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ANEP - Associação Nacional de Estudos Psicanalíticos 
NEUROSES E PERVERSÕES - Profa. Teresa Frati 
 
Aluno: Denise Hagihara da Silva Vitali - Turma: 36 
Atividade: Análise Filme “Melhor É Impossível” 
 
Breve Consideração 
 
Melhor É Impossível é filme norte-americano de 1997, do gênero comédia 
dramático-romântica que tem como protagonista um romancista obsessivo-compulsivo 
chamado Melvin. 
A maior parte das cenas retratam atos característicos do indivíduo neurótico 
obsessivo, desta forma, o critério para escolha das cenas estará fundamentado na 
possibilidade de relacioná-las com conceitos psicanalíticos comuns às neuroses, bem 
como os específicos da neurose obsessiva. 
Além de aspectos do comportamento, também serão consideradas as expressões 
verbais ou não verbais do personagem e os ambientes. 
 
Considerações Gerais 
 
Como mencionado anteriormente, trata-se de uma estrutura neurótica evidenciada 
principalmente, pelas compulsões utilizadas como manobra de defesa, envolvendo rituais 
de verificação e limpeza. 
O personagem apresenta um grau considerável de desadaptação, principalmente 
nas relações interpessoais, pois Melvin mora sozinho, não mantém vínculo familiar ou 
relacionamentos pessoais, além disso seu contato com ambiente externo é absolutamente 
restrito. 
Com base no ponto de vista psicanalítico sobre a neurose, podemos afirmar a 
existência de um conflito psíquico com raiz em sua história infantil e fixação na fase anal. 
A escolha de sua profissão pode ter sido realizada com apoio do mecanismo de 
defesa sublimação, uma vez que escrever livremente possibilita dar vazão a pensamentos 
e sentimentos sem estar sujeito ao repúdio do outro e a sua auto-punição. 
 
Análise 
 
 No início do filme percebesse que o protagonista não mantém nenhuma relação 
pessoal, seja com os vizinhos ou com os funcionários do restaurante que frequenta. 
Na cena em que é obrigado a ficar com o cachorro de Simon (vizinho), ele mesmo 
verbaliza que nunca alguém passou a noite em seu apartamento. 
Melvin utiliza a hostilidade como forma de represar sua inadequação demonstrada 
na cena em que a vizinha desiste de sair para não encontrar com ele no corredor ou quando 
a funcionária do seu vizinho vai lhe pedir para que caminhe com o cão. 
O protagonista sempre assumi uma postura defensiva e reage de forma excessiva 
diante contratempos que poderiam ser superados com facilidade tal como na cena em que 
seu vizinho vai até sua casa para conversar sobre seu cão de estimação e respectivamente 
quando se depara com clientes sentado na mesa em que costuma tomar seu café. 
 Não existem cenas onde Melvin fala explicitamente de suas angustias e temores, 
mas podemos considera-las expressas em seu dia a dia que é composto por rituais 
neuróticos de limpeza e verificação: uso de luvas para proteção das mãos, ao chegar em 
casa lava diversas vezes as mãos trocando o sabonete após cada esfregada, ele gira o 
trinco da porta e acende e a apaga a luz nas mesmas quantidades de vezes, não pisa nas 
junções do asfalto, leva talheres descartáveis no restaurante, realiza um movimento com 
os pés antes de levantar-se da cama e colocar os chinelos, objetos decorativos colocados 
de forma simétrica nos móveis e evita constantemente contato físico. 
 Segundo estudos de Freud caráter anal é caracterizado por três traços que são: 
ordem, parcimônia (econômico) e a obstinação e podemos identificar no personagem dois 
traços através da organização dos objetivos de sua casa e organização de sua geladeira e 
em seu apego excessivo a ideia de ser sempre atendido pela mesma garçonete ou sentar-se sempre 
na mesma mesa do restaurante. 
Algo que também é muito característico no adulto fixado nessa fase é a necessidade e 
excesso relacionados ao controle e Melvin busca a manutenção de sua segurança estabelecendo 
rotinas e padrões: toma café todos os dias no mesmo restaurante, senta-se na mesma mesa e chega 
no mesmo horário. 
Podemos incluir nesse excesso, a lista de itens para levar na viagem, o planejamento 
prévio do repertório musical para cada possível situação durante a viagem que fará com Simon e 
Carol. 
Seu contato, ainda que forçado com o cão do vizinho e com Carol provocam mudanças 
positivas trazendo incomodo à Melvin relacionados aos sintomas e reações inadequadas ao ponto 
de alterar um de seus padrões de comportamento (revelado na cena em que visita repentinamente 
seu psiquiatra) e de voltar a utilizar seu medicamentos (cena do jantar com Carol). 
A partir de tais acontecimentos, Melvin começa a demonstrar-se menos rígido e 
aproxima-se dos demais personagens, porém essas relações até determinado momento do filme, 
mantem-se insatisfatória devido ao egocentrismo que o impede de atentar-se aos sentimentos dos 
outros: 
• Ele procura sua editora para lhe pedir favores e demonstra-se indiferente quanto 
a notícia sobre seu filho irá fazer faculdade; 
• Após 02 anos ele procura seu psiquiatra para ser atendido imediatamente e seu 
médico ressalta sua indiferença quanto sua mudança física (agora está de barba); 
• Quando Simon vai buscar seu cão na casa de Melvin ele o ofende por conta das 
cicatrizes após o assalto sem considerar o trauma vivenciado; 
• Ele fala com naturalidade sobre morte incluindo o filho doente de Carol; 
• Todo seu empenho para ajudar Carol no tratamento do filho é motivada pela sua 
obstinação em ser atendimento por ela. 
 
