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Peça 5_Sessão 1 Penal certo

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO, DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE EXTREMA - MG.
Nono Ninho, brasileiro, solteiro, vendedor, inscrito no CPF sob o nº ....., e no RG nº. ..........., domiciliado e residente à rua na Rua.... nº .... Bairro ...., Vargem São Paulo, CEP ..... , e-mail ......., neste ato representado por seu advogado... (procuração anexa), com endereço profissional na Rua..., Bairro...., na cidade de ....., Estado .... vem, respeitosamente à presença deste Douto Juízo, apresentar seu MEMORIAIS, com fulcro no artigo 403, § 3º e art. 404 § único do Código de Processo Penal, pelos fatos a seguir expostos.
I - DOS FATOS
Superada mais uma irregularidade processual, qual seja a incompetência daquele magistrado da Comarca de Vargem/SP para julgar a Ação Penal intentada em desfavor de Nono Ninho, os autos foram reencaminhados ao magistrado responsável pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Extrema/MG, o qual ratificou os atos processuais anteriores e acabou por receber a denúncia apresentada pelo representante do Ministério Público estadual. 
Nono Ninho, nascido em 1º de janeiro de 2000, foi acusado de ter cometido o crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo na data de 5 de janeiro de 2020.
No qual foi apresentado resposta à acusação, com a defesa em tempo e modo, tendo o magistrado agendado Audiência de Instrução e Julgamento para o dia 19 de março de 2020.
 Durante a audiência, Nono Ninho foi ouvido, as testemunhas de acusação e defesa foram inquiridas e o réu foi interrogado, não tendo havido qualquer intercorrência. Importante salientar que o ofendido informou não conseguir identificar o réu, tendo em vista ter ficado nervoso no momento do crime, mas que reconhece as roupas utilizadas por NONO no momento de sua prisão como aquelas vestidas por seu algoz no dia do crime, assim como reconhece o relógio. 
Uma das testemunhas disse ter avistado NONO na cidade de Extrema, horas depois do acontecimento do crime, não se recordando das vestimentas utilizadas pelo réu no dia. A filmagem trazida pelo representante do Ministério Público mostra a ocorrência do crime à mão armada, mas, em momento algum, a câmera conseguiu filmar a face do delinquente, somente suas costas, não sendo possível aferir qualquer característica física do delinquente. 
As demais testemunhas nada trouxeram de novo, tendo Nono Ninho negado a prática do crime, quando de seu interrogatório. Ao término da AIJ, o representante do Ministério Público se manifestou em ata da audiência, requerendo o aditamento da inicial acusatória, com a simples finalidade de alterar a capitulação do crime imputado a NONO NINHO.
Posteriormente à Audiência de Instrução e Julgamento, foi aberto o prazo para manifestação do MP, o qual requereu a condenação de NONO NINHO como incurso no § 2º-B do art. 157 do Código Penal, tendo alegado, para tanto, que o crime fora praticado com o emprego de arma de fogo de uso restrito (arma calibre 222 Remington, com energia de 1.717,63 Joules, classificada no Anexo B da Portaria nº 1.222/19 como de uso restrito), devendo a reprimenda aplicada ser dobrada, quando da terceira fase da dosimetria da pena, pois à época dos fatos a Lei nº 13.964/19 já havia sido publicada. 
Ainda, requereu a condenação de NONO em razão da existência de provas que demonstram cabalmente ter sido ele o autor do crime, pois foi encontrado na posse de bem idêntico ao subtraído da vítima e visto no dia dos fatos na cidade de Extrema/MG.
Não obstante ao manifesto conhecimento jurídico de seu assinante, esta opinião não deve preponderar, pelas razões pontuadas a seguir.
II – DO DIREITO
A) PRELIMINARMENTE
Ensejo a absolvição por falta de provas de Nono Ninho, devido não existir nos autos testemunhas presenciais do fato que tenham identificado Nono Ninho. As filmagens também não foram capazes de identificá-lo, assim como o próprio ofendido não foi capaz de fazê-lo em Audiência de Instrução e Julgamento.
Importante salientar que o ofendido informou não conseguir identificar o réu, tendo em vista ter ficado nervoso no momento do crime, mas que reconhece as roupas utilizadas por ele no momento de sua prisão como aquelas vestidas por seu algoz no dia do crime, como também reconhece o relógio apreendido com Nono Ninho como idêntico àquele que lhe fora subtraído. 
