Buscar

o_meio_ambiente_e_a_humanidade_unidade_5e6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O Meio Ambiente e a
 Humanidade
Claudia de Alcantara Peres
1ª Edição |Setembro| 2013
Impressão em São Paulo/SP
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
O Meio Ambiente e 
a Humanidade
Coordenação Geral 
Nelson Boni
Professor Responsável
Claudia de Alcantara Peres
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Revisão Ortográfica
Vanessa Almeida
Projeto Gráfico, Dia-
gramação e Capa
Ana Flávia Marcheti
1º Edição: Setembro de 2013
Impressão em São Paulo/SP
P437d Peres, Claudia de Alcantara.
 O meio ambiente e a humanidade. / Claudia de Alcantara 
 Know How, 2013.
 116 p. : 21 cm.
	 	 Inclui	bibliografia
 ISBN : 
 1. O meio ambiente. 2. Humanidade. 3. Educação
																ambiental.	5.	Conflito	socioambiental.		I.	Título.	
CDD 344.046
3
APRESENTAÇÃO
Neste livro, abordaremos temas importantes 
para o estudo e compreensão do Direito Ambiental. 
Partindo da conceituação, analisaremos a evolução 
da relação homem/meio ambiente e os aspectos 
harmônicos	e	conflituosos	que	têm	origem	nesta	re-
lação. Avançaremos aos dias atuais, trataremos da le-
gislação	específica	e	sua	aplicação	a	casos	concretos	
especialmente	trazidos	a	este	trabalho	como	referên-
cia	da	orientação	da	jurisprudência	mais	recente.
Não obstante a relação homem/meio ambiente 
remonte a tempos imemoriais, a legislação ambien-
tal brasileira e a chegada desta matéria à discussão 
nos	Tribunais	 Superiores	 são	 fatores	 relativamente	
recentes	e	que,	tanto	mais	por	isso,	merecem	análise	
criteriosa e detalhada.
Esperamos	que	ao	final	deste	curso	tenhamos	
despertado em cada um dos alunos o interesse ver-
dadeiro pelo meio ambiente e sua preservação, e for-
necido alguns instrumentos para a sua defesa, dentro 
e	fora	dos	Tribunais.
Sumário
Capítulo 5 - Construção social do espaço.
Capítulo 6 -	 -	Conflitos	socioambientais	
e diversidade de práticas culturais, manejo am-
biental e construções da realidade social.
6.1- Diversidade de práticas culturais, manejo 
ambiental e construções da realidade social.
Gabarito
Referências
.7
.19
.33
.47
.55
CONSTRUÇÃO SOCIAL 
DO ESPAÇO
5.
Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si 
carrega o dom de ser capaz, e ser feliz.
Conhecer as manhas e as manhãs o sabor das massas e 
das maçãs, é preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz 
pra	poder	sorrir,	é	preciso	chuva	para	florir.50
Toda	forma	de	vida	acontece,	se	desenvolve	e	
evolui inserida em limites espaciais. 
Espaço e tempo são fatores determinantes na 
evolução das espécies, e os primeiros conceitos abs-
tratos	apreendidos	pelo	homem.	Tudo	o	que	existe	
ou acontece situa-se em tempo e espaço determina-
dos,	sem	identificar	esses	parâmetros	não	é	possível	
a	compreensão	de	qualquer	acontecimento	pela	ra-
zão humana.
Mesmo	no	momento	atual,	em	que	se	vivencia	
50	parte	da	letra	de”	Tocando	em	Frente’,	música	de	autoria	de	Almir	
Sater	e	Renato	Teixeira
8
a	rápida	e	eficaz	troca	de	informações,	a	transferên-
cia	 em	 tempo	 real	de	dados	e	 tecnologias,	questões	
ligadas a humanização do espaço precisam ser consi-
deradas para a compreensão da relação homem/meio 
ambiente em seus aspectos cultural, social e econômi-
co,	específicos	e	diferenciados,	caso	a	caso.
A forma como o espaço é ocupado, os valores 
e	 as	 experiências	 ali	 vivenciados	pelo	grupo	que	o	
habita	é	o	que	o	torna	um	“lugar”	ou	um	território,	
um	espaço	humanizado	e	identificado,	caracterizado	
de	maneira	íntima	pela	evolução	da	relação	homem/
meio ali estabelecida. Assim, importa resgatar a his-
tória da ocupação de determinado lugar para com-
preendê-lo	em	seu	momento	atual.
A construção social do espaço acontece a partir 
da	experiência	e	percepção	da	comunidade	instalada	
de modo estável; a identidade do grupo tem um de 
seus alicerces na identidade com lugar51 ou território 
que	por	ela	ocupado.
A	geografia	vincula	espaço	e	 tempo	às	condi-
ções	históricas,	 econômicas,	 culturais,	 sociais,	 polí-
ticas,	físicas	que	passam	por	mudanças,	adaptações	
e se transformam, interferindo de forma direta no 
desenvolvimento	de	determinado	local	e	no	que	en-
tendemos por identidade cultural.
Voltando	um	pouco	neste	 texto,	 tratamos	das	
51	assim	a	casa,	o	bairro,	a	cidade,	o	país.
9
mudanças provocadas no ambiente pela Revolução 
Industrial na Europa do século XVIII e o conse-
quente	crescimento	das	cidades	e	da	população	ur-
bana,	para	o	que	se	 tornou	necessário	 transformar	
as cidades em espaços funcionais e limpos, construir 
moradias, calçar ruas, providenciar o tratamento de 
água e esgotos. Voltando um pouco mais, se consi-
derarmos	o	início	da	evolução	humana,	poderemos	
perceber	como	a	fixação	do	homem	em	determina-
do	espaço	físico	influiu	de	maneira	decisiva	na	evo-
lução e perpetuação da espécie e como esta, em con-
trapartida,	influiu	de	maneira	decisiva	na	construção	
do espaço.
Como já dissemos outras vezes, a relação ho-
mem/meio	ambiente	é	íntima,	e	inafastável.
É fundamental considerar o espaço como o 
palco da evolução da espécie humana. As relações 
vivenciadas	 mantém	 o	 indivíduo	 seguro	 ou	 não,	
confortável	ou	não,	 e	é	 através	destas	experiências	
que	se	poderá	tornar	afetivamente	ligado	a	um	de-
terminado	lugar.	Esta	identificação,	assim	entendido	
o	processo	de	 construção	da	 significação,	 o	 levará	
a	 cuidar	 e	 preservar,	 ou	não,	 o	 espaço	que	ocupa.	
Se na Pré-História a preservação da espécie humana 
esteve	intimamente	ligada	com	sua	fixação	no	solo,	
para	o	homem	moderno	o	espaço	que	ocupa	é	fator	
de segurança e estabilidade emocional.
Podemos	 concluir	 que	 o	 “sentimento	 de	 per-
10
tencimento a um determinado lugar constrói uma 
introspecção	de	valores	que	condiciona	o	modo	de	
vida	dos	indivíduos”,	como	formulou	Milton	Almei-
da	dos	Santos,	em	sua	obra	“A	natureza	do	espaço:	
técnica e tempo, razão e emoção”52 .
Aqui,	tratamos	território,	ou	lugar,	como	o	espaço	
físico	delimitado,	ocupado	por	determinada	população	
que	se	identifica	e	interage	dentro	de	padrões	culturais,	
sociais,	econômicos	e	éticos	construídos	a	partir	desta	
convivência	cotidiana.	A	partir	da	análise	das	relações	
interpessoais mantidas, e destas com o meio, a distri-
buição do acesso e forma de destinação dos recursos, a 
cooperação	e	solução	de	conflitos,	o	conceito	de	terri-
tório	deve	ser	construído	e	compreendido.	
Assim, o lugar é produto das relações concretas 
entre homens e natureza e entre homens e grupos 
sociais,	em	um	panorama	que	se	pretende	estar	equi-
librado	por	vínculos	de	identidade	e	solidariedade.
Na	 atualidade,	o	 espaço	 físico	da	maioria	dos	
Estados	 está	 quase	 que	 totalmente	 dividido	 entre	
áreas rurais e urbanas, com restritas zonas de tran-
sição.	Questões	 ambientais	 prementes	 têm	 origem	
nesta apropriação do espaço, na intervenção do ho-
mem sobre a natureza para a urbanização frenética 
do	espaço.	Aqui,	propositadamente,	usamos	o	termo	
“apropriação”,	e	não	“humanização”	do	espaço.