Sua rigidez e falta de conhecimento, começam a ser descortinadas a partir da visita 
repentina de Carol, cuja intenção é confrontá-lo quanto suas reais intenções ao contratar um 
médico para seu filho. 
Ela diz que NUNCA terá um relacionamento íntimo com ele, pensamento que fica 
ruminando em Melvin que sem conseguir dormir vai à casa de Simon no meio da noite e 
compartilhar, ainda que brevemente seus sentimentos revelando sua incapacidade de avaliar 
objetivamente a situação e trazendo à tona uma confusão relacionada à sua identidade. 
Após esse momento, já nos deparamos com um personagem mais interessado em 
relacionar-se com o outro, sendo aceitável contato físico e possível manter diálogos menos hostis. 
Também podemos ver reações mais aceitáveis diante de situações que anteriormente 
poderiam ser tratadas de forma agressiva ou indiferentes. 
 
• Simon ficará hospedado na casa de Melvin até poder alugar outra casa; 
• Melvin troca expressões amáveis com Simon e tem a iniciativa de 
realizar contato físico; 
• Deita-se na cama com roupas e calçados junto com o cachorro que antes 
causava aversão; 
• Não realiza seus rituais ao voltar da viagem; 
 
Em uma das cenas finais, Melvin se depara com uma situação de angústia causando 
alteração na respiração, intensificação da sudorese e inquietude, em sua fala com Simon, nota-se 
certa incompreensão quanto a origem e falta de controle sob seus sintomas, ficando mais uma 
vez explicita a falta de percepção do EU e a dificuldade em avaliar a situação de forma objetiva. 
Diante de suas inseguranças, Melvin declara que sua vida anterior era melhor 
(provavelmente por conta da sensação de controle e segurança que suposta foram perdidas) e 
acaba por demandar à Simon sua necessidade de sentir-se seguro. 
Os argumentos e sugestão de Simon para que ele procure Carol pode ter colocado em 
risco sua estrutura defensiva uma vez que ele apresenta um temor irracional de ser morto por ela. 
 
Cenas/Fatos/ Comentários Adicionais 
 
o Simon, mesmo que sem relacionar-se com Melvin menciona de forma implícita o 
alto grau de desadaptação quando menciona “o senhor não adora nada”; 
o Quando Frank avisa que levará o cão de volta no dia seguinte, fica notória a 
angústia que acomete Melvin e ele reage através da manutenção do ato 
compulsivo de trancar a porta mais vezes do que o habitual (perceptível somente 
via áudio); 
o Em meio ao diálogo entre Simon e Carol sobre seu pai, Melvin declara sua relação 
perturbada com um paiautoritário e agressivo, levando a hipótese de que ele tenha 
um superego tirano; 
o Sua última declaração de amor a Carol pode indicar que há uma busca 
inconsciente por alguém torne sua vida aparentemente segura e significativa para 
suprir sua necessidade de apoio; 
 
o Melvin pode ter abandonado o processo terapêutico por desejar represar seu 
sofrimento. Quando Carol tenta dar continuidade no assunto sobre seu tratamento, 
ele diz que fica cansado em falar sobre; 
o Talvez Melvin tenha obtido resultado considerável em processo terapêutico 
anterior quando observamos uma atitude para contenção de sua angústia após a 
devolução do cão. Ele toca piano e fala consigo mesmo. 
o E se for como parece que melhor é impossível? Será que ao mencionar esse 
pensamento, Melvin estava denunciando o nível de sofrimento em que vivia até 
aquele momento?

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