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6 09 ET Grandes temas e autores da literatura infantil no Brasil

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LITERATURA INFANTOJUVENIL 
Luciana Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
6 GRANDES TEMAS E AUTORES DA LITERATURA INFANTIL NO BRASIL 
Este bloco tem a proposta de comentar objetivos de ensino da literatura infantil e 
apresentar alguns dos grandes temas e autores no Brasil, buscando trazer desde Clarice 
Lispector e autores indígenas importantes para a literatura infantil, como Daniel 
Munduruku. Além disso, serão apresentados também aspectos da literatura infantil 
contemporânea que estão entre o campo de abrangência destes dois autores. 
6.1 A prontidão para a leitura e a sala de aula 
Sabe-se que é de grande importância que a escola crie um ambiente que propicie à 
criança, desde o primeiro dia de aula, o contato com leitura e literatura. Para tanto, é 
determinante a participação do professor como representação do que é ser leitor e ter 
o contato humanizador com a literatura. O professor alfabetizador deve ser um 
profissional humanizado, em relação ao conjunto de conhecimentos, que deve ter um 
domínio também humanizado, ou seja, que trabalhe de maneira criativa e 
comprometida com a formação de seus alunos e não de maneira reprodutora, repetindo 
os mesmos comandos e propostas de sempre. 
Logo, para que promova a vivência humanizadora pela literatura, o professor deve ser 
leitor e falar sobre livros para seus alunos, além de realmente contar histórias, 
mostrando e permitindo que as crianças se relacionem com o texto e a história por meio 
de sentidos diversos, de modo a construir em sua mente a imagem de uma atividade 
enriquecedora e prazerosa. 
Um exemplo deste processo é a leitura individual e silenciosa. Mesmo antes de 
alfabetizada, é importante esse tipo de contato, de modo que as ilustrações dos livros 
são linguagem fundamental a esse tipo de leitura. Com isso, as crianças exercitam o 
olhar e a imaginação e se preparam para a leitura de textos maiores e mais complexos 
no futuro. O professor deve também ler e contar em voz alta os textos para crianças 
ainda não alfabetizadas, pois assim o repertório infantil começa a ser construído e 
enriquecido, para, mais tarde, cada criança interpretar de sua forma futuras leituras. 
 
 
3 
 
6.2 Ensino individualizado e habilidades envolvidas na leitura 
Há diferentes tipos de processos e procedimentos de leituras dos textos literários nas 
escolas. A alternância entre a prática da leitura coletiva e leitura individual é uma 
questão que causa hesitação entre docentes, que percebem por práticas já consolidadas 
que o interesse na leitura e o desenvolvimento do hábito de ler é alcançado mais 
facilmente pelo método individualizado de ensino da leitura do que pelo ensino 
sistemático de toda a classe. Apesar disso, existem situações nas quais o professor 
trabalha com a leitura uníssona, com a classe inteira, com muito êxito. São processos 
muito distintos, cada um com seus benefícios para a interação com texto, professor e 
conjunto de alunos. 
Entretanto, a alternância é recomendada, como forma de valorizar os aspectos mais 
intimistas e subjetivos da leitura, evocar repertórios pessoais e, ao mesmo tempo, 
promover a integração, trabalhar com modelos e trocas de experiências. Um exemplo 
interessante é quando o professor faz a leitura em voz alta de forma entusiasmada e 
com encanto, isso faz com que os alunos se interessam pela futura leitura do livro de 
forma individual. Assim, à medida que o leitor ganha autonomia na leitura, sua prática 
individual lhe proporciona maior rapidez e compreensão daquilo que se lê. 
De acordo com Richard Bamberger (1977, p. 50), uma prática pedagógica muitas vezes 
esquecida é a de adequar a escolha dos textos a serem apresentados a objetivos claros 
e definidos de formação do leitor e a de preparar essas apresentações, levando em 
conta as diferenças entre contos poemas, contos maravilhosos e os do cotidiano. Com 
isto, o professor pode pensar mais objetivamente em suas intencionalidades 
pedagógicas e nos possíveis procedimentos que a viabilizam, como a leitura em voz alta, 
que é um exercício de interpretação e necessita de leitura prévia e preparação vocal e 
gestual. Se for dada à criança a tarefa de ler em voz alta, cabe ao professor preparar 
esse leitor para que a interpretação em voz alta seja a mais adequada ao texto, sem 
improvisações, balbucios, erros de prosódia e defeitos de dicção. 
 
