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CADERNO - OBRIGAÇÕES MAURÍCIO REQUIÃO

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199 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CADERNO – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – MAURÍCIO REQUIÃO 2022.2 
 
AULA 01 – APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
1. Apresentação da disciplina: 
 
 Noções introdutórias; princípios e fontes das obrigações; classificação das 
obrigações e transmissão das obrigações (1ª avaliação); 
 Adimplemento, extinção e inadimplemento das obrigações (2ª avaliação); 
 Classificação das obrigações é o assunto mais denso e importante (levará mais ou 
menos 4 aulas); 
 Avaliações: 29/09 e 17/11 
 Referências: 
 
 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: 
obrigações. 12. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. 
 MARTINS-COSTA, Judith. A boa-fé no direito privado: sistema e tópica no 
processo obrigacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. ______. 
Comentários ao novo código civil: do direito das obrigações. Do adimplemento e 
da extinção das obrigações: vol. V, tomo I. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. 
 MENEZES CORDEIRO, António Manuel da Rocha e. Da boa fé no direito civil. 
Coimbra: Almedina, 2007. 
 NORONHA, Fernando. Direito das obrigações: vol. I. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 
2007. 
 REQUIÃO, Maurício. Normas de textura aberta e interpretação: uma análise no 
adimplemento das obrigações. Salvador: Jus Podivm, 2011. 
 ______. A obrigação pecuniária como categoria autônoma. In: Revista de direito 
privado: vol. 52. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. 
 ______. Inadimplemento, dano e responsabilidade: estudo da relação. In: Teses 
da Faculdade Baiana de Direito: volume 5. Salvador: Faculdade Baiana de Direito, 
2013. ______. Questões sobre a escolha na obrigação de dar coisa incerta. In: 
YARSHELL, Flávio (coord.). Revista brasileira de Advocacia, v.3. São Paulo: RT, 
2016 
 SILVA, Clóvis do Couto e. A obrigação como processo. Rio de Janeiro: FGV, 2007. 
 SILVA, Jorge Cesa Ferreira da. Adimplemento e extinção das obrigações. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 
 
200 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
2. Atividade inicial: Com base nos seus conhecimentos adquiridos até o momento e 
sem pesquisa, conceitue obrigação. 
Obrigação trata-se de um dever jurídico presente em uma relação jurídica, a qual pode ser de 
fazer (ex: obrigação de prestar socorro); de não fazer (ex: manter o sigilo profissional); ou de 
dar (ex: a efetuação de um pagamento). 
 
3. Introdução do conteúdo: 
Obrigação é um termo que estende para além do âmbito jurídico. Quando um indivíduo 
consente com uma obrigação, ele abdica de parte da sua liberdade. 
Ex: Maurício Requião tem a obrigação de dar aula, vindo somente a extinguir tal obrigação 
no horário do seu término (12:35). 
Ex: Um pai diz para um filho que este tem o dever de estudar. 
Ex: Regra de cortesia como um “bom dia” trata-se de uma obrigação vista pela óptica social, 
porém não jurídica. 
 
As obrigações não jurídicas – como a citada obrigação de cumprimentar uma pessoa – não 
recebem atenção do Direito. 
A obrigação na disciplina “Direito das obrigações” é aquela que apresenta um cunho técnico-
jurídico e, portanto, considerada pelo ordenamento jurídico como relevante. 
A obrigação trata-se de uma relação jurídica que se dá em pelo menos dois sujeitos, sendo 
um deles credor (sujeito ativo) e o outro devedor (sujeito passivo), tendo o último que 
cumprir uma prestação em favor do primeiro, ocorrendo, nessa perspectiva, um vínculo 
jurídico. 
Obrigação, aqui, se vincula a uma relação de “débito” e “crédito”. 
Os elementos da obrigação civil são: os sujeitos envolvidos na relação jurídica; a prestação e 
o vínculo jurídico. 
 
4. Sujeitos: 
Um sujeito incapaz pode ser credor ou devedor? Sim, pois aqui há a análise do plano da 
eficácia, levando-se em consideração do direito de gozo (garantido a todos os cidadãos 
brasileiros). Caso haja um vício no plano da validade, ou seja, na fixação do evento que 
201 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
originou a obrigação, tal obrigação não iniciará a produzir os seus efeitos; caso inicie, poderá 
ser revogada. A obrigação, em si, não exige capacidade de exercício. 
Uma obrigação pode se destinar a vários credores? Sim. Os alunos são múltiplos credores da 
Faculdade Baiana de Direito e não apresentam obrigações para com os professores. Além 
disso, podem ocorrer múltiplos devedores. 
Os sujeitos envolvidos na obrigação jurídica podem ser determinados ou determináveis. 
 
5. Prestação: 
OBS: Prestação = objeto de obrigação. 
Essa prestação deve ser: 
 Possível; 
 Lícita; 
 Determinada ou determinável; 
 Dotada de valor econômico; 
Essa prestação é uma conduta, que pode ter algo envolvido ou não. 
 
6. Vínculo jurídico: 
Vínculo jurídico é composto pela ideia de dever e de responsabilidade. O ordenamento 
jurídico precisa dizer que caso a obrigação for descumprida, o credor pode procurar o Estado 
para uma indenização ou para satisfazer o que pretendia. 
Conforme já dito, a obrigação civil pressupõe o reconhecimento do dever e da 
responsabilidade. O Estado reconhece que o indivíduo tem um dever e, se tal indivíduo não 
cumprir a obrigação, sofrerá as consequências dessa conduta. 
 
7. Síntese dos elementos da obrigação civil: 
OBRIGAÇÃO 
RELAÇÃO JURÍDICA PRESTAÇÃO VÍNCULO JURÍDICO 
 
Há uma insuficiência nessa definição para Maurício Requião pois, mesmo antes do 
surgimento da obrigação, já há a incidência da boa-fé (no período de deliberação acerca do 
202 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
estabelecimento de um contrato). Isso também é perceptível no período posterior ao 
cumprimento da obrigação, já que podem existir demais adimplementos. 
A obrigação deve, portanto, ser concebida como um processo. Nesse sentido, é importante 
compreender como a boa-fé pode intervir nos deveres anexos. 
 
Para a próxima aula: 
Ler sobre a “obrigação como processo”. 
 
AULA 02 – A OBRIGAÇÃO COMO PROCESSO E DEVERES ANEXOS 
1. Boa-fé objetiva e a obrigação como processo: 
A união do interesse de um lado (credor) e do outro (devedor) é que faz com que exista 
certo objetivo a ser atendido. Tem-se, nesse cenário, uma noção de cooperação, embora 
não descarte um antagonismo entre ambas partes. 
Ex: Maurício está acostumado a realizar compras diversas vezes em um mercadinho situado 
próximo à sua casa. Certo dia, ele esqueceu sua carteira e perguntou a um funcionário se ele 
poderia levar a mercadoria que, na volta, após pegar a sua carteira, efetuaria o pagamento. 
Maurício, já bastante conhecido na localidade, tem mais chances de levar esse produto para 
casa em comparação a um cidadão que estava indo ao mercadinho pela primeira vez. 
O agir ético vinculado à boa-fé não se resume a relações contratuais (embora tenda a ser), 
mas é esperado em qualquer obrigação. 
Ex: Luca atropelou Maurício no trânsito. Ambas as partes precisam cooperar – o que 
atropelou e o atropelado. Maurício não pode inventar danos médicos que não existiram para 
exigir obrigações por parte de Luca. 
A obrigação como processo corrobora a tese de que, a todo o momento, os sujeitos 
envolvidos em determinada obrigação devem realizar atitudes em prol do adimplemento de 
tal dever. Deve existir algo que sirva de parâmetro para esse proceder. E esse “algo” é 
justamente o princípio da boa-fé objetiva. 
A boa-fé objetiva não se confunde com a boa-fé subjetiva. A boa-fé subjetiva pode compor o 
princípio da boa-fé, entretanto, essa se relaciona muito mais a uma análise do conhecimento 
do sujeito em relação a algo (noção popular de boa-fé/má-fé). 
A boa-fé objetiva é um princípio defendido por Miguel Reale como um dos norteadores do 
Código Civil. A boa-fé objetiva trata-se de um padrão ideal de conduta, ou seja, existe um 
203 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
modo que se espera que as partes ajam conforme. A boa-fé só é atendida se esse padrão 
ideal (se essa exigência) for atendido. 
Em determinadas situações,pode ocorrer, simultaneamente, a manifestação da boa-fé 
subjetiva, entretanto, a violação da boa-fé objetiva. 
Ex: Supondo que Maurício queira comprar o tablet de Maíra e pergunta-a se o equipamento 
já tomou uma queda. Maíra responde que não. Entretanto, em um dia em que Maíra não 
estava em casa, um familiar derrubou o tablet no chão, o que veio a quebrar um 
equipamento. Maurício, após comprar o tablet, constata o prejuízo no exercício das funções 
do aparelho. Embora Maíra tenha agido de boa-fé subjetiva, sem intenção de enganar 
Maurício, houve uma violação do princípio da boa-fé objetiva, uma vez que Maurício foi 
enganado. 
Na doutrina, se costuma apontar algumas funções do princípio da boa-fé objetiva: 
 Função de coibir abuso de direito (função corretiva): No caso, por exemplo, da 
existência de uma cláusula abusiva em um contrato – como uma taxa de juros 
extremamente elevada em comparação com a praticada no mercado; 
 
 Função de solucionar ambiguidades (função interpretativa): Sempre que existir uma 
ambiguidade, uma dúvida interpretativa, buscar-se-á acabar a ambiguidade através 
do padrão ético de conduta usado como referência. A boa-fé, nesse cenário, resolve 
a ambiguidade entre as soluções A e B. 
 
