑINH ΔIAΘHKH”. 
O que Israel desprezou, 
os gentios desejaram 
ardentemente. 
 
 
 
 Controvérsia 06 
 
 Considerações 07 
 
 O Senhor a plantar 09 
 
 Três Ofícios distintos 20 
 
 A Oliveira 22 
 
 A Videira 25 
 
 A Figueira 28 
 
 Israel a desarraigar 33 
 
 6 
Controvérsia 
 
 
“Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Isra-
el!...” (Jr 31.4). 
“... O Senhor pisou como num lagar a virgem filha de Ju-
dá” (Lm 1.15). 
“A virgem de Israel caiu, nunca mais tornará a levantar-
se...” (Am 5.2). 
 
 
 
“Como se fez prostituta a cidade fiel!...” (Is 1.21). 
“... mas tu tens a testa de uma prostituta, e não queres ter 
vergonha” (Jr 3.3). 
“... Assim diz o Senhor Jeová a Jerusalém... ó meretriz, 
ouve a palavra do Senhor” (Ez 16.3,35). 
 7 
Considerações preliminares 
 
Se o leitor tiver o cuidado de verificar o contexto destas 
passagens, perceberá facilmente que todas elas tratam da nação 
de Israel. 
E cabe uma pergunta à contradição proposta acima. Como 
uma virgem poderia ser classificada como uma prostituta? Ou 
uma meretriz ser considerada virgem? Pois que, no exemplo das 
três primeiras passagens apresentadas, Israel é denominada vir-
gem depois da prostituição consumada. 
Poderíamos responder a esta questão tomando a Igreja, 
corpo de Cristo, como exemplo. Ainda que os membros desta 
Igreja sejam pecadores e pecadoras, no entanto são redimidos 
pelo Senhor. Ainda que eventualmente devamos “lavar os pés”, 
significando o pecado presente em nossas vidas, o próprio Se-
nhor Jesus atestou: “Vós estais limpos”, e “aquele que está lava-
do não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está 
limpo” (Jo 13.5-10). 
Voltando então à proposta acima, Deus pode ver Israel 
como uma virgem, pois que a “resgatou da casa da servidão... 
com mão forte” (Dt 7.8), embora, moralmente falando, ela se 
comporte como uma prostituta. 
Realmente, isto é uma grande verdade. E deveria tocar 
solenemente em nossas almas presunçosas, quando analisadas 
sob o aspecto prático de nossa vida cristã, já que estas coisas fo-
ram escritas para nosso aviso (1 Co 10.11). Mas não esgota a 
verdade mais profunda que podemos extrair destes símbolos, 
quando observados sob o prisma do interesse da própria nação a 
que se refere e do Senhor que a criou. 
Sobre estes dois símbolos, e outros que se farão necessá-
rios ao longo deste estudo, pretendemos assentar alguns tijolos 
 8 
fundamentais para uma correta e perfeita interpretação das coisas 
que ainda estão por vir. Nós, cristãos, temos recebido ensino so-
bre ensino acerca dos mais variados assuntos. E, geralmente, não 
nos portamos como os crentes de Beréia, “examinando cada dia 
nas Escrituras se estas coisas eram assim”. Ainda que fosse Pau-
lo quem falasse, e ele estava acima de qualquer suspeita, o teste-
munho das Escrituras estava acima da idoneidade deste santo. 
Não vamos lançar de novo “o fundamento do arrependi-
mento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batis-
mos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e 
do juízo eterno” (Hb 6.1-2). Estas experiências e entendimentos 
são os requisitos mínimos necessários para aqueles que já nasce-
ram de novo, para os que já se achegaram a Deus “com verda-
deiro coração, em inteira certeza de fé”, “tendo os corações puri-
ficados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa... 
pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos con-
sagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19-22). 
O que pretendemos é rever alguns conceitos, entendendo 
apropriadamente alguns símbolos utilizados pelo Espírito Santo 
em sua Palavra, para vislumbrarmos melhor as coisas que nos 
cercam, e que são o passo necessário para compreendermos o 
futuro não muito distante. 
Não vamos fazer um detalhamento Apocalíptico, mas as-
sentar as pedras fundamentais que nortearão uma correta inter-
pretação e compreensão das “coisas que depois destas devem 
acontecer”. 
 9 
O Senhor a plantar 
 