 
 
 
4 
 
6.3 Treinamento sistemático da leitura e avaliação do progresso 
O processo de leitura sistematizado pelas práticas escolares visa ao domínio amplo do 
leitor, em diferentes contextos, formas de leitura e usos de gêneros textuais, o qual é 
adquirido na trajetória escolar do estudante. Richard Bamberger (1977, p. 50) define 
velocidade e compreensão como aspectos fundamentais a este processo de domínio, 
para que o eleitor tenha autonomia de usos da leitura, individual e coletiva, silenciosa 
ou em voz alta, em contatos diversos. 
Bamberger (1977, p. 50) pontua velocidade como o treinamento das habilidades na 
leitura, como ampliação do período de fixação no processo de leitura em si e aumento 
da concentração, o que repercute em menos regressão, paradas e retornos. E define 
compreensão como o contato com o conteúdo que deve progredir à proporção que 
amadurece a concepção de leitura, avançando da compreensão de palavras para a 
leitura interpretada, informativa, crítica, criativa e estética. É importante a condição de 
motivações e interesse por parte dos alunos, mas também dos professores, que podem 
estimular uma atitude questionadora que favoreça a leitura como processo mental. 
Como avaliar o processo? É importante que o professor faça perguntas, formuladas 
anteriormente ou mesmo aquelas que surgem ao acaso, pelo momento pedagógico. As 
perguntas geram discussões sobre o que acaba de ser lido, sendo que a qualidade de 
compreensão é obviamente mais importante do que a velocidade da leitura. 
A leitura silenciosa ou em voz alta não deve ser encarada como avaliação do estágio de 
domínio da ortografia e da decodificação das crianças, elas devem ser um momento de 
contato prazeroso, sendo que o prazer não dispensa o conhecimento. 
A avaliação do trabalho com a literatura infantil demanda atividades e critérios 
diferenciados. As avaliações pontuais não conferem resultados objetivos deste tipo de 
estudo, pois os efeitos da literatura sobre a formação pessoal e escolar dos alunos são 
percebidos em longo prazo, à medida que se desenvolvem metodologicamente os 
objetivos e intencionalidades pedagógicos pré-concebidos. 
 
 
 
5 
 
6.4 Seleção de material de leitura para o ensino 
Para a seleção de materiais, o professor deve ter sensibilidade para o texto literário, o 
conhecimento a respeito das obras, edições e autores da história e conhecer as funções 
da literatura para que tenha condições de escolha adequada de textos para desenvolver 
atividades de formação de leitores. Este é um pressuposto. 
Como foi salientado anteriormente, o professor deve ser um leitor e conhecer seus 
materiais de ensino. O texto literário para crianças deve ser lido pelo professor de 
maneira analítica, crítica, fazendo uso de conceitos e interpretações de seu tempo. A 
forma de trabalhar o texto vai ser ponderada por este conhecimento amplo sustentado 
pelo professor no exercício de sua docência. 
Também é essencial que o professor tenha abertura para promover espaços para o 
conhecimento dos interesses dos alunos, bem como o conhecimento da produção 
literária clássica e canônica para crianças; o conhecimento de lançamentos recentes por 
intermédio de visitas a livrarias, leitura de catálogos, sites; atendimento à filosofia e aos 
princípios da educação contemporânea; atendimento às qualidades estéticas da 
literatura, sem preconceitos nem moralismos e a preferência por textos inovadores e 
emancipatórios. 
6.5. Autores contemporâneos 
A literatura infantil tem uma grande referência,como já foi observado, que consiste na 
presenta de Monteiro Lobato neste campo literário como um grande intérprete da 
cultura brasileira e um importante comunicador da linguagem para as crianças. Suas 
obras são muito marcantes em todo o imaginário infantil e inauguram a centralidade da 
criança em obras que consideram suas características psicológicas, o caráter lúdico e as 
formas que as culturas se configuraram no Brasil, tornando-se o verdadeiro precursor 
da Literatura Infantil no Brasil. 
 