 Função de criação de deveres jurídicos (função supletiva): Criação dos deveres 
anexos. Aqui é que há a distinção entre a visão clássica de obrigação e a obrigação 
enquanto processo. Por mais que a autonomia das partes seja importante, esta não é 
a única responsável por criar deveres para as partes. Muitas vezes o básico do 
comportamento adequado não é colocado no papel. O descumprimento de um dever 
anexo pode vir a ensejar a extinção do contrato. 
 
2. Pesquisar uma decisão judicial que envolva deveres anexos. 
STJ 19/10/2020 - Rel. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA 
 
Contexto: Um indivíduo contratou um seguro de automóvel para o seu veículo. Seu filho, um 
terceiro nesse caso, se envolveu em um acidente de trânsito - com o veículo do pai - em 
estado de embriaguez. 
 
Problemática: O seguro deve cobrir ou não o dano causado ao veículo do pai? 
 
204 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Argumento 01: Extensão da obrigação a pessoas próximas do beneficiário. 
A configuração do risco agravado não se dá somente quando o próprio segurado se encontra 
alcoolizado na direção do veículo, mas abrange também os condutores principais (familiares, 
empregados e prepostos). 
 
Argumento 02: A cláusula do contrato é lícita: A direção do veículo por um condutor 
alcoolizado já representa agravamento essencial do risco avençado, sendo lícita a cláusula 
do contrato de seguro de automóvel que preveja, nessa situação, a exclusão da cobertura 
securitária. 
A bebida alcoólica é capaz de alterar as condições físicas e psíquicas do motorista, que, 
combalido por sua influência, acaba por aumentar a probabilidade de produção de acidentes 
e danos no trânsito. 
 
Argumento 03: O seguro de automóvel não pode servir de estímulo para que se assumam 
riscos imoderados que, muitas vezes, beiram o abuso de direito, a exemplo da embriaguez 
ao volante. A função social desse tipo de contrato é ser um instrumento de valorização da 
segurança no trânsito, harmonizando com as leis penais e administrativas que criaram esses 
ilícitos justamente para proteger a incolumidade pública no trânsito 
 
O segurado deve se portar como se não houvesse seguro em relação ao interesse segurado 
(princípio do absenteísmo), isto é, deve abster-se de tudo que possa incrementar, de forma 
desarrazoada, o risco contratual, sobretudo se confiar o automóvel a outrem, sob pena de 
haver, no Direito Securitário, salvo-conduto para terceiros que queiram dirigir embriagados, 
o que feriria a função social do contrato de seguro, por estimular comportamentos danosos 
à sociedade. 
 
Argumento 04: Dever de vigilância por parte do pai: Sob o prisma da boa-fé, concluiu-se que 
o segurado, quando ingere bebida alcoólica e assume a direção do veículo ou empresta-o a 
alguém desidioso, que irá, por exemplo, embriagar-se (envolvendo tanto dolo quanto culpa, 
já que ele tinha o dever de vigilância (culpa in vingilando) e de escolher adequadamente a 
quem se confia a prática do ato (culpa in eligendo,) frustra a justa expectativa das partes 
contratantes na execução do seguro, pois rompe-se com os deveres anexos do contrato, 
como os de fidelidade e de cooperação. 
 
Argumento 05: Autocolocação em perigo: Constatado que o condutor do veículo estava sob 
influência do álcool (causa direta ou indireta) quando se envolveu em acidente de trânsito - 
fato esse que compete à seguradora comprovar -, há presunção relativa de que o risco da 
sinistralidade foi agravado, a ensejar a aplicação da pena do art. 768 do Código Civil (dispõe 
que o segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do 
contrato) →”autocolocação em perigo” 
 
205 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Argumento 06: Violação do disposto no art. 768 do Código Civil: 
 
Art. 768 - CC: O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco 
objeto do contrato. Há um caráter de intenção, não necessariamente dolosa em relação ao 
seguro. 
 
Decisão: Favorável ao seguro e comprovação do rompimento dos deveres anexos pela outra 
parte (pai). 
OBS: Vale lembrar que a depender da idade do titular do seguro, os preços tendem a variar. 
Os jovens titulares tendem a pagar mais pois se presume que eles são menos responsáveis no 
trânsito. Daí uma série de fraudes é comumente identificada, quando os pais tentam 
proteger os filhos. 
 
Para a próxima aula: Princípios e fontes do Direito das Obrigações 
 
AULA 03 – DEVERES ANEXOS 
 
1. Classificação dos deveres: 
Deveres primários: Obrigação principal 
Deveres secundários: São, normalmente, deveres relacionados à própria prestação principal, 
sem, contudo, com esta se confundirem. Ex: O pagamento de uma multa por conta de um 
inadimplemento – a multa trata-se de um dever do secundário surgido do inadimplemento 
(a não quitação de um boleto, por exemplo). 
Deveres anexos: Deveres derivados da boa-fé que, levando um padrão adequado de conduta 
(o que se espera de agir), nascem da perspectiva da obrigação como processo. Como 
decorrentes da boa-fé, não precisam ser pactuados nem expressos pelas partes 
(independem dessas condições). 
Esses deveres anexos geralmente geram um inadimplemento positivo (violação positiva) – o 
que pode impactar nos efeitos desse inadimplemento. 
OBS: Inadimplemento absoluto (A não entrega o bolo de aniversário de B na data que este 
solicitou) x inadimplemento relativo (A deve a B R$100,00 e resolve pagá-lo amanhã ao 
invés de hoje, tendo B, ainda, o interesse em receber a quantia). 
 
2. Classificações doutrinárias dos deveres anexos: 
206 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Medeiros Cordeiro: 
 Dever anexo de informação; 
 Dever anexo de cuidado; 
 Dever anexo de assistência; 
 
Fernando Noronha: 
 Dever anexo de informação; 
 Dever anexo de cuidado; 
 Dever anexo de assistência e de lealdade; 
 
Martins Costa: Adverte, para além dos deveres anexos, para a existência dos deveres de 
proteção – inclusos pelos demais autores como deveres anexos. 
 
3. Os deveres anexos para a doutrina: 
 
 Dever anexo de informação: Para o sujeito iniciar a sua tratativa que gerará uma 
obrigação, precisa estar bem informado. Ex: A quer comprar um aspirador de pó, mas 
não se atenta a não indicação da voltagem no produto. Supondo que A não teria 
adquirido o aparelho se este tivesse a voltagem de 220. É um dever da empresa 
especificar tal voltagem do seu produto. 
 
 Dever de cuidado: Se vincula à obrigação de não causar dano a outra parte. Ex: Uma 
construtora fez um prédio na região de Sussuarana. Quando o prédio estava prestes a 
ser entregue, veio a ruir. Depois, descobriu-se que a empresa não realizou oestudo de 
solo (estudo do terreno para entender a viabilidade de se erguer a construção). Trata-
se de um dever básico, já que nenhum comprador vai perguntar “foi feito o estudo de 
solo?”. A outro título exemplificativo trata-se do dever de cuidado dos camarotes de 
carnaval com a segurança do público (presença de extintor de incêndios, boa 
infraestrutura, etc). 
 
 Dever de assistência (ou assistência e lealdade): Trata-se de uma ideia geral de 
cooperação, a qual as partes devem ter durante e após o processo obrigacional. 
Assistência, para Fernando Noronha, seria a ação; e a lealdade, a inação. Ex: A 
compra um carro novo e, depois, a montadora resolve parar de fabricar o carro – o 
que é permitido. Entretanto, esta deve continuar a fabricar as peças daquele modelo 
em virtude da obrigação de assistência (almeja ao adequado desenvolvimento). 
 
207 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Dever de proteção (Martins Costa) (?): Deveres que não se relacionam com a 
prestação, não impactando tanto nesta. Ex: A entra no mercado pensando em 
comprar algo. O chão está molhado e não há sinalização. A escorrega e sofre uma 
fratura. Esse exemplo é questionado devido à inexistência de uma obrigação pré-
existente (a não ser que A deixe de comprar em virtude do escorrego). 
 
