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Libras interpretar

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 
INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NA INCLUSÃO: TRADUTOR OU 
PROFESSOR? ............................................................................................................ 4 
INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS ..................................................................... 10 
TRADUTOR OU PROFESSOR? ............................................................................... 12 
ALUNO SURDO X INTÉRPRETE X PROFESSOR: PERSPECTIVA NA ÁREA 
EDUCACIONAL INCLUSIVA ..................................................................................... 16 
O PAPEL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS.................................................................. 20 
ORIENTAÇÃO AOS PAIS ......................................................................................... 22 
REFLEXÕES SOBRE A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO SURDO ..................... 22 
RESOLUÇÃO DO ENCONTRO DE MONTEVIDÉU ................................................. 27 
MEDIADOR X INTÉRPRETE: A DIFERENÇA NA FUNÇÃO E NA APRENDIZAGEM 
DOS ALUNOS SURDOS ........................................................................................... 30 
REGULAMENTO PARA ATUAÇÃO COMO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA 
DE SINAIS ................................................................................................................. 31 
MODELO COGNITIVO .............................................................................................. 33 
MODELO INTERATIVO ............................................................................................ 34 
MODELO INTERPRETATIVO ................................................................................... 34 
MODELO COMUNICATIVO ...................................................................................... 35 
MODELO SOCIOLINGUÍSTICO ................................................................................ 35 
MODELO DO PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO .................................................. 36 
MODELO BILÍNGUE E BICULTURAL ....................................................................... 36 
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ............................................................................ 37 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
 Um dos componentes principais da tarefa do intérprete da Língua Brasileira de 
Sinais é a sociabilidade, que demonstra a qualidade da personalidade individual e 
deve ser cultivada intensamente. A afinidade social é um conceito psicológico que se 
traduz pelo desejo de encontrar-se entre outras pessoas e sentir prazer em 
compartilhar a comunicação com elas, o que consideramos fundamental na tarefa 
interpretativa. 
Uma capacitação linguística adequada às necessidades de uma mediação 
interlocutora da cultura dos ouvintes e surdos constitui uma ferramenta relevante, 
fornecendo elementos precisos para um desempenho tradutório eficiente e claro nas 
línguas envolvidas. Um alto grau de distribuição de atenção e concentração é 
fundamental na eficácia da comunicação, estabelecendo, assim, as devidas conexões 
da conversação. 
Refletir sobre a tarefa do tradutor intérprete de LIBRAS facilita o entendimento 
dos pré-requisitos para a atuação profissional do mesmo. Aspectos como o 
desenvolvimento da linguagem e do pensamento, o domínio da língua materna falada 
e escrita, a fluência na língua de sinais, a empatia, a postura ética, a percepção das 
atitudes sociais, a espontaneidade, a receptividade e a imparcialidade são os 
adereços que servirão de elementos básicos não apenas na formação profissional, 
mas principalmente na atuação diante de dois mundos e duas culturas distintas. 
Sendo assim, ser mediador ou facilitador no processo de comunicação com os 
surdos resulta em serviços específicos que demandam do profissional intérprete um 
envolvimento profundo de elo entre os sujeitos envolvidos. Interpretar é envolverse 
não apenas com a língua, mas com o sujeito por trás dela. Requer do intérprete uma 
atuação dinâmica que “oferece” ao surdo a ilusão possível de ouvir. 
 
INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NA INCLUSÃO: TRADUTOR OU 
PROFESSOR? 
 