52 4ª ed. Edusp, 2003
11
Em	grandes	centros	urbanos	quase	não	é	per-
ceptível	a	identificação	da	comunidade	com	o	lugar	
que	ocupa;	o	crescimento	desordenado	aumenta	dis-
tâncias	e	retira	do	indivíduo	a	possibilidade	de	criar	
vínculos	afetivos	com	a	cidade	em	que	mora.	As	po-
líticas	governamentais	que	num	passado	recente	im-
pulsionaram o movimento habitacional em direção à 
periferia	fizeram	do	trajeto	casa-trabalho	um	longo	
e cansativo percurso, percorrido com a utilização de 
meios de transporte poluentes (automóveis e ôni-
bus)	ou	construídos	ao	custo	de	grande	impacto	am-
biental	e	social	(trens	de	superfície	ou	subterrâneos).
Assim, o trabalhador comum sai de casa mui-
to cedo e retorna tarde da noite, não vivencia seu 
bairro	ou	sua	comunidade,	não	cria	os	vínculos	que	
o conduziriam a um comportamento de cuidado e 
zelo	com	o	ambiente	que	o	cerca,	enfim,	não	per-
cebe	a	cidade	como	o	“seu	 lugar”.	Não	se	verifica	
a efetiva construção social do espaço, teoricamente,considerado o espaço como base da vida cotidiana e 
da sociabilidade entre os membros da comunidade.
Além das áreas periféricas das grandes cidades, 
ocupação	de	áreas	que	deveriam	estar	sob	proteção	
e preservação ambiental, mananciais e encostas, por 
exemplo,	é	também	um	dos	tentáculos	desse	polvo	
chamado crescimento urbano desordenado.
Num primeiro momento, se instala na encosta 
um	pequeno	grupo	de	 famílias,	 que	 constrói	 barra-
12
cos	simples,	“puxam”	a	energia,	usam	rios	e	córregos	
como fonte de água. Em pouco tempo, estará instala-
da uma comunidade maior, serão observadas crianças 
brincando	despreocupadamente,	estarão	construídas	
casas	de	alvenaria	edificadas	sem	qualquer	qualidade	
técnica	e	com	uso	material	improvisado,	que,	talvez,	
venham	abaixo	no	período	de	chuvas,	aumentando	as	
estatísticas	dos	desastres	ambientais.
Antes	que	um	leitor	mais	atento	nos	questione,	é	
importante	informar	que	há,	e	não	são	poucas,	leis	e	
normas	que	regulamentam	a	ocupação	e	uso	do	solo,	
bem como o uso social da propriedade, estabelecem 
políticas	públicas	e	de	planejamento	urbano,	definem	
e penalizam a prática de crimes ambientais53. A sua 
aplicação,	controle	e	a	fiscalização	de	seu	cumprimen-
to são os pontos de fragilidade a serem considerados 
na	análise	da	realidade	fática;	papéis	que	cabem,	prio-
ritariamente, ao estado, como agente regulador das 
relações	sociais	e	titular	do	poder	de	polícia.
A	 título	de	 ilustração,	 em	março	de	2013,	 em	
Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janei-
ro,	morreram	33	(trinta	e	três)	pessoas	em	decorrên-
cia de deslizamento de terra causado por temporais. 
Serenada	 a	 chuva,	 a	 defesa	 civil	 do	município,	 em	
sobrevoo	da	área	atingida,	identificou	15	mil	famílias	
que	permaneciam	em	áreas	de	risco,	além	de	1064	
53	a	começar	pelo	Capítulo	VI	–	do	Meio	Ambiente,	da	Constituição	
Federal de 1988.
13
(um	mil	e	sessenta	e	quatro)	desalojados.	Se	conside-
rarmos	a	família	mediana	que	compõe	a	classe	traba-
lhadora brasileira, composta por 5 (cinco) pessoas, 
estamos falando de pelo menos 70.000 pessoas mo-
rando em condição de risco nas encostas do estado.
Em contrapartida, o mercado imobiliário bra-
sileiro investe cada vez mais intensamente na cons-
trução de conjuntos habitacionais de alto padrão, 
localizados	na	“periferia	 chique”,	bairros	 afastados	
dos	centros	urbanos	e	cidades	que	integram	regiões	
metropolitanas,	planejados	e	construídos	com	toda	
a infraestrutura cuidadosamente destinada ao bem-
-estar	de	famílias	ricas.	Nestes	“condomínios”	hori-
zontais, a construção de vias de acesso, ruas e praças, 
serviços	de	iluminação,	coleta	de	resíduos	sólidos	e	
segurança são custeados e controlados por iniciativa 
de administradores e proprietários dos imóveis. A 
usual	 existência	de	bloqueios,	barreiras	 e	controles	
de	acesso	torna	privado	o	que	seria,	em	tese	e	por	
definição	legal,	público.	Coisa	parecida	acontece	em	
diversas praias do litoral brasileiro.
Estamos tratando, vale frisar, de populações de 
cidades	 territorial,	 social	 e	 economicamente	próxi-
mas, localizadas no estado do Rio de Janeiro.
As cidades precisam crescer, o desenvolvimen-
to econômico produz geração de emprego e ren-
da, aumento da produção de alimentos e bens e do 
consumo,	 e	novas	demandas.	Fazê-lo	 com	vistas	 à	
14
melhoria	da	qualidade	de	vida	das	populações	é	fazê-
-lo de forma sustentável54.	O	planejamento	político	
e social precisa ser direcionado para estabelecer as 
prioridades	locais,	o	uso	adequado	do	solo,	a	preser-
vação de áreas verdes e margens de rios urbanos, a 
instalação	de	sistemas	de	infraestrutura	que	estimu-
lem	o	uso	de	meios	de	transporte	público	e	a	redução	
do	tempo	de	descolamentos,	a	eficiência	energética,	
a	coleta	seletiva	de	resíduos	sólidos,	a	valorização	da	
vida em comunidade.55
Neste cálculo estão considerados o tempo im-
produtivo despendido em deslocamentos, o gasto de 
combustíveis,	acidentes	entre	veículos	e	gasto	médi-
cos	com	vítimas,	gastos	com	saúde	pública.	
 Considerando um dia normal e sem inter-
corrências	 (engavetamentos	 ou	 acidentes	 graves,	
chuvas	 atípicas,	 desabamentos),	 a	malha	 viária	mal	
distribuída	e	sem	manutenção,	o	transporte	coletivo	
de	má	qualidade,	uso	excessivo	de	veículos	particu-
lares, envelhecimento da frota, falhas no sistema de 
coleta	de	resíduos	sólidos,	enchentes	e	alagamentos,	
são	agentes	suficientes	para	a	apuração	dessas	per-
das e velhos conhecidos dos moradores das capitais 
e grandes cidades brasileiras. 
Neste cálculo estão considerados o tempo im-
produtivo despendido em deslocamentos, o gasto de 
55 Revista Valor Setorial, novembro 2010; Valor Econômico S.A.
15
combustíveis,	acidentes	entre	veículos	e	gasto	médi-
cos	com	vítimas,	gastos	com	saúde	pública.	
Considerando um dia normal e sem intercor-
rências	(engavetamentos	ou	acidentes	graves,	chuvas	
atípicas,	 desabamentos),	 a	 malha	 viária	 mal	 distri-
buída	 e	 sem	manutenção,	 o	 transporte	 coletivo	de	
má	qualidade,	uso	excessivo	de	veículos	particulares,	
envelhecimento da frota, falhas no sistema de cole-
ta	de	resíduos	sólidos,	enchentes	e	alagamentos,	são	
agentes	 suficientes	 para	 a	 apuração	 dessas	 perdas	
e velhos conhecidos dos moradores das capitais e 
grandes cidades brasileiras. 
É preciso repensar as cidades, para restabelecer 
a	 intimidade	 e	o	vínculo	de	 afetividade/identidade	
entre	estas	e	seus	moradores,	as	autoridades	públicas	
e funcionários. Buscar restaurar a civilidade, consi-
derada	a	origem	semântica	do	termo,	como	objetivo	
de	políticas	públicas	é	uma	maneira	eficiente	de	con-
tribuição para a mudança de comportamentos em 
direção ao desenvolvimento sustentável das cidades.