Uma das testemunhas disse ter avistado Nono na cidade de Extrema, horas depois do acontecimento do crime, não se recordando das vestimentas utilizadas pelo réu no dia. 
A filmagem trazida pelo representante do Ministério Público mostra a ocorrência do crime, mas, em momento algum, a câmera conseguiu filmar a face do delinquente, somente suas costas, não sendo possível aferir qualquer característica física dele. 
As demais testemunhas nada trouxeram de novo, tendo o réu negado a prática do crime, quando de seu interrogatório. Nesse sentido, em razão da completa ausência de provas, requere -se a absolvição de Nono, tendo como fundamentação legal o inciso LVII do art. 5º e o inciso VII do art. 386 do CPP, que deixa claro caber ao magistrado absolver o réu se não existir prova suficiente para a condenação.
B) DO MÉRITO
Caso Vossa Excelência não acolha as preliminares argüidas, solicita – se o exame da matéria de mérito, aqui revelada.
·         ausência de provas para a condenação de Nono Ninho, tendo em vista o Ministério Público não ter desincumbido de seu ônus de provar os fatos narrados na inicial acusatória, o que possui previsão legal no art. 156 do CPP.
 Tal requerimento absolutório deve se dar em virtude da existência de norma constitucional que trata do princípio da presunção de inocência (inciso LVII do art. 5º da Constituição), bem como nos termos do inciso VII do art. 386 do CPP que é não existir prova suficiente para a condenação.
C) SUBSIDIARIAMENTE
Na distante possibilidade de Vossa Excelência rejeitar o pedido formulado no mérito, requer-se a apreciação das seguintes subsidiárias 
·         A incorreta capitulação apresentada pelo Ministério Público na inicial acusatória, aditada ao final da audiência de instrução e julgamento. Sobre a questão, observa-se que a Lei nº 13.964/19 foi publicada no Diário Oficial da União em 24 de dezembro de 2019, tendo como período de vacatio legis o prazo de 30 dias. Assim, a norma entrou em vigor no dia 23 de janeiro de 2020, e o crime imputado a NONO fora praticado em 5 de janeiro de 2020, ou seja, antes da entrada em vigor da norma. Nesse caso, como demonstrado, deve-se aplicar o art. 2º do Código Penal, em razão de se tratar de norma penal pura.
Portanto, por ser norma penal menos benéfica ao réu, não há que se falar na sua retroatividade, que entrou em vigor em momento posterior ao cometimento do crime imputado. A norma somente retroagirá para beneficiar o réu, salvo se diante de norma penal temporária, conforme art. 3º do CP, o que não é o caso da questão. 
Assim, observa-se que a arma apreendida com NONO, nos termos da legislação mencionada, foi uma 222 Remington, com energia de 1.717,63 Joules, classificada no Anexo B da Portaria nº 1.222/19 como de uso restrito, a qual, se utilizada para a prática do crime em data posterior a 23 de janeiro de 2020, faria incidir a majorante prevista no § 2º-B do art. 157 do Código Penal, aumentando a pena em seu dobro.
Como o crime fora praticado em momento anterior à entrada em vigor da norma, não há que se falar em retroatividade da norma mais benéfica, devendo ser aplicada aquela outra vigente à época da consumação do crime, qual seja o § 2º-A do art. 157 do CP, que prevê aumento de 2/3.
No que se refere à dosimetria da pena, requer a:
·       
- Aplicação do inciso I do art. 65 da primeira parte do Código Penal, o qual menciona ser circunstância que sempre atenua a pena “ser o agente menor de 21 anos na época do fato”.
III – DO PEDIDO
Perante tudo o que foi demonstrado, requer-se:
a) Preliminarmente a absolvição de NONO por falta de provas, nos termos do inciso LVII do art. 5º da Constituição e do inciso VII do art. 386 do CPP.
b) Se este não foro entendimento de Vossa Excelência, requer-se consoante o artigo 386, do Código de Processo Penal.
c) Caso Vossa Excelência entenda por bem não atender o que foi pleiteado no mérito, requer-se secundariamente , em caso de condenação, a recapitulação do tipo imputado, para aquele previsto no § 2º-A do art. 157 do CP. Entendendo pela condenação, requerer a aplicação da atenuante prevista no inciso I do art. 65 da primeira parte do Código Penal.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ____ data____
Nome do Advogado_____
Número de OAB_____

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