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Abordagem fisioterapêutica no climatério e na menopausa Objetivo: reconhecer sinais e sintomas próprios do climatério e como fisioterapia ajuda. Climatério é um período de transição da fase reprodutiva para um estado não reprodutivo: a mulher para de menstruar, não podendo mais engravidar. Há diminuição dos hormônios sexuais, porém continua envelhecendo. Perimenopausa: sinônimo de climatério. Período de 3-4 anos, englobando o último período menstrual. A fertilidade está reduzida pela menor frequência das ovulações e pelo aumento do risco de aborto espontâneo. Esse último período menstrual só é reconhecido após 1 ano de sua ocorrência. Menopausa: cessação permanente da menstruação caracterizado pelo último período menstrual. Ocorre entre 45-55 anos, dependendo de raça, nível econômico e estado nutricional. A idade média no Brasil é de 51,2 anos. O fluxo menstrual pode cessar de repente ou pode ocorrer um espaçamento maior entre os ciclos até cessar. O volume de sangue também pode variar e geralmente diminui. A diminuição da frequência e fluxo ocorrem de 1 até 3 anos antes da menopausa. Menopausa precoce: pode ocorrer devido a disfunções hormonais orgânicas ou devido a cirurgias como histerectomia ou ooforectomia. A terapia medicamentosa poderá ser de grande auxílio nestes casos. Sintomas climatéricos: primários: fogachos, sudorese noturna, náuseas, mal-estar, dores de cabeça, palpitações; secundários: insônia, fadiga, irritabilidade, depressão e letargia. A sintomatologia da perimenopausa varia de acordo com a mulher e seus hábitos de vida prévios à menopausa, incluindo história obstétrica e questões sócios culturais. Ex: se paciente era ativa, sintomas são melhores; se na família a perimenopausa é visto como algo positivo, tem menos chances de desenvolver depressão... Os sintomas físicos e psicológicos podem ser exclusivamente em decorrência do hipoestrogenismo ou também relativos ao envelhecimento natural. Os sinais e sintomas deste período devem ser encarados como parte do processo de envelhecimento e não como um processo patológico, isto não significa deixar de tratar os transtornos que interferem na qualidade de vida da mulher neste período. Se a visão do profissional for mais positiva, a paciente será mais colaborativa ao manejo. Cm o envelhecimento, naturalmente ocorre falência dos folículos e atrofia ovariana com consequente hipoestrogenismo causando a involução dos órgão-alvo do estrogênio, além de sintomas físicos, emocionais e psicológicos. Consequência do hipoestrogenismo · Involulção das estruturas das mamas; · Redução do tamanho uterino; · Atrofia e adelgaçamento endometrial; · Redução da elasticidade e acidez vaginal; · Atrofia do epitélio vesical; · Atrofia das estruturas de sustentação do trato genital, favorecendo o prolapso; · Fogachos; · Doença cardiovascular; · Incontinência urinária; · Osteopenia e osteoporose; · Término da menstruação; · Término da tensão pré-menstural; · Maior liberdade sexual, sem necessidade de anticoncepcionais; · Neste período ocorre maior mortalidade devido as doenças cardiovasculares. Segundo Liu & Gass (2007) os sintomas que parecem específicos para alterações hormonais da transição menopáusica são sintomas vasomotores (fogachos e sudorese noturna), secura vaginal e dor mamária. No final da transição menopáusica, os fogachos, a sudorese noturna e a secura vaginal aumentam e a dor mamária diminui à media que caem os níveis de estrogênio. Avaliação fisioterapêutica Além de abordar os itens em comum para todas as avaliações rotineiras deve-se dar ênfase na avaliação musculoesquelética (ADM e força), urinárias, sexuais e hábitos de vida. Podendo ser realizado testes específicos para equilíbrio, flexibilidade, marcha, funcionalidade e AVDs. Questionário específico para mulheres na menopausa: MENQL Ao determinar as condutas a serem realizadas, sempre focar na promoção do prazer e da socialização (caminhadas, danças, bicicletas, musculação, pilates, hidor...) Cuidado com mulheres com grau de osteopenia e ou osteoporose instalados. · Ondas de calor e suores noturnos Ondas de calor constituem o sintoma mais comum do climatério, chegando a atingir até 90% das mulheres, porém fatores culturais impedem seu relato. Ocorrem na maioria das mulheres no período pós-menopausa e geralmente ocorrem na parte superior do tórax, pescoço e rosto. Pode ser desencadeado por situações estressantes ou não. Há aumento da frequência cardíaca, e pode fazer acordar à noite devido ao excesso de suor (alterações hormonais, diminuição do estradial e aumento do FSH e eLH). Tratamento: terapia hormonal não deve ser a primeira opção para o tratamento devido aos seus riscos. Além disto, a concentração de estrógeno varia constantemente neste período, assim como a frequência das ondas de calor, desta forma não sendo necessário