16
ATIVIDADES
1. Que	definição	de	território	é	adotada	no	texto?
2. Em	que	medida	o	crescimento	urbano	de-
sordenado interfere no conceito de construção so-
cial	do	espaço?.
3. Que	medidas	políticas	podem	ser	adotadas	
como meio de estimular o desenvolvimento susten-
tável	das	cidades?
4. De	que	forma	os	congestionamentos	afe-
tam	a	economia	das	cidades?
5. Defina	civilidade.
CONFLITOS
SOCIOAMBIENTAIS
6.
Há mais de 400 milhões de anos, plantas vasculares 
fotossintetizadoras e multicelulares começaram a 
aderir às margens dos continentes. Logo esses orga-
nismos cobriram as costas rochosas, desaceleraram o 
fluxo	das	águas,	formaram	solos	e	avançaram	para	o	
interior.	 Formaram-se	 radículas	 absorventes	 de	 nu-
trientes,	estames	se	achataram	em	folículos	que	cap-
tavam	 a	 luz	 solar	 e	 sementes	 substituíram	 esporos	
como agentes de dispersão. Há uns 40 milhões de 
anos, algumas delas conseguiram um tipo especial de 
ramificação	–	 não	mais	 se	 bifurcando,	 um	 ramo	 se	
converteu	em	um	estame	principal	e	depois,	quando	
se desenvolveram vasos para transportar água para 
cima	e	nutrientes	para	baixo,	 em	um	 tronco.	Dessa	
forma,	 escaparam	 da	 competição	 ao	 nível	 do	 chão	
pela luz solar e ganharam um grau de imunidade con-
tra	a	predação	animal.	Surgiram	as	primeiras	florestas.	
A	arborescência,	 contudo,	 significava	 também	mor-
talidade:	quando	essas	plantas	se	transformaram	em	
20
árvores, abandonaram forçosamente a reprodução 
vegetativa	através	da	propagação	da	raiz.	Por	fim	em	
pé,	tornaram-se,	tanto	trágica	quanto	triunfantemen-
te,	indivíduos	-	em	sua	concepção,	suas	lutas	pela	vida	
e sua morte.56
A	origem	do	conflito	retorna	à	origem	da	vida,	
à	luta	pela	sobrevivência	e	liderança	do	grupo.	Em	
muitos momentos da evolução das espécies, rivalida-
des	e	conflitos	eram	resolvidos	em	confrontos	vio-
lentos. Os motivos, geralmente, eram disputas por 
alimento,	 território	 ou	 por	 uma	 fêmea,	 a	 proteção	
da prole etc.
Restrita	a	análise	à	visão	científica,	a	competi-
ção	que	gera	os	conflitos	entre	membros	da	mesma	
espécie ou de espécies diferentes é muito bem-vinda, 
porque	favorece	o	processo	evolutivo,	fazendo	pre-
valecer	os	seres	ou	indivíduos	mais	bem	adaptados	
ao ambiente.
No	mundo	 moderno,	 osconflitos,	 em	 regra,	
são	resolvidos	por	uso	de	outras	forças	que	não	as	
físicas,	não	obstante	tenham	a	mesma	causa	original:	
o embate entre interesses distintos. Não é razoável 
pensar	numa	sociedade	real	em	que	não	sejam	pro-
duzidos	conflitos,	posto	que	é	da	essência	da	natu-
56	Warren	Dean,	in	“A	ferro	e	fogo:	a	história	e	a	devastação	da	Mata	
Atlântica	Brasileira”.	São	Paulo:	Companhia	das	Letras,	1996.	p.34
21
reza humana a defesa de seus interesses pessoais em 
detrimento	de	outros	que	não	estejam	em	conformi-
dade com estes. 
Todas	as	relações	humanas,	sem	nenhuma	ex-
ceção,	 sejam	 privadas	 ou	 públicas,	 estão	 sujeitas	 a	
desencadear	 conflitos.	 A	 questão	 ambiental	 ganha	
dimensão no Brasil, mais intensamente, a partir do 
final	da	década	de	1970,	 em	harmonia	 com	movi-
mentos	sociais	e	políticos	impulsionados	pela	defesa	
do	projeto	de	redemocratização	do	país.	
Em partes diversas do mundo, a crescente luta 
social pela defesa dos direitos humanos envolve a de-
fesa do meio ambiente como uma de suas bandeiras.
A realidade da degradação ambiental e a neces-
sidade	 de	 mudanças	 políticas,	 sociais	 e	 comporta-
mentais	que	considerem	a	necessidade	de	preserva-
ção	e	recuperação	do	meio	ambiente,	trazem	a	ques-
tão do desenvolvimento econômico sustentável para 
a pauta da discussão internacional.
Neste primeiro momento, prevalecem no Bra-
sil,	de	forma	inquestionável,	os	interesses	econômi-
cos	ainda	na	esteira	da	ressaca	do	“milagre	econômi-
co” da década de 1970 e da retração da economia na 
década seguinte; o crescimento médio do PIB bra-
sileiro	que	girava	em	torno	de	7%	caiu	para	menos	
de	2%	ao	ano;	além	disso,	as	taxas	internacionais	de	
juros	 fizeram	 crescer	 o	 endividamento	 externo	 do	
país	e	o	déficit	público.
22
Nesse	cenário	de	limitações	econômicas,	políti-
cas	e	sociais	em	que	o	Brasil	esteve	envolvido,	a	ques-
tão ambiental ganha defensores a partir de sua incor-
poração	no	discurso	do	“politicamente	correto”	já	em	
voga	no	exterior	no	início	da	década	de	1990.	Manejo	
sustentável, racionalidade econômica, consenso, res-
peito e comprometimento com as gerações futuras, 
são termos comuns neste novo discurso.
Eventos	 e	 conferências	 mundiais	 apresentam	
os primeiros critérios de caráter ambiental a serem 
observados em contratos internacionais, precurso-
res	 do	 ISO	14000,	 concebido	 e	 definido	 em	 1993	
pela International Organization os Standardization, 
que	estabelece	padrões	para	gestão	ambiental	a	se-
rem observados por empresas e governos. A cer-
tificação	 ISO	 é	 um	 atestado	 de	 responsabilidade	
ambiental reconhecido por organismos nacionais e 
internacionais e deve ser renovado periodicamen-
te, depois da reavaliação da atividade econômica e 
a análise criteriosa sobre o efetivo cumprimento de 
legislação ambiental, diagnóstico atualizado de im-
pacto	ambiental	de	cada	atividade	e	a	eficiência	de	
procedimentos para sua eliminação ou diminuição, 
além	disso,	o	treinamento	e	qualificação	de	pessoal.	
Vale	 observar	 que	 toda	 e	 qualquer	 atividade	
econômica produz algum tipo de impacto ambien-
tal e não é razoável pretender estancar ou impedir o 
crescimento	econômico	das	nações,	daí	a	importância	
23
de	encontrar	meios	eficazes	de	minimizar	os	efeitos	
nocivos	ao	ambiente	que,	necessariamente,	serão	cau-
sados pela produção industrial, atividade essencial ao 
desenvolvimento da economia mundial. Quanto mais 
intensa a atividade econômica, mais necessária a ado-
ção de medidas de proteção do ambiente.
A promoção de práticas direcionadas ao de-
senvolvimento econômico sustentável tem recebido 
incentivos	financeiros	e	técnicos	de	governos	e	or-
ganismos internacionais de maneira bastante intensa 
nos	últimos	20	anos.	Parece	 já	estar	consolidado	o	
entendimento	de	que	 apenas	 agindo	nesta	direção,	
se tornará viável garantir recursos naturais essenciais 
para	a	sobrevivência	das	gerações	futuras;	a	partir	da	
construção	de	uma	estrutura	social	e	econômica	que	
garanta	o	equilíbrio	entre	a	produção	e	o	consumo	
de recursos naturais. 