4. Atividade: 
 
1) Indique três pontos de distinção entre Direito das Obrigações e Direito das Coisas. 
 
 
DIREITOS OBRIGACIONAIS DIREITO DAS COISAS 
Incide sobre uma prestação Incide sobre uma coisa 
Cooperação de sujeito passivo Independe de cooperação 
Caráter mais transitório (regra) Caráter mais perpétuo (regra) 
Efeito inter partes Efeito Erga omnes 
 
2) Um cliente lhe procura querendo saber, na condição de credor, qual das três 
seguintes garantias reais lhe seria melhor: penhor, hipoteca ou anticrese. Explique 
as três e responda à dúvida do seu cliente. 
 
 PENHOR: Bem móvel; há transferência do bem ao credor, exceto - rural, industrial, 
mercantil e de veículo. 
 HIPOTECA: Bem imóvel ou móvel; não há transferência do bem ao credor. 
 ANTICRESE: Bem imóvel; há transferência do bem ao credor, podendo retirar da coisa 
os frutos para pagamento da dívida. 
 
Aparentemente a anticrese é mais desvantajosa para o cliente que se encontra na condição 
de credor pois este tem que administrar os frutos do bem. 
 
 
 
3) Na condição de juiz, chega até você um caso em que A, proprietário, locou para B 
um apartamento. Neste contrato, ficou determinado que as parcelas condominiais 
deveriam ser pagas pelo locatário. B não pagou três meses da citada parcela. O 
condomínio, então, ingressou com ação contra A, para que pague o valor devido. 
Em sua contestação, A apresentou o contrato firmado com B, argumentando que 
tal responsabilidade foi a este transmitida. Como julgaria esse litígio entre A e o 
condomínio? 
208 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Correção na próxima aula. 
 
5. Direito das obrigações x Direito das coisas: 
Essa distinção é importante pois essa parte de “obrigações” e “coisas” engloba os ramos do 
Direito Civil que tratam de relações patrimoniais. 
O “Direito das coisas” é mais abrangente em comparação aos “direitos reais”, tratando de 
questões como posse. 
No Direito das Obrigações, temos um único objeto: a prestação; já no âmbito do Direito das 
coisas, ter-se-á uma variação do objeto de estudo ou objeto daquela relação. 
No Direito das Obrigações, os efeitos típicos (ou principais) só se dão em relação aos 
envolvidos na relação jurídica. Ex: Se A vende a B uma garrafa, A somente pode cobrar a 
quantia somente de B, assim como B só pode exigir a garrafa de A. No âmbito do Direito das 
Coisas, tem-se efeitos Erga omnes, ou seja, se estendem para todos, por se tratar de uma 
situação jurídica (ex: A tem o status de ser dono de uma determinada garrafa). Aqui, não há 
uma relação jurídica entre o proprietário e demais pessoas da comunidade, mas o status de 
proprietário, o qual gera um dever geral de abstenção em relação aos outros sujeitos de não 
ofender o direito de propriedade de outrem. A outro título exemplificativo pode-se citar a 
integridade física de um indivíduo, direito deste que deve ser respeitado pelos demais. Como 
algum dos direitos das coisas são criados, estes não são pensados para uma obrigação 
relacional, mas em uma relação de domínio que deve ser respeitada pelos demais indivíduos 
(ex: direitos de posse). 
No que concerne ao tempo, não se pode adotar uma perspectiva generalizante – podem 
existir obrigações com tempo ilimitado (ex: algumas obrigações de não fazer), assim como 
podem existir direitos reais com tempo limitado (ex: usufruto). Todavia, a regra é de que o 
caráter temporário caracteriza o Direito das Obrigações, enquanto o caráter definitivo marca 
o Direito das coisas. 
Quando a obrigação se extingue, o exercício do direito encerra a obrigação (Ex: A paga B). 
Uma das características do direito de propriedade trata-se do direito de sequela (vinculado 
ao plano da eficácia). Ex: Se A faz um contrato de compra e venda com B a respeito de uma 
garrafinha. B paga vinte reais a A e B, portanto, pode exigir a garrafinha a A. A não entrega 
a garrafinha de imediato. Supondo que, nesse meio tempo, A resolva vender a garrafinha a 
C. B nunca mais consegue receber essa garrafa pois não é dono de tal instrumento (não 
ocorrência da tradição, ou seja, entrega), tendo, somente, uma dívida de crédito com A. 
209 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
No Direito das Obrigações, no geral, a violação de uma obrigação se dá a partir de uma 
inação (como o não pagamento). Todavia, deve-se atentar para demais tipos de obrigação – 
como, por exemplo, a de não fazer (o sigilo profissional é violado quando a ação de falar 
sobre determinado conteúdo sigiloso é realizada). 
 
6. Penhor x hipoteca x anticrese (direitos reais de garantia): 
Penhor: Um bem móvel é colocado como garantia. 
Empenhar (impor um penhor) x Penhorar (retirar bens via processo). 
Hipoteca: Se faz uma averbação informando que determinado bem está hipotecado como 
garantia de tal dívida (ex: imóveis, aviões, navios...). 
Anticrese: É o único que não gera a perda da propriedade no caso de inadimplemento do 
devedor. Ter-se-á um bem imóvel dado como garantia e, caso ocorra o inadimplemento, o 
credor poderá administrar aquele bem por certo período a fim de receber frutos para cobrir 
o inadimplemento. Percebe-se, por conseguinte, um maior desgaste por parte do credor 
para relações patrimoniais que envolvam anticrese. 
O penhor apresenta maior praticidade e a hipoteca tem a vantagem de se conseguir bens de 
maior valor. 
 
Para a próxima aula: Fontes e princípios das obrigações + classificações das obrigações. 
AULA 04 – FONTES E CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
1. Resolução da questão pendente da aula anterior (Direito das Obrigações e Direito das 
Coisas): 
Na condição de juiz, chega até você um caso em que A, proprietário, locou para B um 
apartamento. Neste contrato, ficou determinado que as parcelas condominiais deveriam 
ser pagas pelo locatário. B não pagou três meses da citada parcela. O condomínio, então, 
ingressou com ação contra A, para que pague o valor devido. Em sua contestação, A 
apresentou o contrato firmado com B, argumentando que tal responsabilidade foi a este 
transmitida. Como julgaria esse litígio entre A e o condomínio? 
Essa obrigação de pagar a taxa condominial trata-se de uma obrigação em razão da coisa. O 
fato de alguém ser proprietário faz com que ele tenha o dever de pagar o valor da obrigação. 
Como é uma obrigação de direito real, o proprietário deve arcar com essa obrigação. Entre 
210 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
locador e locatório tenha eficácia o negócio estabelecido entre eles, podendo A cobrar 
regressivamente o valor em relação a B, entretanto a obrigação de pagar a taxa condominial 
é de A (proprietário) não pode ser delegadaa B (locatário). 
Se A quiser vender o imóvel a C, nas mesmas condições do contrato firmado com B (supondo 
que haja uma preferência de compra pelo valor de R$ 300.000,00), A deve, antes, comunicar 
a B. Caso B não demonstre o interesse em pagar os R$ 300.000,00, A, portanto, pode 
negociar sem nenhum problema com C. Caso A não comunique B e venda o imóvel a C, B 
pode, portanto, se demonstrar interesse no imóvel, “tomá-lo” de C. 
 
2. Princípios das obrigações: 
A autonomia das partes é limitada por outros princípios, tais como o da boa-fé objetiva e o 
da função social da propriedade (embora este tenha sofrido intensas restrições com o 
advento do novo Código Civil). 
Os princípios dialogam com o intuito de conduzir ao adimplemento correto da obrigação. A 
autonomia, portanto, mantém conexão com um padrão de eticidade (os sujeitos não podem 
fazer tudo o que querem). 
 
3. Fontes das obrigações: 
Houve, outrora, a classificação romana em delito, quase delito, contrato e quase contrato. O 
quase delito seria o que chamamos de crime culposo. 
 
Com o advento do Código Napoleônico, a lei passa a ser concebida como uma fonte direta 
das obrigações. 
No direito brasileiro, nunca houve a enumeração das fontes das obrigações. Essa 
enumeração de fontes, portanto, é tarefa da doutrina. 
Fernando Noronha critica a concepção da lei como fonte direta das obrigações, 
argumentando que o suporte fático abstrato, sozinho, não gera obrigações. A lei, por si só, 
não pode ser considerada fonte das obrigações por não gerar obrigações imediatas. Uma das 
fontes das obrigações seria, nessa perspectiva, o fato jurídico. Toda obrigação deriva, 
portanto, de um fato jurídico, inclusive lícitos que geram o dever de indenizar (como no caso 
de A, em estado de necessidade, arrombar a porta da casa de B para se proteger de uma 
ameaça – A tem o dever de indenizar B). 
 