doses constantes extras de hormônio. Manipulação ambiental (esfriar o ambiente, roupas apropriadas) Comportamental, técnicas de relaxamento e respiração diafragmática (respiração compassada com tempo inspiratório e expiratório de 5 segundos cada, mantida por 15 minutos, duas vezes ao dia) visando diminuir a atividade do sistema nervoso simpático. A mulher é capaz de “pressentir” a chegada das ondas, neste momento deve usar as técnicas. Fisioterapia: Técnicas de relaxamento, respiração, conscientização corporal... Irritação vaginal – vagina atrófica · Secreções vaginais reduzidas e menos ácidas · Maior suscetibilidade a infecções vaginal e urinária; · Superfície vaginal mais delgada, seca e menos elástica; · Estreitamento da vulva (seca e fina) causando dor; · Dispareunia (redução da lubrificação) causando dor. Fisioterapia: · Exercícios com MAP (hipertrofia e estimula lubrificação) · Desenvolver percepção de contração e relaxamento dos músculos do assoalho pélvico; · Orientações, uso de lubrificantes. Distúrbios urinários · Atrofia uretral; · Atrofia das estruturas de apoio do assoalho pélvico; · Maior probabilidade de cistite, uretrite, noctúria, IU de esforço e urgência além de prolapsos. Fisioterapia: · Conscientização corporal · MAP · Eletroestimulação Distúrbios dermatológicos · O conteúdo de colágeno na pele é diretamente proporcional aos níveis de estrógenos circulantes; · A pele se torna menos elástica e mais delgada; · Glândulas sebáceas possuem receptores de estrogênio, pele fica mais seca Sintomas emocionais e psicológicos do climatério · Estão associados com outros estresses peculiares a fase da vida da mulher como filhos adolescente/adultos; situação conjugal, perdas familiares, situação financeira e parentes mais idosos. A sintomatologia varia entre as mulheres. · Concentração reduzida, alteração de humor, perda de memória, ansiedade, irritabilidade, depressão. Fisioterapia · Iniciar um programa de prática regular de atividade física segunda as necessidades particulares de cada mulher; · Fornecer encaminhamento para atendimento multiprofissional quando necessário; · Quando possível promover atendimentos em grupo para compartilhamento de experiências. Osteoporose · Causa perda de massa óssea: hipocinesia, hipoestrogenismo e maus hábitos de vida. · Fatores de risco: menopausa precoce, histórico familiar positivo, alta ingestão de café, alta ingestão de álcool, tabagismo etc. · Após a menopausa, nos quatro primeiros anos ocorre perda óssea de 2,5% ao ano; a perda média aos 70 anos é de 20% da massa óssea; aproximadamente 50% das mulheres pós-menopausa apresentam osteoporose de significância clínica. · O aumento dos níveis de estrógeno aumenta a atividade osteoblástica que favorece o estirão de crescimento na puberdade e causa a fusão das epífises ósseas cessando o período de crescimento da menina pouco tempo depois da menarca. Na condição de hipoestrogenismo a atividade osteoblástica na matriz óssea diminui com consequente diminuição da deposição Fisioterapia: · Exercícios para combater a hipocinesia associado a TH e mudanças dos hábitos de vida; · Exercícios que promovam o ganho/manutenção de massa óssea e muscular, que são os exercícios de resistência(para acontecer o depósito de cálcio). Doença cardiovascular · Os distúrbios cardiovasculares mais comuns em mulhers são coronariopatias, HAS, ICC, fibrilação atrial crônicas (outras menos comuns: AVC, vasculopatias periféricas, valvuopatias e congênitas). Com mais caso de angina pectoris, IAM e morte súbita. · Durante esta fase ocorre a mudança do perfil lipídico e se instala o processo aterosclerótico seja em artérias coronárias ou cerebrais causando respectivamente IAM e AVC. · Os estrógenos tem um perfil anti-aterogênico, a menopausa diminui o risco dde DCV em relação aos homens. Fisioterapia: · Preventiva, principalmente no caso da preexistência de fatores de risco; · Curativa: após evento de doença cardíaca, após IAM, após cirurgia cardíaca; · Exercícios que promovam o aumento da capacidade funcional, melhorando o perfil lipídico e reduzindo o risco para eventos cardiovasculares; · Exercícios aeróbicos (caminhar, pedalar, correr, nadar...); · Reabilitação cardiovascular (multidisciplinar). Terapia hormonal: risco x benefícios · Reversão do quadro clínico da enopausa; combate ao hipoestrogenismo; alívio dos sintomas de menopausa; redução da osteoporose e das fraturas; prevenção de doenças cardiovasculares; porém traz risco para câncer de mama... Contraindicações à TH: Absolutas: sangramento vaginal não diagnosticado, tromboembolismo venoso, câncer de mama provável ou suspeito, câncer de endométrio provável ou suspeito, doença hepática; Relativas: endometriose, mioma uterino, infarto do miocárdio e AVC, história de enxaqueca, hipertrigliceridemia, história de colelitíase.
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