Assim,	 é	 de	 império	 viabilizar	 a	 “exploração	
equilibrada	dos	recursos	naturais,	nos	limites	da	sa-
tisfação das necessidades e do bem-estar da presente 
geração, assim como de sua conservação no interes-
se	das	gerações	 futuras.”,	definição	de	sustentabili-
dade proposta por José Afonso da Silva.57
É	 importante	 sempre	 lembrar	 que	 nenhuma	
mudança efetiva de comportamento será alcança-
da	sem	a	avaliação	de	questões	econômicas,	sociais,	
57 Direito ambiental constitucional. 4ª Ed. São Paulo. Malheiros, 2003.
24
políticas,	culturais	e	éticas	que	estão	intrinsecamen-
te ligadas ao desenvolvimento das nações. Estas 
questões	são	geradoras	de	conflitos	ditos	socioam-
bientais.	Conflitos	instalados	pela	diversidade	de	in-
teresses	 de	 grupos	 sociais	 que	 tenham	origem	nas	
inter-relações	entre	sociedade	–	elemento	que	pode	
entendido	e	delimitado	territorialmente	–	e	o	meio	
ambiente	–	elemento	ilimitado	(ao	menos	em	tese),	
extraterritorial	e	transnacional.
Vale	 ressaltar	 que	 variações	 climáticas	 alcançam	
todo o planeta, o impacto ambiental de desastres recen-
tes	ultrapassou,	em	muito,	os	limites	geográficos	dos	paí-
ses	em	que	se	deu	o	“epicentro”,	e	que	o	meio	ambiente,	
em sentido amplo, é patrimônio da humanidade.
Questões	ambientais	alcançam	parâmetros	glo-
bais	e	exigem	soluções	que	não	podem	ser	alcança-
das	por	ações	políticas	isoladas.
A	 abordagem	 de	 conflitos	 socioambientais	
deve ser feita a partir da avaliação das causas sociais 
e	naturais	(biofísicas),	como	se	fosse	o	meio	ambien-
te um agente real e capaz, com intenção e interesses. 
Deste	contraponto	nasce	o	equilíbrio	necessário	ao	
entendimento	do	conflito	e	propositura	de	soluções	
viáveis	 e	 exequíveis.	É	 o	 que	 a	 doutrina	 conceitua	
como	“abordagem	ecológica”.
O meio ambiente tratado como entidade tem 
uma	história	que	precisa	ser	conhecida	e	analisada,	
tempo	 de	 existência,	 evolução,	 ciclos,	 alterações	
25
de	“comportamento”	que	podem	ser	causadas	por	
razões	 diversas	 (terremotos,	 desertificação,	 degra-
dação), e mostra-se, no momento atual, com carac-
terísticas	 que	 refletem	 as	 mudanças	 e	 adaptações	
vivenciadas. Assim, o ambiente tem parte ativa no 
conflito,	 tem	 razões	 e	 justificativas	 que	 devem	 ser	
consideradas e avaliadas. 
Identificar	 o	 foco	 do	 conflito	 e	 seus	 reflexos	
principais é o ponto de partida para compreender sua 
dinâmica.	Usualmente,	são	consideradas	3	(três)	prin-
cipais	causas	geradoras	de	conflitos	socioambientais,	
que	podem,	ou	não,	ultrapassar	barreiras	territoriais:
1.	o	controle	sobre	recursos	naturais	–	petróleo	ou	
ouro,	a	exploração	e	pesquisa	em	áreas	de	florestas,	
ocupação	irregular	do	solo,	por	exemplo;
2. impactos sociais e ambientais gerados pela ação hu-
mana	–	contaminação	de	recursos	hídricos,	poluição,	
construção de grandes obras de infraestrutura, ou por 
desastres ambientais de grandes proporções;
3.	valores	culturais	e	étnicos	–	caça	de	elefantes	para	
extração	de	marfim,	na	África,	e	a	utilização	de	carne	
de cachorro como alimento em comunidades orien-
tais	são	bons	exemplos.	
Em	qualquer	caso,	identificada	a	causa	do	con-
26
flito,	 é	 necessário	 identificar	 e	 qualificar	 as	 partes	
nele envolvidas, conhecer suas razões, intenções e 
reivindicações,	pesquisar	as	origens	históricas	e	fun-
damentos	de	tais	posturas	e	entendê-las	justificadas,	
ou	não,	compreender	as	forças	políticas	e	econômi-
cas envolvidas na crise.
Cada	conflito	tem	dinâmica	própria,	compreen-
dê-la	é	essencial	para	a	formulação	de	propostas	de	
solução	 pacíficas,	 exequíveis	 e	 viáveis.	No	mais	 das	
vezes, a avaliação de aspectos puramente técnicos e 
legais	não	 é	 suficiente	para	uma	adequada	 interpre-
tação,	 tanto	mais	 se	 está	 em	pauta	um	conflito	que	
ultrapassa fronteiras territoriais. Para uma correta ava-
liação precisam ser considerados aspectos históricos, 
sociológicos,	antropológicos,	econômicos	epolíticos.	
É interessante citar o caso das comunidades 
quilombolas	 no	 Brasil.	 Apenas	 no	 estado	 de	 São	
Paulo	 existem	 mais	 de	 35	 comunidades,	 concen-
tradas prioritariamente entre o Vale do Ribeira e o 
Litoral Norte do estado. Até 2007, apenas 5 (cin-
co)	comunidades	haviam	recebido	os	títulos	de	suas	
terras, não obstante a Constituição Federal de 1988 
haver garantido aos remanescentes das comunidades 
o reconhecimento da propriedade e determinado a 
outorga do direito sobre as terras ocupadas58.
58	Art.	68	das	ADCT;	o	procedimento	é	regulamentado	pelo	Decreto	
n.4887/2003
27
Este	exemplo	demonstra,	assim,	que	nem	sem-
pre	o	conflito	socioambiental	é	vivenciado	e	solucio-
nado	entre	aqueles	que	lhe	deram	causa.
Notícia	publicada	no	 jornal	O	Estado	de	São	
Paulo, de 25 de abril de 201359, informa a atualiza-
ção	dos	padrões	de	qualidade	do	ar	no	estado.	De	
acordo com a nota, o governo paulista, por decre-
to,	reduziu	os	padrões	considerados	adequados	para	
oito tipos de poluentes atmosféricos, entre eles, o 
monóxido	de	carbono,	os	materiais	particulados	e	o	
ozônio.	A	última	atualização	de	padrões	havia	sido	
realizada em 1990, mais de 20 anos atrás.
O professor Paulo Saldiva, da Faculdade de 
Medicina	da	Universidade	de	São	Paulo,	ouvido	pela	
reportagem,	informa	que	a	cada	ano,	4	mil	pessoas	
morrem na capital paulista por causa dos efeitos no-
civos da poluição.
 Nesta matéria, estão bastante evidentes os 
muitos	 aspectos	 envolvidos	 no	 conflito	 socioam-
biental, posto: a poluição atmosférica das grandes 
cidades,	 causada	 em	 grande	 parte	 pela	 queima	 de	
combustível	 de	 automóveis,	 está	 intimamente	 liga-
da	à	economia	em	crescimento	(que	financia	o	au-
mento	da	 produção	 de	 veículos	 automotores	 e	 do	
poder	 aquisitivo	 e	 acesso	 a	 crédito	 da	 população),	
à	deficiência	e	sucateamento	da	frota	do	transporte	
59 caderno Metrópole, pag. A3
28
público,	ao	tráfego	intenso	gerado	pelo	aumento	da	
frota particular, à falta de ofertas de trabalho bem 
remunerado em locais mais afastados dos centros 
urbanos,	 à	 falta	 de	 projetos	 sociais	 que	 estimulem	
o	uso	 compartilhado	de	veículos,	 à	 carência	de	 ci-
clovias,	 à	 insegurança	 e	 violência	 em	 ascensão	nas	
grandes	cidades	(que	desestimula	a	população	da	fa-
zer	pequenos	trajetos	a	pé),	são	alguns	dos	inúmeros	
fatores	 que	 contribuem	 para	 a	 exagerada	 poluição	
atmosférica	que	se	verifica	na	capital	paulista.
Como	 se	 pôde	 perceber,	 conflitos	 socioam-
bientais	 têm	causas	múltiplas,	que	exigem	soluções	
de amplo espectro.
Vale	considerar	que	há	diversos	estudos	em	an-
damento e projetos a serem implantados para minimi-
zar e reduzir os impactos ambientais já evidentes nas 
grandes	cidades.	Novos	projetos	e	políticas	públicas,	
porém, não devem ser pensados na perspectiva de re-
dução de impactos, mas sim na prevenção deles.