A partir da Declaração de Salamanca (1994), o movimento de inclusão tem 
como meta não deixar nenhum aluno fora do ensino regular, desde o início da 
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escolarização, propondo que a escola é quem deve se adaptar ao aluno. Inclusão, 
nesse contexto, implica o compromisso que a escola deve assumir de educar cada 
criança. Assim, a proposta de inclusão se propõe a contemplar a pedagogia da 
diversidade, ou seja, todos os alunos deverão estar dentro da escola regular, 
independentemente de sua origem social, étnica ou linguística. 
É essa proposta de educação para todos que insere o intérprete de língua de 
sinais na sala de aula, pretendendo, assim, garantir ao surdo a aquisição dos 
conteúdos escolares na sua própria língua. Entretanto, para entendermos a 
complexidade referente ao trabalho do Intérprete de Língua de Sinais na sala de aula, 
é preciso, antes, que esteja claro qual o papel do professor na escola e na vida do 
aluno. 
Assim sendo, analisemos os papéis desempenhados pelos professores e pelos 
intérpretes, questões de produção e reprodução do saber, as quais parecem confluir 
e interagir. Trata-se de analisar alguns aspectos da prática educativa diante da 
diversidade, em uma escola de massas que tenta sobreviver e funcionar dentro do 
complexo contexto linguístico, cultural e socioeconômico que é o contexto brasileiro. 
É importante lembrar o fato de que a maioria dos professores que atua na sala 
de aula inclusiva obteve uma formação para trabalhar com um público relativamente 
homogêneo, falante da língua majoritária, ou seja, que compartilha da mesma língua 
do professor. Esses docentes confrontam-se, agora, com um aluno sinalizador, 
estrangeiro no seu próprio país, e que não reconhece a grafia do português como a 
representação escrita da sua língua natural. 
O professor, do Ensino Fundamental ao Superior, tem como objetivo auxiliar e 
realizar a mediação entre o aluno e o conhecimento, lidando constantemente com as 
questões da aprendizagem, construídas pelos alunos. 
[...] minha intenção neste texto é mostrar que a tarefa do ensinante, que é 
também aprendiz, sendo prazerosa, é igualmente exigente. Exigente de seriedade, de 
preparo científico, de preparo físico, emocional, afetivo. É uma tarefa que requer de 
quem com ela se compromete um gosto especial de
querer bem não só aos outros, 
mas ao próprio processo que ela implica. É impossível ensinar sem essa coragem de 
querer bem, sem a valentia dos que insistem mil vezes antes de uma desistência. [...] 
A tarefa de ensinar é uma tarefa profissional que, no entanto, exige amorosidade, 
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criatividade, competência científica, mas recusa a estreiteza científica, que exige a 
capacidade de brigar pela liberdade sem a qual a própria tarefa fenece. (FREIRE, 
1997, p. 9-10). 
Nesta perspectiva, ser educador é uma atividade profissional que exige 
diversos requisitos, entre eles a formação científica em uma dada disciplina. O 
educador participa diretamente na vida escolar dos seus alunos. E tem a 
responsabilidade de mediar o conhecimento, por meio da interação com os alunos, 
assim como escolher uma metodologia de ensino adequada para atingi-los, gerando 
motivação e interesse pelo conteúdo trabalhado, sempre voltado para o contexto da 
sala de aula. (MARTINS, 2004). 
Na busca de resultados, o papel do professor é único e consiste em organizar 
situações de aprendizagem para desafiar o aluno a elaborar um novo conhecimento. 
A prática educativa, pelo contrário, é algo muito sério. Lidamos com gente, com 
crianças, adolescentes ou adultos. Participamos de sua formação. Ajudamo-los ou os 
prejudicamos nesta busca. Estamos intrinsecamente a eles ligados no seu processo 
de conhecimento. 
Podemos concorrer com nossa incompetência, má preparação, 
irresponsabilidade, para o seu fracasso. Mas podemos, também, com nossa 
responsabilidade, preparo científico e gosto do ensino, com nossa seriedade e 
testemunho de luta contra as injustiças, contribuir para que os educandos se tornem 
presenças marcantes no mundo. (FREIRE, 1997). 
Segundo as ideias de Freire, a função do professor é tornar significativa a 
aprendizagem, as trocas de saberes e experiências entre os colegas da sala, durante 
todo o processo pedagógico. Sendo a prática educativa algo sério, a atividade de 
educador não pode ser exercida por pessoas despreparadas ou, no caso do intérprete 
de língua de sinais, que apenas possuem o domínio de uma dada língua dentro da 
sala de aula. 
Por lidar diretamente com o aluno surdo, para o intérprete é praticamente 
inviável a separação dos papéis e ele acaba tomando ações pertinentes ao professor. 
Essa facilidade com que o intérprete se coloca como educador pode ser justificada 
pela ideia do senso comum de que ensinar é um simples processo de transferência 
de conhecimento. Conceito totalmente errôneo, como nos aponta Freire (1987, p. 
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118): O professor deve ensinar. É preciso fazê-lo. Só que ensinar não é transmitir 
conhecimento. Para que o ato de ensinar se constitua como tal, é preciso que o ato 
de aprender seja precedido do, ou concomitante ao ato de aprender o conteúdo ou o 
objeto cognoscível, com que o educando se torna produtor também do conhecimento 
que lhe foi ensinado. 
Ao estender a sua atuação à de educador, esse intérprete pressupõe que tem 
o mesmo preparo do professor e está no mesmo pé de igualdade de formação para 
ministrar o ensino ao aluno surdo. O intérprete de língua de sinais deve compreender 
que, teoricamente, no contexto da sala de aula, a função de ensinar é 
responsabilidade do professor da classe e não sua, mesmo que ele possua uma 
formação na área relativa ao que está traduzindo, como tem acontecido com alguns 
pedagogos que têm atuado como intérpretes. (MARTINS, 2004). 
No lastro das ideias desse intérprete, na sala de aula, atuando como tradutor 
esse profissional é o “mediador do mediador” e, não, o mediador entre o aluno surdo 
e o conhecimento cultural, conhecimento que muitas vezes escapa ao próprio 
intérprete. Tal condição, porém, não o isenta de responsabilidade e da participação 
na aprendizagem do aluno surdo. (MARTINS, 2004). 
Nessa perspectiva, o intérprete de língua de sinais acredita muitas vezes ser 
possível não somente realizar uma tradução literal, como também se manter neutro 
durante o ato interpretativo. Entretanto, o fato de o intérprete acima não se nomear 
professor titular demonstra que é ciente da responsabilidade do professor na sala de 
aula e, ao mesmo tempo, abre espaço para se pensar que, não exercendo o papel de 
professor titular, de alguma forma ou em algum momento esse intérprete estende a 
sua atuação para a de educador, ainda que seja, para ele, na qualidade de “auxiliar”. 
Dessa forma, ele se mantém somente como intérprete e não ocupa o lugar do 
professor que “sabe” – mas transforma o que ele (intérprete) “sabe” em pistas para 
ofertar ao aluno surdo o que supostamente acredita que o aluno não sabe e deseja 
aprender. Fato é que, com a presença do intérprete de língua de sinais em sala de 
aula, o professor ouvinte pode ministrar suas aulas sem preocupar-se em como passar 
esta ou aquela informação por meio de sinais, atuando apenas na língua de que tem 
domínio. 
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E isso não altera em nada a forma como a educação tem sido conduzida. Ou 
seja, a escola não se modifica, como se prevê nos documentos de inclusão, em razão 
da presença do aluno surdo; ao contrário, esse aluno se “ajusta” ao modelo 
educacional vigente. “O desafio criador de se pensar em uma escola para surdos, ou 
em uma escola diferente do que já temos, é fagocitado pela ideia de uma escola que, 
devidamente reformada, seja comum a todos. Dito de outro modo mantém a Unidade 
– o mesmo.” (SOUZA, 2004, p. 6). 
Quando se insere um intérprete de língua de sinais na sala de aula, abre-se, 
para o aluno surdo, a possibilidade de apropriar-se do conteúdo escolar na sua língua 
natural, por meio de um profissional com competência nesta língua. Supõe-se que 
somente o conhecimento da LIBRAS seja suficiente para o aluno apropriar-se do 
conhecimento científico/intelectual que o intérprete não possui, que não lhe pertence. 
Esse fato já garante o fracasso do intérprete de língua de sinais na sala de aula, 
pois, não tendo o conhecimento, não lhe é possível ensinar aquilo que não sabe. 
Traduzir é compreender o texto da língua estrangeira; ninguém traduz aquilo que não 
compreende. Em nosso caso, intérpretes, os quais têm aprendido a interpretar no 
exercício da prática, no que tange à atuação na sala de aula, isso não deveria ocorrer, 
pois estamos nos aventurando a ensinar ou a intermediar um conteúdo que não 
sabemos. 
A inserção do intérprete de língua de sinais na sala de aula não garante que 
outras necessidades do aluno surdo, também concernentes à sua educação, sejam 
contempladas. A presença do intérprete não assegura que questões metodológicas, 
levando em conta os processos próprios de acesso ao conhecimento, sejam 
consideradas ou que o currículo escolar sofra ajustes para contemplar peculiaridades 
e aspectos culturais da comunidade surda. 
Por fim, não há garantia de que o espaço socioeducacional em um sentido 
amplo contemple o aluno surdo, pois esse poderá permanecer, de certa forma, às 
margens da vida escolar. A presença do intérprete pode mascarar uma inclusão que 
exclui. E, sendo esse intérprete generalista, normalmente com uma formação 
acadêmica totalmente diferente daquela na qual o surdo está inserido, a aquisição dos 
saberes curriculares continua
sendo secundária na vida escolar do aluno surdo. 
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A construção do conhecimento tem caráter social e depende das condições 
propiciadas, da qualidade das interações e das relações dialógicas estabelecidas 
entre os sujeitos no âmbito da escola. Considerando os alunos surdos, esse 
desenvolvimento pode ser dificultado pelas experiências sociais limitadas, em função 
da falta de uma língua comum entre os surdos e os colegas ouvintes, entre os surdos 
e os professores, cabendo ao intérprete ser o único interlocutor do aluno surdo incluído 
na escola regular. 
Por essa razão, os alunos surdos integrados à rede regular de ensino acabam 
por estabelecer uma relação desigual também com os demais alunos. Nesse contexto, 
a escuta do aluno, por várias razões, não é uma opção pedagógica e política do 
professor e o pequeno espaço para diálogo torna-se apenas um instrumento para 
cumprir exigências específicas de ensino. Desse modo, nesse espaço, é improvável 
que o aluno surdo venha a aprender a dialogar utilizando princípios de argumentação, 
desacordo, acordo e cooperação e, tampouco, possa elaborar os saberes valorizados 
socialmente. 
A criticalidade da pessoa surda continuará acontecendo nos espaços de 
educação não formal, como as associações de surdos, encontros desportivos; enfim, 
nos encontros de surdos com outros surdos, ainda que alguns intérpretes possam não 
reconhecer esses espaços como lugar de formação. 
Não podemos, sob hipótese alguma, desmerecer a luta de grupos surdos de 
diversos estados brasileiros pelo reconhecimento da sua língua e, posteriormente, 
pela aceitação dessa língua no ambiente escolar. Tampouco devemos esquecer o 
grande número de surdos que tiveram a coragem de prestar vestibular, nas mais 
diversas universidades, para depois lutarem por um intérprete. Não raro, esse 
profissional só era disponibilizado para o aluno surdo universitário quando este já 
havia cursado alguns semestres ou anos sem ter sua diferença linguística respeitada. 
Importante lembrar que somente no Ensino Superior é garantido ao surdo o 
direito ao intérprete, pela Lei n° 3.284, de 7 de novembro de 2003. (BRASIL, 2004). 
Mas a inclusão dos intérpretes no campo da educação é resultado de lutas travadas 
longe das salas de aula, e não o contrário. Primeiro aconteceu a participação política 
e, depois, o ingresso do intérprete na escola. 
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O crescimento dos surdos nas lutas políticas e sociais não pode ser a nossa 
única forma de medir o nosso valor, pois a politização dos surdos acontece em 
espaços do encontro surdo a surdo. Somos parceiros nessa politização, entretanto os 
surdos não são dependentes, mas têm sua autonomia. 
Sendo assim, aos intérpretes que atuam na sala de aula não é possível escapar 
da ambiguidade professor-intérprete, que está longe de ser solucionada – ou talvez 
não –, pois tudo indica que essa será a nomenclatura adotada pelo Ministério da 
Educação para “resolver” a inclusão do aluno surdo na escola regular. Vale ressaltar 
que essa questão é também vivenciada pelos tradutores, ou seja, tradutor é também 
autor? 
Traduzir é também escrever, e escrever numa posição carregada de coerções 
discursivas, sociais, históricas que os autores não conhecem – ainda que 
conheçam,de sua posição, outras tantas. As ideias não são do tradutor, nem a 
organização do original; o público do original e o público da tradução não são seus; 
afinal, leem-se “autores”. Mas essas ideias, essa organização, só chegam ao público 
da obra traduzida por suas mãos: esse público na verdade não lê o autor, mas sua 
“criação” pelo tradutor. Só uma concepção de discurso como puro e simples conteúdo 
pode entender que o tradutor não é autor – e há autores que dizem que traduzir é mais 
“difícil” que escrever obras originais, para não mencionar criadores que, ao traduzir, 
não estiveram à altura de suas criações, ao passo que tradutores “não autores” 
mostram plenas capacidades autorais. (SOBRAL, 2003, p. 205206). 
 
INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS 
 
 As questões acerca do papel do intérprete educacional mostram que é preciso 
intensificar os estudos nessa área, pois é possível observar o quanto essa atuação é 
pouco refletida e compreendida, o que determina dificuldades para esse trabalho. Uma 
questão central é definir melhor a função do intérprete educacional; figura 
desconhecida, nova, que, com um delineamento mais adequado (direitos e deveres 
do intérprete, limites da interpretação, divisão do papel de intérprete e de professor, 
relação do intérprete com alunos surdos e ouvintes em sala de aula, entre outros), 
poderia favorecer um melhor aproveitamento desse profissional no espaço escolar. 
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A literatura aponta que no contexto escolar, especialmente aquele que envolve 
crianças mais novas, é impossível desempenhar um papel estritamente de intérprete 
(ANTIA & KREIMEIYER, 2001). O intérprete participa das atividades, procurando dar 
acesso aos conhecimentos e isso se faz com tradução, mas também com sugestões, 
exemplos e muitas outras formas de interação inerentes ao contato cotidiano com o 
aluno surdo em sala de aula. 
Todavia, se este papel não estiver claro para o próprio intérprete, professores, 
alunos e aluno surdo, o trabalho torna-se pouco produtivo, pois se desenvolve de 
forma insegura, com desconfiança, desconforto e superposições. É preciso 
reconhecer que a presença do intérprete em sala de aula tem como objetivo tornar os 
conteúdos acadêmicos acessíveis ao aluno surdo. Entretanto, o objetivo último do 
trabalho escolar é a aprendizagem do aluno surdo e seu desenvolvimento em 
conteúdos acadêmicos, de linguagem, sociais, entre outros. 
A questão central não é traduzir conteúdos, mas torná-los compreensíveis, com 
sentido para o aluno. Desse modo, alguém que trabalhe em sala de aula, com alunos, 
tendo com eles uma relação estreita, cotidiana, não pode fazer sinais – interpretando 
– sem se importar se está sendo compreendido, ou se o aluno está aprendendo. 
Nessa experiência, o interpretar e o aprender estão indissoluvelmente unidos e o 
intérprete educacional assume, inerentemente ao seu papel, a função de também 
educar o aluno. 
Isso é premente no ensino fundamental, onde se atendem crianças que estão 
entrando em contato com conteúdos novos e, muitas vezes, com a língua de sinais, 
mas deve estar presente também em níveis mais elevados de ensino, porque se trata 
de um trabalho com finalidade educacional que pretende alcançar a aprendizagem. 
A questão da falta de um planejamento conjunto, da falta de um trabalho de 
equipe e de uma concepção mais clara do que signifique aceitar um aluno surdo em 
sala de aula também é trazida pelos intérpretes. Eles se referem a tentar fazer o 
melhor possível num espaço adverso e cheio de dificuldades de relação, já que muitas 
vezes o professor não assume seu papel diante do aluno surdo, delegando funções a 
eles ou propondo atividades que não fazem qualquer sentido para este aluno. 
Falam de si mesmos como excluídos do processo educacional, à margem, 
buscando fazer, apesar disso, o melhor possível para que o aluno surdo desenvolva 
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suas potencialidades no espaço escolar. Discussões constantes sobre a tarefa de 
cada um no espaço inclusivo, atribuições e trocas de percepções se mostram 
essenciais e são um primeiro passo para uma convivência tranquila e que possa trazer 
ganhos efetivos ao aluno surdo. 
Suas atividades relevam ainda que tanto a escola quanto os professores 
conhecem muito pouco sobre a surdez e suas peculiaridades, não compreendendo 
adequadamente o aluno surdo, sua realidade e suas dificuldades de linguagem, bem 
como, a importância de haver um espaço para atualização do aprendizado de língua 
de sinais por parte dos intérpretes, para discussões sobre o uso adequado dessa 
língua no espaço pedagógico. 
Esta é uma questão abordada em outras pesquisas e foco de atenção em 
muitas experiências inclusivas (NAPIER, 2002). Todavia, no Brasil, esta questão é 
percebida pelos intérpretes que realizam este trabalho, mas pouco ou nada é feito 
para suprir essa necessidade. 
 
TRADUTOR OU PROFESSOR? 
 
