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PROBLEMA 1- CARBOIDRATOS ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO - O alimento segue da boca e faringe, pelo esôfago, até o estômago, onde se mistura com as secreções gástricas. A digestão ocorre principalmente no estômago e no duodeno. - O peristaltismo começa aproximadamente no meio do estômago e se desloca devagar em direção ao piloro, e é responsável pela mistura do alimento mastigado aos sucos gástricos e pelo esvaziamento do conteúdo gástrico no duodeno. A absorção de substâncias químicas ocorre principalmente no intestino delgado. A peristalse também ocorre no jejuno e no íleo; entretanto, não é forte, exceto se houver obstrução. - O estômago é contínuo com o duodeno, que recebe as aberturas dos ductos do pâncreas e fígado, as principais glândulas do sistema digestório. A maior parte da reabsorção ocorre no colo ascendente do intestino grosso. As fezes se formam nos colos descendente e sigmoide e acumulam-se no reto antes da defecação. - O sistema digestório é composto pelo tubo digestório, que vai da boca até o canal anal; e também possui órgãos acessórios como: dentes, língua, glândulas salivares, fígado, pâncreas e vesícula biliar. REGIÃO ORAL - É a região que contém: cavidade oral, dentes, gengiva, língua, palato e a região das tonsilas palatinas. - A cavidade oral é o local onde o alimento é ingerido e preparado para digestão no estômago e no intestino delgado. O alimento é mastigado pelos dentes, e a saliva proveniente das glândulas salivares facilita a formação de um bolo alimentar macio. A deglutição é iniciada voluntariamente na cavidade oral, e empurra o bolo da cavidade oral para a faringe. - A faringe é a parte expandida do sistema digestório, onde ocorre a fase involuntária (automática) da deglutição. CAVIDADE ORAL (BOCA) - É na boca que se sente o sabor dos alimentos e bebidas e que o alimento é mastigado e manipulado pela língua. A cavidade oral é dividida em duas partes: 1. Vestíbulo da boca - É o espaço semelhante a uma fenda entre os dentes, a gengiva, os lábios e as bochechas. O vestíbulo se comunica com o exterior através da rima (abertura) da boca. O tamanho da rima é controlado pelos músculos periorais. EXEMPLOS DE M. PERIORAIS Orbicular da boca (o esfíncter da rima da boca) Bucinador Risório Depressores e elevadores dos lábios (dilatadores da rima). 2. Cavidade própria da boca - É o espaço entre as arcadas ou arcos dentais maxilar (superior) e mandibular (inferior). É limitada lateral e anteriormente pelos arcos dentais. O teto da cavidade oral é formado pelo palato. Posteriormente, a cavidade oral comunica-se com a orofaringe. Quando a boca está fechada e em repouso, a cavidade oral é totalmente ocupada pela língua. LÁBIOS E BOCHECHAS - Os lábios são pregas musculofibrosas móveis que circundam a boca, se estendendo dos sulcos nasolabiais e narinas lateral e superiormente. até o sulco mentolabial inferiormente. Eles contêm o músculo orbicular da boca e músculos, vasos e nervos dos lábios superior e inferior. São cobertos externamente por pele e internamente por túnica mucosa. Atuam como as válvulas da rima da boca, contendo o esfíncter que controla a entrada e a saída da boca e dos sistemas digestório superior e respiratório. Os lábios são usados para apreender o alimento, sugar líquidos, manter o alimento fora do vestíbulo da boca, produzir a fala e osculação (beijo). - As bochechas têm estrutura quase igual à dos lábios, com os quais são contínuas. Elas são as paredes móveis da cavidade oral, sendo que a face externa das bochechas constitui a região bucal. - Várias pequenas glândulas bucais situam-se entre a túnica mucosa e os músculos bucinadores. Superficialmente aos músculos bucinadores, há coleções encapsuladas de gordura, os quais são muito maiores em lactentes, para reforçar as bochechas e evitar seu colapso durante a sucção. As bochechas são supridas por ramos bucais da artéria maxilar e inervadas por ramos bucais do nervo mandibular. GENGIVA - As gengivas são formadas por tecido fibroso coberto por túnica mucosa. A gengiva está firmemente presa aos processos alveolares da mandíbula e da maxila e aos colos dos dentes. As gengivas adjacentes à língua são as gengivas linguais superior e inferior, e as gengivas adjacentes aos lábios e às bochechas são as gengivas labial ou bucal maxilar e mandibular, respectivamente. DENTES - As principais funções são: Reduzir o alimento à pedaços menores, para facilitar o contato com a saliva durante a mastigação; Ajudar sua própria sustentação nos alvéolos dentais (cada alvéolo é um dente e está inserido no osso), auxiliando o desenvolvimento e a proteção dos tecidos que os sustentam - Um dente é identificado e descrito como decíduo (primário) ou permanente (secundário), o tipo de dente e sua proximidade da linha mediana ou da parte anterior da boca. As crianças têm 20 dentes decíduos; os adultos normalmente têm 32 dentes permanentes. Antes da erupção, os dentes em desenvolvimento situam-se nos arcos alveolares como brotos dentais. - Os tipos de dentes são identificados por suas características: Incisivos: possuem margens cortantes finas, que cortam o alimento Caninos: perfuram e prendem o alimento 1º e 2º Pré-molares (bicúspides): trituram o alimento Molares, três ou mais cúspides (siso): trituram o alimento - A face vestibular (labial ou bucal) de cada dente apresenta-se voltada externamente, e a face lingual está voltada internamente. A superfície mastigatória é a face oclusal. - Os dentes inferiores se inserem na mandíbula e os superiores se inserem na maxila. PALATO - O palato forma o teto curvo da boca e o assoalho das cavidades nasais. Separa a cavidade oral das cavidades nasais e da nasofaringe (superior ao palato mole). - A face superior (nasal) do palato é coberta por túnica mucosa respiratória, e a face inferior (oral) é coberta por túnica mucosa oral, densamente povoada por glândulas. O palato tem duas regiões: Palato duro (anterior) - Tem formato de abóbada (côncavo); o espaço é ocupado principalmente pela língua quando está em repouso. Os dois terços anteriores do palato têm um esqueleto ósseo formado pelos processos palatinos da maxila e as lâminas horizontais dos palatinos. Palato mole (posterior) - É o terço posterior móvel do palato e fica suspenso na margem posterior do palato duro; palato mole não tem esqueleto ósseo. Na parte posteroinferior, o palato mole tem margem livre curva da qual pende a úvula. Durante a deglutição, primeiro o palato mole é tensionado para permitir que a língua seja pressionada contra ele, levando o bolo alimentar para a parte posterior da boca. Em seguida, o palato mole é elevado posterior e superiormente contra a parede da faringe, impedindo, assim, a entrada de alimento na cavidade nasal. A ÚVULA PALATINA É CONTÍNUA COM O PALATO MOLE, O QUAL É CONTÍNUO COM O PALATO DURO. AS TONSILAS PALATINAS (AMÍDALAS) SÃO MASSAS DE TECIDO LINFOIDE: promove o combate a bactérias e corpos estranhos que tentam adentrar no organismo