Saindo do ambiente urbano, diversas atividades 
agroeconômicas	 são	nascedouro	de	conflitos	entre	
grupos sociais e econômicos. Se a análise seguir em 
direção	ao	interior	brasileiro	serão	identificadas	em	
pelo	menos	19	(dezenove)	estados	áreas	de	conflito	
instalado pela posse e ocupação de terras, organiza-
dos e dirigidos, entre outros movimentos e organi-
zações	não	governamentais,	pelo	MST	–	Movimento	
dos	Trabalhadores	Rurais	sem	Terra,	e	proprietários	
29
rurais	privados	e	públicos,	dentre	elas	áreas	destina-
das	exclusivamente	a	pesquisa	e	áreas	produtivas.
No rastro do acirramento dos movimentos so-
ciais pela reforma agrária dos anos 1970 (a desapro-
priação da propriedade privada por interesse social 
está prevista na legislação brasileira desde 1962)60, 
e com alegado amparo na Constituição Federal de 
1988,	que	recepcionou	a	norma	no	artigo	184	e	se-
guintes61,	 grupos	 autodenominados	 “sem	 terras”	
invadem propriedades, muitas vezes com o uso de 
violência	e	armas,	e	se	 instalam	em	acampamentos	
improvisados,	como	forma	de	pressão	política	para	a	
realização da desapropriação e destinação do imóvel 
a	assentamento	de	famílias	de	trabalhadores	rurais.	
Estimativas	 do	MST	 (via	 site	 oficial)	 indicam	 que	
neste	momento	existem	150	mil	famílias	acampadas	
aguardando o encerramento de 523 processos de 
desapropriação já em andamento por iniciativa do 
INCRA	–	Instituto	Nacional	de	Colonização	e	Re-
forma Agrária, órgão do Governo Federal.
Importa	considerar	que	não	se	está,	aqui,	defen-
dendo	nenhuma	causa	ou	tomando	qualquer	partido.
Há,	 também,	neste	momento	 (2013)	conflitos	
instalados em terras sob administração e responsa-
bilidade	da	FUNAI	–	Fundação	Nacional	do	Índio,	
60 Lei 4.132, de 10 de setembro de 1962
61	Capítulo	III	–	Da	Política	Agrícola	e	Fundiária	e	da	Reforma	Agrária
30
além	de	serem	intensos	os	debates	travados	política	
e	 juridicamente	 em	 torno	 da	 construção	 da	Usina	
Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no esta-
do do Pará .62
É	notável	que	a	legislação	brasileira,	por	muito	
fragmentada e esparsa, e por vezes engessada por 
especificidades	 exageradas,	 permite	 o	 surgimento	
de	conflitos	na	medida	em	que	de	per	si	dificulta	a	
interpretação e aplicação da norma. A revisão e co-
dificação	de	toda	a	legislação	sobre	meio	ambiente	e	
desenvolvimento sustentável, anseio dos operadores 
do direito ambiental, certamente seria um fator de 
redução	de	controvérsias,	da	regulamentação	exces-
siva	e	de	conflitos	socioambientais.
62 Iniciados os estudos para a implantação da usina em 1975 em 2011 
foi	concedida	a	licença	para	o	início	da	construção	da	infraestrutura,	
o	que	está	em	andamento.	Estima-se	que	em	2019	entre	em	funciona-
mento	a	última	das	24	turbinas	projetadas.
31
ATIVIDADES
1. A	 que	 podemos	 atribuir	 a	 ocorrência	 de	
conflitos	na	atualidade?	É	viável	pensar	em	sua	su-
pressão	total?
2. De	acordo	com	a	doutrina,	quais	as	princi-
pais	causas	geradoras	de	conflitos	socioambientais?.
3. Que fatores devem ser avaliados para a cor-
reta	interpretação	de	um	conflito?
R. Precisam ser considerados aspectos históricos, 
sociológicos,	antropológicos,	econômicos	e	políticos.
4. O	que	são	comunidades	quilombolas?
5. A	que	fator	pode	ser	atribuído	o	maior	vo-
lume da poluição atmosférica nos grandes centros 
urbanos?	Pode	ser	avaliado	isoladamente?
(Bloco 1)
DIVERSIDADE DE 
PRÁTICAS CULTURAIS, 
MANEJO AMBIENTAL 
E CONSTRUÇÕES DA 
REALIDADE SOCIAL.
6.1
Inferno	 Verde,	 Pulmão	 do	 Mundo,	 Hiléa,	 Paraíso	
Verde, Eldorado, são algumas designações e metáfo-
ras,	entre	tantas,	com	que	a	Amazônia	é	referida	ao	
longo dos tempos, de acordo com as variações do 
humor ideológico de plantão.
A	Amazônia,	tal	como	a	bio	e	a	sociodiversidade	que	
lhe são constitutivas e, talvez por isso mesmo, está 
enredada	numa	teia	de	dramas,	conflitos,	controvér-
sias	que	se	multiplicam	numa	escala	proporcional	às	
pequenas	e	grandes	ambições	de	que	ela	sempre	foi	
alvo,	 desde	 sua	 conquista	 e	 posse,	 no	decorrer	 dos	
séculos XVII e XVIII, pelos europeus.
Um	estudo	desenvolvido	pelo	Ipea,	cujo	anúncio	se	
fez	recentemente	pela	mídia,	estimou	em	cerca	de	4	
trilhões	de	dólares	a	riqueza	potencial	da	diversidade	
biológica	e	mineral	contida	em	nossas	matas.	A	flo-
34
resta amazônica, se a estimativa estiver correta, é, sem 
dúvida,	responsável	por	grande	parte	desse	valor,	e	é	
por	isso	que	a	região	concentra	tantos	conflitos	quan-
tas	são	as	soluções	que	para	eles	se	propõe	e	tantas	
vezes se adiam.
Inadiável,	é	claro,	é	a	lembrança	permanente	de	que	ali	
se desenrola uma luta constante, às vezes anônima, ou-
tras notória e espetacular entre os homens e a natureza, 
entre	a	riqueza	e	as	formas	sociais	de	seu	uso	e	apro-
priação,	 entre	 a	 sua	 apropriação	 e	 a	 consciência,	 cada	
vez	mais	dramática,	de	que	é	preciso	aceitar-lhe,	na	sua	
diversidade social e biológica, a estranheza, renunciando 
assim, ao projeto insano de sua total domesticação.63
Diversidade cultural é tema sempre interessan-
te, abrangente e controverso.
A	cultura	de	um	povo,	assuntoque	já	temos	tra-
tamos	neste	trabalho,	é	construída	pela	convergência	
de	fatores	históricos,	geográficos,	religiosos,	econô-
micos,	sociais,	políticos,	éticos	etc..	que	estão	relacio-
nadas	a	sua	origem	e	evolução.	São	estes	valores	que	
individualizam	e	identificam	as	populações,	que	lhe	
garantem unidade e segurança.
É	da	evolução	histórica	e	da	essência	da	lei	am-
biental respeitar valores históricos, culturais, locais 
63	Carlos	Vogt,	editor	chefe	de	Ciência	e	Cultura	,	revista	da	Sociedade	
Brasileira	para	o	Progresso	da	Ciência,	ano	58,	n.	3
35
e regionais. Não atentar para estas peculiaridades é 
escrever letra morta em matéria socioambiental. 
A	imposição	de	normas,	gerais	ou	não	específi-
cas,	que	possam	respeitar	valores	culturais	tradicionais	
e consolidados de uma comunidade e entrar em con-
fronto com os de outras, não atende ao objetivo maior 
da	norma	legal,	que	é	pacificar	e	prevenir	conflitos.
Notadamente, no Brasil, é inviável conceber uma 
norma	geral	e	única,	válida	em	todo	o	território	nacional	
que	não	se	possa	adequar	aos	valores	históricos,	cultu-
rais,	religiosos	e	sociais	bastante	específicos	e	que	distan-
ciam,	desde	a	origem,	os	povos	que	formaram	muitas	
comunidades	que	compõem	a	população	brasileira.
