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ANAIS 
 
 * A revisão gramatical, ortográfica, ABNT ou APA foi realizada pelos autores. 
ANÁLISE DA SITUAÇÃO ORÇAMENTÁRIA, FINANC EIRA E 
PATRIMONIAL DA UNIÃO NOS ANOS DE 2015 E 2016 
 
 
Rafel Peres Machado 
(Universidade Federal de Pelotas) 
 
Rodrigo Serpa Pinto 
(Universidade Federal de Pelotas) 
 
Resumo : Apresenta-se como objetivo deste artigo analisar a situação orçamentária, 
financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016 por meio de seus 
Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais Consolidados e de suas 
Demonstrações das Variações Patrimoniais Consolidadas. Para realização da 
análise foram utilizados quocientes sugeridos por Kohama (2015). Classifica-se esta 
pesquisa como descritiva quanto aos objetivos e como documental quanto à técnica 
utilizada para a coleta de dados. Os resultados encontrados são preocupantes. 
Identificou-se, por exemplo, que a Receita Corrente realizada em cada ano 
analisado não foi suficiente para cobrir a Despesa Corrente empenhada, tornando-
se necessária a utilização de receita de capital para cobrir essas despesas que 
ultrapassaram os montantes de receita corrente. Identificou-se, também, que a 
União sofreu com déficit patrimonial tanto em 2015 quanto em 2016, tendo 
apresentado decréscimo expressivo de seu patrimônio líquido no período. Se no 
final de 2014, o Patrimônio líquido era de cerca de 118,1 bilhões de reais positivos, 
no final de 2015 chegou a um montante negativo de cerca de 1,424 trilhões de reais 
e em 2016 a situação foi agravada com o encerramento do ano em mais de 2 
trilhões de reais negativos. Esses resultados deixaram evidente a urgência quanto à 
necessidade de a União equilibrar suas contas melhorando seus resultados por meio 
de políticas e gestão capazes de proporcionar diminuição de despesas públicas e 
aumento de arrecadação por meio de desenvolvimento da economia nacional e do 
eficiente combate à sonegação fiscal, aumento de arrecadação que seja atingido de 
um modo que não gere maior prejuízo ao desenvolvimento da economia brasileira e 
opressão e empobrecimento à sua população com o simples aumento de carga 
tributária, o que poderia gerar, no longo prazo, nova redução de arrecadação e 
aumento de despesas públicas. 
 
Palavras-chave : Situação Orçamentária, Financeira e Patrimonial; Demonstrações 
Contábeis; Contabilidade Pública. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A análise de demonstrações contábeis é de grande importância em qualquer 
tipo de entidade, seja pública ou privada, pois, por meio dela, é possível que o seu 
gestor ou outras pessoas interessadas (auditores, acionistas, sociedade, entre 
outros), consigam analisar e identificar sua situação em vários aspectos como 
financeiro e patrimonial. Apesar de ambos os tipos de entidades, pública e privada, 
 
1080 
 
utilizarem-se de análise de demonstrações contábeis e existirem semelhanças na 
contabilidade aplicada às duas esferas, há, entretanto, diversas diferenças em 
virtude das finalidades de cada uma. 
Conforme explicam Coelho e Quintana (2008, p. 3), diferentemente do que 
ocorre nos demais ramos da ciência contábil que são regidos pela Lei nº 6.404/76, a 
qual dispõe sobre as Sociedades Anônimas, na contabilidade pública devem ser 
seguidas as regras das Leis nº. 4.320/1964 e nº. 101/2000. 
Na esfera pública, a contabilidade apresenta, como sua característica básica 
diferenciadora da contabilidade privada, a utilização constante do orçamento, em 
função de ela trabalhar com metas nas quais as receitas (que serão arrecadadas) 
são estimadas e as despesas fixadas, objetivando um maior controle, buscando-se, 
assim, uma situação de equilíbrio. São utilizados, para isso, “instrumentos como o 
Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária 
Anual (LOA)” (RESENDE; GOMES; LEROY, 2016, p. 176). 
Na Contabilidade Aplicada ao Setor Público, as demonstrações contábeis 
“assumem papel fundamental” por entregarem informações que possibilitam a 
promoção da “transparência dos resultados orçamentário, financeiro, econômico e 
patrimonial do setor público” (BRASIL, 2012, p. 5). Para que se consiga analisar as 
contas públicas brasileiras, é muito importante que se conheça a Parte V – 
Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público do Manual de Contabilidade 
Aplicada ao Setor Público. Essa parte do manual visa padronizar “os conceitos, as 
regras e os procedimentos relativos às demonstrações contábeis do setor público a 
serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios”, possibilitando 
que as contas públicas em âmbito nacional sejam evidenciadas e consolidadas “em 
consonância com os procedimentos do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público 
(PCASP)” (BRASIL, 2012, p. 5). 
Segundo afirmam Resende, Gomes e Leroy (2016, p. 182), faz-se necessário, 
na administração pública, que se utilize técnicas para controle e análise, para que se 
torne possível a obtenção de conhecimento da atual situação e a tomada de 
decisões baseadas “em projeções futuras relativas às tendências verificadas na 
análise de dados”. Além disso, “as demonstrações não devem ser elaboradas 
apenas para cumprimento da legislação”. Elas devem servir “como instrumentos de 
gestão, o que se torna possível quando são extraídos dados dos balanços para fins 
de análise e interpretação.” 
Nesse sentido, apresenta-se como objetivo deste artigo analisar a situação 
orçamentária, financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016 por meio 
de seus Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais Consolidados e de 
suas Demonstrações das Variações Patrimoniais Consolidadas referentes a esses 
dois anos. 
Entre as justificativas que podem ser dadas relativamente à relevância do 
tema está a necessidade de que a acadêmia contribua com o desenvolvimento da 
gestão pública no que diz respeito às finanças públicas, apresentando pareceres 
alternativos relativos às contas públicas da União e/ou de outros entes públicos, não 
se limitando, portanto, às análises dos agentes públicos responsáveis pela 
prestação de contas nem às dos órgãos públicos de fiscalização e controle como 
Tribunais de Contas e Controladorias, ampliando-se, assim, o poder da sociedade 
para exercer o controle social sobre a utilização de recursos públicos. 
 
1081 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Demonstrações contábeis públicas 
 
Conforme explica Kohama (2015, p. 1), o Manual de Contabilidade Aplicada 
ao Setor Público (MCASP) “é estruturado e organizado com base na aplicação de 
um Plano de Contabilidade Aplicado ao Setor Público, formado por um conjunto de 
contas previamente estabelecido.” Este Plano possibilita a obtenção de informações 
que são necessárias para que se proceda a elaboração de relatórios gerenciais e 
demonstrações contábeis de acordo com “as características gerais da entidade, 
possibilitando a padronização de procedimentos contábeis nos três níveis de 
governo (Federal, Estadual e Municipal).” 
É afirmado no MCASP que as Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor 
Público (DCASP) são compostas pelas demonstrações enumeradas pela Lei nº 
4.320/1964 e pelas exigidas por meio da Lei Complementar nº 101/2000 e da NBC T 
16. 6 – Demonstrações Contábeis. São elas: 
 
a. Balanço Orçamentário; 
b. Balanço Financeiro; 
c. Balanço Patrimonial; 
d. Demonstração das Variações Patrimoniais; 
e. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); 
f. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) (BRASIL, 
2014, p. 309). 
 
