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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/341735420 Livro PLANTIO DIRETO ROTAÇÃO, Ademir Calegari, Moacir Ferro, Francisco Grzesiuk, Lindolfo Jacinto Junior. 1995, 64 p. Book · May 1995 CITATIONS 0 READS 448 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: PROJETO: VIABILIZAÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS VEGETAIS PARA PRODUÇÃO E USO DE BIODIESEL NO PARANÁ View project No Project. Are Just Events View project Ademir Calegari Research Agricultural Institute, IAPAR 114 PUBLICATIONS 1,287 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Ademir Calegari on 29 May 2020. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/341735420_Livro_PLANTIO_DIRETO_ROTACAO_Ademir_Calegari_Moacir_Ferro_Francisco_Grzesiuk_Lindolfo_Jacinto_Junior_1995_64_p?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/341735420_Livro_PLANTIO_DIRETO_ROTACAO_Ademir_Calegari_Moacir_Ferro_Francisco_Grzesiuk_Lindolfo_Jacinto_Junior_1995_64_p?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/PROJETO-VIABILIZACAO-DE-MATERIAS-PRIMAS-VEGETAIS-PARA-PRODUCAO-E-USO-DE-BIODIESEL-NO-PARANA?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/No-Project-Are-Just-Events?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Calegari?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Calegari?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Calegari?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ademir-Calegari?enrichId=rgreq-d77be7b3567feb5c3f6a03c553d40c6f-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0MTczNTQyMDtBUzo4OTY1ODI3ODY0OTQ0NjRAMTU5MDc3MzQwMjM2Mg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 1 2 3 4 5 * PLANTIO DIRETO E ROTAÇÃO DE CULTURAS INTRODUÇÃO A inexistência de um plano global de alta qualidade para ocupação, uso e manejo apropriado dos recursos naturais, nas diferentes regiões do Paraná, foi determinante de uma exploração indiscriminada. As terras, por não terem sido trabalhadas através de métodos aprofundados de manejo e conservação, perderam grande parte da fertilidade natural com quedas nos níveis de matéria orgânica e sensíveis alterações nas características físicas, químicas e biológicas. Recentemente, o processo de erosão hídrica acelerou-se em função da erradicação de culturas perenes e excessiva moto mecanização na preparação do solo para cultivos anuais. Nas regiões tropicais e subtropicais, onde as terras são cultivadas intensivamente, e os processos de decomposição de matéria orgânica são acelerados, é fundamental a presença *CALEGARI, A.; FERRO, M.; GRZESIUK, F.; JÚNIOR, L. J. Plantio direto, rotação de culturas. Cooperativa dos Cafeicultores de Maringá - COCAMAR, 64p. de resíduos vegetais na superfície do solo, se possível na maior pare do ano, visando à redução das perdas por erosão em função da diminuição do impacto direto das gotas de chuvas sobre o solo (1 a. etapa do processo erosivo). Conforme Greenland, 1981, o declínio da produtividade dos solos das regiões tropicais e subtropicais cultivadas continuamente, tem sido atribuído principalmente à erosão e à diminuição dos níveis de matéria orgânica. No Estado do Paraná, mais da metade dos quase sete milhões de hectares cultivados no verão, permanecem ociosos no inverno. Essas áreas, além de estarem predispostas ao desencadeamento do processo erosivo com diminuição acentuada da fertilidade, podem aumentar o nível de infestação de invasoras onerando os custos de produção das culturas. Com a prática do sistema de plantio direto, aliada à cobertura contínua do solo com resíduos vegetais, é possível diminuir consideravelmente as perdas de solo por erosão (Lal, 1975; Triplett et al., 6 1968; Wilson, 1978). Elevados índices de estabilidade de agregados em Latossolo roxo podem reduzir a tendência de dispersão do solo, havendo menor formação de enxurrada e conseqüente menores riscos de erosão (Roth et al. 1986). Nas condições climáticas do norte do Paraná, estes objetivos podem ser alcançados no período invernal através do uso de coberturas verdes, e posteriormente, no início do verão, pela cobertura morta, remanescente dos adubos verdes. Além disso, o sistema de plantio direto, associado aos adubos verdes e rotação de culturas tende a proporcionar, ao longo dos anos, uma melhoria significativa nas características físicas (infiltração de água, agregação, porosidade), químicas, bem como um aumento e maior estabilidade no rendimento das culturas de verão. O presente trabalho avalia dos efeitos dos sistemas de rotação de cultuas e plantio direto nas características físicas, químicas e biológicas do solo e no rendimento das culturas, em relação à monocultura e ao sistema convencional de preparo do solo, na Fazenda Santo Antonio, Município de Floresta, Estado do Paraná. Para a realização deste trabalho cabe destacar o pioneirismo da ICI (atualmente denominada ZENECA) na introdução do Plantio Direto no Brasil, bem como o esforço na região de Maringá, onde encontrou o necessário e importante apoio da COCAMAR para levar aos agricultores este moderno sistema de cultivo – o PLANTIO DIRETO. HISTÓRIO E CARACTERÍZAÇÃO REGIONAL O Paraná é um Estado que apresenta uma elevada variação nos tipos de solos. No litoral, primeiro e segundo planalto predomina um complexo de solos de baixa fertilidade natural, com limitada disponibilidade de terras mecanizáveis. Já no terceiro planalto ocorrem solos de maior fertilidade natural originadas do derramamento do Trapp (região do basalto) que se estendem do Norte ao Oeste e Sudoeste. Em função da ocupação mais intensa do terceiro planalto, as atividades agropecuárias passaram a exercer relevância na economia agropecuárias passaram a exercer relevância na economia paranaense, baseados no intenso extrativismo até 1930, tendo a agricultura apenas como fonte de subsistência à população envolvida com a atividade principal (Llanillo, 1989). 