Primeiramente, para o perfeito entendimento da estru-
tura da Palavra de Deus, devemos sempre ter em mente os 
três grupos de pessoas que formam toda a humanidade. Sem 
esta precisa divisão, jamais poderemos “manejar bem a pa-
lavra da verdade”, e estaremos sempre tateando em derre-
dor destas páginas tão resplandecentes quanto o sol. 
Todo o Novo Testamento, distribuído pelas cartas dos 
apóstolos e discípulos de Jesus Cristo, ensina esta verdade. 
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos 
judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus” (1 Co 
10:32). 
Esta é a divisão pela qual Deus se interessa e atua no 
momento. E ele tem um propósito especial para os três. Os 
judeus não englobam os gregos nem a Igreja de Cristo. Os 
gregos não englobam os judeus nem a Igreja, corpo de Cris-
to. Mas a Igreja, e somente ela, engloba judeus e gentios em 
seu corpo. 
Devemos entender por judeu todo aquele indivíduo 
que nasce da descendência física de Abraão, pelo seu filho 
Isaque e Jacó (Israel). Todo aquele que não é judeu na carne 
é um gentio, ou grego como se refere Paulo, por ter sido es-
ta nação a base da cultura romana em que Paulo vivia. As-
sim, nós brasileiros, formados pela mistura de vários povos, 
somos gentios, nacionalmente falando. 
A Igreja, corpo de Cristo, é constituída por todo indi-
víduo judeu ou gentio que aceita Jesus como seu salvador e 
Senhor. 
 10 
Se o leitor reparar com atenção o segundo capítulo da 
epístola de Paulo aos Efésios, verá que há uma distinção 
entre estes três grupos de pessoas demarcadas pelos prono-
mes pessoais “nós” e “vós”. A carta aos Efésios trata deste 
grupo grego que representa os gentios. 
“E vos vivificou [gentios], estando vós [gentios] mor-
tos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes 
[gentios] segundo o príncipe das potestades do ar, do espíri-
to que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os 
quais todos nós também [nós, judeus, porque Paulo se in-
clui agora] antes andávamos nos desejos da nossa carne 
[judeus], fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e 
éramos [nós, judeus] por natureza filhos da ira, como os ou-
tros também [judeus e gentios em que operava e ainda ope-
ra o espírito da desobediência]. 
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu 
muito amor com que nos amou [judeus], estando nós 
[judeus] ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou jun-
tamente com Cristo (pela graça sois [gentios] salvos), e nos 
[judeus] ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar 
nos lugares celestiais, em Cristo Jesus... 
Portanto, lembrai-vos [gentios] de que vós noutro 
tempo éreis gentios na carne [porque não eram circuncida-
dos como Abraão], e chamados incircuncisão pelos que na 
carne se chamam circuncisão [judeus] feita pelas mãos dos 
homens; que naquele tempo estáveis [gentios] sem Cristo, 
separados da comunidade d’Israel [judeus], e estranhos aos 
concertos da promessa, não tendoesperança, e sem Deus no 
mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós [gentios], que antes 
estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto [dos 
judeus]. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos 
[judeus e gentios que passam a crer em Jesus] fez um 
[Igreja]; e, derribando a parede de separação que estava no 
 11 
meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos man-
damentos, que consistia em ordenanças, para criar em si 
mesmo [em Cristo] dos dois [judeus e gentios] um novo ho-
mem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com 
Deus em um corpo [Igreja], matando com ela as inimizades. 
E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis 
longe [gentios], e aos que estavam perto [judeus]; porque 
por ele [Cristo] ambos temos acesso ao Pai em um mesmo 
Espírito. Assim que já não sois (gentios) estrangeiros, nem 
forasteiros, mas concidadãos dos Santos (o Israel fiel), e da 
família de Deus (todos os fiéis de todos os tempos); edifica-
dos sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de 
que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual to-
do o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Se-
nhor. No qual também vós (gentios) juntamente sois edifi-
cados para morada de Deus em Espírito.” 
Para não restar dúvida de que ‘vós’ se refira aos po-
vos estrangeiros, portanto não-judeus, Paulo conclui, inici-
ando o capítulo terceiro, enfatizando este termo: “Por esta 
causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, 
os gentios...”. 
Este excelente capítulo já deveria ser o suficiente para 
entendermos a realidade destes três corpos. Quando despre-
zamos este tipo de divisão, fazendo com que tudo seja para 
todos, incorremos em falta grave para com Deus e sua Pala-
vra, e colheremos certamente um fruto espiritual corrompi-
do. Quando Deus fala aos judeus, não queira você, ressusci-
tado no corpo de Cristo, portanto sendo membro da Igreja, 
tomar estas palavras ou promessas como sendo suas. Deus 
não desprezou a nação de Israel, como alguns gostariam 
que assim fosse. Ouça o que Paulo, judeu por excelência, 
diz mais sobre seu povo em Romanos 11. 
“Digo pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De 
 12 
modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descen-
dência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou 
o seu povo, que antes conheceu... Digo pois: Porventura 
tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela 
sua queda veio a salvação aos gentios [que estavam separa-
dos da comunidade de Israel, como vimos acima], para os 
incitar à emulação [inveja aos judeus]... 
Porque se a sua rejeição [judeus] é a reconciliação do 
mundo [gentios], qual será a sua admissão, senão a vida 
dentre os mortos? E, se as primícias são santas, também a 
massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são. E se 
alguns dos ramos foram quebrados (judeus), e tu, sendo 
zambujeiro [oliveira brava, falando dos gentios], foste en-
xertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da sei-
va da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra 
eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a 
ti [gentio convertido]. Dirás pois: Os ramos foram quebra-
dos, para que eu [gentio] fosse enxertado. Está bem: pela 
sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé: 
então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não 
poupou os ramos naturais [judeus], teme que não te poupará 
a ti também [gentios crentes]. 
Considera pois a bondade e a severidade de Deus: pa-
ra os que caíram [judeus], severidade; mas para contigo 
[gentios “sem Deus no mundo”], a benignidade de Deus, se 
permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, tam-
bém tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem 
na incredulidade, serão enxertados: porque poderoso é Deus 
para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do na-
tural zambujeiro, e, contra a natureza, enxertado na boa oli-
veira, quanto mais esses, que são naturais [judeus], serão 
enxertados na sua própria oliveira! 
Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo 
 13 
(para que não presumais de vós mesmos): que o endureci-
mento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos 
gentios haja entrado. 
E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: 
De Sião virá o libertador; desviará de Jacó as impiedades. E 
este será o meu concerto com eles, quando eu tirar os seus 
pecados. 
Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos 
[judeus] por causa de vós [gentios]; mas, quanto à eleição, 
amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de 
Deus são sem arrependimento. 
Porque assim como vós [gentios] também antigamen-
te fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes mise-
ricórdia pela desobediência deles [judeus], assim também 
estes agora foram desobedientes, para também alcançarem 
misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada. Porque 
Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com 
todos usar de misericórdia [através da morte de Cristo na 
cruz, para todo aquele que crê]”. 
Estas duas longas passagens, aqui expostas na íntegra, 
revelam claramente a divisão cirúrgica precisa que Deus faz 
entre estas três categorias de povos. Ele não olha nem para 
a riqueza, nem para a pobreza; não olha para a força ou a 
fraqueza; para a cor da pele não atenta; para nossa beleza 
física, tão cultuada pelo mundo, não se importa. 
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória 
de Deus” (Rm 3.23). 
“Pelo que, como por um homem [Adão] entrou o pe-
cado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a 
morte passou a todos os homens por isso que todos peca-
ram” (Rm 5:12). 
 14 
“Pois quê? Somos nós [judeus] mais excelentes? De 
maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto 
judeus como gregos [gentios], todos estão debaixo do peca-
do; como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 
Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a 
Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inú-
teis; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram, e 
juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, 
não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto: 
com as suas línguas tratam enganosamente: peçonha de ás-
pides está debaixo dos seus lábios; cuja boca está cheia de 
maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derra-
mar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e 
não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus 
diante de seus olhos” (Rm 3.9-18). 
Este é o caminho e o viver de toda a humanidade. In-
dividualmente, todos somos iguais diante de Deus: afasta-
dos de Sua Verdade. Mas Paulo continua este mesmo co-
mentário acrescentando um velho ingrediente inebriante, 
que iludiu os judeus do passado e tem iludido muitos dos 
cristãos atuais: a lei de Moisés. 
“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei [de Moisés, 
resumida em seus dez mandamentos] diz, aos que estão de-
baixo da lei [judeus] o diz, para que toda a boca esteja fe-
chada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por 
isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras 
da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 
3.19-20). 
Ninguém deveria ter dúvidas quanto ao fato de que 
Deus “mostra a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e os 
seus juízos a Israel. Não fez assim a nenhuma outra na-
ção” (Sl 147.19-20). 
Paulo confirma esta realidade em sua carta aos Roma-
 15 
nos 9:1-5: 
“Em Cristo digo a verdade... que tenho grande tristeza 
e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia 
desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos 
[judeus], que são meus parentes segundo a carne; que são 
israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os 
concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os 
pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre 
todos, Deus bendito eternamente: Amém.” 
A lei foi dada aos judeus, povo formado através da 
eleição Divina de um homem, Abraão, não para que os sal-
vasse exclusivamente, mas para que fosse o veículo por 
quemviria Aquele único que pudesse cumprir a lei de Deus 
em nosso lugar: “Jesus Cristo, homem”. 
“Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, 
tendo o testemunho da lei e dos profetas; isto é, a justiça de 
Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os 
que creem; porque não há diferença” (Rm 3.21-22). 
“Todos aqueles pois que são das obras da lei estão de-
baixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele 
que não permanecer em todas as coisas que estão escritas 
no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei nin-
guém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá 
da fé. Ora a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas 
coisas, por elas viverá. Cristo nos [judeus] resgatou da mal-
dição da lei, fazendo-se maldição por nós [judeus]; porque 
está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no ma-
deiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios 
por Jesus Cristo, e que pela fé nós [judeus e gentios] rece-
bamos a promessa do Espírito... 
Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das 
transgressões, até que viesse a posteridade... à tua posterida-
 16 
de, que é Cristo... a quem a promessa tinha sido feita... as 
promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade... 
Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhu-
ma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivifi-
car, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Mas a Escritura 
encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela 
fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes [Igreja]... Porque 
todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque 
todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes 
de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem 
livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós [gentios] 
sois um [Igreja] em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então 
sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a pro-
messa... 
Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é 
circuncisão o que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o 
que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no es-
pírito, não na letra: cujo louvor não provém dos homens, 
mas de Deus... E assim a lei é santa, e o mandamento é san-
to, justo e bom... 
Portanto é pela fé, para que seja segundo a graça... 
pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs 
para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a 
sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob 
a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste 
tempo presente, para que ele seja justo [ao condenar o ho-
mem pela lei] e justificador daquele que tem fé em Jesus... a 
fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não 
somente à que é da lei [judeus], mas também à que é da fé 
de Abraão [os gentios que creem], o qual é pai de todos nós 
(judeus e gentios que se achegaram a Jesus Cristo pela fé)... 
Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, 
por nosso Senhor Jesus Cristo...” (Gl 3.10-
 17 
14,19a,16b,19b,16a,21-22,26-29 / Rm 2.28-29; 7.12; 4.16ª; 
3.24b-26; 4.16b; 5.1). 
Espero que estas poucas passagens tenham sido sufi-
cientes para aceitarmos a divisão dos três grupos humanos a 
que Deus recorreu para buscar o homem perdido. A fé em 
Jesus Cristo é a base de toda a nossa salvação, “sem as 
obras da lei”, e é o instrumento seguro, único e eficaz para 
nossa real e profunda paz com Deus. Qualquer um que ten-
tar acrescentar um til ou um jota da lei de Moisés sobre o 
fundamento da morte e da ressurreição de Jesus Cristo para 
nossa total e perfeita salvação, incluindo a manutenção de-
la, é maldito diante de Deus. O leitor deveria ler cem vezes 
mais esta introdução, sob oração, se não tem esta convicção 
plena. Pois, apesar de estarmos falando de coisas profundas, 
espiritualmente falando, são apenas a superfície mais delga-
da de tudo aquilo que Deus tem proposto a nós, os salvos, 
por Jesus Cristo, nosso Senhor. 
Um tipo claro de tudo o que dissemos pode ser visto 
no modo, e mais especificamente falando, no meio pelo 
qual Deus pôde resgatar Israel da mão dos egípcios. As 
águas tornadas em sangue, as pragas das rãs, a praga dos 
piolhos, a praga das moscas, a pestilência sobre os animais 
da casa de Faraó, a praga da saraiva, a praga dos gafanhotos 
e a praga das trevas não foram suficientes para libertar Isra-
el. Somente quando houve derramamento de sangue, houve 
perfeita libertação. A lei e suas ordenações, introduzidas 
posteriormente, igualmente de nada prestaram para este mi-
lagre. E neste exato momento, simbolicamente, podemos 
ver a separação definitiva e contundente entre judeus e gen-
tios. 
“E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, 
qual nunca houve semelhante e nunca haverá; mas contra 
todos os filhos de Israel nem ainda um cão moverá a sua 
 18 
língua, desde os homens até aos animais, para que saibais 
que o Senhor faz diferença entre os egípcios e os israeli-
tas” (Êx 11.6-7). 
O motivo ou fundamento pelo qual Israel passou in-
cólume por esta terrível prova está, não na lei, mas no 
“sacrificai a páscoa” (Êx 12.21). 
“Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no 
sangue que estiver na bacia, e lançai na verga da porta, e em 
ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém 
nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Por-
que o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando 
vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o 
Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor en-
trar em vossas casas para vos ferir” (Êx 12.22-23). 
Transportando estes ensinamentos para o tempo pre-
sente, pois que para nós foram escritos, nenhuma praga lan-
çada sobre nosso inimigo íntimo, a carne com o pecado, po-
derá nos libertar. A lei, que declara e fortalece o nosso pe-
cado, expondo-o miseravelmente, também não pode fazê-
lo. Mas “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de 
todo o pecado” (1 Jo 1.7). 
“Não mudes o marco do teu próximo, que colocaram 
os antigos na tua herança...” (Dt 19.14.). 
O marco decisivo e satisfatório entre a escravidão do 
pecado, tendo como resultado a morte, e a vida “dentre os 
mortos” é Cristo. 
“Porque o fim [término] da lei é Cristo para justiça de 
todo aquele que crê” (Rm 10.4). 
Não queira mudar este precioso marco imposto por 
Deus em Cristo, “porquanto ele recebeu de Deus Pai honra 
 19 
e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a se-
guinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho 
comprazido” (1 Pe 1.17). Quem assim for achado fazendo, 
sob qualquer aspecto ou pretexto, “maldito aquele que ar-
rancar o termo do seu próximo” (Dt 27.17); quanto mais o 
de Deus! 
Então, podemos concluir nosso raciocínio dizendo 
que se Deus não faz acepção de pessoas, individualmente 
falando, faz distinção dos corpos como um todo, levando 
em conta sempre, como vimos, a clara divisão entre gentios, 
judeus e a Igreja resgatada pelo sangue de Cristo. 
Deus tem um propósito especial para cada um destes 
corpos, e cabe a nós traçarmos bem o limite exato de cada 
um. Neste estudo, pretendemos esmiuçar um pouco mais 
sobre a questão de Israel, hoje assentada indevidamente na 
Palestina. É realidade muito triste para o povo de Deus que 
despreza o futuro certo de Israel entre as nações do mundo, 
ou, quando muito, tateia confusamente as páginas inspira-
das do Antigo Testamento. Comentaremos a respeito dos 
outros dois grupos na medida em que se faça necessário. 
 20 
Três Ofícios distintos 
 