 Atualmente, tem-se pensado o trabalho do intérprete de língua de sinais como 
um direito conquistado pelos próprios surdos de compreenderem e serem 
compreendidos pela comunidade ouvinte ou como resultado dos movimentos das 
comunidades surdas frente à sua educação. Todavia, a defesa da presença do 
intérprete de língua de sinais em diversos segmentos da sociedade, e mais 
especificamente no campo da educação, pode esconder discursos oralistas. 
A sociedade majoritária é ouvinte e usuária do português oral, não conhecedora 
da língua de sinais, e nem se espera que todas as pessoas na sociedade sejam 
fluentes na língua brasileira de sinais. Para possibilitar a comunicação entre esses 
dois grupos linguísticos existe o intérprete de língua de sinais. No meio acadêmico, a 
prática tradutória escrita é denominada “tradução”, enquanto o termo “interpretação” 
é utilizado para a referência à prática tradutória oral. 
Diferente do tradutor, o intérprete de língua de sinais é visível, pois a língua de 
sinais se apresenta numa modalidade visual-gestual; sendo assim, o ato interpretativo 
só pode acontecer na presença física do intérprete de língua de sinais. Segundo Veras 
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(2002), o intérprete é tradicionalmente aquele que faz uma tradução ao vivo, usando 
a voz ou o gesto, de corpo presente, representando como no teatro. 
O prefixo INTER, na palavra intérprete, significa o que está entre uma língua e 
outra, pondo essas línguas em relação, criando uma afinidade entre elas. Os gestos 
da intérprete constroem o sentido do que digo; e ela depende disso que digo para sua 
construção, assim como dependo de seus gestos para que esta fala sobreviva. 
(VERAS, 2002). 
O intérprete de língua de sinais viabiliza a comunicação entre surdos e ouvintes, 
identificando-se com o orador, exprimindo-se na primeira pessoa, sinalizando e 
representando suas ideias e convicções, buscando imprimir-lhes similar intensidade e 
mesmas sutilezas que as dos enunciados em português oral. 
O trabalho do intérprete de língua de sinais consiste em pronunciar, na língua 
de sinais, um discurso equivalente ao discurso pronunciado no português oral (ou vice-
versa). O intérprete de língua de sinais trabalha em variadas circunstâncias, 
precisando ser capaz de se adaptar a uma ampla gama de situações e necessidades 
de interpretação da comunidade surda, situações às vezes tão íntimas quanto uma 
terapia, sigilosa como delegacias e tribunais ou tão expostas como salas de aulas e 
congressos. 
Há vários tipos de interpretação, que podem ser consecutivas ou simultâneas, 
sendo essa última a que contribui para a identificação imediata, tanto do intérprete de 
língua oral como do intérprete de língua de sinais, por ser mais conhecida na 
sociedade. Na interpretação consecutiva, o intérprete senta-se junto à pessoa, ouve 
uma longa parte do discurso e, depois, verte-o para outra língua, geralmente com a 
ajuda de notas. 
Na interpretação, o canal escrito pode servir de apoio à tradução simultânea, 
por meio da leitura prévia de resumos das conferências ou palestras a serem 
proferidas e/ou confecção de glossários ou, no caso da tradução consecutiva, mais 
sistematicamente, pela tomada de notas, taquigráficas ou não. (AUBERT, 1994, p. 
63). 
Embora, hoje, a interpretação consecutiva tenha sido amplamente substituída 
pela simultânea, continua a ser relevante em certos tipos de reuniões, principalmente 
em: tribunais, almoço de trabalho, visitas a locais de produção e investigação, ou ainda 
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quando não existem equipamentos adequados para a realização da interpretação 
simultânea. (DELISE; WOODSWORTH, 2003). 
No caso do intérprete de língua de sinais, a interpretação consecutiva ocorre 
quando este profissional atua em situações de acompanhamento da pessoa surda, 
como: consultas médicas, audiências em tribunal, entrevistas de emprego e sala de 
aula. Todavia, o mais comum é o intérprete de língua de sinais fazer uso da 
interpretação simultânea, ou seja, sinaliza a fala do ouvinte em tempo real, 
acompanhando, em frações de segundos, o discurso produzido em português. Nesse 
tipo de trabalho não há espaços para pensar frases ou palavras mais apropriadas, 
essa, aliás, é a diferença entre ser tradutor e ser intérprete. 
Mesmo quando o intérprete de língua de sinais conhece todas as palavras 
apropriadas, o ato interpretativo exige uma reação tão imediata que não há tempo 
para pensar: faltam segundos, os sinais certos são lembrados uma frase mais tarde, 
quando já não adiantam mais. “Uma reação imediata apenas é possibilitada pela 
combinação de conhecimento linguístico das línguas envolvidas e a capacidade e 
poder de decisão ultrarrápidos.” (HOFMANN; LANG, 1987, p. 271). 
Para realizar essa tarefa é necessário ao intérprete de língua de sinais 
conhecer os equivalentes entre as expressões típicas da língua de partida (português) 
e as da língua de chegada (sinais), nem sempre vertendo em sinais todas as palavras 
pronunciadas pelo ouvinte, mas procurando manter o sentido e buscando os efeitos 
produzidos pelo pronunciador do enunciado oral (os mesmos efeitos possíveis por 
certos atos linguísticos marcados na prosódia, no corpo etc.). 
A construção de frases na Libras possui regras próprias. Se compararmos com 
o português, observamos que em Libras não usamos artigos, preposições, 
conjunções, porque esses elementos estão “dentro” do sinal. Modos e tempos verbais, 
sufixos e prefixos, são produzidos por movimentos das mãos no espaço, em várias 
palavras. Seria também impossível pensar em traduzir ao “pé da letra” uma frase 
sinalizada, para outra língua qualquer. Por exemplo: em inglês, perguntamos: How old 
are you? (“quanto velho você é?”). Em português, corresponde a: “quantos anos você 
tem?”. Em Libras, sinalizamos: mão direita em “Y”, tocando de leve com o dedo 
mínimo na altura do lado direito do peito, e uma expressão fácil da pergunta. 
(VALVERDE, 1990). 
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Nesse contexto, realizar interpretação para a língua de sinais não significa 
sinalizar todas e/ou as mesmas palavras pronunciadas no português
pelo ouvinte, ou 
seja, ser literal. Assim sendo, é possível afirmar que ser intérprete de língua de sinais 
é sinalizar, respeitando a estrutura gramatical da língua de sinais, um discurso 
equivalente já dito no português, possibilitando, dessa forma, a compreensão da 
mensagem pela comunidade surda. Ao intérprete de língua de sinais é necessário 
tomar um tópico qualquer e entender a sua estrutura, estabelecer um vocabulário em 
língua de sinais, habilidades essas sem as quais é impossível interpretar. 
Isso leva, muitas vezes, a pessoa que pretende atuar como intérprete a 
perceber que ela não teria condições de desempenhar profissionalmente essa função. 
Não se traduz, afinal, de uma língua para outra, e sim de uma cultura para outra; a 
tradução requer, assim, do tradutor qualificado, um repositório de conhecimentos 
gerais, de cultura geral, que cada profissional irá aos poucos ampliando a 
aperfeiçoando de acordo com os interesses do setor a que se destine seu trabalho. 
(CAMPOS, 1986). 
Nem sempre o profissional tem consciência da necessidade de atualização de 
assuntos gerais, o que se deve, principalmente, à concepção assistencial de que se o 
surdo tiver alguma informação em LIBRAS já lhe é suficiente. Desse modo, é em parte 
compreensível que o trabalho do intérprete de língua de sinais ainda esteja 
relacionado ao voluntariado. A presença do intérprete de língua de sinais não é 
considerada um direito de cidadania e, sim, um ato de benevolência às pessoas ainda 
consideradas deficientes. 
Por isso, é necessário estar em constante atualização, pois, como a 
comunidade surda pouco se beneficia dos meios de comunicação de massa, uma vez 
que somente três canais de televisão possuem serviços de legenda oculta e em 
horários pré-selecionados, são inúmeras as situações em que o palestrante cita 
acontecimentos da atualidade para completar ou significar a sua fala. Assim sendo, o 
intérprete de língua de sinais precisa estar pronto a esclarecer, para a sua comunidade 
interpretativa, detalhes do assunto tratado pelo palestrante ouvinte. Dessa forma, o 
assunto exposto sobrevive na língua de sinais. 
Muitas vezes, a fim de estabelecer uma ponte entre as duas culturas a tradução 
tem que explicitar conhecimentos que são comuns entre os leitores do original, mas 
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dos quais não partilham os leitores da tradução, por meio de notas de rodapé, 
glossários e outros recursos. (TRAVAGLIA, 2003). 
As informações que são acrescidas pelo tradutor, nas notas de rodapé, quase 
sempre acontecem, no caso do intérprete de língua de sinais, durante o ato 
interpretativo. Nessas situações, o intérprete terá que escolher entre ignorar o 
desconhecimento do assunto pela comunidade interpretativa e seguir interpretando 
todo o discurso – isto é, todo o discurso que for captado por ele – ou interpretar menos 
informações do que está sendo dito e fazer com que a ideia do palestrante seja de 
possível compreensão pela comunidade surda, explicitando algumas informações já 
dadas como conhecidas pelos ouvintes e acrescentando as novas, figuradas pelo 
palestrante. 
O intérprete necessita fornecer pistas suficientes à interpretação e à 
reconstrução do sentido na língua de sinais, tendo o cuidado, entretanto, de não 
explicar excessivamente, para não restringir a compreensão dos surdos, além da 
preocupação em não deixar conceitos totalmente desvinculados, que vão dificultar ou 
até impedir o estabelecimento da coerência do discurso na língua de sinais, ou seja, 
na língua de chegada. 
Durante a interpretação, não raro, o intérprete de língua de sinais é interpelado 
pelo surdo, que solicita esclarecimento sobre um sinal desconhecido. Normalmente, 
o intérprete faz a opção por explicar o significado do referido sinal ou palavra que 
possa ter sido soletrada por meio do alfabeto manual (datilologia). 
 