211 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
4. Classificações das obrigações: 
 
CLASSIFICAÇÕES CASO 1 CASO 2 CASO 3 CASO 4 
 João se obrigou a 
dar para Carla seu 
veículo placa ABC 
1234 ou pagar 
cinquenta mil 
reais. 
Gustavo apostou 
com Márcio que 
se um dia o 
Vitória for 
campeão 
brasileiro da 
série A lhe 
pagará um 
milhão de reais 
Fernando, 
advogado, 
foi 
contratado 
para dar um 
parecer 
sobre 
determinado 
caso. 
Criou-se uma 
obrigação 
em que 
Joana e 
Cláudia 
ficaram 
obrigadas a 
pagar 
quatrocentos 
reais, 
podendo o 
credor exigir 
o valor 
integral de 
qualquer 
delas. 
QUANTO AO OBJETO De dar 
Alternativa 
Divisível (quantia 
financeira) e 
indivisível 
(veículo) 
De dar 
Simples 
Divisível 
De fazer 
Simples 
Indivisível 
De dar 
Simples 
Divisível 
QUANTO AOS 
SUJEITOS 
Única 
Não solidária 
Única 
Não solidária 
Única 
Não 
solidária 
Múltipla 
Solidária 
QUANTO À LIQUIDEZ Liquída Líquida Líquida Líquida 
QUANTO AO 
CONTEÚDO DO 
ADIMPLEMENTO 
Resultado Resultado Resultado Resultado 
QUANTO À EFICÁCIA Simples (Pura) Condicional Simples 
(Pura) 
Simples 
(Pura) 
RECIPROCAMENTE 
CONSIDERADAS 
Principal Principal Principal Principal 
QUANTO À 
EXIGIBILIDADE 
Civil Natural Civil Civil 
 
 Quanto ao objeto: 
 
 Dar: Geralmente vincula-se a pagamentos; 
 Fazer: Conduta comissiva; 
212 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Não fazer: Omissão obrigatória. Ex: Sigilo profissional; 
 Facultativa: Parece uma alternativa, mas será aprofundada posteriormente; 
 
 Simples: Único objeto; 
 Cumulativa: Conjunção “e” (mais de um objeto); 
 Alternativa: Conjunção “ou” (há a opção de escolha); 
 
 Divisível: Dinheiro; 
 Indivisível: Carros, mouse, pareceres; 
 
 Quanto aos sujeitos: 
 
 Única: Envolve dois sujeitos (cada um em um polo); 
 Múltipla: Envolve mais de dois sujeitos (pode ter dois devedores e/ou dois 
credores, por exemplo). Trata-se de um pré-requisito para uma obrigação poder 
ser solidária (toda solidária é múltipla, mas nem toda múltipla é solidária); 
 
 Solidária: A responsabilidade é solidária entre os deveres, podendo o credor exigir 
integralmente de qualquer um dos devedores solidários; 
 Não solidária: É a regra; 
 
 Quanto à liquidez: 
 
 Líquida: Regra geral. Para determinar o conteúdo da prestação, não é necessária 
a ocorrência de evento posterior. Todos os exemplos da atividade representam 
obrigações líquidas; 
 Ilíquida: Para determinar o conteúdo da prestação, é necessária a ocorrência de 
evento posterior. Ex: A atropela B e B entra com uma ação para pedir indenização 
de A. B, ainda em tratamento, não tem noção do valor da indenização (pedido 
ilíquido) – há a falta do conteúdo da prestação (depende do tempo da 
recuperação de B, sessões de fisioterapia, etc); 
 
 Quanto ao conteúdo do adimplemento: 
 
 Meio: O resultado pouco importa. Ex: Advogado receberá uma quantia do cliente 
ainda que perca a causa ou no caso de um cirurgião que, mesmo agindo 
adequadamente, não conseguiu evitar a morte do paciente (“evoluir à morte”)*; 
 Resultado: O resultado é determinante para o cumprimento da obrigação. Ex: 
Uma transportadora precisa entregar o produto e não só tentar entregar a um 
cliente para o cumprimento dessa obrigação; 
213 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
*motivo de intenso debate doutrinário. 
 Quanto à eficácia: 
 
 Simples (Pura): Não há condição, termo ou encargo; 
 Condicional: Há uma condição (evento futuro e incerto); 
 Modal: Há um encargo (ônus); 
 A termo: Há um termo (evento futuro e certo); 
 
 Reciprocamente consideradas: 
 
 Principal: Independente; 
 Acessória: Caso a obrigação principal seja extinta, a acessória também se 
extingue. Ex: Contrato de locação que envolve um fiador; 
 
 Quanto à exigibilidade: 
 
 Civil: Caso ocorra o inadimplemento, haverá meios eficazes, protegidos pelo 
Direito, para promover o adimplemento. 
 Natural: O ordenamento reconhece que se ocorrer o inadimplemento, ninguém 
pode obrigar a tal. Ex: Jogo de aposta; 
 
Referências: 
https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/9/Classificacao-das-
Obrigacoes#:~:text=Quanto%20ao%20objeto%2C%20seus%20elementos,penal%20e%20%2
2propter%20rem%22. 
https://jus.com.br/artigos/90528/classificacao-das-obrigacoes-em-relacao-a-pluralidade-de-
sujeitos 
 
Para a próxima aula: 
Obrigação de dar e pecuniária + dois textos de Maurício Requião. 
 
AULA 05 – A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA 
 
214 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
1. Atividade: Realize análise comparativa da solução das quatro situações abaixo: 
 
 Um sujeito havia vendido seu carro. Antes da entrega este carro foi furtado: Tem-se 
uma obrigação de dar coisa certa propriamente dita (a prestação se encontra 
concretamente determinada e não somente em abstrato). Como o carro não foi 
entregue (não houve a transferência da posse), o dono do carro consiste no devedor. 
O bem móvel somente se transmite a partir da tradição (entrega/transferência de 
posse). O fato do comprador ter ou não pago é irrelevante. Se não teve culpa, o 
prejuízo é do dono, não tendo, em regra, o dever de indenizar a outra parte. A 
consequência específica deste caso concreto é que resolve-se a obrigação. No caso 
de pagamento adiantado total ou parcial, o dono deve devolver o dinheiro para 
impedir um enriquecimento sem causa. 
 
 Um sujeito estava indo devolver o notebook que um amigo o havia emprestado. 
Antes da entrega este notebook foi roubado: Tem-se uma obrigação de coisa certa, 
mais especificamente, de restituição de coisa certa. O dono do notebook é o sujeito 
que emprestou e não o que estava com a posse temporária. A obrigação foi resolvida 
e como não houve culpa por parte do devedor, o prejuízo é de responsabilidade do 
credor. 
 
 Um sujeito devia para o outro 10 máscaras PFF2. Na véspera do dia da entrega foram 
furtadas todas as 50 máscaras do referido modelo que tinha em casa: Tem-se uma 
obrigação de dar coisaincerta (o objeto se encontra somente determinado por 
gênero e quantidade – não estando concretamente determinado). O que se sabe 
aqui é a quantidade de máscaras (10) e o modelo (PFF2). Se as máscaras não estavam 
determinadas em concreto, não se pode falar em perda nem em deterioração da 
coisa. Enquanto não acontecer a escolha (transformação em obrigação de dar coisa 
certa), o sujeito continua obrigado a entregar as 10 máscaras (obrigação ainda não 
cumprida). 
 
 Um sujeito devia ao outro mil reais. Quando estava a caminho para realizar o 
pagamento, o dinheiro foi roubado: Tem-se uma obrigação pecuniária. O sujeito 
devedor ainda possui a obrigação de pagar (o dinheiro não perece). 
 
 
2. A obrigação de dar coisa certa: 
 
Há duas espécies de obrigação de dar coisa certa, nas quais identificamos quem é o sujeito 
dono da coisa a ser entregue. 
 
215 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Quando é o devedor, tem-se uma obrigação de dar coisa certa propriamente dita (exemplo 
1 do exercício); quando o dono é o credor, tem-se uma obrigação de restituição (exemplo 2 
do exercício). 
 
Quando o inadimplemento ocorre sem culpa, não se fala na obrigação de indenização de 
perdas e danos. O prejuízo, portanto, é de responsabilidade exclusiva do dono. 
 
 Perda: A coisa não tem mais como ser entregue; 
 Deterioração: A coisa sofre um dano que diminui o seu valor (existe, porém não mais 
da forma que foi pactuada). 
 