Os quatro primeiros tipos de Demonstrações Contábeis dessa lista serão 
objeto de análise neste artigo. Sendo assim, explicaremos sucintamente cada um 
deles. De acordo com o Art. 102 da Lei 4.320/1964, “o Balanço Orçamentário 
demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas.” 
(BRASIL, 1964, s. p.). Kohama (2015, p. 4) comenta que é possível conceituarmos o 
balanço orçamentário como sendo “um quadro de contabilidade com duas seções”. 
Nesse quadro são distribuídas, “não só as “receitasprevistas” no orçamento, como 
também as “realizadas””. E, de forma idêntica, “as “despesas fixadas” e as 
“realizadas”, igualando-se as somas opostas com os resultados, o previsto e o 
realizado, e o déficit ou superávit. 
Quanto ao Balanço Financeiro, é possível afirmar, de acordo com o MCASP 
(BRASIL, 2016, p. 378), que esse tipo de balanço “é composto por um único quadro 
que evidencia a movimentação financeira das entidades do setor público, 
demonstrando:” 
 
a. a receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, 
por fonte / destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as 
vinculadas; 
b. os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários; 
c. as transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou 
independentes da execução orçamentária, destacando os aportes de 
recursos para o RPPS; e 
d. o saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício seguinte. 
 
 
1082 
 
Para propiciar uma melhor compreensão, Kohama (2015, p. 9) compara o 
balanço financeiro “como um grande cofre”. Ele elucida sua comparação com a 
seguinte explicação: 
 
[…] no início do exercício sabemos quanto há nele guardado (em 
caixa/bancos) e disponível. Na movimentação dinâmica que, fatalmente, 
ocorrerá durante o exercício financeiro, tudo o que entrar em numerário ou 
depósito bancário será considerado Receita, quer de origem orçamentária, 
quer de origem não orçamentária, e será acrescido aos valores já existentes 
no cofre; em caso contrário, também por força dessa movimentação 
dinâmica, tudo o que for retirado do cofre em numerário ou saque bancário 
será considerado Despesa e poderá ser de origem orçamentária ou 
extraorçamentária, e ser deduzido dos valores existentes no cofre. 
Evidentemente, registrando todas essas movimentações, teremos a 
seguinte situação: saldo inicial (exercício anterior) + entradas (receitas) – 
saídas (despesas) = saldo existente (que passa para o exercício seguinte). 
 
A seguir, trataremos a respeito do Balanço Patrimonial (BP) e da 
Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP). Segundo Kohama (2015, p. 11), é 
por meio desses dois instrumentos que ocorrerão os registros, relativos ao sistema 
patrimonial, pelos quais é demonstrada a movimentação escriturada. 
Quanto ao BP, podemos afirmar que esse é a demonstração contábil que põe 
em evidência, de forma qualitativa e quantitativa, “a situação patrimonial da entidade 
pública por meio de contas representativas do patrimônio público, bem como os atos 
potenciais, que são registrados em contas de compensação (natureza de informação 
de controle)” (BRASIL, 2016, p. 384). 
No MCASP (BRASIL, 2016, p. 384), conforme estabelecido na sua Parte II – 
Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP), os ativos e passivos do BP “são 
conceituados e segregados em circulante e não circulante”. Nesse manual, é 
explicado que a Lei nº 4.320/1964 conferiu “viés orçamentário ao Balanço 
Patrimonial” por separar o ativo e o passivo em dois grupos (Financeiro e 
Permanente), “em função da dependência ou não de autorização legislativa ou 
orçamentária para realização dos itens que o compõem.” Em virtude disso, a 
Portaria STN nº 438/2012 alterou “as estruturas das demonstrações contábeis 
contidas nos anexos da Lei nº 4.320/1964”, de acordo com os novos padrões da 
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP). Desde de então, há no Balanço 
Patrimonial “a visão patrimonial como base para análise e registro dos fatos 
contábeis.” Dessa forma, esse balanço “é composto por: a. Quadro Principal; b. 
Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e Permanentes; c. Quadro das Contas de 
Compensação (controle); e d. Quadro do Superávit / Déficit Financeiro.” 
Já quanto à DVP, pode-se dizer que esta “evidenciará as alterações 
verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, 
e indicará o resultado patrimonial do exercício”, conformou ficou estabelecido por 
meio do Art. 104 da Lei Nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964, s. p.). 
Na DVP “são demonstrados os registros do subsistema de informações 
patrimoniais, evidenciando a movimentação ocorrida no patrimônio, resultante de 
alterações nos valores de qualquer dos elementos do patrimônio público”, seja por 
aquisição, alienação, “dívida contraída, dívida liquidada, depreciação ou valoriza- 
 
1083 
 
ção, amortização, superveniência, insubsistência, efeitos da execução orçamentária 
e resultado do exercício financeiro” (KOHAMA, 2015, p. 15). 
A função da DVP se assemelha à da Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE), a qual é utilizada pelo setor privado. Entretanto, diferentemente do 
que ocorre no setor público com a utilização da DVP, a DRE “apura o resultado em 
termos de lucro ou prejuízo líquido, como um dos principais indicadores de 
desempenho da entidade.” No setor público, porém, o resultado patrimonial não é 
considerado como um indicador de desempenho, mas, sim, como um “medidor do 
quanto o serviço público ofertado promoveu alterações quantitativas dos elementos 
patrimoniais.” A Demonstração das Variações Patrimoniais possibilita “a análise de 
como as políticas adotadas provocaram alterações no patrimônio público, 
considerando-se a finalidade de atender às demandas da sociedade” (BRASIL, 
2016, p. 395). 
No setor público, conforme é explicado no MCASP, o resultado patrimonial do 
período é apurado por meio da DVP, realizando-se o “confronto entre as variações 
patrimoniais quantitativas aumentativas e diminutivas. O valor apurado passa a 
compor o saldo patrimonial do Balanço Patrimonial (BP) do exercício” (BRASIL, 
2016, p. 395). 
 
2.2 Análise e Interpretação das demonstrações contá beis públicas 
 
Assim como é afirmado na 7ª. Edição do Manual de Contabilidade Pública 
Aplicada ao Setor Público (BRASIL, 2016, p. 22) “o objetivo principal da maioria das 
entidades do setor público é prestar serviços à sociedade, em vez de obter lucros e 
gerar retorno financeiro aos investidores.” São exemplos do que está incluído 
nesses serviços “programas e políticas de bem-estar, educação pública, segurança 
nacional e defesa nacional.” Em virtude disso, “o desempenho de tais entidades 
pode ser apenas parcialmente avaliado por meio da análise da situação patrimonial, 
do desempenho e dos fluxos de caixa.” 
Conforme explica Kohama (2015, p. 121) “o trabalho de análise e 
interpretação de balanços públicos deve ser efetuado de maneira diferente daquela 
praticada para o balanço das entidades privadas empresariais (comerciais e 
industriais, principalmente).” Nas entidades privadas existe a preocupação com 
questões relativas a, por exemplo, rentabilidade, resultado de lucros e perdas, 
índices de liquidez e imobilização de capitais. Porém, nas entidades públicas, há 
preocupações de outra ordem, em função de os resultados serem apresentados por 
meio da utilização de três balanços. Um deles é o “orçamentário, que apresenta o 
resultado da movimentação orçamentária”, outro é o “financeiro, que apresenta o 
resultado do movimento financeiro” e o terceiro é o “patrimonial, que apresenta o 
resultado da movimentação e variação patrimonial ocorrida no exercício.” 
Resende, Gomes e Leroy (2016, p. 176) afirmam que é possível, por meio da 
análise de balanços, utilizando-se a aplicação de índices, “extrair informações que 
levam às causas e efeitos das variações sobre o patrimônio público, possibilitando-
se, assim, a promoção do princípio da eficiência.” 
Para a análise e interpretação das demonstrações contábeis públicas da 
União, utilizaremos os quocientes sugeridos como adequados para essa finalidade 
por Kohama (2015). Ele apresenta quocientes para os quatro primeiros tipos de 
 
1084 
 
demonstrações contábeis apresentadas pelo MCASP. Utilizaremos os que nos 
parecem ser os principais para a análise em questão, conforme apresentado nos 
Quadros 1, 2, 3 e 4. 
 