 
 
 
6 
 
Em termos de pensamento e corrente literária, Lobato circulou pelo ambiente do 
modernismo, mas travou muitas situações polêmicas entre os modernistas quanto à 
publicação do conhecido texto Paranóia ou Mistificação, em 1917, influenciando as 
correntes vanguardistas europeias no modernismo brasileiro, o que poderia configurar 
uma nova forma de colonização. 
Após isso, Lobato escreveu Urupês, um livro de contos que é sua obra mais 
representativa fora do contexto da literatura para as crianças, e criou a figura do Jeca 
Tatu, difusa no pensamento brasileiro acerca dos conflitos culturais e morais que o 
compõem: 
Pobre Jeca Tatu! Como é bonito no romance e feio na realidade! Jeca Tatu é 
um Piraquara do Paraíba, maravilhoso epitome de carne onde se resumem 
todas as características da espécie. O fato mais importante da vida do Jeca é 
votar no governo. A modinha, como as demais manifestações de arte popular 
existente no país, é obra do mulato, em cujas veias o sangue recente do 
europeu, rico de ativismos estéticos, borbulha d’envolta com o sangue 
selvagem, alegre e são do negro. (LOBATO, 1959). 
O fato é que, a partir da primeira parte do século XX e durante todo o decorrer deste 
século, Lobato criou um imaginário infantil na literatura brasileira, trouxe para a criança 
seu lugar de protagonista da história e colocou seu pensamento como a engrenagem 
das regras que figuraram em suas obras; como Emília, aquela boneca com vida que 
pensa e age de maneira tão singular, criativa e que ganhou a atenção e o interesse de 
todo o país em termos e reconhecimento e fruição literária. 
Nesta linha precursora trilhada por Lobato, deve-se destacar que ao longo da década de 
1970 a literatura infantil inaugura um período extremamente fértil no Brasil. Mas essa 
tradição já foi enriquecida anteriormente com obras de autores atuantes na literatura 
em geral, como Mário Quintana e Clarice Lispector – do primeiro, destacam-se os livros 
clássicos: Pé de Pilão (1968), Lili inventa o mundo (1983) e Sapo Amarelo (1983, um livro 
de poesias). 
Dessa forma, as histórias de Lobato povoaram o imaginário infantil brasileiro e abriram 
um espaço de referência para a Literatura Infantil no país para além de sua referência 
escolar. Ocorrem novas formas de agrupamento temáticos das obras em relação à 
estilo, formas de narrativas, gêneros textuais, mas seguindo a tradição do projeto 
 