ALUNO SURDO X INTÉRPRETE X PROFESSOR: PERSPECTIVA NA ÁREA 
EDUCACIONAL INCLUSIVA 
 
 A inclusão vem tomando força cada vez mais, a realidade é inegável e deve 
acontecer. Nessa perspectiva a Educação encontra-se num “duelo” muito particular 
entre dois profissionais que atuam diretamente com os surdos. Nesse contexto 
inclusivo existem três personagens: os alunos surdos, o intérprete de Libras e o 
professor. É importante que sejam definidas com clareza as funções que cada um 
destes exerce nesse processo. 
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O primeiro personagem é o aluno surdo. Esse possui língua e cultura diferente 
daquela que o professor está acostumado a lidar. Também, por lei, tem o direito de 
ser incluído em sala e escola de ensino comum. Todavia, a discussão não se ateará 
nesse personagem, embora seja o principal. 
O segundo personagem é o intérprete de Libras. Esse servirá de canal 
comunicativo entre os surdos e as pessoas que lhes cercam. Mas que papel ele 
exerce em sala de aula? Como deverá ser sua postura em sala de aula? Há éticas 
que limitem ou lhes dê direitos? Quem é ele, enfim, na sala de aula? Na escola? 
Seu papel em sala de aula é servir como tradutor entre pessoas que 
compartilham línguas e culturas diferentes como em qualquer contexto tradutório que 
vivenciou ou vivenciará. Ele realiza uma atividade humana e que exige dele 
estratégias mentais na arte de transferir o contexto, a mensagem de um código 
linguístico para outro. 
Essa atividade tradutória é a produção do seu ofício, requer uma série de 
procedimentos técnicos e isso não é fácil (há muitos “sinalizadores” nomeando a si 
mesmos como intérpretes e não o são, que incorre na desvalorização da Libras, pois 
em nenhuma língua oral as pessoas terminam um curso e começam a interpretar, 
porque sabem que existem procedimentos técnicos e exigirá anos de estudo e contato 
com a língua e seus usuários, porém em Libras, inconscientemente, a desconsideram 
quando agem precipitadamente na área de interpretação ainda não formados). 
Tanto no contexto de uma sala de aula ou em uma palestra sobre química seu 
papel será o mesmo: traduzir. Sobre sua postura, o intérprete deve se conscientizar 
que ele não é o professor, e em situações pedagógicas não poderá resolver, limitando-
se às funções comunicativas de sua área. Manterá a mesma imparcialidade de sua 
profissão e desenvolverá uma relação sadia com os surdos e o corpo docente. 
Não permitirá que seu contato pessoal com os surdos, que é maior do que a do 
professor interfira em sua atuação. O Código de Ética que norteia à carreira pode ser 
usado também para essa atuação, considerando o supracitado a despeito de seu 
papel, que é traduzir. Entretanto, esse código deixará a desejar em muitos fatos e 
necessidades importantes que acontecem nesse novo palco de sua atuação. 
Acreditando nisso, faz-se necessária a criação de um código específico (paralelo) para 
a área de educação e acoplá-lo ao já existente. 
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Na falta deste “novo” Código recorramos ao Código de Ética vigente. Para a 
última pergunta o intérprete é um “estranho” na sala de aula, um “objeto diferente” é 
visto dessa forma e pode ter certeza que assim se sente. Tanto para os alunos (em 
geral), para os professores e para os intérpretes é tudo muito recente, quando se viu 
estavam todos no mesmo lugar. Por fim, o intérprete de Libras exercerá
em sala de 
aula e em todas as atividades educacionais somente as Funções Comunicativas 
Tradutórias que por si só são exacerbadas. 
O terceiro personagem é o professor. Esse será o modelo pedagógico para os 
alunos e sua preocupação é voltada para o conteúdo, a disciplina, o saber, o 
conhecimento. Como deverá ser seu relacionamento com o aluno surdo? Além de ser 
o modelo pedagógico em sala de aula, que mais pode fazer pelo primeiro personagem 
neste teatro escolar? 
À primeira pergunta sugere-se que seu relacionamento com o aluno surdo seja 
o mesmo que tem com os ouvintes. Nesse contexto, ele utilizará o profissional 
intérprete em momentos que sua projeção seja para a turma inteira. O atendimento 
que o professor faz individualmente a cada aluno ouvinte será importante do mesmo 
modo ao aluno surdo. Para isso, o educador precisa aprender e conhecer a língua 
desse aluno, que se referindo ao surdo é a Libras. 
Esse contato direto, esse atendimento pessoal entre professor e aluno, é que 
irá gerar melhor relacionamento, amizade e comprometimento entre os dois. Isso é 
imprescindível! Ninguém pode fazer isso por você, professor! No cenário da inclusão 
tudo para todos é “muito novo” e não é incomum equívocos acontecerem. É impossível 
usar o intérprete para interpretar textos, será melhor que, para alcançar todos, escreva 
no quadro, por exemplo. 
Jamais fazer uso do intérprete para funções pertinentes tão somente ao seu 
ofício, nesse caso ele poderá contestar sua solicitação. Outro exemplo é pedir ao 
intérprete para escrever no quadro aquilo que está oralmente ditando para os alunos 
ouvintes. Igualmente, será fundamental o professor, após entender e conhecer a 
língua e cultura da comunidade surda, disseminar o motivo de sua presença em sala 
de aula e sua participação na escola de ensino comum, objetivando conscientizar os 
alunos e outras pessoas, pois se assim não agir será apenas integração e não 
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inclusão, que dispõe de uma mudança tanto na estrutura da escola, nos sistemas, 
quanto na consciência de todos. 
Por fim, o professor nesse contexto inclusivo exercerá nas atividades 
educacionais as mesmas funções que exerce comumente, as Funções 
Pedagógicas, sem qualquer temor. Embora definidas as funções de cada profissional 
observa-se certa situação aflitiva entre eles e tais necessitam ser sanadas. O 
professor normalmente tem muitas dúvidas ou mesmo desconfiança na tradução que 
o intérprete realiza, acreditando ser improvável a concretização da interpretação pelo 
simples fato do intérprete não haver feito pedagogia, magistério ou não ter intimidade 
com os conteúdos escolar. 
O intérprete, muitas vezes, vai além de sua interpretação, interferindo naquilo 
para qual não foi lhe dado autoridade. Muitos intérpretes são selecionados para 
trabalharem nas escolas de todo o país, porém, nem todos estão em condições 
profissionais para atuarem. Outro problema advindo do professor é a desconfiança se 
o intérprete na hora da prova está ajudando (dando “cola”) ao aluno surdo. Por sua 
vez, o intérprete mantém uma postura inadequada, a ponto de gerar certo incômodo 
não só no professor como na turma. 
Muitos acreditam que contratando professores que conhecem Libras poderão 
ser utilizados para substituir os verdadeiros profissionais intérpretes. Os 
procedimentos técnicos são completamente diferentes. Por isso, foram definidas as 
funções comunicativas e pedagógicas. Mesmo que o professor conheça muito bem a 
Libras ele é professor, a não ser que tenha experiências profissionais dentro da área 
de interpretação, mesmo assim é melhor exercê-las em momentos distintos. 
Sem falar que o relacionamento do intérprete não se limita a um professor, mas 
a vários. Todas essas situações têm gerado um conflito demasiadamente 
desagradável e prejudicial ao desenvolvimento de ambos os profissionais e ao aluno. 
O primeiro passo é a confiabilidade. Esta precisa ser desenvolvida entre ambos, 
professor e intérprete. Quando se trabalha com insegurança, desconfiança é 
extremamente incômodo, entretanto, havendo uma mútua confiança não só o trabalho 
é mais bem realizado como o ambiente fica mais agradável. O segundo passo, o 
respeito, ele será o limitador entre os dois. 
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Sabe-se que o direito de um termina quando se inicia do outro e se isso houver 
ambos saberão os limites de suas funções. Se comunicativas, comunicativas; se 
pedagógicas, pedagógicas. O terceiro, a parceria, profundamente importante para o 
desenvolvimento escolar do aluno e ele implica na divisão de conteúdos ministrados 
em sala de aula. A interpretação, de um modo geral, rende mais quando o intérprete 
tem em suas mãos o texto (refere-se a qualquer mensagem, seja falada ou escrita) 
que decifrará caso contrário a interpretação será prejudicada, contudo se previamente 
ler o texto, na hora da tradução mobilizará esses conhecimentos armazenados em 
sua mente e, portanto, interpretará melhor o conteúdo. 
Solicita-se que o professor debata com o intérprete o plano de aula e esclareça 
dúvidas, caso ele tenha. De igual modo, o intérprete se preocupará em tomar 
conhecimento do texto que será usado em sala de aula ou em qualquer outro evento. 
Envolvimento educacional é o quarto passo e de grande importância, ele permitirá que 
o professor e o intérprete mostrem um ao outro “a deixa”, objetivando ampliar a 
formação dos surdos. 
O intérprete sabe os pontos em que os surdos se sentem mais fragilizados e 
poderá compartilhar essas informações com o professor. O professor, por sua vez, 
sabe pela correção de exercícios e provas quando o aluno está respondendo bem ou 
não aos conteúdos e assim informará ao intérprete. Essa troca entre os dois facilitará 
o envolvimento e desenvolvimento educacional dos alunos. 
 
O PAPEL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS 
 
A presença do intérprete de LIBRAS x Português e vice-versa, em sala de aula, 
tem aspectos favoráveis e desfavoráveis que precisam ser observados. 
Aspectos favoráveis: 
• O aluno surdo aprende de modo mais fácil o conteúdo de cada disciplina; 
• O aluno surdo sente-se mais seguro e tem mais chances de 
compreender e ser compreendido; 
• O processo de ensino-aprendizagem fica menos exaustivo e mais 
produtivo para o professor e alunos; 
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• O professor fica com mais tempo para atender aos demais alunos; • A 
linguagem de LIBRAS passa a ser mais divulgada e utilizada de maneira adequada; 
• O aluno surdo tem melhores condições de desenvolver-se, favorecendo 
inclusive seu aprendizado da Língua Portuguesa (falada e/ou escrita). 
Aspectos desfavoráveis: 
• O intérprete pode não conseguir passar o conteúdo da mesma forma que 
o professor; 
• O aluno não presta atenção ao que o professor regente diz, porque está 
atento ao intérprete; 
• Há necessidade de pelo menos dois intérpretes por turma porque a 
atividade é exaustiva; 
• Os demais alunos ouvintes podem ficar desatentos, porque se distraem 
olhando para o intérprete; 
• O professor regente pode sentir-se constrangido em estar sendo 
interpretado; 
• O professor não interage diretamente com o aluno. 
A integração do aluno surdo é um desafio que deve ser enfrentado com 
coragem, determinação
e segurança. A decisão de encaminhá-lo à classe de ensino 
regular deve ser fruto de um criterioso processo de avaliação. Finalmente, deve-se ter 
clara que essa integração não passa exclusivamente pela sua colocação na turma 
com crianças ouvintes. A verdadeira integração implica em reciprocidade. 
A criança surda poderá iniciar seu processo de integração na família, na 
vizinhança, na comunidade, participando de atividades sociorecreativas, culturais ou 
religiosas com crianças e adultos “ouvintes” e dar continuidade a esse processo na 
escola especial ou regular, de acordo com suas necessidades especiais. Garantir ao 
aluno surdo um processo de escolarização de qualidade é fator fundamental para sua 
integração plena. 
A língua de sinais é rica e fácil de aprender. Conhecê-la é muito gratificante e 
importante para entender as necessidades e manter a comunicação com os surdos. 
Diversas igrejas, comunidades e escolas ministram cursos sobre a língua de sinais 
com professores preparados. Também é possível aprender por meio da convivência 
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com os surdos. Este método é agradável, pois os surdos têm enorme prazer e 
paciência em ensiná-los. 
 O intérprete é a pessoa em que o surdo deposita extrema confiança. Os 
serviços de interpretação são necessários em: 
• Palestras e conferências; 
• Entrevistas e trâmites, como trabalho, consultas médicas, audiências 
judiciárias, etc.; 
• Aulas em que o professor não seja fluente em LIBRAS e nas 
universidades; 
• Situações em que a interação entre pessoas surdas e ouvintes não 
usuários de Língua de Sinais seja intensa, de longa duração e/ou de relevante 
importância. 
 
