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Direito das Obrigações 
PROFESSOR DIEGO FORTES - SL IDES 
RESUMO FEITO POR LARISSA MAGALHÃES @MILDLINERZERA (SIGA ON INSTAGRAM) 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Direito das obrigações trata-se de matéria do livro I da parte 
especial, inicia-se a partir do art. 233 até 420, do Código Civil. 
IMPORTÂNCIA DAS OBRIGAÇÕES 
Segundo Fernando de Noronha renomado civilista: o Direito das 
Obrigações disciplina essencialmente três coisas: 
• as relações de intercâmbio de bens entre as pessoas e de 
prestação de serviços (obrigações negociais); 
• a reparação de danos que umas pessoas causem a outras 
(responsabilidade civil em geral, ou em sentido estrito) e; 
• no caso de benefícios indevidamente auferidos com o 
aproveitamento de bens ou direitos de outras pessoas, a 
sua devolução ao respectivo titular (enriquecimento sem 
causa)” 
CONCEITO DE CLÓVIS BEVILAQUA: 
“obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange 
a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra 
economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato 
nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em 
virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou 
omissão”. 
CONCEITO DE FLÁVIO TARTUCE: 
“obrigação é uma relação jurídica transitória existente entre um 
sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor); e cujo 
conteúdo é uma prestação economicamente apreciável. Em caso 
de inadimplemento poderá o credor satisfazer-se no patrimônio 
do devedor”. 
CONCEITO DE PABLO STOLZE: 
“trata-se do conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) 
reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito 
ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de 
cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, 
fazer ou não fazer”. 
ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO 
I) relação jurídica formada por dois ou mais sujeitos; 
II) Existência de vínculo entre os sujeitos; 
III) Finalidade é a satisfação por meio da prestação; 
V) Objeto da obrigação - imediata (classificação): dar, fazer e não 
fazer. 
DIREITO PESSOAL 
No Direito das Obrigações vocês vão conhecer as normas que 
tratam das relações das pessoas entre si, é por isso que o 
Direito das Obrigações é também conhecido como Direito Pessoal. 
CARACTERÍSTICAS DAS OBRIGAÇÕES 
Trata-se de um vínculo jurídico estabelecido entre o credor, como 
sujeito ativo, e o devedor, na posição de sujeito passivo, liame 
este que confere ao primeiro o poder de exigir do último uma 
prestação. 
Vínculos patrimoniais (interesse econômico): impõe ao devedor o 
dever de prestar, isto é, de dar, fazer ou não fazer algo no 
interesse do credor, a quem a lei assegura o poder de exigir tal 
prestação positiva ou negativa. 
Objeto pode ser determinado: são coisas determinadas, 
vinculando sujeito ativo e passivo, tendo em vista que apenas 
aquela prestação poderá ser exigida do devedor. 
Ex: Compra e venda de um Honda Fit, Placa EYC2ANO. 
Objeto determinável: trata-se da venda de coisa incerta, indicada 
ao menos pelo gênero e pela quantidade, que será determinada 
pela escolha. 
Prestação positiva ou negativa: exigem certo comportamento do 
devedor, ao reconhecerem o direito do credor de reclamá-la. 
COMO CAI NA PROVA PROFESSOR? 
Diego, proprietário de uma vaca branca, vendeu-a a seu vizinho, 
Benedito. Celebraram, em 15 de maio de 2020, um contrato de 
compra e venda. Pelo qual Diego deveria receber do comprador a 
quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais) no momento da entrega 
do animal, agendada para um mês após a celebração do contrato. 
Nesse intervalo de tempo, contudo, para surpresa de 
Diego sua vaca branca pariu dois bezerros. 
Desse modo, a quem pertencerá os bezerros nascidos? 
RESPOSTA Os bezerros pertencem a Diego. 
Art. 237 CC/2002 - Nas obrigações de dar coisa certa, até a 
tradição pertence ao devedor a coisa, com seus melhoramentos 
e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o 
credor não concordar, poderá o devedor resolver a obrigação. 
RESPOSTA 
O vendedor tem duas opções: RESOLUÇÃO DA OBRIGAÇÃO 
(extinguir o vínculo obrigacional) ou AUMENTAR O PREÇO. 
 
Obrigação de Dar 
OBRIGAÇÃO DE DAR – AULA 02 
PREVISÃO LEGAL: arts. 233 a 242 do CC/2002) 
O legislador brasileiro manteve-se fiel à técnica romana, dividindo 
as obrigações, em função de seu objeto, em três grupos: 
obrigações de dar, que se subdividem em obrigações de dar coisa 
certa e coisa incerta, obrigações de fazer e obrigações de não 
fazer. 
 
 
Segundo o ilustre doutrinador Carlos Roberto Gonçalves no livro 
“Direito Civil Brasileiro, Teoria Geral das Obrigações”: 
a obrigação de dar é uma obrigação positiva, que consiste na 
prestação, na entrega de uma coisa, seja para lhe transferir a 
propriedade, seja para lhe ceder a posse, seja para restituí-la. 
 
Segundo com Maria Helena Diniz: A obrigação de dar, por si só, 
confere tão somente ao credor mero direito pessoal, e não real, 
visto que o credor só adquirirá o domínio pela tradição da coisa 
pelo devedor. 
 
A obrigação de dar consiste, assim, quer em transmitir a 
propriedade ou outro direito real, quer na simples entrega de 
uma coisa em posse, em uso ou à guarda. 
Exemplo: na compra e venda, que gera obrigação de dar para 
ambos os contratantes, a do vendedor é cumprida mediante 
entrega da coisa vendida, e a do comprador, com a entrega do 
preço. 
FORMAS DE PRESTAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE DAR 
TRANSCRIÇÃO: É o modo de transmissão de bens imóveis. 
“Art. 1.227, CC: Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou 
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro 
no Cartório de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), 
salvo os casos expressamente neste Código. 
 
Enquanto não se transcreve o título de transação da 
propriedade, o alienante continua a ser havido como dono do 
imóvel e responde sobre seus encargos. 
 
TRADIÇÃO: 
Modo de entrega de bem móveis. 
“Art. 1226, CC: Os direitos reais sobre coisas móveis, quando 
constituídos ou transmitidos, por atos entre vivos, só se adquirem 
com a tradição.” 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
• Coisa certa é coisa individualizada, que se distingue das 
demais por características próprias, móvel ou imóvel. 
• E, se é assim, o credor não está obrigado a receber outra 
coisa senão aquela descrita no título da obrigação. 
• OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
• Exemplo: A venda de determinado automóvel, é negócio que 
gera obrigação de dar coisa certa, pois um veículo distingue 
se de outros pelo número do chassi, do motor, da placa etc. 
• OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
• Outros exemplos: compra de um quadro 
específico de um pintor célebre; 
• Ou até mesmo a compra de um imóvel 
localizado em determinada rua e número. 
OS ACESSÓRIOS E A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
• Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os 
acessórios dela embora não mencionados, salvo se o 
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
• Exemplo: obrigando-se a transferir a propriedade da casa, 
estarão incluídas as benfeitorias realizadas (acessórias da 
coisa principal), se o contrário não resultar do contrato ou 
das próprias circunstâncias. 
PERDA DA COISA CERTA 
“Art. 234, CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se 
perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a 
condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas às 
partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá 
este pelo equivalente mais perdas e danos.” 
DETERIORAÇÃO (PREJUÍZO PARCIAL) DA COISA CERTA 
 
SEM CULPA DO DEVEDOR Art. 235, CC: Deteriorada a coisa, 
não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a 
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço ou valor que 
perdeu. 
COM CULPA DO DEVEDOR “Art. 236, CC: Sendo culpado o 
devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa 
no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou 
outro caso, indenização das perdas e danos”. 
DIREITO AOS MELHORAMENTOS E ACRESCIDOS 
Na obrigaçãode entregar, a coisa continuará pertencendo ao 
devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais 
OBRIGAÇÃO
POSITIVA DE DAR
NEGATIVA: DE 
NÃO FAZER
COISA CERTA
COISA INCERTADE FAZER
poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o 
devedor resolver a obrigação” (CC, art. 237). 
Melhoramento é tudo quanto opera mudança para melhor, em 
valor, em utilidade, em comodidade, na condição e no estado físico 
da coisa. 
Acrescido é tudo que se ajunta, que se acrescenta à coisa, 
aumentando-a. 
Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
A obrigação de restituir é subespécie da obrigação de dar. 
Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do 
devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. Tal modalidade impõe 
àquele a necessidade de devolver coisa que, em razão de 
estipulação contratual, encontra-se legitimamente em seu poder. 
É o que sucede, por exemplo, com o comodatário, o depositário, o 
locatário, o credor pignoratício e outros, que devem restituir ao 
proprietário, nos prazos ajustados, ou no da notificação quando a 
avença for celebrada por prazo indeterminado, a coisa que se 
encontra em seu poder por força do vínculo obrigacional. 
SEM CULPA 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem 
culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor 
a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos 
até o dia da perda. 
Exemplo: Se alguém aluga um imóvel no dia 01, e este perece em 
razão de um incêndio no dia 15, sem culpa do inquilino (locatário), o 
contrato de locação estará extinto, devendo o locatário devolver 
o imóvel, mas terá que pagar 15 dias de aluguel (direito do locador 
até o dia da perda do imóvel). 
COM CULPA 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá 
este pelo equivalente, mais perdas e danos. 
Exemplo: Se alguém aluga um imóvel, e este perece em razão de 
um incêndio ocasionado por culpa do inquilino (locatário), o locatário 
deverá indenizar o locador em relação ao valor do imóvel 
(“equivalente”), e todos os demais prejuízos (perdas e danos). 
 
Obrigação de Dar Coisa Incerta 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA – AULA 03 
• PREVISÃO LEGAL: art. 243 ao 246 do Código Civil. 
• ART. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo 
gênero e pela quantidade. 
• Nesta espécie de obrigação a coisa não é única, singular, 
exclusiva e preciosa como na obrigação de dar coisa certa, 
mas sim é uma coisa genérica determinável pelo gênero e 
pela quantidade. 
• Ao invés de uma coisa determinada/certa, 
• temos aqui uma coisa determinável/incerta (ex: cem sacos 
de café; dez vacas, um carro popular, etc). 
OBJETO 
• Tal coisa incerta, indicada apenas pelo gênero/espécie e pela 
quantidade no início da relação obrigacional, vem a se tornar 
determinada por escolha no momento do pagamento. 
• Objeto é determinado pelo gênero e pela quantidade. Falta 
determinar somente a qualidade do café. Enquanto tal não 
ocorre, a coisa permanece incerta. 
• Não pode ser objeto de prestação, por exemplo, a de 
“entregar sacas de café”, por faltar a quantidade, bem 
como a de entregar “dez sacas”, por faltar o gênero. 
• Desse modo, nota-se que coisa incerta não é coisa 
totalmente indeterminada, mas uma parcialmente 
determinada, suscetível de completa determinação 
oportunamente, mediante a escolha da qualidade ainda não 
indicada. 
PRINCIPAL CARACTERÍSTICA 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves: “a principal característica 
dessa modalidade de obrigação reside no fato de o objeto ou 
conteúdo da prestação, indicado genericamente no começo da 
relação, vir a ser determinado por um ato de escolha, no instante 
do pagamento objeto determinado.” 
EXEMPLO Se João deve cem laranjas a José, estas frutas 
precisam ser escolhidas no momento do pagamento para serem 
entregues ao credor. 
A COISA INCERTA PODE SE TRANSFORMAR EM COISA CERTA? 
REPOSTA: Pode-se dizer que a obrigação de dar coisa incerta 
sempre será transitória. Com efeito, haverá um momento em 
que a incerteza em relação ao objeto cessará, transmudando-se 
a natureza da obrigação para a de dar coisa certa, ou seja, 
aquela em que o objeto da prestação é determinado. 
ESCOLHA 
Esta escolha chama-se juridicamente de concentração: é o 
processo de escolha da coisa devida, de média qualidade, feita via 
de regra pelo devedor. 
A concentração/escolha implica também em separação, 
pesagem, medição, contagem e expedição da coisa, conforme o 
caso. 
PROFESSOR A QUEM CABE A ESCOLHA???? Segundo o 
art. 244 do Código Civil: “Nas coisas determinadas pelo gênero e 
pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário 
não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa 
pior, nem será obrigado a prestar a melhor”. 
EXEMPLO Antônio deve entregar cinco ovelhas de seu 
rebanho a José. No caso de a escolha ficar a cargo de 
Antônio é natural que escolha as cinco piores ovelhas do 
rebanho, enquanto se estivesse a cargo de José, este 
escolheria as cinco melhores. Nesse caso, é necessário que se 
guarde o meio-termo no momento da escolha, ou seja, as ovelhas 
a serem escolhidas não deverão ser a melhores, nem tão 
pouco as piores. 
1. Cabe, em regra, ao devedor. 
O devedor, naturalmente, é o titular do direito de escolha. O que 
significa dizer que na ausência de acordo, presume-se que a 
escolha cabe ao devedor. 
2. Poderá caber ao credor. 
São duas as hipóteses em que o direito de escolha será 
transferido ao credor: quando o devedor não exercê-lo ao tempo 
da tradição, ou ainda, quando avençado entre as partes. 
3. Poderá ficar a cargo de terceiro. 
Na hipótese em que ambos os sujeitos da relação obrigacional 
omitirem-se à escolha, poderá um terceiro imparcial fazê-la, 
desde que haja a anuência das partes. 
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA NO CC/02 
Art. 245 do Código Civil: “Cientificado da escolha o credor, 
vigorará o disposto na Seção antecedente”. 
Art. 246 do Código Civil 
• “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda 
ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou 
caso fortuito”. 
• Se a coisa se perder ANTES DA ESCOLHA , não se 
poderá alegar culpa ou força maior. Só a partir do 
momento da escolha é que ocorrerá a individualização e 
a coisa passará a aparecer como objeto determinado 
da obrigação. 
COMO ASSIM PROFESSOR???? NÃO ENTENDI . Se João 
deve cem laranjas a José não pode deixar de cumprir a obrigação 
alegando que as laranjas estragaram, pois cem laranjas são cem 
laranjas, e se a plantação de João se perdeu ele pode comprar 
as frutas em outra fazenda ou no 
mercado. 
 