pela via oral. LÍNGUA - É um órgão muscular móvel recoberto por túnica mucosa que pode assumir vários formatos e posições. Uma parte da língua está situada na cavidade oral e a outra na orofaringe. As principais funções da língua são articulação (formar palavras durante a fala) e compressão do alimento para a parte oral da faringe como parte da deglutição. A língua também está associada à mastigação, ao paladar e à limpeza da boca. - Todos os músculos da língua, com exceção do palatoglosso, recebem inervação motora do NC XII (hipoglosso). Para sensibilidade geral (tato e temperatura), a túnica mucosa dos dois terços anteriores da língua é suprida pelo nervo lingual, um ramo do NC V3. Parasensibilidade especial (paladar), essa parte da língua é suprida pelo nervo corda do tímpano, um ramo do NC VII. Existem nervos basicamente sensitivos que conduzem fibras secretomotoras parassimpáticas para as glândulas serosas na língua. - A raiz da língua é a parte posterior fixa. O corpo da língua corresponde aproximadamente aos dois terços anteriores, entre a raiz e o ápice. O ápice (ponta) da língua é a extremidade anterior do corpo, que se apoia sobre os dentes incisivos. O corpo e o ápice da língua são muito móveis. - Existem quatro sensações básicas de paladar. O sabor doce é detectado no ápice; o salgado, nas margens laterais; e os sabores ácido e amargo, na parte posterior da língua. Todos os outros “sabores” descritos por gourmets são olfatórios (odor e aroma). - A língua possui textura áspera devido às pequenas papilas linguais: PAPILAS CIRCUNVALADAS: são circundas por botões gustativos responsáveis pelo paladar. PAPILAS FOLHADAS: pequenas pregas laterais e são pouco desenvolvidas nos seres humanos. PAPILAS FILIFORMES: estão organizadas em fileiras principalmente no corpo da língua. Elas possuem terminações nervosas aferentes sensíveis ao toque. PAPILAS FUNGIFORMES: são mais numerosas no ápice e nas margens da língua. As papilas filiformes são responsáveis apenas por sensações táteis. As outras papilas são relacionadas ao paladar. GLÂNDULAS SALIVARES - Os três pares de glândulas salivares principais são as parótidas, as submandibulares e as sublinguais. O líquido viscoso transparente, insípido e inodoro (saliva) secretado por essas glândulas e pelas glândulas mucosas da cavidade oral possuem funções como: Mantém a túnica mucosa da boca úmida Lubrifica o alimento durante a mastigação Inicia a digestão de amidos Atua como “colutório” intrínseco É importante na prevenção das cáries dentais e no paladar - As glândulas parótidas são as maiores e estão localizadas na frente da orelha e atrás da mandíbula (temporomandibulares). Elas drenam anteriormente através dos ductos parotídeos (de Stenon), que comunicam a glândula até o óstio do segundo molar, onde há saída da saliva para a cavidade. - As glândulas submandibulares estão presentes na região posterior do assoalho da boca. Possuem os ductos submandibulares (de Wharton), que se abrem próximo à base (frênulo) da língua. - As glândulas sublinguais são pequenas e estão localizadas por baixo da língua. Possuem os ductos sublinguais que se abrem, também, próximo ao frênulo da língua. - A parótida recebe inervação parassimpática do par de nervos cranianos nove (NC IX) através do nervo ótico. As submandibulares e sublinguais recebem inervação parassimpática do NC VII através do gânglio submandibular. - Essa estimulação parassimpática vai causar a liberação de uma saliva mais fluida, diferente da simpática, que é uma saliva mais espessa. FARINGE - A faringe é uma estrutura muscular tubular revestida por mucosa. A região da orofaringe, é onde o há a passagem do bolo alimentar para o trato gastrointestinal (TGI). A laringofaringe é a região que se comunica anteriormente com a laringe e posteriormente com o esôfago; e onde ocorre a ação da epiglote. - A epiglote é uma pequena cartilagem que se localiza no começo da laringe. Ocorre seu fechamento por cima do ádito da laringe, para que o bolo alimentar atravesse para o esôfago sem que ocorra a entrada nas vidas respiratórias. ESÔFAGO - É um tubo muscular (25 cm de comprimento) com um diâmetro médio de 2 cm, que conduz alimento da faringe para o estômago. A maior parte é torácica, e atravessa o diafragma, chegando ao estomago na região abdominal. - No 1/3 superior, a musculatura é esquelética, então possui contração voluntária. No 2/3 inferior a musculatura é lisa, ou seja, de contração involuntária. - O esôfago normalmente tem três constrições (estreitamentos), onde estruturas adjacentes deixam impressões. Elas possuem importância clínica, funcionando como bloqueio físico para passagem de uma sonda nasogástrica ou objetos ingeridos por crianças, por exemplo. Constrição cervical (esfíncter superior do esôfago): é o esfíncter fisiológico localizado na junção faringoesofágica Constrição broncoaórtica (torácica): feita pelas ramificações dos brônquios e pelo arco da aorta. Constrição diafragmática: no local onde atravessa o hiato esofágico do diafragma - O alimento atravessa o esôfago rapidamente em razão da ação peristáltica de sua musculatura, auxiliado pela gravidade, mas não depende dela (é possível engolir de cabeça para baixo). O esôfago está fixado às margens do hiato esofágico no diafragma pelo ligamento frenicoesofágico, uma extensão da fáscia diafragmática inferior. Esse ligamento permite o movimento independente do diafragma e do esôfago durante a respiração e a deglutição. - O esôfago é inervado pelo plexo esofágico, formado pelos troncos vagais (que se tornam os ramos gástricos anteriores e posterior) e pelos troncos simpáticos torácicos por meio dos nervos esplâncnicos (abdominopélvicos) maiores e plexos periarteriais ao redor das artérias gástrica esquerda e frênica inferior. ESTÔMAGO - É a parte expandida do sistema digestório entre o esôfago e o intestino delgado. É especializado para o acúmulo do alimento ingerido, que ele prepara química e mecanicamente para a digestão e passagem para o duodeno. O estômago mistura os alimentos e atua como reservatório. - Sua principal função é a digestão enzimática. O suco gástrico converte gradualmente a massa de alimento em uma mistura semilíquida, o quimo, que passa rapidamente para o duodeno. - O estômago vazio tem calibre apenas ligeiramente maior que o do intestino grosso; entretanto, é capaz de se expandir muito e pode conter 2 a 3 litros de alimento. RELAÇÕES DO ESTÔMAGO - O estomago é inferior ao esôfago, posterior ao lobo esquerdo do fígado e do diafragma; anterior ao pâncreas e ao baço e superior ao duodeno e ao colo transverso. PARTES DO ESTÔMAGO - Cárdia: parte que circunda o óstio cárdico, a abertura superior do estômago. Essa parte também pode ser chamada de esfíncter esofágico inferior ou esfíncter cárdico, que é um esfíncter fisiológico, na junção gastroesofágica. Possui músculo longitudinal, que ao se contrair, consegue se fechar e evitar refluxo do conteúdo ácido do estômago para o esôfago. - Fundo gástrico: parte superior dilatada que está