 
Gostaria de iniciar propondo três perguntas, formula-
das sobre símbolos que o apóstolo Paulo e o próprio Senhor 
Jesus continuam a desenvolver sobre a base assentada no 
Antigo Testamento. 
– A figura que Paulo utiliza para ilustrar o fato do en-
xerto dos gentios sobre os ramos quebrados do povo judeu, 
a oliveira de Romanos 11 que já vimos, poderia ser substi-
tuída pela videira ou pela figueira? 
– Quando Jesus declara ser a “videira verdadeira” (Jo 
15.1), poderia ter dito que era a figueira ou a oliveiraverda-
deira? 
– E quando Cristo amaldiçoa a figueira, pouco antes 
de sua paixão (Mt 21.18-22), não poderia ter amaldiçoado, 
simbolicamente, a oliveira ou a videira em seu lugar? 
Para o leitor descompromissado, talvez não haja im-
portância aparente para estes pequenos detalhes. Poderia ele 
dizer em sua simplicidade ou desleixo espiritual: ‘São me-
ras ilustrações; o que importa é o entendimento mais amplo 
do ensino.’ 
Mas, louvado seja Deus, haverá ainda aqueles que, 
sob uma irrestrita e santa reverência prestada à Palavra de 
Deus, não poderão permitir tal desonra, relembrando aos 
mais afoitos que “toda a Escritura é divinamente inspirada”, 
e que podemos aprender até mesmo com um simples “til ou 
jota” cunhado pelo Espírito Santo. 
 21 
Embora estes três símbolos estejam ligados à nação 
de Israel, retratam apenas uma característica específica des-
te corpo, assim como os frutos destas árvores lhes são ex-
clusivos. O escritor inspirado interroga as mentes atentas. 
“Meus irmãos, pode também a figueira produzir azei-
tonas, ou a videira, figos...?” (Tg 3.12). 
Busquemos pelos vastos jardins do Senhor estas três 
árvores, e vejamos se o seu significado espiritual não correspon-
de à realidade natural. 
 22 
A Oliveira 
 
