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21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/26 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA AULA 2 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/26 Prof. Ernesto Francesco Ronchi CONVERSA INICIAL Estudamos os princípios físicos que regem modificações de pressão, volume, temperatura e entropia, e o modo como essas grandezas se inter-relacionam e geram ciclos termodinâmicos, fundamentais para a transformação de energia química em energia térmica, e então em energia mecânica. Nesta aula, veremos os princípios fundamentais para o funcionamento dos motores de combustão interna, relacionados aos tempos de funcionamento, juntamente com o comportamento do ciclo termodinâmico. Iremos ver também os motores de dois tempos ciclo Otto e Diesel, suas diferenças com os motores quatro tempos e suas aplicações. Por fim, falaremos do motor rotativo e suas características. TEMA 1 – MOTOR DE 4 TEMPOS CICLO OTTO Quando falamos em motores de quatro tempos, estamos nos referindo aos tempos de funcionamento do motor, definidos de acordo com a característica termodinâmica do ciclo. Ou seja, descrevemos como ocorrem os processos termodinâmicos, em momentos distintos do funcionamento dos componentes do motor, de acordo com os elementos utilizados para o funcionamento do sistema. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/26 Assim, temos dois tipos de ciclos termodinâmicos: Otto e Diesel. O primeiro é um ciclo termodinâmico com volume constante, e o segundo um ciclo termodinâmico com pressão constante. Embora diferentes, os sistemas confeccionados para a realização dos ciclos termodinâmicos são muito próximos, e inclusive utilizam componentes praticamente idênticos, sendo diferentes apenas pelo emprego dos materiais, assim como pelas dimensões dos componentes. Os motores de combustão interna contam com alguns componentes principais, em movimento relativo entre si, que permitem a transformação da energia. Simplificando, podemos dizer que o motor de combustão interna é uma bomba, em que se é possível controlar a explosão que ocorre, dosando o ar e o combustível que entram no sistema, de forma a obedecer aos limites de resistência mecânica dos componentes empregados no motor. Para que essa combustão ocorra, deve haver um cilindro, que deverá ser um elemento fixo, dentro do qual há um pistão que se movimenta linearmente, de forma alternativa, “subindo e descendo”. O pistão está conectado a uma árvore de manivelas (coloquialmente conhecida como vira-brequim), por intermédio de uma biela. Assim, o movimento alternativo realizado pelo pistão será convertido em movimento circular na árvore de manivelas. Também há, sobre o pistão, um componente chamado cabeçote, onde são instaladas válvulas que permitem a entrada e a saída de gases, conforme o sincronismo de movimento entre a árvore de manivelas e a árvore de cames, que é o eixo responsável por permitir a abertura e o fechamento das válvulas nos momentos corretos, para o desenvolvimento dos tempos de funcionamento do motor. No cabeçote será instalada a vela de ignição, responsável por gerar um arco 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/26 fotovoltaico (faísca), que, por sua vez, gerará a combustão da mistura de ar e combustível. Para que todo esse processo termodinâmico ocorra de maneira adequada, há a divisão desses movimentos em quatro momentos distintos, que são denominados os quatro tempos do motor, sendo eles: admissão, compressão, combustão e escape. Créditos: Udaix/Shutterstock. Créditos: Yugu Design/Shutterstock. 1.1 ADMISSÃO A admissão é o tempo em que haverá a entrada de mistura de ar e combustível (ou somente ar, em motor de injeção direta). 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/26 No ciclo termodinâmico, o movimento que o pistão realiza gera a curva do gráfico na cor vermelha, de 1 até 2. Para que isso ocorra, o pistão (êmbolo) irá fazer um movimento do Ponto Morto Superior (P.M.S.) – ponto máximo de movimento do pistão, que fica próximo ao cabeçote – ao Ponto Morto Inferior (P.M.I) – ponto mais distante de movimento do pistão do cabeçote. Créditos: Flixelhouse/Shutterstock. Chamado de movimento descendente, neste momento, com o aumento de volume ocasionado pelo deslocamento do pistão dentro do cilindro, a pressão interna do sistema é reduzida, o que permite a entrada de mistura de ar e combustível naturalmente, pois a pressão atmosférica é maior do que a pressão interna do cilindro. Dessa forma, a válvula de admissão está aberta neste momento, por intermédio da ação da árvore de cames (conhecido coloquialmente como comando de válvulas); a válvula de escape estará fechada, de forma que a mistura de ar e combustível irá preencher o volume do cilindro. A árvore de manivelas converte o movimento linear do pistão em movimento circular, movimentando-se num ângulo de 0° até 180°. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/26 Créditos: Yugu Design/Shutterstock. 1.2 COMPRESSÃO Quando o pistão chega ao P.M.I, inicia-se o tempo da compressão, segundo tempo do sistema. No gráfico termodinâmico, em cor vermelha, está representado pelos pontos 2 a 3. No tempo da compressão, haverá o movimento ascendente do pistão, rumo ao P.M.S. As válvulas de admissão e escape encontram-se fechadas, de forma que, com a redução do volume, haverá aumento de pressão da mistura de ar e combustível. O movimento linear do pistão é, novamente, convertido em movimento circular pela árvore de manivelas, movimentando-se em um ângulo de 180° até 360°. Tal aumento de pressão é chamado de compressão. Com o aumento da pressão no sistema, o objetivo é aumentar também a entropia. A entropia elevada acelera o processo de combustão, através do aumento da velocidade de queima da mistura de ar e combustível no momento da deflagração do arco fotovoltaico, emitido pela vela de ignição. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/26 A temperatura do ar deve ficar entre 300 °C a 400 °C, não devendo exceder os 400 °C, pois a temperatura mínima média de ignição é de 300 °C para gasolina e 420 °C para o etanol. Se a temperatura da câmara de combustão durante o processo de compressão exceder a temperatura de ignição do combustível, pode haver autoignição do combustível, o que não é ideal ao funcionamento do motor. Créditos: Yugu Design/Shutterstock. 1.3 EXPLOSÃO Finalizando a etapa de compressão, quando o pistão chega ao P.M.I., com a mistura de ar e combustível comprimida, deflagra-se a faísca que irá realizar a ignição da mistura de ar e combustível. No gráfico termodinâmico, o momento da ignição é representado pelos pontos 3 e 4 na cor vermelha. O momento da expansão (movimento do pistão pelos pontos 4 e 5) também está na cor vermelha. Essa condição irá gerar a explosão da mistura de ar e combustível, aumentando bruscamente a pressão dentro do cilindro, gerando assim a expansão térmica 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/26 necessária ao movimento do êmbolo e, consequentemente, a transformação da energia química em energia mecânica. No terceiro tempo, da explosão, será gerado trabalho. A energia deverá movimentar o pistão de forma descendente, do P.M.S. ao P.M.I., sendo o movimento da árvore de manivelas angular de 360° a 540°. Neste tempo, as válvulas de admissão e de escape permanecem fechadas. A energia da explosão do terceiro tempo deve ser suficiente para movimentar o pistão, suprindo o motor com energia suficiente para o movimento do pistão nos outros três tempos (admissão, compressão e escape), além demovimentar o veículo. Em virtude do fato de os processos de combustão serem muito rápidos, a velocidade de frente de chama (velocidade de queima do combustível) tem que ser acelerada tanto quanto possível durante a etapa de compressão. Essa condição dependerá dos materiais utilizados e da capacidade que o combustível tem de suportar a pressão de compressão, o que é conhecido como Índice Antidetonante (I.A.D.) do combustível. O I.A.D. é um valor testado para mensurar a pressão que um combustível suporta antes de entrar em autoignição. Quanto maior o I.A.D., maior pode ser a compressão da mistura de ar e combustível, o que permite gerar uma explosão mais eficiente. Caso o I.A.D. do combustível seja baixo, podem ocorrer fenômenos danosos ao motor, reduzindo seu desempenho, aumentando o consumo de combustível e também os níveis de emissão de gases não desejáveis. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/26 No momento da explosão, haverá a transformação da mistura de ar e combustível em outros gases, conhecidos como produtos da combustão, tais como dióxido de carbono, nitrogênio e água em estado de vapor. Juntamente com essa transformação, haverá o desprendimento de grande quantidade de energia, como consequência da transformação química em uma reação não reversível. Essa energia expandirá os gases (aumento de pressão inicial, que gerará aumento de volume com queda da pressão em sequência), e os gases expandidos movimentarão o pistão. 