relacionada com a cúpula esquerda do diafragma, limitada inferiormente pelo plano horizontal do óstio cárdico. A incisura cárdica está situada entre o esôfago e o fundo gástrico. O fundo gástrico pode ser dilatado por gás, líquido, alimento ou pela combinação destes. - Corpo gástrico: parte principal do estômago, entre o fundo gástrico e o antro pilórico - Parte pilórica: região afunilada de saída do estômago; sua parte mais larga, o antro pilórico, leva ao canal pilórico, sua parte mais estreita. O piloro é um esfíncter anatômico que controla a saída do conteúdo gástrico para o duodeno. Há esvaziamento intermitente do estômago quando a pressão intragástrica supera a resistência do piloro. A peristalse gástrica faz o quimo atravessar o canal e o óstio pilórico até o intestino delgado, onde continua a mistura, digestão e absorção. CURVATURAS DO ESTÔMAGO - Curvatura menor: forma a margem direita côncava mais curta do estômago. A incisura angular, parte inferior da curvatura, indica a junção do corpo gástrico com a parte pilórica do estômago. - Curvatura maior: forma a margem convexa mais longa do estômago e segue até alcançar o antro pilórico. É formada pela incisura cardíaca, que é causada pela inserção do esôfago no estômago. INTESTINO DELGADO - É formado pelo duodeno, jejuno e íleo e é o principal local de absorção de nutrientesdos alimentos ingeridos. Vai do piloro até a junção ileocecal (a primeira parte do intestino grosso). A parte pilórica do estômago esvazia-se no duodeno, sendo a admissão duodenal controlada pelo piloro. - A estimulação simpática reduz a atividade peristáltica e secretora do intestino e atua como um vasoconstritor, reduzindo ou interrompendo a digestão e disponibilizando sangue para “fugir ou lutar”. - A estimulação parassimpática aumenta a atividade peristáltica e secretora do intestino, restaurando o processo de digestão após uma reação simpática. - O intestino delgado também tem fibras sensitivas (aferentes viscerais). O intestino é insensível à maioria dos estímulos dolorosos, inclusive incisão e queimadura; entretanto, é sensível à distensão que é percebida como cólica (dor abdominal espasmódica). DUODENO - É a primeira e mais curta (25 cm) parte do intestino delgado, também é a mais larga e mais fixa. O duodeno segue um trajeto em formato de C ao redor da cabeça do pâncreas; começa no piloro no lado direito e termina na junção (flexura) duodenojejunal no lado esquerdo. A maior parte do duodeno está fixada pelo peritônio a estruturas na parede posterior do abdome e é considerada parcialmente retroperitoneal. O duodeno é dividido em quatro partes: Parte superior (primeira): curta e situada anterolateralmente ao corpo da vértebra LI Parte descendente (segunda): mais longa e desce ao longo das faces direitas das vértebras LI a LIII Parte inferior ou horizontal (terceira): 6 a 8 cm de comprimento e cruza a vértebra L III Parte ascendente (quarta): curta, começa à esquerda da vértebra L III e segue superiormente até a margem superior da vértebra L II. A flexura duodenojejunal é suspendida pelo músculo suspensor do duodeno ou ligamento de Treitz. - Os ductos colédoco (biliar) e pancreático se unem para formar a ampola hepatopancreática, que se abre em uma eminência, chamada papila maior do duodeno, localizada posteromedialmente na parte descendente (totalmente retroperitoneal). Essa papila é por onde as secreções pancreáticas e biliares são liberadas para o duodeno. Existe o esfíncter hepatopancreático que controla a entrada dessas secreções. Alguns indivíduos possuem a papila menor do duodeno, que é a abertura de um ducto pancreático acessório de menor calibre. Artérias do duodeno - Elas se originam do tronco celíaco e da artéria mesentérica superior, que partem da aorta abdominal. - O tronco celíaco, dá origem à artéria hepática comum, de onde parte a gastroduodenal. A artéria gastroduodenal e seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal superior, supre a parte do duodeno proximal à entrada do ducto colédoco na parte descendente do duodeno. - A artéria mesentérica superior (AMS), por meio de seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto colédoco. - A anastomose das pancreaticoduodenais superior e inferior ocorre entre a entrada do ducto biliar e a junção das partes descendente e inferior do duodeno. Veias do duodeno - Próximo às artérias pancreaticoduodenais superiores, existem as veias pancreaticoduodenais superiores, as quais possuem o ramo posterior que drenam diretamente para a veia porta hepática. - As veias pancreaticoduodenais inferiores sempre drenam primeiro para a veia mesentérica superior, que, por sua vez, drena para a veia porta. - Todo o sangue venoso que recebe os nutrientes absorvidos no duodeno será drenado para a circulação hepática, pela veia porta hepática. JEJUNO E ÍLEO - O jejuno é a 2ª parte do intestino delgado e começa na junção duodenojejunal (suspensa pelo músculo suspensor do duodeno ou ligamento de 3), onde o sistema digestório volta a ser intraperitoneal. - O íleo é a 3ª parte e termina na junção ileocecal, a união da parte terminal do íleo e o ceco. - Juntos, o jejuno e o íleo têm 6 a 7 m de comprimento, o jejuno representa cerca de dois quintos e o íleo cerca de três quintos da parte intraperitoneal do intestino delgado. - O mesentério é uma prega de peritônio em forma de leque que fixa o jejuno e o íleo à parede posterior do abdome. Estende-se da flexura duodenojejunal no lado esquerdo da vértebra L II até a junção ileocólica. Entre as duas camadas do mesentério estão os vasos mesentéricos superiores, linfonodos, uma quantidade variável de gordura e nervos autônomos. COR Vermelho-vivo Rosa-claro PAREDE Espessa e pesada Fina e leve VASCULARIDADE maior menor VASOS RETOS longos curtos ARCOS Algumas alças grandes Muitas alças curtas GORDURA NO MESENTÉRIO menos mais INTESTINO GROSSO - É o local de absorção da água dos resíduos indigeríveis do quimo líquido, convertendo-o em fezes semissólidas, que são temporariamente armazenadas e acumuladas até que haja defecação. O intestino grosso é formado pelo ceco; apêndice vermiforme; colos ascendente, transverso, descendente e sigmoide; reto e canal anal. CECO E APÊNDICE VERMIFORME - O ceco é a 1ª parte do intestino grosso e é contínuo com o colo ascendente. É uma bolsa intestinal cega, que mede aproximadamente 7,5 cm de comprimento e largura. Situa- se na fossa ilíaca do quadrante inferior direito do abdome, inferiormente à sua junção com a parte terminal do íleo. Quando distendido por fezes ou gases, o ceco pode ser palpável através da parede anterolateral do abdome. Pode ser deslocado da fossa ilíaca, mas costuma estar ligado à parede lateral do abdome por uma ou mais pregas cecais de peritônio. - O apêndice vermiforme é um evaginação (6 a 10 cm de comprimento) que contém massas de tecido linfoide. Origina-se na face posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal. A posição do apêndice vermiforme é variável, mas geralmente é retrocecal. COLO - O colo é dividido em