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resenha do livro "O processo" de Franz Kafka

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
Igor Ryan Lacerda Dantas
RESENHA CRÍTICA SOBRE O LIVRO “O PROCESSO” DE FRANZ KAFKA
Kafka, Franz. O processo. Alfragide, Portugal: Leya, AS. 2009. Disponível em: http://www.agr-tc.pt/bibliotecadigital/aetc/download/708/O%20Processo%20-%20Franz%20Kafka.pdf
No livro “o processo”, o autor Franz Kafka nos trouxe a história de Josef K. que estava sendo acusado injustamente e inocentemente, por algo que não foi informado pelas pessoas que estavam conduzindo o processo, dando um tom de pesadelo à história. O autor destaca, no decorrer da obra, o caráter ativo e forte de K. que, mesmo sendo injustiçado, permanece buscando mostrar sua inocência, mesmo sem saber do que está sendo acusado. Essa obra faz uma crítica clara ao poder judiciário e a arbitrariedade do Estado. Pode-se dizer ainda que o autor nos passa muito do que estava sendo vivido por ele na época, por ser escrito em um momento em que o país onde ele residia estava passando por um processo autoritário.
Josef K., funcionário de um banco, que, no dia do seu trigésimo aniversário, foi acordado por oficiais de justiça. Eles lhe deram a notícia de que K. estava sendo processado. Processo esse que, ao longo do livro, percebe-se ser injusto e confuso. Ao receber a notícia de que estava detido, Josef K. ficou sem entender o que estava acontecendo e começou a questionar o porquê de estar sendo detido, mas os guardas lhe disseram que o papel deles era apenas detê-lo. Com isso, K. começou a exigir falar com os superiores dos guardas. Ele tinha certeza que não praticou nenhum delito, e por isso, tem uma postura bastante ativa. Logo em seguida, foi levado para o quarto ao lado onde falaria com o superior que tanto pediu, e este também não contou o que estava acontecendo, mas somente mandou ele esperar uma ligação informando sobre sua primeira audiência. Pode-se perceber a intenção do autor em criticar o poder judiciário, por muitas vezes não cumprir o dever de informação e de transparência. A falta desses princípios fere os direitos individuais das pessoas envolvidas no caso. Além disso, o contraditório é um direito fundamental de cada cidadão e a solução de conflitos respeitando os direitos individuais deve ser priorizada pelo Estado para que se mantenha a ordem e a paz. Sem o contraditório, você tira o poder que cada indivíduo tem de provar não ter cometido o ato que está sendo acusado, para isso, ele teria direito a todos os meios possíveis de provar sua inocência. 
Com isso, K. estava confiante de que iria conseguir esclarecer tudo no interrogatório. No entanto, chama-se atenção para algo estranho nesse processo. Mesmo detido, K. pôde continuar com sua vida forma normal, a única coisa que mudou foi o fato de agora estar sendo processado. Outra coisa que deixa o personagem instigado é a aparência de que todos a sua volta possuem algum envolvimento com o tribunal. Posteriormente, K. recebeu a ligação do tribunal, porém foi confuso como tudo estava sendo até o momento, na ligação somente foi informado o dia e o local, mas não foi passado de forma precisa. Tanto é que, ao chegar lá, K. se deparou com um prédio velho e que aparentemente era residencial, por possuir vários moradores. Por não saber onde seria o seu interrogatório, ele saiu perguntando de porta em porta sobre um ferreiro que ele acabara de inventar. Somente depois de um bom tempo, K. conseguiu chegar ao tribunal passando por dentro de uma casa. Nota-se que esse processo está bastante obscuro, com falta de informações básicas e também de informações cruciais, como do que se tratava o processo. No entanto, mesmo com esse sentimento de injustiça e desinformação passada pelo autor, Josef K. manteve uma postura ativa e um tanto arrogante. Essa postura dele tem bastante ligação com a sua crença no sistema burocrático, acreditando ele que teria o direito de provar sua inocência, ou pelo menos saber do que estava sendo acusado.
Ao chegar ao tribunal, K. percebe que a sala está dividida em dois grupos, então pensou que seriam dois partidos, mas só depois ele percebeu que eles usavam uma espécie de insígnia, como se todos fossem funcionários de um lugar. Assim que entrou, foi informado pelo juiz instrutor de que estava atrasado, fato que chama atenção por não ter sido informado nem o horário e nem o local com precisão, destacando o total desrespeito com Josef K.. O que agravou esse sentimento de desrespeito foi o fato de não ser possível mais haver o interrogatório devido o horário que K. chegou, mas ele não foi informado sobre o horário, como foi dito antes. Diante disso, K. começou a fazer um discurso dizendo estar sendo acusado injustamente e que esse processo era um absurdo. Como foi dito antes, mesmo tendo seus direitos negados e sendo acusado injustamente, ele mantém sempre a sua postura ativa. No meio do discurso, K. disse que foi maltratado pelos guardas, isso causou consequências expostas posteriormente pelo autor, pois o personagem encontrou os guardas sofrendo a punição por esse ato com chicote. Mesmo com tudo isso, K. achou que estava indo bem no discurso motivado pelo tom das pessoas no tribunal. Logo depois, todos começaram a mudar o foco para um canto da sala. K., com mais uma comprovação do seu comportamento ativo, logo se dirigiu para a parte da sala onde todos estavam olhando. Se tratava de um casal tendo relações sexuais. Uma cena muito confusa por se tratar de um ambiente naturalmente formal, mas que se pode perceber a intenção do autor em mostrar que não se trata de um tribunal comum ou ainda enfatizar o quão precário era esse tribunal.