Obrigações de Dar Envolvendo 
Prestações Especiais 
OBRIGAÇÕES DE DAR ENVOLVENDO PRESTAÇÕES ESPECIAIS 
– AULA 04 
PRESTAÇÕES PECUNIÁRIAS. 
PREVISÃO LEGAL: arts. 315 e 318, Código Civil 
ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO 
 “o pagamento em dinheiro consiste, assim, na modalidade de 
execução obrigacional que importa a entrega de uma quantia de 
dinheiro pelo devedor ao credor, com liberação daquele. É um 
modo de pagamento que deve realizar-se, em princípio, em 
moeda corrente, no lugar do cumprimento da obrigação, onde 
esta deverá cumprir-se , art. 916 do código de 1916” 
ENTENDIMENTO SEGUNDO CÓDIGO DE 1916 
Tal código permitia que o pagamento das obrigações 
pecuniárias fosse feito em determinada espécie de 
moeda, nacional ou estrangeira, e, inclusive, por meio 
de ouro e prata. 
AVANÇO OU RETROCESSO? Em 27 de novembro de 1933, 
por meio da edição do Decreto n. 23.501, proibiram-se as 
estipulações de pagamento em ouro, ou qualquer outra moeda 
estrangeira, em detrimento da moeda nacional. 
De acordo com o Decreto-Lei n. 857, de 1969, passou a admitir, 
todavia, apenas em caso excepcional, a utilização de moeda 
estrangeira nos contratos internacionais. 
O QUE É CONTRATO INTERNACIONAL? 
Tem como exemplo de contrato internacional aquele realizadoatravés de importação e exportação de serviços ou mercadorias. 
SE HOUVER INADIMPLEMENTO PODERÁ OCORRER 
JUROS NESTE CASO DE PAGAMENTO EM MOEDA 
ESTRANGEIRA? De acordo com o Decreto-Lei n. 857, de 11 de 
setembro de 1969, e o art. 6.º da Lei n. 8.880, de 27 de maio de 
1994 as operações e os contratos internacionais não estão 
sujeitos à obrigatoriedade de serem corrigidos pelo Índice de 
Preços ao Consumidor — IPCr. 
O QUE ISSO QUER DIZER? Segundo Pablo Stolze, o que se 
pode compreender dos dispositivos destacados acima é que a 
correção monetária da obrigação quando ocorrida fora do Brasil 
poderá ser feita em moeda estrangeira. 
AFINAL, A OBRIGAÇÃO EM PECÚNIA DEVE SER EM 
QUAL MOEDA? Regra geral da obrigatoriedade do pagamento 
em moeda corrente nacional, que tem curso forçado, para as 
obrigações exequíveis no Brasil, ressalvadas, apenas, as relações 
contratuais de natureza internacional. 
Em qual modalidade obrigacional está enquadrado o dinheiro? 
Pode-se dizer que dinheiro é coisa? 
Na concepção dicionarizada: dinheiro é meio de troca 
convencional, na forma de moedas ou cédulas, usado na compra 
de bens, serviços, força de trabalho, divisas estrangeiras, emitido 
e controlado pelo governo de cada país, que é o único que pode 
emiti-lo e fixar seu valor. 
Desta forma, fica claro que dinheiro não é coisa. 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
MARIA HELENA DINIZ E ORLANDO GOMES dizem que 
prestação pecuniária é objeto da obrigação de soma de valor, 
modalidade especial referente a atividade de dar, pois dinheiro 
não é coisa. 
PABLO STOLZE GAGLIANO E RODOLFO PAMPLONA 
FILHO, ASSIM COMO ÁLVARO VILLAÇA, acreditam se 
tratar de obrigação autônoma, simplesmente de dar dinheiro 
(obrigação pecuniária). 
CARLOS ROBERTO GONÇALVES também acredita se tratar 
de obrigação pecuniária, ou de entregar dinheiro. 
Segundo o autor, "é, portanto, espécie particular de obrigação de 
dar. Tem por objeto uma prestação em dinheiro e não uma 
coisa.’’. 
Percebe-se, portanto, que, para a maior parte da doutrina, as 
dívidas em dinheiro correspondem à atividade de dar - entregar. 
Desta forma, tem-se que o objeto presente na maioria das 
relações obrigacionais, pelo qual milhares de pessoas disputam 
todos os dias no Judiciário e na vida comum, acaba por ser pouco 
trabalhado na classificação sistemática da doutrina e pela 
jurisprudência. 
ART. 315 DO CÓDIGO CIVIL 
“As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em 
moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos 
subsequentes” 
Desse artigo pode-se dizer que é por meio do princípio do 
nominalismo que regula as denominadas dívidas de dinheiro. 
VALOR NOMINAL? 
CARLOS ROBERTO GONÇALVES, afirma que: “De acordo com o 
referido princípio, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se 
entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou no 
título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que 
desvalorizada pela inflação, ou seja, mesmo que a referida 
quantidade não seja suficiente para a compra dos mesmos bens 
que podiam ser adquiridos, quando contraída a obrigação” 
DÍVIDAS DE VALOR 
De acordo com o ilustre doutrinado ÁLVARO VILLAÇA: “Também 
é, indiscutivelmente, dívida de valor a indenização devida em razão 
das desapropriações. 
O Poder Público expropriante, por exigência constitucional (art. 
5.º, inc. XXIV), há que pagar ao expropriado prévia e justa 
indenização, o que quer dizer que o valor do bem expropriado, 
obtido mediante avaliação, é que se faz devido, e não, 
meramente, o valor inicial depositado no processo por esse Poder 
Público. 
ART. 317 DO CC/2002 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier 
desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o 
do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da 
parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da 
prestação. 
O dispositivo mencionado acima dá poderes ao juiz para corrigir o 
valor econômico do contrato, se motivos imprevisíveis, 
supervenientes, tornarem manifestamente desproporcional o 
valor da prestação devida, em cotejo com aquele pactuado ao 
tempo da celebração do negócio. 
ART. 318 DO CC/2002 
São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda 
estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o 
valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos 
na legislação especial. 
Obrigações De Fazer 
OBRIGAÇÕES DE FAZER – AULA 05 
FUNDAMENTOS Artigos 247 a 249 e 881 do Código Civil 🞇 
Artigos 495 e 501 do Código de Processo Civil. 
CONCEITO 
A obrigação de fazer vem diante de uma conduta humana que 
tem por objetivo um serviço, baseando-se em uma espécie de 
obrigação positiva pela qual o devedor se compromete a praticar 
algum serviço lícito em benefício do credor. 
Nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade 
do devedor. 
A atividade pode ser física ou material como lavar um automóvel 
ou fazer um vaso de barro. 
OBRIGAÇÃO DE DAR X DE FAZER 
Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é uma coisa, 
na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço. 
Exemplo: professor ministrar uma aula, advogado redigir uma 
petição, cantor fazer um show, pedreiro construir um muro, 
médico realizar uma consulta, etc 
SE EU QUERO COMPRAR UM QUADRO E ENCOMENDO A 
UM ARTISTA, A OBRIGAÇÃO SERÁ DE FAZER OU DE 
DAR? Se o quadro já estiver pronto à obrigação será de dar, se 
ainda for confeccionar o quadro a obrigação será de fazer. 
FUNGIVEL: quando o serviço puder ser prestado por uma 
terceira pessoa, diferente do devedor, ou seja, quando o devedor 
for facilmente substituível, sem prejuízo para o credor, a 
obrigação é fungível. 
EXEMPLO Caso pedreiro, eletricista, mecânico, não possam 
fazer o serviço e mandem um substituto, a princípio para o 
credor não há problema. 
OBRIGAÇÃO DE FAZER 
“ART. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será 
livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo 
recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, 
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar 
executar o fato, sendo depois ressarcido” 
INFUNGÍVEL: ao credor só interessa que o devedor, pelas suas 
qualidades pessoais, faça o serviço. Chama-se esta espécie de 
obrigação de personalíssima ou intuitu personae ( = em razão da 
pessoa). 
São as circunstâncias do caso e a vontade do credor que 
tornarão a obrigação de fazer fungível ou não. 
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER 
“ART. 248, CC: Se a prestação do fato tornar-se impossível 
sem culpa do devedor, resolverse-á a obrigação; se por culpa 
dele responderá por perdas e danos.” 
INADIMPLEMENTO SEM CULPA 
Um palhaço foi contratado para animar um aniversário de 
criança, e, no dia do evento, foi vítima de um sequestro, a 
obrigação extingue-se por força do evento fortuito. 
INADIMPLEMENTO COM CULPA 
O mesmo palhaço contratado para animar a festa, acidentou-se 
porque, dirigia seu veículo alcoolizado e em alta velocidade. 
Se isso ocorrer, o descumprimento obrigacional decorreu de sua 
imprudência, razão pela qual deverá ser responsabilizado. 
TUTELA JURÍDICA ESPECÍFICA 
O CDC garante, em diversos dispositivos, o direito do consumidor 
à tutela específica quando não cumpre a obrigação por culpa, 
inclusive do adimplemento contratual, em razão da natureza 
obrigacional inerente às lides individuais consumeristas. 
ART. 18, 19, 35 E 84 DO CDC. 
Em complemento ao CDC o Código de Processo Civil, passou a 
conter também um Capítulo específico, dentro do Título destinado 
ao” Cumprimento de Sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa”, 
especificamente, nos arts. 536 e 537. 
Portanto, há de ser feita uma interpretação mais lógica do art. 
248 do CC/2002, ou seja, tal regra somente podeser aplicada 
quando não é mais possível o cumprimento da obrigação ou, não 
tendo o credor mais interesse na sua realização — ante o 
inadimplemento do devedor —, o autor da ação assim o 
pretender. 
Mas se a obrigação ainda é possível de se cumprir, deve a ordem 
jurídica buscar satisfazer o credor com a efetiva prestação 
pactuada, proporcionando, na medida do praticamente possível, 
que quem tem um direito receba tudo aquilo e precisamente 
aquilo que tem o direito de obter, e não impor indenizações 
equivalentes, haja vista que isso não realiza o bem da vida 
pretendido. 
A busca da tutela específica não exclui a indenização pelas 
perdas e danos ocorridos até a data da realização concreta da 
obrigação de fazer submetida à apreciação judicial. 
Por outro lado, a conversão da obrigação de fazer em perdas e 
danos poderá ocorrer nos termos do art. 499 do Código de 
Processo Civil de 2015. 
QUADRO DO DESCUMPRIMENTO 
 
Obrigações De Não Fazer 
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER – AULA 06 
FUNDAMENTO: Artigos 250, 251 e 881 do Código Civil. 
CONCEITO 
A obrigação de não fazer, ou negativa, impõe ao devedor um 
dever de abstenção: o de não praticar o ato que poderia 
livremente fazer, se não se houvesse obrigado. 
CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 
Abstenção, permissão ou tolerância, impedindo que o devedor 
pratique determinado ato que, normalmente, não lhe seria 
vedado. 
Diferente da obrigação de fazer, a obrigação de não fazer será 
sempre personalíssima, não podendo ser realizada por terceiros. 
EXEMPLOS Trata-se do caso da proibição de alguém construir 
acima de determina altura. 
Cláusula de Raio - Shopping Center. 
A cabeleireira alienante que se obriga a não abrir outro salão 
de beleza no mesmo bairro. 
E se praticarem o ato professor? 
Se praticarem o ato que se obrigaram a não praticar, tornar-se-
ão inadimplentes, podendo o credor exigir, com base no art. 251 
do Código Civil, o desfazimento do que foi realizado. 
Há algum limite nessa obrigação professor? 
Devem ser respeitados certos limites, não sendo licitas 
convenções em que se exija sacrifício excessivo da liberdade do 
devedor ou que atentem contra os direitos fundamentais da 
pessoa humana. 
SEGUNDO PABLO STOLZE: “não serão consideradas lícitas as 
obrigações de não fazer que violem princípios de ordem pública e 
vulnerem garantias fundamentais”. 
EXEMPLOS O ser humano não pode ser obrigado: a suportar 
indefinidamente determinado ônus; a obrigação de não sair à 
rua; a obrigação de não casar, namorar; a obrigação de não 
trabalhar, dentre outras. 
DESCUMPRIMENTO CABE PENA 
PECUNIÁRIA? De acordo com Código de Processo Civil: 
“Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da pratica 
de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar 
coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o 
caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória 
de tutela”. 
 (Arts. Artigo 536 ao 538 CPC/15)”. 
EXEMPLO Trata-se do caso em que proprietário de imóvel rural 
que se obrigou a permitir que terceiro o utilize para caçar, 
pescar, plantar, etc... 
E, também do dono do prédio, a tolerar que nele entre o vizinho 
para reparar ou limpar o que lhe pertence. 
INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
“ART. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se 
obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se 
desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Paragrafo único: Em caso de urgência, poderá o credor desfazer 
ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, 
sem prejuízo do ressarcimento devido”. 
Portanto, se o devedor realiza o ato, não cumprindo o dever de 
abstenção, pode o credor exigir que ele o desfaça, sob pena de 
ser desfeito à sua custa, além da indenização de perdas e danos. 
O devedor encontra-se em mora desde o dia em que executa o 
ato de que deveria abster-se. 
EXEMPLO Se alguém se obriga a não construir um muro, a 
outra parte pode, desde que a obra é realizada, exigir, com o 
auxílio da Justiça, que seja desfeita e, no caso de recusa, mandar 
desfazê-lá à custa do inadimplente, reclamando as perdas e 
danos que possam ter resultado do mencionado ato. 
MORA 
A mora, nas obrigações de não fazer, é presumida APENAS pelo 
descumprimento do dever de abstenção, independente de 
qualquer intimação. 
Ou seja, de acordo com art. 251 do CC ou o devedor desfaz 
pessoalmente o ato, respondendo por perdas e danos, ou poderá 
vê-lo desfeito por terceiro, por determinação judicial, pagando 
ainda perdas e danos. 
EXISTE ALGUM CASO QUE O DEVEDOR NÃO CONSEGUIRÁ 
VER DESFEITO O ATO E TERÁ APENAS PERDAS E DANOS? 
Há casos em que só resta ao credor esse caminho, como na 
hipótese de alguém divulgar um segredo industrial que prometera 
não revelar. Feita a divulgação, não há como pretender a 
restituição das partes ao status quo ante. 
SOBRE A TUTELA ESPECÍFICA TEM SEMELHANÇA COM A 
OBRIGAÇÃO DE FAZER? 
Da mesma forma que as obrigações de fazer, o que deve ser 
levado em consideração é se é possível (ou não) restituir as 
coisas ao status quo ou, mesmo assim, se o credor tem interesse 
em tal situação. 
Sendo possível, e havendo interesse do credor, pode este 
demandar judicialmente o cumprimento da obrigação de não 
fazer, sem prejuízo das perdas e danos, até o desfazimento do 
ato que o devedor se obrigou a não fazer, com base no art. 251 
do Código Civil de 2002. 
Sendo impossível, cabe apenas perdas e danos. 
DESCUMPRIMENTO FORTUITO (NÃO CULPOSO) 
Segundo o art. 250 do cc: “extingue-se a obrigação de não fazer, 
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-
se do ato, que se obrigou a não praticar”. 
EXEMPLO Trata-se do caso da pessoa que se 
obrigou a não construir um muro em seu imóvel, 
a fim de não prejudicar a vista do vizinho, mas 
em razão de determinação do poder público, 
que modificou toda estrutura urbanística municipal, foi forçado a 
realizar a obra que prometera não fazer. 
Das Obrigações Alternativas 
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS – AULA 07 
PREVISÃO LEGAL Código Civil - artigos 252 a 256. 
CARACTERÍSTICAS GERAIS 
Havendo pluralidade de prestação, a obrigação é complexa ou 
composta e se desdobra, então, nas seguintes modalidades: 
obrigações alternativas, obrigações facultativas e obrigações 
cumulativas. 
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
SEGUNDO ORLANDO GOMES: “A obrigação alternativa pode 
ter como objeto duas ou mais prestações, que se excluem no 
pressuposto de que somente uma delas deve ser satisfeita 
mediante escolha do devedor, ou do credor. Neste caso, a 
prestação é devida alternativamente” 
Nessa modalidade o objeto pode recair entre duas ou mais coisas, 
entre dois ou mais fatos, ou até entre uma coisa e um fato. 
EXEMPLO 
Diego, devedor, libera-se pagando um touro reprodutor ou um 
carro a Caio, credor. 
Porém nada impede, que as prestações sejam, na perspectiva da 
classificação básica, de natureza diversa: a entrega de uma joia 
ou a prestação de um serviço. 
Qual a diferença entre obrigação de dar coisa incerta e 
alternativa? 
Teoricamente, é possível fazer a distinção entre obrigações de 
dar coisa incerta e alternativas. 
As primeiras são determinadas pelo gênero, e somente são 
individualizadas no momento em que se cumpre a obrigação; as 
segundas, por sua vez, têm por objeto prestações específicas, 
excludentes entre si. 
ALTERNATIVA 
As prestações são múltiplas, mas, efetuada a escolha, quer pelo 
devedor, quer pelo credor, individualiza-se a prestação e as 
demais ficam liberadas, como se, desde o início, fosse a única 
objetivada na obrigação. 
A QUEM CABE A ESCOLHA? “Art. 252. Nas obrigações 
alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se 
estipulou”. 
Assim como na obrigação de dar coisa incerta, como regra geral, 
o direito de escolha cabe ao devedor, se o contrárionão houver 
sido estipulado no título da obrigação. 
MAS ESSA REGRA GERAL PODE MUDAR 
PROFESSOR? SIM, respeitando os parágrafos do art. 252: 
1) embora a escolha caiba ao devedor (quando não houverem 
estipulado antecipadamente), o credor não está obrigado a 
receber parte em uma prestação e parte em outra (princípio da 
indivisibilidade do objeto); 
MAS ESSA REGRA GERAL PODE MUDAR PROFESSOR? 
1) Se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de 
escolha poderá ser exercido em cada período; 
EXEMPLO: pagamento parcelado; tenho dois objetos: 
R$1.000 por mês ou um carro. 
1º mês o credor escolhe mil reais 
2º mês com a demora do pagamento, o credor escolhe o 
carro. 
 