 
7 
 
estético e criativo aberto por Lobato. Dentre estes nomes, deve-se destacar como 
grandes referências os nomes de Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Lygia Bojunga Nunes, 
Ziraldo, João Carlos Marinho, entre outros, que desenvolveram, assim como Lobato, 
aspectos da crítica social, do humor, da aventura e de formas criativas de uso da 
linguagem. 
Em relação aos gêneros literários, a poesia infantil também se renovou apresentando 
trabalho específicos para as crianças a partir das obras de artistas renomados, como 
Henriqueta Lisboa, Cecília Meireles, Sidônio Muralha e Vinícius de Moraes. 
Ocorre também a mudança de paradigmas em relação à imagem exemplar da criança 
obediente e a cobrança pela sua passividade como forma de comportamento a ser 
alcançado e estimulado pelos livros. A criança passa a ser compreendida nas obras como 
aquele ser que requer espaço para expressão e para a criatividade diante das regras que 
a sociedade lhe impõe. 
Nesta trilha, Ruth Rocha e Ana Maria Machado são referências muito importantes, pois 
valorizam a capacidade de criatividade da criança como ser em crescimento que 
necessita da valorização da sua liberdade. Ruth Rocha é autora de muitos livros infantis 
e tornou-se, assim como Ana Maria Machado, um grande reduto de abordagens 
qualitativas sobre o universo infantil, que passou a configurar o campo da literatura 
infantil tanto nas escolas quanto nos lares das crianças. 
Além disso, os livros de Ruth Rocha também são muito comercializados, assim como o 
escritor Ziraldo, com sua obra O menino maluquinho, que rompe completamente com 
qualquer referência de obediência e submissão das crianças às regras da sociedade e do 
mundo adulto. Vale citar o Marcelo Marmelo Martelo, de Ruth Rocha, e visualizar um 
pouco da imagem da criança, concebida nos livros infantis a partir de uma ótica muito 
próxima de sua realidade: 
Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo: 
— Papai, por que é que a chuva cai? 
— Mamãe, por que é que o mar não derrama? 
— Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas? 
As pessoas grandes às vezes respondiam. 
Às vezes, não sabiam como responder. 
 
 
8 
 
— Ah, Marcelo, sei lá... 
Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas: 
— Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo? 
— Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos. 
— E por que é que não escolheram martelo? 
— Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de 
ferramenta... 
— Por que é que não escolheram marmelo? 
— Porque marmelo é nome de fruta, menino! 
— E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo? 
(ROCHA, 1976, p. 1-2). 
Nesse sentido, pode-se destacar algumas obras destes autores como: Bolsa Amarela, de 
Lygia Bojunga, publicado em 1976, que conta a história de uma menina que tem 3 
grandes vontades interessantes para a época – crescer, ser menino e escrever; Bisa Bia, 
Bisa Bel de Ana Maria Machado, que conta a história de uma menina chamada Isabel e 
sua relação com a sua bisavó Bia, que conheceu em um retrato de quando ela era 
pequena; a famosa história Lúcia Já-Vou-Indo de Maria Heloísa Penteado, de 1978, 
conta a história de uma lesma dirigindo-se com muita vagarosidade a uma festa; O 
Fantástico Mistério da Feiurinha, escrito por Pedro Bandeira e publicado em 1986, 
questiona os padrões da vida familiar nos moldes dos heróis e heroínas para o 
casamento e para os felizes para sempre; A Fada Que Tinha Ideias, de Fernanda Lopes 
de Ameida, de 1971, que adentra o imaginário das fadas e tem uma linda ilustração; o 
Clássico Ou Isto ou Aquilo de Cecília Meireles, publicado em 1964, representa ainda hoje 
uma obra magistral da literatura infantil brasileira; e o belíssimo Poemas Para Brincar 
de José Paulo Paes, de 1990. 
Outra autora muito interessante que se deve destacar neste rol é a Angela Lago, que 
escreveu, entre outras obras, alguns livros para crianças. Além de escritora, também foi 
ilustradora. Pode-se destacar: A festa no Céu (1995), que é uma linda adaptação desta 
história clássica; A flauta do Tatu (2005); O bicho Folharal (2005); e A casa da onça e do 
bode (2005), que fazem parte da coleção “Virando Onça”, elaborada pela autora a partir 
de uma bela associação entre palavra e ilustração. 
Neste mesmo caminho da relação entre palavra e ilustração, texto e desenho, vale 
destacar as obras de Eva Furnari, que recebeu alguns prêmios Jabuti na década de 1990, 
com obras muito interessantes sobre uma revisão acerca da figura das bruxas no 
 