7 A exploração agrícola do Norte do Paraná até a década de 70 foi marcada pelas expressivas áreas de exploração cafeeira. A partir de 1975, com a ocorrência de severas geadas e queima expressiva de todo parque cafeeiro, teve início ou vislumbrou-se o incentivo a novas explorações agrícolas agora anuais e que não corressem sérios riscos de perdas por geadas. Assim, o ciclo da soja e dotrigo e também do milho, apesar de que este já vinha sendo cultivado em menor escala, cresceram no Estado do Paraná, seguidos por mudanças estruturais e sócio-econômicas significativas. Muitas pessoas que vivia na lavoura trabalhando com café, forma para as cidades, pois a substituição dos cafeeiro por áreas motomecanizadas diminuiu drasticamente o emprego de mão-de-obra no meio rural. Assim, extensas áreas foram ocupadas por soja e trigo cultivados em sistema convencional (1 aração + 2 gradagens) intensivamente, sem o conhecimento e clareza da necessidade de se efetuar rotação de culturas e/ou sistemas de preparo do solo menos agressivo (cultivo míni o), ou se chegar a um sistema em que praticamente não se revolve o solo, que é o sistema de plantio direto sobre os resíduos de cultivos anteriores. Para caracterização das diferenças regionais do Paraná considerando-se os recursos naturais e condições sócio-econômicas, foram definidas em zonas diferenciadas de estrutura agrária (Llanillo, 1984). A região do Norte novo de Maringá (Figura 1) apresenta: concentração fundiária de média a baixa; média a alta tecnificação; elevada exploração de lavouras permanentes e temporárias; escassas matas naturais ou plantadas e poucas pastagens naturais, a intensidade de exploração é das mais elevadas do Estado; médio a elevado desenvolvimento das relações de trabalho e capital; alto emprego de crédito rural; fertilidade natural alta, com grande potencial de mecanização (70 a 90%) da maior parte da área. 8 Os solos predominantes na região de Maringá e Floresta são a Terra Roxa Estruturada e o Latossolo Roxo, sendo na sua maioria ocupados por cultivos temporários (soja, trigo, milho, etc.). A região apresenta diferentes índices de precipitação, variando sua distribuição conforme os meses do ano (Figura 2). Durante o período de avaliação na Fazenda Santo Antonio, os dados pluviométricos estão distribuídos conforme a Figura 3. Pela Figura 2 observa-se que numa média de 17 anos de dados coletados, nos meses de janeiro, fevereiro, março, outubro, novembro e 9 dezembro, são aqueles que apresentam precipitações com o máximo de erosividade, ou seja, chuvas com potencial de causar severos danos ao solo por meio da erosão. Os meses de junho, julho e agosto são os de menor precipitação e também os de menor potencial erosivo. 10 Pela distribuição anual das chuvas, percebe-se que parte das épocas de preparo do solo para implantação dos cultivos de outubro/inverno e primavera/verão coincide com o período de máxima erosividade, sendo, portanto fundamental desenvolver tipos de manejo do solo que promovam um mínimo de revolvimento do solo e/ou permitam a permanência de um máximo de resíduos vegetais como cobertura do solo. Um dos sistemas que mais privilegia esta condição é o sistema de plantio direto. AVALIAÇÃO DO MANEJO DE SOLO, SUCESSÃO E ROTAÇÃO DE CULTURAS Tipo de preparo do solo Os cultivos foram conduzidos sob dois tipos de preparo do solo, o preparo convencional (1 aração e discos + 2 gradagens niveladoras) e o sistema de plantio direto (sem revolvimento do solo apenas um leve revolvimento na linha de plantio). 11 Rotação/sucessão de culturas adotadas e avaliadas Foram avaliadas as seguintes seqüências e culturas em cinco faixas de 16.000m2 cada: . Trigo – milho – aveia – soja (plantio direto – rotação) . Tremoço – milho – aveia – soja – trigo – soja (plantio direto – rotação) . Trigo – soja (plantio direto – sucessão) . Trigo – milho – aveia + tremoço branco – soja (plantio direto - rotação) . Trigo – soja (preparo convencional – sucessão). No outono/inverno foram semeados o trigo, aveia e tremoço branco, de acordo com a seqüência acima mencionada sem utilização de fertilizantes químicos exceto o trigo, no qual foram utilizadas as quantidades recomendadas pela pesquisa. No caso do plantio direto, foram semeados sobre a resteva da cultura de verão (soja e milho), enquanto no convencional o trigo foi implantado após gradagem pesada e niveladoras. Na primavera/verão, de acordo com a seqüência acima, foram plantados soja e milho empregando-se fertilização química, conforme recomendação da análise de solo. Alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Com o desenvolvimento do sistema de plantio direto ocorre paulatinamente um acúmulo de material orgânico na superfície do solo, desencadeando um aumento considerável na atividade biológica (micro, meso, macrofauna e flora), além de promover alterações significantes nas 12 características físicas e químicas do solo. Ao logo dos anos o sistema de plantio direto tende a ir causando modificações no perfil do solo, principalmente na camada superficial, aonde vão se depositando os resíduos orgânicos (restos culturais, palhadas e resteva dos adubos verdes), que no processo de decomposição e no contato com os minerais do solo, interfere com alterações nos processos dinâmicos da matéria orgânica e na liberação dos nutrientes no solo para as plantas. PROPRIEDADES FÍSICAS A cobertura vegetal proporcionada pelo plantio direto tende a interferir diretamente no desencadeamento do processo de erosão hídrica, ou seja, ocorre uma proteção impedindo o contato direto das gotas de chuva com a superfície do solo, e a conseqüente desagregação e arraste das partículas pela enxurrada. 13 A desagregação das partículas ocorre principalmente pelo impacto das gotas de chuva, bem como pelo escorrimento superficial da enxurrada. A presença do “mulch” na superfície é fundamental para o impedimento da erosão hídrica. O sistema de plantio direto tem se destacado como um dos sistemas mais eficientes no controle da erosão hídrica e na conservação e manutenção da fertilidade do solo. 14 Apesar de que os diferentes métodos de preparo do solo tendem a causar compactarão, em Latossolo Roxo, o plantio direto tende a apresentar uma maior densidade aparente do solo nos horizontes superficiais (Derpsch et al., 1991). Os resultados observados na Fazenda Santo Antonio mostraram que as densidades em plantio direto são menores que as observadas em preparo convencional (Tabela 1). 