Quadro 1 - Quocientes relativos ao balanço orçamentário 
Nome do 
Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente 
Quociente de 
Execuçãoda 
Receita 
Receita Realizada = 
Previsão inicial 
1 = Receita Realizada é igual a Receita Prevista Inicial. Essa hipótese, embora 
possível, dificilmente ocorrerá. 
maior que 1 = Receita Realizada é maior que a Receita Prevista Inicial, portanto, a 
diferença representa o excesso de arrecadação. Essa hipótese é a que possui maior 
chance de ocorrer. 
menor que 1 = Receita Realizada é menor que a Receita Prevista Inicial, portanto, a 
diferença representa que a receita realizada não atingiu o valor da receita prevista, 
portanto, demonstra que a arrecadação foi menor do que a prevista. 
Quociente de 
Equilíbrio 
Orçamentário 
 Dotação Atualizada = 
Previsão Inicial 
1 = Dotação Atualizada é igual à Receita Prevista Inicial. Essa hipótese demonstra 
que não houve acréscimo relativo a créditos adicionais abertos. 
maior que 1 = Dotação Atualizada é maior que a Receita Prevista Inicial, portanto a 
diferença representa o montante de Créditos Adicionais Abertos. 
menor que 1 = Dotação Atualizada é menor que a Receita Prevista Inicial, portanto a 
diferença representa o montante da Receita Prevista Inicial superior à Dotação 
Atualizada. Essa situação, embora dificilmente ocorra, deve refletir o fato de que a Lei 
de Orçamento pode ter sido aprovada com “superávit” e não com equilíbrio 
orçamentário. 
Quociente da 
Execução da 
Despesa 
Despesas Empenhadas 
= 
Dotação Atualizada 
1 = A Despesa Empenhada é igual à Dotação Atualizada. Essa hipótese, embora 
possível, dificilmente ocorrerá, pois demonstrará que o total das dotações 
orçamentárias autorizadas foi utilizado por meio de empenhos. 
maior que 1 = Despesa Empenhada maior do que a Dotação Atualizada. Essa 
hipótese jamais poderá ocorrer, porquanto demonstrará a utilização de dotação 
orçamentária, sem a devida autorização legal. 
menor que 1 = Despesa Empenhada menor do que a Dotação Atualizada. Essa 
hipótese representará o quanto a Despesa Atualizada (fixada legalmente) foi utilizada 
como Despesa Empenhada. E a diferença representará a economia orçamentária, ou 
seja, quanto deixou de ser utilizado como Despesa Empenhada, em relação à 
Dotação Atualizada. Essa deverá ser a hipótese usual, ou seja, aquela que geralmente 
ocorrerá. 
Quociente da 
Execução 
Orçamentária 
Corrente 
Receita Corrente = 
Despesa Corrente 
1 = A Receita Corrente realizada no exercício é igual à Despesa Corrente empenhada 
no exercício. Esse quociente demonstrará haver equilíbrio, pois para cada 1,00 de 
receita corrente, foi empenhado 1,00 em despesa corrente. Essa hipótese, embora 
possível, dificilmente ocorrerá, pois demonstrará que o total das receitas correntes 
realizada foi utilizado para cobrir empenhos de despesas correntes. 
maior que 1 = Receita Corrente realizada maior do que a Despesa Corrente 
empenhada no exercício. Essa hipótese é a desejável, porquanto demonstrará que 
parte da receita corrente realizada poderá ser utilizada para cobertura de despesas de 
capital. 
menor que 1 = Receita Corrente realizada menor do que a Despesa Corrente 
empenhada. Essa hipótese não deverá ocorrer, pois demonstrará que a Receita 
Corrente realizada não será suficiente para cobrir a Despesa Corrente empenhada. 
Quociente da 
Execução 
Orçamentária 
de Capital 
Receita de Capital = 
Despesa de Capital 
1 = A Receita de Capital realizada no exercício é igual à Despesa de Capital 
empenhada no exercício. Esse quociente demonstrará haver equilíbrio, pois para cada 
1,00 de receita de capital foi empenhado 1,00 em despesa de capital. Essa hipótese, 
embora possível sua ocorrência, não é normal, pois demonstrará que o total das 
receitas de capital realizado foi utilizado para cobrir empenhos de despesas de capital. 
maior que 1 = Receita de Capital realizada maior do que a Despesa de Capital 
empenhada no exercício. Essa hipótese é indesejável, porquanto demonstrará que 
parte da receita de capital realizada não será utilizada para cobertura de despesas de 
capital. Também nessa hipótese, embora possível, sua ocorrência não é normal. 
menor que 1 = Receita de Capital realizada menor do que a Despesa de Capital 
empenhada. Essa hipótese é de ocorrência normal, pois demonstrará que a Receita 
de Capital realizada não será suficiente para cobrir a Despesa de Capital empenhada 
 
1085 
 
e a diferença deverá utilizar a cobertura de receita corrente. 
Quociente do 
Resultado 
Orçamentário 
Receitas Realizadas = 
Despesas Empenhadas 
1 = O valor das Receitas Realizadas é igual ao das Despesas Empenhadas. Essa 
hipótese é possível, e demonstrará que houve um equilíbrio orçamentário, porém, de 
difícil ocorrência. 
maior que 1 = As Receitas Realizadas são maiores do que as Despesas 
Empenhadas. Essa hipótese demonstrará a existência de um “superávit” orçamentário 
de execução, entretanto, se acontecer, a sua ocorrência pode ser considerada normal. 
menor que 1 = As Receitas Realizadas são menores do que as Despesas 
Empenhadas. Essa hipótese demonstrará a existência de um “déficit” orçamentário de 
execução. Aqui, também, será necessária uma verificação para se examinar se não 
houve emissão de empenho de capital, que, eventualmente, dependa de recebimento 
de empréstimo ou financiamento para cobrir o seu pagamento, embora já tenha sido 
empenhada. Essa situação não pode ser considerada normal, mas, se considerada 
transitória, não deverá ocorrer com frequência. 
Fonte: Kohama (2015, p. 127-134) com forma de apresentação adaptada 
 