Art. 233 – CC: A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não 
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
 
Na obrigação de dar coisa certa, segue-se a premissa de que o acessório acompanha o 
principal (art. 233 – CC). Se se cria uma obrigação de dar e a coisa envolvida é um acessório, 
este, em regra, acompanha o bem principal. 
 
No caso da perda, tem-se qualquer situação que impossibilite o cumprimento da obrigação 
(destruição completa da coisa, furto, roubo, etc). 
 
Art. 234 – CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, 
antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas 
as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais 
perdas e danos. 
O art. 234 do Código Civil discorre sobre a perda da obrigação de dar coisa certa 
propriamente dita. Se a perda resultar de culpa do devedor, este responde pelo valor 
equivalente, somado a perdas e danos (busca por reparar os efeitos provenientes de tal 
inadimplemento). Ex: Um sujeito deixa de fazer uma prova (dano) por conta da não entrega 
de um notebook (perda). 
 
Art. 238 – CC: Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se 
perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os 
seus direitos até o dia da perda. 
Art. 239 – CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, 
mais perdas e danos. 
216 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
No caso de perda do objeto da obrigação de restituir coisa certa, caso não haja culpa do 
devedor, a obrigação se resolverá. Se a coisa se perder por culpa do devedor, este responde 
pelo equivalente, mais perdas e danos. 
 
Na deterioração, a coisa existe, só que de forma diferente das condições iniciais. Ex: Um 
celular que caiu no chão e rachou a tela (danifica-se o aparelho). 
Art. 235 – CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a 
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
Ex: A vai vender o seu notebook pra B e C se esbarra no aparelho, quebrando-o. O credor 
pode não querer mais a coisa, ou querer desde que abatido o preço que se perdeu (não é 
uma indenização, mas só o reestabelecimento das condições). 
 
Art. 236 – CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a 
coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, 
indenização das perdas e danos. 
Tendo culpa o devedor, pode-se falar em perdas e danos. Ex: A vende um carro a B, o qual 
pretende ser Uber. Por culpa de A, após a transmissão do bem móvel, o carro sofre um dano. 
Os dias em que B não poderá trabalhar por conta do carro estar em conserto na oficina 
serão arcados por A (perdas e danos). 
 
A solução da deterioração da obrigação de restituir é a mesma da propriamente dita. O fato 
da coisa ser danificada não altera a propriedade do objeto. 
Art. 239 – CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, 
mais perdas e danos. 
Art. 240 – CC: Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, 
tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o 
disposto no art. 239. 
 
217 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
No caso de melhoria, tem-se o art. 237 do Código Civil. Ex: A vende um terreno a B, terreno 
que acaba se valorizando. Caso o credor não aceite aumentar o valor, há a possibilidade de 
simplesmente resolver a obrigação. 
Art. 237 – CC: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e 
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o 
devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
 
Art. 241 – CC: Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem 
despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. 
Art. 242 – CC: Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou 
dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas 
pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto 
neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
Se o melhoramento foi “acidental”, o lucro vai para o credor (dono). Se o melhoramento foi 
resultante de trabalho ou dispêndio do devedor, o credor deve pagá-lo sob pena de 
enriquecimento sem causa. 
O código protege a parte que age com boa-fé. 
No caso de má-fé, a indenização somente deve ocorrer no caso de benfeitorias necessárias. 
No que tange aos frutos, o sujeito de boa-fé tem direito aos percebidos, enquanto que o 
sujeito de má-fé não tem direito aos frutos, devendo indenizar os frutos ainda que não os 
perceba. Ex: A, embora não use os frutos provenientes do terreno de B, tem o dever de 
indenizá-lo. 
Relembrando: 
Benfeitoria necessária Voltada para evitar a deterioração ou 
conservação. 
Benfeitoria útil Voltada para melhorar o uso da coisa. Ex: 
Transformar um portão manual em 
eletrônico. 
Benfeitoria voluptuária Voltada para o recreio, lazer ou deleite. Ex: 
218 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Pintar uma parede por uma cor mais 
agradável. 
 
Para a próxima aula: A obrigação de fazer e de não fazer. 
 
AULA 06 – CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES (CONTINUAÇÃO) 
 
1. A obrigação de dar coisa incerta: 
Entre as obrigações de dar, se encontram: a obrigação de dar coisa certa e a obrigação de 
dar coisa incerta. 
A coisa incerta, pela letra do Código Civil, é especificada em gênero e quantidade. Tem-se 
somente, portanto, que individualizar posteriormente esse objeto. 
A obrigação de dar coisa incerta não se confunde com a obrigação alternativa, uma vez que 
nesta a escolha se dá entre prestações já pré-determinadas (ex: A tem que dar a B um carro 
ou 30 mil reais). 
 
Em regra, não há que se falar em perda ou deterioração da coisa na obrigação de dar coisa 
incerta pois o objeto não está concretamente determinado (coisa em abstrato), podendo ser 
substituído – o gênero não perece como regra. Caso essa premissa seja prejudicada, poderá, 
nesse sentido, falar em perda ou deterioração da coisa na obrigação de dar coisa incerta.A deterioração da coisa certa por culpa do devedor mantém o dever deste prestar. A 
deterioração da coisa certa sem culpa do devedor adimple a obrigação. 
A deterioração da coisa incerta (como no caso de uma forte chuva que estraga uma safra 
rara de vinho da qual A pretendia adquirir uma garrafa) extingue a obrigação – por se tratar 
de uma safra rara, torna-se extremamente difícil substituir a coisa quando o próprio gênero 
pereceu. 
 
 
A escolha da prestação, em regra, será realizada pelo devedor, o qual deve observar a boa-fé 
objetiva (padrão ideal de conduta vinculado a usos e costumes) e a regra do meio-termo 
219 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
(mediae aestimationis): não deve dar a pior coisa, mas não se encontra obrigado a dar a 
melhor coisa (mas pode dar essa melhor coisa se quiser, por exemplo, agraciar o credor com 
foco em futuros negócios). 
 
O universo geral de possibilidades da prestação pode se tornar um universo específico 
quando as partes têm acesso a um recorte mais aprofundado. Por exemplo: A tem a 
obrigação de vender um boi a B (A não pode dar o boi mais magro que tiver – X -, por 
exemplo). Agora, se B visitar a fazenda de A e constatar a presença somente de bois 
magrinhos, pode ser que X seja aceito de acordo com a regra do meio-termo. A regra do 
meio-termo passa a ser analisada a partir desse recorte (universo específico = fazenda de A). 
 
A cientificação do credor não é o mero aviso, mas sim o fornecimento a este de elementos 
que o permitam, tanto quanto o devedor, identificar qual a coisa escolhida. Ex: Supondo que 
A tem cinco cães e B quer adquirir um, alertado por A de que o valor do cão Y é 2X. Após um 
surto de doença, quatro dos cães morrem. Considerando que B ainda não tenha tido contato 
com o cão Y, A tentará alegar a B de que o sobrevivente é o cão Y que custa 2X (possibilidade 
de fraude contra credores). 
Somente após B ter ciência exata do cão que queria é que a obrigação de dar coisa incerta se 
converterá à obrigação de dar coisa certa. 
Cientificação: Aviso + Concessão de elementos suficientes para identificar a coisa. 
 
2. A obrigação pecuniária: 
A obrigação pecuniária é aquela em que a prestação devida é a transferência de 
determinado valor monetário. 
Ex: Compõe a essência de contratos como o de locação, operações bancárias e dos títulos de 
crédito. 
Ex: Pagamento por perdas e danos. 
Ex: Pagamento por criptomoedas. 
 
Divergência doutrinária acerca do enquadramento da obrigação pecuniária: 
 Para alguns, trata-se de um subtópico da obrigação de dar coisa certa; 
220 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Outros autores afirmam que trata-se de uma categoria independente e diferenciada 
da obrigação de dar (Maurício Requião adere a essa visão); 
Embora se assemelhem às obrigações de dar, principalmente a de dar coisa incerta, a 
obrigação pecuniária constitui uma categoria autônoma. 
O dinheiro é só o suporte do valor colocado pelo governo sobre ele. Ex: Uma nota de 50 
reais é uma mera folha de papel, mas apresenta um valor a ela relacionada. Por outro lado, 
as moedas em desuso (como o cruzado e o cruzeiro) apresentam importância real somente a 
nível de colecionador. 
Não importa a coisa em si, mas o valor a ela atribuído. 
Não se pode jamais converter uma obrigação pecuniária em uma obrigação de dar coisa 
certa. 
A tradição não é essencial, mas sim acidental. 
 
Consoante o art. 315, CC, o pagamento das obrigações pecuniárias se dá com base no seu 
valor nominal. Todavia, se admite a correção do valor devido para que até o momento do 
pagamento seja mantido o seu valor real (funcional). 
Medida protetiva da moeda nacional: O pagamento das obrigações pecuniárias no território 
brasileiro se dá com a moeda em curso (art. 318, CC). 
Não é necessária a criação de uma categoria específica para as obrigações pecuniárias no 
Código Civil. Basta que a posição doutrinária e jurisprudencial atente para as 
particularidades inerentes a essa obrigação. 
 