 
9 
 
imaginário infantil; é o caso da publicação de 2006, com a Bruxinha Atrapalhada e as 
outras bruxinhas, compostas com o humor dos desenhos e dos textos. Eva Furnari é uma 
grande ilustradora e escritora, e possui uma intensa produção de livros infantis, que 
figuram as obras contemporâneas e abrangem diversos assuntos do cotidiano das 
crianças. 
Eva Furnari também foi somente ilustradora na perspectiva do livro infantil, e, neste 
caso, vale destacar a obra de Mário Quintana, chamada O Batalhão das Letras, publicadooriginalmente em 1948. Mário Quintana é um autor brasileiro que flerta com a literatura 
infantil, assim como podemos destacar autores estrangeiros que escreveram livros para 
as crianças, como Fernando Pessoa e Leon Tolstói. Dentre os brasileiros, pode-se 
destacar: O Menino Mágico, de Rachel de Queiroz, de 1969; Uma ideia toda azul, de 
Marina Colasanti, publicado em 1979; e Graciliano Ramos, que foi precedente a tudo 
isso ao publicar A Terra dos Meninos Pelados, em 1939, Histórias de Alexandre, em 1944, 
e O Estribo de Prata, uma obra póstuma destinada às crianças, publicada em 1984. 
6.6 De Clarice Lispector a Daniel Munduruku 
Diante da grande diversidade de obras infantis, vale fazer o exercício de valorizar a 
produção da literatura nacional e analisar suas facetas. 
As escolhas das obras devem abranger o arcabouço literário nacional e internacional, 
uma vez que há riqueza infinita de histórias populares e infantis oriundas da cultura 
brasileira, que exprime matrizes portuguesas, indígenas e africanas, bem como histórias 
universais que fazem parte do imaginário mundial da literatura infantil. Atualmente, 
muitos livros infantis são traduções de obras estrangeiras e que representam a 
diversidade do mercado editorial na área da literatura infantil. 
Diante disto, serão expostos dois exemplos interessantes: Clarice Lispector para crianças 
e Daniel Munduruku, indígena da etnia mundurucu que escreve muitos livros sobre sua 
cultura e livros para crianças. 
 
 
 
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Clarice escreveu as obras O mistério do coelho pensante (1967), A mulher que matou os 
peixes (1968), A vida íntima de Laura (1999), Quase de verdade (1978), Doze lendas 
brasileiras – Como nasceram as estrelas (1977). Muitas vezes não se imagina que Clarice 
tenha publicado tantos livros para o público infantil e, o mais interessante, são obras em 
um padrão narrativo e estético extremamente valorizado pela literatura nacional e seu 
repertório cultural, social e psicológico. 
Daniel Munduruku, escritor indígena, graduado em Filosofia e Psicologia, escreve há 
vinte anos obras referentes a sua cultura, à cultura indígena em termos genéricos e 
textos direcionados especificamente às crianças. Há que se desfazer o tratamento dado 
à literatura indígena como literatura para crianças ou lendas, são tipos e gêneros de 
texto diferentes. Os textos indígenas pensados para as crianças têm objetivos diferentes 
daqueles que concebem uma cultura e são chamados pela cultura dominante de lenda. 
Daniel escreveu obras como Kabá Darebu (2008), Como surgiu, mitos indígenas 
brasileiros (2011), O Banquete dos Deuses (2009), entre muitas outras. 
Conclusão 
A proposta deste bloco foi comentar aspectos dos procedimentos e avaliação da leitura, 
focalizando em aspectos do texto literário. Ao final, são citados alguns exemplos de 
autores que escreveram e escrevem para crianças, mas também para adultos, e 
representam importante arcabouço da cultura literária brasileira na sua configuração 
moderna. 
Referências Bibliográficas 
BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito da leitura. Tradução de Octavio Mendes 
Cajado. SP: Cultrix, 1977. 
ROCHA, R. Marcelo Marmelo Martelo e outras histórias. Salamandra Editorial, Rio de 
Janeiro, 1976. 
LOBATO, J. B. R. de M. (1959). Urupês. Obras Completas, 1. São Paulo: Brasiliense, pp. 
277.

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