Alguns dias depois, um tio de K. chegou à cidade e já estava informado sobre o processo, o que enfatizou mais ainda o fato de todo mundo estar inteirado sobre processo. Ao chegar, seu tio indicou logo um advogado. Ao encontrar com o advogado, ele explicou como essa justiça funcionava, dizendo que os advogados de defesa só são tolerados, não são bem um direito. Essa justiça possui vários hábitos estranhos como a troca de favores, favorecer os bons relacionamentos, amizade com juiz. Outra coisa é que a pessoa que está sendo processada já é considerada culpada. Isso nos leva a repensar o sentido de justiça, que nesse caso tem uma função de basicamente caçar as pessoas, ser prevalente que não é bem o sentido que a palavra justiça nos traz. O fato de não ser um direito ter a representação de um advogado comprova o que foi dito antes, a despreocupação desse tribunal em garantir o direito ao contraditório. 
Passa-se o tempo e não se sabe porque K. está sendo processado, o que nos leva a pensar se ele não estaria sendo processado por sua própria existência, por causa do seu jeito arrogante e de menosprezar os que são inferiores hierarquicamente a ele. Nota-se esse comportamento arrogante e desrespeitoso em vários momentos do livro, como com sua vizinha em que ele tentou agarrá-la. 
Levando em consideração a situação vivida por K. e o que aconteceu com os guardas quando K. informou que eles o maltrataram e estes foram punidos com chicotadas, percebe-se que o ambiente da época retratada no livro era de total vulnerabilidade das pessoas perante as instituições, que se comportam de maneira muito autoritária e confusa. Isso nos faz refletir sobre o poder judiciário atualmente por ter uma linguagem de difícil compreensão por quem não é dá área, o que faz com que as vezes a pessoa envolvida não consiga entender o seu próprio processo, como é o caso de Josef. Com isso, o livro traz uma ideia de pesadelo, um sentimento de estar perdido dentro dessa situação. Mas isso não seria somente no judiciário, se encontra também nos outros ramos das grandes instituições, onde ocorre esse tipo de burocracia. Durante alguns momentos do livro, percebe-se que Josef K. também é uma expressão desse burocrata, evidenciado nos momentos em que estava prestando os seus serviços com o banco.
Em outro momento na obra, K. encontra um cliente que o aconselha a procurar um pintor chamado Titorelli. Ao encontra-lo, o pintor dávários conselhos de como se comportar e de como lidar com o processo. E, por fim, ele prometeu a K. conversar com alguns juízes sobre o seu caso. Para retribuir, K. comprou algumas obras dele. Depois de algum tempo, K. foi designado a encontrar um cliente na catedral, mas, com passar do tempo, percebe-se que foi uma armação. Ao chegar lá, o cliente não apareceu e K. teve uma conversa enigmática com um padre. O padre o chamou pelo nome, o que causou estranheza por eles não se conhecerem, e o repreende por suas atitudes perante o processo e comportamento com as mulheres. O que sustentou a ideia de que ele estava sendo processado pela sua existência. Por último, na véspera do seu aniversário de 31 anos, K. foi abordado por dois homens que o levaram para uma pedreira e o mataram com uma faca.
Com isso, percebe-se como Estado pode ignorar as garantias fundamentais do cidadão, principalmente como esse caso mostra, tirando a possibilidade de defesa do acusado. Além disso, nos mostra também que seguir uma lei pode não ser necessariamente fazer justiça e, possivelmente, poderia haver leis que legitimam essa atitude do poder judiciário com Josef K. Para que isso não ocorra, as leis devem seguir princípios mais elevados de justiça, como, em muitos momentos, o autor nos faz perceber como é importante que o direito de defesa seja assegurado. 
Em muitos casos durante o livro, percebe-se como as pessoas são vulneráveis a essa arbitrariedade do Estado, como quando são questionados do porquê estão fazendo algo, apenas respondem que foram designados e são apenas funcionários. Sendo assim, o livro nos traz a ideia de que o Estado só consegue esse poder todo porque a população simplesmente aceita e respeita. Em conjunto a isso, também quebra a ideia que temos de que ter acesso à justiça é ter acesso ao poder judiciário, o que ficou claro que também há injustiça por parte do poder judiciário. O que ocorre, nesse caso, é um tremendo desrespeito aos direitos fundamentais. Por fim, a obra nos possibilita uma gama de interpretações enriquecedoras e que nos fazem reafirmar a importância de um Estado que garante os direitos fundamentais dos seus cidadãos e da transparência e acessibilidade necessária por parte do poder judiciário.
Paulo Afonso/BA
2020

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