ORIENTAÇÃO AOS PAIS 
 
 Busque informações, pesquise e informe sobre tratamentos e terapias. Pais e 
familiares de surdos devem procurar ajuda e conselho de pessoas que já passaram 
por problemas semelhantes, assim como entidades e associações de surdos e de 
profissionais especializados. 
 Pense bastante antes de tomar cada decisão. A escolha do profissional 
adequado para o tratamento, o exame a ser realizado, o método a ser utilizado e a 
compra de determinado tipo de aparelho auditivo – são algumas decisões que não 
podem ser mudadas facilmente. A escolha errada pode significar o desperdício de 
muitos anos. 
 Procure descobrir a causa da surdez, pois isso ajudará a planejar as 
necessidades de estimulação, além de mostrar quais as chances de outros filhos 
nascerem com o mesmo problema. Muitas vezes, é difícil para os pais aceitarem a 
criança surda, porém, a união do casal e da família em geral será essencial para a 
criança ter uma qualidade de vida melhor. 
 
REFLEXÕES SOBRE A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO SURDO 
 
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A presença do intérprete de língua de sinais não é suficiente para uma inclusão 
satisfatória, sendo necessária uma série de outras providências para que este aluno 
possa ser atendido adequadamente: adaptação curricular, aspectos didáticos e 
metodológicos, conhecimentos sobre a surdez e sobre a língua de sinais, entre outros. 
A presença de um intérprete de LIBRAS em escolas brasileiras é, sem dúvida, 
algo ainda pouco comum. Contudo, a desinformação dos professores e o 
desconhecimento sobre a surdez e sobre os modos adequados de atendimento ao 
aluno surdo são frequentes. A prática de muitos anos de acompanhamento de 
crianças surdas permite afirmar que, infelizmente, a maior parte das inclusões 
escolares de surdos é pouco responsável. 
A escola se mostra inicialmente aberta a receber a criança (também porque há 
a força da lei que diz que a escola deve estar aberta à inclusão), discute suas 
características no momento de sua entrada e, depois a insere na rotina, sem qualquer 
cuidado especial. Em geral, com o passar do tempo, a criança parece bem, já que não 
apresenta muitos problemas de comportamento, e todos parecem achar que está tudo 
certo: 
a) A escola não se preocupa mais com a questão, porque se preocupar 
significaria buscar outras ajudas profissionais (intérprete, educador surdo, professor 
de apoio etc.) e a escola pública brasileira, em geral, não conta nem com a equipe 
básica de educadores para atender as necessidades dos alunos ouvintes; 
b) Os professores, que percebem que o aluno não evolui, mas não sabem 
o que devem fazer, por falta de conhecimento e preparo; 
c) Os alunos ouvintes, que acolhem, como podem, a criança surda sem 
saber bem como se relacionar com ela; 
d) O aluno surdo, que, apesar de não conseguir seguir a maior parte daquilo 
que é apresentado em aula, simula estar acompanhando as atividades escolares, pois 
afinal todas aquelas pessoas parecem acreditar que ele é capaz; 
e) A família, que sem ter outros recursos precisa achar que seu filho está 
bem naquela escola. 
Ao final de anos de escolarização, a criança recebe o certificado escolar sem 
que tenha sido minimamente preparada para alcançar os conhecimentos que ela teria 
potencial para alcançar (em muitos casos, termina a oitava série com conhecimentos 
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de língua portuguesa e matemática, compatíveis com a terceira série). Essa realidade 
é gravíssima e tem se repetido no Brasil, a cada ano. Torna-se urgente intervir e 
modificar estes fatos. 
A presença de um intérprete de língua de sinais em sala de aula pode minimizar 
alguns aspectos desse problema, em geral, favorecendo uma melhor aprendizagem 
de conteúdos acadêmicos pelo aluno, que teria ao menos acesso (se conhecesse a 
língua de sinais, ou pudesse adquiri-la) aos conteúdos trabalhados. Todavia, este 
aluno continua inserido em um ambiente pensado e organizado para alunos ouvintes. 
Para que este ambiente se torne minimamente adequado às necessidades de 
alunos surdos, são necessárias mudanças e adaptações que se encontram distantes 
de serem realizadas. O aluno surdo é usuário de uma língua que nenhum 
companheiro ou professor efetivamente conhece. Ele é um estrangeiro que tem 
acesso aos conhecimentos de um modo diverso dos demais e se mantém isolado do 
grupo (ainda que existam contatos e um relacionamento amigável). 
A questão da língua é fundamental, pois, sem ela, as relações mais 
aprofundadas são impossíveis, não se pode falar de sentimentos, de emoções, de 
dúvidas, de pontos de vista diversos. As experiências revelam que a relação do aluno 
surdo com os demais se limita a trocas de informações básicas, que são 
enganosamente “imaginadas por todos” como satisfatórias e adequadas. 
Ele, por não conhecer outras experiências, só pode achar que este ambiente 
em que vive é bom: tem amigos, vai à escola todos os dias, é bem tratado e possui 
intérprete. Todavia, tudo isso se mostra precário, longe daquilo que seria desejável 
para qualquer aluno de sua idade. Outro ponto importante, no que tange às questões 
de desenvolvimento, é que o aluno surdo, como qualquer criança que frequenta o 
ensino fundamental, está em processo de desenvolvimento de linguagem, de 
processos identificatórios, de construção de valores sociais e afetivos, entre outros. 
É na escola que as crianças aprendem ou aperfeiçoam formas de narrar, de 
descrever, modos adequados de usar a linguagem em diferentes contextos, 
ampliando seu conhecimento linguístico, e experimentam regras de convivência
social, regras de formação de grupo e de valores sociais fundamentais para a 
adaptação da vida em sociedade. 
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É também na escola que emoções e afetos são vividos de forma mais aberta, 
menos protegida, propiciando sucesso, insucesso, ciúmes, competição, raiva, 
sentimentos importantes de serem conhecidos. Além disso, é nessa etapa da vida que 
os processos identificatórios se consolidam e o aluno surdo, sozinho no ambiente 
escolar, em sua condição de surdez, pode, por isso mesmo, enfrentar uma série de 
dificuldades. 
Shaw e Jamienson (1997) discutem que os discursos de sala de aula revelam 
papéis sociais e culturais nas interações que podem ser diferentes em muitos 
aspectos daquilo que tratam normalmente os discursos familiares. Assim, o discurso 
do professor guia a atenção dos alunos para tarefas relevantes, avaliando suas 
respostas e sua adequação. Além disso, muito do que é dito para outro aluno em uma 
explicação ou discussão é ouvido pelo grupo e constitui um conhecimento adquirido, 
ainda que não diretamente voltado para este ou aquele sujeito; neste ambiente, em 
que uma pergunta, outro responde e outro ouve, se constroem muitas regras de 
conhecimento social e afetivo importantes para o desenvolvimento da criança. 
Nesse sentido, crianças surdas possuem estratégias de comunicação muito 
peculiares, pois a maioria vem de lares ouvintes que não possibilitam um 
desenvolvimento linguístico no patamar das crianças ouvintes. Assim, elas partem de 
uma exposição e de estratégias de linguagem diferentes, estando expostas a um 
ambiente que usa simultaneamente pistas visuais e auditivas, impondo a elas opções, 
dividindo sua atenção. 
Em uma sala de aula para alunos ouvintes, isso se reproduz, já que o professor 
passa as informações de acordo com aquilo que está acostumado, sendo mais 
adequado aos ouvintes que às crianças surdas. Desse modo, a criança surda está 
presente, mas está perdendo uma série de informações fundamentais sobre questões 
de linguagem, sociais e afetivas que lhe escapam justamente por sua condição de ser 
usuária de outra língua, tendo acesso aos conteúdos apenas pela mediação do 
intérprete. 
A criança surda tem um interlocutor único que usa uma linguagem filtrada, 
escolar e própria para a tradução, sem outros modelos, sem trocas, sem contato com 
tudo que circula no meio e/ou ambiente. (TERUGGI, 2003). Trata-se de uma 
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experiência restritiva em um momento fundamental de seu desenvolvimento, que 
precisa ser considerada. 
A situação do aluno surdo incluído faz pensar no texto de Platão, “O mito da 
caverna”, presente no diálogo “A República”. 
(...) homens vivendo numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a 
sua largura, com um amplo saguão de acesso. Os habitantes desta caverna têm as 
pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não podem mudar de posição e olham 
apenas para o fundo da caverna, onde há uma parede. Bem em frente da entrada da 
caverna existe um pequeno muro da altura de um homem e por trás desse muro se 
movem homens carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e 
madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. E lá no alto brilha o sol. A 
caverna também produz ecos e os homens que passam por trás do muro falam de 
modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna (...). Se fosse assim, certamente 
os habitantes da caverna nada poderiam ver além das sombras das pequenas 
estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. 
Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, 
que eram cópias imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira realidade e 
que o eco das vozes seria o som real das vozes emitidas pelas sombras (...) 
 
