Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 1 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS Coordenação de Ensino Instituto IPB http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 2 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS INTÉRPRETE DE LIBRAS http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 3 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NA INCLUSÃO: TRADUTOR OU PROFESSOR? ............................................................................................................ 4 INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS ..................................................................... 10 TRADUTOR OU PROFESSOR? ............................................................................... 12 ALUNO SURDO X INTÉRPRETE X PROFESSOR: PERSPECTIVA NA ÁREA EDUCACIONAL INCLUSIVA ..................................................................................... 16 O PAPEL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS.................................................................. 20 ORIENTAÇÃO AOS PAIS ......................................................................................... 22 REFLEXÕES SOBRE A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO SURDO ..................... 22 RESOLUÇÃO DO ENCONTRO DE MONTEVIDÉU ................................................. 27 MEDIADOR X INTÉRPRETE: A DIFERENÇA NA FUNÇÃO E NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS SURDOS ........................................................................................... 30 REGULAMENTO PARA ATUAÇÃO COMO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS ................................................................................................................. 31 MODELO COGNITIVO .............................................................................................. 33 MODELO INTERATIVO ............................................................................................ 34 MODELO INTERPRETATIVO ................................................................................... 34 MODELO COMUNICATIVO ...................................................................................... 35 MODELO SOCIOLINGUÍSTICO ................................................................................ 35 MODELO DO PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO .................................................. 36 MODELO BILÍNGUE E BICULTURAL ....................................................................... 36 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ............................................................................ 37 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42 http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 4 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS INTRODUÇÃO Um dos componentes principais da tarefa do intérprete da Língua Brasileira de Sinais é a sociabilidade, que demonstra a qualidade da personalidade individual e deve ser cultivada intensamente. A afinidade social é um conceito psicológico que se traduz pelo desejo de encontrar-se entre outras pessoas e sentir prazer em compartilhar a comunicação com elas, o que consideramos fundamental na tarefa interpretativa. Uma capacitação linguística adequada às necessidades de uma mediação interlocutora da cultura dos ouvintes e surdos constitui uma ferramenta relevante, fornecendo elementos precisos para um desempenho tradutório eficiente e claro nas línguas envolvidas. Um alto grau de distribuição de atenção e concentração é fundamental na eficácia da comunicação, estabelecendo, assim, as devidas conexões da conversação. Refletir sobre a tarefa do tradutor intérprete de LIBRAS facilita o entendimento dos pré-requisitos para a atuação profissional do mesmo. Aspectos como o desenvolvimento da linguagem e do pensamento, o domínio da língua materna falada e escrita, a fluência na língua de sinais, a empatia, a postura ética, a percepção das atitudes sociais, a espontaneidade, a receptividade e a imparcialidade são os adereços que servirão de elementos básicos não apenas na formação profissional, mas principalmente na atuação diante de dois mundos e duas culturas distintas. Sendo assim, ser mediador ou facilitador no processo de comunicação com os surdos resulta em serviços específicos que demandam do profissional intérprete um envolvimento profundo de elo entre os sujeitos envolvidos. Interpretar é envolverse não apenas com a língua, mas com o sujeito por trás dela. Requer do intérprete uma atuação dinâmica que “oferece” ao surdo a ilusão possível de ouvir. INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NA INCLUSÃO: TRADUTOR OU PROFESSOR? A partir da Declaração de Salamanca (1994), o movimento de inclusão tem como meta não deixar nenhum aluno fora do ensino regular, desde o início da http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 5 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS escolarização, propondo que a escola é quem deve se adaptar ao aluno. Inclusão, nesse contexto, implica o compromisso que a escola deve assumir de educar cada criança. Assim, a proposta de inclusão se propõe a contemplar a pedagogia da diversidade, ou seja, todos os alunos deverão estar dentro da escola regular, independentemente de sua origem social, étnica ou linguística. É essa proposta de educação para todos que insere o intérprete de língua de sinais na sala de aula, pretendendo, assim, garantir ao surdo a aquisição dos conteúdos escolares na sua própria língua. Entretanto, para entendermos a complexidade referente ao trabalho do Intérprete de Língua de Sinais na sala de aula, é preciso, antes, que esteja claro qual o papel do professor na escola e na vida do aluno. Assim sendo, analisemos os papéis desempenhados pelos professores e pelos intérpretes, questões de produção e reprodução do saber, as quais parecem confluir e interagir. Trata-se de analisar alguns aspectos da prática educativa diante da diversidade, em uma escola de massas que tenta sobreviver e funcionar dentro do complexo contexto linguístico, cultural e socioeconômico que é o contexto brasileiro. É importante lembrar o fato de que a maioria dos professores que atua na sala de aula inclusiva obteve uma formação para trabalhar com um público relativamente homogêneo, falante da língua majoritária, ou seja, que compartilha da mesma língua do professor. Esses docentes confrontam-se, agora, com um aluno sinalizador, estrangeiro no seu próprio país, e que não reconhece a grafia do português como a representação escrita da sua língua natural. O professor, do Ensino Fundamental ao Superior, tem como objetivo auxiliar e realizar a mediação entre o aluno e o conhecimento, lidando constantemente com as questões da aprendizagem, construídas pelos alunos. [...] minha intenção neste texto é mostrar que a tarefa do ensinante, que é também aprendiz, sendo prazerosa, é igualmente exigente. Exigente de seriedade, de preparo científico, de preparo físico, emocional, afetivo. É uma tarefa que requer de quem com ela se compromete um gosto especial de querer bem não só aos outros, mas ao próprio processo que ela implica. É impossível ensinar sem essa coragem de querer bem, sem a valentia dos que insistem mil vezes antes de uma desistência. [...] A tarefa de ensinar é uma tarefa profissional que, no entanto, exige amorosidade, http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 6 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS criatividade, competência científica, mas recusa a estreiteza científica, que exige a capacidade de brigar pela liberdade sem a qual a própria tarefa fenece. (FREIRE, 1997, p. 9-10). Nesta perspectiva, ser educador é uma atividade profissional que exige diversos requisitos, entre eles a formação científica em uma dada disciplina. O educador participa diretamente na vida escolar dos seus alunos. E tem a responsabilidade de mediar o conhecimento, por meio da interação com os alunos, assim como escolher uma metodologia de ensino adequada para atingi-los, gerando motivação e interesse pelo conteúdo trabalhado, sempre voltado para o contexto da sala de aula. (MARTINS, 2004). Na busca de resultados, o papel do professor é único e consiste em organizar situações de aprendizagem para desafiar o aluno a elaborar um novo conhecimento. A prática educativa, pelo contrário, é algo muito sério. Lidamos com gente, com crianças, adolescentes ou adultos. Participamos de sua formação. Ajudamo-los ou os prejudicamos nesta busca. Estamos intrinsecamente a eles ligados no seu processo de conhecimento. Podemos concorrer com nossa incompetência, má preparação, irresponsabilidade, para o seu fracasso. Mas podemos, também, com nossa responsabilidade, preparo científico e gosto do ensino, com nossa seriedade e testemunho de luta contra as injustiças, contribuir para que os educandos se tornem presenças marcantes no mundo. (FREIRE, 1997). Segundo as ideias de Freire, a função do professor é tornar significativa a aprendizagem, as trocas de saberes e experiências entre os colegas da sala, durante todo o processo pedagógico. Sendo a prática educativa algo sério, a atividade de educador não pode ser exercida por pessoas despreparadas ou, no caso do intérprete de língua de sinais, que apenas possuem o domínio de uma dada língua dentro da sala de aula. Por lidar diretamente com o aluno surdo, para o intérprete é praticamente inviável a separação dos papéis e ele acaba tomando ações pertinentes ao professor. Essa facilidade com que o intérprete se coloca como educador pode ser justificada pela ideia do senso comum de que ensinar é um simples processo de transferência de conhecimento. Conceito totalmente errôneo, como nos aponta Freire (1987, p. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 7 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS 118): O professor deve ensinar. É preciso fazê-lo. Só que ensinar não é transmitir conhecimento. Para que o ato de ensinar se constitua como tal, é preciso que o ato de aprender seja precedido do, ou concomitante ao ato de aprender o conteúdo ou o objeto cognoscível, com que o educando se torna produtor também do conhecimento que lhe foi ensinado. Ao estender a sua atuação à de educador, esse intérprete pressupõe que tem o mesmo preparo do professor e está no mesmo pé de igualdade de formação para ministrar o ensino ao aluno surdo. O intérprete de língua de sinais deve compreender que, teoricamente, no contexto da sala de aula, a função de ensinar é responsabilidade do professor da classe e não sua, mesmo que ele possua uma formação na área relativa ao que está traduzindo, como tem acontecido com alguns pedagogos que têm atuado como intérpretes. (MARTINS, 2004). No lastro das ideias desse intérprete, na sala de aula, atuando como tradutor esse profissional é o “mediador do mediador” e, não, o mediador entre o aluno surdo e o conhecimento cultural, conhecimento que muitas vezes escapa ao próprio intérprete. Tal condição, porém, não o isenta de responsabilidade e da participação na aprendizagem do aluno surdo. (MARTINS, 2004). Nessa perspectiva, o intérprete de língua de sinais acredita muitas vezes ser possível não somente realizar uma tradução literal, como também se manter neutro durante o ato interpretativo. Entretanto, o fato de o intérprete acima não se nomear professor titular demonstra que é ciente da responsabilidade do professor na sala de aula e, ao mesmo tempo, abre espaço para se pensar que, não exercendo o papel de professor titular, de alguma forma ou em algum momento esse intérprete estende a sua atuação para a de educador, ainda que seja, para ele, na qualidade de “auxiliar”. Dessa forma, ele se mantém somente como intérprete e não ocupa o lugar do professor que “sabe” – mas transforma o que ele (intérprete) “sabe” em pistas para ofertar ao aluno surdo o que supostamente acredita que o aluno não sabe e deseja aprender. Fato é que, com a presença do intérprete de língua de sinais em sala de aula, o professor ouvinte pode ministrar suas aulas sem preocupar-se em como passar esta ou aquela informação por meio de sinais, atuando apenas na língua de que tem domínio. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 8 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS E isso não altera em nada a forma como a educação tem sido conduzida. Ou seja, a escola não se modifica, como se prevê nos documentos de inclusão, em razão da presença do aluno surdo; ao contrário, esse aluno se “ajusta” ao modelo educacional vigente. “O desafio criador de se pensar em uma escola para surdos, ou em uma escola diferente do que já temos, é fagocitado pela ideia de uma escola que, devidamente reformada, seja comum a todos. Dito de outro modo mantém a Unidade – o mesmo.” (SOUZA, 2004, p. 6). Quando se insere um intérprete de língua de sinais na sala de aula, abre-se, para o aluno surdo, a possibilidade de apropriar-se do conteúdo escolar na sua língua natural, por meio de um profissional com competência nesta língua. Supõe-se que somente o conhecimento da LIBRAS seja suficiente para o aluno apropriar-se do conhecimento científico/intelectual que o intérprete não possui, que não lhe pertence. Esse fato já garante o fracasso do intérprete de língua de sinais na sala de aula, pois, não tendo o conhecimento, não lhe é possível ensinar aquilo que não sabe. Traduzir é compreender o texto da língua estrangeira; ninguém traduz aquilo que não compreende. Em nosso caso, intérpretes, os quais têm aprendido a interpretar no exercício da prática, no que tange à atuação na sala de aula, isso não deveria ocorrer, pois estamos nos aventurando a ensinar ou a intermediar um conteúdo que não sabemos. A inserção do intérprete de língua de sinais na sala de aula não garante que outras necessidades do aluno surdo, também concernentes à sua educação, sejam contempladas. A presença do intérprete não assegura que questões metodológicas, levando em conta os processos próprios de acesso ao conhecimento, sejam consideradas ou que o currículo escolar sofra ajustes para contemplar peculiaridades e aspectos culturais da comunidade surda. Por fim, não há garantia de que o espaço socioeducacional em um sentido amplo contemple o aluno surdo, pois esse poderá permanecer, de certa forma, às margens da vida escolar. A presença do intérprete pode mascarar uma inclusão que exclui. E, sendo esse intérprete generalista, normalmente com uma formação acadêmica totalmente diferente daquela na qual o surdo está inserido, a aquisição dos saberes curriculares continua sendo secundária na vida escolar do aluno surdo. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 9 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS A construção do conhecimento tem caráter social e depende das condições propiciadas, da qualidade das interações e das relações dialógicas estabelecidas entre os sujeitos no âmbito da escola. Considerando os alunos surdos, esse desenvolvimento pode ser dificultado pelas experiências sociais limitadas, em função da falta de uma língua comum entre os surdos e os colegas ouvintes, entre os surdos e os professores, cabendo ao intérprete ser o único interlocutor do aluno surdo incluído na escola regular. Por essa razão, os alunos surdos integrados à rede regular de ensino acabam por estabelecer uma relação desigual também com os demais alunos. Nesse contexto, a escuta do aluno, por várias razões, não é uma opção pedagógica e política do professor e o pequeno espaço para diálogo torna-se apenas um instrumento para cumprir exigências específicas de ensino. Desse modo, nesse espaço, é improvável que o aluno surdo venha a aprender a dialogar utilizando princípios de argumentação, desacordo, acordo e cooperação e, tampouco, possa elaborar os saberes valorizados socialmente. A criticalidade da pessoa surda continuará acontecendo nos espaços de educação não formal, como as associações de surdos, encontros desportivos; enfim, nos encontros de surdos com outros surdos, ainda que alguns intérpretes possam não reconhecer esses espaços como lugar de formação. Não podemos, sob hipótese alguma, desmerecer a luta de grupos surdos de diversos estados brasileiros pelo reconhecimento da sua língua e, posteriormente, pela aceitação dessa língua no ambiente escolar. Tampouco devemos esquecer o grande número de surdos que tiveram a coragem de prestar vestibular, nas mais diversas universidades, para depois lutarem por um intérprete. Não raro, esse profissional só era disponibilizado para o aluno surdo universitário quando este já havia cursado alguns semestres ou anos sem ter sua diferença linguística respeitada. Importante lembrar que somente no Ensino Superior é garantido ao surdo o direito ao intérprete, pela Lei n° 3.284, de 7 de novembro de 2003. (BRASIL, 2004). Mas a inclusão dos intérpretes no campo da educação é resultado de lutas travadas longe das salas de aula, e não o contrário. Primeiro aconteceu a participação política e, depois, o ingresso do intérprete na escola. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 10 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS O crescimento dos surdos nas lutas políticas e sociais não pode ser a nossa única forma de medir o nosso valor, pois a politização dos surdos acontece em espaços do encontro surdo a surdo. Somos parceiros nessa politização, entretanto os surdos não são dependentes, mas têm sua autonomia. Sendo assim, aos intérpretes que atuam na sala de aula não é possível escapar da ambiguidade professor-intérprete, que está longe de ser solucionada – ou talvez não –, pois tudo indica que essa será a nomenclatura adotada pelo Ministério da Educação para “resolver” a inclusão do aluno surdo na escola regular. Vale ressaltar que essa questão é também vivenciada pelos tradutores, ou seja, tradutor é também autor? Traduzir é também escrever, e escrever numa posição carregada de coerções discursivas, sociais, históricas que os autores não conhecem – ainda que conheçam,de sua posição, outras tantas. As ideias não são do tradutor, nem a organização do original; o público do original e o público da tradução não são seus; afinal, leem-se “autores”. Mas essas ideias, essa organização, só chegam ao público da obra traduzida por suas mãos: esse público na verdade não lê o autor, mas sua “criação” pelo tradutor. Só uma concepção de discurso como puro e simples conteúdo pode entender que o tradutor não é autor – e há autores que dizem que traduzir é mais “difícil” que escrever obras originais, para não mencionar criadores que, ao traduzir, não estiveram à altura de suas criações, ao passo que tradutores “não autores” mostram plenas capacidades autorais. (SOBRAL, 2003, p. 205206). INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS As questões acerca do papel do intérprete educacional mostram que é preciso intensificar os estudos nessa área, pois é possível observar o quanto essa atuação é pouco refletida e compreendida, o que determina dificuldades para esse trabalho. Uma questão central é definir melhor a função do intérprete educacional; figura desconhecida, nova, que, com um delineamento mais adequado (direitos e deveres do intérprete, limites da interpretação, divisão do papel de intérprete e de professor, relação do intérprete com alunos surdos e ouvintes em sala de aula, entre outros), poderia favorecer um melhor aproveitamento desse profissional no espaço escolar. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 11 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS A literatura aponta que no contexto escolar, especialmente aquele que envolve crianças mais novas, é impossível desempenhar um papel estritamente de intérprete (ANTIA & KREIMEIYER, 2001). O intérprete participa das atividades, procurando dar acesso aos conhecimentos e isso se faz com tradução, mas também com sugestões, exemplos e muitas outras formas de interação inerentes ao contato cotidiano com o aluno surdo em sala de aula. Todavia, se este papel não estiver claro para o próprio intérprete, professores, alunos e aluno surdo, o trabalho torna-se pouco produtivo, pois se desenvolve de forma insegura, com desconfiança, desconforto e superposições. É preciso reconhecer que a presença do intérprete em sala de aula tem como objetivo tornar os conteúdos acadêmicos acessíveis ao aluno surdo. Entretanto, o objetivo último do trabalho escolar é a aprendizagem do aluno surdo e seu desenvolvimento em conteúdos acadêmicos, de linguagem, sociais, entre outros. A questão central não é traduzir conteúdos, mas torná-los compreensíveis, com sentido para o aluno. Desse modo, alguém que trabalhe em sala de aula, com alunos, tendo com eles uma relação estreita, cotidiana, não pode fazer sinais – interpretando – sem se importar se está sendo compreendido, ou se o aluno está aprendendo. Nessa experiência, o interpretar e o aprender estão indissoluvelmente unidos e o intérprete educacional assume, inerentemente ao seu papel, a função de também educar o aluno. Isso é premente no ensino fundamental, onde se atendem crianças que estão entrando em contato com conteúdos novos e, muitas vezes, com a língua de sinais, mas deve estar presente também em níveis mais elevados de ensino, porque se trata de um trabalho com finalidade educacional que pretende alcançar a aprendizagem. A questão da falta de um planejamento conjunto, da falta de um trabalho de equipe e de uma concepção mais clara do que signifique aceitar um aluno surdo em sala de aula também é trazida pelos intérpretes. Eles se referem a tentar fazer o melhor possível num espaço adverso e cheio de dificuldades de relação, já que muitas vezes o professor não assume seu papel diante do aluno surdo, delegando funções a eles ou propondo atividades que não fazem qualquer sentido para este aluno. Falam de si mesmos como excluídos do processo educacional, à margem, buscando fazer, apesar disso, o melhor possível para que o aluno surdo desenvolva http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 12 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS suas potencialidades no espaço escolar. Discussões constantes sobre a tarefa de cada um no espaço inclusivo, atribuições e trocas de percepções se mostram essenciais e são um primeiro passo para uma convivência tranquila e que possa trazer ganhos efetivos ao aluno surdo. Suas atividades relevam ainda que tanto a escola quanto os professores conhecem muito pouco sobre a surdez e suas peculiaridades, não compreendendo adequadamente o aluno surdo, sua realidade e suas dificuldades de linguagem, bem como, a importância de haver um espaço para atualização do aprendizado de língua de sinais por parte dos intérpretes, para discussões sobre o uso adequado dessa língua no espaço pedagógico. Esta é uma questão abordada em outras pesquisas e foco de atenção em muitas experiências inclusivas (NAPIER, 2002). Todavia, no Brasil, esta questão é percebida pelos intérpretes que realizam este trabalho, mas pouco ou nada é feito para suprir essa necessidade. TRADUTOR OU PROFESSOR? Atualmente, tem-se pensado o trabalho do intérprete de língua de sinais como um direito conquistado pelos próprios surdos de compreenderem e serem compreendidos pela comunidade ouvinte ou como resultado dos movimentos das comunidades surdas frente à sua educação. Todavia, a defesa da presença do intérprete de língua de sinais em diversos segmentos da sociedade, e mais especificamente no campo da educação, pode esconder discursos oralistas. A sociedade majoritária é ouvinte e usuária do português oral, não conhecedora da língua de sinais, e nem se espera que todas as pessoas na sociedade sejam fluentes na língua brasileira de sinais. Para possibilitar a comunicação entre esses dois grupos linguísticos existe o intérprete de língua de sinais. No meio acadêmico, a prática tradutória escrita é denominada “tradução”, enquanto o termo “interpretação” é utilizado para a referência à prática tradutória oral. Diferente do tradutor, o intérprete de língua de sinais é visível, pois a língua de sinais se apresenta numa modalidade visual-gestual; sendo assim, o ato interpretativo só pode acontecer na presença física do intérprete de língua de sinais. Segundo Veras http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 13 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS (2002), o intérprete é tradicionalmente aquele que faz uma tradução ao vivo, usando a voz ou o gesto, de corpo presente, representando como no teatro. O prefixo INTER, na palavra intérprete, significa o que está entre uma língua e outra, pondo essas línguas em relação, criando uma afinidade entre elas. Os gestos da intérprete constroem o sentido do que digo; e ela depende disso que digo para sua construção, assim como dependo de seus gestos para que esta fala sobreviva. (VERAS, 2002). O intérprete de língua de sinais viabiliza a comunicação entre surdos e ouvintes, identificando-se com o orador, exprimindo-se na primeira pessoa, sinalizando e representando suas ideias e convicções, buscando imprimir-lhes similar intensidade e mesmas sutilezas que as dos enunciados em português oral. O trabalho do intérprete de língua de sinais consiste em pronunciar, na língua de sinais, um discurso equivalente ao discurso pronunciado no português oral (ou vice- versa). O intérprete de língua de sinais trabalha em variadas circunstâncias, precisando ser capaz de se adaptar a uma ampla gama de situações e necessidades de interpretação da comunidade surda, situações às vezes tão íntimas quanto uma terapia, sigilosa como delegacias e tribunais ou tão expostas como salas de aulas e congressos. Há vários tipos de interpretação, que podem ser consecutivas ou simultâneas, sendo essa última a que contribui para a identificação imediata, tanto do intérprete de língua oral como do intérprete de língua de sinais, por ser mais conhecida na sociedade. Na interpretação consecutiva, o intérprete senta-se junto à pessoa, ouve uma longa parte do discurso e, depois, verte-o para outra língua, geralmente com a ajuda de notas. Na interpretação, o canal escrito pode servir de apoio à tradução simultânea, por meio da leitura prévia de resumos das conferências ou palestras a serem proferidas e/ou confecção de glossários ou, no caso da tradução consecutiva, mais sistematicamente, pela tomada de notas, taquigráficas ou não. (AUBERT, 1994, p. 63). Embora, hoje, a interpretação consecutiva tenha sido amplamente substituída pela simultânea, continua a ser relevante em certos tipos de reuniões, principalmente em: tribunais, almoço de trabalho, visitas a locais de produção e investigação, ou ainda http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 14 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS quando não existem equipamentos adequados para a realização da interpretação simultânea. (DELISE; WOODSWORTH, 2003). No caso do intérprete de língua de sinais, a interpretação consecutiva ocorre quando este profissional atua em situações de acompanhamento da pessoa surda, como: consultas médicas, audiências em tribunal, entrevistas de emprego e sala de aula. Todavia, o mais comum é o intérprete de língua de sinais fazer uso da interpretação simultânea, ou seja, sinaliza a fala do ouvinte em tempo real, acompanhando, em frações de segundos, o discurso produzido em português. Nesse tipo de trabalho não há espaços para pensar frases ou palavras mais apropriadas, essa, aliás, é a diferença entre ser tradutor e ser intérprete. Mesmo quando o