quatro partes que sucedem uma à outra formando um arco. O colo circunda o intestino delgado, o colo ascendente à direita do intestino delgado, o colo transverso superior e/ou anteriormente a ele, o colo descendente à esquerda e, por fim, o colo sigmoide inferiormente a ele. Colo ascendente - É a 2ª parte do intestino grosso. Segue para cima na margem direita da cavidade abdominal, do ceco até o lobo hepático direito, onde vira para a esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática). Colo transverso - É a 3ª parte do intestino grosso, a mais longa e mais móvel. Atravessa o abdome da flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo (esplênica), onde se curva para baixo e dá origem ao colo descendente. A flexura esplênica geralmente é superior, mais aguda e menos móvel do que a flexura direita do colo. - Situa-se anteriormente à parte inferior do rim esquerdo e fixa-se ao diafragma através do ligamento frenocólico. Sendo livremente móvel, a posição do colo transverso é variável, geralmente pendendo até o nível do umbigo (nível da vértebra L III). Em pessoas magras e altas, o colo transverso pode estender-se até a pelve Colo descendente - O peritônio cobre o colo anterior e lateralmente e o liga à parede posterior do abdome. Ao descer, o colo passa anteriormente à margem lateral do rim esquerdo. Colo sigmoide - Caracterizado por sua alça em forma de S com comprimento variável, une o colo descendente ao reto. O colo sigmoide estende-se da fossa ilíaca até o terceiro segmento sacral (S III), onde se une ao reto. O fim das tênias do colo, a aproximadamente 15 cm do ânus, indica a junção retossigmoide. RETO E CANAL ANAL - O reto é a parte terminal fixa (basicamente retroperitoneal e subperitoneal) do intestino grosso. É contínuo com o colo sigmoide no nível da vértebra S III. A junção ocorre na extremidade inferior do mesentério do colo sigmoide. O reto é contínuo inferiormente com o canal anal. HISTOLOGIA DO SISTEMADIGESTÓRIO GLÂNDULAS SALIVARES - Uma cápsula de tecido conjuntivo rico em fibras colágenas circunda e reveste as glândulas salivares maiores (parótida, submandibular e sublingual). Nessas glândulas exócrinas, a cápsula se ramifica formando trabéculas ou septos de TC de menor densidade. Isso promove a formação de lóbulos, que são separados pelos septos. - Essas glândulas se dividem em duas porções: Terminações secretoras - Elas possuem dois tipos de células secretoras, as serosas e as mucosas; além das células mioepiteliais não secretoras. Serosas: têm um formato piramidal, com uma base larga que repousa sobre uma lâmina basal e um ápice com microvilos pequenos e irregulares, voltados para o lúmen. Elas secretam proteínas e uma saliva mais fluída. Células secretoras adjacentes estão unidas entre si e formam o ácino, contendo um lúmen central. Um exemplo de serosa é a glândula parótida. Mucosas: formato cuboide ou colunar; seu núcleo é oval e encontra-se pressionado junto à base da célula. Elas exibem características de células secretoras de muco contendo glicoproteínas (mucina) importantes para as funções lubrificantes da saliva Seromucosas: É o caso das submandibulares e sublinguais, que possuem células mucosas com semiluas serosas. - As células mioepiteliais são encontradas junto à lâmina basal de terminações secretoras e a duetos intercalares. Elas possuem características de contratilidade (acelera a secreção salivar) e estabelecem junções (desmossomos) entre si e também com as células secretoras. Sua principal função é a prevenção da distensão excessiva da terminação secretora durante a secreção, devido a um aumento da pressão luminal. Sistema de ductos (porção condutora) As terminações secretoras se continuam com os ductos intercalares, formados por células epiteliais cuboides. Vários desses ductos curtos se unem para formar um ducto estriado, que possuem estriações radiais se estendendo da base das células até a altura dos núcleos. - Os ductos estriados de cada lóbulo convergem e desembocam em ductos maiores localizados nos septos que separam os lóbulos, onde se tornam ductos interlobulares ou excretores. Estes são inicialmente formados por epitélio cuboide estratificado, mas as porções mais distais possuem epitélio colunar estratificado. - O ducto principal de cada glândula salivar maior desemboca na cavidade oral e, no final, é revestido por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Ductos intercalares e estriados são também denominados ductos intralobulares, devido à sua localização dentro dos lóbulos glandulares. GLÂNDULA SUBMANDIBULAR - É uma Glândula Túbulo acinosa, com a maior parte composta por ácinos serosos. A parte túbulo mucosa possui semiluas serosas e secreta lisoenzima (hidrolisa parede bacteriana). GLÂNDULA SUBLINGUAL - É Glândula túbulo acionosa. Predominam células mucosas, enquanto as células serosas apresentam-se exclusivamento constituindo SEMILUAS serosas na extremidade de túbulos mucosos. → CAMADAS DO TGI 1- Camada mucosa: camada interna que forra o TGI. É formada por: Células epiteliais: estratificado pavimentoso /epitélio simples Lâmina própria: possui macrófagos, linfócitos, capilares e linfáticos por onde passam os nutrientes e fibras nervosas Musculatura mucosa: Separa a camada mucosa da submucosa 2- Submucosa: camada média da parede do órgão. É composta por tecido conjuntivo com grandes vasos sanguíneos e linfáticos. Plexo submucoso (meissner): conjunto de nervos viscerais e multipolares. Controlam principalmente a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. 3- Músculo externo: duas camadas de músculo liso Camada interior circular: sua contração diminui o diâmetro do lúmen Camada exterior longitudinal: sua contração irá encurtar o tubo Plexo miontérico (Auerbach): cadeia de neurônios e células da glia interconectados, que coordenam principalmente as contrações no trato gastrintestinal. Situa-se entre as duas camadas musculares longitudinais e circulares. Sua função é a motilidade digestiva, avançando o bolo ao longo do aparelho e o produto de mistura ingerida com o suco gástrico. 