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Direito das Obrigações PROFESSOR DIEGO FORTES - SL IDES RESUMO FEITO POR LARISSA MAGALHÃES @MILDLINERZERA (SIGA ON INSTAGRAM) DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Direito das obrigações trata-se de matéria do livro I da parte especial, inicia-se a partir do art. 233 até 420, do Código Civil. IMPORTÂNCIA DAS OBRIGAÇÕES Segundo Fernando de Noronha renomado civilista: o Direito das Obrigações disciplina essencialmente três coisas: • as relações de intercâmbio de bens entre as pessoas e de prestação de serviços (obrigações negociais); • a reparação de danos que umas pessoas causem a outras (responsabilidade civil em geral, ou em sentido estrito) e; • no caso de benefícios indevidamente auferidos com o aproveitamento de bens ou direitos de outras pessoas, a sua devolução ao respectivo titular (enriquecimento sem causa)” CONCEITO DE CLÓVIS BEVILAQUA: “obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou omissão”. CONCEITO DE FLÁVIO TARTUCE: “obrigação é uma relação jurídica transitória existente entre um sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor); e cujo conteúdo é uma prestação economicamente apreciável. Em caso de inadimplemento poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor”. CONCEITO DE PABLO STOLZE: “trata-se do conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer”. ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO I) relação jurídica formada por dois ou mais sujeitos; II) Existência de vínculo entre os sujeitos; III) Finalidade é a satisfação por meio da prestação; V) Objeto da obrigação - imediata (classificação): dar, fazer e não fazer. DIREITO PESSOAL No Direito das Obrigações vocês vão conhecer as normas que tratam das relações das pessoas entre si, é por isso que o Direito das Obrigações é também conhecido como Direito Pessoal. CARACTERÍSTICAS DAS OBRIGAÇÕES Trata-se de um vínculo jurídico estabelecido entre o credor, como sujeito ativo, e o devedor, na posição de sujeito passivo, liame este que confere ao primeiro o poder de exigir do último uma prestação. Vínculos patrimoniais (interesse econômico): impõe ao devedor o dever de prestar, isto é, de dar, fazer ou não fazer algo no interesse do credor, a quem a lei assegura o poder de exigir tal prestação positiva ou negativa. Objeto pode ser determinado: são coisas determinadas, vinculando sujeito ativo e passivo, tendo em vista que apenas aquela prestação poderá ser exigida do devedor. Ex: Compra e venda de um Honda Fit, Placa EYC2ANO. Objeto determinável: trata-se da venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade, que será determinada pela escolha. Prestação positiva ou negativa: exigem certo comportamento do devedor, ao reconhecerem o direito do credor de reclamá-la. COMO CAI NA PROVA PROFESSOR? Diego, proprietário de uma vaca branca, vendeu-a a seu vizinho, Benedito. Celebraram, em 15 de maio de 2020, um contrato de compra e venda. Pelo qual Diego deveria receber do comprador a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais) no momento da entrega do animal, agendada para um mês após a celebração do contrato. Nesse intervalo de tempo, contudo, para surpresa de Diego sua vaca branca pariu dois bezerros. Desse modo, a quem pertencerá os bezerros nascidos? RESPOSTA Os bezerros pertencem a Diego. Art. 237 CC/2002 - Nas obrigações de dar coisa certa, até a tradição pertence ao devedor a coisa, com seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não concordar, poderá o devedor resolver a obrigação. RESPOSTA O vendedor tem duas opções: RESOLUÇÃO DA OBRIGAÇÃO (extinguir o vínculo obrigacional) ou AUMENTAR O PREÇO. Obrigação de Dar OBRIGAÇÃO DE DAR – AULA 02 PREVISÃO LEGAL: arts. 233 a 242 do CC/2002) O legislador brasileiro manteve-se fiel à técnica romana, dividindo as obrigações, em função de seu objeto, em três grupos: obrigações de dar, que se subdividem em obrigações de dar coisa certa e coisa incerta, obrigações de fazer e obrigações de não fazer. Segundo o ilustre doutrinador Carlos Roberto Gonçalves no livro “Direito Civil Brasileiro, Teoria Geral das Obrigações”: a obrigação de dar é uma obrigação positiva, que consiste na prestação, na entrega de uma coisa, seja para lhe transferir a propriedade, seja para lhe ceder a posse, seja para restituí-la. Segundo com Maria Helena Diniz: A obrigação de dar, por si só, confere tão somente ao credor mero direito pessoal, e não real, visto que o credor só adquirirá o domínio pela tradição da coisa pelo devedor. A obrigação de dar consiste, assim, quer em transmitir a propriedade ou outro direito real, quer na simples entrega de uma coisa em posse, em uso ou à guarda. Exemplo: na compra e venda, que gera obrigação de dar para ambos os contratantes, a do vendedor é cumprida mediante entrega da coisa vendida, e a do comprador, com a entrega do preço. FORMAS DE PRESTAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE DAR TRANSCRIÇÃO: É o modo de transmissão de bens imóveis. “Art. 1.227, CC: Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressamente neste Código. Enquanto não se transcreve o título de transação da propriedade, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel e responde sobre seus encargos. TRADIÇÃO: Modo de entrega de bem móveis. “Art. 1226, CC: Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos ou transmitidos, por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.” OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA • Coisa certa é coisa individualizada, que se distingue das demais por características próprias, móvel ou imóvel. • E, se é assim, o credor não está obrigado a receber outra coisa senão aquela descrita no título da obrigação. • OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA • Exemplo: A venda de determinado automóvel, é negócio que gera obrigação de dar coisa certa, pois um veículo distingue se de outros pelo número do chassi, do motor, da placa etc. • OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA • Outros exemplos: compra de um quadro específico de um pintor célebre; • Ou até mesmo a compra de um imóvel localizado em determinada rua e número. OS ACESSÓRIOS E A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA • Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. • Exemplo: obrigando-se a transferir a propriedade da casa, estarão incluídas as benfeitorias realizadas (acessórias da coisa principal), se o contrário não resultar do contrato ou das próprias circunstâncias. PERDA DA COISA CERTA “Art. 234, CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas às partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente mais perdas e danos.” DETERIORAÇÃO (PREJUÍZO PARCIAL) DA COISA CERTA SEM CULPA DO DEVEDOR Art. 235, CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço ou valor que perdeu. COM CULPA DO DEVEDOR “Art. 236, CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou outro caso, indenização das perdas e danos”. DIREITO AOS MELHORAMENTOS E ACRESCIDOS Na obrigaçãode entregar, a coisa continuará pertencendo ao devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais OBRIGAÇÃO POSITIVA DE DAR NEGATIVA: DE NÃO FAZER COISA CERTA COISA INCERTADE FAZER poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação” (CC, art. 237). Melhoramento é tudo quanto opera mudança para melhor, em valor, em utilidade, em comodidade, na condição e no estado físico da coisa. Acrescido é tudo que se ajunta, que se acrescenta à coisa, aumentando-a. Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR A obrigação de restituir é subespécie da obrigação de dar. Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. Tal modalidade impõe àquele a necessidade de devolver coisa que, em razão de estipulação contratual, encontra-se legitimamente em seu poder. É o que sucede, por exemplo, com o comodatário, o depositário, o locatário, o credor pignoratício e outros, que devem restituir ao proprietário, nos prazos ajustados, ou no da notificação quando a avença for celebrada por prazo indeterminado, a coisa que se encontra em seu poder por força do vínculo obrigacional. SEM CULPA Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Exemplo: Se alguém aluga um imóvel no dia 01, e este perece em razão de um incêndio no dia 15, sem culpa do inquilino (locatário), o contrato de locação estará extinto, devendo o locatário devolver o imóvel, mas terá que pagar 15 dias de aluguel (direito do locador até o dia da perda do imóvel). COM CULPA Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. Exemplo: Se alguém aluga um imóvel, e este perece em razão de um incêndio ocasionado por culpa do inquilino (locatário), o locatário deverá indenizar o locador em relação ao valor do imóvel (“equivalente”), e todos os demais prejuízos (perdas e danos). Obrigação de Dar Coisa Incerta OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA – AULA 03 • PREVISÃO LEGAL: art. 243 ao 246 do Código Civil. • ART. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. • Nesta espécie de obrigação a coisa não é única, singular, exclusiva e preciosa como na obrigação de dar coisa certa, mas sim é uma coisa genérica determinável pelo gênero e pela quantidade. • Ao invés de uma coisa determinada/certa, • temos aqui uma coisa determinável/incerta (ex: cem sacos de café; dez vacas, um carro popular, etc). OBJETO • Tal coisa incerta, indicada apenas pelo gênero/espécie e pela quantidade no início da relação obrigacional, vem a se tornar determinada por escolha no momento do pagamento. • Objeto é determinado pelo gênero e pela quantidade. Falta determinar somente a qualidade do café. Enquanto tal não ocorre, a coisa permanece incerta. • Não pode ser objeto de prestação, por exemplo, a de “entregar sacas de café”, por faltar a quantidade, bem como a de entregar “dez sacas”, por faltar o gênero. • Desse modo, nota-se que coisa incerta não é coisa totalmente indeterminada, mas uma parcialmente determinada, suscetível de completa determinação oportunamente, mediante a escolha da qualidade ainda não indicada. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA Segundo Carlos Roberto Gonçalves: “a principal característica dessa modalidade de obrigação reside no fato de o objeto ou conteúdo da prestação, indicado genericamente no começo da relação, vir a ser determinado por um ato de escolha, no instante do pagamento objeto determinado.” EXEMPLO Se João deve cem laranjas a José, estas frutas precisam ser escolhidas no momento do pagamento para serem entregues ao credor. A COISA INCERTA PODE SE TRANSFORMAR EM COISA CERTA? REPOSTA: Pode-se dizer que a obrigação de dar coisa incerta sempre será transitória. Com efeito, haverá um momento em que a incerteza em relação ao objeto cessará, transmudando-se a natureza da obrigação para a de dar coisa certa, ou seja, aquela em que o objeto da prestação é determinado. ESCOLHA Esta escolha chama-se juridicamente de concentração: é o processo de escolha da coisa devida, de média qualidade, feita via de regra pelo devedor. A concentração/escolha implica também em separação, pesagem, medição, contagem e expedição da coisa, conforme o caso. PROFESSOR A QUEM CABE A ESCOLHA???? Segundo o art. 244 do Código Civil: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor”. EXEMPLO Antônio deve entregar cinco ovelhas de seu rebanho a José. No caso de a escolha ficar a cargo de Antônio é natural que escolha as cinco piores ovelhas do rebanho, enquanto se estivesse a cargo de José, este escolheria as cinco melhores. Nesse caso, é necessário que se guarde o meio-termo no momento da escolha, ou seja, as ovelhas a serem escolhidas não deverão ser a melhores, nem tão pouco as piores. 1. Cabe, em regra, ao devedor. O devedor, naturalmente, é o titular do direito de escolha. O que significa dizer que na ausência de acordo, presume-se que a escolha cabe ao devedor. 2. Poderá caber ao credor. São duas as hipóteses em que o direito de escolha será transferido ao credor: quando o devedor não exercê-lo ao tempo da tradição, ou ainda, quando avençado entre as partes. 3. Poderá ficar a cargo de terceiro. Na hipótese em que ambos os sujeitos da relação obrigacional omitirem-se à escolha, poderá um terceiro imparcial fazê-la, desde que haja a anuência das partes. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA NO CC/02 Art. 245 do Código Civil: “Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente”. Art. 246 do Código Civil • “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”. • Se a coisa se perder ANTES DA ESCOLHA , não se poderá alegar culpa ou força maior. Só a partir do momento da escolha é que ocorrerá a individualização e a coisa passará a aparecer como objeto determinado da obrigação. COMO ASSIM PROFESSOR???? NÃO ENTENDI . Se João deve cem laranjas a José não pode deixar de cumprir a obrigação alegando que as laranjas estragaram, pois cem laranjas são cem laranjas, e se a plantação de João se perdeu ele pode comprar as frutas em outra fazenda ou no mercado. Obrigações de Dar Envolvendo Prestações Especiais OBRIGAÇÕES DE DAR ENVOLVENDO PRESTAÇÕES ESPECIAIS – AULA 04 PRESTAÇÕES PECUNIÁRIAS. PREVISÃO LEGAL: arts. 315 e 318, Código Civil ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO “o pagamento em dinheiro consiste, assim, na modalidade de execução obrigacional que importa a entrega de uma quantia de dinheiro pelo devedor ao credor, com liberação daquele. É um modo de pagamento que deve realizar-se, em princípio, em moeda corrente, no lugar do cumprimento da obrigação, onde esta deverá cumprir-se , art. 916 do código de 1916” ENTENDIMENTO SEGUNDO CÓDIGO DE 1916 Tal código permitia que o pagamento das obrigações pecuniárias fosse feito em determinada espécie de moeda, nacional ou estrangeira, e, inclusive, por meio de ouro e prata. AVANÇO OU RETROCESSO? Em 27 de novembro de 1933, por meio da edição do Decreto n. 23.501, proibiram-se as estipulações de pagamento em ouro, ou qualquer outra moeda estrangeira, em detrimento da moeda nacional. De acordo com o Decreto-Lei n. 857, de 1969, passou a admitir, todavia, apenas em caso excepcional, a utilização de moeda estrangeira nos contratos internacionais. O QUE É CONTRATO INTERNACIONAL? Tem como exemplo de contrato internacional aquele realizadoatravés de importação e exportação de serviços ou mercadorias. SE HOUVER INADIMPLEMENTO PODERÁ OCORRER JUROS NESTE CASO DE PAGAMENTO EM MOEDA ESTRANGEIRA? De acordo com o Decreto-Lei n. 857, de 11 de setembro de 1969, e o art. 6.º da Lei n. 8.880, de 27 de maio de 1994 as operações e os contratos internacionais não estão sujeitos à obrigatoriedade de serem corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor — IPCr. O QUE ISSO QUER DIZER? Segundo Pablo Stolze, o que se pode compreender dos dispositivos destacados acima é que a correção monetária da obrigação quando ocorrida fora do Brasil poderá ser feita em moeda estrangeira. AFINAL, A OBRIGAÇÃO EM PECÚNIA DEVE SER EM QUAL MOEDA? Regra geral da obrigatoriedade do pagamento em moeda corrente nacional, que tem curso forçado, para as obrigações exequíveis no Brasil, ressalvadas, apenas, as relações contratuais de natureza internacional. Em qual modalidade obrigacional está enquadrado o dinheiro? Pode-se dizer que dinheiro é coisa? Na concepção dicionarizada: dinheiro é meio de troca convencional, na forma de moedas ou cédulas, usado na compra de bens, serviços, força de trabalho, divisas estrangeiras, emitido e controlado pelo governo de cada país, que é o único que pode emiti-lo e fixar seu valor. Desta forma, fica claro que dinheiro não é coisa. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA MARIA HELENA DINIZ E ORLANDO GOMES dizem que prestação pecuniária é objeto da obrigação de soma de valor, modalidade especial referente a atividade de dar, pois dinheiro não é coisa. PABLO STOLZE GAGLIANO E RODOLFO PAMPLONA FILHO, ASSIM COMO ÁLVARO VILLAÇA, acreditam se tratar de obrigação autônoma, simplesmente de dar dinheiro (obrigação pecuniária). CARLOS ROBERTO GONÇALVES também acredita se tratar de obrigação pecuniária, ou de entregar dinheiro. Segundo o autor, "é, portanto, espécie particular de obrigação de dar. Tem por objeto uma prestação em dinheiro e não uma coisa.’’. Percebe-se, portanto, que, para a maior parte da doutrina, as dívidas em dinheiro correspondem à atividade de dar - entregar. Desta forma, tem-se que o objeto presente na maioria das relações obrigacionais, pelo qual milhares de pessoas disputam todos os dias no Judiciário e na vida comum, acaba por ser pouco trabalhado na classificação sistemática da doutrina e pela jurisprudência. ART. 315 DO CÓDIGO CIVIL “As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes” Desse artigo pode-se dizer que é por meio do princípio do nominalismo que regula as denominadas dívidas de dinheiro. VALOR NOMINAL? CARLOS ROBERTO GONÇALVES, afirma que: “De acordo com o referido princípio, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou no título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação, ou seja, mesmo que a referida quantidade não seja suficiente para a compra dos mesmos bens que podiam ser adquiridos, quando contraída a obrigação” DÍVIDAS DE VALOR De acordo com o ilustre doutrinado ÁLVARO VILLAÇA: “Também é, indiscutivelmente, dívida de valor a indenização devida em razão das desapropriações. O Poder Público expropriante, por exigência constitucional (art. 5.