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Barroco

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Barroco é o nome de um estilo de época surgido no final do século XVI, na Itália, 
e caracterizado por forte influência religiosa, devido ao contexto histórico 
marcado pela Reforma Protestante e pela Contrarreforma. No entanto, ao lado 
de tanta religiosidade, havia também, na época, um forte apelo aos prazeres 
sensoriais. Desse modo, o estilo configura-se, basicamente, na aproximação 
dos opostos. 
Portanto, são características presentes em obras de Gregório de Matos e Pe. 
António Vieira, os principais autores do Barroco brasileiro: culto ao contraste, 
fusionismo, pessimismo, feísmo, cultismo, conceptismo, além do uso de 
antítese, paradoxo, hipérbole, hipérbato e sinestesia. 
Contexto histórico do Barroco 
Dois fatos históricos, no século XVI, foram de grande influência nas obras dos 
autores barrocos: a Reforma Protestante e a Contrarreforma. Essa última 
ocorreu como uma reação diante da perda de fiéis devido ao protestantismo 
(luteranismo e calvinismo). 
→ Reforma Protestante 
• O padre alemão Martinho Lutero (1483-1546) denunciou a venda do 
perdão como prática corrupta da Igreja Católica. 
• Lutero defendia que a salvação só é conseguida por meio de uma vida 
marcada pela religiosidade, pelo arrependimento dos pecados e pela fé 
em Deus. 
• Ao entenderem que não precisavam pagar, com doações e penitências, 
pela absolvição, muitos fiéis abandonaram a Igreja para seguir o 
luteranismo. 
• João Calvino (1509-1564) defendia a ideia de que o lucro obtido pelo 
trabalho é uma dádiva divina, o que aumentou a debandada de fiéis. 
• Assim, parte da burguesia aderiu ao protestantismo. 
→ Contrarreforma Católica 
• No Concílio de Trento (1545-1563), a Igreja definiu ações para combater 
a Reforma Protestante. 
→ Medidas importantes: 
• Ressurgimento do Tribunal do Santo Ofício (Santa Inquisição); 
• Criação do Índice dos livros proibidos — Index librorum prohibitorum; 
• Fundação da Companhia de Jesus pelo padre Inácio de Loyola (1491-
1556). 
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/gregorio-matos-guerra.htm
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-reforma-protestante.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/contra-reforma.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/martinho-lutero.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/ataques-igreja-calvinismo.htm
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-burguesia.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/concilio-trento.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/papel-companhia-jesus-na-contrarreforma.htm
Assim, a influência religiosa foi marcante na formação dos autores barrocos. 
Porém, em oposição (ou como consequência) a essa religiosidade, havia 
também um forte apelo aos prazeres sensoriais, um desejo de se entregar à 
mundanidade. Portanto, essa época ficou marcada pela oposição e pelo 
conflito. 
Características do Barroco 
O Barroco é um estilo de época marcado pela oposição e pelo conflito, o que 
acaba revelando uma forte angústia existencial. Dessa forma, as obras 
literárias dessa época apresentam visões opostas (aproximação de opostos), 
tais como: 
• Antropocentrismo versus teocentrismo 
• Sagrado versus profano 
• Luz versus sombra 
• Paganismo versus cristianismo 
• Racional versus irracional 
• Material versus espiritual 
• Fé versus razão 
• Carne versus espírito 
• Pecado versus perdão 
• Juventude versus velhice 
• Céu versus terra 
• Erotismo versus espiritualidade 
Além do culto ao contraste, o estilo possui também estas características: 
• Fusionismo: fusão entre a visão medieval e a renascentista; 
• Antítese e paradoxo: refletem uma época de contrastes; 
• Pessimismo: a felicidade, impossível na Terra, só se realizaria no plano 
celestial; 
• Feísmo: fascinação pela miséria humana, crueldade, dor, podridão e 