 O Primeiro Relatório Nacional para a Con-
venção sobre Diversidade Biológica-Brasil, documento 
publicado pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Re-
cursos	Hídricos	e	da	Amazônia	Legal,	em	1998,	assim	
considera a diversidade cultural:
Não bastasse tudo isso, conta ainda o Brasil com uma 
considerável	diversidade	cultural,	já	que	em	seus	limi-
tes, além dos descendentes de europeus, asiáticos e 
africanos,	vivem	mais	de	200	grupos	indígenas,	cada	
um	com	seus	costumes,	línguas	e	formatos	culturais	
específicos.	A	própria	extensão	e	variedade	de	conhe-
cimentos desses grupos sobre a diversidade biológica 
constitui outro patrimônio notável.
36
Na	 sequência,	 cita:	 portugueses,	 italianos,	 es-
panhóis, alemães, poloneses, ucranianos, japoneses, 
sírios	e	libaneses,	além	de	representantes	dos	povos	
samba,	moxicongo,	angico,	nagô,	 jejê,	fanti,	achan-
ti, haussa, mandinga, tapa e fulá como os principais 
grupos formadores da população brasileira.
A	principal	norma	que	regulamenta	a	matéria	é	a	
Lei	n.º	9.985,	de	18	de	julho	de	2000,	que	institui	o	Sis-
tema	Nacional	de	Unidades	de	Conservação	da	Natu-
reza64, e estabelece áreas naturais a serem especialmente 
protegidas,	delimitadas	por	critérios	que	respeitam	mais	
especificidades	ambientais	e	as	culturais	das	populações	
do	que	fronteiras	físicas	ou	territoriais.
Estas	áreas	estão	classificadas	em	duas	únicas	ca-
tegorias,	de	acordo	com	suas	características	e	objetivos	
a serem atingidos: 
Unidades	de	Proteção	Integral,	distribuídas	en-
tre	Estações	Ecológicas	e	Parques	Nacionais,	desti-
nadas	 a	 realização	de	pesquisas	e	desenvolvimento	
de projetos de educação ambiental; 
Reservas Biológicas, destinadas ao abrigo de espé-
cies	de	flora	e	fauna	de	importante	significado	científico;	
Monumentos	Naturais	e	Refúgios	de	Vida	Silves-
tre, destinados a proteção do ambiente natural para a re-
produção	de	espécies	da	flora	local	e	de	fauna	migratória,	
65	 que	 unifica	 a	 legislação	 esparsa	 sobre	 a	matéria,	 desde	 o	Código	
Florestal Brasileiro de 1965
37
e	Unidades	de	Uso	Sustentável,	que	estão	selecionadas	
e	divididas	entre	Áreas	de	Proteção	Ambiental	 (APA),	
Áreas	de	Relevante	Interesse	Ecológico	(ARIE),	Floresta	
Nacional	(FLONA),	Reserva	Extrativista	(RESEX),	Re-
serva	de	Fauna	(REFAU),	Reserva	de	Desenvolvimen-
to Sustentável (RSD), Reserva Particular do Patrimônio 
Natural (RPPN), para alcançar o objetivo de restauração 
e	conservação	do	ambiente,	a	lei	determina	que	cada	uni-
dade de conservação tenha seu próprio plano de manejo, 
de	acordo	com	condições	técnicas	que	especifica	e	a	ser	
implantado e aplicado sob a orientação, monitoramento 
e supervisão de grupo de gestão multidisciplinar, for-
mada	por	agentes	públicos	e	privados,	e	com	a	ampla	
participação da população residente65, especialmente nas 
áreas de uso sustentável.
São	728	as	Unidades	de	Conservação	criadas	em	
território brasileiro até 2012.
Manejo	ambiental	é	o	conceito	que	define	um	
projeto	que	estabelece	as	ações	necessárias	para	ava-
liar riscos, preparar, prevenir, controlar, compensar 
e	corrigir	efeitos	possíveis	ou	impactos	negativos	ao	
ambiente causados no desenvolvimento de trabalho 
ou	atividade.	Assim,	é	meio	de	viabilizar	a	execução	
de	atividade	econômica	com	o	menor	prejuízo	am-
biental	possível,	mantendo	o	máximo	da	qualidade	
ambiental e da integridade ecológica.
65 art. 27 e §§ da Lei 9985/2000
38
É importante, então, sua aplicação antes, durante e 
depois da instalação da atividade. Manejo pode ser com-
preendido como planejamento ambiental.
A Carta dos Andes66,	de	1958,	define	planejamen-
to,	em	sentido	amplo,	de	1958,	define	planejamento,	em	
sentido	amplo,	como	“um	método	de	aplicação,	contí-
nuo e permanente, destinado a resolver, racionalmente, 
os	 problemas	 que	 afetam	 uma	 sociedade	 situada	 em	
determinado espaço, em determinada época, através de 
uma previsão ordenada capaz de antecipar suas anterio-
res	consequências”.	
Adotada	 esta	 definição	 e	 adequando-a	 para	 um	
conceito	ambiental,	teremos	que	planejamento	ambien-
tal,	ideia	da	que	se	origina	a	de	manejo,	é	o	processo	de	
planificação	que	tem	por	objetivo	identificar	problemas	
e necessidades humanas e buscar soluções viáveis com o 
máximo	de	manutenção	de	qualidade	ambiental,	que	res-
peitem os limites da capacidade ambiental, com o uso e 
aproveitamento sustentado de recursos e a minimização 
de riscos e impactos ambientais. 
Em tese, e por força de norma constitucional, 
cabe	ao	Poder	Público	assegurar	a	todos	os	ocupantes	
do território brasileiro o direito ao meio ambiente eco-
logicamente	equilibrado,	bem	de	uso	comum	do	povo.	
66 Documento apresentado como resultado dos debates realizados no 
Seminário	de	Técnicos	e	Funcionários	em	Planejamento	Urbanos,	re-
alizado na Colômbia
39
Para o cumprimento de seu mister, precisa regulamentar 
e viabilizar meios de preservar, restaurar e promover o 
manejo de espécies e ecossistemas67.
Qualquer	projeto	de	manejo,	e	muito	especial-
mente os destinados à aplicação em unidades de 
conservação, deve promover a integração da área de 
unidade de conservação com a vida econômica e so-
cial das comunidades residentes e vizinhas, permitir 
que	a	atividade	econômica	praticada	tradicionalmen-
te pelas comunidades seja mantida como meio de 
subsistência	e	de	produção	de	renda,	sem	que	afete	
de maneira negativa a integridade do ambiente natu-
ral, com o claro objetivo de alcançar o uso sustentá-
vel dos recursos naturais. 
Planos de manejo devem considerar e respeitar 
as diversidades socioambiental e cultural e os siste-
mas de organização e representação social das popu-
lações	tradicionais	de	cada	região,	e	as	especificida-
des	de	suas	inter-relações.	E,	é	importante	que	seja	
estabelecido	 um	 compromisso	 coletivo	 e	 explícito	
entre usuários, gestores e outros grupos de interesse 
de	empenho	para	viabilizar	a	execução	do	plano,	sob	
pena de este estar fadado ao insucesso.
É	importante,	também,	que	o	plano	de	manejo	
vá além da proposta de métodos e procedimentos 
técnicos a serem adotados. Precisam estar presentes 
67 CF/1988, art.225, §1º, inc. I
40
no planejamento a implementação de ações direcio-
nadas à educação e capacitação de recursos huma-
nos	que	priorize	a	conservação	do	meio	ambiente,	
valorize o saber tradicional e melhore as condições 
de	exploração	de	recursos	e	comercialização	da	pro-
dução; a previsão de investimentos econômicos di-
recionados ao aumento de produtividade, a maior 
competitividade e a redução da desigualdade social, 
além do fortalecimento das atividades comunitárias 
e da gestão participativa e democrática da atividade 
econômica da localidade. 
Sem estes cuidados a implantação de unidades 
de conservação de uso sustentável,notadamente as 
que	operam	em	parceria	com	agentes	privados,	pode	
transformar	o	pequeno	produtor	 independente	em	
trabalhador sub-remunerado, sem instrumentos cul-
turais, sociais e econômicos hábeis a melhorar sua 
condição de vida e perspectiva de crescimento social.
Com	 a	 observância	 destes	 cuidados,	 as	 áreas	
administradas sob plano de manejo ambiental po-
dem	ser	produtivas	e,	em	casos	específicos,	lucrati-
vas e comercialmente interessantes.