º, inc. XXIV), há que pagar ao expropriado prévia e justa indenização, o que quer dizer que o valor do bem expropriado, obtido mediante avaliação, é que se faz devido, e não, meramente, o valor inicial depositado no processo por esse Poder Público. ART. 317 DO CC/2002 Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. O dispositivo mencionado acima dá poderes ao juiz para corrigir o valor econômico do contrato, se motivos imprevisíveis, supervenientes, tornarem manifestamente desproporcional o valor da prestação devida, em cotejo com aquele pactuado ao tempo da celebração do negócio. ART. 318 DO CC/2002 São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. Obrigações De Fazer OBRIGAÇÕES DE FAZER – AULA 05 FUNDAMENTOS Artigos 247 a 249 e 881 do Código Civil 🞇 Artigos 495 e 501 do Código de Processo Civil. CONCEITO A obrigação de fazer vem diante de uma conduta humana que tem por objetivo um serviço, baseando-se em uma espécie de obrigação positiva pela qual o devedor se compromete a praticar algum serviço lícito em benefício do credor. Nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade do devedor. A atividade pode ser física ou material como lavar um automóvel ou fazer um vaso de barro. OBRIGAÇÃO DE DAR X DE FAZER Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é uma coisa, na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço. Exemplo: professor ministrar uma aula, advogado redigir uma petição, cantor fazer um show, pedreiro construir um muro, médico realizar uma consulta, etc SE EU QUERO COMPRAR UM QUADRO E ENCOMENDO A UM ARTISTA, A OBRIGAÇÃO SERÁ DE FAZER OU DE DAR? Se o quadro já estiver pronto à obrigação será de dar, se ainda for confeccionar o quadro a obrigação será de fazer. FUNGIVEL: quando o serviço puder ser prestado por uma terceira pessoa, diferente do devedor, ou seja, quando o devedor for facilmente substituível, sem prejuízo para o credor, a obrigação é fungível. EXEMPLO Caso pedreiro, eletricista, mecânico, não possam fazer o serviço e mandem um substituto, a princípio para o credor não há problema. OBRIGAÇÃO DE FAZER “ART. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido” INFUNGÍVEL: ao credor só interessa que o devedor, pelas suas qualidades pessoais, faça o serviço. Chama-se esta espécie de obrigação de personalíssima ou intuitu personae ( = em razão da pessoa). São as circunstâncias do caso e a vontade do credor que tornarão a obrigação de fazer fungível ou não. INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER “ART. 248, CC: Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolverse-á a obrigação; se por culpa dele responderá por perdas e danos.” INADIMPLEMENTO SEM CULPA Um palhaço foi contratado para animar um aniversário de criança, e, no dia do evento, foi vítima de um sequestro, a obrigação extingue-se por força do evento fortuito. INADIMPLEMENTO COM CULPA O mesmo palhaço contratado para animar a festa, acidentou-se porque, dirigia seu veículo alcoolizado e em alta velocidade. Se isso ocorrer, o descumprimento obrigacional decorreu de sua imprudência, razão pela qual deverá ser responsabilizado. TUTELA JURÍDICA ESPECÍFICA O CDC garante, em diversos dispositivos, o direito do consumidor à tutela específica quando não cumpre a obrigação por culpa, inclusive do adimplemento contratual, em razão da natureza obrigacional inerente às lides individuais consumeristas. ART. 18, 19, 35 E 84 DO CDC. Em complemento ao CDC o Código de Processo Civil, passou a conter também um Capítulo específico, dentro do Título destinado ao” Cumprimento de Sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa”, especificamente, nos arts. 536 e 537. Portanto, há de ser feita uma interpretação mais lógica do art. 248 do CC/2002, ou seja, tal regra somente podeser aplicada quando não é mais possível o cumprimento da obrigação ou, não tendo o credor mais interesse na sua realização — ante o inadimplemento do devedor —, o autor da ação assim o pretender. Mas se a obrigação ainda é possível de se cumprir, deve a ordem jurídica buscar satisfazer o credor com a efetiva prestação pactuada, proporcionando, na medida do praticamente possível, que quem tem um direito receba tudo aquilo e precisamente aquilo que tem o direito de obter, e não impor indenizações equivalentes, haja vista que isso não realiza o bem da vida pretendido. A busca da tutela específica não exclui a indenização pelas perdas e danos ocorridos até a data da realização concreta da obrigação de fazer submetida à apreciação judicial. Por outro lado, a conversão da obrigação de fazer em perdas e danos poderá ocorrer nos termos do art. 499 do Código de Processo Civil de 2015. QUADRO DO DESCUMPRIMENTO Obrigações De Não Fazer OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER – AULA 06 FUNDAMENTO: Artigos 250, 251 e 881 do Código Civil. CONCEITO A obrigação de não fazer, ou negativa, impõe ao devedor um dever de abstenção: o de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não se houvesse obrigado. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS Abstenção, permissão ou tolerância, impedindo que o devedor pratique determinado ato que, normalmente, não lhe seria vedado. Diferente da obrigação de fazer, a obrigação de não fazer será sempre personalíssima, não podendo ser realizada por terceiros. EXEMPLOS Trata-se do caso da proibição de alguém construir acima de determina altura. Cláusula de Raio - Shopping Center. A cabeleireira alienante que se obriga a não abrir outro salão de beleza no mesmo bairro. E se praticarem o ato professor? Se praticarem o ato que se obrigaram a não praticar, tornar-se- ão inadimplentes, podendo o credor exigir, com base no art. 251 do Código Civil, o desfazimento do que foi realizado. Há algum limite nessa obrigação professor? Devem ser respeitados certos limites, não sendo licitas convenções em que se exija sacrifício excessivo da liberdade do devedor ou que atentem contra os direitos fundamentais da pessoa humana. SEGUNDO PABLO STOLZE: “não serão consideradas lícitas as obrigações de não fazer que violem princípios de ordem pública e vulnerem garantias fundamentais”. EXEMPLOS O ser humano não pode ser obrigado: a suportar indefinidamente determinado ônus; a obrigação de não sair à rua; a obrigação de não casar, namorar; a obrigação de não trabalhar, dentre outras. DESCUMPRIMENTO CABE PENA PECUNIÁRIA? De acordo com Código de Processo Civil: “Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da pratica de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela”. (Arts. Artigo 536 ao 538 CPC/15)”. EXEMPLO Trata-se do caso em que proprietário de imóvel rural que se obrigou a permitir que terceiro o utilize para caçar, pescar, plantar, etc... E, também do dono do prédio, a tolerar que nele entre o vizinho para reparar ou limpar o que lhe pertence. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER “ART. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Paragrafo único: Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido”. Portanto, se o devedor realiza o ato, não cumprindo o dever de abstenção, pode o credor exigir que ele o desfaça, sob pena de ser desfeito à sua custa, além da indenização de perdas e danos. O devedor encontra-se em mora desde o dia em que executa o ato de que deveria abster-se. EXEMPLO Se alguém se obriga a não construir um muro, a outra parte pode, desde que a obra é realizada, exigir, com o auxílio da Justiça, que seja desfeita e, no caso de recusa, mandar desfazê-lá à custa do inadimplente, reclamando as perdas e danos que possam ter resultado do mencionado ato. MORA A mora, nas obrigações de não fazer, é presumida APENAS pelo descumprimento do dever de abstenção, independente de qualquer intimação. Ou seja, de acordo com art. 251 do CC ou o devedor desfaz pessoalmente o ato, respondendo por perdas e danos, ou poderá vê-lo desfeito por terceiro, por determinação judicial, pagando ainda perdas e danos. EXISTE ALGUM CASO QUE O DEVEDOR NÃO CONSEGUIRÁ VER DESFEITO O ATO E TERÁ APENAS PERDAS E DANOS? Há casos em que só resta ao credor esse caminho, como na hipótese de alguém divulgar um segredo industrial que prometera não revelar. Feita a divulgação, não há como pretender a restituição das partes ao status quo ante. SOBRE A TUTELA ESPECÍFICA TEM SEMELHANÇA COM A OBRIGAÇÃO DE FAZER? Da mesma forma que as obrigações de fazer, o que deve ser levado em consideração é se é possível (ou não) restituir as coisas ao status quo ou, mesmo assim, se o credor tem interesse em tal situação. Sendo possível, e havendo interesse do credor, pode este demandar judicialmente o cumprimento da obrigação de não fazer, sem prejuízo das perdas e danos, até o desfazimento do ato que o devedor se obrigou a não fazer, com base no art. 251 do Código Civil de 2002. Sendo impossível, cabe apenas perdas e danos. DESCUMPRIMENTO FORTUITO (NÃO CULPOSO) Segundo o art. 250 do cc: “extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster- se do ato, que se obrigou a não praticar”. EXEMPLO Trata-se do caso da pessoa que se obrigou a não construir um muro em seu imóvel, a fim de não prejudicar a vista do vizinho, mas em razão de determinação do poder público, que modificou toda estrutura urbanística municipal, foi forçado a realizar a obra que prometera não fazer. Das Obrigações Alternativas DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS – AULA 07 PREVISÃO LEGAL Código Civil - artigos 252 a 256. CARACTERÍSTICAS GERAIS Havendo pluralidade de prestação, a obrigação é complexa ou composta e se desdobra, então, nas seguintes modalidades: obrigações alternativas, obrigações facultativas e obrigações cumulativas. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS SEGUNDO ORLANDO GOMES: “A obrigação alternativa pode ter como objeto duas ou mais prestações, que se excluem no pressuposto de que somente uma delas deve ser satisfeita mediante escolha do devedor, ou do credor. Neste caso, a prestação é devida alternativamente” Nessa modalidade o objeto pode recair entre duas ou mais coisas, entre dois ou mais fatos, ou até entre uma coisa e um fato. EXEMPLO Diego, devedor, libera-se pagando um touro reprodutor ou um carro a Caio, credor. Porém nada impede, que as prestações sejam, na perspectiva da classificação básica, de natureza diversa: a entrega de uma joia ou a prestação de um serviço. Qual a diferença entre obrigação de dar coisa incerta e alternativa? Teoricamente, é possível fazer a distinção entre obrigações de dar coisa incerta e alternativas. As primeiras são determinadas pelo gênero, e somente são individualizadas no momento em que se cumpre a obrigação; as segundas, por sua vez, têm por objeto prestações específicas, excludentes entre si. ALTERNATIVA As prestações são múltiplas, mas, efetuada a escolha, quer pelo devedor, quer pelo credor, individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas, como se, desde o início, fosse a única objetivada na obrigação. A QUEM CABE A ESCOLHA? “Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou”. Assim como na obrigação de dar coisa incerta, como regra geral, o direito de escolha cabe ao devedor, se o contrárionão houver sido estipulado no título da obrigação. MAS ESSA REGRA GERAL PODE MUDAR PROFESSOR? SIM, respeitando os parágrafos do art. 252: 1) embora a escolha caiba ao devedor (quando não houverem estipulado antecipadamente), o credor não está obrigado a receber parte em uma prestação e parte em outra (princípio da indivisibilidade do objeto); MAS ESSA REGRA GERAL PODE MUDAR PROFESSOR? 1) Se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de escolha poderá ser exercido em cada período; EXEMPLO: pagamento parcelado; tenho dois objetos: R$1.000 por mês ou um carro. 1º mês o credor escolhe mil reais 2º mês com a demora do pagamento, o credor escolhe o carro. 2) No caso de haver pluralidade de optantes (como, por exemplo, um grupo de devedores com direito de escolha), não tendo havido acordo unânime entre eles, a decisão caberá ao juiz, após expirar o prazo judicial assinado para que chegassem a um entendimento (suprimento judicial da manifestação de vontade); 3) O juiz deverá escolher a prestação a ser cumprida, se o título da obrigação houver deferido esse encargo a um terceiro, e este não quiser ou não puder exercê-lo. QUAL O PRAZO DE ESCOLHA? “Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato. § 1.º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado. § 2.º A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la”. INADIMPLEMENTO SEM CULPA – ESCOLHA DO DEVEDOR Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. EXEMPLO: uma enchente destruiu o carro e matou o touro reprodutor, que compunham o núcleo da obrigação alternativa (art. 256 do CC/2002). INADIMPLEMENTO COM CULPA – ESCOLHA DO DEVEDOR Se a impossibilidade de todas as prestações alternativas decorrer de culpa do devedor, não competindo a escolha ao credor, ficará aquele obrigado a pagar o valor da prestação que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos (art. 254 do CC/2002). EXEMPLO Diego obriga-se a entregar a CAIO um computador ou uma impressora a laser, à sua escolha (do devedor). Ocorre que, por negligência, o devedor danifica o computador e, em seguida, destrói a impressora. Neste caso, deverá pagar ao credor o valor da impressora a laser (objeto que por último se danificou), mais as perdas e danos. INADIMPLEMENTO COM CULPA - ESCOLHA DO CREDOR Se a impossibilidade de todas as prestações alternativas decorrer de culpa do devedor, mas a escolha couber ao credor, poderá este reclamar o valor de qualquer das prestações, mais as perdas e danos (art. 255, segunda parte, do CC/2002). INADIMPLEMENTO PARCIAL E o que dizer se a impossibilidade não for total, ou seja, atingir apenas uma das prestações? Nesse caso, se não houver culpa do devedor, a obrigação, consoante vimos acima, concentra-se na prestação remanescente (art. 253 do CC/2002). INADIMPLEMENTO PARCIAL COM CULPA - ESCOLHA DO DEVEDOR Da mesma forma, se a prestação se impossibilitar por culpa do devedor, não competindo a escolha ao credor, poderá o débito ser concentrado na prestação remanescente (art. 253 do CC/2002). INADIMPLEMENTO PARCIAL COM CULPA - ESCOLHA DO CREDOR Entretanto, se a prestação se impossibilitar por culpa do devedor, e a escolha couber ao credor, este terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da que se impossibilitou, mais as perdas e danos (art. 255, primeira parte, do CC/2002). Obrigações Facultativas e Cumulativas OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS E CUMULATIVAS – AULA 08 CARACTERÍSTICAS GERAIS Não se deve, confundi-la com as obrigações alternativas, estudadas na aula anterior. Nestas, a obrigação tem por objeto duas ou mais prestações que se excluem alternativamente. Trata se, portanto, de obrigações com objeto múltiplo. Já na facultativa há apenas um objeto. EXEMPLO O devedor A obriga-se a pagar a quantia de R$ 10.000,00, facultando-se-lhe, todavia, a possibilidade de substituir a prestação principal pela entrega de um carro usado. CONCEITO Trata-se de obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, porém, facultado ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. Essa espécie oferece aspecto singular. Nela o objeto da prestação é determinado: o devedor não deve outra coisa, o credor outra coisa não pode pedir; mas, por uma derrogação ao rigor da obrigação, pode o devedor pagar coisa diversa daquela que constitui objeto da dívida. O Código Civil brasileiro não trata das obrigações facultativas, visto que, praticamente, não deixam elas de ser alternativas, para o devedor, e simples para o credor, que só pode exigir daquele o objeto principal. SEGUNDO ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO , vista a obrigação facultativa pelo prisma do credor, que pode, tão somente, exigir o objeto da prestação obrigatória, seria ela simples (um único objeto sendo exigido por um único credor de um único devedor). Observada pelo ângulo do devedor, que pode optar entre a prestação do objeto principal ou do facultativo, mostra-se ela como uma obrigação alternativa sui generis. OBJET0 Como o dever de prestar tem por objeto prestação determinada, o credor nunca poderá exigir a prestação posta em alternativa. Mas terá de aceitá-la, se o devedor optar por ela no momento do cumprimento, sob pena de incorrer em mora. É aquela cujo objeto da prestação é único, mas confere ao devedor o direito excepcional de substitui-lo por outro. E SE O OBJETO SE PERDER NESSA OBRIGAÇÃO? Se perece o primeiro e principal objeto (não sendo o facultado), sem culpa do devedor, resolve-se o vínculo obrigacional, não podendo o credor exigir a prestação acessória. EXEMPLO Assim, por exemplo, se o devedor se obriga a entregar um animal, ficando-lhe facultado substituí lo por um veículo, e o primeiro (único objeto que o credor pode exigir) é fulminado por um raio, vindo a falecer, extingue-se por inteiro a obrigação daquele, não podendo este exigir a outra prestação, ou seja, a entrega do veículo. Se a impossibilidade, se referir à segunda prestação, a obrigação manter-se-á em relação à prestação devida, apenas desaparecendo para o devedor a possibilidade prática de substituí-la por outra. CONCLUSÃO DA OBRIGAÇÃO FACULTATIVAS a) O credor só pode pedir a coisa propriamente devida; b) perecendo a coisa devida, na obrigação facultativa fica o devedor inteiramente desonerado; a