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TEORIAS E FUNÇÕES ORGANIZACIONAIS GILBERTO ANTONIO FAGGION EDITORA UNISINOS 2011 APRESENTAÇÃO Este livro busca ser um apoio para os cursos em Educação a Distância – EAD da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, nas atividades acadêmicas relacionadas a introduzir o aluno ao estudo da administração. É um livro estruturado a partir das principais competências que o estudante deverá desenvolver, que são: capacidade de identificar diferentes modelos de gestão nas organizações; capacidade de contextualizar a ação das organizações em seus ambientes socioculturais; capacidade de auxiliar em funções administrativas de planejamento, organização, direção e controle e outras atividades dentro dos mais diversos níveis da estrutura organizacional; capacidade de compreender as articulações entre as áreas-chave da empresa: recursos humanos, produção, finanças, logística, marketing e outras; capacidade de reconhecer e interpretar as diferentes formas de estruturação das organizações e a inter-relação e interdependência dessas formas com as funções administrativas e com as diferentes áreas de ação da organização. É importante esclarecer ao leitor que este livro não tem o propósito de esgotar o assunto, assim como não é um compêndio completo dos temas abordados, cada capítulo ou seções trazem assuntos que poderiam ser obra de um livro inteiro. Assim, este livro foi pensado e dirigido a alunos iniciais de administração, para formarem uma visão geral dos conteúdos da área e para serem introduzidos ao desenvolvimento das competências citadas anteriormente, visto que serão retomadas em outras atividades ao longo do curso. Optou-se por dividir os assuntos em capítulos bem dirigidos, os quais foram divididos em seções, a fim de permitir uma melhor organização das ideias e facilitar ao leitor a busca de informações. Procurou-se apresentar os conteúdos essenciais de cada tópico, de forma objetiva e sintética. Além disso, em seu início, cada capítulo apresenta um resumo, e, ao final, há a indicação de estudos complementares e das referências utilizadas. Quanto aos estudos complementares, ressalta-se que indicam por onde o leitor poderia começar a seguir para aprofundar os seus conhecimentos, pois, conforme mencionado, cada capítulo representa uma vasta área de estudos e pesquisas da administração e, devido a isso, neste livro não é possível tratá-los em todas as suas dimensões. Assim, o livro é constituído por quatro partes. A primeira parte denomina-se “Administração contemporânea e escolas de administração”. Nela abordam-se os primórdios da administração e as principais teorias que formam os fundamentos desta área, como a administração científica, a teoria clássica, a teoria da burocracia, a teoria das relações humanas, a teoria comportamental, a estruturalista, a neoclássica, a teoria de sistemas e a da contingência. Finalizando esta primeira parte, conceituam-se algumas das atuais tendências da administração. A segunda parte intitula-se “Processo administrativo e suas funções”, na qual se estudam as funções de planejamento, organização, direção e controle. A terceira parte chama-se “Visão sistêmica das áreas-chave das organizações”. Nela identificam-se as principais áreas que compõem uma organização, como marketing, operações, finanças, logística e recursos humanos, e estabelecem-se as suas interdependências com os meios interno e externo à empresa. A quarta parte intitula-se “Estruturas organizacionais”, na qual se estudam os elementos que influenciam e determinam as estruturas organizacionais, e apresentam- se diferentes tipos de estruturas utilizados nas organizações. Espera-se que o livro proporcione uma visão geral dos conceitos fundamentais de administração e permita ao leitor uma aprendizagem profícua desta área desafiante e tão necessária para as organizações atuais. A todos e todas se deseja uma excelente leitura! Porto Alegre, 25 de janeiro de 2010. Gilberto Antonio Faggion SUMÁRIO PARTE I ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA E ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO CAPÍTULO 1 – ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO 1 Antecedentes históricos 2 Influências da Igreja Católica Romana, dos exércitos e da Revolução Industrial CAPÍTULO 2 – ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA 1 Organização Racional do Trabalho – ORT 2 Princípios de administração científica 3 Princípios de administração de Ford CAPÍTULO 3 – TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO 1 Funções essenciais das empresas e funções administrativas 2 Princípios gerais de administração para Fayol CAPÍTULO 4 – MODELO BUROCRÁTICO DE ORGANIZAÇÃO 1 Os fundamentos da organização burocrática 2 Disfunções da burocracia 3 Dimensões da burocracia CAPÍTULO 5 – TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS 1 As conclusões da Experiência de Hawthorne 2 A organização informal CAPÍTULO 6 – TEORIA COMPORTAMENTAL DA ADMINISTRAÇÃO 1 A escola comportamental 2 Hierarquia das necessidades humanas 3 Teoria dos dois fatores 4 Sistemas de administração 5 Teoria X e Y 6 Teoria das decisões 7 Teoria da aceitação de autoridade CAPÍTULO 7 – TEORIA ESTRUTURALISTA DA ADMINISTRAÇÃO 1 A abordagem múltipla da teoria estruturalista 2 Dilemas e conflitos organizacionais CAPÍTULO 8 – TEORIA NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO 1 Características da teoria neoclássica 2 Elementos de ação administrativa 3 Administração Por Objetivos – APO CAPÍTULO 9 – TEORIA DE SISTEMAS NA ADMINISTRAÇÃO 1 Conceito de sistema 2 Parâmetros dos sistemas 3 Características da organizações como sistemas abertos 4 O modelo sociotécnico de Tavistock CAPÍTULO 10 – TEORIA DA CONTINGÊNCIA 1 A concepção de contingência na administração 2 Pesquisas geradoras da teoria da contingência CAPÍTULO 11 – TENDÊNCIAS MODERNAS DA ADMINISTRAÇÃO 1 Benchmarking 2 Melhoria contínua 3 Qualidade total, downsizing e terceirização 4 Reengenharia 5 Gestão do conhecimento 6 Responsabilidade social empresarial PARTE II PROCESSO ADMINISTRATIVO E SUAS FUNÇÕES CAPÍTULO 12 – PLANEJAMENTO EMPRESARIAL 1 O processo de planejamento e seus tipos 2 Etapas do planejamento estratégico 3 Tipos de planos operacionais CAPÍTULO 13 – ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL 1 A função de organização 2 Elementos de organização CAPÍTULO 14 – DIREÇÃO EMPRESARIAL 1 A função de direção 2 Elementos de direção CAPÍTULO 15 – CONTROLE EMPRESARIAL 1 O processo de controle 2 Tipos de controle organizacional PARTE III VISÃO SISTÊMICA DAS ÁREAS-CHAVE DAS ORGANIZAÇÕES CAPÍTULO 16 – MARKETING E FINANÇAS 1 A área de marketing 2 A área de finanças CAPÍTULO 17 – OPERAÇÕES E LOGÍSTICA 1 A área de operações 2 A área de logística CAPÍTULO 18 – RECURSOS HUMANOS 1 A administração de recursos humanos 2 Principais funções da área de recursos humanos PARTE IV ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS CAPÍTULO 19 – ELEMENTOS CONDICIONANTES DE UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 1 O conceito de estrutura organizacional 2 Elementos contingenciais que afetam a estrutura CAPÍTULO 20 – ALGUNS TIPOS DE ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS 1 Modelos de estruturas organizacionais 2 Tipos de departamentalização Parte I ADMINISTRAÇÃO CONTEMPORÂNEA E ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO Abordam-se os primórdios da administração e, em seguida, as teorias que formam os fundamentos da administração: a administração científica, a teoria clássica e a teoria da burocracia. Posteriormente, serão enfocadas a teoria das relações humanas como outra visão para as abordagens mais clássicas, a teoria comportamental como uma evolução dela, e teorias mais abrangentes e integradoras: a estruturalista e a neoclássica. Depois, serão estudadas as teorias de sistemas e da contingência e, também, algumas das atuais tendências da administração, como o benchmarking, a melhoria contínua, a qualidade total, o enxugamento, a terceirização, a reengenharia, a gestão do conhecimento e a responsabilidade social empresarial. CAPÍTULO 1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO Neste capítulo evidencia-se que a administração, apesar de ser um produto do século XX, é resultado de séculos de conhecimento humano. Para realizar os grandes empreendimentos que até hoje testemunham asobras dos povos antigos, houve administradores capazes de planejar, organizar, dirigir e controlar os esforços humanos e os recursos materiais para o alcance de objetivos e metas específicos. Particularmente a Igreja Católica Romana, as organizações militares e a Revolução Industrial têm uma influência direta na formação e na aplicação de conhecimentos de administração nas organizações. 