4- Serosa: membrana de tecido conjuntivo que circunda todo o TGI. É uma continuação da membrana peritoneal que delimita a cavidade abdominal. Os plexos mioentérico e submucoso da parede gastrointestinal formam o sistema nervoso entérico, parcialmente responsável pela coordenação das funções digestórias. As funções digestórias também são coordenadas por reflexos envolvendo o sistema nervoso autônomo e centros de controle no SNC ESÔFAGO Mucosa: epitelial estratificado pavimentoso não queratinizado + lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo Submucosa: glândulas mucosas e plexo submucoso Muscular: circular interna e longitudinal externa com plexo mioentérico entre elas Serosa: Tecido Conjuntivo frouxo ESTÔMAGO - A região do fundo e corpo são histologicamente idênticas: MUCOSA: Epitélio: cilíndrico simples mucoso, com invaginações para a lâmina própria (fossetas gástricas). Lâmina própria: apresenta glândulas exócrinas tubulares simples ou ramificadas, que nessa região são chamadas de fúndicas. Os componentes celulares são: Célula parietal: secreta HCl e também o fator antianêmico intrínseco, que é necessário à absorção de vitamina B12. Célula principal ou zimiogênica: secreta enzimas gástricas, que são pepsina, renina e lipase gástrica. Célula mucosa: secreta muco Célula endócrina ou Argentafin: secreta hormônios, que são serotonina, histamina, somatostatina, gastrina, endorfinas e enteroglucagon. O músculo da parte muscular da mucosa é liso. • Submucosa: T.C. moderadamente denso sem glândulas Muscular da mucosa: composta de músculo liso SUBMUCOSA - Possui TC moderadamente denso e sem glândulas MUSCULAR Interna: células musculares dispostas obliquamente Média ou interna: células musculares dispostas circularmente; Externa: células musculares dispostas longitudinalmente. SEROSA: T.C. revestido por células mesoteliais. - A transição entre a mucosa do esôfago e do estômago é abrupta. É caracterizada pela substituição do epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado do esôfago pelo epitélio colunar simples do estômago. Distribuição das células nas glândulas tubulares: - Istmo: células mucosas em diferenciação (tronco), células parietais (oxínticas) - Colo: células tronco e células mucosas do colo (secreta bicarbonato), células parietais - Base: Células parietais e principais - Células Enteronedócrinas: colo e base - Células enteroendócrinas: são encontradas principalmente próximas da base das glândulas gástricas. - No corpo do estômago, os principais produtos de secreção são a 5-hidroxitriptamina (serotonina) e a grelina. - No antro as células G secretam a gastrina (fundamental para o HCl) Formação do HCL H2O presente nas células parietais é clivada em H+ e OH- pela H+-K+ - ATPase. H+ é bombeado para o lúmen do estômago pela H+-K+ - ATPase em troca de K+ que entra na célula. Ao mesmo tempo, o OH- forma bicarbonato, que sai da célula em troca de Cl-, que segue o H+ através do canal de Cl-, resultando na secreção de HCl pela célula. Ao sair da célula, o bicarbonato vai para o sangue, onde tem ação tamponante, reduzindo a acidez do plasmática. Secreção gástrica 1- Suco gástrico: secreção estimulada pela acetilcolina, gastrina e histamina e produzido pelas células parietais. O suco gástrico impede putrefação do alimento, dissolve alimento (digestão química de proteínas e carboidratos) e possui alguma ação bactericida. 2- Fator intrínseco: é secretado juntamente do ácido clorídrico pelas células parietais eé essencial para a absorção de vitamina B12 no íleo. 3- Pepsinogênio (inativo): é secretado pelas células pépticas e não possui atividade digestiva. Quando em contato com o suco gástrico, é clivado e se torna pepsina (ativa), que digere proteínas, podendo atuar fazendo feedback positivo sobre o pepsinogênio, sendo inibida apenas pela diminuição de HCl. CONTOLE NEUROHORMONAL CONTROLE NEURAL DA DIGESTÃO - O trato gastrointestinal possui um sistema nervoso próprio, o qual chamamos de sistema nervoso entérico que se localiza inteiramente na parede intestinal (começa no esôfago e vai até o ânus). Esse sistema será fundamental no controle dos movimentos e da secreção gastrointestinal. Esse sistema é composto por dois plexos: Plexo mioentérico (Auerbach): é o plexo interno e é disposto entre camadas musculares longitudinais e circulares do músculo liso intestinal. Ele é responsável por controlar quase todos os movimentos gastrointestinais. Plexo submucoso (Meissner): se localiza na camada submucosa e é o plexo interno. Tem função de controlar a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. - Existem fibras extrínsecas simpáticas e parassimpáticas que irão se conectar com os plexos. Sendo assim, a estimulação dos sistemas simpático ou parassimpático podem alterar as funções gastrointestinais, por meio de inibição ou estimulação. - Na parede intestinal ou no epitélio gastrointestinal são originadas terminações nervosas sensoriais que enviam fibras eferentes para os dois plexos do SNE, para os gânglios pré-vertebrais do SNAS, medula espinhal e tronco cerebral por meio dos nervos vagos. Esses nervos sensoriais podem provocar reflexos locais na própria parede intestinal e, ainda, outros reflexos que são transmitidos ao intestino pelos gânglios pré-vertebrais e das regiões basais do cérebro Plexo mioentérico x Plexo submucoso - Quando o plexo mioentérico é estimulado, seus principais efeitos são: Aumento da contração tônica (tônus da parede intestinal) Aumento da intensidade das contrações rítmicas Ligeiro aumento no ritmo cardíaco Aumento na velocidade de condução de ondas excitatórias (isso aumenta o movimento das ondas peristálticas intestinais) - O plexo também tem efeitos inibitórios e isso é decorrente da presença de neurônios que são inibitórios, os quais possuem nos terminais de suas fibras secretoras a secreção de um transmissor inibitório, possivelmente o polipeptídeo intestinal vasoativo. Os sinais inibitórios serão fundamentais para a inibição dos músculos de alguns dos esfíncteres intestinais, que impedem a movimentação do alimento pelos segmentos sucessivos do TGI (Ex: esfíncter pilórico que controla o esvaziamento do estômago para o duodeno e esfíncter da valva ileocecal, o qual controla o esvaziamento do intestino delgado para o ceco) - O plexo submucoso está, basicamente, envolvido com a função de controle na parede interna de cada diminuto segmento do intestino. Muitos sinais sensoriais se originam do epitélio gastrointestinal e são integrados no plexo submucoso, para ajudar a controlar a secreção intestinal local, a absorção local e a contração local do músculo submucoso, que causa graus variados de dobramento da mucosa gastrointestinal. - Os neurônios entéricos secretam neurotransmissores, como: Acetilcolina: tem efeito excitatório na atividade gastrointestinal Noraepinefrina: efeito inibitório na atividade gastrointestinal. (assim como a epinefrina, a qual chega ao TGI principalmente por meio do sangue depois de ser secretada pela circulação da medula adrenal) Serotonina Dopamina Colecistocinina Substância P Polipeptídeo intestinal vasoativo Somatostatina Leuencefalina Metencefalina Bombepsina Controle parassimpático no TGI - As fibras nervosas cranianas estão quase todas nos nervos vagos. Essas fibras formam uma extensa inervação do esôfago, estômago e pâncreas e nos intestinos, até a primeira metade do intestino grosso, só que de maneira menos extensa. - O parassimpático sacral se origina no segundo, terceiro e quarto segmentos sacrais da medula espinhal e passa pelos nervos pélvicos para a metade distal do intestino grosso e, daí, até o ânus. As regiões sigmoides, retal e anal são, consideravelmente, mais bem supridas de fibras parassimpáticas do que as outras regiões intestinais - Os neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático gastrointestinal se localizam principalmente nos plexos mioentéricos e submucosos. A estimulação parassimpática causa o aumento geral da atividade de todo