Quadro 2 - Quocientes relativos ao balanço financeiro 
Nome do 
Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente 
Quociente da 
Execução 
Orçamentária 
Receita 
Orçamentária = 
Despesa 
Orçamentária 
1 = Receita Orçamentária realizada igual à Despesa Orçamentária realizada. Essa 
hipótese, embora possível, é de difícil ocorrência. 
maior que 1 = Receita Orçamentária realizada maior do que a Despesa 
Orçamentária realizada. Essa hipótese apresentará a existência de um superávit 
orçamentário na execução e movimentação financeira. 
menor que 1 = Receita Orçamentária realizada menor do que a Despesa 
Orçamentária realizada. Essa hipótese apresentará a existência de um déficit 
orçamentário na execução da movimentação financeira. 
Quociente 
Financeiro Real da 
Execução 
Orçamentária 
Receita 
Orçamentária = 
Despesa 
Orçamentária Paga 
1 = Receita Orçamentária realizada igual Despesa Orçamentária, menos os Restos 
a Pagar Inscritos no exercício. Essa hipótese demonstrará haver igualdade na 
execução orçamentária e financeira, se fosse utilizado o regime de caixa também 
para a Despesa Orçamentária. 
maior que 1 = Receita Orçamentária realizada maior do que a Despesa 
Orçamentária menos os Restos a Pagar inscritos no exercício. Essa hipótese 
refletirá que existe superávit na execução orçamentária e financeira, se for utilizado 
o regime de caixa também para a Despesa Orçamentária. 
menor que 1 = Receita Orçamentária realizada menor do que a Despesa 
Orçamentária menos os Restos a Pagar inscritos no exercício. Essa hipótese 
significará que, mesmo sendo utilizado o regime de caixa também para a Despesa 
Orçamentária, haverá déficit na execução orçamentária e financeira. 
Quociente de 
Execução 
Extraorçamentária 
Receita 
Extraorçamentária = 
Despesa 
Extraorçamentária 
1 = Receita Extraorçamentária igual à Despesa Extraorçamentária. Essa hipótese 
demonstra haver equilíbrio entre a Receita Extraorçamentária e a Despesa 
Extraorçamentária. 
maior que 1 = Receita Extraorçamentária maior do que a Despesa 
Extraorçamentária. Essa hipótese reflete que a Receita Extraorçamentária é 
superior à Despesa Extraorçamentária. 
menor que 1 = Receita Extraorçamentária menor do que a Despesa 
Extraorçamentária. Essa hipótese demonstra que a Receita Extraorçamentária é 
inferior à Despesa Extraorçamentária. 
Quociente do 
Resultado da 
Execução 
Financeira 
Receita (Orçamentária + 
Extraorçamentária = 
Despesa (Orçamentária 
+ Extraorçamentária) 
1 =A soma da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é igual à soma da 
Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária), o que demonstrará equilíbrio. 
maior que 1 = A soma da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é maior do 
que a soma da Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária). Essa hipótese 
demonstrará que a soma total dos recebimentos do exercício é maior do que a 
soma total dos pagamentos do exercício, portanto, houve um superávit financeiro. 
menor que 1 = A soma da Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é menor do 
que a soma da Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária). Essa hipótese 
demonstrará que a soma total dos recebimentos do exercício é menor do que a 
soma total dos pagamentos do exercício, portanto, houve um déficit financeiro. 
Quociente dos 
Resultados dos 
Saldo que passa para o 
Exercício Seguinte = 
1 = Saldo que passa para o Exercício Seguinte igual ao Saldo do Exercício 
Anterior, demonstrando equilíbrio entre os recebimentos e os pagamentos 
 
1086 
 
Saldos Financeiros Saldo do Exercício 
Anterior 
ocorridos no exercício. 
maior que 1 = Saldo que passa para o Exercício Seguinte maior do que o Saldo do 
Exercício Anterior. Esta hipótese demonstrará que o Saldo que passa para o 
Exercício Seguinte, sendo maior do que o Saldo do Exercício Anterior, constitui-se 
num "superávit" financeiro, ou seja, os recebimentos do exercício foram maiores do 
que os pagamentos do exercício. 
menor que 1 = Saldo que passa para o Exercício Seguinte menor do que o Saldo 
do Exercício Anterior. Essa hipótese demonstrará que o Saldo que passa para o 
Exercício Seguinte, sendo menor do que o Saldo do Exercício Anterior, identificará 
que houve um déficit financeiro, isto é, os recebimentos do exercício foram 
menores do que os pagamentos do exercício. 
Fonte: Kohoma (2015, p. 142-147) com forma de apresentação adaptada 
 
Quadro 3 - Quocientes relativos ao balanço patrimonial 
Nome do 
Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente 
Quociente de 
Liquidez 
Corrente 
Ativo Circulante = 
Passivo Circulante 
1 = A soma do Ativo Circulante é igual à soma do Passivo Circulante. 
maior que 1 = A soma do Ativo Circulante é maior do que soma do Passivo Circulante. 
Essa hipótese demonstrará a existência de recursos financeiros disponíveis ou 
realizáveis no período dos doze meses seguintes à data da publicação das 
demonstrações contábeis, superiores à soma dos compromissos a pagar de curto prazo, 
ou seja, aqueles que deverão ser cumpridos, geralmente, até o final do exercício 
seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial. 
menor que 1 = A soma do Ativo Circulante é menor do que a soma do Passivo 
Circulante. Essa hipótese demonstrará que os recursos financeiros disponíveis ou 
realizáveis no período dos doze meses seguintes à data da publicação das 
demonstrações contábeis são inferiores à soma dos compromissos a pagar de curto 
prazo, ou seja, aqueles que deverão ser cumpridos, geralmente, até o final do exercício 
seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial. 
Quociente de 
Liquidez Geral 
Ativo (Circulante + Realizável a 
Longo Prazo) = 
Passivo (Circulante + Não 
Circulante) 
1 = A soma do Ativo (Circulante + Realizável a Longo Prazo) é igual à soma do Passivo 
(Circulante + Não Circulante). 
maior que 1 = A soma do Ativo (Circulante + Realizável a Longo Prazo) é maior do que 
a soma do Passivo (Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará a 
existência de recursos financeiros disponíveis, mais os bens e direitos realizáveis após 
os doze meses seguintes à data de publicação das demonstrações contábeis, 
superiores à soma dos compromissos a pagar de curto prazo e longo prazo, ou seja, 
aqueles que deverão ser cumpridos, geralmente, até o final do exercício seguinte à data 
da elaboração do balanço patrimonial, mais os que deverão ser cumpridos após o final 
daquele exercício. 
menor que 1 = A soma do Ativo (Circulante + Realizável a Longo Prazo) é menor do 
que a soma do Passivo (Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará que 
os recursos financeiros disponíveis, mais os bens e direitos realizáveis após os doze 
meses seguintes à data de publicação das demonstrações contábeis são inferiores à 
soma dos compromissos a pagar de curto e longo prazos, ou seja, aqueles que deverão 
ser cumpridos, geralmente, durante o exercício seguinte à data da elaboração do 
balanço patrimonial, mais os que deverão ser cumpridos após o final daquele exercício. 
Quociente da 
Composição do 
Endividamento 
Passivo Circulante = 
 Passivo (Circulante + Não 
Circulante) 
1 = A soma Passivo Circulante é igual à soma do Passivo (Circulante + Não Circulante). 
maior que 1 = A soma do Passivo Circulante é maior do que a soma do Passivo 
(Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará a existência de obrigações de 
curto prazo, maiores do que a soma do Passivo (Circulante + Não Circulante), que é 
completamente impossível de acontecer. 
menor que 1 = A soma do Passivo Circulante é menor do que a soma do Passivo 
(Circulante + Não Circulante). Essa hipótese demonstrará que as obrigações de curto 
prazo são menores do que a somatória das obrigações de curto mais longo prazos, e 
indicará a composição percentual do endividamento, ou seja, qual o percentual relativo à 
dívida de curto prazo em relação ao total da dívida. 
 