1.4 ESCAPE Créditos: Yugu Design/Shutterstock. Finalizando o ciclo, o quarto tempo de funcionamento do motor é o tempo de escape, representado no gráfico termodinâmico na cor vermelha, de 5 a 6. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/26 O tempo de escape, como o próprio nome sugere, é o tempo em que os gases gerados pelo processo de explosão serão descartados, para que seja possível iniciar um novo ciclo. No início do tempo de escape, o pistão – que havia se movimentado até o P.M.I. ao término do tempo de explosão – se movimenta novamente ao P.M.S, reduzindo novamente o volume do cilindro e com isso empurrando os gases queimados para fora. Para que isso ocorra, a válvula de admissão permanece fechada e a válvula de escape é aberta para permitir o fluxo dos gases de escape. A árvore de manivelas se movimenta circularmente, de 540° a 720°, finalizando o ciclo do motor de quatro tempos. Isso permitirá o início de um novo ciclo termodinâmico, compreendendo novamente os quatro tempos de movimento do pistão. TEMA 2 – MOTOR DE 4 TEMPOS CICLO DIESEL O motor Diesel também apresenta quatro tempos. Assim como no motor ciclo Otto, os tempos também são de admissão, compressão, expansão (explosão) e escape. Como o motor Diesel apresenta um ciclo termodinâmico de pressão constante, o terceiro tempo (que no caso do motor ciclo Otto chamamos de explosão, porque há um aumento brusco de pressão dentro do cilindro) é o tempo de expansão dos gases. Isso ocorre porque não é possível queimar todo o combustível (diesel) inserido na câmara de combustão. A combustão é mais “lenta”, 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/26 e a massa de combustível é expandida, ou seja, a pressão na câmara de combustão permanece estável por mais tempo mesmo, com o movimento descendente do pistão, o que gera aumento do volume do sistema. Essa situação ocorre porque, diferentemente do motor ciclo Otto, no motor ciclo Diesel não há vela de ignição. O eletroinjetor ou injetor mecânico de combustível, é inserido no cabeçote, de forma que faz a aspersão do Diesel em nível atomizado ao final do tempo de compressão. A combustão do diesel acontece em decorrência do aumento da temperatura do ar. Quando o combustível injetado na câmara de combustão se encontra com ar altamente aquecido e pressurizado, entrará em combustão de forma espontânea. A facilidade com que o Diesel entra em combustão é medida através do índice de cetano do Diesel, com um limite mínimo de 40, segundo a Agência Nacional do Petróleo. Para que haja essa combustão espontânea, a pressão dentro da câmara de combustão deve ser bastante alta, maior que em motores ciclo Otto. Essa pressão é chamada de taxa de compressão. 2.1 ADMISSÃO 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/26 Créditos: Bigalbaloo/Shutterstock. No motor Diesel, a admissão é o tempo em que haverá apenas a entrada de ar no motor. Não há entrada de combustível, pela característica do ciclo termodinâmico. O pistão irá fazer um movimento do Ponto Morto Superior (P.M.S.) ao Ponto Morto Inferior (P.M.I). Com o aumento de volume ocasionado pelo deslocamento do pistão dentro o cilindro, a pressão interna do sistema é reduzida e isso permite a entrada de ar naturalmente ou de forma forçada – esta condição é a mais comum, através de sobrealimentação. A válvula de admissão estará aberta e a válvula de escape estará fechada, sendo acionada por intermédio da ação da árvore de cames. A árvore de manivelas movimenta-se circularmente, em ângulo de 0° até 180°. No gráfico termodinâmico, o movimento do pistão está representado pelos pontos 1 a 2, na linha vermelha. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/26 2.2 COMPRESSÃO A fase de compressão, segundo tempo do sistema, inicia-se quando o pistão se movimenta, saindo do P.M.I. ao P.M.S. Como o deslocamento rumo ao P.M.S. reduz o volume, temos o aumento da pressão dentro do cilindro. Válvulas de admissão e escape encontram-se fechadas. Movimento circular pela árvore de manivelas, de 180° até 360°. A compressão deve ser suficientemente alta neste tempo para que o diesel se inflame quando for inserido na câmara de combustão. A temperatura do ar deve ser próxima ou superior a 400°C, sendo ideal por volta dos 600°C. Tal temperatura fará com que o Diesel atinja temperatura de combustão, de aproximadamente de 250°C. No gráfico termodinâmico, o movimento do pistão está representado pelos pontos 2 a 3, através da linha vermelha. Créditos: Bigalbaloo/Shutterstock. 