15 Tabela 1. Relações de massa e volume no solo sob diferentes sistemas de manejo e seqüência de cultivos. (Média de 6 repetições). Fazenda Santo Antonio – Floresta – PR, 1991. Sistema de manejo Sequência cultivo Profund. Porosiade Porosidade Amostragem D.S. Macroposidade Microporosidade total (cm) g/cm ---------------------- % volume ---------------------- Plantio direto (rotação) T/M/A/S 0-10 1,25 8,2 41,7 49,9 10-20 1,18 6,6 43,9 50,5 Plantio direto (rotação) T/M/A/S/T/S 0-10 1,19 9,2 39,6 48,8 10-20 1,16 7,6 43,3 50,9 Plantio direto (monocultivo) T/S 0-10 1,12 11,1 39,0 50,1 10-20 1,31 3,7 42,6 46,3 Plantio direto (rotação) T/M/A+T/S 0-10 1,14 7,9 40,7 48,6 Prep. Convenc. (monocultivo) T/S 10-20 0-10 10-20 1,22 1,30 0,88 7,9 2,4 3,8 44,1 43,8 43,0 52,0 46,2 46,8 16 Área de mata (sem cultivos) 0-10 0,88 10-20 1,08 30,69 21,44 38,79 42,11 69,48 63,55 M Plantio direto (Rotações) É D I 0-10 10-201,19 1,18 8,8 7,3 40,6 43,7 49,4 51,0 A Plantio direto (Monocultivo) 0-10 1,12 11,1 39,0 50,1 10-20 1,31 3,7 42,6 46,3 Preparo convencional 0-10 1,30 2,4 43,8 46,2 (monocultivo) 10-20 1,23 3,8 43,0 46,8 T–Trigo; t–Tremoço; A–Aveia preta; S–Soja; M-Milho 17 O volume dos poros tem semelhante comportamento à densidade aparente (Tabela 1). No plantio direto foi observado o maior volume total de poros. Apesar da diferença entre os dois sistemas de preparo, pela porosidade suficientemente alta observada, é de se esperar que não haja falta de aeração, mesmo sob condições de elevada umidade no perfil do solo. O sistema de plantio direto e a rotação de culturas causaram significativos efeitos nas propriedades físicas do solo. Isto pode ser quantificado quando foram efetuadas medições de infiltração de água através de simulador de chuvas (Modelo Gottingen) em todas as faixas de cultivo em três repetições. Os resultados obtidos mostraram que houve um aumento da infiltração de ‘ Água no solo nos tratamentos com plantio direto em relação ao sistema convencional. A menor infiltração no sistema convencional deve-se à menor cobertura do solo com conseqüente aumento do selamento superficial, em função do impacto direto das gotas de chuva com as partículas de solo, dificultando a penetração da água no perfil e facilitando o acúmulo na superfície e conseqüente escorrimento. 18 Numa precipitação de 70mm/h no sistema soja-trigo preparo convencional, após 15 minutos iniciou-se o processo de escorrimento superficial, estabilizando-se após 90 minutos com uma infiltração de apenas 19 20mm/h; enquanto no plantio direto, em média, aos 20 minutos estabilizou-se do uma infiltração de 45 mm/h demonstrando que tanto o plantio direto quanto a rotação favoreceram o movimento de água no perfil (Figura 4). Este aumento da infiltração de água no solo, de 20mm/h no preparo convencional para 45mm/h no plantio direto (sistema soja-trigo), deve-se a vários fatores físicos que foram alterados pelas distintas formas de manejo e cultivo, como se observa pelas significativas diferenças ente os valores do índice de estabilidade de agregados (IEA) e do diâmetro médio ponderado (DMP) dos agregados estáveis em água, do sistema convencional, em relação aos valores observados no plantio direto e rotação de culturas (Tabela 2). 20 Tabela 2. Efeito dos diferentes sistemas de cultivo e manejo do solo na agregação do solo (IEA e DMP). (Após 7 anos de manejo e cultivo. Média de 3 repetições. Floresta – PR. 1991. I.E.A D.M.P. Sistema de cultivo Sistema de manejo Profundidade (cm) x Profundidade (cm) x 0-10 10-20 0-10 10-20 Trigo-milho-aveia- soja Plantio direto 41,46B 40,92ª 40,87B 1,74A 1,76B 1,75B Tremoço-milho- aveia- Soja-trigo-soja Plantio direto 41,06B 37,42ª 39,42A 1,83A 1,69B 1,76B Trigo-soja Plantio direto 41,66B 38,80ª 40,23AB 1,75A 1,66B 1,70B Trigo-milho-aveia+ Tremoço-soja Plantio direto 40,20B 43,24A 41,72B 1,66A 1,61AB 1,64AB Trigo-soja Preparo Convencional 26,82A 34,26ª 30,54A 1,63A 1,29A 1,46A Teste de Tukey 0,05 – Letras maiúsculas – as comparações são na vertical. IEA – índice de estabilidade de agregados. DMP – diâmetro médio ponderado. 21 Além disso, é notório o maior percentual de agregados > 2mm nos sistemas de rotação de culturas e plantio direto quando comparados com o preparo convencional (soja-trigo)(Figura 6), o que indubitavelmente favorece uma maior infiltração de água e um menor risco às perdas por erosão (Cintra et al. 1983). Quanto à porosidade do solo, verifica-se nos sistemas de rotações e plantio direto, maiores valores de macroporosidade em relação ao convenciona, isto é explicado em função da maior agregação das partículas que irá aumentar o volume de macroporos e reduzir o de microporos. Isso em solos com elevados teores de argilas (solos pesados) é conveniente por melhorar a estrutura e aeração favorecendo o desenvolvimento do sistema (Igue, 1984). Quanto à porosidade total, observa-se que os valores mais elevados estão nos sistemas de plantio direto (Tabela 1, demonstrando assim, que essa prática adequadamente conduzida, tende a melhorar as características físicas do solo inclusive não causando sérios problemas de adensamento, pois normalmente o aumento da densidade do solo (D.S) tem uma relação direta com a diminuição dos teores de matéria orgânica do solo. É sabido que a matéria orgânica é responsável por grande parte da estruturação do solo, aumentando a circulação do ar e da água no perfil. Tem uma 22 ação cimentante das partículas do solo formando agregados bastante estáveis, pois agregados com baixo teor de matéria orgânica se rompem quando molhados, enquanto os de teor elevado mantêm a estabilidade (Oliveira Filho, et al., 1987). Em acordo, Cintra & Mielniczuk (1983) concluem que a estabilidade dos agregados do solo é função da decomposição de resíduos orgânicos (raízes, folhas e caules) através da ação dos