o SNE, o que intensifica a atividade da maioria das funções gastrointestinais. - Já as fibras simpáticas do TGI se originam da medula espinhal entre os segmentos T5 e L2. As fibras pré- ganglionares que inervam o intestino saem da medula espinhal entram nas cadeias simpáticas, as quais ficam dispostas lateralmente a coluna vertebral, e muitas dessas fibras vão das cadeias até os gânglios mais distantes (gânglio celíaco ou gânglios mesentéricos). Os corpos dos neurônios pós-ganglionares, em sua maioria, se localizam nesses gânglios e possuem as fibras pós que se distribuem pelos nervos simpáticos para todas as partes do intestino. Os terminais dos nervos simpáticos secretam, principalmente, norepinefrina, mas, também, pequenas quantidades de epinefrina. O simpático exerce seus efeitos por dois modos: 1- Em pequeno grau, por efeito direto da norepinefrina secretada, inibindo a musculatura lisa do trato intestinal (exceto o músculo mucoso, que é excitado) 2- Em grau maior, por efeito inibidor da norepinefrina sobre os neurônios de todo o sistema nervoso entérico. Reflexos Gatrointestinais Reflexos totalmente integrados na parede intestinal na parede intestinal do SNE: reflexos que controlam grande parte da secreção gastrointestinal, peristaltismo, contrações de mistura e efeitos inibidores locais. Reflexos do intestino para os gânglios simpáticos pré-vertebrais e que voltam para o trato gastrointestinal: transmitem sinais por longas distâncias, para outras áreas do trato gastrointestinal, como por exemplo: - Reflexo gastrocólico: sinais do estômago que causam a evacuação do cólon - Reflexos enterogástricos: sinais do cólon e do intestino delgado que inibem a motilidade e secreção do estômago - Reflexo Colonileal: Sinais que inibem o esvaziamento do íleo para o cólon Reflexos do intestino para a medula ou para o tronco cerebral e que voltam para o trato gastrointestinal: - Reflexos do estômago e do duodeno para o tronco cerebral, que retornam ao estômago, por meio dos nervos vagos, para controlar a atividade motora e secretária gástrica - Reflexos de dor que causam inibição geral de todo o trato gastrointestinal - Reflexos de defecação que passam, desde o cólon e o reto, para a medula espinhal e, então, retornam, produzindo as poderosas contrações colônicas, retais e abdominais, necessárias à defecação (os reflexos da defecação). CONTROLE HORMONAL DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL - Os hormônios gastrointestinais são liberados na circulação porta e exercem ações fisiológicas nas células alvos que possuem receptores específicos para o hormônio. Quando ingerimos alguma refeição geramos estímulos, como a distensão do estômago, os produtos da digestão das proteínas e o peptídeo liberador de gastrina, que é liberado pelos nervos da mucosa gástrica, durante a estimulação vagal. Esses estímulos induzem as células “G”, que ficam localizadas no antro do estômago, a secretarem o hormônio gastrina. Esse hormônio terá como ações primárias: 1-Estimular a secreção gástrica de ácido clorídrico 2-Estimular o crescimento da mucosa gástrica Uma resposta especial aos produtos da digestão de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos nos conteúdos intestinais é a secreção da colecistocinina (CCK) pelas células “I” da mucosaduodenal e do jejuno. Esse hormônio será responsável por gerar uma contração forte na vesícula biliar que irá expelir a bile para intestino delgado, a qual possui funções importantes na emulsificação de substâncias lipídicas o que permite sua digestão e absorção. Também existem uma ação da CCK no estômago por meio de uma contração estomacal, só que de maneira mais moderada, e isso retarda a saída do alimento no estômago. Esse retardo somado à ação da vesícula biliar assegura um tempo adequado para a digestão de gorduras no TGI superior. - A CCK também inibe o apetite, para evitar excessos durante as refeições, estimulando as fibras nervosas sensoriais aferentes no duodeno. Essas fibras, por sua vez, mandam sinais, por meio do nervo vago para inibir os centros de alimentação no cérebro. Já as células “S” da mucosa do duodeno secretam a secretina em resposta ao conteúdo gástrico ácido que é transferido do estômago ao duodeno pelo piloro. A secretina promove a secreção do bicarbonato que irá neutralizar o ácido no intestino delgado. O peptídeo inibidor gástrico (GIP) é secretado pelas células “K” da mucosa do intestino delgado superior (no duodeno e jejuno) em resposta a ácidos graxos e aminoácidos. Exerce efeito moderado na diminuição da atividade motora do estômago e, assim, retarda o esvaziamento do conteúdo gástrico no duodeno, quando o intestino delgado superior já está sobrecarregado com produtos alimentares. O GIP também estimula a secreção de insulina. A motilina é secretada pelo estômago e pelo duodeno superior durante o jejum, e sua única função conhecida é a de aumentar a motilidade gastrointestinal. A motilina é liberada, ciclicamente, e estimula as ondas da motilidade gastrointestinal denominadas complexos mioelétricos interdigestivos que se propagam pelo estômago e pelo intestino delgado a cada 90 minutos, na pessoa em jejum. A secreção de motilina é inibida, após a digestão, por mecanismos que ainda não estão totalmente esclarecidos Movimentos no trato gastrointestinal Movimento propulsivos: peristaltismo - A estimulação em qualquer ponto do intestino pode fazer com que um anel contrátil surja na musculatura circular, e esse anel, então, percorre o intestino. O estímulo usual do peristaltismo intestinal é a distensão do trato gastrointestinal, porém outros estímulos podem deflagrar os movimentos peristálticos: irritação química ou física do revestimento epitelial do intestino e intensos sinais nervosos parassimpáticos para o intestino provocarão forte peristaltismo. Para que o peristaltismo seja efetivo é necessário que haja o plexo mioentérico ativo. - Quando um segmento do trato intestinal é excitado pela distensão o anel contrátil que causa o peristaltismo, normalmente começa no lado oral do segmento distendido e move-se para diante para o segmento distendido, empurrando o conteúdo intestinal na direção anal por 5 a 10 centímetros antes de cessar. Ao mesmo tempo, o intestino às vezes relaxa vários centímetros adiante, na direção do ânus, o que é chamado de "relaxamento receptivo': permitindo que o alimento seja impulsionado, mais facilmente, na direção anal do que na direção oral. Isso é o que chamamos de reflexo peristáltico ou mioentérico, pois esse padrão não ocorre na ausência do plexo mioentérico Movimentos de mistura - Em algumas áreas, as próprias contrações peristálticas causam a maior parte da mistura. Isso fica claro quando a progressão do conteúdo intestinal é bloqueada por esfíncter e, assim, a onda peristáltica apenas agira os conteúdos intestinais e não impulsiona eles pra frente. - Em outros momentos, contrações constritivas intermitentes locais ocorrem em regiões separadas por poucos centímetros da parede intestinal. Essas