1087 
 
Quociente do 
Resultado 
Patrimonial 
Ativo Total = 
Passivo Total 
1 = A soma do Ativo Total é igual à soma do Passivo Total. 
maior que 1 = A soma do Ativo Total é maior do que a soma do Passivo Total. Essa 
hipótese demonstrará que a soma dos bens e direitos disponíveis, ou realizáveis a curto 
e longo prazos, é superior à soma das obrigações exigíveis de curto e longo prazos. 
menor que 1 = A soma do Ativo Total é menor do que a soma do Passivo Total. Essa 
hipótese demonstrará que a soma dos bens e direitos, disponíveis ou realizáveis a curto 
e longo prazos, é inferior à soma das obrigações exigíveis de curto e longo prazos. 
Fonte: Kohama (2015, p. 154-157) com forma de apresentação adaptada 
 
Quadro 4 - Quocientes relativos à demonstração das variações patrimoniais 
Nome do 
Quociente Fórmula Significado e Interpretação do Quociente 
Quociente do 
Resultado das 
Variações 
Patrimoniais 
Variações 
Patrimoniais 
Aumentativas = 
Variações 
Patrimoniais 
Diminutivas 
1 = O total das variações Patrimoniais Aumentativas é igual ao total das variações 
Patrimoniais Diminutivas. 
maior que 1 = O total das variações Patrimoniais Aumentativas é maior do que o total 
das variações Patrimoniais Diminutivas. Essa hipótese reflete que o total das variações 
Patrimoniais Aumentativas é superior ao total das variações Patrimoniais Diminutivas, 
ou seja, que o resultado representa um “superávit” na relação entre as variações 
patrimoniais onde as aumentativas são superiores às diminutivas. 
menor que 1 = O total das variações Patrimoniais Aumentativas é menor do que o total 
das variações Patrimoniais Diminutivas. Essa hipótese reflete que o total das variações 
Patrimoniais Aumentativas é inferior ao total das variações Patrimoniais Diminutivas, ou 
seja, que o resultado representa um “déficit” na relação entre as variações patrimoniais 
onde as aumentativas são menores do que as diminutivas. 
Fonte: Kohama (2015, p. 177) com forma de apresentação adaptada 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
Quanto aos objetivos mais gerais, esta pesquisa pode ser classificada como 
descritiva, pois ela tem como propósito descrever a situação orçamentária, 
financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016. Segundo Gil (2010, p. 
27-28), as pesquisas descritivas objetivam descrever as “características de 
determinada população” ou “identificar possíveis relações entre variáveis.” O autor 
dá vários exemplos de pesquisas que se enquadram em pesquisas descritivas. Ele 
comenta que entre elas se destacam as que visam estudar as características de um 
grupo como sexo, suadistribuição por idade, procedência, estado de saúde física e 
mental, nível de escolaridade etc. Outras pesquisas do mesmo tipo são as que 
buscam “estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, 
as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se 
registra etc.” 
Enquadram-se, ainda, em pesquisas descritivas, segundo o autor, as que 
visam “descobrir a existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as 
pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e 
nível de rendimentos ou de escolaridade.” O autor afirma, também, que há 
pesquisas que são consideradas como descritivas com base em seus objetivos, mas 
que se aproximam das pesquisas exploratórias por servirem para proporcionar uma 
visão nova do problema. 
A técnica utilizada para a coleta de dados foi a pesquisa documental visto que 
foram utilizados os Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais e as 
Demonstrações das Variações Patrimoniais da União relativas aos anos de 2015 e 
2016, apresentados nos Balanços Gerais da União Consolidados, conforme descrito 
no Quadro 5. Conforme explicam Marconi e Lakatos (2003, p. 174), as pesquisas 
 
1088 
 
documentais são denominadas de fonte primária e apresentam como característica 
o fato de a fonte de coleta de dados estar restrita a documentos, sejam eles escritos 
ou não. 
De acordo com Gil (2010, p. 122), entre as fontes documentais principais 
estão: “(1) documentos pessoais; (2) documentos administrativos; (3) material 
publicado em jornais e revistas; (4) publicações de organizações; (5) documentos 
disponibilizados pela Internet; (6) registros cursivos; e (7) artefatos físicos e 
vestígios”. 
 
Quadro 5 – Fonte das demonstrações contábeis analisadas 
ARQUIVOS 
ANALISADOS ENDEREÇO ELETRÔNICO ACESSADO 
DATA DE 
ACESSO 
- BGU 2015 - DCON e 
Notas Explicativas 
 
- e BGU 2016 - DCON e 
Notas Explicativas 
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/balanco-geral-da-uniao 01/04/2018 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
Para análise e interpretação das demonstrações contábeis foram utilizados 
alguns dos quocientes sugeridos por Kohama (2015), conforme apresentados nos 
Quadros 1, 2, 3 e 4. 
 
4 RESULTADOS 
 
Em virtude da extensão das demonstrações contábeis analisadas, torna-se 
inviável apresentá-los nesse texto. Portanto, serão apresentados apenas os 
números das principais variáveis necessárias para calcularmos os quocientes 
utilizados na análise. 
Para cada demonstração contábil analisada, serão apresentados os 
respectivos dados que delas foram extraídos, os quocientes encontrados e a 
interpretação de cada um deles com base em Kohama (2015). 
 
4.1 Análise dos balanços orçamentários 
 
 Quadro 6 - Dados extraídos dos Balanços Orçamentários 
VARIÁVEL 
Quantitativo de Cada Ano (R$) 
2015 2016 
Despesa Corrente 1.518.408.167.000,00 1.621.541.941.000,00 
Despesa de Capital 291.736.229.000,00 386.110.355.000,00 
Despesas Empenhadas 2.382.042.570.000,00 2.661.473.992.000,00 
Dotação Atualizada 2.938.486.110.000,00 3.003.407.558.000,00 
Previsão Inicial 2.876.676.947.000,00 2.953.546.387.000,00 
Receita Corrente 1.325.741.287.000,00 1.396.644.111.000,00 
Receita de Capital 561.094.622.000,00 688.352.566.000,00 
Receita Realizada 2.662.347.409.000,00 2.837.510.076.000,00 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações contábeis analisadas 
 
 
1089 
 
 
 Quadro 7 - Quocientes encontrados relativos aos Balanços Orçamentários 
QUOCIENTE 
Resultados de Cada Ano 
2015 2016 
Quociente de Execução da Receita 0,9255 0,9607 
Quociente de Equilíbrio Orçamentário 1,0215 1,0169 
Quociente da Execução da Despesa 0,8106 0,8862 
Quociente da Execução Orçamentária Corrente 0,8731 0,8613 
Quociente da Execução Orçamentária de Capital 1,9233 1,7828 
Quociente do Resultado Orçamentário 1,1177 1,0661 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015) 
 
4.1.1 Quociente de execução da receita 
 
É possível perceber, com base nos quocientes de execução da receita 
expostos no Quadro 7, que nos dois anos analisados os resultados encontrados 
foram menores do que 1, especificamente 0,9255 e 0,9607. Isso demonstra que a 
Receita Realizada foi menor que a Receita Prevista Inicial e que a arrecadação foi 
menor do que a prevista tanto em 2015 quanto em 2016. 
 
4.1.2 Quociente do equilíbrio orçamentário 
 
Já os quocientes relativos ao equilíbrio orçamentário foram maiores do que 1 
nos dois anos analisados. Esses resultados demonstram que a Dotação Atualizada 
foi maior que a Receita Prevista Inicial nos dois anos analisados. Isso demonstra 
que em 2015 e 2016 a União precisou abrir créditos adicionais e, segundo Kohama 
(2015, p. 128), essa diferença representa o montante de Créditos Adicionais 
Abertos. 
 
4.1.3 Quociente da execução da despesa 
 
Neste quociente, os resultados se demonstraram dentro da normalidade 
porque o quociente resultou menor que 1. Isso significa que a Despesa Empenhada 
foi menor do que a Dotação Atualizada (fixada legalmente). A diferença representa a 
economia orçamentária. 
Geralmente, esse é o resultado encontrado porque dificilmente se encontra o 
quociente igual a 1, pois, para isso, é necessário se empenhar com precisão todo o 
valor autorizado e só é possível se encontrar um quociente maior que 1 caso se 
incorra em uma ilegalidade, isto é, utilize-se de uma dotação orçamentária maior do 
que a autorizada legalmente. 
Os quocientes encontrados são de 0,8106 e 0,8862 para 2015 e 2016, 
respectivamente. Isso indica que apenas cerca de 81,06% da dotação autorizada foi 
empenhada em 2015 e cerca de 88,62% em 2016. 
 