1 Antecedentes históricos Nos primeiros agrupamentos e sociedades humanas, já é possível identificar a atividade de administração, na medida em que um bando humano projetava o que faria, que se organizava e se preparava para as suas ações, que havia algum tipo de liderança e que, de alguma maneira, verificava até que ponto conseguia atender aos seus propósitos. Neste sentido, a história da humanidade é uma fonte de ideias para a administração, pois traz evidências de modelos de gestão empregados nos mais variados contextos, situações e momentos. Civilizações como a suméria, a persa, a babilônica, a assíria, a hitita, a egípcia, a hebraica, a chinesa, a romana, a grega, a maia, a inca e outras deveriam ter administradores eficazes, pois grandiosas foram as suas realizações e legados. Nelas verifica-se que a administração está relacionada aos reinos, impérios, dinastias, exércitos, organizações religiosas, territórios, cidades, estradas, aquedutos, irrigações, esgotos, construções, arquitetura, códigos, impostos, leis, comércio, navegação e outras atividades humanas. Assim, antes da Revolução Industrial (meados do século XVIII), quando surgem as empresas industriais, há atividades de administração, apesar de que nem sempre com uma concepção explícita de obter lucros privados para uma empresa. Observa-se também que para as mesmas questões foram dadas soluções diferentes, dependendo do ambiente em que foram geradas e do período em que surgiram. Ressalta-se que, às vezes, num período é possível encontrar um mesmo problema ou oportunidade para o qual foram dados rumos diversos, em função das concepções e do meio em que se encontravam os seus participantes. Por exemplo, no auge da Grécia Clássica, na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), encontram-se dois modelos de governo em disputa, frutos de conceitos divergentes de como conduzir uma sociedade, a monarquia militarizada espartana e a democracia ateniense. Isso ainda ocorre nas organizações atuais, nas quais se verifica que nem todas apresentam uma decisão igual diante de situações aparentemente idênticas. Há, então, uma série de variáveis que interferem nas decisões organizacionais, sejam elas mais simples ou complexas. Desta forma, os atuais conceitos de administração provêm, em parte, de uma evolução das ideias de administradores de diferentes tempos e locais, que desenvolveram soluções para problemas específicos de suas épocas, e, em parte, de estudos e pesquisas realizados a partir da Revolução Industrial, e principalmente nos séculos XIX e XX, que buscaram encontrar meios para melhor gerenciar as organizações em sua complexidade. A seguir, não se tem o objetivo de apresentar uma cronologia completa das origens do pensamento administrativo, mas sim ressaltar que antes do século XX houve inúmeras contribuições para o avanço da administração, evidenciando que há tempo procuram-se soluções para os problemas e questões que surgiram na área de gestão. Assim, cada época apresentou desafios para os gestores, os quais procuraram lhes dar respostas, que foram formando o campo de conhecimentos da administração (CHIAVENATO, 2003; MAXIMIANO, 2002; GEORGE JR. apud LODI, 1978). a. Entre 4000 a.C. e 2000 a.C., os egípcios já evidenciam a importância do planejamento, da organização e do controle. Inclusive há evidências de descentralização organizacional, do uso de ordens escritas e do pagamento de salários em função da produção realizada. b. Em 2256 a.C., na China, o imperador Yao empregou o princípio da assessoria (staff) para a administração pública. c. Em 1491 a.C., os hebreus utilizam princípios de organização, como a ideia de cadeia escalar. d. Em 284, em Roma (Itália), Dioclécio trata da delegação de autoridade. e. Em 1436, o Arsenal de Veneza (Itália) já utiliza controles contábeis e inventários. f. Em 1776, na Inglaterra, Adam Smith indica que a divisão do trabalho e a especialização dos operários geram maior produtividade. g. Em 1800, na Inglaterra, James Watt e Mathew Boulton propõem a padronização dos procedimentos e tempos operacionais, métodos de trabalho e incentivos econômicos. h. Em 1810, na Inglaterra, Robert Owen enfatiza a importância de práticas de administração de pessoal, tais como os treinamentos dos trabalhadores. i. Em 1832, na Inglaterra, Charles Babbage enfatiza a importância da abordagem científica, da especialização, da divisão do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos. j. Em 1871, na Inglaterra, W. S. Jevons pesquisa os movimentos humanos e o impacto na fadiga humana das ferramentas utilizadas. k. Em 1886, nos Estados Unidos, Henry Metcalfe e Henry Towne abordam a ciência da administração. Observa-se então, através destes exemplos, que, apesar da administração moderna ser um resultado característico do século XX, houve inúmeras contribuições específicas para a sua prática antes de Taylor e Fayol. Ela é o resultado de contribuições cumulativas de inúmeros precursores que ao longo dos séculos foram desenvolvendo e divulgando as soluções que encontraram para os problemas de suas épocas, até o seu surgimento como uma área específica do conhecimento humano. 2 Influências da Igreja Católica Romana, dos exércitos e da Revolução Industrial A Igreja Católica Romana é uma organização com mais de dois mil anos e, sem dúvida, ao estudá-la melhor em termos de administração pode-se aprender muito com ela. Por exemplo, práticas de administração moderna já são encontradas há centenas de anos na Igreja, como a hierarquia de autoridade, a unidade de comando e de direção, o princípio escalar, a constituição de assessorias ou staffs, a utilização de normas escritas, o emprego de uniformes, a padronização de atividades, a departamentalização e muitas outras contribuições. Os exércitos, assim com a Igreja Católica Romana, são muito antigos e já passaram pelas mais variadas situações, o que levou a diversas soluções organizacionais, as quais também contribuem para o estudo e a prática da administração. Praticamente todas as contribuições observadas na Igreja estão presentes nas organizações militares através dos tempos, como também estratégias e táticas, divisão horizontal e vertical do trabalho, especialização, disciplina, regulamentos, procedimentos, graus de autoridade e de responsabilidade, delegação de autoridade, princípios de logística, sistemas de controle e outros. A Revolução Industrial torna-se particularmente importante no estudo da administração por ser o elemento desencadeador da necessidade de haver uma administração como hoje é concebida e praticada, que busca tanto a eficiência quanto a eficácia. A primeira Revolução Industrial ocorre entre 1780 e 1860, marcada pela utilização do carvão e do ferro, e a segunda acontece entre 1860 e 1914, caracterizada pelo emprego do aço e da eletricidade. A partir desde período surgem duas novas classes sociais, os burgueses, que detêm os meios de produção, e os proletários, que vendem a sua força de trabalho, geralmente pessoas que migraram dos campos para as cidades emergentes. Particularmente, a Segunda Revolução Industrial provocou inúmeras transformações que aceleraram o ritmo das organizações, como a energia elétrica e o petróleo, que substituem o vapor, e a substituição do ferro pelo aço (mais leve e maleável) como matéria-prima. É a época em que as máquinas automatizadas são introduzidas nas empresas e em que os mercados começam a se expandir, o que exige novos métodos de produção e de organização do trabalho. Aos poucos há uma ruptura com as estruturas corporativas da Idade Média, surgem novas cidades, aumenta a população, há uma crescente substituição do homem pela máquinae a aplicação do progresso científico à produção leva à necessidade de uma administração cada vez mais profissionalizada. ESTUDOS COMPLEMENTARES O livro de Lodi (1978) proporciona uma boa visão geral de toda a história da administração. Também, os capítulos iniciais de muitos livros de teorias da administração, como o de Maximiano (2002), apresentam um apanhado sintético das principais contribuições que a área recebeu ao longo dos séculos. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Os primórdios da administração. In: ____. Introdução à teoria geral da administração. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Parte II, p. 25-45. LODI, João B. O século XIX. In: ____. História da administração. 6 ed. São Paulo: Pioneira, 1978. Cap. II, p. 13-27. MAXIMIANO, Antonio C. A. Da revolução urbana à revolução industrial. In: ____. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2002. Cap. 3, p. 73- 98. CAPÍTULO 2 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Neste capítulo estuda-se a contribuição de Taylor para a administração científica, caracterizando a Organização Racional do Trabalho – ORT como o estudo dos tempos e movimentos, da fadiga humana, da divisão do trabalho, da especialização do operário, do desenho de cargos e tarefas, dos incentivos salariais e dos prêmios de produção, da padronização, do princípio da exceção e a proposição da supervisão funcional. Também se especificam os princípios de administração científica: planejar, preparar, controlar e executar. Ainda citam-se os princípios básicos de Ford: intensificação, economicidade e produtividade. 1 Organização Racional do Trabalho – ORT Frederick W. Taylor (1856-1915), engenheiro norte-americano, é o principal representante da teoria da administração científica. Ele publicou em 1911 o livro Principles of Scientific Management (Princípios de Administração Científica), o qual se tornou referência nos estudos de administração de empresas. Outro livro, também conhecido e que precedeu a este, foi Shop Management (Administração de Oficinas, em 1903). Taylor (1990) identificou, nas empresas de sua época, alguns males: a. Os operários empreendiam o que se denominou de vadiagem sistemática, pois reduziam a produção em até um terço do que seria normal, a fim de evitarem a redução de seus salários pela gerência. b. A gerência desconhecia os tempos e as rotinas de trabalho necessários para realizá-lo. c. Cada operário realizava as tarefas a seu modo, visto que não havia técnicas e métodos de trabalho uniformes. A fim de incrementar a produtividade o autor propôs uma análise científica do trabalho dos operários, buscando sempre uma melhor maneira (the best way) para realizá-lo. Esta tentativa de introduzir métodos científicos onde havia métodos empíricos e rudimentares recebeu a denominação de Organização Racional do Trabalho – ORT, a qual, segundo Taylor (1990), consiste numa série de atividades e providências, conforme descritas nos parágrafos seguintes. Analisar o trabalho e estudar os tempos e os movimentos envolvidos. Com estes estudos é possível racionalizar os métodos e impor tempos-padrão à execução das tarefas pelos operários, com o propósito de aumentar a produtividade. Padronizar as atividades, tarefas, ferramentas, instrumentos, equipamentos, tempos, matérias-primas, dentre outros, com o objetivo de reduzir o desperdício e de aumentar a eficiência. Dividir o trabalho e especializar cada operário na execução de uma única tarefa, a qual tem padrões e normas definidas. Disto decorre o desenho de cargos e tarefas, ou seja, cada cargo possui um conjunto de tarefas específicas. Também é necessário estudar a fadiga humana, a fim de eliminar os movimentos que a produzem e que não estão relacionados ao trabalho. Também, propiciar melhores condições de trabalho, para garantir bem-estar físico e reduzir a fadiga. Buscar adequar as ferramentas de trabalho, racionalizar os fluxos de produção, melhorar o ambiente físico (ventilação, ruídos, iluminação) e reduzir movimentos inúteis. Motivar os operários a produzirem mais através de um sistema de pagamento por unidade produzida. Quanto mais peças produzidas, maior a remuneração. Aqui está a concepção de que os humanos são influenciados por recompensas econômicas e materiais (homo economicus), na qual as pessoas trabalham porque precisam sobreviver e não porque gostam. Introduzir a supervisão funcional, a fim de garantir a máxima especialização das chefias. Um mesmo operário é supervisionado por encarregados diferentes, cada um desempenhando sua própria função particular. Por exemplo, um encarregado de produção, um de manutenção e um de qualidade supervisionam e controlam o trabalho de um mesmo operário. Com estes princípios de Organização Racional do Trabalho (ORT) Taylor espera que aumente a eficiência da organização, permitindo-lhe encontrar sempre a melhor maneira de fazer (the best way), com o mínimo de desperdícios e o máximo de produtividade, sendo bom tanto para os patrões quanto para os empregados. 