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Aula 03 - Administração clássica - a estrutura organizacional e o papel do gestor

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Capítulo 3
Administração 
clássica: a estrutura 
organizacional e o 
papel do gestor
Este capítulo tem o seu foco no segundo componente das chamadas 
Teorias Clássicas da Administração: a Teoria Administrativa (ou Escola 
Normativa), que tem Henry Fayol como principal autor. As teorias pro-
postas por Fayol surgiram de forma quase simultânea à apresentação 
da administração científica de Frederick Taylor, estudada no capítulo 2.
A Teoria Administrativa se notabiliza por uma abordagem diferente 
da proposta pela administração científica. Enquanto a administração 
científica tem uma abordagem que se inicia no “chão de fábrica” e se 
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.estende à alta gerência, a Teoria Administrativa apresenta um fluxo in-
verso: do todo, a organização em si, para as partes componentes, isto é, 
os departamentos que formam a organização.
As Teorias Clássicas da Administração são um campo relativamente 
recente de estudo. A administração como um campo de estudo distinto 
das demais cadeiras, como a engenharia, é recente e as teorias mais 
relevantes escritas datam após 1900.
1 Henry Fayol e a Teoria Administrativa
Henry Fayol foi o teórico mais influente da Teoria Administrativa. 
Formado engenheiro de minas, Fayol fez carreira na indústria de mine-
ração e trabalhou por todos os 58 anos de sua carreira administrativa na 
mesma organização. O desenvolvimento profissional de Fayol, inician-
do sua carreira como engenheiro e finalizando-a como executivo-chefe 
de empresa – que, em 2017, compunha o maior grupo de mineração e 
metalurgia da França –, teve influência direta em sua abordagem, seus 
estudos e suas proposições.
Conforme Silva (2008), em um de seus primeiros trabalhos, Fayol 
notou que as recomendações dos especialistas técnicos poderiam ser 
comprometidas por práticas administrativas falhas. Além disso, Fayol 
separou a habilidade administrativa do conhecimento técnico com a 
seguinte afirmação: “um líder que seja bom administrador, mas tec-
nicamente medíocre, é geralmente muito mais útil à empresa do que 
se ele fosse um técnico brilhante, mas um administrador medíocre” 
(FAYOL apud SILVA, 2008, p. 133). Ou seja, o sucesso organizacional 
reside também nas habilidades administrativas de seus líderes.
Fayol notou que havia muita teorização por parte dos administrado-
res, que apresentava diversas contradições e pouca reflexão sistêmica 
quando colocada em prática. Para Fayol, o administrador deveria ter as 
seguintes características: qualidades físicas (saúde e vigor), mentais 
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(habilidade de aprender) e morais (responsabilidade e lealdade), além 
de conhecimento geral (familiaridade com outros assuntos não rela-
cionados à função desempenhada), especial (conhecimento peculiar 
à função) e vivencial (conhecimento obtido com o trabalho). Os ele-
mentos da Teoria Administrativa, em sua essência, se projetam para a 
organização de coisas. 
Aqui vale a diferenciação proposta por Chiavenato (2010) entre os 
conceitos de administrar e organizar: “administrar” é um conjunto mais 
amplo do qual “organizar” faz parte; “organizar” representa o ato de in-
tegrar e estruturar os órgãos e os recursos envolvidos, bem como de-
finir as relações dos agentes envolvidos. “Administrar”, por outro lado, 
envolve as atividades de comandar, controlar, organizar e prever. Fayol 
(1978) propõe as seguintes funções administrativas:
Quadro 1 – Teoria Administrativa: funções administrativas
FUNÇÃO DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO
Prever Visualizar o futuro e traçar o programa de ação a médio e longo prazos
Organizar Constituir a estrutura, material e humana, para realizar o empreendimento da organização
Comandar Dirigir e orientar o pessoal para mantê-lo ativo na organização
Coordenar Ligar e harmonizar todos os atos e os esforços coletivos
Controlar Cuidar para que tudo se realize conforme os planos da organização
Fonte: Fayol (19781).
1 A obra original de Fayol data de 1916, tendo diversas reimpressões. 
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.IMPORTANTE 
Para Decenzo e Robbins (2004), planejamento é o processo de determi-
nar objetivos e avaliar a melhor forma de alcançá-los. O planejamento 
proporciona direção, reduz o impacto das mudanças e estabelece pa-
drões para facilitar o controle. Na era da informação, associam-se ao 
planejamento a rigidez excessiva, a incapacidade de respostas na velo-
cidade esperada, a limitação da capacidade criativa, etc. O administra-
dor deve saber que o planejamento foca a atenção nos desafios atuais 
para a sobrevivência futura da organização.