4.1.4 Quociente da execução orçamentária corrente 
 
 
1090 
 
Os resultados encontrados relativos à Execução Orçamentária Corrente 
demonstram que a União obteve quocientes menores que 1, iguais a 0,8731 e 
0,8613. Esses resultados são negativos, ruins, e não devem ocorrer porque 
demonstram que a Receita Corrente realizada não foi suficiente para cobrir a 
Despesa Corrente empenhada em cada um dos anos analisados. 
Conforme explica Kohama (2015, p. 130), nessa situação será necessária a 
utilização de receita de capital para cobrir as despesas correntes em lugar das 
receitas correntes que forem insuficientes. O autor afirma, ainda, que “em se 
tratando de receita de capital, obviamente, será proveniente de operações de crédito 
(empréstimo ou financiamento) legalmente autorizadas.” 
 
4.1.5 Quociente da execução orçamentária de capital 
 
Conforme apresentado no Quadro 7, os Quocientes da Execução 
Orçamentária de Capital da União foram de 1,9233 em 2015 e de 1,7828 em 2016. 
Conforme explica Kohama (2015, p. 131-132), o resultado maior do que 1 para esse 
quociente demonstra que a Receita de Capital realizada é maior do que a Despesa 
de Capital empenhada no exercício. Essa situação, segundo o autor, embora seja 
possível de acontecer, não é normal e é um resultado “indesejável”, jamais deverá 
ocorrer porque “demonstrará que parte da receita de capital realizada não será 
utilizada para cobertura de despesas de capital.” 
 O resultado esperado é o que seja menor do que 1, entretanto, “o mais 
próximo possível de 1”. O resultado acontece quando a Receita de Capital realizada 
é menor do que a Despesa de Capital empenhada. Esse resultado “é de ocorrência 
normal,” porque demonstra que a Receita de Capital realizada não é suficiente para 
cobrir a Despesa de Capital empenhada e a diferença deverá utilizar a cobertura de 
receita corrente (KOHAMA, 2015, p. 131-132). 
Um bom resultado seria, então, que a União tivesse obtido uma Receita 
Corrente maior do que a sua Despesa Corrente para que assim houvesse um 
superávit orçamentário corrente que pudesse ser utilizado para cobrir parte das 
Despesas de Capital. Entretanto, como comentamos no item anterior, a União 
obteve um Quociente da Execução Orçamentária Corrente menor do que 1, ou seja, 
sua DespesaCorrente foi maior do que sua Receita Corrente o que gerou um déficit 
orçamentário e a necessidade de utilização de receita de capital para cobrir o 
restante das despesas correntes em lugar das receitas correntes que foram 
insuficientes. 
 
4.1.6 Quociente do resultado orçamentário 
 
Os quocientes de resultado orçamentário resultaram em maior que 1, o que 
indica que houve um superávit orçamentário de execução porque as Receitas 
Realizadas foram maiores do que as Despesas Empenhadas. Essa ocorrência pode 
ser considerada normal de acordo com Kohama (2015, p. 132). 
Porém, conforme já comentamos, as Receitas Correntes forma insuficientes 
para cobrir as Despesas Correntes, tornando-se, por isso, necessário se utilizar de 
Receita de Capital para cobri-las, situação essa que não pode ser considerada como 
algo positivo. 
 
1091 
 
 
 
 
4.2 Análise dos balanços financeiros 
 
 Quadro 8 - Dados extraídos dos Balanços Financeiros 
VARIÁVEL 
Quantitativo de Cada Ano (R$) 
2015 2016 
Despesa (Orçamentária + Extraorçamentária) 2.572.121.939.000,00 2.827.011.547.000,00 
Despesa Extraorçamentária 190.079.369.000,00 165.537.555.000,00 
Despesa Orçamentária 2.382.042.570.000,00 2.661.473.992.000,00 
Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) 2.852.208.605.000,00 2.999.529.963.000,00 
Receita Extraorçamentária 189.861.196.000,00 162.019.887.000,00 
Receita Orçamentária 2.662.347.409.000,00 2.837.510.076.000,00 
Saldo do Exercício Anterior 702.344.764.000,00 982.535.972.000,00 
Saldo que passa para o Exercício Seguinte 982.535.972.000,00 1.155.031.335.000,00 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações contábeis analisadas 
 
 Quadro 9 - Quocientes encontrados relativos aos Balanços Financeiros 
QUOCIENTE 
Resultados de Cada Ano 
2015 2016 
Quociente da Execução Orçamentária 1,1177 1,0661 
Quociente de Execução Extraorçamentária 0,9989 0,9788 
Quociente do Resultado da Execução Financeira 1,1089 1,0610 
Quociente dos Resultados dos Saldos Financeiros 1,3989 1,1756 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações contábeis analisadas 
 
4.2.1 Quociente da execução orçamentária 
 
“Esse quociente deve demonstrar quanto a Receita Orçamentária representa 
para o pagamento da Despesa Orçamentária” (KOHAMA, 2015, p. 142). Nele são 
apresentados os mesmos resultados já apresentados para o Quociente de 
Resultado Orçamentário, o qual é utilizado para análise dos balanços orçamentários. 
Isso ocorre porque os montantes de Receitas Realizadas e de Despesas 
Empenhadas apresentadas nos Balanços Orçamentários também aparecerem nos 
Balanços Financeiros, porém, com outras denominações, passando a ser 
apresentados como Receita Orçamentária e Despesa Orçamentária. 
A diferença é que no Quociente de Resultado Orçamentário o significado do 
resultado é traduzido do ponto de vista orçamentário e no Quociente da Execução 
Orçamentária é traduzido do ponto de vista financeiro, da movimentação financeira, 
e deve ser analisado em conjunto com os demais quocientes relativos ao estudo 
sobre o resultado do balanço financeiro. Os resultados de ambos os tipos de 
quocientes são iguais, entretanto, se no primeiro dizíamos ter ocorrido um superávit 
orçamentário, quando o quociente se apresentava maior que 1, aqui dizemos que 
houve um superávit financeiro. 
 
4.2.2 Quociente de execução extraorçamentária 
 
1092 
 
 
Conforme explica Kohama (2015, p. 144), esse quociente demonstra “quanto 
da Receita Extraorçamentária foi realizada, em confronto com o quanto da Despesa 
Extraorçamentária foi executada.” Segundo o autor, qualquer resultado encontrado 
relativo a este quociente, seja menor, igual ou maior do que 1, “tenderá a ser 
considerado normal” caso “as disponibilidades (saldo de caixa/bancos) reflitam a 
movimentação financeira de origem extraorçamentária ocorrida no exercício,” isto é, 
“aumento ou diminuição dos saldos das disponibilidades compatível com essa 
movimentação.” 
Os resultados encontrados foram menores do que 1, o que indica que a 
Receita Extraorçamentária foi menor do que a Despesa Extraorçamentária em cada 
um dos Balanços Financeiros analisados. Os resultados foram próximos de 1 
(0,9989 em 2015 e 0,9788 em 2016). Kohama (2015, p. 144-145) comenta que é 
desejável que o resultado seja o mais próximo de 1. O autor explica que quando o 
quociente for menor do que 1 refletirá, por um lado, “uma diminuição da dívida 
flutuante e, por consequência, diminuição do Passivo Circulante, no Balanço 
Patrimonial.” Entretanto, “por outro, refletirá a utilização de recursos financeiros, 
reduzindo as disponibilidades (caixa/ bancos) existentes.” 
 