obrigação fica igualmente sem objeto; c) Perecendo a coisa que poderia ser substituída a obrigação continua sendo devida. OBRIGAÇÃO CUMULATIVA • Na modalidade especial de obrigação composta, denominada cumulativa ou conjuntiva, há uma pluralidade de prestações e todas devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer delas, sob pena de se haver por não cumprida. • Nela há tantas obrigações distintas quantas as prestações devidas. • Pode-se estipular que o pagamento seja simultâneo ou sucessivo, mas o credor não pode ser compelido “a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou”. • O devedor tem que cumprir todas as atividades do acordado para ter cumprido enfim a obrigação. • Em caso de inadimplemento, caberá ação de execução da obrigação cumulativa de fazer. • Se impossível com culpa: perdas e danos. OBRIGAÇÃO CUMULATIVA Na obrigação cumulativa, também denominada obrigação conjuntiva, as prestações devidas estão ligadas pela partícula “e”, como na obrigação de entregar um veículo e um animal. Ou seja, os dois, cumulativamente. Efetiva-se o seu cumprimento somente pela prestação de todos eles. É o queocorre quando alguém se obriga a entregar uma casa e certa quantia em dinheiro. Note-se que as prestações, mesmo diversas, são cumpridas como se fossem uma só, e encontram-se vinculadas pela partícula conjuntiva “e”. Nesses casos, o devedor apenas se desobriga cumprindo todas as prestações. DICA! ! ! ! ! Ler acórdão e votos do julgamento do RESP 1.074.323/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha. Ausência de culpa por parte do devedor - Inexistência, portanto, de título executivo para cobrança de obrigação alternativa - Execução extinta - Recurso dos embargantes provido para esse fim. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - Pretensão à fixação conforme pactuado extrajudicialmente pelas partes - Impossibilidade - Aplicação das regras do art. 20 do CPC - Recurso do embargado não provido." (fls. 538) Obrigações Solidárias OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – AULA 09 PREVISÃO LEGAL: 264-285 do CC Deve-se compreender que há solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva). CONCEITO LACERDA DE ALMEIDA: “A solidariedade perfeita consiste pois na figura jurídica de uma obrigação única com pluralidade de sujeitos, cada um dos quais é como se fosse único credor ou único devedor”. Segundo a dicção do Art. 264. “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda”. EXEMPLO DO PROFESSOR Sindy, Diego e Thiago são credores de João. Sindy pode cobrar a dívida total de João e depois repassar o resto para Diego e Marcos, se não repassar os outros credores podem entrar com uma ação de regresso. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS NÃO SE PRESUMEM ART. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Assim, não havendo norma legal ou estipulação negocial expressa que estabeleça a solidariedade, o juiz não poderá presumi-la. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – LEI Solidariedade por lei é o que acontece com os pais, tutores, curadores, que são solidariamente responsáveis pelos causadores do dano (filhos, tutelados, curatelados). EXEMPLO Filha do Diego brincando quebrou uma janela. Diego e a filha são colocados no polo passivo, ou seja, Diego é devedor solidário. SOLIDARIEDADE ATIVA Pactuada a solidariedade ativa entre três credores, o devedor, cobrado por apenas um deles, exonera-se pagando-lhe toda a soma devida. Aquele que recebeu o pagamento, por óbvio, responderá perante os demais pelas quotas de cada um. “ART. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”. EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE ATIVA – PACTUADA Caio, Diego e João são credores de Danilo. Nos termos do contrato, o devedor deverá pagar a quantia de R$ 300.000,00, havendo sido estipulada a solidariedade ativa entre os credores da relação obrigacional. Assim, qualquer dos três credores — Caio, Diego e João — poderá exigir toda a dívida de Danilo, ficando, é claro, aquele que recebeu o pagamento adstrito a entregar aos demais as suas quotas-partes respectivas. Note que, se o devedor pagar a qualquer dos credores, exonera- se. Nada impede, outrossim, que dois dos credores, ou até mesmo todos os três, cobrem integralmente a obrigação pactuada. REMISSÃO DE DÍVIDA POR UM DOS CREDORES ART. 272 do Código Civil: “O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba”. Nesse caso, assim como ocorre quando recebe o pagamento, o credor remitente (que perdoou) responderá perante os demais credores pela parte que lhes caiba. EXEMPLO A, B e C são credores solidários de D. C perdoou toda a dívida de R$ 90.000,00. De tal forma, não havendo participado da remissão, os outros credores poderão exigir daquele que perdoou (C) as quotas-partes que lhes caibam (R$ 30.000,00 para A e R$ 30.000,00 para B). CREDORES SOLIDÁRIOS - HERDEIROS ART. 270 do CC/2002, segundo a qual: “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível”. EXEMPLO Se Diego que é credor falecer, a filha dele só terá direito a exigir e receber a parte do Diego, e não a dívida toda. DIREITO DE REGRESSO Extinta a obrigação, quer pelo meio direto do pagamento, quer pelos meios indiretos, como novação, compensação, transação e remissão, responde o credor favorecido, perante os demais, pelas quotas que lhes couberem. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA ATIVA “ART. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”. SOLIDARIEDADE PASSIVA A solidariedade passiva é quando, em determinada obrigação, concorre uma pluralidade de devedores, cada um deles obrigado ao pagamento de toda a dívida. O que caracteriza essa modalidade de obrigação solidária é exatamente o fato de qualquer dos devedores estar obrigado ao pagamento de toda a dívida. EXEMPLO DE SOLIDARIEDADE PASSIVA A, B e C são devedores de D. Nos termos do contrato, os devedores encontram-se coobrigados solidariamente (solidariedade passiva) a pagar ao credor a quantia de R$ 300.000,00. Assim, o credor poderá exigir de qualquer dos três devedores toda a soma devida, e não apenas um terço de cada um. Nada impede, outrossim, que o credor demande dois dos devedores, ou, até mesmo, todos os três, conjuntamente. DIREITO DE REGRESSO Assim como ocorre na solidariedade ativa, na passiva a pluralidade de devedores encontra-se internamente vinculada, de forma que aquele que pagou integralmente a dívida terá ação regressiva contra os demais, para haver a quota parte de cada um (art. 283 do CC/2002). RESPONSABILIDADE Se a prestação se impossibilitar por dolo ou culpa de um dos devedores, todos permanecerão solidariamente obrigados ao pagamento do valor equivalente. Entretanto, pelas perdas e danos só responderá o culpado (art. 279 do CC/2002). HERDEIROS “ART. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores”. EXEMPLO: Diego devedor faleceu e deixou herdeiros. Os herdeiros serão responsáveis somente pela quota respectiva. OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA Nada mais do que uma forma especial de solidariedade, com benefício ou ordem de preferência de excussão de bens de um dos obrigados. Tem-se que uma das pessoas tem o débito originário e a outra tem apenas a responsabilidade por esse débito. Por isso, existe uma preferência (dada pela lei) na “fila” (ordem) de excussão (execução). No mesmo processo, primeiro são demandados os bens do devedor (porque foi ele quem se vinculou, de modo pessoal e originário, à dívida); não tendo sido encontrados bens do devedor ou não sendo eles suficientes, inicia-se a excussão de bens do responsável em caráter subsidiário, por toda a dívida. Em simples palavras, não sendo possível executar o efetivo devedor — sujeito passivo direto da relação jurídica obrigacional —, devem ser executados os demais responsáveis pela dívida contraída. Afinal de contas, nem sempre quem tem responsabilidade por um débito se vinculou originariamente a ele por causa de uma relação jurídica principal, como é o exemplo dos fiadores e dos sócios, responsabilizados acessoriamente, na forma prevista nos arts. 794 e 795 do Código de Processo Civil de 2015.Obrigações Divisíveis e Indivisíveis OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS – AULA 10 PREVISÃO LEGAL: Art. 257 ao art. 263 do CC Em regra geral, obrigação divisível é aquela cuja prestação pode ser parcialmente cumprida sem prejuízo de sua qualidade e de seu valor. Mas a depender do acordo entre as partes, o devedor deve pagar de uma vez só, mesmo que a prestação seja divisível. “ART. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”. EXEMPLO Se duas pessoas, por exemplo, devem R$ 200.000,00 a determinado credor, cada qual só está obrigado a pagar a sua quota, correspondente a R$ 100.000,00, partilhando-se a dívida por igual, entre os dois devedores. Se a hipótese for de obrigação divisível com pluralidade de credores, o devedor comum pagará a cada credor uma parcela do débito, equivalente à sua quota, igual para todos. O devedor comum de uma dívida de R$ 200.000,00, por exemplo, deverá pagar a cada um dos dois credores a importância de R$ 100.000,00. CARACTERÍSTICAS A obrigação divisível têm as seguintes características: a) cada um dos credores só tem direito de exigir sua fração no crédito; b) de modo idêntico, cada um dos devedores só tem de pagar a própria quota no débito; c) se o devedor solver integralmente a dívida a um só dos vários credores, não se desobrigará com relação aos demais concredores; A obrigação divisível têm as seguintes características: d) o credor que recusar o recebimento de sua quota, por pretender solução integral, pode ser constituído em mora; e) a insolvência de um dos codevedores não aumentará a quota dos demais. OU SEJA Portanto, se dois devedores prometem entregar duas sacas de café, a obrigação é divisível, devendo cada qual uma saca. Se, no entanto, os mesmos devedores tiverem a obrigação de dar um touro ou uma copo, a obrigação será indivisível, pois não podem fracioná-los. OBRIGAÇÕES INDIV ISÍVEIS “ART. 258 . A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”. PLURALIDADE DE DEVEDORES ART. 259 . Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Qualquer que seja a natureza da indivisibilidade (natural, legal ou convencional), se concorrerem dois ou mais devedores, cada um deles estará obrigado pela dívida toda. PORTANTO, EXISTE SOLIDARIEDADE NESTE CASO??? Todavia, o dever imposto a cada devedor de pagar toda a dívida não significa que exista solidariedade entre eles, uma vez que, no caso, é o objeto da própria obrigação que determina o cumprimento integral do débito. EXEMPLO Se Diego, Caio e Fabiana obrigam-se a entregar um cavalo Manga-larga marchador, qualquer deles, demandado, deverá entregar todo o animal. E isso ocorre não necessariamente por força de um vínculo de solidariedade passiva, mas sim pelo simples fato de que não se poderá cortar o cavalo em três, para dar apenas um terço do animal ao credor. PLURALIDADE DE CREDORES Se a pluralidade for de credores, pelas mesmas razões acima mencionadas, poderá qualquer deles exigir a dívida inteira. O devedor (ou devedores) se desobrigará (desobrigarão), por sua vez, em duas hipóteses (art. 260 do CC/2002). a) pagando a todos os credores conjuntamente — nesse caso, ao devedor aconselha-se, por cautela, e em atenção ao dito popular segundo o qual “quem paga mal paga duas vezes”, exigir recibo (quitação), firmado por todos os credores. b) pagando a um, dando este caução de ratificação dos outros credores — nesse caso, pode o devedor pagar a apenas um dos credores da obrigação indivisível, desde que este apresente uma garantia (caução) de que os outros credores ratificam o pagamento. E SE UM DOS CREDORES RECEBER A OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL POR INTEIRO, O QUE OS OURTROS DEVEM FAZER? ART. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. COMO ASSIM???? DA ONDE VC TIROU I SSO PROFESSOR? Segundo Pablo Stolze essa regra se justifica pelo fato de que a coligação entre os credores decorreu da própria impossibilidade de fracionamento da prestação. Se assim ocorreu, os outros deverão se contentar com as suas parcelas em dinheiro, caso hajam permanecido inertes, sem exigir do devedor o cumprimento da sua obrigação De acordo com mencionado autor “aquele que demandou o sujeito passivo terá, pois, o direito de ficar com a coisa devida”. Para ele essa é a solução mais razoável, na falta de outra melhor. E SE UM DOS CREDORES NÃO QUISER RECEBER A PARTE DELE PROFESSOR? Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. EXEMPLO Diego, Beto e João são credores de Daniel. A obrigação (prestação) é indivisível (entrega de um cavalo preto). Se Diego perdoar a dívida, Daniel continuará obrigado a entregar o animal a Beto e João, embora tenha o direito de exigir que se desconte (em dinheiro) a quota do credor que o perdoou (no caso, o valor correspondente a 1/3 do valor do animal). ART. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Desse modo, na obrigação de entregar um cavalo, com pluralidade de devedores, se o animal perecer por culpa de todos eles, responderão por partes iguais pelas perdas e danos devidas ao credor. Porém, de acordo com artigo mencionado se a culpa for de apenas um, apenas este será civilmente responsabilizado. As perdas e danos, no caso, correspondem à indenização devida pelo prejuízo causado ao credor em virtude da morte do animal. Classificação especial quanto ao elemento acidental e conteúdo CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL QUANTO AO ELEMENTO ACIDENTAL E CONTÉUDO – AULA 11 OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS (ART. 121 AO 137 DO CC) A Condição, o Termo e o Encargo apenas estarão nos negócios jurídicos se as partes quiserem, ou seja, pela exclusiva vontade deles. Trata-se de uma cláusula que pode ser inserida no negócio jurídico pela vontade das partes, contendo uma determinação acessória, que faz a eficácia da vontade declarada dependente de algum acontecimento futuro e incerto. Ou seja, a obrigação vai ser completa apenas quando acontecer o elemento futuro e incerto. CONDIÇÃO SUSPENSIVA Em referência à condição suspensiva, é preciso recordar também que a oposição de cláusula dessa natureza no ato negocial subordina não apenas a sua eficácia jurídica (exigibilidade), mas, principalmente, os direitos e obrigações decorrentes do negócio. Não implementada a condição, não se poderá afirmar haver direito de crédito a ser satisfeito, de maneira que o pagamento efetuado antecipadamente caracteriza espúrio enriquecimento sem causa do vendedor. Nas obrigações condicionais SUSPENSIVAS, enquanto não se implementar a condição, não poderá o credor exigir o cumprimento da dívida. FUTURO = Não se sabe quando vai ocorrer. INCERTO = Não se sabe se vai ocorrer. Ocorre quando um pai se obriga a dar ao seu filho um carro, quando este se passar no UFMT. Quer dizer, se um sujeito celebra um contrato de compra e venda com outro, subordinando-o a uma condição suspensiva, enquanto esta não se verificar, não se terá adquirido o direito a que ele visa (art. 125 do CC/2002). O contrato gerará, pois, uma obrigação de dar condicionada. CONDIÇÃO RESOLUTIVA Essa condição põe fim à eficácia do negócio jurídico. Enquanto não se realizar a Condição, o negócio jurídico produzirá efeitos, podendo-se exercer os direitos provenientes do negócio desde a sua conclusão.Portanto, assim que implementada a Condição o negócio jurídico deixará de surtir efeitos e cessarão os seus direitos. Exemplo: BOLSA DE ESTUDOS = Cessará a bolsa de estudos caso o discente tire média abaixo de 07 (sete) no bimestre. Evento Futuro e Incerto: Tirar média abaixo de 7 Implementou a Obrigação: O aluno tirou nota abaixo de 7 Eficácia do negócio jurídico: se tirar nota abaixo de 7, perderá a bolsa. OBRIGAÇÕES A TERMO Trata-se também de uma espécie de determinação acessória, o termo é o acontecimento futuro e certo que subordina o início ou o término da eficácia jurídica de determinado ato negocial. Ex.: Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade. No negócio jurídico a termo, pode o devedor cumprir antecipadamente a sua obrigação, uma vez que, não tendo sido pactuado o prazo em favor do credor, o evento (termo) não subordina a aquisição dos direitos e deveres decorrentes do negócio, mas apenas o seu exercício. Nas obrigações a termo, portanto, em regra, poderá o devedor antecipar o pagamento, sem que isso caracterize enriquecimento sem causa do credor. OBRIGAÇÕES MODAIS/ENCARGO De acordo com MARIA HELENA DINIZ, “a obrigação modal é a que se encontra onerada com um modo ou encargo, isto é, por cláusula acessória, que impõe um ônus à pessoa natural ou jurídica contemplada pela relação creditória. É o caso, p. ex., da obrigação imposta ao donatário de construir no terreno doado um prédio para escola”. Em geral essa obrigação vem acompanhada pelas expressões: “para que”; “com a obrigação de”; “com o encargo de”. O não cumprimento do encargo não gera a invalidade da avença, mas sim apenas a possibilidade de sua cobrança, ou, eventualmente, posterior revogação, como no caso de ser instituído em doação (art. 562, CC/2002). CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL QUANTO AO CONTEÚDO OBRIGAÇÕES DE MEIO É aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação, utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. As