2 Princípios de administração científica Taylor (1990) desenvolveu a partir de seus estudos sobre a ORT quatro princípios elementares de administração científica, os quais a gerência deveria seguir e aplicar: a. Planejar o método de trabalho, substituindo a improvisação empírica dos operários. b. Preparar tanto as máquinas e os equipamentos, de uma maneira racional, quanto as pessoas, para executar o trabalho. Estas, inclusive, devem ser selecionadas conforme suas aptidões e treinadas adequadamente, para produzirem com a máxima eficiência. c. Controlar se o trabalho está ocorrendo conforme o planejado. Cooperar com os operários a fim de que sigam os princípios científicos desenvolvidos. d. Executar o trabalho disciplinadamente, empregando uma divisão do trabalho em função da especialização dos operários. Observa-se que os princípios de planejar, preparar e controlar caberiam à gerência, enquanto que aos operários restaria o princípio de executar. Nisto há ainda outro importante princípio, o da exceção, o qual, segundo Taylor, consistia em verificar apenas as exceções ou os desvios dos padrões de produção estabelecidos, ou seja, aquilo que fugia à normalidade. Com isso a administração poderia se concentrar nas tarefas importantes e estratégicas, deixando ao pessoal operacional as tarefas padronizadas e de rotina. A administração científica teve, além de Taylor, contribuições de diversos estudiosos como: Lilian e Frank B. Gilbreth, conhecidos principalmente pelo estudo dos movimentos elementares – Therbligs (Gilbreth ao contrário), Harrington Emerson, Henry Gantt , Carl Barth e Morris Cooke. 3 Princípios de administração de Ford Ford contribuiu para a administração científica com uma visão prática, afinal ele era empresário e tinha interesse em melhorar a produtividade e aumentar a eficiência. A seguir citam-se os seus princípios centrais, em que os dois primeiros referem-se ao tempo e o terceiro à matéria-prima (CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2001): a. Princípio da produtividade: obter o máximo de produção por operário dentro de um mesmo período, através da divisão do trabalho, da especialização e da linha de montagem. b. Princípio da intensificação: aumentar a velocidade de circulação do capital de giro, buscando não o imobilizar e obtê-lo dos próprios consumidores. Para isso é preciso reduzir o tempo de produção e colocar o produto rapidamente no mercado. c. Princípio da economicidade: reduzir ao mínimo a quantidade de matérias-primas em vias de transformação. Para isso a velocidade de produção precisa ser rápida, além de procurar fazer com que o produto seja pago à empresa antes do pagamento dos salários e da matéria-prima. Sem dúvida, a administração científica e o fordismo trazem grandes contribuições para a administração. Toda a produção em série ou em massa atual tem suas bases nesta escola de administração, como se observa na divisão do trabalho, na especialização, na padronização, na análise dos tempos e movimentos, na intensificação das operaçõese na prática do princípio da economicidade. ESTUDOS COMPLEMENTARES Recomenda-se ler o livro de Taylor (1990), que foi publicado em 1911 e ainda é atual. Nele podem-se estudar detalhadamente os fundamentos de uma organização racional do trabalho. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Administração científica: arrumando o chão da fábrica. In: ____. Introdução à teoria geral da administração. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Cap. 3, p. 53-78. SILVA, Reinaldo O. da. A teoria da administração científica. In: ____. Teorias da administração . São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. Cap. 4, p. 116-133. TAYLOR, Frederick W. Princípios de administração científica. 8 ed. São Paulo: Atlas, 1990. CAPÍTULO 3 TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Este capítulo estuda a teoria clássica da administração a partir de seu principal autor, Henri Fayol. Indica que as funções essenciais de uma empresa são constituídas pelas operações técnicas, comerciais, de segurança, financeiras, contábeis e administrativas. As funções administrativas consistem em preparar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Também, apresentam-se os princípios gerais de administração: a divisão do trabalho, a autoridade e a responsabilidade, a disciplina, a unidade de comando, a remuneração do pessoal, a centralização, a hierarquia, a ordem, a iniciativa e a união do pessoal. 1 Funções essenciais das empresas e funções administrativas A teoria clássica da administração tem seu principal representante no engenheiro francês Henri Fayol (1841-1925), que em 1916 publicou o livro Administration Industrielle et Générale (Administração Industrial e Geral). O autor contribui, especialmente, para pensar no conjunto de operações que constituem as funções de uma empresa, nos elementos que compõem a ação de administrar, no conjunto de qualidades e conhecimentos das pessoas necessários para as organizações e nos princípios gerais de administração. Além de Fayol, a teoria clássica recebe contribuições de vários autores como Luther Gulick, Lyndall F. Urwick, James D. Mooney e Alan C. Reiley. Conforme Fayol (1994), uma empresa contém um conjunto de operações, composto por seis funções essenciais que estão em estreita interdependência: a. Operações técnicas, que envolvem a produção ou a operação da empresa em si, saber fabricar ou operar bem. Às vezes esta função pode ser supervalorizada em detrimento das demais, como pode ocorrer nas empresas industriais. b. Operações comerciais, que são saber comprar e vender. Além de operar bem, uma empresa, para não falir, precisa vender seus produtos ou serviços. c. Operações financeiras, que consistem na gestão do capital. Saber aumentá-lo, tirar proveito das oportunidades, evitar aplicações imprudentes, efetuar os pagamentos, adquirir o que é necessário, ou seja, gerenciar a situação financeira da empresa. d. Operações de segurança, que é proteger a empresa num todo, tanto os bens quanto as pessoas. Para o seu progresso, uma empresa precisa de segurança contra os sinistros e greves, assim como as pessoas precisam de tranquilidade de espírito. e. Operações de contabilidade, que devem ser um meio de demonstrar a situação econômica atual e futura do negócio. Relacionam-se a inventários, balanços patrimoniais, preços de custo, relatórios estatísticos e demonstrativos de resultados. f. Operações administrativas, que são compostas por prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Elas são a integração das outras cinco operações da empresa. Fayol indica que a função administrativa ocorre nos mais variados níveis de uma empresa e que ela não é exclusiva dos seus dirigentes, pois tem seu foco no corpo social, ou seja, nas pessoas. Desta forma, além dos diretores, os gerentes, os chefes, os supervisores e os assistentes exercem as operações administrativas, apesar de que elas são mais presentes à medida que se chega aos níveis hierárquicos mais elevados. Podem ser assim definidas (FAYOL, 1994): a. Prever é visualizar o futuro e programar as ações. b. Organizar é providenciar para a empresa o que ela precisa de recursos materiais e sociais. c. Comandar é dirigir as pessoas na realização das ações previstas. d. Coordenar é integrar todos os atos que ocorrem na empresa. e. Controlar é apurar se tudo está em concordância com as regras e as ordens estabelecidas. O autor ainda destaca que a função administrativa não deve ser confundida com a direção, pois esta envolve conduzir e manter o ritmo da empresa, assegurar a realização das seis funções essenciais e obter o máximo de resultados dos recursos disponíveis. A cada uma das operações essenciais corresponde uma capacidade central, como a técnica, a de segurança, a comercial, a financeira, a contábil e a administrativa. Para Fayol (1994), cada uma dessas capacidades fundamenta-se em qualidades e conhecimentos, assim sintetizados: qualidades físicas (saúde, destreza), qualidades intelectuais (saber aprender, ter discernimento), qualidades morais (dignidade, tato, responsabilidade), cultura geral, conhecimentos especiais (específicos da função exercida) e experiência da prática dos negócios. 