“Denominou-te o Senhor oliveira verde, formosa por seus 
deliciosos frutos; mas agora, à voz dum grande tumulto, acendeu 
fogo ao redor dela e se quebraram os seus ramos. Porque o Se-
nhor dos Exércitos que te plantou, pronunciou contra ti o mal, 
pela maldade da casa de Israel e da casa de Judá, que para si 
mesmos fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso 
a Baal” (Jr 11.16-17). 
“Converte-te, ó Israel, ao Senhor teu Deus; porque pelos 
teus pecados tens caído... Eu sararei a sua perversão... Eu serei 
para Israel como orvalho... e a sua glória será como a da olivei-
ra...” (Os 14.1-6). 
“Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido 
a respeito da sua vinha... Porque a vinha do Senhor dos Exércitos 
é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delí-
cias...” (Is 5.1-7). 
“E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e clama 
aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro
-me de ti, da beneficência da tua mocidade... Então Israel era 
santidade para o Senhor, e as primícias da sua mocidade... E eu 
vos introduzi numa terra fértil... Eu mesmo te plantei como vide 
excelente, uma semente inteiramente fiel...” (Jr 2.1-21). 
“Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais co-
mo a fruta temporã da figueira no seu princípio...” (Os 9.10). 
“E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figuei-
ra plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achan-
do; e disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar 
fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; por que ocupa a terra 
inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este 
ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará, e, se 
 23 
não, depois a mandarás cortar” (Lc 13.6-9). 
Estas passagens mostram claramente a relação simbólica 
entre Israel e as três árvores. Vejamos agora a característica pe-
culiar dos seus frutos. Primeiro, da oliveira. 
“E a pomba voltou a ele sobre a tarde; e eis, arrancada, 
uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noé que as águas 
tinham minguado sobre a terra” (Gn 8.11). 
“Tu pois ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azei-
te puro de oliveira, batido para o candeeiro; para fazer arder as 
lâmpadas continuamente” (Êx 27.20). 
“E tornou o anjo que falava comigo, e me despertou... E 
me disse: Que vês? E eu disse: Olho, e vejo um castiçal todo de 
ouro... E, por cima dele, duas oliveiras... E, falando-lhe outra 
vez, disse: Que são aqueles dois raminhos de oliveira...?... Então 
ele disse: Estes são os dois filhos do óleo, que estão diante do 
Senhor de toda a terra” (Zc 4.1-14). 
Noé conheceu que as águas já haviam baixado por causa 
do testemunho daquele pequeno raminho de oliveira no bico da 
pomba. 
As lâmpadas podiam arder continuamente, iluminando o 
lugar santo, devido ao azeite-combustível. Mas a unção interior 
que o azeite proporcionava ao candelabro, produzindo luz aos 
cegos, era devido somente ao sofrimento amargoso produzido 
anteriormente pelo batimento dos frutos da oliveira. Cristo “não 
tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma 
beleza víamos, para que o desejássemos” (Is 53.2). Mas Ele dis-
se: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em tre-
vas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). A luz que Ele emanava 
não vinha da sua aparência, mas de sua essência, do seu testemu-
nho constante, preciso e inigualável do “Pai das luzes”. 
“Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que 
sabemos e testificamos o que vimos... Se eu testifico de mim 
mesmo o meu testemunho não é verdadeiro... mas falo como o 
 24 
Pai me ensinou... Eu falo do que vi junto de meu Pai... Porque eu 
não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele 
me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei 
de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o 
que eu falo, falo-o como o meu Pai mo tem dito” (Jo 3.11; 5.31; 
8.28,38; 12.49-50). 
O candelabro era Cristo, sem nenhuma aparência. A luz 
era o que raiava da sua essência Divina, porém, subserviente. O 
azeite era a unção plena do Espírito Santo, que, por sua vez, bro-
tava do testemunho do Pai ao Filho, e que passaria obrigatoria-
mente pelo moer agradável de Cristo na cruz (Is 53.10). 
A oliveira, portanto, e em consonância com as duas teste-
munhas de Zacarias e com a ‘boca’ da pomba, fala constante-
mente de testemunho, de profecia. Trata-se de um Ministério 
Profético. 
 25 
A Videira 
 