microrganismos, aspecto relevante na estruturação do solo. A estabilidade dos agregados é dependente das condições e tipo de adubo verde utilizado, da atividade microbiana, do processo de umedecimento e secagem do solo e das condições de cultivo (Calegari, et al., 1993). Entre os adubos verdes, as gramíneas têm sido destacadas pela eficiência na formação de agregados, através da ação direta e indireta das raízes. Diretamente, pelas pressões exercidas pelas raízes em crescimento, unindo as partículas de solo; de maneira indireta, pela desidratação do solo, provocando efeito de secamento e contração localizados, produção de secreções radiculares com ação cimentante de agregados e liberação de resíduos orgânicos que favorecem a atividade biológica do solo. O plantio direto, em função da diminuição da evaporação (presença de cobertura morta): maior infiltração de água no solo quer pelo efeito dos canais deixados pelas raízes das plantas, minhocas, insetos e outros organismos do solo, quer pela maior porosidade total, e superior número de agregados de maior tamanho, bem como pelo acúmulo de matéria orgânica, há uma tendência de maior retenção de água no perfil do solo. 23 Dos diferentes fatores físicos diretamente relacionados com a maior ou menor susceptibilidade à erosão hídrica, deve-se destacar a estabilidade dos agregados, a capacidade de infiltração de água, bem como os efeitos de compactação da camada arável. Quanto à estabilidade dos agregados pode-se verificar pela Tabela 2, que nos diferentes tratamentos sob plantio direto, ocorre uma maior estabilização da agregação, com superioridade das classes de agregados de maior diâmetro. Esses dados estão em acordo com aqueles observados por Sidiras et al., 1982; Vieira & Muzilli, 1984. Conforme Vieira, 1985 e Castro Filho, 1989, a elevada estabilidade de agregados em plantio direto deve-se aos seguintes fatores: - A superfície do solo não revolvida pelas operações de preparo, permite a não pulverização do solo; - A presença de cobertura morta ou resíduos vegetais, quebra a energia cinética do impacto das gotas de chuva; - Os resíduos orgânicos em constante processo de decomposição tendem a aumentar a agregação das partículas por efeitos coloidais; - O incremento da vida biológica e a produção de agentes cimentante, como os polissacarídeos e também principalmente pela ação das minhocas através dos coprólitos (excrementos) tendem a formar compostos de alta estabilidade de agregação; - A coexistência de bactérias e fungos e a manutenção da matéria orgânica tendea elevar a agregação do solo. Geralmente no sistema convencional, solo desprotegido, quando do impacto das gotas de chuva ocorre uma desagregação, ou seja, os agregados menor estendem a diminuir a porosidade do solo o que ocasiona um maior acúmulo de água na superfície. Com isso, há uma dispersão da argila que irá provocar o selamento superficial com aumento no escorrimento, transporte de sedimentos e posterior deposição nas partes mais baixas (Castro Filho, 1989). Em função da cobertura vegetal a superfície, maior agregação, maior porosidade total e macroporos, também pelo efeito da capilaridade (poros contínuos) observado no plantio direto, e também pelos efeitos físicos dos canais deixados pelas raízes dos vegetais (culturas comerciais e adubos verdes), há uma 24 tendência de maiores taxas de infiltração de água em solos argilosos sob plantio direto no Norte do Paraná (Roth & Derpsch, 1984 e Roth & Mayer, 1985, citados por Vieira, 1985). Isto se confirmou no trabalho conduzido em Floresta, Norte do Paraná, onde o sistema de plantio direto foi bem superior na infiltração de água no solo (Figura 4) e com menores perdas de solo e de água, quando comprado ao sistema convencional (Figura 6). O armazenamento de água em áreas com plantio direto é superior ao convencional devido à maior infiltração, maior retenção face aos teores de matéria orgânica e efeito do mulch reduzindo as perdas por evaporação. A presença constante de cobertura vegetal sobe o solo tende a diminuir os efeitos desfavoráveis causados pelo tráfego de plantadeiras, colheitadeiras, etc. que poderão causar algum problema de compactação ao longo do tempo, principalmente nos solos argilosos. A densidade do solo observada (Tabela 1) demonstrou que mesmo após sete anos de plantio direto, não houve adensamento superficial. Indubitavelmente além 25 dos efeitos do não preparo, somam-se os efeitos favoráveis da rotação de culturas, quer pelos diferentes sistemas radiculares das culturas, quer pelos diferentes sistemas radiculares das culturas, quer pela estabilidade de resíduos vegetais e efeitos da matéria orgânica no horizonte superficial, que promoveram conjuntamente importantes benefícios na superfície e no perfil do solo. Através do uso de penetrômetros de impactos pode-se observar a resistência à penetração do solo, mostrando uma pequena compactação à 15-20 cm da superfície, entretanto não limitando o rendimento dos cultivos (Figura 7). PROPRIEDADES QUÍMICAS O sistema de plantio direto tende com o decorrer dos anos a proporcionar um incremento nos teores de matéria orgânica nas camadas superiores do perfil dos solos, provocando alterações com repercussão direta na fertilidade do solo (Tabela 3). 26 Resultados obtidos por Parra (1984) após 8 anos de planto direto, no Norte do Paraná e Sá (1991) após 15 anos de plantio direto, no Centro-sul demonstram que houve um aumento de 27% no teor de matéria orgânica no plantio direto em relação ao convencional no Norte, por outro lado, no Centro-sul este aumento foi de 9,0%. apesar disso, os teores toais foram superiores no Centro-sul (Tabela 4). Tabela 3. Comparativo dos níveis de fertilidade sob mata natural e em plantio direto e convencional. (0-20 cm de profundidade). Área polo COCAMAR/ICI (Fazenda Santo Antonio – Floresta). Tratamentos Ano pH M. O.