3. A obrigação de fazer: 
Na obrigação de fazer não há a entrega de coisa, assim como na obrigação de não fazer. 
A regulamentação da obrigação de fazer é parecida com a obrigação de não fazer 
(evidenciando o papel que a transferência de propriedade exerce no nosso ordenamento 
jurídico – obrigação de dar). 
Exemplo de obrigação de fazer: A contrata B para pintar um quadro. B presta o serviço. 
Uma obrigação de fazer pode ser sucedida de uma obrigação de dar. No exemplo citado, 
após pintar o quadro, B deve entregá-lo a A. 
221 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Se B sequer pintou o quadro, A pode alegar o descumprimento da obrigação de fazer 
(ensejou perdas e danos). 
Se B pintou o quadro, mas não entregou a A, este pode alegar o descumprimento da 
obrigação de dar. 
 
A obrigação de fazer fungível x a obrigação de fazer infungível: Distinção pautada na 
necessidade (obrigação de fazer infungível ou personalíssima) ou não (obrigação de fazer 
fungível) da obrigação ser realizada por um sujeito específico. Emergem polêmicas 
discussões, a luz do caso concreto, se uma determinada obrigação de fazer é fungível ou 
infungível. 
Ex: Se um público comprou um ingresso para assistir a um show da banda A e, no dia, o 
show foi realizado pela banda B. É nítido o descumprimento da obrigação de fazer, por esta 
ser personalíssima. 
Ex: Caso o evento acima se desse em um festival, o qual é formado por diversas bandas 
(principais e secundárias – A, B, C, D...), o inadimplemento seria relacionado a uma obrigação 
de fazer fungível. Caso algumas pessoas compraram ingressos só para prestigiar a banda A e 
esta foi substituída pela banda E, tem-se uma discussão travada acerca da obrigação de fazer 
ser fungível ou infungível. 
 
Ex: Se os alunos de uma faculdade querem cursar Direito Civil e o professor que iria lecionar 
a disciplina foi substituído, tem-se uma obrigação de fazer fungível pois o contrato é sobre 
ter aula da disciplina e não necessariamente do professor X (embora X possa ter influenciado 
na escolha da disciplina por parte de alguns alunos). 
Ex: No caso de um curso de extensão coordenado pelo professor X, caso este seja 
substituído, tem-se uma obrigação de fazer infungível. O mesmo raciocínio vale para uma 
cirurgia a ser realizada pelo médico Y e não pelo seu assistente 
 
CAPÍTULO II 
 Das Obrigações de Fazer 
Art. 247 – CC: Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a 
prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. 
Art. 248 – CC: Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, 
resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 
222 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Art. 249 – CC: Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo 
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização 
cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de 
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 Inadimplemento sem culpa (art. 248 – CC): Obrigação resolvida. Extingue-se a 
obrigação; 
 O art. 247 do Código Civil se refere à obrigação de fazer infungível, enquanto o art. 
249 se assemelha à obrigação de fazer fungível; 
 A obrigação de planos de saúde é uma obrigação de fazer (uma cirurgia, por 
exemplo). Há uma intensa juridicialização na área da saúde, uma vez que 
constantemente liminares forçam o plano de saúde a autorizar certos 
procedimentos. Pode-se impor uma multa ao plano a cada dia de descumprimento 
(medida alternativa ao pagamento de perdas e danos); 
 No caput do art. 249 não há uma autotutela pois há a dependência de autorização 
judicial, fazendo o parágrafo único uma ressalva (exceção) no que concerne ao caso 
de urgência. Ex: A contratou um encanador para consertar um vazamento e este não 
comparece.A pode solicitar que a companhia envie outro funcionário em virtude do 
caráter emergencial de se reparar o domicílio (risco iminente de danos patrimoniais); 
 
4. A obrigação de não fazer: 
Constantemente presentes em nosso dia-dia, ainda que imperceptíveis. 
Cláusula de exclusividade: Qualquer cláusula em que contexto impõe uma obrigação de não 
fazer. Ex: Um contrato impõe que o ator A só pode aparecer no canal X (implícita a obrigação 
de não aparecer nos demais canais). 
Boa parte dos bares e restaurantes tem contratos que se comprometem a não vender 
produtos de outra marca. Por exemplo, no local em que se vende Guaraná Antártica, 
geralmente não se vende Coca-Cola e sim, Pepsi. 
O sigilo profissional também representa uma obrigação de não fazer. Ex: T trabalha em uma 
empresa e conhece o modo de trabalho dela. T não pode divulgá-lo mesmo após a sua 
desvinculação da empresa (dever de fidelidade). 
223 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Cláusulas de não concorrência também são obrigações de não fazer. Ex: X é dono dos 
mercados A e B. X resolve vender B para um grupo ainda pouco experiente. X não pode abrir 
logo depois um mercado C para concorrer com B. 
Cláusulas de raio correspondem a cláusulas de não concorrência delimitada 
geograficamente. Ex: Tantos metros do negócio A, o negócio B não poderá se estabelecer. 
A obrigação de não fazer é, geralmente, aquela que mais dura em comparação com as 
obrigações de fazer e de dar (cumprimento mais continuado) – como no caso do sigilo 
inerente a um profissional que já deixou a empresa. 
 
CAPÍTULO III 
 Das Obrigações de Não Fazer 
Art. 250 – CC: Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, 
se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
Art. 251 – CC: Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode 
exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas 
e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, 
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
 Sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação no caso de inadimplemento. Ex: A 
realiza ato que não deveria em virtude de coação realizada pelo Poder Público; 
 No caso de descumprimento que gera a responsabilidade, seguir-se-á a lógica da 
obrigação de fazer já estudada. Ex: Caso A, ator da empresa X, atue na empresa Y, A 
deverá arcar com perdas e danos (não tem, em um número significativo de ocasiões, 
como se desfazer o que já foi feito = desfazimento impossível); 
 
5. A obrigação alternativa: 
A obrigação alternativa é aquela obrigação na qual o devedor (como regra) deverá escolher 
entre duas ou mais prestações. 
É possível que haja uma obrigação alternativa simultaneamente com uma cumulativa, 
embora não seja comum. Ex: A deve escolher X ou Y, mais Z. 
224 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Ex: O professor Maurício Requião se obrigou a dar uma aula ou dar um livro. Caso ele escolha 
dar a aula, cumprirá com a obrigação, assim como cumprirá no caso de dar um livro. 
O poder de escolha do devedor é limitado entre as prestações previamente definidas. 
A obrigação alternativa não se confunde com a obrigação de dar coisa incerta. A escolha na 
obrigação de dar coisa incerta, também, como regra, cabe ao devedor, o qual deve 
selecionar um meio-termo. 
Na obrigação alternativa, contudo, não se aplica a regra do meio-termo, mas é muito raro 
que se haja a escolha entre coisas de valores tão díspares (um celular e um apartamento, 
por exemplo). 
Na obrigação alternativa, geralmente, as prestações apresentam o mesmo poder, pouco 
importando o valor econômico. 
CAPÍTULO IV 
Das Obrigações Alternativas 
Art. 252 – CC: Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa 
não se estipulou. 
§ 1 o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em 
outra. 
§ 2 o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser 
exercida em cada período. 
§ 3 o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, 
decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
§ 4 o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, 
caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. 
Supondo que o professor Maurício Requião se obrigou a dar uma aula ou dar um livro. 
Consoante o parágrafo 1º do art. 252, ele não pode decidir, por exemplo, dar meia aula e 
meio livro, pois assim se estaria criando uma terceira prestação. Destarte, o poder de 
escolha do devedor é limitado entre as prestações previamente definidas. 
Trata-se de uma obrigação periódica (§2º), a título exemplificativo, pagar boleto de aluguel. 
Não se confunde, vale o alerta, no caso de parcelamento do pagamento de um produto 
(como na compra de um pedaço de carne). 
225 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
No caso de pluralidade de optantes (pluralidade de pessoas com direitos de escolha), eles, 
em conjunto, terão que decidir via deliberação. A escolha precisa, de acordo com o Código 
Civil, ser unânime. 
Segundo o parágrafo 4º, se o direito de escolha for concedido a terceiro, saindo do devedor, 
caso esse direito retorne, não retorna ao devedor e sim ao consenso entre as partes. No 
caso de não acordo entre as partes, a escolha caberá a juiz. 
 
 
Art. 253 – CC: Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se 
tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Art. 254 – CC: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, 
não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por 
último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. 
Art. 255 – CC: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se 
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o 
valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se 
tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da 
indenização por perdas e danos. 
Art. 256 – CC: Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, 
extinguir-se-á a obrigação. 
 
