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RESENHA FILMOGRÁFICA: A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB - campus xv
Curso de bacharelado em direito
Amanda Passos
7
RESENHA FILMOGRÁFICA: A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO
Valença/BA
Dezembro 2015
Amanda passos
RESENHA FILMOGRÁFICA: A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO
Trabalho apresentando como avaliação parcial da Disciplina de Direito do Trabalho II do curso de bacharelado em Direito da Universidade do Estado da Bahia sob a orientação do professor Felipe Estrela.
Valença/BA
Dezembro 2015
RESENHA FILMOGRÁFICA: A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO
Produção: Itália Ano: 1971 Diretor: Elio Petri
O Filme A classe operária vai ao Paraíso tem como cenário a Itália da década de 1970, e restringe sua análise a forma de produção exercida pelos trabalhadores nas fábricas de peças, e as consequências desse trabalho mecanizado e desumano. Para tecer tal discussão o enredo se passa em face da história do personagem principal Ludovico Massa, apelidado de Lulu e chamado pelos seus companheiros de trabalho de Massa. Propõe-se uma análise da sua vida como operário e os reflexos dos movimentos repetitivos a ponto de ser considerado uma máquina, um escravo do sistema.
A modalidade de aferição do salário percebida pelos operários no sistema de produção em questão, é a por unidade de tarefa, nos dizeres de Luciano Martinez: “Em substância, trata-se de uma retribuição estipulada por unidade tempo qualificada pela obrigatoriedade de o trabalhador efetuar determinada produção mínima”[footnoteRef:1]. Ou seja, eles percebem um salário-base, desde que efetuem a produção mínima, podendo acrescer seus salários, ao ultrapassarem a meta de produção. [1: MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p.449.] 
No primeiro momento é possível perceber que Lulu é um trabalhador alienado que abdica da sua vida pessoal para aumentar a produção e por conseguinte, seu salário. Já teve inúmeros problemas de saúde, em decorrência das suas atividades laborais em situação degradante, mas mesmo assim se orgulha em ser o trabalhador que mais produz por tarefa na fábrica, e alega que o segredo para tal façanha é a concentração.
Por produzir muitas peças em pouco tempo, Lulu é considerado um padrão pelos engenheiros da fábrica e auxilia os fiscais na contagem de produção dos operários. A política de metas é muito rígida, o filme mostra a todo tempo a figura de supervisores que exigem constantemente, e de forma descabida aos operários ignorarem suas necessidades fisiológicas para que possam produzir mais. 
A alienação do personagem principal fica clara, quando ao auxiliar em uma fiscalização, o mesmo ensina ao seu colega a retirar a peça da máquina ainda em movimento para economizar tempo, alegando que o medo prejudica o trabalho e que para ele os riscos que corre é indiferente. Ele vive em função de ultrapassar a meta de produção para ganhar mais por peça, em decorrência disso, sua vida pessoal, ao lado de sua esposa e enteado passa a ser sem significado. 
Tratado como uma máquina se sente na obrigação de corresponder as imposições dos detentores dos meios de produção. Desprovido de consciência de classe é oprimido pelo capitalismo. Em meio a tanta frustação, ignora a existência de mecanismos de luta contra o sistema que o reprime e acredita que a única coisa que lhe resta é vender sua força de trabalho.
O posicionamento de Lulu diante das exigências e exploração da força de trabalho dos operários, incomoda a todos os que trabalham com ele. Em uma situação de insatisfação dos trabalhadores que se irritam com o chefe, por mudar o rendimento sem negociar maiores preços com os operários, Lulu pede que eles voltem ao trabalho, sendo chamado de “puxa saco” e rechaçado por todos. Este alega que não inventou o sistema, deixando claro que encontra-se resignado.
Todo esse cenário muda, no segundo momento do filme. Lulu inconformado com as provocações dos companheiros vai exercer suas funções na máquina muito irritado e sem a devida concentração acaba por sofrer um acidente e perder o dedo. Com a mão ensanguentada, se desespera, fala que não aconteceu nada, e foi só um arranhão. Os operários enquanto o ajudam, gritam por uma assembleia para mudar as condições de trabalho.
Nesse momento fica nítida a distinção de dois grupos de operários. O primeiro grupo é composto por estudantes, eles panfletam na porta fábrica e gritam em megafones, defendendo ideais revolucionários, não pretendem negociar com os patrões, querem abolir o sistema que escraviza e aprisiona o trabalhador, defendem o “tudo hoje e não amanhã”. O outro grupo, possui ideais menos extremistas, composto pela união de três sindicatos, defendem a unidade sindical e a melhoria das condições de trabalho, com o aumento proporcional do salário de acordo com a meta de produção das peças. 