Desta figura brota outro excelente Ministério. 
“E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma 
vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no 
meio de sua tenda... E despertou Noé do seu vinho...” (Gn 9.20-
24). 
“E aconteceu depois destas coisas que pecaram o copeiro 
do rei do Egito, e o padeiro, contra o seu senhor, o rei do Egito... 
E entregou-os à prisão... E ambos sonharam um sonho... Então 
contou o copeiro-mor o seu sonho a José, e disse-lhe: Eis que em 
meu sonho havia uma vide diante da minha face, e na vide três 
sarmentos, e estava como que brotando; a sua flor saía, os seus 
cachos amadureciam em uvas; e o copo de Faraó estava em mi-
nha mão, e eu tomava as uvas, e as espremia no copo de Faraó, e 
dava o copo na mão de Faraó” (Gn 40.1-11). 
Como podemos entender estas duas figuras introduzidas 
nestas peculiares passagens? Noé não podia plantar uma vinha? 
Certamente. Não podia beber do vinho de sua plantação? Sem 
dúvida. Mas a questão é mais espiritual que prática. Aliás, a 
questão prática é sempre resultado da espiritual. 
“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, 
mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos... can-
tando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre 
graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor 
Jesus Cristo: sujeitando-vos uns aos outros no temor de 
Deus” (Ef 5.18-21). 
Se partirmos deste princípio exposto por Paulo, percebere-
mos que o embriagamento produzido pelo vinho natural leva à 
manifestação da carne, “em que há contenda”. O embebedamen-
to de Noé levou-o a descobrir-se em sua tenda, num ato leviano, 
 26 
propiciando a que outro zombasse de seu feito, descobrindo-lhe 
as vergonhas. Em vez de Noé salmodiar ao Senhor “dando sem-
pre graças por tudo”, amaldiçoa miseravelmente ao seu neto Ca-
naã. E o leitor deve ter o cuidado de averiguar com atenção o 
testemunho do Espírito, analisando minuciosamente as palavras 
empregadas: “embebedou-se... descobriu-se... despertou do seu 
vinho”. Nada havia de Divino aqui. Tudo procedia do seu cora-
ção maligno. Deus estava distante. Não podia se encher do Espí-
rito porque estava cheio da alegria carnal produzida pelo seu 
próprio vinho, extraído por suas próprias mãos. 
A Palavra aos Hebreus,no entanto, alega que Noé, 
“divinamente avisado das coisas que ainda se não viam temeu, e, 
para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual conde-
nou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a 
fé” (Hb 11.7). Sendo herdeiro da justiça que é segundo a fé, não 
poderia dar lugar a outro vinho sacerdotal. 
O verdadeiro sacerdócio está no sujeitar-se a Deus, como 
Cristo, “que, sendo em forma de Deus... aniquilou-se a si mes-
mo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos ho-
mens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, 
sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). Sobre 
este verdadeiro e santo vinho sacerdotal, Cristo mesmo encerra: 
“... não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). O úni-
co vinho que interessava ao “ente santo” era aquele que partia do 
“Pai das luzes”. 
Noé corrompeu momentaneamente seu sacerdócio: não se 
aniquilou; não tomou a forma de servo; não se humilhou a si 
mesmo, sendo obediente até à morte. Mas deu lugar ao seu pró-
prio ego, sendo sacerdote de si, e para si mesmo. 
E o que representava a vide no sonho do copeiro-mor? 
Porventura não representava a mesma morte, aniquilando-se a si 
mesmo em prol da vida de Faraó, quando bebia de um copo que 
não era o seu? Pois sabemos que uma das funções do copeiro era 
experimentar os alimentos de seu senhor, para que, se porventura 
estivessem contaminados, morresse em seu lugar. Cristo “fora 
 27 
feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da 
morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por to-
dos” (Hb 2.9). 
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a 
sua vida pelos seus amigos” (Jo 15.13). 
Como membros de um corpo santo, deveríamos ter sensi-
bilidade espiritual suficiente para discernirmos entre o vinho sa-
cerdotal de Cristo, através da unção do Espírito Santo, e o vinho 
produzido pela nossa mente carnal. 
Concluindo, a videira sempre simboliza o maior dos Mi-
nistérios celestiais: o do Sacerdócio. E o seu fruto, a uva espre-
mida, o aniquilamento do ego na cruz do sofrimento de nosso 
Mestre. 
Resta-nos, então, apreciarmos a majestosa figueira. 
 28 
A Figueira 
 