2) No caso de haver pluralidade de optantes (como, por 
exemplo, um grupo de devedores com direito de escolha), 
não tendo havido acordo unânime entre eles, a decisão 
caberá ao juiz, após expirar o prazo judicial assinado para 
que chegassem a um entendimento (suprimento judicial da 
manifestação de vontade); 
 
3) O juiz deverá escolher a prestação a ser cumprida, se o 
título da obrigação houver deferido esse encargo a um 
terceiro, e este não quiser ou não puder exercê-lo. 
QUAL O PRAZO DE ESCOLHA? 
“Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber 
ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a 
prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi 
determinado em lei ou em contrato. 
§ 1.º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a 
exercer no prazo determinado. 
§ 2.º A escolha será indicada na petição inicial da execução 
quando couber ao credor exercê-la”. 
INADIMPLEMENTO SEM CULPA – ESCOLHA DO DEVEDOR 
Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do 
devedor, extinguir-se-á a obrigação. 
EXEMPLO: uma enchente destruiu o carro e matou o touro 
reprodutor, que compunham o núcleo da obrigação alternativa 
(art. 256 do CC/2002). 
INADIMPLEMENTO COM CULPA – ESCOLHA DO DEVEDOR 
Se a impossibilidade de todas as prestações alternativas decorrer 
de culpa do devedor, não competindo a escolha ao credor, ficará 
aquele obrigado a pagar o valor da prestação que por último se 
impossibilitou, mais as perdas e danos (art. 254 do CC/2002). 
EXEMPLO Diego obriga-se a entregar a CAIO um computador ou 
uma impressora a laser, à sua escolha (do devedor). Ocorre que, 
por negligência, o devedor danifica o computador e, em seguida, 
destrói a impressora. Neste caso, deverá pagar ao credor o 
valor da impressora a laser (objeto que por último se danificou), 
mais as perdas e danos. 
INADIMPLEMENTO COM CULPA - ESCOLHA DO CREDOR 
Se a impossibilidade de todas as prestações alternativas decorrer 
de culpa do devedor, mas a escolha couber ao credor, poderá 
este reclamar o valor de qualquer das prestações, mais as 
perdas e danos (art. 255, segunda parte, do CC/2002). 
INADIMPLEMENTO PARCIAL 
E o que dizer se a impossibilidade não for total, ou seja, atingir 
apenas uma das prestações? 
Nesse caso, se não houver culpa do devedor, a obrigação, 
consoante vimos acima, concentra-se na prestação 
remanescente (art. 253 do CC/2002). 
INADIMPLEMENTO PARCIAL COM CULPA - ESCOLHA DO 
DEVEDOR 
Da mesma forma, se a prestação se impossibilitar por culpa do 
devedor, não competindo a escolha ao credor, poderá o débito 
ser concentrado na prestação remanescente (art. 253 do 
CC/2002). 
INADIMPLEMENTO PARCIAL COM CULPA - ESCOLHA DO 
CREDOR 
Entretanto, se a prestação se impossibilitar por culpa do 
devedor, e a escolha couber ao credor, este terá direito de exigir 
a prestação subsistente ou o valor da que se impossibilitou, mais 
as perdas e danos (art. 255, primeira parte, do CC/2002). 
Obrigações Facultativas e 
Cumulativas 
OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS E CUMULATIVAS – AULA 08 
CARACTERÍSTICAS GERAIS 
Não se deve, confundi-la com as obrigações alternativas, 
estudadas na aula anterior. 
Nestas, a obrigação tem por objeto duas ou mais prestações que 
se excluem alternativamente. Trata se, portanto, de obrigações 
com objeto múltiplo. 
Já na facultativa há apenas um objeto. 
EXEMPLO O devedor A obriga-se a pagar a quantia de R$ 
10.000,00, facultando-se-lhe, todavia, a possibilidade de substituir 
a prestação principal pela entrega de um carro usado. 
CONCEITO 
Trata-se de obrigação simples, em que é devida uma única 
prestação, ficando, porém, facultado ao devedor, e só a ele, 
exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e 
predeterminada. 
Essa espécie oferece aspecto singular. 
Nela o objeto da prestação é determinado: o devedor não deve 
outra coisa, o credor outra coisa não pode pedir; mas, por uma 
derrogação ao rigor da obrigação, pode o devedor pagar coisa 
diversa daquela que constitui objeto da dívida. 
O Código Civil brasileiro não trata das obrigações facultativas, 
visto que, praticamente, não deixam elas de ser alternativas, 
para o devedor, e simples para o credor, que só pode exigir 
daquele o objeto principal. 
SEGUNDO ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO , vista a obrigação 
facultativa pelo prisma do credor, que pode, tão somente, exigir 
o objeto da prestação obrigatória, seria ela simples (um único 
objeto sendo exigido por um único credor de um único devedor). 
Observada pelo ângulo do devedor, que pode optar entre a 
prestação do objeto principal ou do facultativo, mostra-se ela 
como uma obrigação alternativa sui generis. 
OBJET0 
Como o dever de prestar tem por objeto prestação determinada, 
o credor nunca poderá exigir a prestação posta em alternativa. 
Mas terá de aceitá-la, se o devedor optar por ela no momento 
do cumprimento, sob pena de incorrer em mora. 
É aquela cujo objeto da prestação é único, mas confere ao 
devedor o direito excepcional de substitui-lo por outro. 
E SE O OBJETO SE PERDER NESSA OBRIGAÇÃO? Se 
perece o primeiro e principal objeto (não sendo o facultado), sem 
culpa do devedor, resolve-se o vínculo obrigacional, não podendo o 
credor exigir a prestação acessória. 
EXEMPLO Assim, por exemplo, se o devedor se obriga a 
entregar um animal, ficando-lhe facultado substituí lo por um 
veículo, e o primeiro (único objeto que o credor pode exigir) é 
fulminado por um raio, vindo a falecer, extingue-se por inteiro a 
obrigação daquele, não podendo este exigir a outra prestação, ou 
seja, a entrega do veículo. 
Se a impossibilidade, se referir à segunda prestação, a obrigação 
manter-se-á em relação à prestação devida, apenas 
desaparecendo para o devedor a possibilidade prática de 
substituí-la por outra. 
CONCLUSÃO DA OBRIGAÇÃO 
FACULTATIVAS 
a) O credor só pode pedir a coisa propriamente devida; 
b) perecendo a coisa devida, na obrigação facultativa fica o 
devedor inteiramente desonerado; a obrigação fica igualmente 
sem objeto; 
c) Perecendo a coisa que poderia ser substituída a obrigação 
continua sendo devida. 
OBRIGAÇÃO CUMULATIVA 
• Na modalidade especial de obrigação composta, denominada 
cumulativa ou conjuntiva, há uma pluralidade de prestações e 
todas devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer delas, 
sob pena de se haver por não cumprida. 
• Nela há tantas obrigações distintas quantas as prestações 
devidas. 
• Pode-se estipular que o pagamento seja simultâneo ou 
sucessivo, mas o credor não pode ser compelido “a receber, 
nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se 
ajustou”. 
• O devedor tem que cumprir todas as atividades do acordado 
para ter cumprido enfim a obrigação. 
• Em caso de inadimplemento, caberá ação de execução da 
obrigação cumulativa de fazer. 
• Se impossível com culpa: perdas e danos. 
 
OBRIGAÇÃO CUMULATIVA 
Na obrigação cumulativa, também denominada obrigação 
conjuntiva, as prestações devidas estão ligadas pela partícula “e”, 
como na obrigação de entregar um veículo e um animal. 
Ou seja, os dois, cumulativamente. Efetiva-se o seu cumprimento 
somente pela prestação de todos eles. 
É o queocorre quando alguém se obriga a entregar uma casa e 
certa quantia em dinheiro. 
Note-se que as prestações, mesmo diversas, são cumpridas 
como se fossem uma só, e encontram-se vinculadas pela 
partícula conjuntiva “e”. 
Nesses casos, o devedor apenas se desobriga cumprindo todas 
as prestações. 
DICA! ! ! ! ! Ler acórdão e votos do julgamento do RESP 
1.074.323/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha. 
Ausência de culpa por parte do devedor - Inexistência, 
portanto, de título executivo para cobrança de 
obrigação alternativa - Execução extinta - Recurso dos 
embargantes provido para esse fim. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - Pretensão à fixação 
conforme pactuado extrajudicialmente pelas partes - 
Impossibilidade - Aplicação das regras do art. 20 do CPC 
- Recurso do embargado não provido." (fls. 538) 
Obrigações Solidárias 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – AULA 09 
PREVISÃO LEGAL: 264-285 do CC 
Deve-se compreender que há solidariedade quando, na mesma 
obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com 
direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de 
devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade 
passiva). 
CONCEITO 
LACERDA DE ALMEIDA: “A solidariedade perfeita consiste 
pois na figura jurídica de uma obrigação única com pluralidade de 
sujeitos, cada um dos quais é como se fosse único credor ou 
único devedor”. 
Segundo a dicção do Art. 264. “Há solidariedade, quando na 
mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um 
devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda”. 
EXEMPLO DO PROFESSOR 
Sindy, Diego e Thiago são credores de João. 
Sindy pode cobrar a dívida total de João e depois repassar o 
resto para Diego e Marcos, se não repassar os outros credores 
podem entrar com uma ação de regresso. 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS NÃO SE PRESUMEM 
 
ART. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da 
vontade das partes. 
 
Assim, não havendo norma legal ou estipulação negocial 
expressa que estabeleça a solidariedade, o juiz não poderá 
presumi-la. 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – LEI 
Solidariedade por lei é o que acontece com os pais, tutores, 
curadores, que são solidariamente responsáveis pelos 
causadores do dano (filhos, tutelados, curatelados). 
 
EXEMPLO Filha do Diego brincando quebrou uma janela. Diego e a 
filha são colocados no polo passivo, ou seja, Diego é devedor 
solidário. 
SOLIDARIEDADE ATIVA 
Pactuada a solidariedade ativa entre três credores, o devedor, 
cobrado por apenas um deles, exonera-se pagando-lhe toda a 
soma devida. Aquele que recebeu o pagamento, por óbvio, 
responderá perante os demais pelas quotas de cada um. 
 
“ART. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir 
do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”. 
 
EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE ATIVA – PACTUADA 
Caio, Diego e João são credores de Danilo. Nos termos do 
contrato, o devedor deverá pagar a quantia de R$ 300.000,00, 
havendo sido estipulada a solidariedade ativa entre os credores 
da relação obrigacional. 
Assim, qualquer dos três credores — Caio, Diego e João — 
poderá exigir toda a dívida de Danilo, ficando, é claro, aquele que 
recebeu o pagamento adstrito a entregar aos demais as suas 
quotas-partes respectivas. 
Note que, se o devedor pagar a qualquer dos credores, exonera-
se. Nada impede, outrossim, que dois dos credores, ou até mesmo 
todos os três, cobrem integralmente a obrigação pactuada. 
REMISSÃO DE DÍVIDA POR UM DOS CREDORES 
ART. 272 do Código Civil: “O credor que tiver remitido a dívida ou 
recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes 
caiba”. 
Nesse caso, assim como ocorre quando recebe o pagamento, o 
credor remitente (que perdoou) responderá perante os demais 
credores pela parte que lhes caiba. 
EXEMPLO A, B e C são credores solidários de D. 
C perdoou toda a dívida de R$ 90.000,00. De tal forma, não 
havendo participado da remissão, os outros credores poderão 
exigir daquele que perdoou (C) as quotas-partes que lhes caibam 
(R$ 30.000,00 para A e R$ 30.000,00 para B). 
CREDORES SOLIDÁRIOS - HERDEIROS 
ART. 270 do CC/2002, segundo a qual: “Se um dos credores 
solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá 
direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao 
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível”. 
EXEMPLO Se Diego que é credor falecer, a filha dele só terá 
direito a exigir e receber a parte do Diego, e não a dívida toda. 
DIREITO DE REGRESSO 
Extinta a obrigação, quer pelo meio direto do pagamento, quer 
pelos meios indiretos, como novação, compensação, transação e 
remissão, responde o credor favorecido, perante os demais, 
pelas quotas que lhes couberem. 
OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA ATIVA 
“ART. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários 
não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, 
sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de 
invocar em relação a qualquer deles”. 
SOLIDARIEDADE PASSIVA 
A solidariedade passiva é quando, em determinada obrigação, 
concorre uma pluralidade de devedores, cada um deles obrigado 
ao pagamento de toda a dívida. 
O que caracteriza essa modalidade de obrigação solidária é 
exatamente o fato de qualquer dos devedores estar obrigado ao 
pagamento de toda a dívida. 
EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE PASSIVA 
A, B e C são devedores de D. Nos termos do contrato, os 
devedores encontram-se coobrigados solidariamente 
(solidariedade passiva) a pagar ao credor a quantia de R$ 
300.000,00. 
Assim, o credor poderá exigir de qualquer dos três devedores 
toda a soma devida, e não apenas um terço de cada um. Nada 
impede, outrossim, que o credor demande dois dos devedores, ou, 
até mesmo, todos os três, conjuntamente. 
 
DIREITO DE REGRESSO 
Assim como ocorre na solidariedade ativa, na passiva a pluralidade 
de devedores encontra-se internamente vinculada, de forma que 
aquele que pagou integralmente a dívida terá ação regressiva 
contra os demais, para haver a quota parte de cada um (art. 
283 do CC/2002). 
RESPONSABILIDADE 
Se a prestação se impossibilitar por dolo ou culpa de um dos 
devedores, todos permanecerão solidariamente obrigados ao 
pagamento do valor equivalente. Entretanto, pelas perdas e danos 
só responderá o culpado (art. 279 do CC/2002). 
HERDEIROS 
“ART. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando 
herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota 
que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a 
obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados 
como um devedor solidário em relação aos demais devedores”. 
EXEMPLO: Diego devedor faleceu e deixou herdeiros. Os 
herdeiros serão responsáveis somente pela quota respectiva. 
 
OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA 
Nada mais do que uma forma especial de solidariedade, com 
benefício ou ordem de preferência de excussão de bens de um 
dos obrigados. 
Tem-se que uma das pessoas tem o débito originário e a outra 
tem apenas a responsabilidade por esse débito. Por isso, existe 
uma preferência (dada pela lei) na “fila” (ordem) de excussão 
(execução). 
No mesmo processo, primeiro são demandados os bens do 
devedor (porque foi ele quem se vinculou, de modo pessoal e 
originário, à dívida); não tendo sido encontrados bens do devedor 
ou não sendo eles suficientes, inicia-se a excussão de bens do 
responsável em caráter subsidiário, por toda a dívida. 
Em simples palavras, não sendo possível executar o efetivo 
devedor — sujeito passivo direto da relação jurídica obrigacional 
—, devem ser executados os demais responsáveis pela dívida 
contraída. 
Afinal de contas, nem sempre quem tem responsabilidade por um 
débito se vinculou originariamente a ele por causa de uma relação 
jurídica principal, como é o exemplo dos fiadores e dos sócios, 
responsabilizados acessoriamente, na forma prevista nos arts. 
794 e 795 do Código de Processo Civil de 2015.Obrigações Divisíveis e Indivisíveis 
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS – AULA 10 
PREVISÃO LEGAL: Art. 257 ao art. 263 do CC 
Em regra geral, obrigação divisível é aquela cuja prestação pode 
ser parcialmente cumprida sem prejuízo de sua qualidade e de 
seu valor. Mas a depender do acordo entre as partes, o devedor 
deve pagar de uma vez só, mesmo que a prestação seja divisível. 
“ART. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor 
em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas 
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”. 
EXEMPLO Se duas pessoas, por exemplo, devem R$ 
200.000,00 a determinado credor, cada qual só está obrigado a 
pagar a sua quota, correspondente a R$ 100.000,00, 
partilhando-se a dívida por igual, entre os dois devedores. 
Se a hipótese for de obrigação divisível com pluralidade de 
credores, o devedor comum pagará a cada credor uma parcela 
do débito, equivalente à sua quota, igual para todos. O devedor 
comum de uma dívida de R$ 200.000,00, por exemplo, deverá 
pagar a cada um dos dois credores a importância de R$ 
100.000,00. 
CARACTERÍSTICAS 
A obrigação divisível têm as seguintes características: a) cada um 
dos credores só tem direito de exigir sua fração no crédito; b) de 
modo idêntico, cada um dos devedores só tem de pagar a própria 
quota no débito; c) se o devedor solver integralmente a dívida a 
um só dos vários credores, não se desobrigará com relação aos 
demais concredores; 
A obrigação divisível têm as seguintes características: d) o credor 
que recusar o recebimento de sua quota, por pretender solução 
integral, pode ser constituído em mora; e) a insolvência de um dos 
codevedores não aumentará a quota dos demais. 
OU SEJA Portanto, se dois devedores prometem entregar duas 
sacas de café, a obrigação é divisível, devendo cada qual uma 
saca. Se, no entanto, os mesmos devedores tiverem a obrigação 
de dar um touro ou uma copo, a obrigação será indivisível, pois 
não podem fracioná-los. 
OBRIGAÇÕES INDIV ISÍVEIS 
“ART. 258 . A obrigação é indivisível quando a prestação tem por 
objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua 
natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão 
determinante do negócio jurídico”. 
PLURALIDADE DE DEVEDORES 
ART. 259 . Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não 
for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Qualquer que 
seja a natureza da indivisibilidade (natural, legal ou convencional), 
se concorrerem dois ou mais devedores, cada um deles estará 
obrigado pela dívida toda. 
PORTANTO, EXISTE SOLIDARIEDADE NESTE CASO??? 
Todavia, o dever imposto a cada devedor de pagar toda a dívida 
não significa que exista solidariedade entre eles, uma vez que, no 
caso, é o objeto da própria obrigação que determina o 
cumprimento integral do débito. 
EXEMPLO Se Diego, Caio e Fabiana obrigam-se a entregar um 
cavalo Manga-larga marchador, qualquer deles, demandado, 
deverá entregar todo o animal. E isso ocorre não 
necessariamente por força de um vínculo de solidariedade 
passiva, mas sim pelo simples fato de que não se poderá cortar 
o cavalo em três, para dar apenas um terço do animal ao credor. 
PLURALIDADE DE CREDORES 
Se a pluralidade for de credores, pelas mesmas razões acima 
mencionadas, poderá qualquer deles exigir a dívida inteira. O 
devedor (ou devedores) se desobrigará (desobrigarão), por sua 
vez, em duas hipóteses (art. 260 do CC/2002). 
a) pagando a todos os credores conjuntamente — nesse 
caso, ao devedor aconselha-se, por cautela, e em 
atenção ao dito popular segundo o qual “quem paga mal 
paga duas vezes”, exigir recibo (quitação), firmado por 
todos os credores. 
b) pagando a um, dando este caução de ratificação dos 
outros credores — nesse caso, pode o devedor pagar 
a apenas um dos credores da obrigação indivisível, 
desde que este apresente uma garantia (caução) de 
que os outros credores ratificam o pagamento. 
E SE UM DOS CREDORES RECEBER A OBRIGAÇÃO 
INDIVISÍVEL POR INTEIRO, O QUE OS OURTROS DEVEM 
FAZER? 
ART. 261. Se um só dos credores receber a prestação por 
inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em 
dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
COMO ASSIM???? DA ONDE VC TIROU I SSO 
PROFESSOR? 
Segundo Pablo Stolze essa regra se justifica pelo fato de que a 
coligação entre os credores decorreu da própria impossibilidade 
de fracionamento da prestação. Se assim ocorreu, os outros 
deverão se contentar com as suas parcelas em dinheiro, caso 
hajam permanecido inertes, sem exigir do devedor o 
cumprimento da sua obrigação 
De acordo com mencionado autor “aquele que demandou o sujeito 
passivo terá, pois, o direito de ficar com a coisa devida”. Para ele 
essa é a solução mais razoável, na falta de outra melhor. 
E SE UM DOS CREDORES NÃO QUISER RECEBER A 
PARTE DELE PROFESSOR? Art. 262. Se um dos credores 
remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os 
outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do 
credor remitente. 
EXEMPLO Diego, Beto e João são credores de Daniel. A 
obrigação (prestação) é indivisível (entrega de um cavalo preto). 
Se Diego perdoar a dívida, Daniel continuará obrigado a entregar 
o animal a Beto e João, embora tenha o direito de exigir que se 
desconte (em dinheiro) a quota do credor que o perdoou (no caso, 
o valor correspondente a 1/3 do valor do animal). 
ART. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se 
resolver em perdas e danos. Desse modo, na obrigação de 
entregar um cavalo, com pluralidade de devedores, se o animal 
perecer por culpa de todos eles, responderão por partes iguais 
pelas perdas e danos devidas ao credor. 
Porém, de acordo com artigo mencionado se a culpa for de 
apenas um, apenas este será civilmente responsabilizado. As 
perdas e danos, no caso, correspondem à indenização devida pelo 
prejuízo causado ao credor em virtude da morte do animal. 
Classificação especial quanto ao 
elemento acidental e conteúdo 
CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL QUANTO AO ELEMENTO 
ACIDENTAL E CONTÉUDO – AULA 11 
OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS (ART. 121 AO 137 DO CC) 
A Condição, o Termo e o Encargo apenas estarão nos negócios 
jurídicos se as partes quiserem, ou seja, pela exclusiva vontade 
deles. 
Trata-se de uma cláusula que pode ser inserida no negócio 
jurídico pela vontade das partes, contendo uma determinação 
acessória, que faz a 
eficácia da vontade declarada dependente de algum 
acontecimento futuro e incerto. 
Ou seja, a obrigação vai ser completa apenas quando acontecer o 
elemento futuro e incerto. 
CONDIÇÃO SUSPENSIVA 
Em referência à condição suspensiva, é preciso recordar 
também que a oposição de cláusula dessa natureza no ato 
negocial subordina não apenas a sua eficácia jurídica (exigibilidade), 
mas, principalmente, os direitos e obrigações decorrentes do 
negócio. 
Não implementada a condição, não se poderá afirmar haver 
direito de crédito a ser satisfeito, de maneira que o pagamento 
efetuado antecipadamente caracteriza espúrio enriquecimento 
sem causa do vendedor. 
Nas obrigações condicionais SUSPENSIVAS, enquanto não se 
implementar a condição, não poderá o credor exigir o 
cumprimento da dívida. 
FUTURO = Não se sabe quando vai ocorrer. 
INCERTO = Não se sabe se vai ocorrer. 
Ocorre quando um pai se obriga a dar ao seu filho um carro, 
quando este se passar no UFMT. 
Quer dizer, se um sujeito celebra um contrato de compra e 
venda com outro, subordinando-o a uma condição suspensiva, 
enquanto esta não se verificar, não se terá adquirido o direito a 
que ele visa (art. 125 do CC/2002). 
O contrato gerará, pois, uma obrigação de dar condicionada. 
CONDIÇÃO RESOLUTIVA 
Essa condição põe fim à eficácia do negócio jurídico. 
Enquanto não se realizar a Condição, o negócio jurídico produzirá 
efeitos, podendo-se exercer os direitos provenientes do negócio 
desde a sua conclusão.Portanto, assim que implementada a Condição o negócio jurídico 
deixará de surtir efeitos e cessarão os seus direitos. 
Exemplo: 
BOLSA DE ESTUDOS = Cessará a bolsa de estudos caso o 
discente tire média abaixo de 07 (sete) no bimestre. 
Evento Futuro e Incerto: Tirar média abaixo de 7 
Implementou a Obrigação: O aluno tirou nota abaixo de 7 
Eficácia do negócio jurídico: se tirar nota abaixo de 7, perderá a 
bolsa. 
OBRIGAÇÕES A TERMO 
Trata-se também de uma espécie de determinação acessória, o 
termo é o acontecimento futuro e certo que subordina o início ou 
o término da eficácia jurídica de determinado ato negocial. 
Ex.: Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 
18 anos de idade. 
No negócio jurídico a termo, pode o devedor cumprir 
antecipadamente a sua obrigação, uma vez que, não tendo sido 
pactuado o prazo em favor do credor, o evento (termo) não 
subordina a aquisição dos direitos e deveres decorrentes do 
negócio, mas apenas o seu exercício. 
Nas obrigações a termo, portanto, em regra, poderá o devedor 
antecipar o pagamento, sem que isso caracterize enriquecimento 
sem causa do credor. 
OBRIGAÇÕES MODAIS/ENCARGO 
De acordo com MARIA HELENA DINIZ, “a obrigação modal é a que 
se encontra onerada com um modo ou encargo, isto é, por 
cláusula acessória, que impõe um ônus à pessoa natural ou 
jurídica contemplada pela relação creditória. 
É o caso, p. ex., da obrigação imposta ao donatário de construir 
no terreno doado um prédio para escola”. 
Em geral essa obrigação vem acompanhada pelas expressões: 
“para que”; “com a obrigação de”; “com o encargo de”. 
O não cumprimento do encargo não gera a invalidade da avença, 
mas sim apenas a possibilidade de sua cobrança, ou, 
eventualmente, posterior revogação, como no caso de ser 
instituído em doação (art. 562, CC/2002). 
CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL QUANTO AO CONTEÚDO 
OBRIGAÇÕES DE MEIO 
É aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da 
obrigação, utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para 
alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se 
responsabilizar caso este não se produza. 
As obrigações do médico, em geral, assim como as do advogado, 
são, fundamentalmente, de meio, uma vez que esses 
profissionais, a despeito de deverem atuar segundo as mais 
adequadas regras técnicas e científicas disponíveis naquele 
momento, não podem garantir o resultado de sua atuação (a cura 
do paciente, o êxito no processo). 
OBRIGAÇÕES DE RESULTADO 
Obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não 
somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos 
necessários para a obtenção do resultado, como também se 
responsabiliza caso este seja diverso do esperado. 
Têm-se os contratos de empresas de transportes, que têm por 
fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, 
embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a 
entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação. 
PODE HAVER CASO QUE O RESULTADO SE TRANSFORMA EM 
MEIO? 
Em se tratando de cirurgia plástica estética, haverá, segundo a 
melhor doutrina, obrigação de resultado. 
Entretanto, se se tratar de cirurgia plástica reparadora 
(decorrente de queimaduras, por exemplo), a obrigação do médico 
será reputada de meio, e a sua responsabilidade excluída, se não 
conseguir recompor integralmente o corpo do paciente, a 
despeito de haver utilizado as melhores técnicas disponíveis. 
OBRIGAÇÕES DE GARANTIA 
Tais obrigações têm por conteúdo eliminar riscos que pesam 
sobre o credor, reparando suas consequências. 
A eliminação do risco (que pertencia ao credor) representa bem 
suscetível de aferição econômica. 
Contratos de seguro, em que, mesmo que o bem pereça em face 
de atitude de terceiro (incêndio provocado), a seguradora deve 
responder. 
Ou seja, o devedor não se liberará da prestação, mesmo que haja 
força maior ou caso fortuito, uma vez que seu conteúdo é a 
eliminação de um risco, que, por sua vez, é um acontecimento 
casual ou fortuito, alheio à vontade do obrigado. 
Teoria do pagamento 
TEORIA DO PAGAMENTO – AULA 12 
Teoria do pagamento (Arts. 304 a 388 do CC) 
Segundo Carlos Roberto pode ser chamado de Adimplemento 
obrigacional que se trata da realização voluntária da prestação 
debitória, tanto quando procede do devedor como quando provém 
de terceiro, interessado ou não na extinção do vínculo 
obrigacional, pois qualquer interessado na extinção da dívida pode 
pagá-la e igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o 
fizer em nome e à conta do devedor. 
AQUELE QUE DEVE PAGAR 
SOLVENS = devedor que a deu em pagamento. 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-
la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à 
exoneração do devedor. 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se 
o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. 
TERCEIRO INTERESSADO 
Esse interesse, no entanto, deve ser jurídico, como no caso 
daquele que pode ser obrigado, no todo ou em parte, pela dívida, 
o que ocorre, por exemplo, com o fiador, o avalista, o terceiro 
que oferece garantia real etc. 
Em caso de terceiro juridicamente interessado, a lei (artigo 346, 
III do CC) lhe garante a sub-rogação dos direitos do credor. 
O que é a sub-rogação dos direitos do credor, professor? 
Trata-se de quando o terceiro interessado paga a dívida e fica no 
lugar do credor, ou seja, pode cobrar o devedor como se o 
credor fosse, inclusive com juros e multa pactuados pelo 
contrato original. 
TERCEIRO NÃO INTERESSADO – EM NOME PRÓPRIO 
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu 
próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas 
não se sub-roga nos direitos do credor. 
 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá 
direito ao reembolso no vencimento. 
Exemplos o “bonitão” que paga a conta de uma mulher em uma 
determinada loja, tendo em vista que se apaixonou, PORÉM 
SOLICITOU A QUITAÇÃO EM SEU NOME tem o direito de 
reembolso se ele quiser. 
Por fim, se o terceiro não interessado pagar ao credor antes de 
vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. 
TERCEIRO NÃO INTERESSADO – EM NOME DO DEVEDOR 
Exemplos o “bonitão” que paga a conta de uma mulher em 
uma determinada loja, tendo em vista que se apaixonou, MAS 
SOLICITOU A QUITAÇÃO EM NOME DELA não tem o direito de 
reembolso. 
Isso significa que ela mesmo efetuou o pagamento. 
TERCEIRO NÃO INTERESSADO 
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento 
ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que 
pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. 
 