morte; 
• Rebuscamento: ornamentação excessiva da linguagem, atrelada a um 
apelo visual; 
• Hipérbole: exagero; 
• Sinestesia: apelo sensorial; 
• Cultismo ou gongorismo: jogo de palavras (sinônimos, antônimos, 
homônimos, trocadilhos, figuras de linguagem, hipérbatos); 
• Conceptismo ou quevedismo: jogo de ideias (comparações e 
argumentação engenhosa); 
• Morbidez; 
• Sentimento de culpa; 
• Carpe diem: aproveitar o momento; 
• Emprego da medida nova: versos decassílabos; 
• Principais temáticas: fragilidade humana, fugacidade do tempo, crítica à 
vaidade, contradições do amor. 
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-renascimento.htm
É preciso ressaltar que a presença de luz e sombra, nos textos barrocos, 
normalmente, está associada à juventude (luz) e à velhice (sombra). Nessa 
perspectiva, o poeta barroco sempre lembra aos leitores o quanto a juventude é 
fugaz e o quão rápido chega a velhice e, consequentemente, a morte. Há, por 
isso, uma supervalorização da juventude e dos prazeres que essa fase da vida 
pode oferecer. 
Nessa mesma linha de pensamento, a natureza, quando retratada, serve para 
lembrar que a beleza – por exemplo, a de uma rosa – é fugaz, assim como a 
juventude. Além disso, imagens como a da aurora (transição entre a noite e o 
dia) e a do crepúsculo (transição entre o dia e a noite) simbolizam o dualismo 
típico do estilo barroco. 
Barroco na Europa 
O Barroco surgiu na Itália e espalhou-se pela Europa e América. No entanto, os 
maiores nomes da literatura barroca europeia são os espanhóis Luis de 
Góngora (1561-1627) e Francisco de Quevedo (1580-1645). Já o Barroco 
português (1580-1756) contou com estes autores: 
• Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622): A primavera (1601); 
• Jerónimo Baía (1620-1688): poema Ao menino Deus em metáfora de 
doce; 
• António Barbosa Bacelar (1610-1663): soneto A uma ausência; 
• António José da Silva (1705-1739), “o Judeu”: Obras do diabinho da 
mão furada; 
• Gaspar Pires de Rebelo (1585-1642): Infortúnios trágicos da constante 
Florinda (1625); 
• Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793): Aventuras de Diófanes 
(1752); 
• Pe. António Vieira (1608-1697): Os sermões (1679); 
• D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Obras métricas (1665); 
• Soror Violante do Céu (1601-1693): Romance a Cristo Crucificado 
(1659); 
• Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas portuguesas (1669). 
Barroco no Brasil 
No Brasil, o Barroco (1601-1768) foi inaugurado pelo livro Prosopopeia (1601), 
de Bento Teixeira (1561-1618). No entanto, os principais autores desse estilo no 
país são Gregório de Matos (1636-1696) e Pe. António Vieira (1608-1697). 
• Pe. António Vieira 
Pe. António Vieira é conhecido pelos seus sermões conceptistas, com 
argumentação engenhosa. Seus textos enaltecem a fé cristã e a monarquia 
portuguesa. Porém, foi perseguido pela Inquisição por defender os cristãos-
novos (judeus convertidos ao catolicismo). Sua principal obra é Os sermões, 
de 1679. 
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/bento-teixeira.htm
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/padre-antonio-vieira.htm
• Gregório de Matos 
 
Gregório de Matos, conhecido também como Boca do Inferno, é o 
representante máximo da poesia barroca brasileira. Sua poesia é assim dividida: 
• Lírica ou filosófica: temática amorosa, oposição entre espírito e matéria, 
fugacidade do tempo; 
• Sacra: temática religiosa, fragilidade humana e medo da condenação 
divina; 
• Satírica: crítica social, econômica e política. 
No soneto Inconstância dos bens do mundo, o eu lírico, a partir de antíteses, 
expõe sua percepção de que a luz do Sol não dura mais do que um dia; portanto, 
a noite sempre chega. Além disso, a beleza acaba, e a alegria transforma-se em 
tristeza. 
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-soneto.htm

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