4.2.3 Quociente do resultado da execução financeira 
 
Esse quociente deve demonstrar, “a somatória da Receita (Orçamentária + 
Extraorçamentária) em confronto com a somatória da Despesa (Orçamentária + 
Extraorçamentária).” Ele “indicará o Resultado do Balanço Financeiro do exercício.” 
O resultado considerado normal para esse quociente é o que seja igual a 1 “ou 
pouco maior do que 1” (KOHAMA, 2015, p. 146). 
Assim como pode ser visto no Quadro 9, nos dois anos os resultados foram 
maiores do que 1, mais especificamente 1,1089 em 2015 e 1,0610 em 2016. 
Segundo Kohama (2015, p. 145), resultados maiores que 1 indicam que “a soma da 
Receita (Orçamentária + Extraorçamentária) é maior do que a soma da Despesa 
(Orçamentária + Extraorçamentária).” Explicando de outra maneira, pode-se dizer 
que esses resultados demonstram “que a soma total dos recebimentos do exercício 
é maior do que a soma total dos pagamentos do exercício, portanto, houve um 
superávit financeiro.” 
 
4.2.4 Quociente dos resultados dos saldos financeir os 
 
Outra forma sugerida por Kohama (2015, p. 146-147) para se obter o 
resultado do exercício financeiro é a utilização do Quociente dos Resultados dos 
Saldos Financeiros. Esse quociente apresenta o Resultado do Balanço Financeiro 
por meio do confrontamento entre o Saldo que passa para o Exercício Seguinte e o 
Saldo do Exercício Anterior. A princípio, um resultado normal desse quociente é o 
que seja igual a 1 ou pouco maior do que 1. 
Conforme exposto no Quadro 9, os quocientes foram maiores do que 1 tanto 
em 2015 quanto em 2016, o que indica um superávit financeiro, pois o Saldo que 
passa para o Exercício Seguinte é superior ao Saldo do Exercício Anterior. 
 
1093 
 
Apesar de os Quocientes dos Resultados dos Saldos Financeiros e os 
Quocientes dos Resultados da Execução Financeira terem indicado superávit 
financeiro como resultado dos exercícios financeiros de 2015 e 2016, novamente 
ressaltamos que esses resultados não ocorreram por meio de uma situação normal, 
isto é, não foram gerados por meio de arrecadação de receita corrente, mas, sim, 
por meio de operações de crédito (empréstimo ou financiamento) legalmente 
autorizadas. 
Para realizarmos uma análise mais substancial sobre o que estamos 
afirmando, antecipamo-nos um pouco e analisamos os valores de passivos dos 
Balanços Patrimoniais. Ao se analisar esses balanços é possível perceber que de 
2014 para 2015 os Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo aumentaram em 
cerca de 510,35 bilhões de reais e de 2015 para 2016 aumentaram em quase 710 
bilhões, totalizando ao final de 2016 um montante que ultrapassa 4 trilhões de reais. 
 
4.3 Análise dos balanços patrimoniais 
 
 Quadro 10 - Dados extraídos dos Balanços Patrimoniais 
VARIÁVEL 
Quantitativo de Cada Ano (R$) 
2015 2016 
Ativo (Circulante + Realizável a Longo 
Prazo) 
3.243.422.614.000,00 3.440.068.250.000,00 
Ativo Circulante 1.371.018.413.000,00 1.435.192.872.000,00 
Ativo Total 4.356.651.564.000,00 4.673.276.304.000,00 
Passivo (Circulante + Não Circulante) 5.781.178.879.000,00 6.694.763.723.000,00 
Passivo Circulante 1.046.070.069.000,00 1.064.836.357.000,00 
Passivo Total 5.781.178.879.000,00 6.694.763.723.000,00 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações contábeis analisadas 
 
 Quadro 11 - Quocientesencontrados relativos aos Balanços Patrimoniais 
QUOCIENTE 
Resultados de Cada Ano 
2015 2016 
Quociente de Liquidez Corrente 1,3106 1,3478 
Quociente de Liquidez Geral 0,5610 0,5138 
Quociente da Composição do Endividamento 0,1809 0,1591 
Quociente do Resultado Patrimonial 0,7536 0,6980 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015) 
 
4.3.1 Quociente de liquidez corrente 
 
Segundo Kohama (2015, p. 155), o Quociente de Liquidez Corrente: 
 
“deve demonstrar o quanto os recursos disponíveis ou realizáveis 
disponíveis ou realizáveis, no período dos doze meses seguintes à data da 
publicação das demonstrações contábeis, representam para o pagamento 
dos compromissos a pagar de curto prazo, ou seja, exigíveis no período dos 
doze meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis. 
 
Conforme exposto no Quadro 11, os quocientes foram maiores do que 1, 
cerca de 1,3106 em 2015 e de 1,3478 em 2016. Esses resultados indicam que a 
 
1094 
 
soma do Ativo Circulante foi superior à soma do Passivo Circulante, situação que 
demonstra que há “recursos financeiros disponíveis ou realizáveis no período dos 
doze meses seguintes à data da publicação das demonstrações contábeis, 
superiores à soma dos compromissos a pagar de curto prazo” (KOHAMA, 2015, p. 
155). 
 
4.3.2 Quociente de liquidez geral 
 
Neste quociente, a União obteve resultados de 0,5610 em 2015 e de 0,5138 
em 2016, ou seja, menores do que 1, o que, analisando-se apenas do ponto de vista 
deste quociente, não é um bom resultado, pois significa que em cada um dos 
balanços patrimoniais a soma dos seus Ativos (Circulante + Realizáveis a Longo 
Prazo) eram menores do que a soma dos seus Passivos (Circulantes + Não 
Circulantes). 
Esses resultados indicam que os recursos financeiros disponíveis da União, 
mais os seus bens e direitos realizáveis após os doze meses seguintes à data de 
publicação das suas demonstrações contábeis eram inferiores à soma dos 
compromissos a pagar de curto e longo prazos, ou seja, aqueles que deveriam ser 
cumpridos durante o exercício seguinte à data da elaboração do balanço patrimonial, 
mais os que deveriam ser cumpridos após o final daquele exercício. 
 
4.3.3 Quociente da composição do endividamento 
 
Esse quociente demonstra qual é o volume da dívida de curto prazo, em 
relação ao total da dívida existente no exercício. Todos os resultados encontrados 
são menores do que 1, assim como era de se esperar que fosse visto que é 
impossível ocorrer um resultado maior do que 1 e um resultado exatamente igual a 1 
é muito difícil de ocorrer, pois seria necessário que toda a dívida da União fosse de 
curto prazo. 
Os resultados terem sido menores do que 1 significa que a soma do Passivo 
Circulante, em cada balanço patrimonial analisado, demonstrou-se menor do que a 
soma do Passivo (Circulante + Não Circulante) do respectivo balanço. Isso indica 
que as obrigações de curto prazo eram menores do que a somatória das obrigações 
de curto mais longo prazos. 
Os resultados de 0,1809 em 2015 e de 0,1591 em 2016, apresentados no 
Quadro 11, indicam que as obrigações de curto prazo eram, respectivamente, 
equivalentes a 18,9% e 15,91% da somatória das obrigações de curto mais longo 
prazos. 
 
4.3.4 Quociente do resultado patrimonial 
 
A União apresentou Quocientes de Resultado Patrimonial menores do que 1, 
o que indica déficit patrimonial tanto em 2015 quanto em 2016. Essa é uma situação 
preocupante, pois significa que o seu Ativo Total (bens e direitos) foi menor, em 
cada um dos anos analisados, do que o respectivo Passivo Total (obrigações) de 
cada ano. 
 
1095 
 
Conforme explica Kohama (2015, p. 158), o saldo entre o Ativo Total e o 
Passivo Total afetará, “fatalmente”, o patrimônio líquido. Aumentará o patrimônio 
líquido se ocorrer um superávit patrimonial (quando o Ativo Total for maior do que o 
Passivo Total) e o diminuirá se ocorrer um déficit patrimonial (quando o Ativo Total 
for menor do que o Passivo Total). Os resultados da União se enquadram nessa 
última hipótese e terão sua análise aprofundada a seguir, na Análise das 
Demonstrações das Variações Patrimoniais. 
 