Um	 estudo	 divulgado	 em	 2011,	 e	 realizado	
com	o	apoio	da	UNEP-WCMC68, órgão ambiental 
da	ONU,	 para	 a	 avaliação	 do	 impacto	 e	 potencial	
68	United	Nations	Environment	Program-World	Conservation	Moni-
toring Center
41
econômico das unidades de conservação brasileiras, 
informa	que	a	produção	de	madeira	em	tora	nas	Flo-
restas Nacionais (FLONA) e Estaduais da Amazônia 
em	áreas	de	manejo	(concessão	florestal)	tem	poten-
cial de gerar, anualmente, entre R$1,2 bilhão a R$2,2 
bilhões,	mais	do	que	toda	a	madeira	nativa	extraída	
anualmente	no	país;	a	produção	de	borracha	nas	11	
Reservas	Extrativistas	(RESEX),	identificadas	como	
produtoras, resulta em R$16,5 milhões anuais, a pro-
dução de castanha do Pará em outras 17 reservas 
tem potencial para gerar R$39,2 milhões, além disso, 
a criação e manutenção das unidades de conservação 
no Brasil impediu a emissão de 2,8 bilhões de tone-
ladas de carbono, de valor estimado R$96 bilhões.
Incentivos	fiscais	também	são	economicamen-
te	atrativos	para	municípios	e	estados	cujos	territó-
rios	 tenham	 Unidades	 de	 Conservação,	 via	 ICMS	
Ecológico69 com	a	maior	transferência	da	receita	do	
imposto	 arrecadado	 pelos	 estados	 aos	 municípios	
em contrapartida à perda de receita com a instalação 
da área de preservação em seu território.
Em 2009, a receita real de ICMS Ecológi-
co repassada pelos 12 (doze) estados com regu-
lamentação	 estadual	 aos	 seus	 municípios	 foi	 de	
R$401.144.269,00, incremento de receita orçamen-
69 Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, regulamentado 
por lei estadual
42
tária	que	deve	prioritariamente	ser	direcionada	a	in-
vestimentos	 públicos	 suplementares	 e	melhoria	 da	
gestão	ambiental	do	município.
É	 importante	 frisar	 que	 não	 há	 impedimento	
legal	de	que	as	áreas	de	preservação	ambiental	sejam	
produtivas	ou	que	recebam	investimentos	públicos	e	
privados, não são intocáveis e não representam im-
posição de atraso de desenvolvimento econômico, 
portanto.	Impõe-se,	porém,	que	sejam	administradas	
de	maneira	comprovadamente	sustentável	e	que	par-
te importante da renda produzida seja revertida em 
investimentos em infraestrutura e projetos sociais e 
de geração de renda para as populações locais. 
Feito desta forma, além da preservação e con-
servação do ambiente, os investimentos em áreas de 
unidades de conservação geram resultados positivos 
indiretos, e proporcionam a melhoria da realidade 
social das comunidades.
Realidade	social	que	deve	ser	analisada	e	com-
preendida a partir do conjunto de fenômenos sociais 
que	resultam	das	relações	dos	homens	entre	si	e	des-
tes	com	a	natureza,	consideradas	questões	psicológi-
cas,	históricas,	antropológicas,	sociológicas,	políticas	
e	econômicas	que	direta	ou	indiretamente	são	atuan-
tes na formação do modo como o homem se utiliza 
dos	recursos	naturais.	Projetos	que	tenham	por	ob-
jetivos a melhoria da realidade social precisam fazer 
considerações a respeito de todos estes aspectos e 
43
apresentar proposições social e economicamente vi-
áveis	e	exequíveis.
Política	 ambiental	 eficiente,	 parcerias	 público-
-privadas,	monitoramento	 e	 fiscalização	 adequada	 e	
permanente,	investimentos	em	pesquisa,	em	infraes-
trutura, educação e capacitação das populações são 
meios	comprovadamente	eficazes	e	viáveis	de	conter	
danos	ao	meio	ambiente,	por	consequência	lógica,	de	
melhoria	da	qualidade	de	vida	e	da	realidade	social.
Nunca	é	demais	lembrar	que	meio	ambiente	é	
tema	 que	 abrange	 tudo	 o	 que	 nos	 cerca,	 não	 está	
restrito	a	limites	territoriais	e	que	os	recursos	natu-
rais	não	são	ilimitados.	Que	apenas	2%	da	água	do	
planeta	é	doce	e	que	90%	dela	está	no	subsolo	ou	
congelada	nos	polos;	que	mais	de	1	bilhão	de	pesso-
as	não	têm	acesso	à	água	tratada	e	mais	de	4	milhões	
de crianças morreram em 200070 em	decorrência	de	
doenças	infecciosas,	como	a	cólera	e	a	malária;	que	
150	mil	Km²	de	floresta	tropical	são	derrubadas	anu-
almente;	que	a	população	mundial	cresce	em	ritmo	
acelerado	 e	 consome	 40%	 além	 da	 capacidade	 de	
reposição	da	biosfera,	déficit	que	aumenta	2.5%	ao	
ano;	que	cada	um	dos	190.755.79971 brasileiros pro-
duz,	em	média,	1	kg	de	lixo	doméstico	por	dia	e	que	
a	falta	de	saneamento	básico	responde	por	65%	das	
70	dados	da	ONU
71 dados do censo IBGE 2010
44
internações	hospitalares	do	país.
Tratar	 da	 questão	 ambiental	 com	 seriedade,	
posto	isso,	é	urgente	e	imprescindível.
45
ATIVIDADES
1. O	que	é	manejo	ambiental?
2. O	que	são	unidades	de	conservação?.
3. Quais	as	especificidades	do	plano	de	mane-
jo	devem	ser	aplicadas	em	unidades	de	conservação?
4. É admitido o investimento privado em unida-
des	de	conservação.	Se	sim,	a	que	está	condicionado? 
5. Que	questões	ambientais,	em	sua	opinião,	
carecem	de	soluções	mais	urgentes?
(Bloco 2)
47
UNIDADE 5
1 -	Espaço	físico	delimitado,	ocupado	por	de-
terminada	população	que	se	identifica	e	interage	den-
tro de padrões culturais, sociais, econômicos e éticos 
construídos	a	partir	desta	convivência	cotidiana.
2 -	Por	conta	da	dificuldade	de	identificação	
da	comunidade	com	o	lugar	que	ocupa;	o	aumento	
de	distâncias	e	tempo	de	deslocamento	entre	o	local	
de	moradia	e	trabalho	retira	do	indivíduo	a	possibili-
dade	de	criar	vínculos	afetivos	com	a	região	em	que	
mora.	O	cidadão	não	percebe	a	cidade	como	o	“seu	
lugar”.	Isso	impede	que	haja	efetiva	construção	so-
cial do espaço, teoricamente considerado como base 
da vida cotidiana e da sociabilidade entre os mem-
bros da comunidade.
3 - Projetos direcionados para estabelecer as 
prioridades	locais,	o	uso	adequado	do	solo,	a	preser-
vação de áreas verdes e margens de rios urbanos, a 
instalação	de	 sistemas	de	 infraestrutura	que	 estimu-
lem	o	uso	de	meios	de	transporte	público	e	a	redução	
do	tempo	de	descolamentos,	a	eficiência	energética,	a	
GABARITO
48
coleta	seletiva	de	resíduos	sólidos,	por	exemplo.
4 - Os congestionamentos causam perdas es-
timadas em R$4 bilhões por ano à economia paulis-
tana; menores perdas atingem as cidades brasileiras 
com população entre 50 mil e 500 mil habitantes.
5 - Regras	de	convívio	social	entre	os	mem-
bros de uma sociedade; conjunto de formalidades 
observadas	pelos	indivíduos	entre	si	em	sinal	de	res-
peito	 mútuo	 e	 consideração;	 polidez,	 urbanidade;	
boa educação.
UNIDADE 6
1 -	No	mundo	moderno,	os	conflitos,	em	re-
gra,	têm	causa	no	embate	entre	interesses	distintos.	
Não	é	razoável	pensar	numa	sociedade	real	em	que	
não	sejam	produzidos	conflitos,	posto	que	é	da	es-
sência	da	natureza	humana	a	defesa	de	seus	interes-
ses	pessoais	em	detrimento	de	outros	que	não	este-
jam em conformidade com estes.
