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Resumo Marx, Bakunin e Schumpeter

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Resumo para a Segunda Prova de Sociologia
Marxismo: Baseia-se na concepção materialista e dialética da História, cujo motor é a luta de classes. Além disso, baseia-se no conceito de práxis, que seria a união dialética da teoria e da pratica no que diz respeito à ação humana transformadora da realidade. 
Materialismo dialético: Para Marx, a matéria é o dado primário, fonte da consciência, que é, no âmbito do materialismo, reflexo da matéria. Além disso, diferentemente do materialismo mecanicista, o materialismo dialético defendido por Marx afirma que os fenômenos materiais são processos, ou seja, não são inertes. Para saber mais sobre a dialética marxista, ver fichamento do texto “sobre a contradição” de Mao Tse Tung, líder da revolução Chinesa, que será postado oportunamente. 
Materialismo histórico: É a teoria que aplica os princípios do materialismo dialético ao campo da História. Nesse sentido, há em Marx, uma noção Materialista (contrapondo-se a uma visão subjetivista) da História que se moveria dialeticamente. 
É comumente dito que, para Marx, a sociedade estrutura-se em dois níveis (as clássicas classificações): 
Infraestrutura: Determinante no pensamento marxista, a Infraestrutura diz respeito à base econômica, englobando as relações do ser humano com a natureza, capazes de produzir a sua própria existência e as relações dos indivíduos entre si. 
Superestrutura: tem caráter político-ideológico e se constitui por dois aspectos: 
- Estrutura jurídico-política: representada pelo Estado e pelo Direito, uma vez que a relação de exploração de classe no nível econômico repercute na relação de dominação política, porque o Estado e as leis estão a serviço da classe dominante. 
- Estrutura ideológica: exemplificada pela religião, leis, educação, literatura, filosofia, ciência e arte. Desse modo, a cultura e a ideologia também refletem as ideias e os valores da classe dominante. 
For fim, é importante ressaltar que é comumente dito que a Infraestrutura determina a Superestrutura, mas, no entanto, essa determinação tem também um caráter dialético, uma vez que ao tomar conhecimento das contradições presentes na sociedade, o ser humano pode agir ativamente sobre aquilo que o determina. Afirmar que a infraestrutura sempre determina a superestrutura seria incorrer em um materialismo mecanicista (sobre isso, ver o texto “sobre o contradição” de Mao Tse Tung, líder da revolução Chinesa, onde este expõe este argumento se insurgindo contra as posições que tentam explicar o conceito marxista de dialética mas que são por vezes muito mecanicistas).
Nesse sentido ainda, Marx define o ser humano como um ser social, não existindo uma “natureza humana” idêntica em todo tempo ou lugar. Para ele, o indivíduo se autoproduz à medida que transforma a natureza por meio do seu trabalho e como o trabalho se apoia em uma ação coletiva, a condição humana depende de sua existência social. 
Relações de produção e luta de classes: A compreensão dialética da História pressupõe o conflito e a contradição. Nesse sentido, Marx explica esse processo por meio dos conceitos de relações de produção, forças produtivas e modo de produção. 
Relações de produção: Revelam a maneira pela qual, a partir das condições naturais, os seres humanos usam as técnicas e se organizam por meio da divisão do trabalho social. 
Forças produtivas: Consistem no conjunto formado por clima, água, solo, matérias primas, máquinas, mão de obra e instrumentos de trabalho. Mudanças nas forças produtivas impactam diretamente as formas pelas quais os indivíduos se relacionam. 
Modo de produção: A maneira pela qual as forças produtivas se organizam em determinadas relações de produção num dado momento histórico. 
É essencial ressaltar que as forças produtivas só podem se desenvolver até certo ponto, pois quando atingem um estágio avançado entram dialeticamente em contradição com as antigas relações de produção, por se tornarem inadequadas. Surge então a necessidade de uma nova divisão do trabalho. Dessa forma, a contradição se expressa na luta de classes. 
A luta de classes: 
Sociedades primitivas: Os meios de produção, as áreas de caça, assim como os produtos são propriedades comuns. Essa base econômica determina uma forma de pensar em que não há o sentimento de posse, uma vez que não existe propriedade privada. 