2 Princípios gerais de administração para Fayol Uma das qualidades mais importantes de um administrador é o bom senso e a apurada avaliação das coisas. No entanto, dependendo das situações, tempo e lugar, podem-se aplicar alguns princípios de administração, os quais não são rígidos e podem ser modificados e adaptados. Fayol (1994) identificou 14 princípios gerais de administração, a partir de suas experiências de trabalho e de autores de sua época: a. Divisão do trabalho. Visa a produzir mais e melhor, com o menor esforço, através da especialização das tarefas e das pessoas. A divisão do trabalho poderá ser vertical (conforme os diversos níveis hierárquicos de autoridade e responsabilidade) e horizontal (conforme as principais atividades da empresa, gerando uma especialização horizontal, como no caso da departamentalização). b. Autoridade e responsabilidade. A autoridade está relacionada com o poder de mandar e de se fazer obedecer. Já a responsabilidade será proporcional à autoridade exercida. Quanto maior for a autoridade, maior será a responsabilidade. c. Disciplina. Consiste em seguir as convenções estabelecidas entre a empresa e o seu pessoal, tais como assiduidade, obediência e respeito. d. Unidade de comando. Uma pessoa, para executar as suas atividades numa empresa, deve receber ordens de um único chefe. e. Unidade de direção. Um conjunto de operações que se destinam a um mesmo propósito deve ter um só chefe e um só plano. f. Subordinação do interesse particular ao interesse geral. Os interesses da empresa prevalecem sobre os interesses de uma pessoa ou de um grupo. A empresa e suas metas estão em primeiro lugar. g. Remuneração do pessoal. Precisa satisfazer tanto o trabalhador quanto o empregador, garantindo uma remuneração equitativa, recompensando o esforço útil e não ultrapassando um limite razoável. Os pagamentos dos operários podem ser por dia, por tarefa ou por peça. Aos pagamentos podem-se acrescentar um adicional através de prêmios, como por assiduidade, produção e limpeza. Também é possível fornecer outros subsídios e compensações honoríficas, assim como há a possibilidade de participação nos lucros e nos resultados da empresa. h. Centralização. Tudo o que diminui a importância decisória das funções dos subordinados pertence à centralização. O grau de centralização deve variar conforme as necessidades de cada empresa. Por exemplo, numa pequena organização ela é quase absoluta, concentrando-se a autoridade no dono; já numa grande ela perpassa os vários níveis hierárquicos, podendo dar maior ou menor autoridade aos subordinados. i. Hierarquia. É a divisão vertical do trabalho, composta desde os chefes que possuem grande autoridade até os que ocupam posições inferiores, seguindo a ideia de unidade de comando e de direção. j. Ordem. A ordem deve ser material e humana. Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. Um lugar para cadapessoa e cada pessoa em seu lugar. Ter, por exemplo, um layout das máquinas, equipamentos e seções e um organograma que indique as atividades e operações da empresa e seus respectivos titulares. k. Equidade. A equidade consiste em tratar o pessoal combinando benevolência e justiça, a fim de que haja um sentimento de igualdade em todos os níveis hierárquicos de uma organização. l. Estabilidade do pessoal. Um agente que apresenta as capacidades requeridas para a sua função precisa de tempo para desempenhá-la bem. Defende-se a ideia de que uma pessoa terá um melhor desempenho se ela permanecer mais tempo num cargo, pois ela irá aprender mais e isso será melhor para a empresa. É claro que há mudanças necessárias, na medida em que as pessoas podem não desempenhar bem as suas funções, têm problemas de saúde e a própria aposentadoria. m. Iniciativa. Consiste em propor um plano e assegurar a sua execução. É importante que todos na empresa mantenham um espírito de iniciativa, dentro dos limites estabelecidos pela autoridade e pela disciplina, a fim de que a organização obtenha melhores resultados. n. União do pessoal. Manter o princípio da unidade de comando e propiciar a união das pessoas que compõem a empresa e suas seções. Estabelecer a harmonia e a união do pessoal na empresa é uma fonte para a sua vitalidade, coordenando esforços, ajustando os interesses mútuos e estimulando o zelo. As relações devem ser principalmente verbais, evitando-se o excesso de comunicações escritas, a fim de ganhar em clareza e coesão. Estes princípios devem sempre ser guiados pelo bom senso do gestor ou, como define Fayol (1994), pela questão do senso de medida, mantendo a flexibilidade necessária e podendo acrescentá-los ou subtraí-los, de acordo com as necessidades de cada organização e sua situação num dado momento e lugar. ESTUDOS COMPLEMENTARES Recomenda-se ler o capítulo do livro de Fayol (1994), publicado em 1916, que é intitulado de Elementos de administração (segunda parte, capítulo 2), o qual descreve detalhadamente cada uma das funções do administrador: previsão, organização, comando, coordenação e controle. Estas funções são centrais na formação do processo administrativo, o qual é mais bem estudado na Parte II deste livro (capítulos 12, 13, 14 e 15). REFERÊNCIAS FAYOL, Henri. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coordenação, controle. 10 ed. São Paulo: Atlas, 1994. CAPÍTULO 4 MODELO BUROCRÁTICO DE ORGANIZAÇÃO Aborda-se neste capítulo a contribuição de Max Weber na descrição do tipo ideal de burocracia. Descrevem-se as principais características da burocracia que formam o modelo ideal definido por Weber. Em seguida, a partir dos estudos de Robert Merton, evidenciam-se algumas das disfunções burocráticas mais comuns, ou seja, consequências imprevistas que o modelo ideal de burocracia pode gerar no cotidiano organizacional. Finalmente, descreve-se que a burocracia é mais bem entendida quando identificada como um contínuo de cada uma das suas características do tipo ideal estudado por Weber. 1 Os fundamentos da organização burocrática Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, o mais influente dos fundadores do estruturalismo, dentre seus estudos, dedicou-se também a compreender a autoridade legal, racional ou burocrática. A partir de suas pesquisas identificou e descreveu o que denominou de tipo ideal de organização burocrática. Além de Weber, vários autores contribuíram para a compreensão da burocracia, dentre os quais se destacam: Alvin W. Gouldner, Philip Selznick, Robert K. Merton, Richard H. Hall e S. N. Eisenstadt. A burocracia pode ser compreendida como uma forma racional de adequar os meios de operação aos objetivos finais de uma organização, a fim de atingir a máxima eficiência possível. A estrutura burocrática fundamenta-se na autoridade racional legal, a qual, conforme Weber (1976), pode ser descrita pelas seguintes categorias, que são características da burocracia: a. Uma organização contínua de cargos ou funções, os quais são delimitados por normas e regulamentos, que definem como a organização deverá funcionar. As normas e os regulamentos são extensivos a toda a organização e englobam os direitos e os deveres dos ocupantes de cargos. b. Uma divisão sistemática do trabalho, com áreas específicas de competência funcional. Cabe ter claras as obrigações no desempenho das funções, assim como atribuir ao responsável a autoridade necessária para desempenhar as funções. c. Princípio da hierarquia de autoridade, no qual cada cargo inferior está sob supervisão do superior e assim sucessivamente. d. Especialização para que haja aplicação racional das normas e regras técnicas de uma determinada área. A raiz da autoridade do burocrata está em seu conhecimento e preparo adequado. e. Separação entre administração e propriedade. Os membros do quadro administrativo devem estar separados da propriedade da organização. f. O cargo pertence à organização e não ao ocupante. Este deve seguir as normas e os procedimentos que ordenam a atuação no cargo, seguindo-os de modo objetivo. Assim, a distribuição das atividades e as relações interpessoais ocorrem de forma impessoal, em termos de cargos e não de pessoas envolvidas. g. Devem-se registrar em documentos as decisões e as normas, a fim de serem interpretadas e cumpridas sistematicamente. Desta forma, as comunicações devem ser escritas. h. Os funcionários são profissionais, selecionados e nomeados com base em suas qualificações técnicas, recebem salários fixos em dinheiro (os salários e as promoções ou seleções são baseadas na competência técnica), ocupam um cargo que possui uma esfera de competência delimitada, seguem carreira na organização, não possuem a propriedade dos meios de produção, seguem uma disciplina racional rigorosa e são controlados no desempenho do seu cargo. Weber (1976) indica que esse tipo de organização pode ser aplicado em diversos setores e que, com maior ou menor variação ao tipo ideal de burocracia, é possível encontrar vários exemplos, em organizações lucrativas ou não, como nas empresas capitalistas, no Estado, em organizações promocionais, em associações particulares, nos clubes, em hospitais, na Igreja Católica, nos partidos políticos e no exército moderno. 2 Disfunções da burocracia Uma disfunção da burocracia é uma consequência indesejada da aplicação dos princípios burocráticos. E é essa a ideia que geralmente as pessoas associam à palavra burocracia, ou seja, a das suas imperfeições. Merton (1976, p. 111) esclarece que a passagem para o estudo dos aspectos negativos da burocracia é “dada pela aplicação do conceito de Veblen de ‘incapacidade treinada’, da noção de Dewey de ‘psicose ocupacional’ e da de Warnott e de ‘deformação profissional’”. A incapacidade treinada refere-se às capacitações que uma pessoa desenvolve em função de suas atividades, como o conhecimento de normas, regras e regulamentos, as quais são reforçadas como positivas pelo desempenho da função burocrática, pois são necessárias para o bom funcionamento da organização. No entanto, “a falta de flexibilidade na sua aplicação a um meio em transformação produz desajustes mais ou menos sérios” (MERTON, 1976, p. 111). Desta forma, a preparação recebida e reforçada torna-se inadequada diante de novas condições, pois o indivíduo tende a agir em função da situação anterior e a adotar procedimentos inadequados ao novo momento, o que resulta em incapacidade. Também, a incapacidade treinada manifesta-se devido a outras características da burocracia, como o caráter impessoal das relações e as normas gerais e abstratas, que podem levar os burocratas a terem conflitos com os clientes. Os funcionários reforçam os papéis dos cargos que ocupam e reduzem os contatos pessoais, assim como categorizam as situações conforme as normas estabelecidas, mas os clientes querem