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Resumo do capítulo O sistema interestatal capitalista no início do século XXI de José Luís Fiori do livro O mito do colapso do poder americano

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Aluna: Mariana Alves de Almeida 
Resumo do ponto 14: o capítulo “O sistema interestatal capitalista no início do século XXI” de José Luís Fiori do livro “O mito do colapso do poder americano”
	O autor começa por afirmar que só é possível falar de grandes crises, tendências ou ciclos quando há uma teoria que relacione e hierarquize acontecimentos e situações locais, regionais ou globais dentre de um mesmo arcabouço interpretativo. Nesse sentido, Fiori retoma o tema do livro: a teoria do colapso do poder americano – a tese de que os Estados Unidos estariam vivendo a “crise terminal” de sua hegemonia mundial. No entanto, apesar de também reconhecer as entraves norte-americanos atuais, o autor não partilha da crença nessa teoria, apontando, por sua vez, para uma direção completamente distinta. 
	Após a derrota americana no Vietnã, o fim do padrão dólar e o primeiro “choque” do petróleo, surgiu a primeira teoria acerca do desmoronamento da hegemonia norte-americana: a tese de Charles Kindleberger da existência de “ciclos hegemônicos”. Kindleberger, que se tornou referência obrigatória de todos os debates teóricos posteriores sobre o tema, acreditava que a economia mundial necessitava sempre de um país estabilizador – apenas um – mas, no entanto, afirmava que sua primazia teria uma curta duração. Na sua concepção, essa liderança forneceria, entre outros, moeda e a defesa do livre comércio, “bens públicos” indispensáveis ao sistema internacional. Entretanto, esse hegemon estaria sujeito a uma espécie de clico vital, ou seja, ao longo da história, a ascensão de uma potência foi sempre seguida de seu declínio e da substituição de sua liderança por outra. Nessa direção, Kindleberger tinha convicção de que a primazia norte-americana estava chegando ao fim depois da crise de 1970. 
Outros autores, em especial marxistas e neomarxistas, como Wallerstein e Arrighi, exemplificados por Fiori, partilham também dessa tese, discursando sobre a “crise terminal” da hegemonia norte-americana ou da crise final do “sistema mundial moderno”. No entanto, esses autores apontam para esse declínio como parte de uma revolução mundial, ou até mesmo socialista. Apesar disso, Arrighi aponta para a China como provável sucessor do poder norte-americano, o que leva Fiori a crer que seu conceito de “crise terminal” volta a ter caráter cíclico como em Kindleberger. 
Com relação à crise de 1970, Fiori afirma que os autores anteriormente citados deixaram de enxergar o aspecto da crise que acabou por fortalecer o poder americano. Como exemplo, o autor afirma que, apesar de os Estados Unidos terem se tornado o grande devedor da economia mundial, sua dívida não desequilibrou fatalmente a sua economia e, ainda, funcionou como um impulso para a economia internacional. Quanto ao fim do Sistema de Bretton Woods, o sistema dólar ouro foi substituído pelo padrão dólar-flexível – que assegurou aos Estados Unidos um poder financeiro e monetário no âmbito global nunca antes visto. Já no que diz respeito à Guerra do Vietnã, Fiori afirma que sua derrota foi decisiva para os acordos de parceria estratégica com a China, que contribuíram para o fim da União Soviética. E, além disso, o autor argumenta que essa derrota na guerra foi o ponto de partida para a revolução tecnológico-militar que acabou resultando na vitória americana na Guerra do Golfo em 1991. Assim, Fiori alega que tudo aquilo que se sucedeu à crise de 1970 não foi o declínio norte-americano, mas sim uma mudança estrutural do sistema mundial, cujas características hegemônicas foram se tornando cada vez mais imperiais. No que diz respeito à crise, mais recente, de 2008, o autor afirma também que, embora tenha causado uma crise global, ainda não foi capaz de atingir a centralidade do dólar e da economia americana. 
Nesse sentido, Fiori propõe a teoria de que o sistema internacional é um “universo em expansão” contínua, onde os Estados que lutam pela hegemonia – em especial a potência líder – estão sempre criando, em suas palavras, “ordem e desordem, expansão e crise, paz e guerra”. Por essa razão, o autor acredita que crises econômicas e guerras não são necessariamente prenúncio do colapso das economias em questão, podem, entretanto, ser parte imprescindível para a acumulação de poder e riqueza para esses países e até mesmo para o sistema mundial. Quanto às crises e guerras em curso atualmente, Fiori e os outros autores do livro acreditam que fazem parte de uma transformação estrutural do sistema internacional iniciada em 1970, cuja “pressão competitiva” aponta para o início de uma nova corrida imperialista – chamada por Fiori de uma “explosão expansiva”, que faz parte de um processo cíclico da história mundial na concepção dos teóricos do “universo em expansão”. Por fim, o autor afirma que, nesse contexto, o poder norte-americano terá uma participação decisiva pelas próximas décadas. 
Referência: 
FIORI. J. L. O Sistema Interestatal Capitalista no Início do séc. XXI. In: FIORI, SERRANO, MEDEIROS. O mito do colapso do poder americano. Rio de Janeiro: Editora Record. P. 11-70. 
Eu, Mariana Alves de Almeida, autorizo a publicação deste trabalho por João Pedro Barretto no site Passei Direto (PD produtores).

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