% P K Ca++ Mg++ CTC CaCl2 Solo de mata virgem 7,1 4,90 9,0 0,45 12,3 1,8 16,4 Início trabalhos (amostra geral) 1985 4,4 2,80 4,6 0,30 5,32 1,23 11,80 Sucessão:trigo/soja (Plantio convencional) 1992 4,8 2,67 8,8 0,61 3,75 1,.56 11,27 Sucessão: Trigo/soja (Plantio direto) 1992 5,7 2,91 19,5 0,67 5,73 2,88 12,96 Rotação: trigo- milho- Aveia-soja (P.D.) 1992 5,6 3,00 21,0 1,07 5,78 2,88 13,70 ICI - Atualmente ZENECA. Tabela 4. Teores de matéria orgânica em sistemas de plantio direto e convencional – Norte (I) e Centro-sul (2) do Paraná. Profundidade de Teor de matéria orgânica amostragem Plantio direto Plantio convencional Norte Centro-sul Norte Centro-sul ------------------------------------------------------------ % ----------------------------------------------- ---------------- 0-10 3,14 4,30 2,46 3,95 27 10-20 2,63 3,95 2,41 3,95 Fonte: Sá, 1993. a) No Centro-sul , em função das temperaturas médias anuais serem menores, com taxas de mineralização inferiores nos dois sistemas, a persistência dos teores de matéria orgânica no solo é maior; b) A diminuição da oscilação térmica, pelo efeito dos resíduos na superfície, situação que não ocorre no sistema convencional, repercutiam como aumento da matéria orgânica no Norte do Paraná. O índice de mineralização obtido por Parra (1984), na camada de 0-10cm, confirmaram estes resultados, sendo 72% superior (1,61 para 2,77) no sistema convencional quando comparado ao plantio direto. Esta situação avaliada por Parra, 1984, em Latossolo Roxo distrófico, no Norte do Paraná está de acordo como as observadas na Fazenda Santo Antonio em latossolo Roxo eutrófico (Figura 8). Em condições gerais tem-se observado deficiência de nitrogênio nas lavouras conduzidas em plantio direto, principalmente nos cultivos de milho e trigo (Muzilli, 1983). Isso possivelmente deve-se à maior lixiviação de nitratos, que tende a acompanhar o movimento descendente da água em função dos macroporos e dos canais existentes (decomposição de raízes e ação dos organismo do solo ). Além disso, a presença de “mulch” na superfície evita as perdas de água por evaporação, e provocará uma maior retenção na camada superficial, que pela manutenção da capilaridade facilitará o fluxo de água pelos microporos, e assim o nitrato por não ser adsorvido aos colóides minerais, estando na solução do solo sofrerá maiores riscos de lixiviação. De acordo com Sá, 1993, ao longo dos anos do Plantio Direto há uma tendência de atingir-se uma condição de equilíbrio entre mineralização - imobilização - disponibilidade - perdas, em razão da maior estabilidade da população microbiana do solo e além disso, em condições tropicais, são mais intensas as perdas de nitrato, sendo relevante a distribuição de diferentes culturas leguminosas em adequados sistemas de rotação, visando-se não apenas o suprimento e equilíbrio do N, como também pelos diferenciados sistemas radiculares e efeitos no perfil do solo e no rendimento dos cultivos posteriores. 28 Apesar de vários trabalhos demonstraram que no plantio direto, em condições subtropicais (Sul do Brasil), ocorra maiores perdas de nitrogênio em razão do movimento descendente da água no perfil, a liberação lenta e paulatina (mineralização) dos resíduos orgânicos tende a compensar e equilibrar as relações de oferta e demanda das culturas aumentando sobremaneira a eficiência do sistema. A rotação de culturas tende a proporcionar inúmeras vantagens ao sistema agrícola: - manutenção de cobertura do solo e matéria orgânica em decomposição durante quase todo o ano; - redução de perdas de solo por erosão; 29 - incremento na infiltração de água e reciclagem de nutrientes; - diminuição do uso de fertilizantes e herbicidas; - possibilidade de melhores alternativas econômicas na conservação do solo, bem como na exploração de diferentes cultivos. Quanto aos resultados observados na Fazenda Santo Antonio, o sistema de plantio direto apresentou um maior acúmulo de matéria orgânica e um aumento na disponibilidade dos nutrientes (P, K, Ca e Mg) principalmente nas camadas superficiais do solo, sendo muito importante para fósforo e cálcio que poderão induzir a um crescimento superficial das raízes (Triplett& Van Doren Jr., 1969, e Kang & Yunusa, 1977), principalmente quando ocorrer alumínio trocável e baixos teores de nutrientes nas camadas inferiores (Eltz et al., 19890. Em geral houve uma tendência de maiores níveis de nutrientes no sistema de plantio direto, principalmente quando conduzido em rotação de culturas. Quanto à profundidade de 20-40 cm, em geral, houve uma reciclagem de nutrientes através das raízes das plantas (adubos verdes e cultivos comerciais) para as camadas superiores do perfil. Apesar dessa variação abrupta dos teores da camada superficial para a subsuperfície, resultados de pesquisa e comprovação por parte de vários agricultores que vem utilizando o sistema de plantio direto, tem mostrado que isso não tem limitado o desenvolvimento das culturas e tampouco comprometido as produtividades. A matéria orgânica no solo Em solos de mata virgem, os teores de húmus são elevados, entretanto após o desmatamento e quando são efetuados o manejo dos solos e calagem, corre uma diminuição dos teores de carbono acompanhado por uma degradação qualitativa da matéria orgânica (Roth et al., 1991). De acordo com Roth, Castro Filho & Medeiros (1991), nas condições do Norte do Paraná, em Latossolo Roxo, o mecanismo de estabilização de agregados está no conteúdo de matéria orgânica do solo. Em função do excessivo preparo (sistema convencional),ocorre uma diminuição do conteúdo de húmus do solo, decrescendo a estabilidade dos agregados. Esses menores índices são funções das elevadas perdas por erosão, aumento na mineralização e diminuição nas quantidades de biomassa produzidas. 