 
 Fayol estabelece que todas as atividades ou operações de uma or-
ganização podem ser divididas em seis grupos (CHIAVENATO, 2014):
1. Técnicas: transformação de bens e serviços.
2. Comerciais: transações de compra, venda e permutas.
3. Financeiras: captação e bom uso do capital.
4. Contábeis: controles e registros das despesas operacionais.
5. Segurança: preservação e proteção de ativos e pessoas.
6. Administrativas: coordenação e sincronização das demais fun-
ções (previsão, organização, comando, coordenação e controle).
Para Fayol, a base do processo era o desenvolvimento de um plano 
formal de ação, descrito como “uma espécie de quadro onde os even-
tos próximos são definidos com alguma distinção, enquanto eventos 
distantes aparecem progressivamente, menos diferenciados” (FAYOL 
apud SILVA, 2008, p. 137). Conforme Chiavenato (2010), as funções es-
tabelecidas por Fayol passaram a ser denominadas áreas. Dentro das 
organizações atuais, são comumente encontradas as seguintes áreas: 
operações/produção, marketing, finanças e recursos humanos.
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PARA PENSAR 
Decenzo e Robbins (2004) nos apresentam a distinção entre os planos 
estratégico e tático. Os primeiros cobrem um período de tempo exten-
so, entre 5 e 6 anos de projeção; os planos táticos, por sua vez, cobrem 
períodos de tempo maiscurtos e situações mais específicas de eventos 
com menor assimetria de informação. 
Você consegue identificar alguma semelhança entre conceitos extrema-
mente atuais, presentes em nosso cotidiano corporativo, com o plano 
de ação formal proposto por Fayol há mais de 80 anos?
 
A obra original de Fayol apresentou os 14 princípios gerais de ad-
ministração segundo a Teoria Administrativa. Na prática administrati-
va contemporânea, esses princípios ainda são considerados úteis por 
grande parte dos administradores. De acordo com Chiavenato (2014), 
os 14 princípios da perspectiva clássica de Fayol podem ser assim 
resumidos: 
1. Divisão de trabalho: a especialização das tarefas e das pessoas, 
objetivando aumento da eficiência.
2. Autoridade e responsabilidade: deve haver o equilíbrio entre “dar 
ordem”, “esperar obediência” e “prestar contas”.
3. Disciplina: aplicação, energia, obediência e respeito dos trabalha-
dores devem ser empregados de forma ordenada, incluindo apli-
cação criteriosa de penalidades.
4. Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de 
apenas um superior.
5. Unidade de direção: apenas uma “cabeça” e um “plano” para as 
atividades que tenham o mesmo objetivo.
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6. Subordinação dos interesses individuais: os interesses da orga-
nização devem se sobrepor aos interesses de uma pessoa ou a 
um grupo(s) de pessoas.
7. Remuneração do pessoal: a remuneração deve ser justa e re-
compensar o “bom desempenho”, inclusive utilizando recompen-
sas não financeiras.
8. Centralização: a utilização da concentração de autoridade como 
modo de diminuir a importância do papel do subordinado.
9. Hierarquia: os níveis hierárquicos mais baixos devem manter os 
níveis hierárquicos mais altos informados sobre suas atividades 
de trabalho.
10. Ordem: para maior coordenação e eficiência, deve haver um lugar 
para cada recurso material e humano da organização.
11. Equidade: aplicar e executar as convenções estabelecidas, inter-
pretando-as para tratar todos os empregados igualmente.
12. Estabilidade do pessoal: a retenção dos trabalhadores mais pro-
dutivos deve ser prioridade, evitando prejuízos para a eficiência 
da organização.
13. Iniciativa: capacidade de visualizar um plano e assegurar, de ma-
neira pessoal, o seu sucesso.
14. Espírito de equipe: a harmonia e a união entre as pessoas são 
grandes forças para a organização.
Os princípios da Teoria Administrativa evidenciam, assim, a pres-
crição das funções do administrador e os princípios que devem ser ado-
tados em sua atividade. O caráter normativo e prescritivo dessa teoria 
indica a aplicação de uma “receita de bolo”. Silva (2008, p. 138) aponta 
os princípios gerais da teoria clássica ao afirmar que “não existe nada 
rígido ou absoluto quando se trata de problemas de administração”. Os 
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elementos da Teoria Administrativa foram formulados para organizar 
esforços, obter vantagens por meio da especialização, característica si-
milar à administração científica. Assim, os pressupostos de ambas as 
teorias evitam o comportamento casual/empírico, além de outros even-
tuais traços de desorganização (SILVA, 2008).