Exemplo: quando a” gatinha” não pagou a loja porquê ela tinha 
crédito na loja. Se o” mané” pagar a dívida – mesmo que peça 
quitação em seu nome – não tem direito a reembolso porque ela 
não estava obrigada a fazer o pagamento. 
DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR 
“Accipiens” ou a quem se deva pagar. 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de 
direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele 
ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. 
A última expressão (tanto quanto reverter em seu proveito) 
permite que o devedor demonstre que o pagamento, ainda que 
feito a quem não era credor, reverteu em proveito desde. 
REPRESENTANTES DO CREDOR 
1) Legal: é o que decorre da lei, como os pais, tutores e 
curadores, respectivamente representantes legais dos filhos 
menores, dos tutelados e dos curatelados. 
 
2) Judicial: é o nomeado pelo juiz, como o inventariante, o síndico 
de falência e o administrador da empresa penhorada. 
3) Convencional: é o que recebe mandado outorgado pelo credor, 
com poderes especiais para receber e dar quitação. 
CREDOR PUTATIVO 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é 
válido, ainda que provado depois que não era credor. 
“Parece queé, mas não é”. 
Credor putativo é aquele que, embora não seja, legitimamente, 
quem deve receber, mostra-se assim aos olhos de todos, de 
forma a fazer com que o devedor de boa-fé lhe faça o 
pagamento. 
EX: Você entra em uma loja, escolha uma roupa e vai até o caixa 
efetuar o pagamento. Lá é recebido por uma mulher com 
uniforme da loja que recebe o pagamento. Depois foi verificado 
que ela era fugitiva da prisão e que entrou na loja para furtá-la. 
Nesse caso, o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é 
válido, ainda que provado depois que não era credor. 
Ocorrendo o pagamento ao credor putativo, o verdadeiro credor 
contará, a partir daí, com ação contra o que recebeu 
indevidamente, artigo 876 do Código Civil. 
PAGAMENTO INCAPAZ (ART. 310) 
A princípio, o pagamento efetivado a pessoa absolutamente 
incapaz é nulo e o realizado em mãos do relativamente incapaz 
pode ser confirmado pelo representante legal ou pelo próprio 
credor se cessada a incapacidade (artigo 172 do CC). 
A quitação reclama capacidade e, sem ela, o pagamento não vale. 
No entanto, provado que reverteu em proveito do incapaz, cessa 
a razão da ineficácia. Há quem entenda que essa solução somente 
se aplica ao relativamente incapaz, sendo sempre nulo o 
pagamento feito ao absolutamente incapaz. 
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o 
portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a 
presunção daí resultante. 
MANDATO TÁCITO OU PRESUMIDO POR LEI 
Trata-se de caso de mandato tácito ou presumido pela lei. 
A presunção é, no entanto, relativa ou juris tantum, pois admite 
prova em contrário. Não se descarta a hipótese de ter sido 
extraviado ou furtado o recebido ou haver outra circunstância 
relevante. 
Hipóteses em que, mesmo sendo feito ao verdadeiro credor, o 
pagamento não valerá. 
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da 
penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por 
terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão 
constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o 
regresso contra o credor. 
 Quando a penhora recai sobre um crédito, o devedor é 
notificado a não pagar ao credor, mas a depositar em juízo 
o valor devido. 
 Se mesmo assim pagar ao credor, o pagamento não valerá 
contra o terceiro exequente ou embargante, “que poderão 
constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe 
ressalvado o regresso contra o credor”. 
 O dispositivo prevê um segundo modo de oposição ao 
pagamento e de ressalva aos direitos dos credores: a 
impugnação feita por terceiro. 
 A lei equipara, para os efeitos legais, à ciência da penhora. O 
modo previsto em lei para a manifestação da oposição é o 
protesto ou notificação, na forma dos artigos 726 e s. do 
CPC, que é concedido pelo juiz sem oitiva do devedor, desde 
que o requerente demonstre legítimo interesse. 
 Ou seja, nas duas hipóteses mencionadas não vale o 
pagamento efetuado diretamente ao credor. 
 Se, a despeito da notificação, esse pagamento for efetuado, 
poderá o solvens ser constrangido a pagar de novo. 
Do objeto, lugar e tempo do 
pagamento 
DO OBJETO, LUGAR E TEMPO DO PAGAMENTO – AULA 13 
O OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA (art. 313) 
Para que a solutio tenha o efeito de extinguir a obrigação, ela 
deve guardar estreita harmonia com o objeto da prestação. 
 
Assim, o pagamento deve coincidir com a coisa devida, 
entregando-se o bem prometido (obrigações de dar), praticando 
(obrigações de fazer) ou se abstendo de praticar determinado 
ato (obrigações de não fazer). 
O objeto do pagamento deve reunir a identidade, a integridade e 
a indivisibilidade, isto é: o solvens tem de prestar o devido, todo o 
devido, e por inteiro. 
 
Assim, o credor não será obrigado a aceitar coisa que não esteja 
em perfeita conformidade ao objeto da obrigação, ainda que de 
valor superior, uma vez que a entrega de objeto diverso não 
solve a obrigação. 
 
Nesses casos, para que se dê a quitação do débito, haverá a 
necessidade de concordância do credor. 
OBJETO PRESTAÇÃO DIVISÍVEL (ART. 314) 
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação 
divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o 
devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. 
 
Por faltar o requisito da integralidade, o cumprimento em partes 
da prestação não será aceito como pagamento, se não houver 
convenção nesse sentido. 
 
Exceção à regra consiste nos casos em que houver diversos 
credores e o objeto da prestação for divisível. 
OBJETO PRESTAÇÃO DINHEIRO 
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no 
vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o 
disposto nos artigos subsequentes. 
OBJETO PRESTAÇÃO SUCESSIVAS 
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de 
prestações sucessivas. 
Esse artigo permite a atualização monetária das dívidas em 
dinheiro e daquelas de valor mediante índice previamente 
escolhido. 
OBJETO – REVISÃO CONTRATUAL 
Art. 317: O dispositivo traz como conteúdo a revisão contratual 
por fato superveniente, diante de uma imprevisibilidade somada a 
uma onerosidade excessiva. 
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em 
moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença 
entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos 
previstos na legislação especial. 
“O STJ pacificou o entendimento de que, ‘as dívidas fixadas em 
moeda estrangeira deverão, no ato de quitação, ser convertidas 
para a moeda nacional, com base na cotação da data da 
contratação, e, a partir daí, atualizadas com base em índice oficial 
de correção monetária” 
PROVA – QUITAÇÃO 
Art. 319 - 324 do CC dizem respeito a quitação. 
O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter 
o pagamento, enquanto não lhe seja dada. 
A quitação é a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, 
de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado, a que 
vulgarmente se dá o nome de recibo. 
PROVA – DESPESAS 
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o 
pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, 
suportará este a despesa acrescida. 
LUGAR DE PAGAMENTO 
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, 
salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o 
contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das 
circunstâncias. 
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor 
escolher entre eles. 
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou 
em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado 
o bem. 
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o 
pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em 
outro, sem prejuízo para o credor. 
 Podem ser citadas como razões para aplicação do dispositivo: greve no 
transporte público, calamidade pública, enchente, ataque terrorista ou de 
grupos armados, doença do devedor ou de pessoa de sua família, falta de 
energia elétrica, entre outros. 
Desde que não haja prejuízo para o credor, o pagamento pode 
ser efetuado em outro local. 
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz 
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no 
contrato. 
TEMPO DE PAGAMENTO 
O devedor dispõe do último dia do prazo por inteiro. Todavia, não 
se prolonga o tempo do pagamento quando a sua efetivação 
depende de horário de atividade do comércio, horário bancário ou 
forense. Terminado o expediente, cujo horário é fixado por 
norma administrativa, frustra-se a possibilidade de se efetuar o 
pagamento naquela data. 
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido 
ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo 
imediatamente. 
PRINCÍPIO DA SATISFAÇÃO IMEDIATA: se não se ajustou época 
para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente. Em 
outras palavras, faltando o termo, vigorao princípio da 
satisfação imediata. 
Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do 
implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste 
teve ciência o devedor. 
CREDOR COBRAR ANTES DO VENCIMENTO 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes 
de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste 
Código: 
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados 
em execução por outro credor; 
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias 
do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar 
a reforçá-las. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, 
solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros 
devedores solventes 
Consignação em Pagamento 
DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO – AULA 14 
(arts. 334 a 345 do CC/2002) 
A consignação em pagamento trata-se do instituto jurídico 
colocado à disposição do devedor para que, ante o obstáculo ao 
recebimento criado pelo credor ou quaisquer outras 
circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça, por depósito da 
coisa devida, o direito de adimplir a prestação, liberando-se do 
liame obrigacional. 
EX: Se FABIANA deve a CAIO a importância de R$ 1.000,00 e 
CAIO se recusa a receber o valor ofertado, por qualquer motivo 
que seja, poderá FABIANA depositar judicialmente ou em 
estabelecimento bancário o valor devido, à disposição do credor, 
extinguindo-se a obrigação e evitando, ainda, a caracterização da 
mora. 
FIGURAS IMPORTANTES 
O devedor, é o sujeito ativo da consignação, com a expressão 
“consignante”, e o credor, em face de quem se consigna, com a 
expressão “consignatário”, devendo ser reservada a expressão 
“consignado” para o bem objeto do depósito, judicial ou 
extrajudicial. 
TRATA-SE DO DEVER DO DEVEDOR OU DE MERA FACULDADE? 
A consignação em pagamento não é, em verdade, um dever, mas 
sim mera faculdade do devedor, que não pôde adimplir a 
obrigação, por culpa do credor. 
Sem qualquer dúvida, se trata de uma forma de extinção das 
obrigações, constituindo-se em um pagamento “indireto” da 
prestação avençada. 
HIPÓTESES DE OCORRÊNCIA (ART. 335 CC) 
 O rol descrito é exemplificativo sendo admitidas outras 
situações de pagamento em consignação. 
 
 Cite-se, por exemplo, o caso de consignação para a revisão 
do conteúdo do contrato, hipótese não descrita 
nominalmente no art. 335 da codificação material privada 
(nesse sentido, ver: TJSP, Agravo de Instrumento 7281754-
2, Acórdão 3300739, São Paulo, 20.ª Câmara de Direito 
Privado, Rel. Des. Álvaro Torres Junior, j. 13.10.2008, DJESP 
03.11.2008). 
 
Os fatos que autorizam a consignação, previstos no 
mencionado art. 335 do Código Civil, têm por fundamento: 
 
 a mora do credor (incs. I e II); 
 
 circunstâncias inerentes à pessoa do credor que impedem o 
devedor de satisfazer a sua intenção de exonerar -se da 
obrigação (incs. III a V). 
 
Primeiro fato: o primeiro fato que dá lugar à consignação (CC, art. 
335, I) é “se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar 
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma”. 
 
Exemplo: se A, locador de um imóvel a B, se recusa a receber o 
valor do aluguel ofertado por este último, por considerar que 
deveria ser majorado por um determinado índice previsto em lei, 
B poderá consignar o valor, se entender que o reajuste é 
indevido e que tenha previsão legal. 
“se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar 
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma”. 
 