Assim, o aluno surdo, seus companheiros e professores, parecem ver apenas 
as sombras e os ecos e não compreendem que as relações escolares poderiam 
acontecer de modo diferente. Ainda, seguindo o mito criado por Platão, suponhamos, 
agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem. 
Com muita dificuldade e sentindo-se frequentemente tonto, ele se voltaria para a luz 
e começaria a subir até a entrada da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se 
perdido, ele começaria a se habituar à nova visão com a qual se deparava. 
Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por 
sobre o muro e, após formular inúmeras hipóteses, por fim compreenderia que elas 
possuem mais detalhes e são muito mais belas que as sombras, que antes via na 
caverna e que lhes parece, agora, algo irreal ou limitado. 
Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro. Primeiramente, 
ele ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz. Depois, habituando-se, veria 
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as várias coisas em si mesmas. E, por último, notaria a própria luz do sol refletida em 
todas as coisas. Compreenderia, então, que essas e somente estas coisas seriam a 
realidade e que o sol seria a causa de todas as outras coisas. 
Para ver e saber o que realmente se passa, como podem ocorrer as relações 
em uma sala de aula entre alunos surdos e ouvintes, professores e alunos que 
vivenciam esta experiência de inclusão precisariam conhecer algo diverso, conhecer 
melhor a surdez e sua realidade, de modo a refletirem sobre o que têm vivido. “O mito 
da caverna” termina dizendo que: (...) mas ele se entristeceria se seus companheiros 
da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas últimas das 
coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo 
da ignorância e dos grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como 
um louco que não reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam ser 
a verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam (...) 
O texto de Platão pode iluminar alguns pontos das discussões aqui 
apresentados. Na situação da escola inclusiva, não são os alunos surdos ou os alunos 
ouvintes os responsáveis por voltarem para a caverna e tentarem convencer seus 
companheiros de que há outra realidade possível de ser vivida, pois, afinal, são 
crianças e seria uma responsabilidade bastante grande. 
Mas os profissionais envolvidos neste trabalho, especialmente os intérpretes, 
os professores e os pesquisadores conhecem outras realidades, a realidade da 
surdez, a realidade escolar, e não podem se calar, sendo responsáveis por conhecer 
os limites e os problemas enfrentados nas “cavernas da inclusão”. 
 
RESOLUÇÃO DO ENCONTRO DE MONTEVIDÉU 
 
 No ano de 2001 foi realizado um encontro internacional sobre a formação de 
intérpretes de língua de sinais na América Latina. Este evento foi realizado em 
Montevidéu, Uruguai, no período de 13 a 17 de novembro de 2001 com o apoio da 
Federação Mundial de Surdos. A seguir são apresentadas as principais conclusões e 
recomendações feitas por ocasião deste encontro. 
Respeitando as características e situação de cada um dos países participantes, 
conclui-se em primeiro lugar que é necessário, principalmente: 
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a) Que a comunidade de pessoas surdas seja consciente da importância 
de sua própria língua e dos intérpretes profissionais; 
b) Que as associações e federações de pessoas surdas sejam fortalecidas 
em todos os aspectos, por si mesmas, e com o apoio de organismos públicos e 
internacionais; 
c) Que em todos os países se reconheça a Língua de Sinais; 
d) Que exista reconhecimento da profissão e titulação do Intérprete de 
Língua de Sinais; 
e) Que exista reconhecimento da profissão e titulação do Intérprete de 
Língua de Sinais. 
 
E, logo, no terreno da capacitação e formação: 
• Que se dê importância equivalente à Língua de Sinais e à Língua Oficial 
do país; 
• Que os programas de formação incluam um estudo sistemático de 
ambas as línguas; 
• Que se estimule e favoreça a garantia a primeira língua; 
• Que se destine maior tempo à investigação linguística com respeito à 
Língua de Sinais; 
• Que a comunidade de pessoas surdas assuma um papel protagônico 
nos processos de investigação, junto com os especialistas; 
• Que exista um trabalho conjunto entre intérpretes e pessoas surdas na 
formação de futuros intérpretes e de futuros formadores de intérpretes; 
• A elaboração, execução e avaliação dos programas de formação devem 
ser conceitualmente interculturais e interdisciplinares; 
• Que os centros de formação de intérpretes façam o intercâmbio de suas 
metodologias e experiências, dinamicamente; 
• Preferivelmente as federações ou associações deveriam, em função de 
sua capacidade e interesse, liderar os cursos; 
• Que exista uma base de lineamentos gerais para planejar um curso de 
Língua de Sinais como, por exemplo: 
a) objetivos; 
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b) conteúdos; 
c) tempo; 
d) metodologia; 
e) atividades; 
f) materiais e recursos; 
g) avaliação; 
h) continuação e prática; 
• Que os quatro países que atualmente dispõem de cursos de Língua de 
Sinais e de formação de intérpretes (Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai) prestem 
seu apoio aos países que ainda não contam com estes cursos (Bolívia, Paraguai, 
Chile, Equador, Peru e Venezuela), para o qual cada um dos primeiros quatro 
designará duas pessoas, uma ouvinte e outra surda especialista em formação, que 
sirvam como, formadores, assessores e consultores dos futuros agentes 
multiplicadores de cada um dos seis países. Os critérios para selecionar os agentes 
multiplicadores deverão ser desenvolvidos. A Federação Mundial de Surdos designará 
um especialista que será o coordenador de todo este processo; 
• Os agentes multiplicadores, com a ajuda do especialista coordenador, 
contribuirão para o estabelecimento de um programa de capacitação em Língua de 
Sinais e outro de Formação de Intérpretes em cada país. Estes programas poderão 
aplicar-se de forma sequencial (primeiro um, depois o outro) ou paralelamente (ambos 
os programas de uma vez, considerando que, por exemplo, os intérpretes empíricos 
sejam os primeiros alunos dos cursos de Formação de Intérpretes). O 
acompanhamento deste processo se dará entre os quatro países e o especialista 
coordenador; 
• Os usuários devem conhecer o código ético pelo qual se rege a 
interpretação; 
• Que a Federação Mundial de Surdos continue respaldando estes 
processos. 
 
 
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MEDIADOR X INTÉRPRETE: A DIFERENÇA NA FUNÇÃO E NA 
APRENDIZAGEM DOS ALUNOS SURDOS 
 
 A busca para entender a diferença entre a função de mediador e de intérprete 
pode remeter à compreensão sobre se há ou não uma discrepância na aprendizagem 
de alunos, nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Acredita-se que a 
aprendizagem do aluno se constitui, na maioria das vezes, da intervenção do 
educador. Essa intervenção, ou também, mediação, pode ajudar na elevação 
intelectual do mesmo, promovendo uma elevação no nível de conhecimento e 
compreensão desse aluno, fazendo com que algumas dificuldades sejam supridas. 
 Em se tratando de educação, a aprendizagem plena dos alunos é uma das 
maiores metas do educador. Isso não é diferente com o aluno surdo, que necessita 
de maiores aparatos pedagógicos para que a aprendizagem ocorra, como a 
preparação e formação de seus educadores e até mesmo a formação e função 
desempenhada pela pessoa que o acompanha na tradução da língua, entre outros 
pontos relevantes. 
 Para se fazer entender a função do professor, primeiramente se faz necessária 
uma retomada geral da formação do mesmo no Brasil, para em seguida discutir a sua 
necessidade de conhecimento para atuar com a Educação Especial, apontada como 
uma modalidade educacional na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 
9.3949/96). 
 Em seguida, compreender a formação continuada e a função exercida pelo 
professor mediador e intérprete e sua interferência na aprendizagem dos alunos. 
Observadas as duas funções, percebe-se que quanto ao apoio permanente há a 
preocupação com a aprendizagem do aluno e não somente com a interação social, 
como ocorre na função do tradutor/intérprete. 
 Segundo Góes, “tendo em vista que o ensinar-aprender somente se dá na 
dialogia, a qualidade da experiência escolar dos surdos depende das formas pelas 
quais a escola aborda a questão da linguagem e concebe a importância ou o lugar 
das duas línguas”. (2000, p. 29). 
 Pode-se perceber que a presença de um intérprete é de extrema relevância, 
não só para a inserção e comunicação social do surdo, mas, também, para a 
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aprendizagem e desenvolvimento cognitivo do mesmo. Essa forma de educação 
chama-se Educação Bilíngue. De acordo com Lacerda (2000, p. 54): 
O objetivo da Educação Bilíngue é que a criança surda possa ter um 
desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao verificado na criança ouvinte e 
que possa desenvolver uma relação harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso 
às duas línguas: a língua de sinais e a língua do grupo majoritário. 
 A inserção da criança surda no ensino regular exige das autoridades 
responsáveis a presença de um tradutor da língua para que o aprendizado significativo 
ocorra, proporcionando a esse aluno o direito à igualdade perante a sociedade. Para 
Lacerda (2000, p. 55): Quando se opta pela inserção do aluno surdo na escola regular, 
essa precisa ser feita com muitos cuidados que visem garantir sua possibilidade de 
acesso aos conhecimentos que estão sendo trabalhados, além do respeito por sua 
condição linguística e por seu modo peculiar de funcionamento. 
 Ao exposto acima, fica clara a necessidade de apoio do intérprete da 
língua, pois sem ela o aluno surdo se torna incomunicável e não consegue se apropriar 
dos conhecimentos necessários. Assim, pode-se dizer que o tradutor da língua é um 
dos aparatos principais para a inclusão do surdo no ensino regular. 
 