Os demais dispositivos do Código Civil que tratam da obrigação alternativa discorrem sobre 
o inadimplemento. 
No caso de culpa do devedor, deve-se considerar vários fatores. Ex: A tinha que entregar um 
celular ou um notebook, mas o celular foi danificado. A obrigação pode ser cumprida com o 
notebook, já que a escolha cabe ao devedor (A). 
Se o credor de A tivesse o poder de escolha e quisesse escolher o celular. Se o credor de A 
escolher a prestação subsistente (notebook), não houve prejuízo. Agora, se o credor de A 
tivesse escolhido o celular (prestação perdida), A deve arcar com perdas e danos somado ao 
valor equivalente. 
226 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
No caso da impossibilidade do cumprimento de todas as prestações (A quebrar o celular e 
depois o notebook), o devedor deverá pagar o equivalente, perdas e danos em relação à 
última que foi impossibilitada (art. 254, CC) – neste caso, em relação ao notebook. 
No que tange à perda de uma prestação acontece com culpa e a outra acontece sem culpa, o 
Código não disciplina. Para Maurício Requião, deve-se seguir a lógica do art. 254, embora 
não seja um consenso doutrinário, justamente em virtude da lacuna no Código Civil. 
 
6. A obrigação facultativa: 
Em síntese, o devedor pode se omitir da obrigação. 
Quando a obrigação é criada, há uma única prestação (não há alternatividade). 
Ex: Descoberta (encontrar coisa alheia). Quando alguém devolve algo que pertence ao dono, 
este terá uma obrigação para com o responsável por achar o objeto (recompensa de, no 
mínimo, 5% do valorda coisa + indenização pelas despesas com a conservação e transporte 
da coisa). Todavia, o próprio artigo que discorre sobre a recompensa faculta tal obrigação ao 
dono: “se o dono não preferir abandoná-la”. 
Art. 1.234 – CC: Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá 
direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas 
despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir 
abandoná-la. 
(grifos nossos) 
 
7. Atividade a ser corrigida na próxima aula: 
Fernanda é credora de um notebook a ser entregue por Guilherme e Lara. Juliana é 
credora de mil reais de Fellipe e Carlos, devedores solidários. Partindo das duas situações 
acima: 
a) analise como deve se dar o pagamento e a diferença dos fundamentos. 
Fernanda pode cobrar o notebook de Guilherme ou de Lara em virtude da natureza da 
prestação (indivisível). Ademais, Juliana pode cobrar os mil reais (prestação pecuniária) em 
virtude de Fellipe e Carlos serem devedores solidários (condição dos sujeitos). 
227 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
b) caso um dos devedores morra, deixando dois herdeiros, como isso influenciaria no 
cumprimento da obrigação em cada um dos caso. 
No primeiro caso, Fernanda pode cobrar o notebook (bem indivisível) dos herdeiros do 
devedor falecido em virtude da natureza da prestação. No segundo caso, cada um dos 
herdeiros só estará obrigado a pagar a cota que corresponder ao seu quinhão hereditário, ou 
seja, cada um deles estará obrigado a pagar 500 reais. 
 
AULA 07 – A OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL E SOLIDÁRIA 
 
1. Obrigação divisível e indivisível: 
 
CAPÍTULO V 
Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, 
esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou 
devedores. 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um 
fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada 
a razão determinante do negócio jurídico. 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um 
será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em 
relação aos outros coobrigados. 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; 
mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
228 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros 
assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os 
outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, 
compensação ou confusão. 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e 
danos. 
§ 1 o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, 
responderão todos por partes iguais. 
§ 2 o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas 
perdas e danos. 
 
A prestação divisível é aquela que pode ser reduzida em frações menores sem alterar a 
estrutura. Todavia, há exceções: um diamante quebrado gera uma série de diamantes 
menores, só que o valor desses diamantes fragmentados é inferior ao valor do diamante 
original que estava inteiro. 
Quando a prestação é divisível, a solução é bem simples: cada um só pode pagar o que é seu 
e cada um só pode cobrar o que é seu. Ex: A deve 100 reais a B e C. B e C podem cobrar, 
separadamente, 50 reais de A. 
Quando a prestação é indivisível, a solução anterior é impossível. Daí, faz-se necessário 
realizar algumas ponderações: 
 Se há multiplicidade de devedores: Um devedor paga sozinho, o credor está 
satisfeito, todavia o pagamento não extingue a obrigação. O devedor se sub-roga no 
direito do credor – o credor agora é o antigo devedor. Este credor poderá cobrar o 
valor equivalente ao outro devedor que não pagou. Por exemplo: A e B devem um 
notebook a C que custa mil reais. A dá o notebook a C e, nesse sentido, C está 
satisfeito. A pode, posteriormente, cobrar 500 reais de B, já que A sub-roga-se no 
direito de C e tem o direito de cobrar B. 
 
 Se há multiplicidade de credores: Cada credor vai ter que cobrar o inteiro (prestação 
indivisível) do devedor. O devedor, ao pagar, deve tomar uma das duas medidas: (I) 
reúne os credores e paga ou (II) paga a um credor, desde que esse credor apresente 
229 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
um documento chamado calção de ratificação, o qual autoriza esse credor a receber 
a prestação em nome dos demais credores. 
 
 
2. Extinção: 
Art. 262 – CC: Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com 
os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, 
compensação ou confusão. 
 
 Transação: A deve uma quantia a B. B aceita que A pague uma parte; 
 Novação: A busca renegociar uma dívida com B (o contrato anterior é extinto e um 
novo é criado); 
 Compensação: A deve 200 a B e B deve 100 a A. A só pagará 100 a B; 
 Confusão: A deve uma quantia ao seu pai, B. B morre. A é herdeiro de B. A passa a 
dever para ele mesmo; 
 
3. Impossibilidade: 
A indivisibilidade decorre da prestação. Se a prestação se perdeu e a obrigação vai se 
resolver com o pagamento de indenização, a obrigação passa a ser divisível (há a perda da 
qualidade de indivisível). 
Art. 263 – CC: Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e 
danos. 
§ 1 o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, 
responderão todos por partes iguais. 
§ 2 o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas 
perdas e danos. 
No que tange ao § 2º, há uma ressalva feita pela doutrina. O culpado só paga pelas perdas e 
danos, mas os demais continuam tendo que pagar o equivalente. 
 
4. Obrigação solidária: 
230 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CAPÍTULO VI 
Das Obrigações Solidárias 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou 
mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 
Seção II 
Da Solidariedade Ativa 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o 
cumprimento da prestação por inteiro. 
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, 
a qualquer daqueles poderá este pagar. 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o 
montante do que foi pago. 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só 
terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão 
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os 
efeitos, a solidariedade. 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos 
outros pela parte que lhes caiba. 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais 
oponíveis aos outros. 
Art. 274. O julgamento contrário a um doscredores solidários não atinge os demais, 
mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor 
tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 
2015) (Vigência) 
231 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Seção III 
Da Solidariedade Passiva 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, 
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais 
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo 
credor contra um ou alguns dos devedores. 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes 
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se 
a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor 
solidário em relação aos demais devedores. 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida 
não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou 
relevada. 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos 
devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem 
consentimento destes. 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, 
subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde 
o culpado. 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha 
sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação 
acrescida. 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem 
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-
devedor. 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de 
todos os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, 
subsistirá a dos demais. 
232 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos 
co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, 
presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. 
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados 
da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, 
responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 
 
A solidariedade pode ser ativa ou passiva. 
Tanto na ativa quanto na passiva, o credor pode cobrar o todo de qualquer um dos 
devedores. 
De acordo com o Código Civil, não há presunção de solidariedade, decorrendo da lei (alguns 
artigos expressamente escancaram a obrigação como solidária) ou da vontade das partes (é 
feito um acordo para que se constitua a solidariedade). 
Há um único vínculo ou vários vínculos? Para Maurício Requião, deve-se reforçar o art. 266 a 
partir da segunda perspectiva. Pode-se criar regramentos distintos para os devedores (ex: 
local de pagamento, data de vencimento, imposição de determinadas condições ou não). 
 
Art. 266 – CC: A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 
No dia-dia ocorrem mais casos de solidariedade passiva. Ex: A vai no banco pedir um 
empréstimo e o banco exige a presença de um fiador solidário (ou A aceita ou não pega o 
seu empréstimo). O credor tem maior poder de negociação e, geralmente, impõe a 
solidariedade (o credor terá no mínimo dois patrimônios para cobrar o adimplemento da 
obrigação). 
A solidariedade ativa não é benéfica aos credores, pois outras pessoas receberão a 
prestação no seu lugar. Geralmente, caso haja esse interesse, no máximo é concedida uma 
procuração para que outro receba e, posteriormente, dê a prestação ao credor. 
 