que seus problemas individuais sejam tratados como tal, o que os leva a considerar os burocratas como arrogantes e insolentes. Os clientes podem levar suas reclamaçõesa outros burocratas, no entanto, recebem o mesmo tipo de tratamento. Isso é devido a uma característica típica da estrutura burocrática de que um funcionário representa a estrutura de toda a organização, o que forma uma espécie de solidariedade grupal, a qual congrega a ideia de que os funcionários têm um destino comum e compartilham dos mesmos interesses, o que resulta num tratamento formal e impessoal ao cliente que deseja um atendimento personalizado. Neste mesmo sentido da incapacidade treinada está a noção de psicose ocupacional. “Como resultado da sua rotina diária, os indivíduos vão adquirindo preferências e antipatias… Essas psicoses se desenvolvem pelas exigências da organização na qual o indivíduo desempenha seu papel ocupacional” (MERTON, 1976, p. 112). As regras e os regulamentos podem se converter de meios em objetivos finais, o que dificulta a adaptação às mudanças e às inovações, pois o funcionário as percebe como algo que pode ameaçar a sua segurança e sua estabilidade. Com isso pode haver uma excessiva resistência às transformações, normalmente necessárias para a adaptação da organização aos novos tempos. A deformação profissional provém do fato de que a estrutura burocrática exige que seus funcionários sejam precisos, metódicos, prudentes, disciplinados e eficientes. Pois para a burocracia funcionar adequadamente é preciso assegurar a disciplina, ou seja, deve haver confiança na conduta dos funcionários quando da realização das suas responsabilidades. Porém, isso não pode se tornar um fim em si mesmo, mas deve sempre ser lembrado que é um meio e que tem um valor instrumental e não final numa organização. Senão, surge o que se conhece como o excesso de formalismo ou de tecnicismo dos funcionários, o que, inclusive, pode levar à incapacidade de atender apropriadamente às necessidades dos clientes da organização. 3 Dimensões da burocracia O conceito de burocracia tem maior valor quando as características do modelo ideal estudado por Weber são concebidas como uma série de dimensões contínuas, em vez de apenas considerar as organizações como burocráticas ou não. Hall (1976, p. 33) selecionou seis dimensões a partir da frequência com que as características da burocracia foram citadas em outros estudos e de sua importância teórica, as quais são: 1. Divisão do trabalho baseado na especialização funcional. 2. Uma definida hierarquia de autoridade. 3. Um sistema de normas englobando os direitos e deveres dos ocupantes de cargos. 4. Um sistema de procedimentos que ordenam a atuação no cargo. 5. Impessoalidade das relações interpessoais. 6. Promoção e seleção segundo a competência técnica. Numa organização em que o tipo ideal de burocracia fosse completo, todas essas características teriam um alto grau de incidência. No entanto, observa-se que na maioria das organizações algumas estão mais presentes e outras menos, variando conforme suas particularidades. Ao enfatizar a natureza contínua das dimensões, consegue-se ter uma percepção mais real de como é possível encontrar a burocracia no quotidiano das organizações, a partir da identificação do seu grau de burocratização, e com isso poder entendê-las melhor em seus respectivos contextos. Assim, para a consecução dos objetivos organizacionais de cada organização, há uma combinação de dimensões burocráticas mais adequadas, as quais permitirão a constituição da forma organizacional mais racional para cada situação particular e, com isso, possibilitarão o alcance da máxima eficiência. ESTUDOS COMPLEMENTARES Recomenda-se ler a coletânea de artigos do livro de Campos (1976), citado nas referências, do qual se utilizam três em especial na elaboração deste capítulo. No livro é possível encontrar os fundamentos da organização burocrática, o conceito de racionalidade weberiana, a concepção de autoridade legal ou racional, a ideia de cooptação e muitos outros conceitos essenciais para o aprofundamento nos fundamentos do modelo burocrático de organização. REFERÊNCIAS HALL, Richard H. O conceito de burocracia: uma contribuição empírica. In: CAMPOS, Edmundo (Org.). Sociologia da burocracia. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 29-47. MERTON, Robert K. Estrutura burocrática e personalidade. In: CAMPOS, Edmundo (Org.). Sociologia da burocracia. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 107-124. WEBER, Max. Os fundamentos da organização burocrática: uma construção do tipo ideal. In: CAMPOS, Edmundo (Org.). Sociologia da burocracia. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 15-28. CAPÍTULO 5 TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Evidencia-se a escola das relações humanas apresentando as conclusões da experiência de Hawthorne, como as de que as expectativas grupais determinam o nível de produção e as de que os trabalhadores agem como membros de grupos. Caracteriza-se a organização informal como relações sociais de coesão ou de antagonismo que não estão previstas e identificadas nos organogramas ou nos regulamentos da organização formal, mas que nela interferem. 1 As conclusões da Experiência de Hawthorne A teoria ou escola das relações humanas surge a partir das conclusões da Experiência de Hawthorne, como um movimento de reação à teoria clássica, em que o foco passou dos aspectos técnicos e formais para os aspectos sociológicos e psicológicos. Os estudos conduzidos na fábrica da Western Electric Co., na cidade de Chicago (Illinois – EUA), no bairro de Hawthorne, entre 1924 e 1932, ganharam enorme divulgação na história da administração, tanto interpretando-o quanto criticando-o. As pesquisas foram conduzidas pelos norte-americanos Elton Mayo (1880-1949) e G. A. Pennock e foram relatadas em 1938 por H. A. Wright, M. L. Putnam e Fritz J. Roethlisberger (SILVA, 2001). Também, os estudos sobre psicologia dinâmica, de Kurt Lewin e seus colaboradores, tiveram grande influência na escola das relações humanas, especialmente no entendimento dos aspectos de liderança e comunicação. Os resultados e conclusões do experimento de Hawthorne, assim como das pesquisas e estudos de Lewin, propiciaram o delineamento dos princípios fundamentais da teoria das relações humanas. De acordo com Etzioni (1989) as principais conclusões foram: a. As normais sociais e as expectativas grupais determinam o nível de produção e não, como na teoria clássica, a capacidade fisiológica. b. As recompensas e as sanções não econômicas, ou seja, as grupais ou sociais, interferem no comportamento dos trabalhadores, o que pode limitar os planos de incentivos materiais ou econômicos. c. Os trabalhadores, na maioria das vezes, agem ou reagem como membros de grupos e não como indivíduos ou seres isolados. Desta forma, a administração precisa considerar que os trabalhadores são membros de grupos de trabalho e que deles sofrem influências, e por isso deve evitar tratar com eles um a um, como se fossem elementos separados. d. A liderança é importante para estabelecer normas de grupo e há diferenças entre a liderança formal e a informal. Apesar de haver chefias formais estabelecidas pela organização, é necessário identificar e interagir com as lideranças informais, ou seja, aquelas que são reconhecidas pelos seus respectivos grupos e que têm influências no seu comportamento. e. Deve-se explicar aos participantes de posições inferiores na hierarquia os motivos de uma determinada decisão, ou seja, a comunicação entre as posições é fundamental. f. A liderança democrática e a participação nas decisões são fundamentais para o envolvimento e o comprometimento do grupo para com a organização. 2 A organização informal Uma das maiores contribuições da teoria das relações humanas para a administração é a ideia de grupo ou organização informal. Conforme Mott a e Vasconcelos (2002, p. 63), a organização informal “emerge dentro de uma organização quando as interações informais entre um determinado número de indivíduos começam a intensificar-se e a tomar corpo”. Neste sentido, formamse relações sociais de coesão ou de antagonismo que não estão previstas e identificadas nos organogramas ou nos regulamentosda organização formal. Além de não estar prevista no organograma, a organização informal caracteriza- se pelo seu surgimento espontâneo; pela presença de elementos afetivos, associativos, culturais e de jogos de poder; pelos grupos de interesse comum; por influenciar na produtividade e no funcionamento da organização formal e até contrapor-se a ela às vezes; por desenvolver sistemas e canais de comunicação próprios; por transcender à organização formal, podendo se estender para além dos horários de trabalho e do espaço físico da empresa; pelo grupo desenvolver e estimular padrões de relações, atitudes e desempenho; pelo fato dos indivíduos adquirirem uma posição social ou um status no grupo, que é resultado da sua integração nele; por surgirem líderes que nem sempre são as pessoas que ocupam cargos de chefia na organização formal; e por passar por alterações em sua composição em função de flutuações do pessoal na empresa. (CHIAVENATO, 2003; MOTTA; VASCONCELOS, 2002). Ainda em relação aos grupos informais, Gibson, Ivancevich e Donnelly (1981) identificam dois tipos: os grupos de interesse, que são formados por indivíduos que podem ou não ser integrantes de mesmo grupo de tarefa ou de comando, mas que têm um mesmo objetivo em comum, nem sempre relacionado aos da empresa; e os grupos de amizade, que surgem porque seus componentes têm algo em comum, por exemplo, crenças, idade e preferências, os quais geralmente continuam se comunicando fora da empresa. ESTUDOS COMPLEMENTARES É apropriado ler sobre a Experiência de Hawthorne, e, para isso, é possível encontrar resumos sobre as principais fases da experiência em livros como o de Silva (2001, capítulo 8) ou o de Chiavenato (2006, capítulo 5). REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Teoria das relações humanas: humanizando a empresa. In: ____. Introdução à teoria geral da administração. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Cap. 5, p. 101- 114. ETZIONI, Amitai. Da teoria das relações humanas aos estruturalistas. In: ____. Organizações modernas. 8 ed. São Paulo: Pioneira, 1989. Cap. IV, p. 43-66. GIBSON, James L.; IVANCEVICH, John M.; DONNELLY JR., James H. Os grupos dentro das organizações. In: ____. Organizações: comportamento, estrutura e processos. São Paulo: Atlas, 1981. Cap. 7, p. 161-192. MOTTA, Fernando C. P.; VASCONCELOS, Isabella F. G. de. A escola de relações humanas. In: ____. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. Cap. 2, p. 51- 70. SILVA, Reinaldo O. da. A escola das relações humanas. In: ____. Teorias da administração . São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. Cap. 8, p. 198-215. CAPÍTULO 6 TEORIA COMPORTAMENTAL DA ADMINISTRAÇÃO Estuda-se a motivação humana através da hierarquia das necessidades humanas (fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e autorrealização) e dos fatores higiênicos (relacionados à empresa) e motivadores (relacionados ao cargo). Descrevem-se os estilos de administrar (autoritário coercitivo, autoritário benevolente, consultivo e democrático). Apresentam-se os pressupostos da Teoria X (humanos indolentes) e Y (humanos automotivados). Indica-se que a racionalidade humana é limitada nas tomadas de decisões. Diferencia-se autoridade do conceito clássico, pois ela só existe se é aceita a quem é dada a ordem. 1 A escola comportamental As visões do movimento da escola das relações humanas evoluíram para o campo do comportamento organizacional, que visa ao estudo dos indivíduos e grupos nas organizações. Esta teoria fornece grande parte dos elementos de administração que são utilizados nas práticas do processo de direção empresarial contemporânea. Esta teoria tem inúmeros contribuidores, como Mary Parker Follet, que já em 1920 publica The new state (A nova situação); Chester Barnard, que em 1938 publica The functions of the executive (As funções do executivo); Herbert A. Simon, que em 1945 publica Administrative behavior (Comportamento administrativo), considerado como o principal marco da teoria comportamental da administração; Abraham H. Maslow, que em 1954 publica Motivation and personality (Motivação e personalidade), autor que estudou as necessidades humanas; Chris Argyris, que em 1957 publica Personality and organization (Personalidade e organização); Douglas M. McGregor, que em 1960 publica The human side of enterprise (O lado humano da empresa), autor muito conhecido pela Teoria X e Y; e Rensis Likert, que em 1961 publica New patterns of management (Novos caminhos de gestão), autor dos sistemas de administração. A teoria comportamental da administração (também conhecida por teoria behaviorista), inclusive, critica a teoria das relações humanas, assim como a administração científica, a teoria clássica e a teoria da burocracia, por considerá-las muito normativas e prescritivas. Os comportamentalistas procuram adotar uma abordagem mais explicativa e descritiva. 2 Hierarquia das necessidades humanas Abraham H. Maslow (1908-1970) desenvolveu uma teoria de motivação que considerou as necessidades humanas. A ideia de hierarquia de necessidades recebeu inúmeras críticas, no entanto, oferece um modelo útil para pensar a motivação. Maslow (apud MAXIMIANO, 2002) identificou as seguintes necessidades: a. Fisiológicas: são as necessidades essenciais de todo ser humano, tais como a alimentação, o repouso, o abrigo e o desejo sexual. b. De segurança: referem-se às necessidades de proteção contra privações e perigos, de saúde e de estabilidade. c. Sociais: incluem elementos como amizade, relacionamento, associação, aceitação, afeição e compreensão. d. De estima: relacionam-se ao modo como uma pessoa se percebe. Por exemplo, autoconfiança, autorrespeito, reconhecimento, prestígio e status, admiração dos colegas, orgulho e satisfação do ego. e. De autorrealização: constituem-se pelo autodesenvolvimento contínuo, excelência pessoal e prazer naquilo que faz. Essas necessidades humanas variam em função de cada pessoa. Por exemplo, para algumas as sociais são mais intensas, enquanto para outras são as de autorrealização, ou seja, os indivíduos reagem diferentemente diante de um mesmo estímulo. Assim, uma organização precisa contemplar as mais diversas necessidades humanas, a fim de ter um sistema motivacional que realmente consiga abranger as diferenças individuais de cada colaborador e, talvez, com isso conseguir motivá-los. 3 Teoria dos dois fatores Para Frederick Herzberg (1973) há dois fatores que influenciam no comportamento humano em situações de trabalho: a. Fatores higiênicos ou extrínsecos, relacionados ao ambiente que circunda as pessoas nas organizações, que são decididos pela empresa, como o salário, as condições de trabalho, os regulamentos internos, o estilo de chefia e as políticas da empresa. Comparando com as necessidades humanas de Maslow, estes fatores correspondem às necessidades fisiológicas, de segurança e sociais. b. Fatores motivacionais ou intrínsecos, relacionados ao conteúdo do cargo que a pessoa desempenha numa empresa e como se sente em relação a ele, ou seja, relacionam-se com aquilo que a pessoa faz e desempenha e, com isso, estão sob seu controle. Por exemplo, envolve como a pessoa se sente quanto ao seu reconhecimento e progresso profissional, à sua autorrealização, ao trabalho em si, à responsabilidade e à participação nas decisões. Em relação às necessidades de Maslow estes fatores referem-se às necessidades de estima e autorrealização. Herzberg (1973) observa que os fatores higiênicos não promovem a satisfação dos empregados, eles apenas evitam a sua insatisfação, ou seja, são preventivos em termos de desmotivação, mas não aumentam a motivação em si. Já os fatores motivacionais, quando são ótimos, propiciam ao indivíduo dar um significado psicológico às tarefas e ao cargo que ocupa e, com isso, podem provocar a sua satisfação e motivação no trabalho. O autor afirma que os fatores higiênicos e os motivacionais são independentes e não se vinculam entre si, sendo que os fatores que estimulam a satisfação profissional não se vinculam comaqueles que provocam a insatisfação. 4 Sistemas de administração Um importante autor da teoria comportamental da administração é Rensis Likert, o qual desenvolveu, a partir de suas pesquisas, um modelo de sistemas de administração das organizações humanas, que envolve quatro variáveis organizacionais como meios de gestão: o processo decisorial, o sistema de comunicações, o relacionamento interpessoal e os sistemas de recompensas e de punições. Likert (1975) identifica e classifica quatro sistemas de administração ou estilos de direção que podem ser encontrados nas organizações, conforme descritos a seguir. a. Sistema 1: autoritário coercitivo. De todos os quatro sistemas é o mais inflexível e fechado, concentrado no poder do chefe, o qual controla tudo o que ocorre na organização. As comunicações são verticais, de cima para baixo, e não se estimula o relacionamento interpessoal. É um estilo autocrático, coercitivo, punitivo e arbitrário. b. Sistema 2: autoritário benevolente. É um pouco menos inflexível do que o autoritário coercitivo, ou seja, mais condescendente. É um sistema administrativo autoritário com algumas possibilidades de comunicação entre as pessoas, mas ainda muito precário. c. Sistema 3: consultivo. É um modelo de gestão que se afasta do estilo autoritário dos sistemas 1 e 2, aproximando-se mais de um estilo participativo. As comunicações verticais preveem tanto o sentido descendente quanto o ascendente, assim como comunicações laterais entre os pares. Quase não há punições e estimula-se a participação grupal. d. Sistema 4: participativo. É o mais aberto e flexível dos quatro sistemas, apresentando características de gestão democrática. As decisões são delegadas, as comunicações fluem em todos os sentidos, o trabalho é realizado em equipes e há uma ênfase nas recompensas simbólicas, além das salariais. Conforme Likert (1975), o modo de dirigir varia de organização para organização, devido às condições internas e externas presentes. Uma empresa pode também ter diferentes estilos, dependendo do setor ou atividade, como apresentar o sistema 1 (autoritário coercitivo) na linha de produção e o sistema 3 (consultivo) no setor de marketing. 5 Teoria X e Y McGregor (1971) estudou as suposições sobre motivação que os gerentes têm. Observou que há uma concepção tradicional (Teoria X) e propôs uma concepção alternativa (Teoria Y), conforme segue: a. A concepção sobre o comportamento humano na Teoria X pressupõe que as pessoas não gostam de trabalhar, evitam o trabalho sempre que possível, evitam a responsabilidade, resistem às mudanças e são incapazes de se autocontrolar. Assim, a administração precisa dimensionar e controlar rigidamente o trabalho, mantendo uma gestão autoritária. b. A concepção sobre o comportamento humano na Teoria Y considera que trabalhar é tão natural quanto divertir-se, as pessoas são motivadas e esforçadas, apresentam padrões de comportamento adequados e são capazes de se autocontrolar, aceitam responsabilidades, são criativas e competentes. Neste caso, a administração precisa criar condições e métodos para as pessoas poderem atingir seus objetivos pessoais e canalizar seus esforços rumo aos objetivos da empresa. Um estilo de gestão mais consultivo ou democrático é apropriado nestas circunstâncias. Para McGregor (1971), as concepções da Teoria X fundamentam-se em pressupostos equivocados sobre o comportamento das pessoas, em que são percebidas apenas como meios de produção e as forçam a fazer exatamente o que querem, sem dar atenção às suas opiniões ou aos seus objetivos pessoais . Ao relacionar a Teoria X com os estilos de administração, verifica-se que, devido as suas concepções sobre o comportamento das pessoas, adotam os sistemas autoritário- coercitivo ou autoritário benevolente para gerenciá-las. Ainda conforme este mesmo autor, as concepções da Teoria Y correspondem a premissas atuais sobre o comportamento humano, as quais pressupõem que as pessoas não são apáticas às necessidades da organização, mas que podem ter ficado assim devido a experiências negativas ocorridas em alguma empresa. Assim, as organizações precisam criar condições para que as pessoas liberem seus potenciais e se sintam engajadas em atingir os propósitos organizacionais. Neste sentido, os estilos de administração consultivo e democrático, fundamentados nos valores humanos e sociais, são mais adequados para dirigir e motivar o trabalho dos indivíduos. 