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NOEMI ANDRADE 1 GASTRITE A gastrite pode ser definida como a presença de inflamação da mucosa gástrica, de forma aguda ou crônica, acompanhada de lesão epitelial e regeneração da mucosa. Essa inflamação desenvolve-se como uma resposta do organismo quando ocorre uma agressão à sua integridade. Hoje classificamos as gastrites e gastropatias baseando-se em: tempo de instalação (aguda ou crônica), histopatologia (gastrite superficial ou gastrite atrófica ou gastropatia) e etiologia (ex. gastrite por H. pylori). • Aguda • Crônica • Autoimune • Formas raras: Eosiofílica, Linfocítica e Granulomatosa GASTRITE AGUDA É uma inflamação aguda na mucosa gástrica de caráter transitório. Geralmente ocorre de forma súbita e acentuada no revestimento do estômago em casos onde são facilmente associados a um agente causador como medicamentos, infecções (como H. pylori) e estresse psíquico. Alimentação também pode influenciar muito nesse caso, quando há contaminação em casos mais extremos ou associada a uma dieta rica em refeições muito gordurosas, condimentadas ou industrializadas. Quando o paciente tem uma inflamação aguda por um agente chamado H. pylori temos algumas repercussões como uma pangastrite aguda superficial, que pode ser totalmente assintomática ou se apresentar com dispepsia (dor epigástrica, náuseas e vômitos). Predomina lesões na região do antro, onde estão as células principais. Manifestações clinicas: Pacientes sentem dor epigástrica, náuseas, vômitos com edema, hiperemia da musoca, processo inflamatório com neutrófilos infiltrando a foveola gástrica. GASTRITE CRÔNICA Na gastrite crônica, a preocupação é maior por se tratar de um processo inflamatório contínuo. Os sintomas são prolongados e se não for tratada, a gastrite crônica pode durar anos ou a vida toda. A maioria dos casos é consequência de infeção por uma bactéria chamada Helicobacter pylori (H. pylori). NOEMI ANDRADE 2 É a manifestação mais comum da gastrite, é a gastrite crônica induzida por Helicobacter pylori. A H. pylori é uma bactéria espiralada e gram negativa, que possui boa adaptação ao ambiente gástrico, colonizando o muco de revestimento do estômago. Ela é considerada um carcinógeno do tipo I. A lesão do epitélio pode ocorrer diretamente, através da liberação de enzimas e toxinas, ou por meio da indução de resposta inflamatória do hospedeiro. Além disso o abuso de álcool, tabaco, uso crônico de AINES pode levar a gastrite crônica e evoluir para uma úlcera peptídica. Sabe por que o uso crônico de AINES pode resulta em lesão gástrica? É preciso lembrar que os AINES possuem a ação de inibir a COX 1 e 2. No entanto, a COX1 está relacionada com a produção de prostaglandinas que exercem efeitos fisiológicos como como proteção gástrica, agregação plaquetária, homeostase vascular e manutenção do fluxo sanguíneo renal. Então sem a presença de COX1 não haverá a proteção gástrica para o Hcl, resultando em uma gastrite que se não cuidada, uma ulcera peptídica. Manifestações clinicas: Em geral, a gastrite é descrita como assintomática e silenciosa. Entretanto, podem surgir alguns sintomas inespecíficos, como dor em epigástrio que pode irradiar para tórax ou outras regiões abdominais, pirose, náuseas e vômitos. Dessa forma, o maior significado clínico da gastrite crônica por H. pylori é o risco de aparecimento de úlcera péptica e carcinoma gástrico. GASTRITE AUTOIMUNE Envolve predominantemente a mucosa do corpo e fundo gástricos, poupando o antro. É frequente a associação com outras doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto e a doença de Graves. Autoanticorpos podem estar presentes: anticélula parietal (o mais frequente) e antifator intrínseco (o mais específico). A falta do fator intrínseco leva à anemia megaloblástica por carência de B12. OBS: Esta gastrite é um importante fator de risco para o adenocarcinoma gástrico! FORMAS RARAS GASTRITE EOSINOFÍLICA NOEMI ANDRADE 3 Tanto a mucosa gastrointestinal quanto a camada muscular subjacente podem ser invadidas por eosinófilos, numa síndrome idiopática que envolve, entre outros, eosinofilia periférica. A motilidade antral está prejudicada, podendo determinar retenção gástrica, e os pacientes podem se apresentar com náuseas, vômitos e dor abdominal. Raramente, o envolvimento eosinofílico da serosa determina ascite. Normalmente, este tipo de gastrite faz parte de uma entidade mais ampla chamada de “gastroenterite eosinofílica”, cujo tratamento baseia-se na corticoterapia e, eventualmente, na reconstrução cirúrgica de um piloro persistentemente obstruído. São encontrados densos infiltrados eosinofílicos nas camadas mucosa e muscular, na região antral pilórica. Causas: Reações alérgica alimentares (ex: leite), infecções por H.pylori, esclerose sistêmica. GASTRITE LINFOCÍTICA É uma condição de causa desconhecida, caracterizada por intensa infiltração linfocítica da mucosa gástrica. A Endoscopia digestiva alta (EDA) revela uma mucosa espessada, com pequenos nódulos com depressão central, numa aparência que faz com que esta forma de gastrite seja conhecida como “gastrite varioliforme”. Os pacientes geralmente são assintomáticos, mas podem se apresentar com dispepsia e perda de peso. peso. Pode haver associação com doença celíaca. Achados são o aumento acentuado de linfócito intraepitelial sendo que 40% dos casos é relacionado à doença celíaca, afeta todo o estômago e na endoscopia é possível visualizar criptas espessas cobertas por pequenos nódulos com ulceração