30 Além da matéria orgânica, também os teores de Al e Ca trocável demonstram ter um importante papel nos processos de agregação do solo (Roth et al., 1991). A constante deposição de resíduos orgânicos ao solo (parte aérea e raízes) tende a provocar alterações com reflexos diretos na fertilidade do solo. Geralmente, as diferenças entre plantio direto (PD) e preparo convencional(PC) estão diretamente relacionadas com os resíduos das plantas deixados sobre a superfícies do solo. A mineralização tende a ser mais lenta e gradual no Plantio direto em relação ao incorporado (PC), razão do menor contacto do material orgânico com o solo, e conseqüente menor ação dos microrganismos (Tomas & Frye, 1984). Já no PC, as plantas incorporadas facilitam a ação microbiana elevando a taxa de decomposição da matéria orgânica. Os resultados da Tabela 3 evidenciam que na implantação dos trabalhos o conteúdo de matéria orgânica atingia 2,8%, pois a área estava sendo manejada no sistema convencional. Pela continuidade do sistema trigo/soja , em convencional, a porcentagem de Matéria Orgânica caiu para 2,67. Nos tratamentos com Plantio Direto tanto na sucessão trigo/soja como na rotação trigo/milho/aveia/soja houve crescimento dos teores de matéria orgânica atingindo 3,0% . A participação de três gramíneas na rotação favorece sem dúvida a evolução dos teores de matéria orgânica. Fósforo Este nutriente tende a apresentar um comportamento distinto no sistema de plantio direto em relação ao sistema convencional. Comparado aos teores iniciais (Figura 9), após sete anos, ocorreu maior disponibilidade de fósforo nos diferentes sistemas de rotação de culturas, quer no plantio direto ou no preparo convencional, com um maior acúmulo nas camadas superficiais do solo (0 – 2cm e 2 – 5 cm). A maior concentração de fósforo próximo à superfície do solo no plantio direto foi em razão das aplicações anuais de fertilizantes fosfatados, liberação na decomposição dos resíduos vegetais e diminuição da fixação devido ao menor contato deste elemento com os constituintes inorgânicos do solo (Sidiras & Pavan, 19850. Abaixo de 20cm da superfície, observou-se uma considerável diminuição dos n’vieis de fósforo, confirmando a limitada mobilidade do P no solo (Muzilli, 1981 e 1983). Pelos elevados níveis de fósforo localizado nos primeiros 10cm da camada superficial do solo, ficou nítida a capacidade das plantas em reciclar o P do solo nos tratamentos com plantio direto. 31 Geralmente o melhor aproveitamento do fósforo pelas plantas no sistema de planti direto, ocorre me função do maior teor de umidade existente nos horizontes superficiais do solo favorecendo uma maior taxa de difusão do nutriente até às raízes da plantas (Muzilli, 1989; Eltz et al., 1989). Potássio Com relação ao potássio trocável, os dados mostram que houve uma maior concentração desse nutriente na superfície do solo em todos os tratamentos, principalmente nas camadas de 0 – 2cm e 2 – 6cm (Figura 10). Isto, provavelmente deu-se em razão das elevadas concentrações de potássio contidas nos resíduos vegetais manejados no solo. Por tratar-se de um nutriente de elevada mobilidade no sistema solo-planta, a contínua e gradativa decomposição da matéria orgânica 32 proporcionará um suprimento paulatino do potássio às culturas em sistema de plantio direto. Em razão da maior disponibilidade de fósforo e potássio nos horizontes superficiais e a possibilidade do seu maior aproveitamento em plantio direto, tem-se demonstrado a viabilidades de fertilizantes minerais, desde que observados os níveis críticos desses nutrientes para os cultivos (Muzilli, 1989). 33 Cálcio e magnésio Os resultados observados mostraram que houve um maior acúmulo desses nutrientes nas camadas superficiais principalmente até 10cm (Figura 11 e Figura 12). 34 Em geral houve uma tendência de maiores níveis de Ca e Mg no sistema de plantio direto, principalmente até 10cm de profundidade. Na profundidade de 10-20cm, em razão da incorporação do calcário houve uma leve tendência de níveis superiores de Ca e Mg no PC, apesar das rotações 3 e 6 (Plantio direto) apresentarem maiores teores desses nutrientes. Na camada de 20 – 40cm houve elevação nos teores de Ca em 2 sistemas de rotação em plantio direto comparados ao teor inicial, enquanto no Mg o teor foi superior em todos os tratamentos, quer em plantio direto ou plantio convencional. Alumínio e pH Os teores de alumínio trocável foram praticamente nulos até 5cm de profundidade, provavelmente por efeito da complexação realizada pela matéria no no Estado do Paraná, mais da metade dos quase sete milhões de hectares cultivados no verão, permanecem ociosos no inverno. Essas áreas, além de estarem 35 predispostas ao desencadeamento do processo erosivo com diminuição acentuada da fertilidade, podem aumentar o nível de infestação de invasoras onerando os custos de produção das culturas. orgânica. Os valores de pH observados até essa profundidade estão razoáveis. A partir dos 5cm de profundidade até 40cm, foram crescendo os teores de alumínio trocável e decrescendo os valores de pH (Figs. 13 e 14), inclusive após 10cm de profundidade causando uma redução drástica nos níveis de fósforo disponível no solo. 36 Saturação de bases A saturação de bases observada nos perfis de solo, demonstra a mesma tendência encontrada para os valores de cálcio e magnésio (Figura 15). A capacidade de troca de cátions depende do pH, e os valores mais elevados de pH provocaram a elevação da CTC sob plantio direto e, certamente, o acúmulo de matéria orgânica contribuiu para isto. Ao mesmo tempo, foi também observada uma elevação na saturação de bases, em relação aos valores observados no início do trabalho, principalmente nos tratamentos com plantio direto. Também os teores de alumínio trocável bem como a saturação de Al, decresceram no plantio direto, principalmente nas primeiras camadas de perfil do solo. 37 CTC efetiva A soma debases acrescida da acidez potencial (H+ + Al3+) fornecem os valores da capacidade de troca de cátions do solo (CTC) (Figura 16). O aumento nos níveis de matéria orgânica e também na soma de bases do solo, tende a aumentar a CTC do solo, propriedade de fundamental importância prática para os Latossolos Roxos de baixa CTC, traduzindo-se em um aumento significativo da produtividade das culturas (Derpsch, et al., 1991). 