Na assembleia proposta para decidir como os operários vão lutar, há uma divisão na votação, uns são a favor da abolição imediata do sistema, propondo uma greve geral e o sindicato e seus signatários defendem uma ação articulada que leve a negociação através de delegados de linha, apoiando a paralisação das atividades de 2 horas por dia. Lulu discursa a favor das ideias dos estudantes, para ele os trabalhadores são tratados como maquinas, trabalhavam por tarefa de acordo com a política dos sindicatos e propõe que pare tudo. Ignora, por completo, o alerta do representante sindical de que a ruptura da unidade sindical conquistada com tanto esforço é fazer o jogo da direita.
No dia seguinte, há um momento de tensão na porta da fábrica, o grupo de estudantes querem impedir todos de entrar, até os dirigentes, Lulu afirma que: “A fábrica funciona se nós estivermos lá dentro. Mas se nós ficamos aqui fora, os dirigentes vão fazer o que, lá dentro?”. O grupo dos sindicatos defende que não é um momento de choque e sim de conquistas, por meio de negociações, chamando a todos para que formem piquete[footnoteRef:2] (forma de disciplina e organização da classe), e sigam com o decidido pela assembleia de duas horas de greve por dia. [2: Nos dizeres de Martinez é o “Posicionamento na porta, para com palavras, convencer os indecisos à adesão” MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p.901.] 
A situação ficou fora de controle e na tentativa de impedir a entrada dos dirigentes na fábrica, o grupo de estudantes utilizou de força física e depreciou o patrimônio dos mesmos. Acabaram sendo reprimidos pela polícia e o movimento teve por fim uma pancadaria desmedida.
Percebe-se que o uso de meios não pacíficos, deslegitimou o movimento grevista, que tem como propósito o prejuízo do empregador por meio da paralisação e a solução dos problemas com diálogo, sem danificar ou ameaçar à propriedade e à pessoa. No Brasil este entendimento é regulamentado na Lei n. 7783/89 que dispõe em seu artigo 6º, parágrafo terceiro: “as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa”. 
A greve é uma paralisação coletiva de trabalho que precisa de um comando, e tem em seu conceito o pressuposto de uma decisão advinda de atos racionais, que de forma organizada estabelece uma pauta de reivindicações. O desrespeito a democracia existente na assembleia, culminou em uma desordem e no fracasso da paralisação.[footnoteRef:3] [3: PINTO, José Augusto Rodrigues. Tratado de direito material do trabalho São Paulo: LTr, 2007, p. 887.] 
A formação de um agrupamento organizado é uma condição de suma importância para a defesa dos interesses coletivos. Professor Mancuso ressaltaque “sem o mínimo de organização, os interesses não podem se coletivizar, não podem se aglutinar de forma coesa e eficaz no seio de um grupo determinado”[footnoteRef:4]. Percebe-se desta forma, que a divisão dos operários em grupos distintos, enfraqueceu a luta e retardou a conquista dos direitos. [4: MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 62.] 
Os dois grupos possuíam os mesmos objetivos, mas propunham que os alcançassem de forma diferente. A acusação dos estudantes de que o sindicato seria pelego, por propor uma negociação de maneira gradual com os chefes é infundada, isso ficou claro, no final do filme quando eles conseguiram a readmissão de Massa que após participar do movimento grevista foi demitido e ao adquirir melhores ganhos. 
Desta forma, fica evidente a inclinação pelo posicionamento do grupo de sindicatos que além de preferir a utilização de meios democráticos (respeito a assembleia) e pacíficos (como por exemplo, a formação de piquete), defendia um modelo de unidade sindical, que demonstra a materialização da ampla liberdade dos sindicatos de se agruparem ou agirem de forma fracionada.
A preferência pelo agrupamento dos sindicatos na defesa da unidade, revela uma maturidade e fortalecimento da luta de classes, que só é possível acontecer em um modelo de pluralidade que não impõe nenhuma regulamentação as entidades sindicais. Em contraponto a esse modelo, o Brasil segue a unicidade sindical insculpida no art. 8º da Constituição Federal que veda a criação de mais de uma entidade sindical na mesma base territorial, área estabelecida pelos trabalhadores, contanto que respeito o limite mínimo de um Município. O modelo brasileiro relativiza a liberdade sindical e acaba por provocar uma pulverização que enfraquece a representação dos trabalhadores.
O filme demonstra, portanto, que o extremismo revolucionário que Lulu apoiou em um momento de desespero, fez escolhas que enfraqueceram a luta de classes e como a sua esposa afirmou em determinado momento, é um comunismo que vai de encontro com a liberdade do indivíduo. Esse desrespeito ao indivíduo ficou claro, quando ao procurar ajuda no grupo de estudantes, após ser demitido, o líder afirmou, diante das dificuldades relatadas por Lulu, que não podia tratar de problemas pessoais, apenas coletivos. Após lutar com tanto afinco na defesa dos ideais daquele grupo, o protagonista foi abandonado e se isolou, voltando a ver sentido na vida, apenas quando foi readmitido. Conquista proveniente da luta dos sindicatos organizados sob um modelo de unidade sindical, que por respeitar a democracia e ser pacifico, demostrou-se mais eficiente e satisfatório.

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