intérprete de língua de sinais conhece todas as palavras apropriadas, o ato interpretativo exige uma reação tão imediata que não há tempo para pensar: faltam segundos, os sinais certos são lembrados uma frase mais tarde, quando já não adiantam mais. “Uma reação imediata apenas é possibilitada pela combinação de conhecimento linguístico das línguas envolvidas e a capacidade e poder de decisão ultrarrápidos.” (HOFMANN; LANG, 1987, p. 271). Para realizar essa tarefa é necessário ao intérprete de língua de sinais conhecer os equivalentes entre as expressões típicas da língua de partida (português) e as da língua de chegada (sinais), nem sempre vertendo em sinais todas as palavras pronunciadas pelo ouvinte, mas procurando manter o sentido e buscando os efeitos produzidos pelo pronunciador do enunciado oral (os mesmos efeitos possíveis por certos atos linguísticos marcados na prosódia, no corpo etc.). A construção de frases na Libras possui regras próprias. Se compararmos com o português, observamos que em Libras não usamos artigos, preposições, conjunções, porque esses elementos estão “dentro” do sinal. Modos e tempos verbais, sufixos e prefixos, são produzidos por movimentos das mãos no espaço, em várias palavras. Seria também impossível pensar em traduzir ao “pé da letra” uma frase sinalizada, para outra língua qualquer. Por exemplo: em inglês, perguntamos: How old are you? (“quanto velho você é?”). Em português, corresponde a: “quantos anos você tem?”. Em Libras, sinalizamos: mão direita em “Y”, tocando de leve com o dedo mínimo na altura do lado direito do peito, e uma expressão fácil da pergunta. (VALVERDE, 1990). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 15 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS Nesse contexto, realizar interpretação para a língua de sinais não significa sinalizar todas e/ou as mesmas palavras pronunciadas no português pelo ouvinte, ou seja, ser literal. Assim sendo, é possível afirmar que ser intérprete de língua de sinais é sinalizar, respeitando a estrutura gramatical da língua de sinais, um discurso equivalente já dito no português, possibilitando, dessa forma, a compreensão da mensagem pela comunidade surda. Ao intérprete de língua de sinais é necessário tomar um tópico qualquer e entender a sua estrutura, estabelecer um vocabulário em língua de sinais, habilidades essas sem as quais é impossível interpretar. Isso leva, muitas vezes, a pessoa que pretende atuar como intérprete a perceber que ela não teria condições de desempenhar profissionalmente essa função. Não se traduz, afinal, de uma língua para outra, e sim de uma cultura para outra; a tradução requer, assim, do tradutor qualificado, um repositório de conhecimentos gerais, de cultura geral, que cada profissional irá aos poucos ampliando a aperfeiçoando de acordo com os interesses do setor a que se destine seu trabalho. (CAMPOS, 1986). Nem sempre o profissional tem consciência da necessidade de atualização de assuntos gerais, o que se deve, principalmente, à concepção assistencial de que se o surdo tiver alguma informação em LIBRAS já lhe é suficiente. Desse modo, é em parte compreensível que o trabalho do intérprete de língua de sinais ainda esteja relacionado ao voluntariado. A presença do intérprete de língua de sinais não é considerada um direito de cidadania e, sim, um ato de benevolência às pessoas ainda consideradas deficientes. Por isso, é necessário estar em constante atualização, pois, como a comunidade surda pouco se beneficia dos meios de comunicação de massa, uma vez que somente três canais de televisão possuem serviços de legenda oculta e em horários pré-selecionados, são inúmeras as situações em que o palestrante cita acontecimentos da atualidade para completar ou significar a sua fala. Assim sendo, o intérprete de língua de sinais precisa estar pronto a esclarecer, para a sua comunidade interpretativa, detalhes do assunto tratado pelo palestrante ouvinte. Dessa forma, o assunto exposto sobrevive na língua de sinais. Muitas vezes, a fim de estabelecer uma ponte entre as duas culturas a tradução tem que explicitar conhecimentos que são comuns entre os leitores do original, mas http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 16 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS dos quais não partilham os leitores da tradução, por meio de notas de rodapé, glossários e outros recursos. (TRAVAGLIA, 2003). As informações que são acrescidas pelo tradutor, nas notas de rodapé, quase sempre acontecem, no caso do intérprete de língua de sinais, durante o ato interpretativo. Nessas situações, o intérprete terá que escolher entre ignorar o desconhecimento do assunto pela comunidade interpretativa e seguir interpretando todo o discurso – isto é, todo o discurso que for captado por ele – ou interpretar menos informações do que está sendo dito e fazer com que a ideia do palestrante seja de possível compreensão pela comunidade surda, explicitando algumas informações já dadas como conhecidas pelos ouvintes e acrescentando as novas, figuradas pelo palestrante. O intérprete necessita fornecer pistas suficientes à interpretação e à reconstrução do sentido na língua de sinais, tendo o cuidado, entretanto, de não explicar excessivamente, para não restringir a compreensão dos surdos, além da preocupação em não deixar conceitos totalmente desvinculados, que vão dificultar ou até impedir o estabelecimento da coerência do discurso na língua de sinais, ou seja, na língua de chegada. Durante a interpretação, não raro, o intérprete de língua de sinais é interpelado pelo surdo, que solicita esclarecimento sobre um sinal desconhecido. Normalmente, o intérprete faz a opção por explicar o significado do referido sinal ou palavra que possa ter sido soletrada por meio do alfabeto manual (datilologia). ALUNO SURDO X INTÉRPRETE X PROFESSOR: PERSPECTIVA NA ÁREA EDUCACIONAL INCLUSIVA A inclusão vem tomando força cada vez mais, a realidade é inegável e deve acontecer. Nessa perspectiva a Educação encontra-se num “duelo” muito particular entre dois profissionais que atuam diretamente com os surdos. Nesse contexto inclusivo existem três personagens: os alunos surdos, o intérprete de Libras e o professor. É importante que sejam definidas com clareza as funções que cada um destes exerce nesse processo. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 17 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS O primeiro personagem é o aluno surdo. Esse possui língua e cultura diferente daquela que o professor está acostumado a lidar. Também, por lei, tem o direito de ser incluído em sala e escola de ensino comum. Todavia, a discussão não se ateará nesse personagem, embora seja o principal. O segundo personagem é o intérprete de Libras. Esse servirá de canal comunicativo entre os surdos e as pessoas que lhes cercam. Mas que papel ele exerce em sala de aula? Como deverá ser sua postura em sala de aula? Há éticas que limitem ou lhes dê direitos? Quem é ele, enfim, na sala de aula? Na escola? Seu papel em sala de aula é servir como tradutor entre pessoas que compartilham línguas e culturas diferentes como em qualquer contexto tradutório que vivenciou ou vivenciará. Ele realiza uma atividade humana e que exige dele estratégias mentais na arte de transferir o contexto, a mensagem de um código linguístico para outro. Essa atividade tradutória é a produção do seu ofício, requer uma série de procedimentos técnicos e isso não é fácil (há muitos “sinalizadores” nomeando a si mesmos como intérpretes e não o são, que incorre na desvalorização da Libras, pois em nenhuma língua oral as pessoas terminam um curso e começam a interpretar, porque sabem que existem procedimentos técnicos e exigirá anos de estudo e contato com a língua e seus usuários, porém em Libras, inconscientemente, a desconsideram quando agem precipitadamente na área de interpretação ainda não formados). Tanto no contexto de uma sala de aula ou em uma palestra sobre química seu papel será o mesmo: traduzir. Sobre sua postura, o intérprete deve se conscientizar que ele não é o professor, e em situações pedagógicas não poderá resolver, limitando- se às funções comunicativas de sua área. Manterá a mesma imparcialidade de sua profissão e desenvolverá uma relação sadia com os surdos e o corpo docente. Não permitirá que seu contato pessoal com os surdos, que é maior do que a do professor interfira em sua atuação. O Código de Ética que norteia à carreira pode ser usado também para essa atuação, considerando o supracitado a despeito de seu papel, que é traduzir. Entretanto, esse código deixará a desejar em muitos fatos e necessidades importantes que acontecem nesse novo palco de sua atuação. Acreditando nisso, faz-se necessária a criação de um código específico (paralelo) para a área de educação e acoplá-lo ao já existente. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 18 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS Na falta deste “novo” Código recorramos ao Código de Ética vigente. Para a última pergunta o intérprete é um “estranho” na sala de aula, um “objeto diferente” é visto dessa forma e pode ter certeza que assim se sente. Tanto para os alunos (em geral), para os professores e para os intérpretes é tudo muito recente, quando se viu estavam todos no mesmo lugar. Por fim, o intérprete de Libras exercerá em sala de aula e em todas as atividades educacionais somente as Funções Comunicativas Tradutórias que por si só são exacerbadas. O terceiro personagem é o professor. Esse será o modelo pedagógico para os alunos e sua preocupação é voltada para o conteúdo, a disciplina, o saber, o conhecimento. Como deverá ser seu relacionamento com o aluno surdo? Além de ser o modelo pedagógico em sala de aula, que mais pode fazer pelo primeiro personagem neste teatro escolar? À primeira pergunta sugere-se que seu relacionamento com o aluno surdo seja o mesmo que tem com os ouvintes. Nesse contexto, ele utilizará o profissional intérprete em momentos que sua projeção seja para a turma inteira. O atendimento que o professor faz individualmente a cada aluno ouvinte será importante do mesmo modo ao aluno surdo. Para isso, o educador precisa aprender e conhecer a língua desse aluno, que se referindo ao surdo é a Libras. Esse contato direto, esse atendimento pessoal entre professor e aluno, é que irá gerar melhor relacionamento, amizade e comprometimento entre os dois. Isso é imprescindível! Ninguém pode fazer isso por você, professor! No cenário da inclusão tudo para todos é “muito novo” e não é incomum equívocos acontecerem. É impossível usar o intérprete para interpretar textos, será melhor que, para alcançar todos, escreva no quadro, por exemplo. Jamais fazer uso do intérprete para funções pertinentes tão somente ao seu ofício, nesse caso ele poderá contestar sua solicitação. Outro exemplo é pedir ao intérprete para escrever no quadro aquilo que está oralmente ditando para os alunos ouvintes. Igualmente, será fundamental o professor, após entender e conhecer a língua e cultura da comunidade surda, disseminar o motivo de sua presença em sala de aula e sua participação na escola de ensino comum, objetivando conscientizar os alunos e outras pessoas, pois se assim não agir será apenas integração e não http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 19 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS inclusão, que dispõe de uma mudança tanto na estrutura da escola, nos sistemas, quanto na consciência de todos. Por fim, o professor nesse contexto inclusivo exercerá nas atividades educacionais as mesmas funções que exerce comumente, as Funções Pedagógicas, sem qualquer temor. Embora definidas as funções de cada profissional observa-se certa situação aflitiva entre eles e tais necessitam ser sanadas. O professor normalmente tem muitas dúvidas ou mesmo desconfiança na tradução que o intérprete realiza, acreditando ser improvável a concretização da interpretação pelo simples fato do intérprete não haver feito pedagogia, magistério ou não ter intimidade com os conteúdos escolar. O intérprete, muitas vezes, vai além de sua interpretação, interferindo naquilo para qual não foi lhe dado autoridade. Muitos intérpretes são selecionados para trabalharem nas escolas de todo o país, porém, nem todos estão em condições profissionais para atuarem. Outro problema advindo do professor é a desconfiança se o intérprete na hora da prova está ajudando (dando “cola”) ao aluno surdo. Por sua vez, o intérprete mantém uma postura inadequada, a ponto de gerar certo incômodo não só no professor como na turma. Muitos acreditam que contratando professores que conhecem Libras poderão ser utilizados para substituir os verdadeiros profissionais intérpretes. Os procedimentos técnicos são completamente diferentes. Por isso, foram definidas as funções comunicativas e pedagógicas. Mesmo que o professor conheça muito bem a Libras ele é professor, a não ser que tenha experiências profissionais dentro da área de interpretação, mesmo assim é melhor exercê-las em momentos distintos. Sem falar que o relacionamento do intérprete não se limita a um professor, mas a vários. Todas essas situações têm gerado um conflito demasiadamente desagradável e prejudicial ao desenvolvimento de ambos os profissionais e ao aluno. O primeiro passo é a confiabilidade. Esta precisa ser desenvolvida entre ambos, professor e intérprete. Quando se trabalha com insegurança, desconfiança é extremamente incômodo, entretanto, havendo uma mútua confiança não só o trabalho é mais bem realizado como o ambiente fica mais agradável. O segundo passo, o respeito, ele será o limitador entre os dois. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 20 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS Sabe-se que o direito de um termina quando se inicia do outro e se isso houver ambos saberão os limites de suas funções. Se comunicativas, comunicativas; se pedagógicas, pedagógicas. O terceiro, a parceria, profundamente importante para o desenvolvimento escolar do aluno e ele implica na divisão de conteúdos ministrados em sala de aula. A interpretação, de um modo geral, rende mais quando o intérprete tem em suas mãos o texto (refere-se a qualquer mensagem, seja falada ou escrita) que decifrará caso contrário a interpretação será prejudicada, contudo se previamente ler o texto, na hora da tradução mobilizará esses conhecimentos armazenados em sua mente e, portanto, interpretará melhor o conteúdo. Solicita-se que o professor debata com o intérprete o plano de aula e esclareça dúvidas, caso ele tenha. De igual modo, o intérprete se preocupará em tomar conhecimento do texto que será usado em sala de aula ou em qualquer outro evento. Envolvimento educacional é o quarto passo e de grande importância, ele permitirá que o professor e o intérprete mostrem um ao outro “a deixa”, objetivando ampliar a formação dos surdos. O intérprete sabe os pontos em que os surdos se sentem mais fragilizados e poderá compartilhar essas informações com o professor. O professor, por sua vez, sabe pela correção de exercícios e provas quando o aluno está respondendo bem ou não aos conteúdos e assim informará ao intérprete. Essa troca entre os dois facilitará o envolvimento e desenvolvimento educacional dos alunos. O PAPEL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS A presença do intérprete de LIBRAS x Português e vice-versa, em sala de aula, tem aspectos favoráveis e desfavoráveis que precisam ser observados. Aspectos favoráveis: • O aluno surdo aprende de modo mais fácil o conteúdo de cada disciplina; • O aluno surdo sente-se mais seguro e tem mais chances de compreender e ser compreendido; • O processo de ensino-aprendizagem fica menos exaustivo e mais produtivo para o professor e alunos; http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 21 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS • O professor fica com mais tempo para atender aos demais alunos; • A linguagem de LIBRAS passa a ser mais divulgada e utilizada de maneira adequada; • O aluno surdo tem melhores condições de desenvolver-se, favorecendo inclusive seu aprendizado da Língua Portuguesa (falada e/ou escrita). Aspectos desfavoráveis: • O intérprete pode não conseguir passar o conteúdo da mesma forma que o professor; • O aluno não presta atenção ao que o professor regente diz, porque está atento ao intérprete; • Há necessidade de pelo menos dois intérpretes por turma porque a atividade é exaustiva; • Os demais alunos ouvintes podem ficar desatentos, porque se distraem olhando para o intérprete; • O professor regente pode sentir-se constrangido em estar sendo interpretado; • O professor não interage diretamente com o aluno. A integração do aluno surdo é um desafio que deve ser enfrentado com coragem, determinação e segurança. A decisão de encaminhá-lo à classe de ensino regular deve ser fruto de um criterioso processo de avaliação. Finalmente, deve-se ter clara que essa integração não passa exclusivamente pela sua colocação na turma com crianças ouvintes. A verdadeira integração implica em reciprocidade. A criança surda poderá iniciar seu processo de integração na família, na vizinhança, na comunidade, participando de atividades sociorecreativas, culturais ou religiosas com crianças e adultos “ouvintes” e dar continuidade a esse processo na escola especial ou regular, de acordo com suas necessidades especiais. Garantir ao aluno surdo um processo de escolarização de qualidade é fator fundamental para sua integração plena. A língua de sinais é rica e fácil de aprender. Conhecê-la é muito gratificante e importante para entender as necessidades e manter a comunicação com os surdos. Diversas igrejas, comunidades e escolas ministram cursos sobre a língua de sinais com professores preparados. Também é possível aprender por meio da convivência http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 22 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS com os surdos. Este método é agradável, pois os surdos têm enorme prazer e paciência em ensiná-los. O intérprete é a pessoa em que o surdo deposita extrema confiança. Os serviços de interpretação são necessários em: • Palestras e conferências; • Entrevistas e trâmites, como trabalho, consultas médicas, audiências judiciárias, etc.; • Aulas em que o professor não seja fluente em LIBRAS e nas universidades; • Situações