“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que 
estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si 
aventais” (Gn 3.7). 
“Naqueles dias adoeceu Ezequias de morte... Então virou o 
rosto para a parede, e orou ao Senhor... E chorou Ezequias mui-
tíssimo... Sucedeu pois que, não havendo Isaías ainda saído do 
meio do pátio, veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Volta, e 
dize a Ezequias... Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas... E 
acrescentarei aos teus dias quinze anos... Disse mais Isaías: To-
mai uma pasta de figos. E a tomaram, e a puseram sobre a chaga: 
e ele sarou” (2 Re 20.1-7). 
Nem a folha da figueira, nem a pasta de figos, por si só, podi-
am curar a chaga decretada. Adão estaria irremediavelmente per-
dido se não fosse a provisão de um animal morto em seu lugar, e 
“túnicas de peles” que pudessem vesti-lo convenientemente, em-
bora por tempo determinado, até que viesse o verdadeiro 
“cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E Ezequias teria 
morrido com sua chaga mortal, ainda que se utilizasse de todos 
os figos e pastas que pudesse colher e fabricar. Mas havia uma 
diferença crucial entre os dois. 
Adão e Eva agiram segundo o seu próprio raciocínio, e se-
gundo a sua própria vontade. Observe que “fizeram para si” os 
aventais. Deus já não governava em suas vidas. 
Ezequias, no entanto, clama com lágrimas em oração por mi-
sericórdia, ainda que Deus tivesse dito com veemência: “Ordena 
a tua casa, porque morrerás e não viverás”. Ezequias buscou o 
jugo leve e suave de seu Senhor, e como recompensa obteve cura 
perfeita; não por causa da pasta de figos, mas “conforme o pro-
pósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua 
vontade: com o fim de sermos para louvor da sua glória...” (Ef 
 29 
1.11-12). 
Adão desprezou a glória e o governo de Deus quando 
costurou às pressas suas vestes inúteis. Ezequias, no entanto, 
submeteu-se à única Pessoa que poderia mudar o rumo da sua 
história: Aquele que tem as rédeas do Governo Soberano em su-
as mãos. A figura da figueira em Adão mostra a sua vontade an-
tes da de Deus. O figo espremido em forma de pasta sobre Eze-
quias mostra a vontade de Deus antes da sua. 
A figueira, portanto, lembra-nos do Mistério de Governo. 
Assim sendo, podemos responder aquelas três perguntas 
com total segurança. 
Na figura da oliveira brava enxertada sobre a boa oliveira, 
percebemos que o enfoque é a substituição dos elementos, cuja 
função é dar testemunho da santidade de Deus, por outros. 
A Igreja não poderia substituir Israel quanto ao sacerdó-
cio, utilizando-se do símbolo da videira, pois que Israel tinha 
como sacerdotes os filhos da tribo de Levi, e é “manifesto que 
nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca 
Moisés falou de sacerdócio. De sorte que, se a perfeição fosse 
pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), 
que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, 
segundo a ordem de Milquisedeque, e não fosse chamado segun-
do a ordem de Aarão? Porque, mudando-se o sacerdócio, neces-
sariamente se faz também mudança da lei” (Hb 7.11-14). 
Também a Igreja não substituiu Israel quanto ao Governo, 
visto que somos “peregrinos e forasteiros”, e “não temos aqui 
cidade permanente, mas buscamos a futura” (1 Pe 2.11 / 
Hb13.14). 
A Igreja incorre em grave falta quando busca elementos 
do sacerdócio levítico para reger sua vida e quando se mistura 
aos gentios para governar sobre as coisas de um mundo que jaz 
no maligno. 
 30 
Quanto ao que Jesus proclamou, dizendo ser a verdadeira 
videira, Ele se referia ao seu Sacerdócio eterno, tanto na eterni-
dade passada quanto ao futuro distante. O Ministério de Governo 
cabe ao Pai e o de Profecia ao Espírito Santo. Uma melhor ex-
planação sobre este tema pode ser encontrada em outro livro des-
te autor, intitulado “Do verdadeiro Tabernáculo”. 
E, finalizando, quanto à maldição da figueira por Jesus, 
ele enfocava o Governo de Israel, visto que a nação ainda exis-
tia, administrativamente falando, embora, espiritualmente, já es-
tivesse morta. Ainda comentaremos sobre isto. 
É interessante também notarmos que não há nenhuma 
menção no Antigo Testamento a respeito de Israel ter sido plan-
tado como uma figueira. Vimos que Israel foi plantado por Deus 
como uma videira e uma oliveira, mas não como uma figueira. 
Esta exclusão é intencional e cheia de instrução prática para nos-
sas vidas. Tanto o exercício do sacerdócio quanto o da profecia, 
aos olhos humanos poderiam parecer santos, como no caso dos 
fariseus. Sacrificar e professar a religião com todo o zelo não 
demonstram a obediência que Deus, irrestritamente, exige. O 
primeiro capítulo de Isaías trata exatamente deste engano. 
“De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, 
diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da 
gordura de animais nédios... Não tragais mais ofertas debalde: o 
incenso é para mim abominação... Lavai-vos, purificai-vos, tirai 
a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos...” (Is 
1.11,13,16). 
E o profeta Samuel exorta, respondendo com uma per-
gunta: 
“Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocausto e 
sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis 
que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor 
é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22). 
Por mais agradáveis e santos que o sacerdócio e a profe-
 31 
cia nos pareçam, ambos devem ser totalmente submissos ao 
“mistério da Sua vontade”. Se adoramos ou profetizamos, é se-
gundo o que Deus tem falado e ordenado. A carne para nada 
aproveita. O Governo, portanto, é exclusivo de Deus, e dele de-
pendem o Sacerdócio e a Profecia. É por isto que Israel, em seu 
símbolo, não foi plantado como figueira. Podiam estar plantados 
como videira e oliveira,na terra, pois era seu raio de ação em 
favor dos povos ao seu redor. Mas o Governo vinha do céu, de-
vendo se submeter a Ele, o “Senhor de toda a terra”. Quando a 
nação pede ao profeta Samuel um rei “como o têm todas as na-
ções”, o Rei Eterno denuncia-lhes: “Ouve a voz do povo em tudo 
quanto te disserem, pois não te tem rejeitado a ti; antes a mim 
me tem rejeitado para eu não reinar sobre eles” (1 Sm 8). 
Assim, podemos concluir que há uma especificidade so-
brenatural na utilização destes símbolos, a ponto de podermos 
entender sua utilização em questões variadas. Tomemos como 
exemplo o caso da mulher e dos filhos. 
“Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos 
seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos: feliz 
serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera 
aos lados da tua casa; e os teus filhos como plantas de oliveira à 
roda da tua mesa” (Sl 128). 
A mulher deveria ser uma sacerdotisa em seu lar, ofere-
cendo “dons e sacrifícios” como todo sacerdote (Hb 8.3). Seus 
dons estão descritos em Provérbios 31, dentre os quais “planta 
uma vinha com o fruto de suas mãos” (v. 16). 
Seu sacrifício perfeito é “o homem encoberto no coração; 
no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é preci-
oso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antiga-
mente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam 
sujeitas aos seus próprios maridos” (1 Pe 3.4-5). 
“... filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolu-
ção nem são desobedientes”, são o melhor testemunho de um lar 
equilibrado (Tt 1.6). 
 32 
O homem assim abençoado teve que governar adequada-
mente seu lar. Mulher e filhos que exerçam governo em casa se-
rão motivo para a devida repreensão do Senhor. 
Tomemos somente mais um exemplo da utilização destes 
símbolos para que possamos continuar nosso estudo. 
“Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; 
pois não se colhem figos [Governo] dos espinheiros, nem se vin-
dimam uvas [Sacerdócio] dos abrolhos” (Lc 6.44). 
Os espinheiros e abrolhos mencionados aqui, no sermão 
do monte, representam o homem hipócrita conforme o próprio 
contexto. 
Os hipócritas não podem produzir verdadeiro e santo sa-
cerdócio, bem como governar honestamente as coisas de Deus. 
Mas o Senhor Jesus não disse que não podem ter a aparência do 
testemunho, que é representado pela oliveira. E é por este motivo 
que Jesus usa muito a expressão “hipócritas”, pois estando mor-
tos em suas obrigações para com Deus, testemunham o contrá-
rio. Jesus advertiu sobre o perigo de se limpar o exterior do co-
po, estando o interior cheio de rapina e maldade (Lc 11.39). Em-
bora o joio seja muito parecido com o trigo, não pode servir co-
mo alimento. 
Espero ter sido suficientemente claro na exposição destas 
ideias. Mas mesmo que o leitor não tenha ainda se apropriado 
desta realidade, contudo terá mais uma oportunidade de avalia-
ção, pois comentarei agora sobre o lado negativo destes três sím-
bolos. 
 33 
Israel a desarraigar 
 