2 A obra dos autores clássicos e a Teoria 
Administrativa
Entre as décadas de 1920 e 1930, período no qual se iniciou a primei-
ra fase de expansão das atividades de consultoria nos Estados Unidos 
e na Europa, alguns teóricos complementaram os conceitos propostos 
por Fayol (CHIAVENATO, 2010; SILVA, 2008).
 • Luther Gulick: ampliou o processo de Fayol e desenvolveu o 
POSDCOR: planejamento (planning), organização (organizing), as-
sessoria (staffing), direção (directing), coordenação (coordinating), 
informação (reporting) e orçamentação (budgeting). Embora vis-
se a administração como algo universal, suas proposições foram 
aplicadas primeiramente para a administração governamental.
 • Lyndall Urwick: compilador e divulgador das ideias de Fayol, 
também adicionou alguns princípios. Propunha a especializa-
ção (pessoa ocupando uma só função), autoridade (clareza 
na linha de autoridade presente), amplitude administrativa (o 
superior deve ter um número máximo de subordinados) e defi-
nição (deveres, autoridade e responsabilidade devem estar for-
malizados e comunicados a todos). Urwick ainda subdividiu o 
elemento “prever” da administração em investigação, previsão 
e planejamento.
 • James Mooney e Alan Reiley: estabeleceram os Princípios da 
Eficiência Organizacional e o alcance do “lucro por meio do serviço”. 
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Determinaram que a organização eficiente era baseada no forma-
lismo e que todas as estruturas sólidas de organização se basea-
vam em relações “superior-subordinado”.
Ao analisarmos os seguidores da Teoria Administrativa, é importante 
retomarmos a reflexão proposta por Silva (2008) em relação aos princí-
pios da Teoria Administrativa de Fayol. A Teoria Administrativa nos traz 
as especializações “vertical” e “horizontal”. A cadeia escalar de Fayol, 
conforme proposto por Chiavenato (2010), estabelece que a cadeia de 
comunicação deve passar por todos os níveis hierárquicos até chegar 
ao seu destino. Além disso, a estrutura organizacional apresenta órgãos 
de linha que se dedicam exclusivamente às suas atividades e órgãos 
staff, os chamados “prestadores de serviços internos”, conforme mos-
tra a figura 1.
Figura 1 – Teoria Administrativa: hierarquia de Fayol 
Presidente
Diretor
Gerente
Chefe
Supervisor
Executor J
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Fonte: Chiavenato (2014, p. 124). 
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A função dos órgãos staff2 é permitir que os órgãos de linha pos-
sam se dedicar somente aos seus objetivos, oferecendo serviços de 
assessoria e de consultoria. A autoridade desses órgãos é essencial-
mente apoiada na sua especialização (trade-off3 entre especialização e 
coordenação, que já estudamos).
Figura 2 – As atividades da empresa
Técnicas
Comerciais
Financeiras
Contábeis
Segurança
Previsão
Organização
Comando
Coordenação
Controle
Administrativas
Fonte: Silva (2008, p. 136). 
Além das especializações“vertical” e “horizontal”, a Teoria 
Administrativa trabalha com a proporcionalidade adminis-
trativa (CHIAVENATO, 2010). O que seria isso? Conforme su-
bimos na escala hierárquica, aumenta-se a proporção de 
atividades administrativas e diminui-se a proporção das não 
administrativas.
2 Conjunto das pessoas/grupo de indivíduos que compõem o quadro de uma organização, assessorando 
de alguma forma.
3 Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma situação em que há conflito de escolha. Caracteriza-
se como uma ação econômica para resolução de um problema, mas que acaba acarretando outro, o que 
gera a obrigação de uma escolha. Em outras palavras, um trade-off ocorre quando se abre mão de algum 
bem ou serviço distinto para se obter outro bem ou serviço distinto. 
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Figura 3 – Teoria Administrativa: proporcionalidade das funções administrativas
Direção
Níveis
hierárquicos:
Gerência
Supervisão
Funções administrativas:
Prever
Organizar
Comandar
Coordenar
Controlar
Funções não administrativas:
Técnicas
Comerciais
Financeiras
Segurança
Contábeis
Fonte: Chiavenato (2014, p. 84). 
3 Implicações da Teoria Administrativa
Assim como a administração científica, a Teoria Administrativa de 
Fayol não foi imune às críticas. Chiavenato (2010) elenca as principais 
críticas em relação às propostas dessa corrente teórica.