4.4 Análise das demonstrações de variações patrimon iais 
 
 
 
 Quadro 12 - Dados extraídos das Demonstrações das Variações Patrimoniais 
VARIÁVEL 
Quantitativo de Cada Ano (R$) 
2015 2016 
Variações Patrimoniais Aumentativas 2.274.106.737.000,00 2.649.036.222.000,00 
Variações Patrimoniais Diminutivas 2.514.782.008.000,00 3.192.874.758.000,00 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015) 
 
 Quadro 13 - Quociente encontrado relativo à Demonstração das Variações Patrimoniais 
QUOCIENTE 
Resultados de Cada Ano 
2015 2016 
Quociente do Resultado das Variações Patrimoniais 0,9043 0,8297 
 Fonte: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações e em Kohama (2015) 
 
4.4.1 Quociente do resultado das variações patrimon iais 
 
Esse quociente demonstra o resultado patrimonial do exercício, considerando-
se positivo o resultado que seja maior do que 1, pois isso demonstra que se obteve 
um superávit patrimonial no exercício analisado. Porém, será considerado negativo o 
resultado que seja inferior a 1 porque indicará um déficit patrimonial no exercício, 
causado por uma situação em que as Variações Patrimoniais Aumentativas são 
menores do que as Variações Patrimoniais Diminutivas. 
A União obteve resultados menores do que 1, demonstrando-se, assim, que 
houve déficit patrimonial nos exercícios de 2015 e 2016. Se observarmos os valores 
apresentados no Quadro 12, é possível concluirmos que o Resultado Patrimonial do 
exercício 2015 foi um resultado negativo de mais de 240 bilhões de reais e que no 
exercício de 2016 o resultado foi pior, ultrapassando-se os 543 bilhões de reais 
negativos. 
Esses resultados deficitários ocasionaram piora do Patrimônio Líquido da 
União, o qual já estava em situação muito ruim. Se calcularmos a diferença entre o 
Ativo Total e o Passivo Total de cada um desses anos analisados (rever Quadro 10), 
poderemos constatar, conforme já poderia ser visto ao examinarmos os Balanços 
Patrimoniais desses anos, que em 2015 o Total do Patrimônio Líquido da União era 
de cerca de 1,424 trilhões de reais negativos e que em 2016 piorou para cerca de 
2,021 trilhões de reais negativos. 
 
1096 
 
Tínhamos identificado, anteriormente, que os Quocientes de Resultado 
Patrimonial foram menores do que 1 tanto em 2015 quanto em 2016. Kohama (2015, 
p. 157) comenta que se o resultado daquele quociente for menor do que 1, é 
necessário “se verificar na Demonstração das Variações Patrimoniais as causas que 
originaram esse efeito patrimonial negativo.” 
Entre os maiores valores que geraram os montantes das Variações 
Patrimoniais Diminutivas, podemos citar as Variações Patrimoniais Diminutivas 
Financeiras (quase 755 bilhões de reais em 2015 e cerca de 1,03 trilhões em 2016), 
Benefícios Previdenciários e Assistenciais (cerca de 632,6 bilhões de reais em 2015 
e de 727,7 bilhões em 2016), Desvalorização e Perdas de Ativos e Incorporação de 
Passivos (cerca de 280,5 bilhões de reais em 2015 e de 431,1 bilhões em 2016). 
 
 
 
5 CONCLUSÕES 
 
Apresentou-se como objetivo deste artigo analisar a situação orçamentária, 
financeira e patrimonial da União nos anos de 2015 e 2016 por meio de seus 
Balanços Orçamentários, Financeiros e Patrimoniais Consolidados e de suas 
Demonstrações das Variações Patrimoniais Consolidadas referentes a esses dois 
anos. 
Encontrou-se alguns resultados preocupantes. Identificou-se, por exemplo, 
resultados negativos para a Execução Orçamentária Corrente, o que indica que a 
Receita Corrente realizada em cada ano analisado não foi suficiente para cobrir a 
Despesa Corrente empenhada nos respectivos anos. Nessas situações se faz 
necessária a utilização de receita de capital que provém de operações de crédito, ou 
seja, empréstimo ou financiamento para cobrir as despesascorrentes que 
ultrapassaram os montantes de receita corrente. 
Também concluímos que os resultados dos exercícios financeiros de 2015 e 
2016, apesar de terem indicado superávit financeiro, não ocorreram por meio de 
arrecadação de receita corrente, mas, sim, por meio das operações de crédito já 
mencionadas, o que gerou maior endividamento ao patrimônio da União. 
Em se tratando do aspecto patrimonial, os resultados de cada ano 
demonstraram bons Quocientes de Liquidez Corrente (Ativo Circulante foi maior do 
que o Passivo Circulante), entretanto, os Quocientes de Liquidez Geral não foram 
bons, pois a soma dos Ativos Circulantes + Realizáveis a Longo Prazo foram 
menores do que a soma dos seus Passivos Circulantes + Não Circulantes. 
Os resultados ruins relativos a esse último quociente também ficaram 
evidentes nos Quocientes de Resultado Patrimonial, por meio dos quais foi 
demonstrado déficit patrimonial tanto em 2015 quanto em 2016 já que, em cada um 
desses anos, o seu Ativo Total (bens e direitos) foi menor do que o seu Passivo 
Total (obrigações). Esse déficit significa diminuição do patrimônio líquido da União, 
conforme foi constatado também por meio da análise das Demonstrações das 
Variações Patrimoniais, as quais demonstraram montantes de Variações 
Patrimoniais Diminutivas consideravelmente maiores do que as Variações 
Patrimoniais Aumentativas. 
 
1097 
 
No final de 2014, o Patrimônio líquido era de cerca de 118,1 bilhões de reais 
positivos, porém, em 2015 houve uma baixa finalizando o ano com um montante de 
cerca de 1,424 trilhões de reais negativos e em 2016 a situação foi agravada com o 
encerramento do ano com mais de 2 trilhões de reais negativos. Essa situação 
recorrente nos dois anos demonstra um desequilíbrio nas contas públicas e um 
contínuo aumento da dívida pública. 
 Conclui-se que é evidente a urgência quanto à necessidade de a União 
equilibrar suas contas melhorando seus resultados por meio de políticas e gestão 
capazes de proporcionar a diminuição das despesas públicas e o aumento de 
arrecadação por meio de desenvolvimento da economia nacional e do eficiente 
combate à sonegação fiscal, aumento de arrecadação que seja atingido de um modo 
que não gere maior prejuízo ao desenvolvimento da economia brasileira e opressão 
e empobrecimento à sua população com o simples aumento de carga tributária, o 
que poderia gerar, no longo prazo, nova redução de arrecadação e aumento de 
despesas públicas. 
Este artigo apresentou a análise apenas das demonstrações contábeis da 
União relativas aos anos de 2015 e 2016. Sugere-se, portanto, que outras pesquisas 
ampliem esse período visando identificar tendências e averiguar a veracidade ou 
não de hipóteses que possam ser levantadas por meio dessa primeira análise. 
Enfim, o tema é muito relevante visto que a União está incumbida de grandes 
responsabilidades e o seu desempenho atinge diretamente a população, tanto 
quando este é bom quanto quando é ruim. Muito tem sido noticiado a respeito da 
crise nos entes públicos brasileiros. Cabe às ciências contábeis e à administração 
pública darem sua parcela de contribuição na busca da identificação da real situação 
dos entes públicos e dos motivos geradores dessa crise e de outras futuras, seus 
impactos e possíveis soluções. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Acesso em: 09 dez. 2017.

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