38 PROPRIEDADES BIOLÓGICAS O não revolvimento da camada arável do solo, tende a causar importantes alterações nos teores de umidade e temperatura do solo, tendendo a um maior equilíbrio, que por sua vez influenciará favoravelmente ao incremento de toda biologia do solo. A ativação dos organismos vivos no solo, como minhocas, artrópodes e microrganismos é decisiva para a mineralização dos diferentes nutrientes que encontram-se formando os compostos orgânicos no solo. A própria estrutura geralmente é favorecida pela ação da fauna, prova disso são os efeitos melhoradores na estabilização de agregados através das secreções de diversos microrganismos, bem como o aumento no volume de macroporos pela ação de minhocas e formigas (Derpsch et al., 1991). Além desses fatores, também a aeração, relação C/N e pH do solo são determinantes no que diz respeito a uma maior ou menor degradação da matéria orgânica. 39 Ao final do ciclo das culturas, após as colheitas, ou após o manejo dos adubos verdes, os resíduos deixados no solo irão gradativamente fazendo parte da matéria orgânica do solo. A dinâmica da decomposição dos resíduos vegetais ocorre principalmente em função dos seus diferentes componentes constituintes. Inicialmente há uma decomposição mais rápida dos compostos mais simples (açúcares, proteínas, amidos e celulose) enquanto outras frações mais complexas são mais resistentes à degradação (ceras, gorduras , lignina). Também a disponibilidade de nutrientes minerais, pH, textura, temperatura, umidade, aeração, manejo do solo e presença de compostos antimicrobianos, exercem importante influência na dinâmica da decomposição da matéria orgânica do solo (Siqueira & Franco, 1988). Conforme Voss, 1987, a maior parte da decomposição no solo é realizada pela microflora. Ao redor de 50 tipos de enzimas foram detectadas como ativas no solo. Concluiu ainda, que cerca de 70% do carbono que entra na atmosfera como CO2 é proveniente do metabolismo microbiano. Além disso, a micro, meso e macrofauna do solo atuam de diferentes formas no processo dinâmico da decomposição da matéria orgânica (Tabela 5). Nos processos de avaliação da atividade biológica do solo, uma das formas possíveis é a contagem direta dos organismo vivos no solo, e uma outra indireta é através da avaliação do CO2 liberado numa massa de solo incubado com controle ambiental (Tabela 6). Tabela 5. Atividades exercidas pela micro, meso e macrofauna do solo, na decomposição do material orgânico. Atividade exercida Tipo de ação Tipo de fauna Fragmentação Diminuição do tamanho de resíduos, aumento da Protozoários, minhocas, lesmas, insetos ASE (área de superfície exposta) para a microflora subterrâneos. Predação Grupos de fauna tem ação reguladora nas populações Protozoários, ácaros, alguns dípteros, etc. Mistura e Quer pela ingestão, excreção, mistura do solo com Minhocas, cupins, formigas, ácaros, lesmas, Transporte matéria orgânica, ou incorporação para horizontes Coleópteros, (certas sp.) e inchitreides. Subsuperficiais 40 Agregação Pela ingestão e excreção de solo e matéria orgânica, Minhocas, cupins e isópodos. há um incremento na agregação Escavação Canais e galerias favorecendo a aeração, infiltração Minhocas, cupins, espécies de coleópteros e formigas. de água e crescimento de raízes. Adaptado de Voss, 1987 e Sá, 1993. Tabela 6. Atividade microbiana no solo (mg. CO2/g) em diferentes sistemas após 7 anos de cultivo (0-20 cm prof.). Média de 03 repetições. Fazenda Santo Antonio. Floresta - PR, 1993. Tratamento Sistema de cultivo Liberação de gás carbônico (CO2) Trigo/soja/trigo/soja PC 147,70A Trigo/milho/aveia/soja PD 225,30AB Tremoço/milho/aveia/soja/trigo/soja PD 243,02AB Trigo/soja/trigo/soja PD 300,22B Trigo/milho/aveia+tremoço/soja PD 307,23B Fonte: Andrade, D. S. & Calegari, A., 1993. Dados não publicados. Médios seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste LSD ao n Pela tabela observa-se uma maior atividade biológica, avaliada indiretamente através da liberação de CO2, nos diferentes tratamentos me plantio direto. A sucessão soja-trigo em preparo convencional foi o tratamento que apresentou as menores perdas de CO2 para a atmosfera, demonstrando ser, entre os sistemas testados o que menos privilegia o acúmulo de matéria orgânica e o incremento da vida biológica no solo. Pelos resultados obtidos, comprova-se que houve uma maior atividade biológica no sistema de plantio direto, exatamente em função das condições ambientais serem mais favorável ao incremento da atividade microbiana do solo. De acordo com Siqueira & Franco, 1988, o carbono dos restos orgânicos incorporados ao solo, inicialmente irá fazer parte da biomassa microbiana, posteriormente para a fração lábil da matéria orgânica do solo e, finalmente para complexos polimerizados, estabilidade física e/ou quimicamente, nos estádios mais avançados do carbono. O húmus no solo, além de fazer parte da 41 fase sólida do solo, como colóides orgânicos, desempenha importantes efeitos nas propriedades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas do solo. CONTROLE DE ERVAS DANINHAS NA CULTURA DA SOJA O manejo das faixas de PD era realizado através do uso de Paraquat + Diuron (GRAMOCIL) com ou sem uso de 2,4D conforme a necessidade, geralmente aplicado de forma seqüencial (divisão da dose recomendada em duas aplicações) no verão e aplicação única no inverno. O controle das ervas infestantes dava-se em pós-emergência, com uso de Fomesafen (FLEX) e/ou Fluazifop-p-butil (FUSILADE) sendo também utilizados em aplicação única ou seqüencial. O sistema de Plantio Direto devido a maior presença de resíduos acumulados provenientes da aveia peta, tremoço branco, milho, soja e trigo, na superfície, apresentou ao longo dos anos uma diminuição das infestantes quando comprado ao sistema convencional. Em algumas safras não houve aplicação de herbicidas ora para folhas largas, ora para gramíneas. Nesse aspecto, somente a estratégia de controle em pós-emergência pode proporcionar essa economia. 