 • Abordagem prescritiva e normativa: dita as regras de conduta 
aos administradores das organizações.
 • Abordagem simplificada da organização formal: por meio de es-
quemas lógicos, estabelece as regras pelas quais os administra-
dores devem trabalhar.
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 • Ausência de trabalhos experimentais: o caráter prescritivo e nor-
mativo apresenta poucos critérios e pesquisas científicas.
 • Extremo racionalismo no conceito de administração: utilização 
de abstracionismo e formalismo levam à superficialidade e à falta 
de realismo.
 • Teoria da máquina: assim como a contemporânea administra-
ção científica, a organização é vista de maneira mecanicista.
 • Abordagem incompleta da organização: não há menção em re-
lação à organização informal e às relações humanas presentes 
nas organizações.
 • Abordagem de sistema fechado: analisa a organização de forma 
desconexa ao ambiente no qual está inserida.
Em Silva (2008, p. 140), encontramos um complemento à aprecia-
ção crítica da teoria administrativa. A abordagem do processo universal 
estabelece que todas as organizações (públicas, privadas, grandes e/
ou pequenas) requerem o mesmo processo racional baseado nas se-
guintes considerações principais: “ainda que os propósitos variem, um 
processo básico de administração permanece o mesmo em todas as 
organizações” e “o processo de administração universal pode ser redu-
zido a um conjunto de funções separadas e princípios relacionados”.
Lyndall Urwick, um dos seguidores de Fayol que mencionamos ante-
riormente, critica a Teoria Administrativa e propõe que o “fator pessoal” 
deva ser desconsiderado pela organização e ser analisado como admi-
nistração de pessoal, como uma disciplina especial. Essa reflexão trou-
xe uma nova dimensão de estudo: a organização informal, contrapon-
do-se à concepção de Fayol, que enfatizava o elemento pessoal como 
objeto fundamental da função de organizar.
Os trabalhos de Fayol e Taylor não se contrapõem. Fayol insistia que 
ambos os trabalhos procuravam a melhoria administrativa por meio de 
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.diferentes caminhos de análise, complementando o pensamento cien-
tífico ao mostrar como processos administrativos complexos podem 
ser separados em áreas interdependentes de responsabilidades e/ou 
funções. Taylor se aprofundou no estudo do posto de trabalho do exe-
cutor e Fayol nos problemas de interesse da administração por meio da 
abordagem do processo universal.
O taylorismo e o fayolismo se apresentam como duas soluções 
para um mesmo problema: o trabalho humano. Enquanto as teorias de 
Taylor focam nas condições de trabalho, Fayol se preocupa com a admi-
nistração da empresa. Assim, a teoria proposta por Fayol complementa 
e valida a administração científica de Taylor. 
Considerações finais
Neste capítulo, analisamos a Teoria Administrativa proposta por Fayol 
e que surgiu de forma quase concomitante à administração científica de 
Taylor. Diferentemente do que se pensava na época, o taylorismo e o fayo-
lismo procuravam, por caminhos diferentes, a melhoria administrativa. 
Enquanto a administração científica tinha uma abordagem “de baixo para 
cima”, os princípios apresentados por Fayol abordavam a seguinte situ-
ação: recomendações técnicas se tornavam ineficientes diante de pro-
cedimentos administrativos falhos. Enquanto a proposta de Taylor dava 
ênfase nas tarefas, a proposta de Fayol enfatizava a estrutura.
Fayol estabeleceu as funções administrativas, elementos da adminis-
tração que constituem o trabalho do administrador, independentemente 
de seu nível hierárquico ou da área de atividade. A Teoria Administrativa 
também distingue o “organizar” do “administrar”, em que a função de 
administrar se torna um conceito mais amplo. 
De maneira complementar, conhecemos as especializações em li-
nha e em staff, além da proporcionalidade das funções administrativas 
ao longo da cadeia de comando. Como estudamos neste capítulo, os 
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níveis mais altos das organizações têm menor foco em atividades não 
administrativas. Embora a Teoria Administrativa seja alvo de críticas, ela 
é uma ferramenta importante para entendermos o funcionamento das 
organizações. 
Referências
CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à teoria das organizações. São Paulo: 
Manole, 2010.
_________. Teoria geral da administração: abordagens, perspectivas e normati-
vas. São Paulo: Manole, 2014.
DECENZO, David; ROBBINS, Stephen P. Fundamentos de administração: con-
ceitos essenciais e aplicações. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2004.
FAYOL, Henri. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas, 1978.
SILVA, Reinaldo O. Teoria da administração. São Paulo: Pearson, 2008.

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