Modo de produção patriarcal: surgiu com a domesticação de animais e a agricultura, graças ao uso de instrumentos de metal e à fabricação de vasilhas de barro, permitindo a estocagem. Essas modificações das forças produtivas alteraram as relações de produção e o modo de produção: surge a ideia de propriedade da família, diferenciando-se ainda funções de classe, nas quais a autoridade é do patriarca. 
Modo de produção escravista: Decorre do aumento da produção além do necessário para a subsistência, exigindo o recurso de novas forças de trabalho, geralmente de prisioneiros de guerra, transformados em escravos. A propriedade privada dos meios de produção gera a contradição entre senhores e escravos, primeira forma de exploração humana. 
Modo de produção feudal: surge na Idade Média como resultado da contradição instaurada pelo regime escravista. Para restaurar a economia em crise foram necessárias novas relações de produção, nas quais a base econômica passou a ser a propriedade dos meios de produção pelo senhor feudal. O servo trabalha um tempo para si e outro para o senhor, que além de se apropriar de parte da produção do seu servo, ainda cobra impostos pelo uso comum da força de trabalho por ele possuída, como por exemplo, o moinho e o lagar. 
Modo de produção capitalista: Surge das ruínas do sistema feudal, da contradição entre a tese (senhor feudal) e a antítese (servo). Desses conflitos surge uma nova figura, o burguês: servos que iam para a cidade e habitavam os burgos, dedicando-se ao artesanato e ao comércio e conseguindo aos poucos a liberdade pessoal. Assim, a burguesia desenvolve novas formas produtivas que em determinado momento fazem surgir a necessidade de novas relações de produção. Há o burguês, detentor de capital, e o proletário, que vende a sua força de trabalho. 
A crítica ao Estado: Para Marx, o Estado não supera as contradições da sociedade civil, mas é o reflexo delas, e está aí para perpetuá-las, uma vez que se mantem a serviço da classe dominante. O Estado seria um mecanismo de dominação de uma classe sobre a outra. 
A ditadura do proletariado: Ao lutar contra o poder da burguesia, o proletariado precisa destruir o poder estatal pela revolução. Após esse processo revolucionário, ainda seria necessário um Estado provisório, a ditadura do proletariado, em que o aparelho estatal, a burocracia, o aparelho repressivo e o jurídico ainda persistiriam. A segunda fase, quando a burguesia já estivesse liquidada como classe em todo o mundo, haveria o comunismo, definido justamente pela supressão da luta de classes e, finalmente, pelo desaparecimento do Estado. 
Anarquismo: O anarquismo prega a preferência por alternativas de organização voluntária em oposição ao Estado, considerado nocivo e desnecessário. Para os anarquistas, a ordem na anarquia é natural: são as instituições autoritárias que deformam e atrofiam as tendências cooperativas humanas. 
	Para eles, estrutura da sociedade estatal é, ainda, artificial, por criar uma pirâmide em que a ordem é imposta de cima para baixo. Na sociedade anarquista a ordem natural se expressa pela autodisciplina e cooperação voluntária, não pela decisão hierárquica. Nesse sentido, os anarquistas repudiam até mesmo a criação de partidos, que tendem a burocratizar e centralizar o poder. 
É importante evidenciar que os anarquistas foram contemporâneos a Marx e com ele partilharam as críticas ao sistema capitalista, à propriedade privada dos meios de produção e à exploração da classe proletária pela burguesia. No entanto, divergem dos marxistas no que diz respeito à ditadura do proletariado.
Bakunin:
“Pensamos que a política, necessariamente revolucionária, do proletariado deve ter por objetivo imediato e únicoa destruição dos Estados. Não compreendemos que se possa falar da solidariedade internacional quando se quer conservar os Estados, — a menos que se sonhe com o Estado universal, isto é, com a escravidão universal, como os grandes imperadores e os papas, — o Estado, por sua própria natureza, por ser uma ruptura desta solidariedade, é, em consequência, uma causa permanente de guerra. Também não concebemos que se possa falar da liberdade do proletariado ou da libertação real das massas no Estado e pelo Estado. Estado quer dizer dominação, e toda dominação supõe a subjugação das massas e, desta forma, sua exploração em proveito de uma minoria governamental qualquer.”