constrições, geralmente, duram apenas de 5 a 30 segundos; então, novas constrições ocorrem em outros pontos no intestino, triturando" e "separando" os conteúdos. DIGESTÃO DO CARBOIDRATO - Os principais alimentos que sustentam a vida do corpo (com exceção de pequenas quantidades de substâncias como vitaminas e sais minerais) podem ser classificados como carboidratos, gorduras e proteínas. Os principais carboidratos de uma dieta são amido, lactose e sacarose. - Mas, no geral, esses alimentos não podem ser absorvidos, em suas formas naturais, através da mucosa gastrointestinal e, por isso, são inúteis como nutrientes, sem digestão preliminar. O processo digestivo converte todos esses carboidratos da dieta em seus constituintes monossacarídeos, hidrolisando as ligações glicosídicas entre os carboidratos. Inicialmente, é sabido que quase todos os carboidratos da dieta são grandes polissacarídeos ou dissacarídeos, que são combinações de monossacarídeos, ligados uns aos outros por condensação. Isso significa que um íon hidrogênio (H+) foi removido de um dos monossacarídeos, e um íon hidroxila (-OH) foi removido do outro. Os dois monossacarídeos então se combinam, nos locais de remoção, e os íons hidrogênio e hidroxila se combinam para formar água (H20). Esse processo é denominado hidrólise. Onde encontramos? Sacarose: dissacarídeo popularmente conhecido como açúcar de cana; Lactose: dissacarídeo encontrado no leite; Amidos: grandes polissacarídeos presentes em quase todos os alimentos de origem não animal, particularmente nas batatas e nos diferentes tipos de grãos. Outros carboidratos: ingeridos em menor quantidade, são amilose, glicogênio, álcool, ácido lático, ácido pirúvico, pectinas, dextrinas e quantidades, ainda menores, de derivados de carboidratos da carne. - A dieta contém, ainda, grande quantidade de celulose que é um tipo de carboidrato. Mas, nenhuma enzima capaz de hidrolisar a celulose é secretada no trato digestivo humano. Assim, a celulose não pode ser considerada alimento para nós. OBESERVAÇÃO: As glândulas salivares secretam aproximadamente 1 litro de líquido por dia na boca, o qual contém a α- amilase salivar e outros componentes. A α-amilase é uma endoglicosidase, o que significa que ela hidrolisa ligações internas de α-1,4 entre resíduos de glicose em intervalos casuais nas cadeias polissacarídicas. A menor cadeia polissacarídica formada é chamada de α-dextrina. A αamilase salivar pode ser bastante inativada pela acidez do conteúdo estomacal, o qual contém HCl secretado pelas células. CRONOLOGIA DO PROCESSO - Quando o alimento é mastigado, ele se mistura com a saliva, contendo a enzima digestiva ptialina (alfa-amilase), secretada, em sua maior parte, pelas glândulas parótidas. Essa enzima hidrolisa o amido no dissacarídeo maltose e em outros pequenos polímeros de glicose chamados alfa- dextrinas, contendo três a nove moléculas de glicose. Contudo, o alimento permanece na boca por curto período de tempo, de modo que não mais do que 5% dos amidos terão sido hidrolisados, até a deglutição. - A digestão do amido, por vezes, continua no corpo e no fundo do estômago por até 1 hora, antes do alimento ser misturado às secreções gástricas, já que a ptialina (enzima de PH neutro) é inibida pelo PH ácido do suco gástrico (pH 3,0) Em média, antes do alimento e da saliva estarem completamente misturados com as secreções gástricas, até 30% a 40% dos amidos terão sido hidrolisados para formar maltose. - Para chegar no intestino delgado, a alfa-amilase pancreática e o bicarbonato são secretados pela glândula pancreática exócrina para o lúmen do intestino delgado, onde o bicarbonato neutraliza as secreções gástricas. A alfa-amilase pancreática continua a digestão das alfa- dextrinas, convertendo-as em dissacarídeos (maltose), trissacarídeos (maltotriose) e oligossacarídeos, chamados dextrinas limites. - A amilase pancreática é mais potente que a amilase salivar, portanto, em 15 a 30 minutos depois do quimo ser transferido do estômago para o duodeno e se misturar com o suco pancreático, praticamentetodos os carboidratos terão sido digeridos. - A digestão dos dissacarídeos lactose e sacarose, assim como a digestão completa da maltose, da maltotriose e das dextrinas limites, ocorre pela ligação dos dissacarídeos à superfície da membrana – borda em escova (microvilosidades) – das células epiteliais do intestino. - Os monossacarídeos produzidos por essas hidrólises (glicose, frutose e galactose) são, então, transportados pelas células epiteliais intestinais. - As fibras dietéticas, compostas principalmente por polissacarídeos, não podem ser digeridas pelas enzimas humanas no trato intestinal. Classificação: Carboidratos alimentares podem ser Monossacarídeos: único resíduo de carboidrato, Dissacarídeo: dois resíduos de carboidrato, Oligossacarídeos: vários resíduos de carboidrato Polissacarídeos: centenas de resíduos de carboidrato. - No cólon, fibras dietéticas e outros carboidratos não- digeríveis podem ser convertidos em gases (H2, CO2 e metano) e em ácidos graxos de cadeia curta (principalmente ácido acético, ácido propiônico e ácido butírico) pela ação das bactérias do cólon. Localização no intestino: - A produção de maltose, maltotriose e dextrinas limite pela α-amilase pancreática ocorre no duodeno, a porção mais proximal do intestino delgado. - A atividade da sacara-seis-maltase é maior no jejuno, onde as enzimas podem hidrolisar a sacarose e o produto da digestão do amido. A atividade da β-glicosidase também é maior no jejuno, e a da glicoamilase aumenta progressivamente ao longo da extensão do intestino delgado. Hidrólise de Dissacarídeos e de Pequenos Polímeros de Glicose em Monossacarídeos - Os enterócitos que revestem as vilosidades do intestino delgado contêm quatro enzimas (lactase, sacarase, maltase e a-dextrinase), que são capazes de clivar os dissacarídeos lactose, sacarose e maltose, mais outros pequenos polímeros de glicose, nos seus monos. - Dessa forma, os produtos finais da digestão dos carboidratos são todos monossacarídeos hidrossolúveis absorvidos imediatamente para o sangue porta. - Na dieta comum, que tem muito mais amidos do que todos os outros carboidratos, a glicose representa mais de 80% dos produtos finais da digestão, enquanto a fração de galactose ou frutose raramente ultrapassa 10%. TRANSPORTE E ABSORÇÃO DO CARBOIDRATO - Os carboidratos são considerados a fonte primária de energia para o organismo, uma vez que seu catabolismo possibilita a liberação de energia química para a formação de ATP (energia). Eles fornecem primariamente combustível para o cérebro, medula, nervos periféricos e células vermelhas do sangue. Por esse motivo uma ingestão insuficiente pode trazer prejuízos ao sistema nervoso central e ao organismo. - Os carboidratos devem ser quebrados em monossacarídeos, pois somente desse modo eles conseguem serem absorvidos pelas células epiteliais intestinais. Por conta disso, os carboidratos serão transportados dessas células, até a corrente sanguínea, e assim serem