REGULAMENTO PARA ATUAÇÃO COMO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE 
LÍNGUA DE SINAIS 
 
 Em alguns estados brasileiros surgiu a necessidade de regulamentar a 
atuação do profissional intérprete de língua de sinais. O Estado do Rio Grande do Sul 
iniciou a capacitação de seus profissionais intérpretes em 1997 por intermédio de 
cursos certificados pela FENEIS/RS e pela UFRGS. Neste Estado, desde 1988 são
realizados encontros sistemáticos para discussão sobre a qualidade da interpretação 
e sobre os princípios éticos. Portanto, o Estado do Rio Grande do Sul apresenta um 
histórico bastante interessante no sentido de organização deste profissional. 
 Ao longo da atuação dos intérpretes neste Estado surgiu a necessidade de 
uma regulamentação para atuação dos intérpretes, uma vez que foram observadas 
restrições comuns que deveriam ser consideradas. A seguir, apresentar-se-á o 
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regulamento para a atuação como tradutor e intérprete de língua de sinais, elaborado 
pelos intérpretes do Estado do Rio Grande do Sul. 
 Vale ressaltar que o objetivo da apresentação do mesmo restringe-se à 
exposição da experiência deste trabalho, com intuito de contribuir para o 
desenvolvimento do profissional intérprete em outros estados brasileiros que não 
disponham de nenhum tipo de regulamentação. 
 
MODELOS DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
 
 Traduzir um texto em uma língua falada para uma língua sinalizada ou vice-
versa é traduzir um texto vivo, uma linguagem viva. Acima de tudo, deve haver um 
conhecimento coloquial da língua para dar ao texto fluidez e naturalidade ou 
solenidade e sobriedade, se ele for desse jeito. Catford (1980) define tradução da 
seguinte forma: Tradução pode definir-se como a substituição de material textual 
numa língua (LF) por material textual equivalente noutra língua (LM). (...) o termo 
equivalente é, sem dúvida, uma palavra-chave (...) Uma tarefa central em teoria de 
tradução consiste em definir a natureza e as condições da equivalência de tradução. 
Roberts (1992) apresenta seis categorias para analisar o processo de 
interpretação, que serão destacadas a seguir por apresentarem as competências de 
um profissional tradutor-intérprete: 
(1) Competência linguística - habilidade em manipular com as línguas 
envolvidas no processo de interpretação (habilidades em entender o objetivo da 
linguagem usada em todas as suas nuanças e habilidade em expressar corretamente, 
fluente e claramente a mesma informação na língua-alvo). Os intérpretes precisam ter 
excelente conhecimento de ambas às línguas envolvidas na interpretação (ter 
habilidade para distinguir as ideias principais das ideias secundárias e determinar os 
elos que definem a coesão do discurso). 
(2) competência para transferência - não é qualquer um que conhece duas 
línguas e que tem capacidade para transferir a linguagem de uma para a outra; essa 
competência envolve habilidade para compreender a articulação do significado no 
discurso da língua-fonte, habilidade para interpretar o significado da língua-fonte para 
a língua-alvo (sem distorções, adições ou omissões), habilidade para transferir uma 
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mensagem na língua-fonte para a língua-alvo sem influência da língua-fonte e 
habilidade para transferir da língua-fonte para a língua-alvo de forma apropriada do 
ponto de vista do estilo. 
(3) Competência metodológica - habilidade em usar diferentes modos de 
interpretação (simultâneo, consecutivo, etc.), habilidade para escolher o modo 
apropriado diante das circunstâncias, habilidade para retransmitir a interpretação, 
quando necessário, habilidade para encontrar o item lexical e a terminologia 
adequada, avaliando-os e usando-os com bom-senso, habilidade para recordar itens 
lexicais e terminologias para uso no futuro. 
(4) Competência na área - conhecimento requerido para compreender o 
conteúdo de uma mensagem que está sendo interpretada. 
(5) Competência bicultural - profundo conhecimento das culturas que 
subjazem as línguas envolvidas no processo de interpretação (conhecimento das 
crenças, valores, experiências e comportamentos dos utentes da língua-fonte e da 
língua-alvo e apreciação das diferenças entre a cultura da língua-fonte e a cultura da 
língua-alvo). 
(6) Competência técnica - habilidade para posicionar-se apropriadamente 
para interpretar, habilidade para usar microfone e para interpretar usando fones, 
quando necessário. 
São várias as categorias apresentadas demonstrando, portanto, a 
complexidade do processo em que o profissional intérprete está envolvido. Além de 
tais competências, o intérprete de língua de sinais está diante do processamento de 
informação simultânea. Assim, apresentar-se-ão algumas propostas de modelos de 
processamento no ato da tradução e interpretação. 
 
 
MODELO COGNITIVO 
 
Três passos a serem seguidos pelo intérprete no modelo cognitivo: 
1) Entender a mensagem na língua-fonte; 
2) Ser capaz de internalizar o significado na língua-alvo; 
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3) Ser capaz de expressar a mensagem na língua-alvo sem lesar a 
mensagem transmitida na língua-fonte. 
O processo pelo qual o intérprete passa apresenta os seguintes passos: 
 
Mensagem original > Recepção e compreensão > Análise e internalização > 
Expressão e avaliação > Mensagem interpretada para a língua-alvo 
 
 
MODELO INTERATIVO 
 
 
O modelo interativo aponta os componentes que afetam a interpretação. São 
eles: 
a) Participantes: iniciador, receptor e o intérprete (e talvez ainda o relay); 
b) Mensagem; 
c) Ambiente (contexto físico ou psicológico); 
d) Interações (os efeitos de cada categoria dependem demais). 
 
Diante de tais aspectos, os intérpretes devem considerar os seguintes 
aspectos: 
4) Como a mensagem está sendo interpretada (simultânea ou 
consecutivamente); 
5) O espaço de sinalização que está sendo usado (amplo ou reduzido, de 
acordo com a audiência); 
6) Fatores físicos (como iluminação e ruídos); 
7) Feedback da audiência (movimento da cabeça e linguagem corporal); 
8) Decisões em nível lexical, sintático e semântico. 
 
MODELO INTERPRETATIVO 
 
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 O intérprete deve entender as palavras e sinais para expressar seus 
significados corretamente na língua-alvo. Interpretar é passar o SENTIDO da 
mensagem da língua-fonte para a língua-alvo. 
 
MODELO COMUNICATIVO 
 
A mensagem é codificada para a transmissão. O código pode ser o português, 
a língua de sinais ou qualquer outra forma de comunicação. A mensagem é 
transmitida por meio de um CANAL e quando é recebida é CODIFICADA. Qualquer 
coisa que interfira na transmissão é considerada RUÍDO. O intérprete não assume 
qualquer responsabilidade pela interação ou dinâmica de comunicação, adotando 
uma posição de mero transmissor. 
 
MODELO SOCIOLINGUÍSTICO 
 
 O aspecto fundamental do processo de tradução e interpretação no modelo 
sociolinguístico baseia-se nas interações entre os participantes. O intérprete deve 
reconhecer o contexto, os participantes, os objetivos e a mensagem. Podem ser 
consideradas as seguintes categorias: 
• A recepção da mensagem; 
• O processamento preliminar (reconhecimento inicial); 
• A retenção da mensagem na memória de curto prazo (a mensagem deve 
ser retida em porções suficientes para então passar ao próximo passo); 
• O reconhecimento da intenção semântica (o intérprete adianta a 
intenção

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