Observe-se que a consignação ainda terá lugar caso o credor 
concorde em receber o pagamento, mas recuse-se a fornecer o 
recibo de quitação ou caso não possa recebê-lo nem fornecê-lo, 
porque se trata de meio liberatório do devedor. 
 
Segundo fato: art. 335 (inc. II), é “se o credor não for, nem 
mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos”. 
 
 Trata-se de dívida quesível, em que o pagamento deve 
efetuar-se fora do domicílio do credor, cabendo a este a 
iniciativa. Permanecendo inerte, faculta-se ao devedor 
consignar judicialmente a coisa devida ou extrajudicialmente a 
importância em dinheiro para liberar -se da obrigação. 
 
Terceiro fato: o art. 335 (inc. III) do Código Civil prevê a hipótese 
de o credor ser “incapaz de receber” ou “desconhecido”, ter sido 
“declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso 
perigoso ou difícil”. 
 
EXEMPLO: se A deve a importância de R$ 5.000,00 a B e este 
vem a falecer, não se sabendo quem são seus efetivos herdeiros 
na data de vencimento da obrigação. Nesse caso, sem saber a 
quem pagar, pode o devedor realizar a consignação. 
Quarto fato: (CC, art. 335, IV) apresenta-se quando ocorre 
“dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do 
pagamento”. 
 
EXEMPLO: se duas pessoas distintas (A e B) pleiteiam o 
pagamento de uma determinada prestação em face de C, 
dizendo-se, cada uma, o verdadeiro credor, o devedor C, para 
não incidir na regra de “quem paga mal, paga duas vezes”, deve 
consignar judicialmente o valor devido, para que o juiz verifique 
quem é o legítimo credor ou qual a cota de cada um, se entender 
ambos legitimados. 
Quinto fato: também pode ser consignado o pagamento “se 
pender litígio sobre o objeto do pagamento” (CC, art. 335, V). 
Se, por exemplo, A e B disputam, judicialmente, quem é o legítimo 
sucessor do credor C, não é recomendável que o devedor D 
antecipe-se à manifestação estatal, para entregar o bem a um 
deles, pois assumirá o risco do pagamento indevido. Da mesma 
forma, se A e B disputam, judicialmente, a titularidade de um bem 
imóvel locado, não deve o locatário D fazer o pagamento direto, 
sem ter a certeza de quem é o legítimo credor. 
COMPLEMENTO 
Estabelece o art. 344 que “o devedor de obrigação litigiosa 
exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer 
dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá 
o risco do pagamento”. 
REQUISITOS DE VALIDADE 
Na forma do art. 336 do CC/2002, “para que a consignação 
tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação 
às pessoas (devedor ao credor), ao objeto (pagamento integral), 
modo (igual ao cumprimento original, mesmo local de pagamento) e 
tempo (mesma data pactuada), todos os requisitos sem os quais 
não é válido o pagamento”. 
LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO PELO DEVEDOR 
a) Antes da aceitação ou impugnação do depósito: 
nesse momento, tem o devedor total liberdade para levantar o 
depósito, uma vez que a importância ainda não saiu de seu 
patrimônio jurídico. (art. 338 do CC/2002). 
b) Depois da aceitação ou impugnação do depósito pelo credor: 
O depósito, poderá ainda ser levantado pelo devedor, mas, agora, 
somente com anuência do credor, que perderá a preferência e a 
garantia que lhe competia sobre a coisa consignada com liberação 
dos fiadores e codevedores que não tenham anuído (art. 340 do 
CC/2002). 
c) Julgado procedente o depósito: 
admitido em caráter definitivo o depósito, o devedor já não 
poderá levantá-lo, ainda que o credor consinta, senão de acordo 
com os outros devedores e fiadores (art. 339 do CC/2002). 
COISA CERTA E INCERTA 
O art. 341 do CC/2002, se a coisa devida foi imóvel ou corpo 
certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá 
o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena 
de ser depositada. 
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao 
credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder 
o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; 
feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo 
antecedente. 
 
 
DESPESAS PROCESSUAIS (ART . 343) 
“as despesas com o depósito, quando julgado procedente, 
correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do 
devedor”. 
PRESTAÇÕES PERIÓDICAS 
É o caso, por exemplo, da dívida de aluguéis, alimentos, 
prestaçõesde financiamento habitacional e, até mesmo, salários 
(tendo em vista a sucessividade do pacto laboral). 
Nesses casos, recusando-se o credor a receber as prestações 
ofertadas pelo devedor, pode este consigná-las, na medida em 
que forem vencendo. 
Pagamento com Sub-Rogação 
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO – AULA 15 
• Previsão legal: (artigos. 346 a 351 do CC) 
Trata-se de forma de pagamento indireta, ou seja, extinção da 
obrigação s/ pagamento. 
A sub-rogação, visa proteger a situação do terceiro que, no seu 
interesse e forçado as mais das vezes pelas circunstâncias, paga 
uma dívida que não é sua. 
Desse modo, nota-se que sub-rogação é a substituição de uma 
pessoa ou de uma coisa por outra em uma relação jurídica. 
 A sub-rogação é uma figura jurídica anômala, pois o 
pagamento promove apenas uma alteração subjetiva da 
obrigação, mudando-se o credor. 
 A extinção obrigacional ocorre somente em relação ao 
credor, que nada mais poderá reclamar depois de haver 
recebido do terceiro interessado (avalista, fiador, coobrigado 
etc.) o seu crédito. 
 Nada se altera, porém, para o devedor, visto que o terceiro 
que paga toma o lugar do credor satisfeito e passa a ter o 
direito de cobrar a dívida com todos os seus acessórios. 
 Transfere-se ao sub-rogado esses mesmos acessórios, sem 
haver mister de constituí-los de novo, pois é a própria 
relação jurídica original, em sua integralidade, que lhe é 
transmitida. 
 
 
ESPÉCIES 
 
PESSOAL 
Segundo Antunes Varela: 
“na substituição do credor, como titular do crédito, pelo terceiro 
que paga (cumpre) a prestação em lugar do devedor ou que 
financia, em certos termos, o pagamento”. 
Imputação e dação em 
pagamento 
IMPUTAÇÃO E DAÇÃO EM PAGAMENTO – AULA 16 
• (arts. 352 a 355 do CC/2002) 
A imputação do pagamento consiste na indicação ou 
determinação da dívida a ser quitada quando uma pessoa se 
encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, 
a um só credor e efetua pagamento não suficiente para saldar 
todas eles. 
Ex: Se três dívidas são, respectivamente, de cinquenta, cem e 
duzentos mil reais, e o devedor remete cinquenta mil reais ao 
credor, a imputação poderá ser feita em qualquer delas, se este 
concordar com o recebimento parcelado da segunda ou da 
terceira. Caso contrário, será considerada integralmente quitada 
a primeira dívida. Nesta última hipótese, não terá havido 
propriamente imputação, porque o devedor não poderia indicar 
nenhuma outra dívida sem o consentimento do credor. 
Ou seja, trata-se muito mais de um meio indicativo de pagamento, 
do que propriamente de um modo satisfativo de adimplemento. 
Espécies de 
Sub-rogação
Pessoal
Real
Legal
Convencional
DECLARAÇÃO DE VONTADE PELO DEVEDOR (ART. 352) 
REGRA GERAL: Imputação por indicação ou vontade do 
devedor é assegurada neste artigo, pelo qual a pessoa 
obrigada (DEVEDOR) tem o direito de escolher qual débito 
deseja saldar. 
LIMITAÇÕES À IMPUTAÇÃO 
 O devedor não pode imputar pagamento em dívida ainda não 
vencida. 
 O devedor não pode, também, imputar o pagamento em 
dívida cujo montante seja superior ao valor ofertado, salvo 
acordo entre as partes. 
IMPUTAÇÃO DO CREDOR (ART. 353) 
Pablo Stolze em seu livro faz o seguinte questionamento: 
Na ausência, porém, de qualquer manifestação de vontade e 
ocorrendo o silêncio do devedor sobre qual das dívidas líquidas e 
vencidas quer imputar o pagamento, como deve proceder? 
“Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das 
dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se 
aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar 
contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver 
ele cometido violência ou dolo”. 
IMPUTAÇÃO LEGAL 
Pode-se estabelecer a seguinte ordem preferencial: 
a) prioridade para os juros vencidos, em detrimento do 
capital (art. 354); 
b) prioridade para as líquidas e vencidas anteriormente, 
em detrimento das mais recentes (art. 355, primeira 
parte); 
c) prioridade para as mais onerosas, em detrimento das 
menos vultosas, se vencidas e líquidas ao mesmo tempo 
(art. 355, segunda parte). 
DAÇÃO EM PAGAMENTO 
• REVISÃO LEGAL: (Art. 356 e 359) 
A dação em pagamento é um acordo de vontades entre 
credor e devedor, por meio do qual o primeiro concorda em 
receber do segundo, para exonerá-lo da dívida, prestação 
diversa da que lhe é devida. 
De acordo com ANTUNES VARELA, “a dação em pagamento 
consiste na realização de uma prestação diferente da que é 
devida, com o fim de, mediante acordo do credor, extinguir 
imediatamente a obrigação”. 
REQUISITOS 
a) a existência de uma dívida vencida — visto que ninguém pode 
pretender solver uma dívida que não seja existente e exigível; 
b) o consentimento do credor — vale dizer, não basta a iniciativa 
do devedor, uma vez que, segundo a legislação em vigor, a dação 
só terá validade se o credor anuir. 
c) a entrega de coisa diversa da devida — somente a 
diversidade essencial de prestações caracterizará a dação em 
pagamento, ou seja, a obrigação será extinta entregando o 
devedor objeto diverso do pactuado; 
d) o ânimo de solver — Sem esta intenção de solucionar a 
obrigação principal, o ato pode converter-se em mera 
liberalidade, caracterizando, até mesmo, a doação. 
CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
• Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em 
pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão 
pelas normas do contrato de compra e venda. 
Caso se prefixe o preço da coisa, cuja propriedade e posse se 
transmite ao credor, o negócio será regido pelos princípios da 
compra e venda, especialmente os relativos à eventual nulidade 
ou anulabilidade e os atinentes aos vícios redibitórios e à 
interpretação. 
TÍTULO DE CRÉDITO 
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a 
transferência importará em cessão. 
A dação em pagamento, neste caso, sob a forma de entrega de 
título de crédito, destina-se à extinção imediata da obrigação, 
correndo o risco da cobrança por conta do credor. 
EVICÇÃO 
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em 
pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem 
efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. 
Ocorre a evicção — que traduz a ideia de “perda” —, quando o 
adquirente de um bem vem a perder a sua propriedade ou posse 
em virtude de decisão judicial que reconhece direito anterior de 
terceiro sobre o mesmo. 
Exemplo: um credor aceita, ao invés dos dez mil reais, a entrega 
de um imóvel pelo devedor. O que fazer, então, se um terceiro, 
após a dação ser efetuada, reivindicar o domínio do bem, 
provando ter direito anterior sobre ele? 
Neste caso, se o credor for evicto da coisa recebida em 
pagamento — ou seja, perdê-la para o terceiro que prove ser o 
verdadeiro dono, desde antes da sua entrega —, a obrigação 
primitiva (de dar os dez mil reais) será restabelecida, ficando sem 
efeito a quitação dada ao devedor. 
 Apenas deverão ser ressalvados os direitos de terceiros de 
boa-fé, a exemplo do que ocorreria se a prestação originária 
fosse a entrega de um veículo, e este já estivesse alienado 
a terceiro. 
 No caso, havendo sido perdido o imóvel, objeto da dação em 
pagamento, por força da evicção, as partes não poderão 
pretender restabelecer a obrigação primitiva, mantendo o 
mesmo objeto (a entrega do carro), que já se encontra em 
poder de um terceiro de boa-fé. 
 Deverão, pois, na falta de solução melhor, resolver a 
obrigação em termos pecuniários. 
Novação 
NOVAÇÃO – AULA 17 
(arts. 360 a 367 do CC/2002) 
Novação é a criação de obrigação nova para extinguir uma 
anterior. 
É a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a 
primeira. 
CONCEITO 
Pablo Stolze esclarece que: “de um ato de eficácia complexa, que 
repousa sobre uma vontade destinada a extinguir um crédito pela 
criação de um novo.” 
O que se deve salientar é que toda a novaçãotem natureza 
jurídica negocial. Ou seja, nunca poderá ser imposta por lei, 
dependendo sempre de uma convenção firmada entre os sujeitos 
da relação obrigacional. 
Ex: DIEGO deve a BIANCA a quantia de R$ 2.000,00. O devedor, 
então, exímio carpinteiro, propõe a BIANCA que seja criada uma 
nova obrigação — de fazer —, cujo objeto seja a prestação de 
serviço de carpintaria na residência do credor. Este, pois, aceita, 
e, por meio da convenção celebrada, considera extinta a 
obrigação anterior, que será substituída pela nova. 
REQUISITOS 
a) a existência de uma obrigação anterior: apenas poderá 
efetuar a novação se juridicamente existir uma obrigação 
anterior a ser novada. 
b) a criação de uma nova obrigação, substancialmente diversa da 
primeira: 
Exemplifica o ilustre Orlando Gomes: “a novação só se configura, 
se houver diversidade substancial entre as duas dívidas, a nova e 
a anterior. Não há novação, quando apenas se verifiquem 
acréscimos ou outras alterações secundárias na dívida, como, por 
exemplo, a estipulação de juros, a exclusão de uma garantia, o 
encurtamento do prazo de vencimento, e, ainda, a aposição de 
um termo. 
c) o ânimo de novar (animus novandi): 
Nos termos do Código Civil, ausente este propósito, cuja prova 
poderá decorrer de declaração expressa ou das próprias 
circunstâncias, a segunda obrigação simplesmente confirmará a 
primeira (art. 361 do CC/2002). 
ESPÉCIES 
 
NOVAÇÃO OBJETIVA 
• quando na novação (nova dívida) será mantido os sujeitos, 
porém altera-se o objeto. (art. 360, I, do CC/2002). 
• Ocorre, por exemplo, quando o devedor, não estando em 
condições de saldar dívida prevista em uma duplicata, ele 
propõe ao credor, uma nova dívida agora prevista em nota 
promissória, sendo aceita, ocorrerá a substituição do objeto. 
NOVAÇÃO SUBJETIVA - DEVEDOR 
A novação subjetiva ou pessoal é quando promove a substituição 
dos sujeitos da relação jurídica. 
Pode ocorrer por substituição do devedor (“quando novo devedor 
sucede ao antigo, ficando este quite com o credor”, segundo 
dispõe o art. 360, II, do CC). 
EXPROPRIAÇÃO 
• Aqui a substituição do devedor se dá 
independentemente do seu consentimento, por simples 
ato de vontade do credor, que o afasta, fazendo-o 
substituir por um novo devedor (art. 362 do 
CC/2002). 
EXEMPLO: Imagine a hipótese de um filho abastado, angustiado 
pela vultosa dívida contraída por seu pobre pai, dirigir-se ao 
credor, solicitando-lhe que, mesmo sem o consentimento do seu 
genitor (homem orgulhoso e conservador), admita que suceda ao 
seu pai, na obrigação contraída. 
DELEGAÇÃO 
Nesse caso, o devedor participa do ato novatório, indicando 
terceira pessoa que assumirá o débito, com a devida aquiescência 
do credor. 
Desse modo, participam da delegação: o antigo devedor 
(delegante), o novo devedor (delegado), e, finalmente, o credor 
(delegatário). 
DEVEDOR INSOLVENTE (ART. 363) 
• Segundo esse dispositivo a insolvência do novo devedor corre 
por conta e risco do credor, que o aceitou. 
• Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor que o 
aceitou, ação regressiva contra o primeiro devedor, salvo se 
este obteve por má-fé a substituição. 
• Trata-se de norma razoável, que visa a reprimir a atuação 
danosa do devedor que indica terceiro, para substituí-lo, 
sabendo do seu estado de insolvência. 
NOVAÇÃO SUBJETIVA - CREDOR 
Art. 360, inciso III - quando, em virtude de obrigação nova, outro 
credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. 
Exemplo: imagine que A tem um devedor, B, e um credor C. Pois 
bem. Nada impede que, por meio de uma novação subjetiva ativa, 
A acerte com B para que este pague a C. No caso, verifica-se 
ter havido mudança de credores na relação obrigacional: sai o 
credor A, e entra o credor C, a quem B deverá pagar a dívida. 
 