Vimos que as três árvores enfocam os três ministérios pro-
postos por Deus para o bom desenvolvimento de seu Reino atra-
vés dos exemplos humanos já citados. Agora veremos o desleixo 
de Israel para com eles, e o leitor deveria atentar bem para as 
palavras assinaladas nos textos seguintes, pois fazem a conexão 
com o que foi já exposto. 
Este comportamento ocioso da nação judaica para com as 
coisas celestiais também deveria nos alertar quanto ao perigo da 
Igreja em produzir os mesmos frutos espinhosos, “porque tudo 
que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4). 
“Temamos, pois que, porventura deixada a promessa de en-
trar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. Por-
que também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, 
mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não 
estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb 4.1-2). 
Vejamos o que Israel testifica sendo uma oliveira profética. 
“Denominou-te o Senhor oliveira verde, formosa por seus 
deliciosos frutos; mas agora, à voz dum grande tumulto, acendeu 
fogo ao redor dela e se quebraram os seus ramos. Porque o Se-
nhor dos Exércitos que te plantou, pronunciou contra ti o mal, 
pela maldade da casa de Israel e da casa de Judá, que para si 
mesmos fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso 
a Baal” (Jr 11.16-17). 
“E o mancebo Samuel servia ao Senhor perante Eli: e a pala-
vra do Senhor era de muita valia naqueles dias; não havia visão 
manifesta” (1 Sm 3.1). 
“Pelo que o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda, o 
ramo e o junco no mesmo dia. (O ancião e o varão de respeito é 
 34 
a cabeça, e o profeta que ensina a falsidade é a cauda.) Porque os 
guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados 
são devorados. Pelo que o Senhor não se regozijará com os seus 
mancebos, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viú-
vas, porque todos eles são hipócritas e malfazejos, e toda a boca 
profere doidices” (Is 9.14-17). 
“Tardai, e maravilhai-vos, folgai, e clamai: bêbados estão, 
mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte. 
Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo 
sono, e fechou os vossos olhos, os profetas; e vendeu os vossos 
cabeças, os videntes. Pelo que toda a visão vos é como a palavra 
dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto; 
e ele dirá: Não posso, porque está selado. Ou dá-se o livro ao 
que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele dirá: Não sei ler. Por-
que o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e 
com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu cora-
ção se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo con-
siste só em mandamentos de homens, em que foi instruído...” (Is 
29.9-13). 
“Porque povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que 
não querem ouvir a lei do Senhor. Que dizem aos videntes: Não 
vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto: dizei
-nos coisas aprazíveis, e tende para nós enganadoras lisonjas” (Is 
30.9-10). 
“Negam ao Senhor, e dizem: Não é ele; e; Nenhum mal nos 
sobrevirá; não veremos espada nem fome. E até os profetas se 
farão como vento; porque a palavra não está com eles... Os pro-
fetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas 
mãos deles, e o meu povo assim o deseja: e que fareis no fim 
disto?” (Jr 5.13,31). 
“Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à 
avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsi-
dade. E curam a ferida da filha do meu povo levianamente, di-
zendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr 6.13-14). 
 35 
“E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente em 
meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei: 
visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração 
é que eles vos profetizam” (Jr 14.14). 
“Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos profetas loucos, que se-
guem o seu próprio espírito, e coisas que não viram!... Veem 
vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; 
quando o Senhor os não enviou; e fazem que se espere o cumpri-
mento da palavra” (Ez 13.3-6). 
Por estas declarações contundentes, entendemos que o Minis-
tério Profético em Israel estava em franca decadência. A oliveira 
mentia hipocritamente. Mas isto não quer dizer que não houves-
se profetas verdadeiros. Sempre há aqueles “sete mil” que não 
dobram os joelhos para os deuses deste século. Mas qual o teste-
munho da nação a respeito destes? 
“Agora, pois, porquanto fazeis todas estas coisas, diz o Se-
nhor, e vos falei, madrugando e falando, e não ouvistes, chamei-
vos, e não respondestes... Desde o dia em que vossos pais saíram 
da terra do Egito, até hoje vos enviei todos os meus servos, os 
profetas, todos os dias madrugando e enviando-os; mas não me 
deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endurece-
ram a sua cerviz, e fizeram pior que seus pais” (Jr 7.13,25-26). 
“E dentre os vossos filhos levantei profetas, e dentre os vos-sos mancebos nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? Diz o 
Senhor. Mas vós aos nazireus destes vinho a beber, e aos profe-
tas ordenastes, dizendo: Não profetizeis” (Am 2.11-12). 
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que edificais 
os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos. 
E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos 
associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. As-
sim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os 
profetas. Enchei vós pois a medida de vossos pais. Serpentes, 
raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? 
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; e a uns 
 36 
deles matareis e crucificareis, e a outros deles açoitareis nas vos-
sas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade; para que 
sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a 
terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, 
filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar” (Mt 
23.29-35). 
Há realmente material farto quanto à negligência contra o 
Espírito Santo, e nem poderia ser diferente. Aos profetas falsos 
ouviam e se associavam. Aos que buscavam “glória, e honra e 
incorrupção”, desprezavam, prendiam, torturavam e matavam. 
Eis o infeliz testemunho de Israel. 
E quanto ao sacerdócio? Fizeram jus à “vide excelente”? 
“Quando eu já há muito quebrava o teu jugo, e rompia as tuas 
ataduras, dizias tu: Nunca mais transgredirei; contudo em todo o 
outeiro alto e debaixo de toda a árvore verde te andas encurvan-
do e corrompendo” (Jr 2.20). 
“Porque os filhos de Judá fizeram o que parece mal aos meus 
olhos, diz o Senhor: puseram as suas abominações na casa que se 
chama pelo meu nome, para a contaminarem. E edificaram os 
altos de Tofete, que está no vale do filho de Hinom, para quei-
marem no fogo a seus filhos e suas filhas; o que nunca ordenei, 
nem me subiu ao coração” (Jr 7.30-31). 
“O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, 
com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nos 
ângulos dos seus altares” (Jr 17.1). 
“Porque tanto o profeta, como o sacerdote, estão contamina-
dos; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor” (Jr 
23.11). 
“... esse povo que formei para mim, para que me desse lou-
vor. Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste 
de mim, ó Israel” (Is 43.21-22). 
“Estendi as minhas mãos todo o dia a um povo rebelde, que 
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caminha por caminho que não é bom, após os seus pensamentos: 
povo que me irrita diante da minha face de contínuo, sacrifican-
do em jardins e queimando incenso sobre tijolos; assentando-se 
junto às sepulturas, e passando as noites junto aos lugares secre-
tos: comendo carne de porco e caldo de coisas abomináveis nos 
seus vasos... vós, os que vos apartais do Senhor, os que vos es-
queceis do meu santo monte, os que preparais uma mesa para a 
Fortuna, e que misturais vinho para o Destino” (Is 65.2-4,11). 
Na vide de Israel não havia mais fruto. Um sacerdócio secu-
lar se instaurara. A ordem sacerdotal estava lá. Os sacrifícios e 
as ofertas continuavam existindo. Mas o vinho que a nação, re-
presentada pelos seus sacerdotes, produzia não testificava mais 
“os sofrimentos que a Cristo haviam de vir”. Corromperam-no, 
misturando e oferecendo um vinho imundo ao “deus Desti-
no” (conforme a ERA), objetivando não a glória de Deus, mas 
uma mesa farta para si mesmos. E nossas igrejas não andam pelo 
mesmo caminho escabroso? 
Quanto à decadência moral e espiritual da figueira, basta ler 
os livros de Reis e Crônicas e se notará a patente condenação dos 
reis de Israel na constante aparição da expressão: “E fez o que 
parecia mal aos olhos do Senhor, conforme as abominações dos 
gentios que o Senhor desterrara de suas possessões de diante dos 
filhos de Israel” (1 Re 14.22; 15.3,26,33; 16.25,30; 22.52-54 / 2 
Re 3.1; 8.16-18,26-27; 13.1-2; 14.23-24...). Isto sem mencionar-
mos o pedido do povo de um rei nos mesmos moldes impuros 
dos seus vizinhos pagãos em 1 Samuel 8, que já reproduzimos. 
É bem verdade que houve alguns poucos reis que fizeram “o 
que era reto aos olhos do Senhor”. Mas pairava sobre os ombros 
da nação o símbolo maior da sua rebeldia: uma nação dividida 
em duas: a do sul, composta por Judá e Benjamim, chamada Ju-
dá, com capital em Jerusalém; e a do norte, formada pelas outras 
dez tribos, denominada Israel, com sua capital em Samaria, sem-
pre guerreando entre si. 
E tudo isto produzido pelo brilhante Salomão, “que, no tem-
po da velhice”, “amou muitas mulheres estranhas”, e “suas mu-
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lheres lhe perverteram o seu coração para seguir outros deuses”. 
“Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do Senhor; 
e não perseverou em seguir ao Senhor, como Davi seu pai... Pelo 
que o Senhor se indignou contra Salomão: porquanto desviara o 
seu coração do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe apa-
recera... Pelo que disse o Senhor a Salomão: Pois que houve isto 
em ti, que não guardaste o meu concerto e os meus estatutos que 
te mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu 
servo... Porém todo o reino não rasgarei: uma tribo darei a teu 
filho, por amor de meu servo Davi, e por amor de Jerusalém, que 
tenho elegido” (1 Re 11.1-13). 
Possamos aprender com isto uma importante lição. Ainda 
que Deus tenha nos aparecido mil vezes, andemos atentamente 
para não pecarmos contra o Senhor até a nossa velhice, pois o 
Senhor não terá em conta as mil aparições para não nos julgar 
segundo nossos pecados e rebeldias. 
Finalmente, encerramos esta questão da simbologia das três 
árvores reunindo os três grupos ministeriais decadentes. 
“Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se 
confundem os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus prínci-
pes, e os seus sacerdotes, e os seus profetas, que dizem ao pau: 
Tu és meu pai...” (Jr 2.26-27). 
“Mas tu dize-lhes: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei 
de embriaguez a todos os habitantes desta terra, e aos reis da es-
tirpe de Davi, que estão assentados sobre o seu trono, e aos sa-
cerdotes, e aos profetas, e a todos os habitantes de Jerusalém” (Jr 
13.13). 
“... por toda a maldade dos filhos de Israel, e dos filhos de 
Judá, que fizeram, para me provocarem à ira, eles e os seus reis, 
os seus príncipes, os seus sacerdotes, e os seus profetas, como 
também todos os homens de Judá e os moradores de Jerusa-
lém” (Jr 32.32). 
“Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sa-
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cerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por 
dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o 
Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá” (Mq 3.11). 
“Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto 
na vide; o produto da oliveira minta...” (Hc 3.17). 
Eis aí os três símbolos reunidos na mesma seqüência propos-
ta acima por Jeremias e Miquéias. E tanto Deus tem fixado ina-
balavelmente estas figuras por todo o texto inspirado, que elas 
ainda encerram no mesmo espírito o Livro da Revelação, Apoca-
lipse. 
“E, havendo aberto o sexto selo... as estrelas do céu caíram 
sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos 
verdes, abalada por um vento forte... E os reis da terra, e os gran-
des, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e 
todo o livre, se esconderam nas cavernas... E diziam aos montes 
e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele 
que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro...” (Ap 
6.12-16). 
“E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão 
por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco. Estas são as 
duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da ter-
ra” (Ap 11.3-4). 
“E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e 
clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: 
Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, 
porque já as suas uvas estão maduras. E o anjo meteu a suafoice 
à terra e vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as no gran-
de lagar da ira de Deus” (Ap 14.18-19). 
É claramente perceptível a relação destas árvores com os ele-
mentos associados a elas: a figueira, no contexto dos reis da ter-
ra, sendo julgados pelo que está assentado no trono; as duas oli-
veiras que profetizam; e a vinha sendo vindimada pelos anjos 
que saem do “templo, que está no céu”. 
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Muito bem! Vimos de forma contundente a negligência de 
Israel para com estes três ministérios santos, e estes, associados e 
simbolizados por três árvores frutíferas. Não seria lógico supor-
mos então que estes ministérios corrompidos também fossem 
retratados por alguma simbologia? Pois se o santo teve uma re-
presentação física, pareceria óbvio supor que a sua degradação 
também recebesse um símbolo espiritual. 
E realmente assim é. Mas infelizmente temos de parar por 
aqui. Que o Senhor nos abra a oportunidade para a conclusão 
deste importante assunto, que desdobra numa das páginas mais 
mal compreendidas, se não distorcidas, de Apocalipse.

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