6 Teoria das decisões A forma como as decisões são tomadas numa organização é um aspecto comportamental. Simon (1979) destaca que a tomada de decisões é um processo complexo, que varia de pessoa para pessoa, que depende da forma como em determinado momento um indivíduo percebe a situação. Indica ainda que o conjunto de decisões que formam o comportamento solicitado em determinado momento constitui o que se denomina de estratégia. Decidir envolve, conforme Simon (1979, p. 70), três etapas: “a) o relacionamento de todas as possíveis estratégias”, o que significa perceber a situação e para ela levantar alternativas de solução ou de cursos de ação; “b) a determinação de todas as consequências que acompanham cada uma dessas estratégias”, o que permite formar uma ideia dos possíveis resultados de cada alternativa levantada; “e c) a avaliação comparativa desses grupos de consequências”, o que auxiliará na escolha de uma delas em função do objetivo que se quer atingir. Ressalta-se que a racionalidade humana é limitada, o que leva a concluir que é praticamente impossível levantar todas as alternativas de solução para uma situação. Desta forma, haverá uma decisão satisfatória e não a melhor decisão. Apesar de Simon descrever que a racionalidade humana é limitada, inúmeros estudiosos da administração têm buscado dar uma ênfase racional ao processo decisório, especialmente para decisões que podem ser programadas, ou seja, que são repetitivas e recebem influências de um número limitado de variáveis. Daft (1999) indica que, de acordo com a abordagem racional das decisões, o processo decisório pode ser dividido em oito etapas: a. Monitorar o ambiente de decisão. b. Definir o problema a ser decidido. c. Especificar os objetivos da decisão. d. Diagnosticar o problema. e. Desenvolver soluções alternativas. f. Avaliar as alternativas. g. Escolher a melhor alternativa. h. Implementar a alternativa escolhida. Sabe-se que essa abordagem racional é, na verdade, um ideal que os gerentes almejam e que dificilmente conseguirão alcançar plenamente no seu processo decisório diário. No entanto, pode auxiliar a não tomar decisões puramente intuitivas e baseadas somente nas emoções. 7 Teoria da aceitação de autoridade A concepção de autoridade da teoria comportamental da administração difere daquela da abordagem clássica. Conforme estudado, para Fayol a autoridade é o direito de dar ordens e esperar obediência, aliás, esta ideia é a vigente na maioria das organizações, nas quais os chefes acreditam que por ocuparem tal posição, automaticamente, têm a autoridade. Barnard (1971) traz uma contribuição importante para o entendimento da autoridade, na medida em que destaca que a autoridade não está na posição ocupada e sim no consentimento das pessoas a quem uma ordem afeta. Assim, a autoridade irá existir quando as pessoas a quem é dada a ordem a aceitam, a entendem e a cumprem, senão não houve autoridade. ESTUDOS COMPLEMENTARES Recomenda-se ler o livro de Simon (1979), o qual é um verdadeiro marco nas teorias da administração. Auxilia a pensar a administração de forma crítica e evidencia as limitações da racionalidade humana nas tomadas de decisões organizacionais. A teoria comportamental fornece as bases conceituais para o processo de direção, e devido a isso se sugere ler o capítulo 14 (Direção empresarial) deste livro como complemento a este. REFERÊNCIAS BARNARD, Chester I. As funções do executivo. São Paulo: Atlas, 1971. DAFT, Richard L. Processo de tomada de decisões. In: ____. Teoria e projeto das organizações. 6 ed. Rio de Janeiro:LTC, 1999. Cap. 11, p. 262-285. HERZBERG, Frederick. O conceito de higiene como motivação e os problemas do potencial humano de trabalho. In: HAMPTON, David R. (Org.). Conceitos de comportamento na administração. São Paulo: EPU, 1973, p. 54-68. LIKERT, Rensis. A organização humana. São Paulo: Atlas, 1975. MAXIMIANO, Antonio C. A. Motivação. In: ____. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2002. Cap. 11, p. 274-301. McGREGOR, Douglas M. O lado humano da empresa. In: BALCÃO, Yolanda F.; CORDEIRO, Laerte L. (Orgs.). Comportamento humano na empresa: uma antologia. Rio de Janeiro: FGV, 1971, p. 45-60. SIMON, Herbert A. Comportamento administrativo: estudo dos processos decisórios nas organizações administrativas. 3 ed. Rio de Janeiro: FGV, 1979. CAPÍTULO 7 TEORIA ESTRUTURALISTA DA ADMINISTRAÇÃO A teoria estruturalista considera os fundamentos da abordagem clássica (administração científica e teoria clássica), da abordagem das relações humanas e do modelo burocrático de administração. Esta teoria envolve os elementos da organização formal e da informal, a organização e seu ambiente, as recompensas materiais e sociais, as organizações de trabalho e outros tipos de organização. Também, os estruturalistas identificaram os dilemas que estão presentes nas organizações e que eles têm um aspecto positivo, pois trazem mudanças que geram inovações. 1 A abordagem múltipla da teoria estruturalista Uma síntese da escola clássica (ou formal) e da escola das relações humanas (ou informal) origina a teoria estruturalista da administração. Além disso, Etzioni (1989) indica que esta teoria também se inspira nos estudos de Max Weber e, até certo ponto, nos de Karl Marx. No entanto, a teoria estruturalista da administração mantém uma maior inter-relação com a escola das relações humanas, à medida que é examinada criticamente pelos estruturalistas. Diversos autores destacam-se em suas contribuições para a teoria estruturalista da administração, tais como: James D. Thompson, Victor A. Thompson, Amitai Etzioni, Peter M. Blau, David Sills, Burton Clarke e Jean Viet. Os autores da teoria da burocracia também podem ser considerados estruturalistas, como o próprio Max Weber, Robert K. Merton, Philip Selznick e Alvin Gouldner. A teoria estruturalista da administração consegue realizar uma abordagem organizacional mais ampla do que as teorias anteriores, pois, além de considerar diferentes tipos de organizações em seus estudos, considera os fundamentos da abordagem clássica (administração científica e teoria clássica), da abordagem das relações humanas e do modelo burocrático de administração. Esta abordagem múltipla, conforme Etzioni (1989), envolve: a. Elementos da organização formal e da informal, assim como suas articulações. É preciso ligar os dois conjuntos de fatores. Por exemplo (p. 61), “é verdade que os operários constituem grupos informais, mas como é que estes se ligam à organização formal?… Será que os grupos informais atravessam as divisões formais ou tendem a ser paralelos?”. É preciso estudar o real campo de abrangência dos grupos informais e as relações entre esses grupos, dentro e fora da organização. Além disso, nos estudos e pesquisas torna-se necessário considerar a organização como um todo, ou seja, tanto as posições hierárquicas mais baixas quanto as mais altas. b. A organização e seu ambiente. Não se pode examinar apenas o grupo informal ou a organização como se fossem isolados do ambiente. Há processos ambientais que influenciam nas organizações e vice-versa. Por exemplo, nas relações com os clientes, nas interações com outras empresas e nos contatos com o governo. c. As recompensas materiais e sociais e suas influências mútuas. As recompensas materiais e salariais são importantes na vida das pessoas, tanto quanto as recompensas sociais e simbólicas. Estas, aliás, variarão em sua percepção pelos trabalhadores, pois dependem de uma série de variáveis subjetivas. Por exemplo, dependendo do nível hierárquico em que estiver, um funcionário pode sofrer pressão ou ser ridicularizado pelos colegas por ser reconhecido oficialmente pela direção. As recompensas simbólicas são importantes nas organizações, mas isso não diminui a importância das materiais. d. As organizações de trabalho e outros tipos de organização. A fim de englobar as organizações existentes e ampliar a sua análise, os estruturalistas estudaram outros tipos de organizações, que a abordagem clássica e a teoria das relações humanas não ou pouco haviam abordado (se concentravam em organizações industriais e comerciais), como escolas, clubes, hospitais, igrejas, serviços de assistência social, partidos políticos, exércitos e prisões. 2 Dilemas e conflitos organizacionais Etzioni destaca que os estruturalistas, ao examinarem a ideia de harmonia da teoria das relações humanas, identificaram, pela primeira vez, os dilemas que estão presentes nas organizações. Não há como não os admitir ou indesejá-los, como queria a escola das relações humanas em sua promoção da ideia de harmonia industrial, pois eles fazem parte da realidade organizacional. Por exemplo, o autor indica que há tensões inevitáveis (1989, p. 55) – que podem ser reduzidas, mas não eliminadas – entre as necessidades da organização e as necessidades de seu pessoal; entre a racionalidade e a irracionalidade; entre disciplina e autonomia; entre relações formais e informais; entre administração e trabalhadores ou, mais genericamente, entre posições e divisões. Segundo esse mesmo autor, os estruturalistas identificam que os conflitos trazem inúmeros aspectos positivos para o sistema da organização e que não faz sentido qualquer tipo de repressão artificial para eles. Em função dos conflitos é que aparecem as verdadeiras diferenças de interesses e crenças, cujas tensões resultantes levam ao exame do poder, ao ajuste da organização à situação real, à possibilidade de realização de mudanças que promovem a paz organizacional, e a inovações, que talvez nunca surgissem se não houvesse os conflitos. Ainda, os estruturalistas afirmam que, se os conflitos forem disfarçados, eles aparecerão sob outras formas, como o abandono do emprego ou o aumento de acidentes, que significam perdas tanto para a empresa quanto para o operário. ESTUDOS COMPLEMENTARES A leitura do livro de Etzioni (1989) proporciona uma excelente síntese desta teoria e possibilita ao leitor formar uma visão crítica das teorias da administração, especialmente da teoria das relações humanas. REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Teoria estruturalista da administração: ampliando os horizontes da empresa. In: ____. Introdução à teoria geral da administração. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Cap. 12, p. 287-321. ETZIONI, Amitai. Da teoria das relações humanas aos estruturalistas. In: ____. Organizações modernas. 8 ed. São Paulo: Pioneira, 1989. Cap. IV, p. 43-66. CAPÍTULO 8 TEORIA NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO A teoria neoclássica caracteriza-se pelo ecletismo, pela ação administrativa e pela ênfase nos objetivos e nos resultados. Podem-se destacar diversos elementos que envolvem a ação empresarial, como a divisão do trabalho, a especialização, a departamentalização, a hierarquia, a centralização e a descentralização, a amplitude de controle, o processo administrativo e as concepções de estratégia e de tática. Uma ferramenta que auxilia as organizações em sua atuação é a Administração Por Objetivos – APO. 1 Características da teoria neoclássica A teoria neoclássica é atual e amplamente estudada e aplicada. Pode-se afirmar que as partes II, III e IV deste livro são, em sua maioria, neoclássicas, assim como muitas das atividades acadêmicas dos cursos de administração de empresas. A teoria neoclássica também é conhecida por outras denominações, como escola operacional, escola do processo administrativo, abordagem universalista da administração, e até por um de seus “braços”, a administração por objetivos. Dentre os autores principais destacam-se PeterDrucker, Harold Koontz, Cyril O’Donnell, Ernest Dale, George Terry, William Newman, Michael Jucius e William Schlender. Isso devido às características da teoria neoclássica, em que se destacam (CHIAVENATO, 2003): a. Ecletismo: os autores neoclássicos, apesar da forte influência clássica, utilizam-se de conceitos e conteúdos recentes de outras teorias da administração. Eles reafirmam os postulados clássicos, como os da administração científica e os princípios gerais de administração da teoria clássica, mas também utilizam aspectos de outras teorias como: burocracia, relações humanas, estruturalista, comportamental, sistêmica e contingencial. b. Ação administrativa: há um forte pragmatismo dos autores desta teoria, pois enfatizam aspectos instrumentais e práticos em seus estudos e publicações. Enfatiza-se que a teoria tem maior valor quando pode ser aplicada. c. Foco nos objetivos e nos resultados: em função deles é que uma organização deve ser planejada, organizada, dirigida e controlada. A Administração Por Objetivos (APO), desenvolvida por Peter Drucker, representa bem esta característica da teoria neoclássica da administração. Devido às suas características, a teoria neoclássica visa à máxima eficiência, como a administração científica, a teoria clássica e a teoria da burocracia , mas também almeja atingir eficácia. Assim, cada empresa deve ser considerada tanto em termos de eficiência quanto de eficácia. Economicamente eficiência refere-se à relação entre os recursos empregados e os resultados obtidos, ou seja, uma relação entre custos e benefícios. Já a eficácia refere- se à relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos, ou seja, até que ponto os objetivos traçados foram atingidos. Assim, na administração a eficiência diz respeito a fazer as atividades da melhor maneira possível, reduzir custos, aperfeiçoar racionalmente a utilização dos recursos disponíveis, racionalizar os meios e os procedimentos; no futebol seria algo como jogar futebol com arte e maestria. Por sua vez, a eficácia refere-se a fazer as atividades que realmente devem ser feitas, focar nos resultados finais que se quer atingir, alcançar os objetivos, fazer os ajustes necessários para alcançar as metas; no futebol seria algo como fazer gol e ganhar o campeonato. Conforme Drucker (1990), para haver eficácia é preciso competência. Um gerente pode aprender a ser eficaz, é para isso precisa desenvolver alguns hábitos de pensamento, tais como: controlar sistematicamente o tempo que tem disponível; focalizar nas contribuições e nos resultados que pode oferecer à empresa; empregar todas as forças possíveis, a sua, a dos associados, a dos subordinados e a dos superiores; concentrar-se e fazer primeiro as primeiras coisas, estabelecer as prioridades e realizar uma coisa de cada vez; concentrar-se, com o devido tempo para isso, nas decisões importantes, que tenham impacto significativo sobre toda a organização. 2 Elementos de ação administrativa Na medida em que os autores neoclássicos caracterizam-se pelo seu ecletismo e pela reafirmação dos postulados clássicos, atualizam a teoria administrativa para a sua aplicação nas organizações contemporâneas. Dentre os diversos elementos de ação administrativa é possível destacar (NEWMAN, 1981; KOONTZ; O’DONNEL, 1976): a. Divisão do trabalho: que consiste em separar a organização em partes principais e nas tarefas que as constituem. b. Especialização: que é uma decorrência da divisão do trabalho, na qual cada função organizacional desenvolve atividades especializadas em sua área de atuação. c. Departamentalização: que consiste na divisão do trabalho em termos de diferenciação entre os diversos tipos de tarefas executadas. Daí, pode haver diferentes tipos, numa mesma organização, como departamentalização por funções, por produtos ou serviços, por localização geográfica, por clientes, por fases do processo, por projetos e matricial. d. Hierarquia ou princípio escalar: que também é uma consequência da divisão do trabalho, que distribui a autoridade e a responsabilidade em diferentes níveis, por exemplo, institucional ou estratégico, intermediário ou tático e operacional ou de execução. e. Centralização versus descentralização: que se relaciona à tomada de decisões numa empresa. Se a autoridade para tomar decisões está próxima ao topo da organização, a empresa é mais centralizada. Se a autoridade de tomar decisões é deslocada para os níveis mais baixos da organização, a empresa é mais descentralizada. f. Amplitude administrativa (ou amplitude de comando, ou amplitude de controle): que corresponde ao número de pessoas que um gerente pode supervisionar. Daí pode decorrer uma estrutura organizacional alta e alongada, ou achatada e dispersa horizontalmente, mais comum na atualidade. g. Processo administrativo: que envolve a integração e a coordenação das funções administrativas de planejamento, organização, direção e controle. h. Estratégia e tática: que visam traçar e atingir objetivos a longo e médio prazos. Estratégia engloba toda a organização, visa a alcançar objetivos organizacionais, é estabelecida em termos de longo prazo e é pensada no nível institucional, pela diretoria. Tática refere-se aos departamentos ou às unidades da organização, visa a alcançar objetivos departamentais ou setoriais, é estabelecida em termos de médio ou curto prazo e é elaborada no nível intermediário, pelas gerências e chefias. Esses são apenas alguns dos elementos que auxiliam a pensar na ação administrativa. Conforme mencionado, a teoria neoclássica é eclética e qualquer teoria que possibilite melhor alcançar os objetivos de uma organização é empregada, sempre visando gerar ação empresarial eficiente e eficaz. 3 Administração Por Objetivos – APO Administração Por Objetivos (APO ou Management By Objectives – MBO) é um processo de estabelecer objetivos para uma organização, a fim de que todos os seus níveis hierárquicos focalizem o desempenho de suas atividades em função desses objetivos e que os compreendam. O termo Administração por Objetivos foi divulgado por Peter Drucker, em 1954, em seu livro The Practice of Management. Conforme Odiorne (1979) e Lodi (1973), a APO compreende um processo que identifica e estabelece os objetivos de uma empresa, os prazos e os recursos para conclusão e as suas formas de controle. Este processo caracteriza-se por estabelecer objetivos estratégicos e táticos, pela coordenação entre os diversos objetivos departamentais, pela formulação conjunta de objetivos de desempenho e controle entre a gerência e seus subordinados e pela contínua avaliação e reformulação dos planos. A APO pode trazer vantagens para uma organização na medida em que possibilita planejar melhor, estabelecer metas claras, controlar se os esforços estão na direção certa e tomar ações corretivas sempre que necessário. Mas pode trazer algumas desvantagens, como gerar objetivos incompatíveis entre os diversos departamentos, criar um clima de disputa entre as gerências, focalizar demais os resultados de curto prazo e gerar constrangimentos ou punições para quem não atinge os objetivos. ESTUDOS COMPLEMENTARES Recomenda-se ler o livro de Drucker (1990) citado nas referências, assim como os demais livros desse autor caracteristicamente neoclássico. Também se indica ler Koontz e O’Donnel (1976), autores neoclássicos que apresentam descrições amplamente detalhadas sobre as funções do administrador, válidas nas mais variadas situações e épocas, sempre voltadas para a ideia de gerar ação empresarial. Sem dúvida, é uma leitura constitutiva para a capacitação de gestores que visam à eficiência e à eficácia em suas atividades. Como complemento a este capítulo, sugere-se prosseguir com a leitura da Parte II deste livro, relacionada ao processo administrativo e suas funções: capítulo 12 (Planejamento), capítulo 13 (Organização), capítulo 14 (Direção) e capítulo 15 (Controle). Igualmente, as partes III e IV deste livro são voltadas à ideia da ação empresarial e estão relacionadas
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