2 - A disputa sobre o controle de recursos na-
turais, os impactos sociais e ambientais gerados pela 
ação	e	a	discordância	de	valores	culturais	e	éticos.	
49
3 - Precisam ser considerados aspectos his-
tóricos, sociológicos, antropológicos, econômicos 
e	políticos.
4 - São comunidades formadas por descen-
dentes	 de	 antigos	 escravos	 fugitivos	 que	 se	 esta-
beleceram em diversas regiões do litoral e interior 
brasileiro. A Constituição Federal de 1988 garantiu 
a essas comunidades o reconhecimento da proprie-
dade e a outorga do direito sobre as terras ocupadas.
5 - Principalmente	é	causada	pela	queima	de	
combustível	 fóssil	 utilizada	 em	 veículos.	 Deve	 ser	
considerada em conjunto com outros fatores, tais 
como	economia	em	crescimento	(que	financia	o	au-
mento	da	 produção	 de	 veículos	 automotores	 e	 do	
poder	 aquisitivo	 e	 acesso	 a	 crédito	 da	 população),à	deficiência	e	sucateamento	da	frota	do	transporte	
público,	ao	tráfego	intenso	gerado	pelo	aumento	da	
frota particular, à falta de ofertas de trabalho bem 
remunerado em locais mais afastados dos centros 
urbanos,	 à	 falta	 de	 projetos	 sociais	 que	 estimulem	
o	uso	 compartilhado	de	veículos,	 à	 carência	de	 ci-
clovias,	 à	 insegurança	 e	 violência	 em	 ascensão	nas	
grandes cidades.
50
51
GABARITO
UNIDADE 5
1 -	Espaço	físico	delimitado,	ocupado	por	de-
terminada	população	que	se	identifica	e	interage	den-
tro de padrões culturais, sociais, econômicos e éticos 
construídos	a	partir	desta	convivência	cotidiana.
2 -	Por	conta	da	dificuldade	de	identificação	
da	comunidade	com	o	lugar	que	ocupa;	o	aumento	
de	distâncias	e	tempo	de	deslocamento	entre	o	local	
de	moradia	e	trabalho	retira	do	indivíduo	a	possibili-
dade	de	criar	vínculos	afetivos	com	a	região	em	que	
mora.	O	cidadão	não	percebe	a	cidade	como	o	“seu	
lugar”.	Isso	impede	que	haja	efetiva	construção	so-
cial do espaço, teoricamente considerado como base 
da vida cotidiana e da sociabilidade entre os mem-
bros da comunidade.
3 - Projetos direcionados para estabelecer as 
prioridades	locais,	o	uso	adequado	do	solo,	a	preser-
vação de áreas verdes e margens de rios urbanos, a 
instalação	de	 sistemas	de	 infraestrutura	que	 estimu-
lem	o	uso	de	meios	de	transporte	público	e	a	redução	
do	tempo	de	descolamentos,	a	eficiência	energética,	a	
52
coleta	seletiva	de	resíduos	sólidos,	por	exemplo.
4 - Os congestionamentos causam perdas es-
timadas em R$4 bilhões por ano à economia paulis-
tana; menores perdas atingem as cidades brasileiras 
com população entre 50 mil e 500 mil habitantes.
5 - Regras	de	convívio	social	entre	os	mem-
bros de uma sociedade; conjunto de formalidades 
observadas	pelos	indivíduos	entre	si	em	sinal	de	res-
peito	 mútuo	 e	 consideração;	 polidez,	 urbanidade;	
boa educação.
UNIDADE 6
1 -	No	mundo	moderno,	os	conflitos,	em	re-
gra,	têm	causa	no	embate	entre	interesses	distintos.	
Não	é	razoável	pensar	numa	sociedade	real	em	que	
não	sejam	produzidos	conflitos,	posto	que	é	da	es-
sência	da	natureza	humana	a	defesa	de	seus	interes-
ses	pessoais	em	detrimento	de	outros	que	não	este-
jam em conformidade com estes.
2 - A disputa sobre o controle de recursos na-
turais, os impactos sociais e ambientais gerados pela 
ação	e	a	discordância	de	valores	culturais	e	éticos.	
53
3 - Precisam ser considerados aspectos his-
tóricos, sociológicos, antropológicos, econômicos 
e	políticos.
4 - São comunidades formadas por descen-
dentes	 de	 antigos	 escravos	 fugitivos	 que	 se	 esta-
beleceram em diversas regiões do litoral e interior 
brasileiro. A Constituição Federal de 1988 garantiu 
a essas comunidades o reconhecimento da proprie-
dade e a outorga do direito sobre as terras ocupadas.
5 - Principalmente	é	causada	pela	queima	de	
combustível	 fóssil	 utilizada	 em	 veículos.	 Deve	 ser	
considerada em conjunto com outros fatores, tais 
como	economia	em	crescimento	(que	financia	o	au-
mento	da	 produção	 de	 veículos	 automotores	 e	 do	
poder	 aquisitivo	 e	 acesso	 a	 crédito	 da	 população),	
à	deficiência	e	sucateamento	da	frota	do	transporte	
público,	ao	tráfego	intenso	gerado	pelo	aumento	da	
frota particular, à falta de ofertas de trabalho bem 
remunerado em locais mais afastados dos centros 
urbanos,	 à	 falta	 de	 projetos	 sociais	 que	 estimulem	
o	uso	 compartilhado	de	veículos,	 à	 carência	de	 ci-
clovias,	 à	 insegurança	 e	 violência	 em	 ascensão	nas	
grandes cidades.
55
Referências
A.	Simões,	L.H.R.	Simões.	“Os	desencon-
tros dos diversos agentes sociais na gestão de 
recursos naturais: um campo de mediação a ser 
construído”.	 In:	Glase,	M.,	Cabra,	N.,	Ribeiro,	
A.L.	(org).	Belém:	NUMA/UFPA,	2005.
BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental 
Empresarial. Conceitos, modelos e instrumen-
tos. São Paulo: Saraiva, 2004.
CARDOSO, Artur Renato. A degradação 
ambiental e seus valores econômicos associados. 
Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2005.
CHOAF,	F.	O	Urbanismo.	São	Paulo:	Ed.	
Perspectiva, 1992.
DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. 
São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1993.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Am-
biental:	 princípios	 e	 práticas.	 São	 Paulo:	Gaia,	
1998.
GUARESCHI,	 P;	 JOVCHELOVITCH,	 S.	
Representações Sociais. 2ª edição. Petrópolis, 
Vozes, 1995.
JODELET,	D.	Representações	sociais:	um	do-
mínio	em	expansão.	Rio	de	Janeiro.	EDUERJ.	2001.
LAGO,	A	e	PÁDUA,	J.	A.	O	que	é	ecologia.	
56
7ª edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988.
LAYRAGUES,	 P.	 Educação	 no	 processo	
da	gestão	ambiental:	criando	vontades	políticas,	
promovendo a mudança. Simpósio Sul Brasilei-
ro de Educação Ambiental, Erechim, EdiFA-
PES, 2002.
LEVEFRE F. e LEVEFRE A. M. C. O dis-
curso	do	sujeito	coletivo:	um	novo	enfoque	em	
pesquisa	qualitativa.	Caxias	do	Su.:	EDUSC,	2003.
MATIAS,	Eduardo	Felipe	P..	A	humanidade	
e suas fronteiras: do Estado soberano à socieda-
de	global.	São	Paulo:	Ed.	Paz	e	Terra,	2005
MEDEIROS,	R.	&	YOUNG;	C.E.F.	2011.	
Contribuição das unidades de conservação bra-
sileiras	para	a	economia	nacional.	Relatório	final.	
Brasília:	UNEP-WCMC.
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: Dou-
trina	 Jurisprudência	 Glossário,	 3ª	 edição.	 São	
Paulo:	Revista	dos	Tribunais,	2005.
MOSCOVICI, S. Representações Sociais: 
investigação em psicologia social. 2ª ed. Petró-
polis: Vozes, 2004.
REIGOTA,	 M.	 Meio	 Ambiente	 e	 Repre-
sentação Social. 5ª Ed. São Paulo.: Cortez, 2002.
TUAN,	Y.	F.	Espaço	e	lugar:	a	perspectiva	
da	experiência.	São	Paulo,	Difel,	1983.
57

Continue navegando