central. GASTRITE GRANULOMATOSA Os granulomas da mucosa gástrica podem ocorrer de forma idiopática ou associados a doenças generalizadas, como a sarcoidose, a doença de Crohn (50 a 60% dos casos) e as infecções, particularmente por micobactérias (tuberculose e histoplasmose). Os pacientes são muitas vezes submetidos à cirurgia, devido à dificuldade de diferenciação desta entidade com as doenças neoplásicas. DIAGNOSTICO Uma boa anamnese e exame físico são importantes no diagnóstico de gastrites, bem como o exame histológico da mucosa, que é mandatório, nesse caso. Assim, é importante a realização de endoscopia com biópsia para a diferenciação de outras afecções gástricas. Além disso, pode ser realizado teste para presença de Helicobacter pylori com anticorpos no soro, teste de antígeno nas fezes e teste respiratório com ureia marcada com carbono-13. ESOFAGITE A esofagite eosinofílica (EE) é uma doença inflamatória crônica do esófago, de caráter emergente, mediada imunologicamente e caracterizada por sintomas relacionados com disfunção esofágica e infiltração da mucosa esofágica por eosinófilos. A doença acomete todas as faixas etárias, com pico de prevalência entre 35 e 39 anos. História familiar, especialmente em indivíduos do sexo masculino, aumenta em 80 vezes o risco de os irmãos serem acometidos. NOEMI ANDRADE 4 É identificada em 12% a 23% dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta em virtude de disfagia, e em 50% daqueles com queixa de bolo alimentar estagnado. Vários estudos têm demonstrado que a EE pode ser causada por múltiplos alérgenos alimentares, através de um mecanismo imunológico de hipersensibilidade mista, mediado por IgE (hipersensibilidade tipo I) e por células (hipersensibilidade tipo IV ou tardia), sobretudo os linfócitos T. Causas: As causas mais comuns da esofagite estão associadas ao retorno ou permanência do conteúdo estomacal no esôfago, cuja mucosa não está preparada para receber substância tão irritante. Entre elas destacam- se: • Hérnia de hiato – provocada pelo deslocamento da parte superior do estômago do abdômen para o tórax, através do hiato, isto é, de uma abertura no diafragma por onde passa o esôfago; • Incontinência do esfíncter (anel) inferior do esôfago – falha no funcionamento da válvula cárdia localizada entre o esôfago(que tem pressão negativa) e o estômago (com pressão positiva). Essa válvula deveria abrir-se para a passagem dos alimentos e fechar-se logo depois para impedir a entrada do conteúdo estomacal no esôfago; • Defeito no clareamento do esôfago – alteração no mecanismo de limpeza que o esôfago faz em si mesmo por meio dos movimentos peristálticos (ondas rítmicas de contrações musculares que empurram o bolo alimentar). Como resultado, a secreção ácida e os alimentos permanecem mais tempo no esôfago e agridem sua mucosa. MANIFESTAÇÃO CLINICA Os sintomas da esofagite são semelhantes aos do refluxo gastroesofágico, embora possam ser mais intensos. O mais característico é a azia ou queimação (pirose), que começa na altura do estômago e pode atingir a garganta. Outro sintoma importante é a dor no peito tão intensa que chega a ser confundida com a dor da angina e do infarto do miocárdio. Além desses dois, portadores de esofagite podem apresentar as seguintes queixas: regurgitação, gosto amargo na boca, mau hálito, rouquidão, dor de garganta e tosse. DIAGNÓSTICO • A biópsia do esôfago é diagnóstica, mostrando mais de 15 eosinófilos por campo de grande aumento. • Testes cutâneos para pesquisa de alergia devem ser realizados, buscando a identificação do alérgeno agressor. • Eosinofilia e aumento de IgE no sangue podem ser encontrados em metade dos casos, sendo mais comum em crianças. ÚLCERAS PÉPTICA A dor epigástrica em queimação que é exacerbada por jejum e que melhora com as refeições é um complexo de sintomas associado à doença ulcerosa péptica (DUP). Uma úlcera é definida como a ruptura da integridade da mucosa do estômago e/ou do duodeno, que resulta em defeito local ou uma escavação em razão de inflamação ativa. As úlceras ocorrem dentro do estômago e/ou do duodeno e, com frequência, são de natureza crônica. NOEMI ANDRADE 5 As úlceras podem ser devido a gastrite não tratáveis, levando a um ambiente muito ácido e consequentemente com pouca mucosa gástrica, o que leva a ocorrência da úlcera. Os ácidos estomacais, especialmente o clorídrico, são muito fortes. Num estômago normal e saudável, sua ação restringe-se somente aos alimentos, mas, em determinadas situações, eles podem atacar o revestimento do trato digestivo e provocar o aparecimento de uma úlcera que destrói a parede estomacal e do duodeno. Manifestações clinicas • Sensação de dor e/ou queimação na área entre o esterno e o umbigo que se manifesta especialmente com o estômago vazio, pois a ausência de alimentos para digerir permite que os ácidos irritem a ferida; • Dor que desperta o paciente à noite e tende a desaparecer com a ingestão de alimentos ou antiácidos; • Dor característica da úlcera do duodeno que desaparece com a alimentação reaparecendo depois (ritmo dói-come-passa-dói-come-passa-dói); • Vômitos com sinais de sangue; • Fezes escurecidas ou avermelhadas que indicam a presença de sangue. DIAGNOSTICO O principal exame para diagnosticar úlceras é a endoscopia, exame realizado sob sedação que permite visualizar diretamente o esôfago, o estômago e o duodeno. Raios X e análise dos ácidos gástricos são métodos úteis em certos casos, mas pouco empregados atualmente.
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