Congresso de Haia: O Congresso da Haia da Associação Internacional dos Trabalhadores realizou-se de 2 a 7 de Setembro de 1872 e foi pessoalmente dirigido por Marx e Engels. O Congresso constituiu no ápice da postura autoritária de Marx, Engels e dos seus seguidores, justificada por eles como forma de combater todas as formas de sectarismo pequeno-burguês no movimento operário. Nesse sentido, os anarquistas foram condenados e os seus dirigentes, incluindo Bakunin foram expulsos da Internacional. # falar dos partidos 
Resposta de Bakunin: “Mas a partir do momento que o absoluto não existe, não pode existir para a Internacional dogma infalível nem, consequentemente, teoria política ou económica oficial, e nossos congressos nunca devem assumir o papel de concílios ecuménicos proclamando princípios obrigatórios para todos os associados e fiéis. Só existe uma única lei realmente obrigatória para todos os membros, indivíduos, seções e federações da Internacional, da qual esta lei constitui a verdadeira, a única base: é, em toda a sua extensão, em todas as suas consequências e aplicações, A SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES DE TODAS AS PROFISSÕES E DE TODOS OS PAÍSES EM LUTA ECONÓMICA CONTRA OS EXPLORADORES DO TRABALHO.”.
Schumpeter: 
Capitalismo, Socialismo e Democracia:
Capítulo 21:
A filosofia da democracia do século XVIII pode ser expressa da seguinte maneira: o método democrático é o arranjo institucional para se chegar a certas decisões políticas que realizam o bem comum, cabendo ao próprio povo decidir, através da eleição de indivíduos que se reúnem para cumprir-lhe a vontade. O povo deve admitir também, em princípio pelo menos, que há também uma vontade comum (a vontade de todas as pessoas sensatas) que corresponde exatamente ao interesse, bem-estar ou felicidade comuns. Consequentemente, todos os membros da comunidade, conscientes da meta, sabendo o que querem, discernindo o que é bom do que é mau, tomam parte, ativa e honestamente, no fomento do bom e no combate ao mau. E verdade que a administração de alguns desses assuntos requer qualidades e técnicas especiais e terá, consequentemente, de ser confiada aos especialistas. Essa medida não afeta o princípio, contudo, pois esses especialistas agirão simplesmente no cumprimento da vontade do povo, exatamente como ura médico age para executar a vontade do paciente de se curar.
Em segundo, mesmo que um bem comum suficientemente definido, como, por exemplo, o máximo da satisfação econômica do utilitarista, fosse aceitável por todos, ainda assim não se teriam soluções igualmente definidas para os casos individuais. A saúde pode ser desejada por todos, mas ainda assim haverá divergências quanto à vacinação e à vasectomia, etc.
Repetiremos, por conseguinte, que, mesmo se as opiniões e desejos do cidadão isolado fossem uma condição perfeitamente independente e definida que pudesse ser usada pelo processo democrático, e se todos agissem nela baseados com racionalidade e rapidez ideais, não se seguiria necessariamente que as decisões políticas produzidas por esse processo, baseado na matéria-prima dessas vontades individuais, representariam coisa alguma que, convincentemente, pudesse ser chamada de vontade do povo. Tampouco pode ser alegado que, embora não seja exatamente o que ele deseja, ainda assim seria um meio-termo justo.
Associação entre eleitores e consumidores - Por outro lado, eles são tão sensíveis à influência da publicidade e outros métodos de persuasão que os produtores muitas vezes parecem antes orientar do que serem orientados por eles. Os eleitores, com isso, demonstram serem juízes maus e corruptos dessas questões, e amiúde maus juízes dos seus próprios interesses a longo prazo, pois tomam em consideração politicamente apenas a promessa a curto prazo, e a racionalidade a curto prazo é a única que realmente prevalece. Em primeiro lugar, mesmo que não houvesse grupos políticos tentando influenciá-lo, o cidadão típico tenderia na esfera política a ceder a preconceitos ou impulsos irracionais ou extraracionais. A fraqueza do processo racional que ele aplica à política e a ausência real de controle lógico sobre os resultados seriam bastantes para explicar esse fato.