obrigações do médico, em geral, assim como as do advogado, são, fundamentalmente, de meio, uma vez que esses profissionais, a despeito de deverem atuar segundo as mais adequadas regras técnicas e científicas disponíveis naquele momento, não podem garantir o resultado de sua atuação (a cura do paciente, o êxito no processo). OBRIGAÇÕES DE RESULTADO Obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado, como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Têm-se os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação. PODE HAVER CASO QUE O RESULTADO SE TRANSFORMA EM MEIO? Em se tratando de cirurgia plástica estética, haverá, segundo a melhor doutrina, obrigação de resultado. Entretanto, se se tratar de cirurgia plástica reparadora (decorrente de queimaduras, por exemplo), a obrigação do médico será reputada de meio, e a sua responsabilidade excluída, se não conseguir recompor integralmente o corpo do paciente, a despeito de haver utilizado as melhores técnicas disponíveis. OBRIGAÇÕES DE GARANTIA Tais obrigações têm por conteúdo eliminar riscos que pesam sobre o credor, reparando suas consequências. A eliminação do risco (que pertencia ao credor) representa bem suscetível de aferição econômica. Contratos de seguro, em que, mesmo que o bem pereça em face de atitude de terceiro (incêndio provocado), a seguradora deve responder. Ou seja, o devedor não se liberará da prestação, mesmo que haja força maior ou caso fortuito, uma vez que seu conteúdo é a eliminação de um risco, que, por sua vez, é um acontecimento casual ou fortuito, alheio à vontade do obrigado. Teoria do pagamento TEORIA DO PAGAMENTO – AULA 12 Teoria do pagamento (Arts. 304 a 388 do CC) Segundo Carlos Roberto pode ser chamado de Adimplemento obrigacional que se trata da realização voluntária da prestação debitória, tanto quando procede do devedor como quando provém de terceiro, interessado ou não na extinção do vínculo obrigacional, pois qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la e igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor. AQUELE QUE DEVE PAGAR SOLVENS = devedor que a deu em pagamento. Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá- la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. TERCEIRO INTERESSADO Esse interesse, no entanto, deve ser jurídico, como no caso daquele que pode ser obrigado, no todo ou em parte, pela dívida, o que ocorre, por exemplo, com o fiador, o avalista, o terceiro que oferece garantia real etc. Em caso de terceiro juridicamente interessado, a lei (artigo 346, III do CC) lhe garante a sub-rogação dos direitos do credor. O que é a sub-rogação dos direitos do credor, professor? Trata-se de quando o terceiro interessado paga a dívida e fica no lugar do credor, ou seja, pode cobrar o devedor como se o credor fosse, inclusive com juros e multa pactuados pelo contrato original. TERCEIRO NÃO INTERESSADO – EM NOME PRÓPRIO Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. Exemplos o “bonitão” que paga a conta de uma mulher em uma determinada loja, tendo em vista que se apaixonou, PORÉM SOLICITOU A QUITAÇÃO EM SEU NOME tem o direito de reembolso se ele quiser. Por fim, se o terceiro não interessado pagar ao credor antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento. TERCEIRO NÃO INTERESSADO – EM NOME DO DEVEDOR Exemplos o “bonitão” que paga a conta de uma mulher em uma determinada loja, tendo em vista que se apaixonou, MAS SOLICITOU A QUITAÇÃO EM NOME DELA não tem o direito de reembolso. Isso significa que ela mesmo efetuou o pagamento. TERCEIRO NÃO INTERESSADO Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. Exemplo: quando a” gatinha” não pagou a loja porquê ela tinha crédito na loja. Se o” mané” pagar a dívida – mesmo que peça quitação em seu nome – não tem direito a reembolso porque ela não estava obrigada a fazer o pagamento. DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR “Accipiens” ou a quem se deva pagar. Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. A última expressão (tanto quanto reverter em seu proveito) permite que o devedor demonstre que o pagamento, ainda que feito a quem não era credor, reverteu em proveito desde. REPRESENTANTES DO CREDOR 1) Legal: é o que decorre da lei, como os pais, tutores e curadores, respectivamente representantes legais dos filhos menores, dos tutelados e dos curatelados. 2) Judicial: é o nomeado pelo juiz, como o inventariante, o síndico de falência e o administrador da empresa penhorada. 3) Convencional: é o que recebe mandado outorgado pelo credor, com poderes especiais para receber e dar quitação. CREDOR PUTATIVO Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda que provado depois que não era credor. “Parece queé, mas não é”. Credor putativo é aquele que, embora não seja, legitimamente, quem deve receber, mostra-se assim aos olhos de todos, de forma a fazer com que o devedor de boa-fé lhe faça o pagamento. EX: Você entra em uma loja, escolha uma roupa e vai até o caixa efetuar o pagamento. Lá é recebido por uma mulher com uniforme da loja que recebe o pagamento. Depois foi verificado que ela era fugitiva da prisão e que entrou na loja para furtá-la. Nesse caso, o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda que provado depois que não era credor. Ocorrendo o pagamento ao credor putativo, o verdadeiro credor contará, a partir daí, com ação contra o que recebeu indevidamente, artigo 876 do Código Civil. PAGAMENTO INCAPAZ (ART. 310) A princípio, o pagamento efetivado a pessoa absolutamente incapaz é nulo e o realizado em mãos do relativamente incapaz pode ser confirmado pelo representante legal ou pelo próprio credor se cessada a incapacidade (artigo 172 do CC). A quitação reclama capacidade e, sem ela, o pagamento não vale. No entanto, provado que reverteu em proveito do incapaz, cessa a razão da ineficácia. Há quem entenda que essa solução somente se aplica ao relativamente incapaz, sendo sempre nulo o pagamento feito ao absolutamente incapaz. Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante. MANDATO TÁCITO OU PRESUMIDO POR LEI Trata-se de caso de mandato tácito ou presumido pela lei. A presunção é, no entanto, relativa ou juris tantum, pois admite prova em contrário. Não se descarta a hipótese de ter sido extraviado ou furtado o recebido ou haver outra circunstância relevante. Hipóteses em que, mesmo sendo feito ao verdadeiro credor, o pagamento não valerá. Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. Quando a penhora recai sobre um crédito, o devedor é notificado a não pagar ao credor, mas a depositar em juízo o valor devido. Se mesmo assim pagar ao credor, o pagamento não valerá contra o terceiro exequente ou embargante, “que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor”. O dispositivo prevê um segundo modo de oposição ao pagamento e de ressalva aos direitos dos credores: a impugnação feita por terceiro. A lei equipara, para os efeitos legais, à ciência da penhora. O modo previsto em lei para a manifestação da oposição é o protesto ou notificação, na forma dos artigos 726 e s. do CPC, que é concedido pelo juiz sem oitiva do devedor, desde que o requerente demonstre legítimo interesse. Ou seja, nas duas hipóteses mencionadas não vale o pagamento efetuado diretamente ao credor. Se, a despeito da notificação, esse pagamento for efetuado, poderá o solvens ser constrangido a pagar de novo. Do objeto, lugar e tempo do pagamento DO OBJETO, LUGAR E TEMPO DO PAGAMENTO – AULA 13 O OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA (art. 313) Para que a solutio tenha o efeito de extinguir a obrigação, ela deve guardar estreita harmonia com o objeto da prestação. Assim, o pagamento deve coincidir com a coisa devida, entregando-se o bem prometido (obrigações de dar), praticando (obrigações de fazer) ou se abstendo de praticar determinado ato (obrigações de não fazer). O objeto do pagamento deve reunir a identidade, a integridade e a indivisibilidade, isto é: o solvens tem de prestar o devido, todo o devido, e por inteiro. Assim, o credor não será obrigado a aceitar coisa que não esteja em perfeita conformidade ao objeto da obrigação, ainda que de valor superior, uma vez que a entrega de objeto diverso não solve a obrigação. Nesses casos, para que se dê a quitação do débito, haverá a necessidade de concordância do credor. OBJETO PRESTAÇÃO DIVISÍVEL (ART. 314) Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. Por faltar o requisito da integralidade, o cumprimento em partes da prestação não será aceito como pagamento, se não houver convenção nesse sentido. Exceção à regra consiste nos casos em que houver diversos credores e o objeto da prestação for divisível. OBJETO PRESTAÇÃO DINHEIRO Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes. OBJETO PRESTAÇÃO SUCESSIVAS Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Esse artigo permite a atualização monetária das dívidas em dinheiro e daquelas de valor mediante índice previamente escolhido. OBJETO – REVISÃO CONTRATUAL Art. 317: O dispositivo traz como conteúdo a revisão contratual por fato superveniente, diante de uma imprevisibilidade somada a uma onerosidade excessiva. Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. “O STJ pacificou o entendimento de que, ‘as dívidas fixadas em moeda estrangeira deverão, no ato de quitação, ser convertidas para a moeda nacional, com base na cotação da data da contratação, e, a partir daí, atualizadas com base em índice oficial de correção monetária” PROVA – QUITAÇÃO Art. 319 - 324 do CC dizem respeito a quitação. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. A quitação é a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado, a que vulgarmente se dá o nome de recibo. PROVA – DESPESAS Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida. LUGAR DE PAGAMENTO Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem. Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. Podem ser citadas como razões para aplicação do dispositivo: greve no transporte público, calamidade pública, enchente, ataque terrorista ou de grupos armados, doença do devedor ou de pessoa de sua família, falta de energia elétrica, entre outros. Desde que não haja prejuízo para o credor, o pagamento pode ser efetuado em outro local. Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. TEMPO DE PAGAMENTO O devedor dispõe do último dia do prazo por inteiro. Todavia, não se prolonga o tempo do pagamento quando a sua efetivação depende de horário de atividade do comércio, horário bancário ou forense. Terminado o expediente, cujo horário é fixado por norma administrativa, frustra-se a possibilidade de se efetuar o pagamento naquela data. Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. PRINCÍPIO DA SATISFAÇÃO IMEDIATA: se não se ajustou época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente. Em outras palavras, faltando o termo, vigorao princípio da satisfação imediata. Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. CREDOR COBRAR ANTES DO VENCIMENTO Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes Consignação em Pagamento DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO – AULA 14 (arts. 334 a 345 do CC/2002) A consignação em pagamento trata-se do instituto jurídico colocado à disposição do devedor para que, ante o obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça, por depósito da coisa devida, o direito de adimplir a prestação, liberando-se do liame obrigacional. EX: Se FABIANA deve a CAIO a importância de R$ 1.000,00 e CAIO se recusa a receber o valor ofertado, por qualquer motivo que seja, poderá FABIANA depositar judicialmente ou em estabelecimento bancário o valor devido, à disposição do credor, extinguindo-se a obrigação e evitando, ainda, a caracterização da mora. FIGURAS IMPORTANTES O devedor, é o sujeito ativo da consignação, com a expressão “consignante”, e o credor, em face de quem se consigna, com a expressão “consignatário”, devendo ser reservada a expressão “consignado” para o bem objeto do depósito, judicial ou extrajudicial. TRATA-SE DO DEVER DO DEVEDOR OU DE MERA FACULDADE? A consignação em pagamento não é, em verdade, um dever, mas sim mera faculdade do devedor, que não pôde adimplir a obrigação, por culpa do credor. Sem qualquer dúvida, se trata de uma forma de extinção das obrigações, constituindo-se em um pagamento “indireto” da prestação avençada. HIPÓTESES DE OCORRÊNCIA (ART. 335 CC) O rol descrito é exemplificativo sendo admitidas outras situações de pagamento em consignação. Cite-se, por exemplo, o caso de consignação para a revisão do conteúdo do contrato, hipótese não descrita nominalmente no art. 335 da codificação material privada (nesse sentido, ver: TJSP, Agravo de Instrumento 7281754- 2, Acórdão 3300739, São Paulo, 20.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Álvaro Torres Junior, j. 13.10.2008, DJESP 03.11.2008). Os fatos que autorizam a consignação, previstos no mencionado art. 335 do Código Civil, têm por fundamento: a mora do credor (incs. I e II); circunstâncias inerentes à pessoa do credor que impedem o devedor de satisfazer a sua intenção de exonerar -se da obrigação (incs. III a V). Primeiro fato: o primeiro fato que dá lugar à consignação (CC, art. 335, I) é “se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma”. Exemplo: se A, locador de um imóvel a B, se recusa a receber o valor do aluguel ofertado por este último, por considerar que deveria ser majorado por um determinado índice previsto em lei, B poderá consignar o valor, se entender que o reajuste é indevido e que tenha previsão legal. “se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma”. Observe-se que a consignação ainda terá lugar caso o credor concorde em receber o pagamento, mas recuse-se a fornecer o recibo de quitação ou caso não possa recebê-lo nem fornecê-lo, porque se trata de meio liberatório do devedor. Segundo fato: art. 335 (inc. II), é “se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos”. Trata-se de dívida quesível, em que o pagamento deve efetuar-se fora do domicílio do credor, cabendo a este a iniciativa. Permanecendo inerte, faculta-se ao devedor consignar judicialmente a coisa devida ou extrajudicialmente a importância em dinheiro para liberar -se da obrigação. Terceiro fato: o art. 335 (inc. III) do Código Civil prevê a hipótese de o credor ser “incapaz de receber” ou “desconhecido”, ter sido “declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil”. EXEMPLO: se A deve a importância de R$ 5.000,00 a B e este vem a falecer, não se sabendo quem são seus efetivos herdeiros na data de vencimento da obrigação. Nesse caso, sem saber a quem pagar, pode o devedor realizar a consignação. Quarto fato: (CC, art. 335, IV) apresenta-se quando ocorre “dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento”. EXEMPLO: se duas pessoas distintas (A e B) pleiteiam o pagamento de uma determinada prestação em face de C, dizendo-se, cada uma, o verdadeiro credor, o devedor C, para não incidir na regra de “quem paga mal, paga duas vezes”, deve consignar judicialmente o valor devido, para que o juiz verifique quem é o legítimo credor ou qual a cota de cada um, se entender ambos legitimados. Quinto fato: também pode ser consignado o pagamento “se pender litígio sobre o objeto do pagamento” (CC, art. 335, V). Se, por exemplo, A e B disputam, judicialmente, quem é o legítimo sucessor do credor C, não é recomendável que o devedor D antecipe-se à manifestação estatal, para entregar o bem a um deles, pois assumirá o risco do pagamento indevido. Da mesma forma, se A e B disputam, judicialmente, a titularidade de um bem imóvel locado, não deve o locatário D fazer o pagamento direto, sem ter a certeza de quem é o legítimo credor. COMPLEMENTO Estabelece o art. 344 que “o devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento”. REQUISITOS DE VALIDADE Na forma do art. 336 do CC/2002, “para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas (devedor ao credor), ao objeto (pagamento integral), modo (igual ao cumprimento original, mesmo local de pagamento) e tempo (mesma data pactuada), todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento”. LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO PELO DEVEDOR a) Antes da aceitação ou impugnação do depósito: nesse momento, tem o devedor total liberdade para levantar o depósito, uma vez que a importância ainda não saiu de seu patrimônio jurídico. (art. 338 do CC/2002). b) Depois da aceitação ou impugnação do depósito pelo credor: O depósito, poderá ainda ser levantado pelo devedor, mas, agora, somente com anuência do credor, que perderá a preferência e a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada com liberação dos fiadores e codevedores que não tenham anuído (art. 340 do CC/2002). c) Julgado procedente o depósito: admitido em caráter definitivo o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, ainda que o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores (art. 339 do CC/2002). COISA CERTA E INCERTA O art. 341 do CC/2002, se a coisa devida foi imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada. Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente. DESPESAS PROCESSUAIS (ART . 343) “as despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor”. PRESTAÇÕES PERIÓDICAS É o caso, por exemplo, da dívida de aluguéis, alimentos, prestações
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