42 NA CULTURA DO MILHO O manejo das faixas em Plantio Direto era idêntico ao de soja. Controle das ervas infestantes, em pré-emergência, complementada em algumas situações pela aplicação de Paraquat (gramaxone) em jato dirigido nas entrelinhas. Outro esquema de controle utilizado na última safra de milho foi a utilização de meia dose de herbicida pré-emergente, com complemento de paraquat (GRAMOXONE) em jato dirigido nas entrelinhas, obtende-se obtendo-se melhor controle das ervas até a colheita, com economia no controle das ervas daninhas. NA CULTURA DO TRIGO No trigo o controle baseava-se na aplicação de 2,4D erva em pós- emergência, para o controle de ervas de folhas largas, além do manejo das faixas em Plantio Direto. RENDIMENTO FÍSICOS DAS CULTURAS A produção média de biomassa dos adubos verdes durante os anos de avaliação foram os seguintes: Produção (t/ha) Sistema rotação Massa Matéria Verde seca Tri/M/A/S (PD) - Aveia preta 39,5 6,3 Tre/M/A./S/Tri/S (PD) - Aveia preta 50,0 8,0 - Tremoço branco 48,0 5,3 Tri/M/AxTre/S (PD) - Aveia + Tremoço 41,0 6,6 Quanto ao desenvolvimento dos cultivos nos diferentessistemas, num avaliação de 07 safras consecutivas, pode-se obter os seguintes rendimentos; os rendimentos da cultura da soja apresentados aos 3 e 5 anos das rotações e sucessão, onde houve coincidência da cultura em todos os tratamentos constata-se que a produção foi 37% superior em plantio direto (3557 kg/ha) quando comparado ao convencional (2598 kg/ha) (Tabela 7). Em plantio direto o rendimento de soja correspondente às rotações atingiu 3712 kg/ha enquanto na sucessão trigo/soja, apenas 3246, porém superior a sucessão trigo/soja convencional, 2598/ha. Os 43 rendimentos da cultura de trigo seguiram as mesmas tendências da soja uma vez que as médias em rotação e sucessão em Plantio Direto suplantaram àquelas da sucessão em Plantio Convencional (Tabela 8). Tabela 7. Rendimento físico da soja segundo o tipo de preparo de solo e seqüência de cultura (sucessão /rotação). Fazenda Santo Antonio. Floresta – PR. Preparo Seqüência de cultura Safras 1987/88 1989/90 ------------------------------------ Kg/ha --------------------- ------------- Trigo/milho/aveia/soja/trigo/soja 3828 3425 Plantio direto Tremoço/milho/aveia/soja/trigo/soja 4181 3415 Trigo/soja/trigo/soja/trigo/soja 3600 2893 Convencional Trigo/soja/trigo/soja/trigo/soja 2528 2668 Média do Plantio Direto 3557 (137%) Média de rotação em Plantio Direto 37`12 (143%) Média de sucessão em Plantio Direto 3246 (120%) Médio do Convencional 2598 (100%) Média de sucessão em Convencional 2598 (100%) Tabela 8. Rendimento do trigo segundo o tipo de preparo do solo e seqüência de cultura (sucessão e rotação) Fazenda Santo Antonio. Município de Floresta - PR. Preparo Seqüência de cultura Safras 1986/87 --------------------- kg/ha ----------------- -- Plantio direto Trigo/milho/aveia/soja/trigo 1840 Trigo/soja/trigo/soja/trigo 1536 Convencional Trigo/soja/trigo/soja/trigo 1566 Média de rotação em Plantio Direto 1913 (125%) Média de sucessão em Plantio Direto 1698 (111%) Média de sucessão em Plantio Convencional 1534 (100%) Através desses resultados tem-se a confirmação e validação dos resultados obtidos pela pesquisa quais sejam, melhores rendimentos da soja e trigo em plantio direto quando se pratica a rotação de culturas. 44 Portanto, os rendimentos obtidos apresentaram uma maior resposta ao sistema de manejo do solo, no caso o plantio direto, enquanto que o sistema de rotação de culturas também contribuiu para um aumento no rendimento da soja e do trigo. Tomando-se como base o preço médio de produtos agrícolas correspondente aos últimos dez (10) anos no Paraná, constata-se que a renda líquida (Tabela 9) evidencia resultados superiores quando se adota o plantio direto associado à rotação de culturas. Fica evidente que a sucessão trigo/soja em convencional tende a menores rendimentos físicos e econômicos, destacando-se ainda que os rendimentos em plantio direto e rotação de cultura levam à estabilidade de produção. Tabela 9. Renda líquida correspondente aos vários sistemas de produção. Sistema Renda líquida US$/ha Plantio direto Tremoço/milho/aveia**/soja/trigo 321 Trigo/milho/aveia**/soja/trigo 339 Trigo/soja/trigo 315 Plantio convencional 45 Trigo/soja/trigo 164 * Com base na média dos preços dos últimos 10 anos. ** Aveia rolada para cobertura. CONCLUSÕES 1) No sistema de plantio direto ocorreram infiltrações de água superiores em 128% ao sistema convencional. 2) O sistema de plantio direto conduzido em rotação de culturas apresenta, na média, valores significativamente superiores de índice de estabilidade de agregados (IEA) e Diâmetro médio ponderado (DMP) em relação ao preparo convencional em monocultivo. 3) As maiores percentagens de agregados > 2mm foram observados no sistema de plantio direto. 4) O sistema de plantio direto e rotação de cultura favoreceram uma maior percentagem de macroporos e porosidade total do solo. 5) Os sistemas de plantio direto e rotação de culturas incluindo tremoço branco e aveia preta promoveram aumentos significativos nos rendimentos de soja e trigo em relação ao preparo convencional e monocultivo. 6) O plantio direto associado à rotação de cultura promove estabilidade de produção e aumento da renda líquida ao agricultor. PARTICIPAÇÃO Durante a realização dos trabalhos de validação/demonstração de tecnologia houve a contribuição decisiva de várias pessoas e, assim, é muito justo que sejam destacados os técnicos mais diretamente envolvidos. FAZENDA SANTO ANTONIO - Eng. Agr. José Sanches Segura – proprietário - Téc. Agr. Lindolfo Jacinto Jr. – admistrador 46 - Funcionários da propriedade COCAMAR - Eng. Agr. Moacir Ferro - Eng. Agr. José Antoio Borghi - Eng. Agr. Pedro Peres Neto - Eng. Agr. Maurício Grotti Vicente - Eng. Agr. Bernélio José Orsini ZENECA - Eng. Agr. Cleber Veroneze - Eng. Agr. Luiz Antonio Nogueira - Eng. Agr. Francisco Grzesiuk - Eng. Agr. Rubens Bemerguy - Eng. Agr. Ivan Domingos Paghi - Eng. Agr. Felipe D’Ávila Mello Bettamio Guimarães - Eng. Agr. Wladimir C. Chagas - Eng. Agr. Jamil Constantin - Eng. Agr. Werner Schuman IAPAR - Pesq. Ademir Calegari - Pesq. Marcos José Vieira - Pesq. Garibaldi Batista de Medeiros. BIBLIOGRAFIA CALEGARI, A. 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