distribuídos por todos os tecidos. A glicose, frutose e galactose são produtos da digestão dos carboidratos. - Nem todos carboidratos serão digeridos na mesma velocidade no intestino, e algumas fontes de carboidratos levam a um aumento praticamente imediato do nível de glicose sanguínea após a ingestão, enquanto outras o fazem lentamente durante o extenso período após a ingestão. É o índice glicêmico que mede a velocidade do aumento da concentração sanguínea de glicose após o consumo. Absorção pelo Epitélio Intestinal - A glicose é transportada pelas células absortivas do intestino por difusão facilitada e por transporte facilitado dependente de Na+. Ela entra, então, nas células absortivas ligadas às proteínas transportadoras (proteínas integrais de membrana) que se ligam à molécula de glicose por um lado da membrana e liberam ela no lado oposto. - Na figura, o transporte da glicose ocorre sem a rotação da molécula de glicose. Vários grupos da proteína ligam-se aos grupos hidroxila da molécula de glicose e fecham-se por trás dela, que logo é liberada para dentro da célula (p. ex., o transporte ocorre como um “poro de barreira”). E = lado externo; I = lado interno. - Dois tipos de proteínas transportadoras de glicose estão presentes nas células absortivas do intestino, os transportadores de glicose dependentes de Na+, e os transportadores por difusão facilitada de glicose. TRANSPORTADOR DEPENDENTE DE NA+ - O SGLT-1 é uma proteína que possui uma alta afinidade por glicose. Essa proteína transportadora de glicose é dependente de Na+ para realizar esse transporte, pois o íon sódio é necessário para que ocorra abertura do canal transportador SGLT. Ele está presente no lado luminal das células absortivas, permitindo que essas células concentrem glicose a partir do lúmen intestinal. Sendo assim, o transporte de uma pequena concentração de glicose no lúmen para uma maior concentração na célula é promovido por um co-transportador de Na+. OBSERVAÇÃO Quando há alta concentração de glicose no lúmen intestinal, ele sinaliza a célula, para que ela promova uma inserção de GLUT-2 na membrana apical (que está em contato com o lúmen intestinal), para glicose ser transportada por difusão facilitada. - É importante relembramos que células epiteliais dos rins, possuem transportadores de glicose dependentes de Na+, similares as células epiteliais do intestino, que também são capazes de transportar glicose contra seu gradiente de concentração. TRANSPORTADORES FACILITADOS DE GLICOSE - O transporte facilitado de glicose, que não envolve ligação com Na+ , possui transportadores localizados no lado da serosa (em contato com o sangue) das células. A glicose move-se por transporte facilitado do lado mais concentrado dentro da célula para o menos concentrado no sangue sem gasto de energia. - Os GLUT possuem alta sensibilidade para Glicose, ou seja, eles permitem a captação de glicose para os tecidos quando suas concentrações (glicemia) estão baixas. - Os GLUT’s também existem no lado luminal das células absortivas. Os vários tipos de transportadores facilitados de glicose encontrados nas células das membranas plasmáticas são referidos como GLUT 1 a GLUT 5. Uma estrutura comum a todas essas proteínas são os 12 domínios integrais na membrana. ABSORÇÃO DE GALACTOSE E FRUTOSE PELOS TRANSPORTADORES DE GLICOSE - A galactose é absorvida pelo mesmo mecanismo de absorção de glicose. Ela entra nas células absortivas no lado luminal pelo transportador de glicose dependente de Na+ e pelos transportadores facilitados de glicose e é transportada ao lado da serosa por esses últimos. -A frutose tanto entra quanto deixa as células absortivas epiteliais por difusão facilitada, aparentemente via proteínas transportadoras que fazem parte da família GLUT. O transportador do lado luminal tem sido identificado como GLUT 5. Embora esse transportador possa transportar glicose, ele possui uma atividade bem maior com frutose. TRANSPORTE DE MONOSSACARÍDEOS PARA OS TECIDOS - As propriedades das proteínas transportadoras GLUT diferem entre os tecidos, e isso vai refletir na função do metabolismo da glicose em cada tecido. Isso se dá por alguns motivos: 1- Porque a isoforma dos transportadores presentes nesses tipos de células tem um Km relativamente baixo para glicose. Devido ao fato de a isoenzima hexoquinase presente na célula ter Km baixo para glicose, variações no nível de glicose sanguínea não afetam a taxa de fosforilação intracelular de glicose. Entretanto, em determinados tecidos, a velocidade de transporte torna-se limitante quando o nível sérico de glicose está baixo ou quando baixos níveis de insulina sinalizam a ausência da glicose da dieta. 2- Está presenteem uma concentração relativamente alta na membrana celular, de modo que a concentração de glicose intracelular reflete a do sangue. - No fígado, o Km do GLUT 2 é relativamente alto em comparação com o de outros tecidos. Isso explica a função do fígado de ser um órgão que mantém o nível de glicose no sangue. Dessa forma, o fígado só irá converter a glicose em outra molécula armazenadora de energia quando o nível de glicose estiver alto, como no período imediatamente após uma refeição. - No músculo e em tecidos adiposos, o transporte de glicose é geralmente estimulado por insulina. O mecanismo envolve o recrutamento de transportadores de glicose (especificamente, GLUT 4) de vesículas intracelulares para a membrana plasmática. A ligação da insulina ao seu receptor celular de membrana resulta em vesículas contendo proteínas transportadoras (GLUT-4) de glicose que se movem do interior da célula para a membrana. - Em tecidos adiposos, o estímulo ao transporte de glicose através da membrana plasmática pela insulina aumenta a sua disponibilidade em sintetizar ácidos graxos e glicerol a partir da rota glicolítica. No músculo esquelético, o estímulo ao transporte de glicose pela insulina aumenta a sua disponibilidade para glicólise e síntese do glicogênio. TRANSPORTE DE GLICOSE ATRAVÉS DA BARREIRA HEMATENCEFÁLICA - A resposta hipoglicêmica é identificada por uma diminuição na concentração da glicemia sangüínea a um valor entre 18 e 54 mg/dL (1 e 3 mM). Essa resposta é resultado da diminuição do suprimento de glicose ao cérebro e inicia com uma pequena dor de cabeça e tontura, o que é muito comum, e pode progredir ao coma. A baixa velocidade de transporte de glicose através da barreira hematencefálica (do sangue ao fluido cerebrospinal) a baixo nível de glicose é considerada a responsável por essa resposta neuroglicopênica. O transporte de glicose do fluido cerebrospinal através da membrana plasmática dos neurônios é rápido, e sua velocidade não depende da produção de ATP a partir da glicólise. - No cérebro, as células endoteliais dos capilares apresentam junções extremamente finas, e a glicose deve passar do sangue ao fluido cerebrospinal extracelular pelo transportador GLUT 1 nas células endoteliais das membranas e, então, através da membrana basal.
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