5. Solidariedade ativa: 
Se o credor recebe e não passa para os demais, o devedor não tem responsabilidade 
nenhuma (não deve mais se preocupar). Os demais credores precisam cobrar do credor que 
233 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
não passou aos demais. A prestação, mesmo com a multiplicidade de credores, é única. Ex: 
Se A deve 1000 a B e a C, pagando 700 a B. A deve pagar só 300 a C. 
Se nada for dito, presume-se que cada um tem uma parte igual do crédito/débito. 
 
Art. 270 – CC: Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só 
terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão 
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. 
A solidariedade se relaciona com os sujeitos. Se o credor solidário morreu, os herdeiros não 
são credores solidários. 
Ex: A deve 900 reais a B, C e D. Se B morre, deixando dois herdeiros – E e F – estes só devem 
receber a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário (não são credores solidários). 
Destarte, A deve pagar 150 a cada (900/3 = 300/2 = 150 reais a E, e 150 reais a F). 
 
 
Art. 273 – CC: A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais 
oponíveis aos outros. 
Outro ponto importante trazido pelo Código diz respeito às exceções pessoais. Exceções 
correspondem a meios de defesa no Direito. As exceções pessoais são limitadas aos sujeitos 
às quais elas se aplicam. 
 
Art. 274 – CC: O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, 
mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor 
tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 
2015) (Vigência) 
234 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Se B entra com uma ação contra A e perde, C e D podem entrar com ação contra A. Todavia, 
se A ganha a ação, isso se aproveita a C e a D, mas se ressalvam as exceções pessoais para os 
credores que ainda não se envolveram em litígio. 
Em suma: 
B entra com uma ação contra A: 
 B perde: Não impacta em C e D; 
 B ganha: Os benefícios se aproveitam a C e D, ressalvando-se a estes as exceções 
pessoais; 
 
6. Solidariedade passiva: 
Na solidariedade passiva, há uma pluralidade de devedores. O credor pode ir a qualquer 
devedor e cobrá-lo a obrigação. 
O credor pode perdoar a dívida toda ou apenas a parte de um. Neste caso, obrigação 
continua sendo solidária, abatido o valor perdoado. 
Remissão não se confunde com renúncia. Remissão é o perdão de dívida; renúncia solidária 
se dá quando o credor renuncia a solidariedade. 
 
Art. 276 – CC: Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes 
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se 
a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor 
solidário em relação aos demais devedores. 
No caso de devedores solidários, aplica-se o semelhante ao estudado no caso de credores 
solidários. Os herdeiros de um devedor solidário que falecera não serão devedores 
solidários, podendo o credor cobrar a cada um a parte que compete a cada. Todos reunidos 
são considerados um devedor solidário (mas cada um individualmente, não). 
 
Art. 284 – CC: No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados 
da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. 
Se um dos devedores for insolvente, a parcela dele será rateada (dividida) entre todos os 
devedores, inclusive o devedor que tenha sido excluído da solidariedade. 
 
235 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Art. 285 – CC: Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, 
responderá este por toda ela para com aquele que pagar.A regra é que a obrigação se divide igualmente entre os devedores, todavia, há exceções – 
como a trazida pelo art. 285 do Código Civil. Pode, destarte, existirem dois devedores, um 
devendo pagar 100% e o outro, nada. Nesse sentido, existindo uma dívida de interesse 
exclusivo, o regramento funciona de forma distinta (somente o interessado responderá). 
 
Para próxima aula: Resolver avaliações anteriores de Direito de Obrigações. 
 
 
 
 
AULA 08 – CESSÃO DE CRÉDITO E ASSUNÇÃO DE DÍVIDA 
 
 
1. Cessão de crédito: 
 
 Credor cedente: Sujeito que era credor originalmente; 
 Credor cessionário: Novo credor; 
 Cedido: Devedor; 
 
A vontade das partes pode impedir que um crédito seja cedido (embora a lei permita). 
 
 
Art. 286 – CC: O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da 
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá 
ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
Art. 287 – CC: Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os 
seus acessórios. 
 
Como regra, transmissão da obrigação principal se estende às obrigações acessórias. 
 
A cessão de crédito pode ser total ou parcial. 
 
236 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
A cessão de crédito não exige o consentimento do devedor. Tal negócio jurídico é válido e 
eficaz entre o cedente e cessionário. Para que o negócio tenha eficácia para o devedor e 
para terceiros, a lei traz, contudo, alguns requisitos. 
 
Art. 288 – CC: É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não 
celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das 
solenidades do § 1 o do art. 654. 
Art. 289 – CC: O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão 
no registro do imóvel. 
Art. 290 – CC: A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a 
este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, 
se declarou ciente da cessão feita. 
Art. 291 – CC: Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar 
com a tradição do título do crédito cedido. 
Art. 292 – CC: Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga 
ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário 
que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar 
de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. 
O primeiro sujeito a notificar é aquele que terá o direito de receber o crédito. 
 
Exemplo de terceiros: Um credor de B, C, o qual apresenta interesse na transmissão da 
cessão de crédito. 
 
Extingue-se a obrigação para o devedor que paga o credor primitivo sem ter conhecimento 
da cessão. 
 
Art. 293 – CC: Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o 
cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. 
Art. 294 – CC: O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem 
como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o 
cedente. 
237 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Art. 295 – CC: Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica 
responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma 
responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
Art. 296 – CC: Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do 
devedor. 
Art. 297 – CC: O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não 
responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-
lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. 
Art. 298 – CC: O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que 
tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica 
exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. 
 
 
2. Atividade de fixação: 
 
1) Analise como se dá a eficácia de uma cessão de crédito em relação a: 
 
a) Cedente e cessionário: Eficaz independentemente de notificação ao devedor. A 
eficácia, portanto, é imediata; 
b) Cedido: Precisa ser notificado, pois, caso contrário, a cessão será ineficaz; 
c) Terceiros: Consoante o art. 288, CC, é ineficaz, em relação a terceiros, a 
transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou 
instrumento particular revestido das solenidades do § 1 o do art. 654. O parágrafo 
1º do art. 654 do Código Civil, determina que: “O instrumento particular deve 
conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do 
outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos 
poderes conferidos”. Ademais, deve-se ocorrer o registro em prol da eficácia em 
relação a terceiros. 
 
 
2) Explique, explorando as possibilidades, a responsabilidade do cedente no que toca 
à existência do crédito e à solvência do devedor. 
A responsabilidade no que tange à existência é pautada na existência de um crédito (a dívida 
ainda não foi paga). É importante saber se a cessão de crédito se deu a título oneroso (o 
novo credor pagou algo) ou gratuito (só há benefícios). Assim, segundo o art. 295 do CC, “na 
cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao 
238 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma 
responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé”. 
Consoante o art. 296 do CC, “salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela 
solvência do devedor”. O artigo subsequente completa ao afirmar que “o cedente, 
responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que 
daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e 
as que o cessionário houver feito com a cobrança”. Observa-se que a lei limita essa 
responsabilidade: tal responsabilidade não recai sobre o valor da dívida, mas sobre o valor 
pago pela dívida (B paga a A 900 para ceder os 1000 – B responde com base nos 900, ou seja, 
o valor pago pela dívida). 
 
3) Diferencie assunção de dívida por delegação e por expromissão. 
 
Tanto a expromissão quanto a delegação são formas de assunção de dívida. No primeiro caso, 
o expromitente, novo devedor, assume a dívida diretamente com o credor, sem acordo com 
o devedor primitivo. Já a delegação, como o nome indica, ocorre quando o antigo devedor 
delega sua dívida ao novo devedor. 
 
A mudança do devedor só pode ser feita com delegação do credor, a qual pode acontecer por 
dois caminhos: por delegação (o antigo devedor delega sua dívida ao novo devedor) ou por 
expromissão (o novo devedor procura diretamente o credor). 
 
(NINA, 2017) 
 
Assunção de dívida não se confunde com pagamento. No negócio jurídico de assunção de 
dívida, uma pessoa se tornou devedora, tendo que pagar em um dia futuro. 
 
A assunção pode ser total ou parcial, cumulativa (o antigo devedor permanece na relação) 
ou liberatória (quando o novo devedor entra e o antigo devedor já está livre). 
 
 
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Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
4) Partindo do pressuposto que a cessão de posição contratual não é expressamente 
regulamentada pelo Código Civil de 2002, e realizando análise por analogia com as 
formas de transmissão das obrigações, é possível que aquela se realize 
independentemente da autorização da outra parte que integra o referido contrato? 
 
Cessão de contrato ou cessão de posição contratual é a transferência da posição (ativa ou 
passiva) em um contrato, a um terceiro, com todos os direitos e deveres. Necessariamente 
ocorre em contratos bilaterais,

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