em que a interação entre pessoas surdas e ouvintes não usuários de Língua de Sinais seja intensa, de longa duração e/ou de relevante importância. ORIENTAÇÃO AOS PAIS Busque informações, pesquise e informe sobre tratamentos e terapias. Pais e familiares de surdos devem procurar ajuda e conselho de pessoas que já passaram por problemas semelhantes, assim como entidades e associações de surdos e de profissionais especializados. Pense bastante antes de tomar cada decisão. A escolha do profissional adequado para o tratamento, o exame a ser realizado, o método a ser utilizado e a compra de determinado tipo de aparelho auditivo – são algumas decisões que não podem ser mudadas facilmente. A escolha errada pode significar o desperdício de muitos anos. Procure descobrir a causa da surdez, pois isso ajudará a planejar as necessidades de estimulação, além de mostrar quais as chances de outros filhos nascerem com o mesmo problema. Muitas vezes, é difícil para os pais aceitarem a criança surda, porém, a união do casal e da família em geral será essencial para a criança ter uma qualidade de vida melhor. REFLEXÕES SOBRE A INCLUSÃO ESCOLAR DO ALUNO SURDO http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 23 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS A presença do intérprete de língua de sinais não é suficiente para uma inclusão satisfatória, sendo necessária uma série de outras providências para que este aluno possa ser atendido adequadamente: adaptação curricular, aspectos didáticos e metodológicos, conhecimentos sobre a surdez e sobre a língua de sinais, entre outros. A presença de um intérprete de LIBRAS em escolas brasileiras é, sem dúvida, algo ainda pouco comum. Contudo, a desinformação dos professores e o desconhecimento sobre a surdez e sobre os modos adequados de atendimento ao aluno surdo são frequentes. A prática de muitos anos de acompanhamento de crianças surdas permite afirmar que, infelizmente, a maior parte das inclusões escolares de surdos é pouco responsável. A escola se mostra inicialmente aberta a receber a criança (também porque há a força da lei que diz que a escola deve estar aberta à inclusão), discute suas características no momento de sua entrada e, depois a insere na rotina, sem qualquer cuidado especial. Em geral, com o passar do tempo, a criança parece bem, já que não apresenta muitos problemas de comportamento, e todos parecem achar que está tudo certo: a) A escola não se preocupa mais com a questão, porque se preocupar significaria buscar outras ajudas profissionais (intérprete, educador surdo, professor de apoio etc.) e a escola pública brasileira, em geral, não conta nem com a equipe básica de educadores para atender as necessidades dos alunos ouvintes; b) Os professores, que percebem que o aluno não evolui, mas não sabem o que devem fazer, por falta de conhecimento e preparo; c) Os alunos ouvintes, que acolhem, como podem, a criança surda sem saber bem como se relacionar com ela; d) O aluno surdo, que, apesar de não conseguir seguir a maior parte daquilo que é apresentado em aula, simula estar acompanhando as atividades escolares, pois afinal todas aquelas pessoas parecem acreditar que ele é capaz; e) A família, que sem ter outros recursos precisa achar que seu filho está bem naquela escola. Ao final de anos de escolarização, a criança recebe o certificado escolar sem que tenha sido minimamente preparada para alcançar os conhecimentos que ela teria potencial para alcançar (em muitos casos, termina a oitava série com conhecimentos http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 24 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS de língua portuguesa e matemática, compatíveis com a terceira série). Essa realidade é gravíssima e tem se repetido no Brasil, a cada ano. Torna-se urgente intervir e modificar estes fatos. A presença de um intérprete de língua de sinais em sala de aula pode minimizar alguns aspectos desse problema, em geral, favorecendo uma melhor aprendizagem de conteúdos acadêmicos pelo aluno, que teria ao menos acesso (se conhecesse a língua de sinais, ou pudesse adquiri-la) aos conteúdos trabalhados. Todavia, este aluno continua inserido em um ambiente pensado e organizado para alunos ouvintes. Para que este ambiente se torne minimamente adequado às necessidades de alunos surdos, são necessárias mudanças e adaptações que se encontram distantes de serem realizadas. O aluno surdo é usuário de uma língua que nenhum companheiro ou professor efetivamente conhece. Ele é um estrangeiro que tem acesso aos conhecimentos de um modo diverso dos demais e se mantém isolado do grupo (ainda que existam contatos e um relacionamento amigável). A questão da língua é fundamental, pois, sem ela, as relações mais aprofundadas são impossíveis, não se pode falar de sentimentos, de emoções, de dúvidas, de pontos de vista diversos. As experiências revelam que a relação do aluno surdo com os demais se limita a trocas de informações básicas, que são enganosamente “imaginadas por todos” como satisfatórias e adequadas. Ele, por não conhecer outras experiências, só pode achar que este ambiente em que vive é bom: tem amigos, vai à escola todos os dias, é bem tratado e possui intérprete. Todavia, tudo isso se mostra precário, longe daquilo que seria desejável para qualquer aluno de sua idade. Outro ponto importante, no que tange às questões de desenvolvimento, é que o aluno surdo, como qualquer criança que frequenta o ensino fundamental, está em processo de desenvolvimento de linguagem, de processos identificatórios, de construção de valores sociais e afetivos, entre outros. É na escola que as crianças aprendem ou aperfeiçoam formas de narrar, de descrever, modos adequados de usar a linguagem em diferentes contextos, ampliando seu conhecimento linguístico, e experimentam regras de convivência social, regras de formação de grupo e de valores sociais fundamentais para a adaptação da vida em sociedade. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 25 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS É também na escola que emoções e afetos são vividos de forma mais aberta, menos protegida, propiciando sucesso, insucesso, ciúmes, competição, raiva, sentimentos importantes de serem conhecidos. Além disso, é nessa etapa da vida que os processos identificatórios se consolidam e o aluno surdo, sozinho no ambiente escolar, em sua condição de surdez, pode, por isso mesmo, enfrentar uma série de dificuldades. Shaw e Jamienson (1997) discutem que os discursos de sala de aula revelam papéis sociais e culturais nas interações que podem ser diferentes em muitos aspectos daquilo que tratam normalmente os discursos familiares. Assim, o discurso do professor guia a atenção dos alunos para tarefas relevantes, avaliando suas respostas e sua adequação. Além disso, muito do que é dito para outro aluno em uma explicação ou discussão é ouvido pelo grupo e constitui um conhecimento adquirido, ainda que não diretamente voltado para este ou aquele sujeito; neste ambiente, em que uma pergunta, outro responde e outro ouve, se constroem muitas regras de conhecimento social e afetivo importantes para o desenvolvimento da criança. Nesse sentido, crianças surdas possuem estratégias de comunicação muito peculiares, pois a maioria vem de lares ouvintes que não possibilitam um desenvolvimento linguístico no patamar das crianças ouvintes. Assim, elas partem de uma exposição e de estratégias de linguagem diferentes, estando expostas a um ambiente que usa simultaneamente pistas visuais e auditivas, impondo a elas opções, dividindo sua atenção. Em uma sala de aula para alunos ouvintes, isso se reproduz, já que o professor passa as informações de acordo com aquilo que está acostumado, sendo mais adequado aos ouvintes que às crianças surdas. Desse modo, a criança surda está presente, mas está perdendo uma série de informações fundamentais sobre questões de linguagem, sociais e afetivas que lhe escapam justamente por sua condição de ser usuária de outra língua, tendo acesso aos conteúdos apenas pela mediação do intérprete. A criança surda tem um interlocutor único que usa uma linguagem filtrada, escolar e própria para a tradução, sem outros modelos, sem trocas, sem contato com tudo que circula no meio e/ou ambiente. (TERUGGI, 2003). Trata-se de uma http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 26 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS experiência restritiva em um momento fundamental de seu desenvolvimento, que precisa ser considerada. A situação do aluno surdo incluído faz pensar no texto de Platão, “O mito da caverna”, presente no diálogo “A República”. (...) homens vivendo numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a sua largura, com um amplo saguão de acesso. Os habitantes desta caverna têm as pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não podem mudar de posição e olham apenas para o fundo da caverna, onde há uma parede. Bem em frente da entrada da caverna existe um pequeno muro da altura de um homem e por trás desse muro se movem homens carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. E lá no alto brilha o sol. A caverna também produz ecos e os homens que passam por trás do muro falam de modo que suas vozes ecoem no fundo da caverna (...). Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das sombras das pequenas estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras, que eram cópias imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira realidade e que o eco das vozes seria o som real das vozes emitidas pelas sombras (...) Assim, o aluno surdo, seus companheiros e professores, parecem ver apenas as sombras e os ecos e não compreendem que as relações escolares poderiam acontecer de modo diferente. Ainda, seguindo o mito criado por Platão, suponhamos, agora, que um daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem. Com muita dificuldade e sentindo-se frequentemente tonto, ele se voltaria para a luz e começaria a subir até a entrada da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à nova visão com a qual se deparava. Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas moverem-se por sobre o muro e, após formular inúmeras hipóteses, por fim compreenderia que elas possuem mais detalhes e são muito mais belas que as sombras, que antes via na caverna e que lhes parece, agora, algo irreal ou limitado. Suponhamos que alguém o traga para o outro lado do muro. Primeiramente, ele ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz. Depois, habituando-se, veria http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 27 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS as várias coisas em si mesmas. E, por último, notaria a própria luz do sol refletida em todas as coisas. Compreenderia, então, que essas e somente estas coisas seriam a realidade e que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Para ver e saber o que realmente se passa, como podem ocorrer as relações em uma sala de aula entre alunos surdos e ouvintes, professores e alunos que vivenciam esta experiência de inclusão precisariam conhecer algo diverso, conhecer melhor a surdez e sua realidade, de modo a refletirem sobre o que têm vivido. “O mito da caverna” termina dizendo que: (...) mas ele se entristeceria se seus companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do julgo da ignorância e dos grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como um louco que não reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam ser a verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam (...) O texto de Platão pode iluminar alguns pontos das discussões aqui apresentados. Na situação da escola inclusiva, não são os alunos surdos ou os alunos ouvintes os responsáveis por voltarem para a caverna e tentarem convencer seus companheiros de que há outra realidade possível de ser vivida, pois, afinal, são crianças e seria uma responsabilidade bastante grande. Mas os profissionais envolvidos neste trabalho, especialmente os intérpretes, os professores e os pesquisadores conhecem outras realidades, a realidade da surdez, a realidade escolar, e não podem se calar, sendo responsáveis por conhecer os limites e os problemas enfrentados nas “cavernas da inclusão”. RESOLUÇÃO DO ENCONTRO DE MONTEVIDÉU No ano de 2001 foi realizado um encontro internacional sobre a formação de intérpretes de língua de sinais na América Latina. Este evento foi realizado em Montevidéu, Uruguai, no período de 13 a 17 de novembro de 2001 com o apoio da Federação Mundial de Surdos. A seguir são apresentadas as principais conclusões e recomendações feitas por ocasião deste encontro. Respeitando as características e situação de cada um dos países participantes, conclui-se em primeiro lugar que é necessário, principalmente: http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 28 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS a) Que a comunidade de pessoas surdas seja consciente da importância de sua própria língua e dos intérpretes profissionais; b) Que as associações e federações de pessoas surdas sejam fortalecidas em todos os aspectos, por si mesmas, e com o apoio de organismos públicos e internacionais; c) Que em todos os países se reconheça a Língua de Sinais; d) Que exista reconhecimento da profissão e titulação do Intérprete de Língua de Sinais; e) Que exista reconhecimento da profissão e titulação do Intérprete de Língua de Sinais. E, logo, no terreno da capacitação e formação: • Que se dê importância equivalente à Língua de Sinais e à Língua Oficial do país; • Que os programas de formação incluam um estudo sistemático de ambas as línguas; • Que se estimule e favoreça a garantia a primeira língua; • Que se destine maior tempo à investigação linguística com respeito à Língua de Sinais; • Que a comunidade de pessoas surdas assuma um papel protagônico nos processos de investigação, junto com os especialistas; • Que exista um trabalho conjunto entre intérpretes e pessoas surdas na formação de futuros intérpretes e de futuros formadores de intérpretes; • A elaboração, execução e avaliação dos programas de formação devem ser conceitualmente interculturais e interdisciplinares; • Que os centros de formação de intérpretes façam o intercâmbio de suas metodologias e experiências, dinamicamente; • Preferivelmente as federações ou associações deveriam, em função de sua capacidade e interesse, liderar os cursos; • Que exista uma base de lineamentos gerais para planejar um curso de Língua de Sinais como, por exemplo: a) objetivos; http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 29 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS b) conteúdos; c) tempo; d) metodologia; e) atividades; f) materiais e recursos; g) avaliação; h) continuação e prática; • Que os quatro países que atualmente dispõem de cursos de Língua de Sinais e de formação de intérpretes (Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai) prestem seu apoio aos países que ainda não contam com estes cursos (Bolívia, Paraguai, Chile, Equador, Peru e Venezuela), para o qual cada um dos primeiros quatro designará duas pessoas, uma ouvinte e outra surda especialista em formação, que sirvam como, formadores, assessores e consultores dos futuros agentes multiplicadores de cada um dos seis países. Os critérios para selecionar os agentes multiplicadores deverão ser desenvolvidos. A Federação Mundial de Surdos designará um especialista que será o coordenador de todo este processo; • Os agentes multiplicadores, com a ajuda do especialista coordenador, contribuirão para o estabelecimento de um programa de capacitação em Língua de Sinais e outro de Formação de Intérpretes em cada país. Estes programas poderão aplicar-se de forma sequencial (primeiro um, depois o outro) ou paralelamente (ambos os programas de uma vez, considerando que, por exemplo, os intérpretes empíricos sejam os primeiros alunos dos cursos de Formação de Intérpretes). O acompanhamento deste processo se dará entre os quatro países e o especialista coordenador; • Os usuários devem conhecer o código ético pelo qual se rege a interpretação; • Que a Federação Mundial de Surdos continue respaldando estes processos. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 30 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS MEDIADOR X INTÉRPRETE: A DIFERENÇA NA FUNÇÃO E NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS SURDOS A busca para entender a diferença entre a função de mediador e de intérprete pode remeter à compreensão sobre se há ou não uma discrepância na aprendizagem de alunos, nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Acredita-se que a aprendizagem do aluno se constitui, na maioria das vezes, da intervenção do educador. Essa intervenção, ou também, mediação, pode ajudar na elevação intelectual do mesmo, promovendo uma elevação no nível de conhecimento e compreensão desse aluno, fazendo com que algumas dificuldades sejam supridas. Em se tratando de educação, a aprendizagem plena dos alunos é uma das maiores metas do educador. Isso não é diferente com o aluno surdo, que necessita de maiores aparatos pedagógicos para que a aprendizagem ocorra, como a preparação e formação de seus educadores e até mesmo a formação e função desempenhada pela pessoa que o acompanha na tradução da língua, entre outros pontos relevantes. Para se fazer entender a função do professor, primeiramente se faz necessária uma retomada geral da formação do mesmo no Brasil, para em seguida discutir a sua necessidade de conhecimento para atuar com a Educação Especial, apontada como uma modalidade educacional na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.3949/96). Em seguida, compreender a formação continuada e a função exercida pelo professor mediador e intérprete e sua interferência na aprendizagem dos alunos. Observadas as duas funções, percebe-se que quanto ao apoio permanente há a preocupação com a aprendizagem do aluno e não somente com a interação social, como ocorre na função do tradutor/intérprete. Segundo Góes, “tendo em vista que o ensinar-aprender somente se dá na dialogia, a qualidade da experiência escolar dos surdos depende das formas pelas quais a escola aborda a questão da linguagem e concebe a importância ou o lugar das duas línguas”. (2000, p. 29). Pode-se perceber que a presença de um intérprete é de