Note-se, todavia, que, para se considerar extinta a obrigação 
perante A (credor primitivo), deverá haver prova do ânimo de 
novar. 
NOVAÇÃO MISTA 
Incide quando, além da alteração de sujeito (credor ou devedor), 
muda-se o conteúdo ou o objeto da relação obrigacional. 
• Trata-se de uma fusão das duas espécies de novação 
anteriormente estudadas (objetiva e subjetiva). 
EX: “O pai assume dívida em dinheiro do filho (mudança de 
devedor), mas com a condição de pagá-la mediante a 
prestação de determinado serviço (mudança de objeto) a um 
credor novo, diverso do principal (mudança de credor). 
EFEITOS 
• O principal efeito da novação é liberatório, ou seja, a 
extinção da primitiva obrigação, por meio de outra, 
criada para substituí-la. 
• Realizada a novação, extinguem-se todos os acessórios 
e garantias da dívida (a exemplo da hipoteca e da 
fiança), sempre que não houver estipulação em 
contrário (art. 364, primeira parte, do CC/2002). 
FIADOR 
• Quanto à fiança, o legislador foi mais além, ao exigir que o 
fiador consentisse para que permanecesse obrigado em 
face da obrigação novada (art. 366 do CC/2002). 
• Quer dizer, se o fiador não consentir na novação, estará 
consequentemente liberado. 
GARANTIA REAL 
Da mesma forma, a ressalva de uma garantia real (penhor, 
hipoteca ou anticrese) que tenha por objeto bem de terceiro 
(garantidor da dívida) só valerá com a anuência expressa deste 
(art. 364, segunda parte, do CC/2002). 
Exemplo: Diego hipotecou a um banco a sua casa, em garantia do 
empréstimo concedido ao seu irmão Benedito, para a aquisição de 
um apartamento próprio. 
Se Benedito e a instituição financeira resolverem novar, a 
garantia real hipotecária só persistirá com a expressa anuência 
de Diego. 
DEVEDORES SOLIDÁRIOS 
Ocorrida a novação entre o credor e um dos devedores 
solidários, o ato só será eficaz em face do devedor que novou, 
recaindo sobre o seu patrimônio as garantias do crédito novado, 
restando, por consequência, liberados os demais devedores (art. 
365 do CC/2002). 
 
CREDORES SOLIDÁRIOS 
De acordo com SÍLVIO DE SALVO VENOSA: 
“Em se tratando de solidariedade ativa, uma vez ocorrida a 
novação, extingue-se a dívida. A novação é meio de cumprimento. 
Segue-se o princípio geral da solidariedade ativa. Feita a novação 
por um dos credores solidários, os demais credores que não 
participaram do ato se entenderão com o credor operante, de 
acordo com os princípios da extinção da solidariedade ativa” 
Compensação 
COMPENSAÇÃO – AULA 18 
Arts. 368 a 380 do CC/2002 
CONCEITO 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves: 
“compensação é meio de extinção de obrigações entre pessoas 
que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. 
Acarreta a extinção de duas obrigações cujos credores são, 
simultaneamente, devedores um do outro. É modo indireto de 
extinção das obrigações, sucedâneo do pagamento, por produzir 
o mesmo efeito deste. 
Pablo Stolze esclarece que: “A compensação é uma forma de 
extinção de obrigações, em que seus titulares são, 
reciprocamente, credores e devedores.” 
Nesse mesmo sentido prevê o art. 368 do CC/2002: 
“Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e 
devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até 
onde se compensarem”. 
 
 
TOTAL OU PARCIAL 
a) Total: se de valores iguais as duas obrigações; 
b) Parcial: se os valores forem desiguais. 
No último caso, há uma espécie de desconto: abatem-se até a 
concorrente quantia. 
EXEMPLO: 
TOTAL: DIEGO tem uma dívida de R$ 5.000,00 com FABIANA e 
FABIANA também tem uma dívida de R$ 5.000,00 com DIEGO, 
tais obrigações, no plano ideal, seriam extintas, sem qualquer 
problema. 
 
PARCIAL: No mesmo raciocínio, se DIEGO tem uma dívida de R$ 
5.000,00 com FABIANA e FABIANA tem uma dívida de R$ 
5.500,00 com DIEGO, haveria a extinção até o limite de R$ 
5.000,00, remanescendo saldo de R$ 500,00 em favor de 
DIEGO. 
CONVENCIONAL 
Se dá em decorrência direta da autonomia das vontades das 
partes. 
Assim, por meio de acordo de vontades, é possível compensar 
obrigaçõesda mesma natureza e até de natureza diversa, o que 
não seria possível, como veremos, na compensação legal. 
EX: Se DIEGO deve uma importância de R$ 2.000,00 a FABIANA 
(obrigação pecuniária) e FABIANA deve a entrega de um touro 
para DIEGO (obrigação de dar), as dívidas podem ser 
compensadas por acordo, se as partes desejarem. 
LEGAL 
Para que ocorra a compensação legal, são necessários os 
seguintes requisitos: 
(i) reciprocidade das obrigações; 
(ii) liquidez das dívidas; 
(iii) exigibilidade atual das prestações; 
(iv) fungibilidade dos débitos. 
RECIPROCIDADE DAS OBRIGAÇÕES 
Apenas se pode falar em compensação quando há simultaneidade 
de obrigações, com inversão dos sujeitos em seus polos. 
LIQUIDEZ DAS DÍVIDAS (ART. 369) 
Espécies de 
Compensação
Total
Parcial
Legal
Convencional
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, 
vencidas e de coisas fungíveis. 
O líquido exprime atualmente valor determinado. 
Dívida líquida se diz aquela cuja importância se acha 
individualizada. 
Ou seja, se elas ainda não foram reduzidas a valor econômico, 
não há como se imaginar a compensação. 
EXIGIBIL IDADE ATUAL DAS PRESTAÇÕES (ART. 372) 
É necessário que as dívidas estejam vencidas, pois somente 
assim as prestações podem ser exigidas. 
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso 
geral, não obstam a compensação. 
Esses prazos de favor impedem o rigor da execução, porém não 
inibem a compensação. 
EX: Se DIEGO tem uma dívida vencida de R$ 1.500,00 com 
FABIANA e esta lhe concede um prazo maior para pagá-la (prazo 
de favor), nada impede que FABIANA possa compensar tal 
crédito com outra dívida vencida que tem em relação a DIEGO. 
FUNGIBIL IDADE DOS DÉBITOS 
É igualmente necessário que as prestações sejam fungíveis, da 
mesma natureza. 
Não basta que as obrigações tenham por objeto coisas fungíveis 
(dinheiro, café, milho etc.). 
Faz-se mister que sejam fungíveis entre si, isto é, homogêneas. 
EX: Assim, dívida em dinheiro só se compensa com outra dívida 
em dinheiro, bem como dívida consistente em entregar sacas de 
café só se compensa com outra dívida cujo objeto também seja 
a entrega de sacas de café. 
Não se admite a compensação de dívida em dinheiro com dívida 
em café. 
IMPOSSIBIL IDADE DE COMPENSAR 
• Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede 
a compensação, exceto: 
I - se provier de esbulho, furto ou roubo; 
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; 
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.. 
INCISO I A ilicitude do fato gerador da dívida contamina sua 
validade, pelo que, não sendo passível de cobrança, muito menos o 
será de compensação. 
Exemplificando: se eu furto um bem do meu credor, não posso 
compensar minha dívida com a devolução da coisa furtada. 
INCISO I I O comodato e o depósito obstam compensação por 
serem objeto de contratos com corpo certo e determinado, 
inexistindo, portanto, a fungibilidade entre si necessária à 
compensação. 
Ademais, são contratos calcados na ideia de fidúcia (confiança). 
INCISO I I I Por último, não se opera a compensação se uma das 
dívidas se relaciona a coisa insuscetível de penhora. É que a 
compensação pressupõe dívida judicialmente exigível. 
COMPENSAÇÃO DE DÍVIDAS FISCAIS 
A compensação fiscal também tinha respaldo neste capítulo do 
Código Civil de 2002, senão vejamos: 
“Art. 374. A matéria da compensação, no que concerne às 
dívidas fiscais e parafiscais, é regida pelo disposto neste 
capítulo”. 
MAS, agora depende de Lei própria para que possa haver tal 
direito. 
Transação 
TRANSAÇÃO – AULA 19 
(artigos 840 a 850 do Código Civil. do CC/2002) 
 
Segundo Pablo Stolze: 
 Havendo controvérsia sobre determinadas relações jurídicas, 
podem as partes envolvidas, em vez de aguardar um 
pronunciamento judicial, decidir pôr termo ao conflito, mediante 
concessões recíprocas. 
Ex: Se DIEGO supostamente deve R$ 100,00 a IGOR, mas IGOR 
acha que lhe é devido por DIEGO o valor de R$ 500,00, ambos 
podem convergir suas vontades para extinguir o conflito 
mediante o pagamento de uma importância pactuada, v. g., de R$ 
300,00, encerrando a controvérsia. 
ELEMENTO CONSTITUTIVO 
a) acordo entre as partes: a transação é um negócio jurídico 
bilateral, em que a convergência de vontades é essencial para 
impor sua força obrigatória. 
b) existência de relações jurídicas controvertidas: haver dúvida 
razoável sobre a relação jurídica que envolve as partes é 
fundamental para se falar em transação. 
c) “animus” de extinguir as dívidas: por meio da transação, cada 
uma das partes abre mão de uma parcela de seus direitos, 
justamente para evitar ou extinguir o conflito. 
d) concessões recíprocas: como a relação jurídica é controversa, 
não se sabendo, de forma absoluta, de quem é a razão, as 
partes, para evitar maiores discussões, cedem mutuamente. 
NATUREZA JURÍDICA 
O CC/02 reconhece a natureza contratual da transação, 
retirando-a do elenco de meios indiretos de pagamento para 
incluí-la no título dedicado às “várias espécies de contratos”. 
ESPÉCIES 
Se ocorrer anteriormente à instauração de um litígio, fala-se em 
uma transação extrajudicial, que visa, portanto, a preveni-lo. 
Exemplo: Diego bate no carro de Jacó. Esse tem o dever de 
indenizá-lo, se for para o judiciário será devido danos morais e 
materiais, porém Diego e Jacó transacionam um valor (R$ 
3.000,00) por todas as despesas ocorridas no sinistro, evitando 
uma demanda judicial. 
A transação poderá ser, porém, judicial, se a demanda já tiver 
sido ajuizada. 
Exemplo: DIEGO ajuíza ação demarcatória, em face de CAIO, por 
divergir da exata divisão de seus terrenos. Ocorrendo 
convergência de vontades após esse momento, considerar-se-á 
transação judicial. 
FORMA 
O art. 842 do CC/2002 estabelece a forma de feita a 
transação: 
“Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas 
obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento particular, 
nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em 
juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, 
assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz”. 
OBJETO 
O direito patrimonial, em regra, deve ter por objeto um bem, que 
esteja em comércio ou que possa ser apropriado ou alienado. 
Os direitos patrimoniais ou pecuniários do autor nascem no 
momento que ele divulga a obra, através da sua comunicação ao 
público; são móveis, cessíveis, divisíveis, transferíveis, 
temporários; contrários aos direitos morais, que são inalienáveis, 
imprescritíveis, enfim, perpétuos. 
EFEITOS 
Nota-se que a transação é limitada aos transatores, produzindo, 
entre eles, efeito semelhante ao da coisa julgada. Portanto, gera 
a extinção dos acessórios, até mesmo porque a relação 
obrigacional controvertida foi extinta pela transação. 
EFEITOS – FIADOR E SOLIDÁRIOS 
“Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos 
que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível. 
§ 1.º Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o 
fiador. 
§ 2.º Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a 
obrigação deste para com os outros credores. 
§ 3.º Se entre um dos devedores solidários e seu credor, 
extingue a dívida em relação aos codevedores”. 
CONFUSÃO 
Previsão legal: Arts. 381 a 384 do Código Civil 
A obrigação pressupõe a existência de dois sujeitos: o ativo e o 
passivo. 
Credor e devedor devem ser pessoas diferentes. Se essas duas 
qualidades, por alguma circunstância, encontrarem-se em uma só 
pessoa, extingue-se a obrigação, porque ninguém pode ser 
juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor demanda 
contra si próprio. 
Em razão desse princípio, dispõe o art. 381 do Código Civil: 
“Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se 
confundam as qualidades de credor e devedor”. 
Logo, portanto, que se reúnam na mesma pessoaas qualidades 
de credor e devedor, dá-se a confusão e a obrigação se extingue. 
Anote-se que a confusão não acarreta a extinção da dívida 
agindo sobre a obrigação e sim sobre o sujeito ativo e passivo, na 
impossibilidade do exercício simultâneo da ação creditória e da 
prestação. 
EXEMPLO “CAUSA MORTIS” 
Quando um filho é devedor de seu pai, e, por força do 
falecimento deste, adquire, por sucessão, a sua herança. 
Em tal hipótese, passará a ser credor de si mesmo, de forma 
que o débito desaparecerá por meio da confusão. 
EXEMPLO “ INTER VIVOS” 
Trata-se de quando o indivíduo subscreve um título de crédito 
(cheque, p. ex.), obrigando-se a pagar o valor descrito no 
documento, e a cártula, após circular, chega às suas próprias 
mãos, por endosso, também será extinta a obrigação. 
ESPÉCIES 
Dispõe o art. 382 do Código Civil: “A confusão pode verificar-se a 
respeito de toda a dívida, ou só de parte dela”. 
Pode ser, portanto, total ou parcial. Na última, o credor não 
recebe a totalidade da dívida, por não ser o único herdeiro do 
devedor, por exemplo. Os sucessores do credor são dois filhos e 
o valor da quota recebida pelo descendente devedor é menor do 
que o de sua dívida. Neste caso, subsiste o restante da dívida. 
EFEITOS 
A confusão extingue não só a obrigação principal mas também os 
acessórios, como a fiança e o penhor, por exemplo, pois cessa 
para o fiador e outros garantes o direito de regresso, 
incompatível com os efeitos da confusão. 
 