2.3 EXPANSÃO 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/26 Ao término da compressão, quando o pistão chega ao P.M.I., já com o ar aquecido e pressurizado, o injetor irá fazer a injeção do Diesel na câmara de combustão (que no caso do motor Diesel é na cabeça do pistão). Ao ser injetado, o combustível irá se deparar com massa de ar altamente aquecida e começara a se inflamar. Contudo, em virtude da alta velocidade do ciclo termodinâmico, não é possível inserir todo o combustível necessário para reagir com o volume de ar que está na câmara de combustão. Assim, o combustível que está inserido na câmara de combustão se inflama e inicia o movimento de expansão, movimentando o pistão. Porém, ainda há combustível para entrar na câmara de combustão e se inflamar com o ar. Essa situação faz o motor diesel ter um torque maior e mais constante durante seu funcionamento. Mesmo com o pistão apresentando movimento descendente, o que gera o aumento do volume do cilindro, o fato de haver combustível dentro do cilindro aumenta a quantidade de massa inserida, mantendo a pressão dentro do cilindro ainda elevada. Após o término da injeção do Diesel dentro da câmara de combustão, e consequente combustão desse combustível, teremos efetivamente a queda de pressão no ciclo termodinâmico. Neste tempo será gerado trabalho. A energia deverá movimentar o pistão de forma descente, do P.M.S. ao P.M.I., com movimento circular da árvore de manivelas de 360° a 540°. Neste tempo, as válvulas de admissão e de escape permanecem fechadas. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/26 Créditos: Bigalbaloo/Shutterstock. No gráficotermodinâmico, o movimento do pistão está representado pelos pontos 3 a 4 (injeção de diesel) e 4 a 5 expansão dos gases sobre pistão, na linha vermelha. 2.4 ESCAPE Créditos: Bigalbaloo/Shutterstock. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/26 No tempo de escape, gases gerados pelo processo de explosão serão descartados para que seja possível iniciar um novo ciclo. No gráfico termodinâmico, o movimento do pistão está representado pelos pontos 5 a 6, na linha vermelha. No tempo de escape, o pistão se movimenta do P.M.I. ao P.M.S, reduzindo novamente o volume do cilindro e expurgando os gases da combustão para fora do cilindro. Para isso, a válvula de admissão permanece fechada e a válvula de escape é aberta. A árvore de manivelas se movimenta circularmente, de 540° a 720°, finalizando o ciclo do motor de quatro tempos. Isso permitirá o início de um novo ciclo termodinâmico, compreendendo novamente os quatro tempos de movimento do pistão. TEMA 3 – MOTOR DE DOIS TEMPOS CICLO OTTO Além dos motores de quatro tempos, ciclo Otto e Diesel, há também os motores de dois tempos, ciclo Otto e Diesel. Diferentemente dos motores de quatro tempos, em que precisamos de duas voltas (720° de movimento circular) da árvore de manivelas para realizar um ciclo, no motor de dois tempos necessitamos apenas de uma volta da árvore de manivelas (360° de movimento circular) para realizar o ciclo completo. Mesmo com dois tempos a menos, emprega-se no motor dois tempos os mesmos ciclos termodinâmicos, tanto para o motor Otto quanto para o motor 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/26 Diesel. Levando isso em consideração, o motor de dois tempos deveria fornecer potência duas vezes superior ao motor de quatro tempos, pois a cada movimento descendente do pistão ocorre um impulso motriz. O motor aqui tem aceleração mais rápida (tanto no caso do motor Diesel quanto no caso do motor Otto) quando comparado ao motor de quatro tempos. Mas o motor de dois tempos tem um sério problema de emissões, pois a combustão não corre de forma plena ou total, pelo fato de os tempos de admissão e escape serem reduzidos. Assim, a eficiência volumétrica do motor é menor; não é possível preencher todo o cilindro com ar e combustível, e assim a sua potência também é menor. Isto faz com que tais motores não se enquadrem nas normas atuais de emissões, sendo empregados em algumas situações específicas. Por apresentar menor número de componentes, este motor tem um melhor regime de elevadas rotações. É exatamente nessa condição que ele se adapta melhor. No caso ainda do motor de dois tempos Otto, há necessidade de ter elevada rotação, de modo a trocar a rotação por torque, já que o motor tem menor massa. O fato de esse sistema misturar óleo lubrificante com combustível, para poder lubrificar adequadamente o equipamento mecânico, também o torna altamente poluente. A mistura de proporções erradas de óleo e gasolina também gera a degradação prematura dos componentes do motor que necessitam de lubrificação, muito embora não seja necessário um reservatório para o abrigo do óleo. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/26 Assim, além do sistema apresentar elevado nível de emissões, também apresenta consumo de combustível mais elevado e ruído também elevado, motivos pelos quais não é comercializado em cilindradas elevadas. Nesses motores, a válvula de admissão é removida e substituída por um orifício de admissão. Esse orifício consiste em uma abertura adequadamente posicionada no cilindro que permite a entrada de combustível, óleo e ar no cárter do motor, quando o pistão está em seu ponto morto superior. Quando o pistão desce, ele fecha esse orifício de admissão e empurra a mistura de ar, combustível e óleo para a parte inferior do cárter, pressurizando-a. Essa mistura pressurizada passa por um orifício de transferência, que é liberado pelo movimento descendente do pistão, que por sua vez permite a passagem da mistura para a câmara de combustão. Há um orifício de escape para a saída dos gases queimados, juntamente com a entrada da mistura de ar, combustível e óleo para gerar o ciclo seguinte. O pistão também fecha o orifício de escape. 3.1 ADMISSÃO/COMPRESSÃO (PRIMEIRO TEMPO) 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/26 Créditos: Jacky Co/Shutterstock. Estando o pistão no P.M.I., há a abertura dos orifícios de transferência e de escape. O orifício de escape aberto deixa vazar os gases queimados do ciclo anterior, enquanto o orifício de transferência permite a entrada de mistura de ar, combustível e óleo. Alguns modelos de motores Otto de dois tempos apresentam uma deformidade na cabeça do pistão, a fim de evitar a saída da mistura diretamente pelo orifício de escape – muito embora a mistura pressurizada force a saída dos gases queimados –, direcionando a mistura para a parte superior do cilindro, onde se encontra a vela de ignição. A entrada da mistura na câmara de combustão também é potencializada pelo aumento do volume do cilindro quando o pistão se desloca do P.M.S. ao P.M.I. Durante o deslocamento do pistão do P.M.I ao P.M.S, o pistão fecha incialmente o orifício de transferência, depois o orifício de escape, comprimindo assim a mistura que havia entrado dentro do cilindro. Ao final desse tempo, ocorrerá a ignição da mistura através do arco fotovoltaico de uma vela de ignição. 3.2 EXPLOSÃO/ESCAPE (SEGUNDO TEMPO) Após a faísca da vela de ignição, a mistura se inflama e os gases expandidos empurram o pistão que estava no P.M.S. para o P.M.I. Neste momento, é gerado trabalho. Pouco antes do pistão chegar ao P.M.I, há a abertura do orifício de escape, e os gases queimados da mistura já começam a sair. Nesse momento, o pistão já pressuriza a mistura que entrou pelo orifício de admissão durante o primeiro 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/26 tempo, quando o pistão abriu o orifício. No momento em que o pistão chega ao P.M.I. o orifício de transferência é aberto e um novo ciclo se inicia. Créditos: Jacky Co/Shutterstock. TEMA 4 – MOTOR DE DOIS TEMPOS CICLO DIESEL O motor de dois tempos Diesel, assim como o motor de dois tempos Otto, precisa de apenas uma rotação para gerar trabalho. Porém, seu comportamento é diferente do motor ciclo Otto de dois tempos. O motor Diesel de dois tempos não apresenta mistura de óleo lubrificante com combustível, e o ar e é um motor que apresenta cárter (reservatório de óleo). Esse motor também não tem vela de ignição. Assim como no motor Otto de dois tempos, sua aceleração é mais rápida, mas seu nível de emissões também é mais elevado. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/26 Nesses motores, temos normalmente quatro válvulas de escape que se encontram no cabeçote (parte superior do cilindro), assim como o injetor de diesel. Como no motor de quatro tempos, o diesel irá gerar combustão com o ar, o que culmina em expansão dos gases e movimento do pistão. Não há válvulas de admissão, sendo o pistão o responsável por permitir a entrada do ar. Na camisa de cilindros, há furos oblíquos que permitirão a entrada do ar, que é impulsionado por um supercarregador (dispositivo que atua enviando ar em grande quantidade, de forma pressurizada). 4.1 Admissão/compressão (primeiro tempo) Créditos: Jacky Co/Shutterstock. Estando o pistão no P.M.I., há abertura dos orifícios de admissão de ar. Conforme o pistão se movimenta rumo ao P.M.S., realiza a compressão do ar e o fechamento dos orifícios de admissão. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/26 Ao final desse tempo, ocorrerá a injeção de diesel e a combustão da mistura de are diesel. 4.2 EXPLOSÃO/ESCAPE (SEGUNDO TEMPO) Após a injeção do diesel, a expansão dos gases empurrará o pistão para o P.M.I., de forma a gerar trabalho. Com a sincronização da abertura das válvulas de escape com o movimento da árvore de manivelas, quando o pistão está chegando próximo da abertura dos dutos de admissão, as válvulas de escape são abertas e o os gases queimados são empurrados para fora do cilindro. No momento em que os dutos de admissão são abertos, a entrada de ar pressurizado no cilindro também auxilia na saída dos gases queimados. A sincronização das válvulas de escape permite seu fechamento quando pistão fecha os dutos de admissão e um novo ciclo se inicia. TEMA 5 – MOTOR ROTATIVO O motor rotativo, patenteado com o nome Wankel, foi projetado por Felix Wankel. Atualmente, sua patente pertence à Mazda. Esse motor opera no ciclo termodinâmico Otto. Porém, diferentemente do motor Otto, motor opera com menos partes móveis, o que faz que ele seja mais leve e tenha menor atrito. O motor é composto de uma estrutura que se assemelha a um cilindro oval. Dentro desse cilindro, é inserido um rotor, que apresenta a forma de triângulo. O 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/26 motor não tem válvulas de admissão nem de escape. Ele é conectado a um eixo, que o faz girar de forma excêntrica dentro do cilindro oval, o que seria equivalente a árvore de manivelas e pistão do motor Otto. Dessa forma, o rotor triangular tem, em suas arestas, palhetas móveis que se movimentam, abrindo e fechando conforme o movimento do rotor, vedando-o em três câmaras distintas, o que, em conjunto com o cilindro oval, permite fazer três tempos diferentes do ciclo de quatro tempos, simultaneamente. O movimento circular realizado pelo rotor gera o aumento do volume em uma das câmaras, o que reduz a pressão e permite a entrada de ar e combustível. Vedado por duas arestas, ao se movimentar circularmente, inicia a compressão até chegar ao tempo de explosão. Embora de maior potência que o motor de ciclo Otto de pistões alternativos convencional, o motor Wankel tem dificuldades geométricas durante a combustão, o que faz com que tenha baixo torque e uma eficiência mecânica mais baixa. O desgaste de suas palhetas também é outro fator que reduz a eficiência volumétrica. Os gases expandidos giram o rotor até que encontram o orifício de escape e são descartados. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/26 Créditos: Jurgis Mankauskas/Shutterstock. Créditos: Moslot/Shutterstock. 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/26 Créditos: Roman Belogorodov/Shutterstock. FINALIZANDO Os tempos de funcionamento do motor devem sempre estar em acordo com o ciclo termodinâmico. Todo formato de construção do motor deve obedecer a tais características. Dessa forma, os motores de quatro tempos Diesel e Otto apresentam suas diferenças, porém com componentes construtivos muito próximos e com tempos muito similares, apenas alterando a condição da injeção do diesel, que irá se inflamar por alta temperatura. No motor Otto, a inflamação ocorrerá através de uma faísca. Tais diferenças ocasionam importante mudança no comportamento, de forma que o motor Otto apresenta mais rotação (com maior potência do que torque), e o motor Diesel maior torque (comparativamente à potência). 21/04/2021 UNINTER - MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/26 De menor emissões, os motores de quatro tempos atuais apresentam melhor rendimento que os motores de dois tempos. Motores de dois tempos Otto são utilizados em algumas competições, principalmente de motor, por seu baixo peso e relativa aceleração mais rápida. Já os motores Diesel de dois tempos são empregados em maquinários fora de estrada, blindados e locomotivas. Por fim, o motor Wankel, embora muito interessante, apresenta dificuldades: desgaste das palhetas de vedação, baixo torque e nível de emissões mais elevado em comparação ao motor de cilindros alternativos. Portanto, mesmo com mais de 140 anos, os motores ciclo Otto e Diesel ainda desempenham satisfatoriamente sua função. Desde que adequadamente manutenidos, são muito interessantes do ponto de vista de emissões e de eficiência no contexto geral de sua aplicação.
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