extrema relevância, não só para a inserção e comunicação social do surdo, mas, também, para a http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 31 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS aprendizagem e desenvolvimento cognitivo do mesmo. Essa forma de educação chama-se Educação Bilíngue. De acordo com Lacerda (2000, p. 54): O objetivo da Educação Bilíngue é que a criança surda possa ter um desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao verificado na criança ouvinte e que possa desenvolver uma relação harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso às duas línguas: a língua de sinais e a língua do grupo majoritário. A inserção da criança surda no ensino regular exige das autoridades responsáveis a presença de um tradutor da língua para que o aprendizado significativo ocorra, proporcionando a esse aluno o direito à igualdade perante a sociedade. Para Lacerda (2000, p. 55): Quando se opta pela inserção do aluno surdo na escola regular, essa precisa ser feita com muitos cuidados que visem garantir sua possibilidade de acesso aos conhecimentos que estão sendo trabalhados, além do respeito por sua condição linguística e por seu modo peculiar de funcionamento. Ao exposto acima, fica clara a necessidade de apoio do intérprete da língua, pois sem ela o aluno surdo se torna incomunicável e não consegue se apropriar dos conhecimentos necessários. Assim, pode-se dizer que o tradutor da língua é um dos aparatos principais para a inclusão do surdo no ensino regular. REGULAMENTO PARA ATUAÇÃO COMO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS Em alguns estados brasileiros surgiu a necessidade de regulamentar a atuação do profissional intérprete de língua de sinais. O Estado do Rio Grande do Sul iniciou a capacitação de seus profissionais intérpretes em 1997 por intermédio de cursos certificados pela FENEIS/RS e pela UFRGS. Neste Estado, desde 1988 são realizados encontros sistemáticos para discussão sobre a qualidade da interpretação e sobre os princípios éticos. Portanto, o Estado do Rio Grande do Sul apresenta um histórico bastante interessante no sentido de organização deste profissional. Ao longo da atuação dos intérpretes neste Estado surgiu a necessidade de uma regulamentação para atuação dos intérpretes, uma vez que foram observadas restrições comuns que deveriam ser consideradas. A seguir, apresentar-se-á o http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 32 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS regulamento para a atuação como tradutor e intérprete de língua de sinais, elaborado pelos intérpretes do Estado do Rio Grande do Sul. Vale ressaltar que o objetivo da apresentação do mesmo restringe-se à exposição da experiência deste trabalho, com intuito de contribuir para o desenvolvimento do profissional intérprete em outros estados brasileiros que não disponham de nenhum tipo de regulamentação. MODELOS DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO Traduzir um texto em uma língua falada para uma língua sinalizada ou vice- versa é traduzir um texto vivo, uma linguagem viva. Acima de tudo, deve haver um conhecimento coloquial da língua para dar ao texto fluidez e naturalidade ou solenidade e sobriedade, se ele for desse jeito. Catford (1980) define tradução da seguinte forma: Tradução pode definir-se como a substituição de material textual numa língua (LF) por material textual equivalente noutra língua (LM). (...) o termo equivalente é, sem dúvida, uma palavra-chave (...) Uma tarefa central em teoria de tradução consiste em definir a natureza e as condições da equivalência de tradução. Roberts (1992) apresenta seis categorias para analisar o processo de interpretação, que serão destacadas a seguir por apresentarem as competências de um profissional tradutor-intérprete: (1) Competência linguística - habilidade em manipular com as línguas envolvidas no processo de interpretação (habilidades em entender o objetivo da linguagem usada em todas as suas nuanças e habilidade em expressar corretamente, fluente e claramente a mesma informação na língua-alvo). Os intérpretes precisam ter excelente conhecimento de ambas às línguas envolvidas na interpretação (ter habilidade para distinguir as ideias principais das ideias secundárias e determinar os elos que definem a coesão do discurso). (2) competência para transferência - não é qualquer um que conhece duas línguas e que tem capacidade para transferir a linguagem de uma para a outra; essa competência envolve habilidade para compreender a articulação do significado no discurso da língua-fonte, habilidade para interpretar o significado da língua-fonte para a língua-alvo (sem distorções, adições ou omissões), habilidade para transferir uma http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 33 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS mensagem na língua-fonte para a língua-alvo sem influência da língua-fonte e habilidade para transferir da língua-fonte para a língua-alvo de forma apropriada do ponto de vista do estilo. (3) Competência metodológica - habilidade em usar diferentes modos de interpretação (simultâneo, consecutivo, etc.), habilidade para escolher o modo apropriado diante das circunstâncias, habilidade para retransmitir a interpretação, quando necessário, habilidade para encontrar o item lexical e a terminologia adequada, avaliando-os e usando-os com bom-senso, habilidade para recordar itens lexicais e terminologias para uso no futuro. (4) Competência na área - conhecimento requerido para compreender o conteúdo de uma mensagem que está sendo interpretada. (5) Competência bicultural - profundo conhecimento das culturas que subjazem as línguas envolvidas no processo de interpretação (conhecimento das crenças, valores, experiências e comportamentos dos utentes da língua-fonte e da língua-alvo e apreciação das diferenças entre a cultura da língua-fonte e a cultura da língua-alvo). (6) Competência técnica - habilidade para posicionar-se apropriadamente para interpretar, habilidade para usar microfone e para interpretar usando fones, quando necessário. São várias as categorias apresentadas demonstrando, portanto, a complexidade do processo em que o profissional intérprete está envolvido. Além de tais competências, o intérprete de língua de sinais está diante do processamento de informação simultânea. Assim, apresentar-se-ão algumas propostas de modelos de processamento no ato da tradução e interpretação. MODELO COGNITIVO Três passos a serem seguidos pelo intérprete no modelo cognitivo: 1) Entender a mensagem na língua-fonte; 2) Ser capaz de internalizar o significado na língua-alvo; http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 34 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS 3) Ser capaz de expressar a mensagem na língua-alvo sem lesar a mensagem transmitida na língua-fonte. O processo pelo qual o intérprete passa apresenta os seguintes passos: Mensagem original > Recepção e compreensão > Análise e internalização > Expressão e avaliação > Mensagem interpretada para a língua-alvo MODELO INTERATIVO O modelo interativo aponta os componentes que afetam a interpretação. São eles: a) Participantes: iniciador, receptor e o intérprete (e talvez ainda o relay); b) Mensagem; c) Ambiente (contexto físico ou psicológico); d) Interações (os efeitos de cada categoria dependem demais). Diante de tais aspectos, os intérpretes devem considerar os seguintes aspectos: 4) Como a mensagem está sendo interpretada (simultânea ou consecutivamente); 5) O espaço de sinalização que está sendo usado (amplo ou reduzido, de acordo com a audiência); 6) Fatores físicos (como iluminação e ruídos); 7) Feedback da audiência (movimento da cabeça e linguagem corporal); 8) Decisões em nível lexical, sintático e semântico. MODELO INTERPRETATIVO http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 35 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro INTÉRPRETE DE LIBRAS O intérprete deve entender as palavras e sinais para expressar seus significados corretamente na língua-alvo. Interpretar é passar o SENTIDO da mensagem da língua-fonte para a língua-alvo. MODELO COMUNICATIVO A mensagem é codificada para a transmissão. O código pode ser o português, a língua de sinais ou qualquer outra forma de comunicação. A mensagem é transmitida por meio de um CANAL e quando é recebida é CODIFICADA. Qualquer coisa que interfira na transmissão é considerada RUÍDO. O intérprete não assume qualquer responsabilidade pela interação ou dinâmica de comunicação, adotando uma posição de mero transmissor. MODELO SOCIOLINGUÍSTICO O aspecto fundamental do processo de tradução e interpretação no modelo sociolinguístico baseia-se nas interações entre os participantes. O intérprete deve reconhecer o contexto, os participantes, os objetivos e a mensagem. Podem ser consideradas as seguintes categorias: • A recepção da mensagem; • O processamento preliminar (reconhecimento inicial); • A retenção da mensagem na memória de curto prazo (a mensagem deve ser retida em porções suficientes para então passar ao próximo passo); • O reconhecimento da intenção semântica (o intérprete adianta a intenção
Compartilhar