Capítulo 22: 
O leitor deve recordar que nossas principais dificuldades no estudo da teoria clássica centralizavam-se na afirmação de que o povo tem uma opinião definida e racional a respeito de todas as questões e que manifesta essa opinião — numa democracia — pela escolha de representantes que se encarregam de sua execução. Por conseguinte, a seleção dos representantes é secundária ao principal objetivo do sistema democrático, que consiste em atribuir ao eleitorado o poder de decidir sobre assuntos políticos.
Verificamos acima que a teoria clássica encontra dificuldades nesse ponto porque a vontade e o bem do povo podem ser, e em muitos casos históricos o foram, servidos tão bem, ou melhor, por governos que não podem ser considerados democráticos, de acordo com qualquer acepção tradicional da palavra.
Como vimos acima, atribuía ao eleitorado um grau totalmente irrealista de iniciativa, que praticamente equivalia a ignorar a liderança. As afirmações sobre o funcionamento e os resultados do método democrático que levam esse fato em conta serão infinitamente mais realistas do que as proposições que o ignoram. Não se satisfarão com a execução da volonté génêrale, mas irão mais adiante para explicar como ela surge e como é substituída ou falsificada. O fenômeno que chamamos de vontade manufaturada não escapa mais à teoria, uma aberração por cujo desaparecimento oramos piedosamente. 
Em terceiro, além disso, na medida em que há realmente vontades coletivas autênticas (por exemplo, a vontade dos desempregados de receber pensões por desemprego e a vontade de outros grupos de ajudar), nossa teoria não as negligencia. Mesmo que fortes e definidas, elas permanecem latentes, muitas vezes durante décadas, até que são ressuscitadas por algum líder que as transforma em fatores políticos.
Da mesma maneira, há sempre alguma concorrência na vida política, embora talvez apenas potencial, pelo apoio do povo. Há casos extremamente semelhantes aos fenômenos econômicos, aos quais chamamos de concorrência desleal, fraudulenta ou limitação da concorrência. (Schumpeter usa apenas o caso da democracia ideal, irrealista) Entre esse caso ideal que não existe e os casos nos quais toda a concorrência com o líder estabelecido é impedida pela força, existe um largo campo de variações, dentro do qual o método democrático de governo se transforma, por passos imperceptíveis, em autocrático.
Deve ser observado que, ao considerar função primária do eleitorado formar o governo (diretamente ou através de um corpo intermediário), tendemos a incluir também na definição o poder de dissolvê-lo. Em certas ocasiões, ocorrem revoluções que derrubam o governo ou um ministro isolado, ou os forçam a seguir certa linha de ação. Elas não são apenas excepcionais, mas também, como veremos adiante, contrárias ao espírito do método democrático.
Quem quer que aceite a doutrina clássica da democracia e, em consequência, acredite que o método democrático deve permitir que os assuntos sejam decididos e a política formulada de acordo com a vontade do povo, não pode negar que, mesmo que essa vontade fosse inegavelmente real e definida, a decisão por simples maioria emmuitos casos deturparia e jamais executaria esses desejos. Evidentemente, a vontade da maioria é apenas a vontade da maioria e não a vontade do povo. Boas tentativas de soluções aceitáveis, todavia, foram feitas por autores de vários planos de representação proporcional, mas, no entanto, sofreram críticas por motivos práticos. É, na verdade, óbvio que a representação proporcional dará oportunidades não apenas a todos os tipos de idiossincrasias, mas impedirá que a democracia forme governos eficientes e constituirá um perigo em tempos de crise.
Se a aceitação da liderança é a verdadeira função do voto, a defesa da representação proporcional cai por terra, pois suas premissas já não são mais válidas. O princípio da democracia, então, significa apenas que as rédeas do governo devem ser entregues àqueles que contam com maior apoio do que outros indivíduos ou grupos concorrentes. E esta definição, por seu turno, parece assegurar a situação do sistema majoritário dentro da lógica do método democrático.

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