CREDOR E DEVEDOR SOLIDÁRIO 
Se a confusão se der na pessoa do credor ou devedor solidário, a 
obrigação só será extinta até a concorrência da respectiva parte 
no crédito (se a solidariedade for ativa), ou na dívida (se a 
solidariedade for passiva), subsistindo quanto ao mais a 
solidariedade (art. 383 do CC/2002). 
RESTABELECIMENTO DA OBRIGAÇÃO 
“Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com 
todos os seus acessórios, a obrigação anterior”. 
Nesse caso, é de clareza meridiana o fato de que a obrigação 
não teria sido definitivamente extinta. Senão não poderia 
ressurgir, tal qual Fênix, das cinzas. Trata-se, na verdade, da 
ocorrência de causa que apenas suspende ou paralisa a eficácia 
jurídica do crédito, restabelecendo-se, posteriormente, a 
obrigação, com toda a sua força. 
EXEMPLO F INAL 
Ocorre restabelecimento da obrigação, quando por exemplo, 
estamos diante do caso de sucessão provisória de DIEGO (ante 
sua morte presumida — desaparecimento em um desastre 
aviatório). 
Neste caso, durante o prazo e as condições que a lei prevê, 
aparecendo vivo DIEGO, desaparece a causa da confusão, 
podendo dizer-se que CAIO esteve impossibilitado de pagar seu 
débito, porque iria fazê-lo a si próprio, por ser herdeiro de 
DIEGO, como se, nesse período, estivesse neutralizado o dever de 
pagar com o direito de receber” 
Remissão das dívidas 
REMISSÃO DAS DÍVIDAS – AULA 20 
Artigos 385 a 388 do Código Civil de 2002. 
De acordo com Carlos Gonçalves “Remissão é a liberalidade 
efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do 
cumprimento da obrigação. 
Em simples palavras, Remissão é o perdão da dívida feito pelo 
credor. 
Segundo Flávio Tartuce “a remissão constitui um negócio jurídico 
bilateral, o que ressalta o seu caráter de forma de pagamento 
indireto, uma vez que deve ser aceita pelo sujeito passivo 
obrigacional.” 
Ex: DIEGO, credor de JACÓ, declara que não pretende mais exigir 
a dívida (por meio de um documento particular, por exemplo) ou 
pratica ato incompatível com tal possibilidade (devolvendo o título 
objeto da obrigação). 
É preciso que a remissão seja aceita, tácita ou expressamente, 
para produzir efeitos. 
NATUREZA JURÍDICA DA REMISSÃO 
Há divergência na doutrina a respeito da unilateralidade ou 
bilateralidade da remissão, porém a doutrina majoritária defende 
a sua natureza contratual, visto que o Código Civil, além de 
expressamente exigir a aceitação pelo devedor (art.385), requer 
capacidade do remitente para alienar e do remitido para 
consentir e adquirir, como mencionado (art.386, parte final). 
REMISSÃO EFICAZ 
Para que a remissão se torne eficaz faz-se mister que o 
remitente seja capaz de alienar e o remitido capaz de adquirir, 
como expressa o art. 386, in fine, do Código Civil. 
REQUISITOS DA REMISSÃO 
a) Ânimo de perdoar: o ato de perdoar é uma manifestação 
volitiva. Assim, em regra, deve ser expresso, se admite 
excepcionalmente o perdão tácito, apenas em função de 
presunções legais. 
b) Aceitação do perdão: trata-se da exigibilidade da aceitação 
 do perdão pelo devedor se o devedor não aceitar e mesmo 
assim o credor não quiser receber, pode o devedor 
consignar o valor devido, colocando-o à disposição do credor, 
não havendo que se falar em indébito. 
ESPÉCIES DE REMISSÃO 
A remissão pode ser total ou parcial. 
TOTAL: Quando o credor perdoa totalmente a dívida e o devedor 
aceita, NÃO persistindo débito algum. 
PARCIAL: O credor pode perdoar a dívida de forma parcial, 
persistindo o debito no montante não remitido. 
EXEMPLO PARCIAL: DIEGO deve a JACÓ a quantia de R$ 
3.000,00, mas JACÓ declara, sem oposição de DIEGO, que 
somente irá executar a quantia de R$ 1.000,00 (perdoando o 
restante do débito). 
EXEMPLO PARCIAL 2: Diego deve a JACÓ R$ 500,00 com juros 
e multa, mas JACÓ perdoa apenas os juros e a multa e mantém 
a dívida principal. Dívida tributária. 
REMISSÃO EXPRESSA 
A remissão expressa pode ocorrer tanto de forma escrita 
quanto verbal, embora a comprovação da última seja de grande 
dificuldade no caso concreto. 
Na remissão expressa, recomenda-se, em verdade, a estipulação 
por escrito, público ou particular (carta, testamento etc.), 
declarando o credor que não deseja mais receber a dívida. 
EXEMPLO VERBAL: 
Seria o caso, por exemplo, de JACÓ que, diante de um público, 
declara para todos que perdoa a dívida de DIEGO, comportamento 
que não pode ser desprezado juridicamente como se fosse mera 
bravata. 
REMISSÃO TÁCITA 
Hipóteses de remissão tácita são previstas, porém, nos arts. 386 
e 387 do CC/2002. 
“Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando 
por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus 
coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz 
de adquirir.’’ 
Na ideia de devolução voluntária do título da obrigação, deve-se 
incluir a sua própria destruição, a ensejar a remissão tácita da 
dívida. 
Exemplo: se JACÓ, credor de DIEGO em obrigação prevista em 
determinado título de crédito, simplesmente destrói o título na 
frente de DIEGO, mesmo que não diga expressamente que o está 
perdoando, a remissão será presumida. 
Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a 
renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida”. 
Destaca-se que a remissão presumida é a da relação jurídica 
obrigacional acessória, com a devolução do objeto do penhor, e 
não da dívida principal. 
HIPÓTESES REMISSÃO 
Nota-se que nos dispositivos mencionados acima há uma 
presunção da remissão, ainda que não esteja verbalizada, pelos 
atos praticados pelo credor. 
REMISSÃO A CODEVEDOR 
“Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue 
a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda 
reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não 
pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida”. 
Isso se dá porque, de fato, ocorrerá a extinção parcial da dívida 
em relação a esse codevedor. 
EXEMPLO: 
DIEGO, CAIO e BENE são devedores solidários de FABIANA da 
quantia de R$ 600,00. FABIANA, por sua vez, perdoa a dívida de 
BENE. Nesse caso, subsistirá a solidariedade em face dos demais 
devedores (DIEGO e CAIO), que estarão obrigados ao pagamento 
de R$ 400,00 uma vez que deverá ser abatida a quota parte do 
devedor perdoado (R$ 200,00). 
Transmissão das Obrigações: Cessão 
de Crédito, Cessão de Débito 
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES: CESSÃO DECRÉDITO, 
CESSÃO DE DÉBITO – AULA 21 
PREVISÃO LEGAL: art. 286 – 298 do CC. 
O Código Civil de 2002, criou um título próprio (“Da Transmissão 
das Obrigações”), onde tratou da cessão de crédito e também da 
cessão de débito (assunção de dívida), deixando de fora da 
incidência de suas normas, todavia, a cessão de contrato, que 
merecia tratamento específico. 
O direito civil admite, sem qualquer dificuldade, a livre 
transferência das obrigações, quer quanto ao lado ativo, quer 
quanto ao lado passivo. 
O ato determinante dessa transmissão das obrigações denomina-
se cessão, pode ser a título gratuito ou oneroso. 
CESSÃO DE CRÉDITO 
• A cessão de crédito consiste em um negócio jurídico bilateral 
ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, 
sujeito ativo de uma obrigação, transfere a outrem, no todo 
ou em parte, a sua posição na relação obrigacional. 
 
Ou seja, o credor transfere a outrem seus direitos na relação 
obrigacional. 
Ex: DIEGO emprestou 3.000,00 reais a JACÓ, com prazo de três 
anos, tendo a dívida sido afiançada por FELIPE. Passado um ano, 
DIEGO tem necessidade de resgatar o dinheiro. Como não pode 
ainda exigir a restituição da quantia emprestada à JACÓ, vende o 
crédito por 2200 à BENEDITO, que não hesita em o adquirir pela 
confiança que deposita na solvabilidade do fiador FELIPE. 
É VEDADA À CESSÃO QUANDO: 
A cessão de crédito não poderá ocorrer, em três hipóteses: 
a) se a natureza da obrigação for incompatível com a cessão; 
b) se houver vedação legal; 
c) se houver cláusula contratual proibitiva. 
A) SE A NATUREZA DA OBRIGAÇÃO FOR INCOMPATÍVEL 
COM A CESSÃO: É o caso do direito aos alimentos. 
O menor não pode “negociar” com um terceiro, e ceder o crédito 
que tenha em face do seu pai. 
B) SE HOUVER VEDAÇÃO LEGAL: É o caso da regra prevista 
no art. 520 do CC/2002, que proíbe a cessão do direito de 
preferência a um terceiro. Da mesma forma, o art. 1.749, III, do 
CC/2002 proíbe que o tutor seja cessionário de direito, contra o 
tutelado. 
C) SE HOUVER CLÁUSULA CONTRATUAL PROIBITIVA. Só 
poderá ser oposta ao terceiro de boa-fé a quem se transmitiu o 
crédito (cessionário), se constar expressamente do instrumento 
da obrigação. 
Por óbvio, se o contrato era silente a respeito, presume-se que a 
cessão seria possível. 
ACESSÓRIOS ACOMPANHAM O PRINCIPAL 
Quando o crédito for transmitido deve-se saber que os 
acessórios e garantias da dívida também serão cedidos, se não 
houver estipulação expressa em sentido contrário, (art. 287 do 
CC/2002). 
NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR 
“Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao 
devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se 
tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou 
ciente da cessão feita”. 
A parte final do dispositivo diz que dispensa-se, a notificação, se 
o devedor, por escrito público ou particular, se declarar ciente da 
cessão realizada. 
Não havendo a notificação, a cessão não gerará o efeito jurídico 
pretendido, e o devedor não estará obrigado a pagar ao novo 
credor. 
DEFESA DO DEVEDOR 
O sujeito passivo da obrigação poderá defender-se, utilizando as 
“armas jurídicas” que apresentaria contra o cedente. 
Assim, se o crédito foi obtido mediante erro ou lesão, por 
exemplo, poderá opor essas exceções à cessão do crédito. Da 
mesma forma, poderá provar que já pagou, ou que a dívida fora 
remitida (perdoada). 
RESPONSABILIDADE PELA CESSÃO 
Cessão pro soluto – Constitui a regra geral, não havendo 
responsabilidade do cedente pela solvência do cedido (art. 296 do 
CC). 
Cessão pro solvendo – é aquela em que a transferência do 
crédito é feita com intuito de extinguir a obrigação apenas 
quando o crédito for efetivamente cobrado. Deve estar prevista 
pelas partes, situação em que o cedente responde perante o 
cessionário pela solvência do cedido (art. 297 do CC). 
CESSÃO DE DÉBITO (ASSUNÇÃO DE DÍVIDA) 
• PREVISÃO LEGAL: (arts. 299 – 303 do CC). 
A cessão de débito ou assunção de dívida é um negócio jurídico 
bilateral, pelo qual o devedor, com a anuência do credor e de 
forma expressa, transfere a um terceiro a posição de sujeito 
passivo da relação obrigacional. 
ANUÊNCIA DO CREDOR (ART. 299) 
Como haverá alteração subjetiva na relação-base, e ao se 
considerar que o patrimônio do devedor é a garantia da 
satisfação do crédito, o credor deverá anuir expressamente, 
para que a cessão seja considerada válida e eficaz. 
• Prevê o parágrafo único desse dispositivo que “qualquer das 
partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na 
assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como 
recusa”. 
Na assunção de dívida, portanto, quem cala, não consente. 
VALIDADE DA CESSÃO DE DÉBITO 
Para que seja válida, além dos pressupostos gerais do negócio 
jurídico, a cessão de débito deverá observar os seguintes 
requisitos: 
• a) a presença de uma relação jurídica obrigacional 
juridicamente válida; 
• b) a substituição do devedor, mantendo-se a relação jurídica 
originária; 
• c) a anuência expressa do credor. 
MEIOS DE SUBSTITUIÇÃO 
DELEGAÇÃO — decorre de negócio pactuado entre o devedor 
originário e o terceiro, com a devida anuência do credor. O 
devedor-cedente é o delegante; o terceiro-cessionário, delegado; 
e o credor, o delegatário. 
Pode ter efeito apenas liberatório sem responsabilidade do 
devedor delegante ou até mesmo responder pelo débito em caso 
de inadimplência do novo devedor. 
EXPROMISSÃO — hipótese em que o terceiro assume a 
obrigação, independentemente do consentimento do devedor 
primitivo. Assim como na delegação, poderá ter eficácia 
simplesmente liberatória, ou, em situação mais rara, o terceiro 
poderá vincular-se solidariamente ao cumprimento da obrigação, 
ao lado do devedor originário. 
DEFESAS DO NOVO DEVEDOR 
• O novo devedor não pode opor ao credor as exceções 
(defesas) pessoais que competiam ao devedor primitivo 
(exemplo: incapacidade, dolo, coação etc.), nos termos do art. 
302 do Código Civil de 2002. 
• Nada impede, por outro lado, que oponha defesas não 
pessoais (como o pagamento da dívida ou a exceção de 
contrato não cumprido).

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