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Leia os fragmentos de textos e responda às questões abaixo: As massas alemãs, francesas e inglesas, ao marcharem para a guerra em 1914, o fizeram não como guerreiros ou aventureiros, mas como cidadãos e civis. É este mesmo fato que, para governos que operam em sociedades democráticas, demonstra a necessidade do patriotismo e igualmente a sua força. Apenas o sentimento de que a causa do Estado era genuinamente a sua poderia mobilizar com eficácia as massas: e em 1917 os ingleses, franceses e alemães sentiam isso. (HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.). Não há como compreender o Breve Século XX sem a guerra mundial. Ele viveu e pensou em termos de guerra mundial. Em 1914, não havia grande guerra fazia um século. Além disso, media-se a extensão da guerra em meses, ou mesmo semanas. (...). Tudo isso mudou em 1914. A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes potências (Grã-Bretanha; França; Rússia; Áustria-Hungria; Alemanha; Itália; os EUA e o Japão). A Segunda Guerra Mundial foi global: quase todo o globo foi beligerante ou ocupado, ou as duas coisas juntas. (...). A Primeira Guerra Mundial começou entre a tríplice aliança de França, Grã-Bretanha e Rússia, de um lado, e as chamadas “Potências Centrais”, Alemanha e Áustria-Hungria, do outro. (...) Por que a Primeira Guerra Mundial foi travada pelas principais potências dos dois lados como uma guerra que só podia ser vencida por inteiro ou perdida por inteiro? O motivo era que essa guerra, ao contrário das anteriores, tratava-se por metas ilimitadas: a Alemanha queria uma política e posição marítima globais como as que então ocupava a Grã-Bretanha. A França queria compensar sua crescente inferioridade demográfica e econômica frente à Alemanha. (...). Isso arruinou vencedores e vencidos. A Grã-Bretanha arruinara sua economia travando uma guerra que ia muito além de seus recursos. Além disso, a vitória total, ratificada por uma paz punitiva, arruinou as escassas possibilidades existentes de restaurar uma Europa estável. (...). Impôs-se à Alemanha uma paz punitiva, justificada pelo argumento de que o Estado era o único responsável pela guerra e todas as suas consequências, para mantê-la permanentemente enfraquecida. Quanto ao mecanismo para impedir outra guerra mundial, foi criada uma “Liga de Nações”, que solucionasse pacífica e democraticamente os problemas antes que se descontrolassem, que se revelou um quase total fracasso. A recusa dos Japão a juntar-se à Liga das Nações privou-a de qualquer significado real. (...). Duas grandes potências mundiais estavam temporariamente não apenas eliminadas do jogo internacional, mas tidas como não existindo como jogadores independentes – a Alemanha e a Rússia soviética (para tornar o mundo seguro contra o bolchevismo, um imã para forças revolucionárias de todas as partes). Qualquer pequena chance que tivesse a paz foi torpedeada pela recusa das potências vitoriosas a reintegrar as vencidas. (...). Em meados da década de 1920, a economia mundial mergulhou na maior crise que conhecera desde a Revolução Industrial. E isso levou ao poder, na Alemanha e no Japão, as forças políticas do militarismo e da extrema direita, empenhadas num rompimento deliberado com o “status quo”. Uma nova guerra mundial era não apenas previsível, mas rotineiramente prevista. (...). (HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.) 1. Qual a relação existente entre os Nacionalismos e as tensões Pré-Primeira Guerra Mundial? Construído ao longo do tempo, o nacionalismo serviu como instrumento político (justificativa ideológica) para conseguir apoio popular aos seus objetivos de expansão econômica e territorial. O discurso da necessidade do cidadão civil em se alistar no exército para defender sua nação e pátria foi um recurso utilizado como forma de ampliar o contingente dos exércitos, além do desejo de unificar os povos, como no pan-eslavismo e pangermanismo. O “plano da Grande Sérvia” consistia em estender o domínio da Sérvia sobre os povos da região dos Balcãs, utilizando a afirmação da necessidade de autonomia dessa etnia em relação aos impérios que controlavam a região. Esse plano era uma vertente do pan-eslavismo, política defendida pela Rússia, na qual entrou nesse conflito com pretensões expansionistas baseadas no nacionalismo e futuro controle dos Balcãs. Porém, havia também o pangermanismo, que tinha interesses nessa mesma região, pois preconizava a anexação de todos os territórios habitados por povos de origem germânica ao Império. Esse discurso foi um dos argumentos utilizados para a participação da Alemanha na Grande Guerra, fundamentando assim sua política expansionista. Ademais, havia o revanchismo francês contra os alemães. Na guerra Franco-Prussiana, os prussianos (do reino que conduziria a unificação alemã) venceram os franceses e anexaram ao seu território a rica região da Alsácia-Lorena. Essa perda alimentou dentro da França um sentimento de revanche contra os germânicos, fartamente utilizado durante a Guerra como estímulo à participação dos cidadãos franceses nos combates. 2. Explique os motivos que levaram os EUA a entrarem na guerra. Durante a Grande Guerra, os Estados Unidos foram os principais fornecedores de alimentos, armamentos e empréstimos para a França e Inglaterra e, com isso, lucraram muito. Houve também investimentos e empréstimos de bancos norte-americanos, realizados para ajudar os países da Entente. Porém, com a saída dos russos da Guerra, aumentou-se o risco de a Tríplice Entente ser derrotada e, consequentemente, não quitarem suas dívidas com o país, levando à quebra da economia norte-americana. Esse é um dos motivos para sua entrada definitiva na Guerra. Além disso, submarinos alemães afundam navios comerciais norte- americanos, o que representava uma clara provocação que exigia uma resposta mais incisiva do governo americano. Outro motivo foi uma suspeita de aliança entre o México e a Alemanha, em que se uniriam para enfraquecer os EUA e retomar territórios originalmente mexicanos, criando uma nova frente na Guerra. 3. Explique por que a Rússia saiu da guerra em 1917. Em 1916, o exército russo sofre enormes baixas na Grande Guerra e o número de combatentes desertores ou mortos aumenta consideravelmente. Com as derrotas, a economia entrou em colapso, com hiperinflação e desemprego, bem como a fome. A insatisfação popular em relação ao Czar gerou greves nas cidades, assim como muitos militares rebelaram-se contra ele pela forma desastrosa que conduzia a Rússia na Guerra. Em 1917, após a derrubada do Czar do poder e início da Revolução Bolchevique, a Rússia retirou-se da guerra em razão dos enormes problemas políticos e econômicos internos. Outro motivo apontado para sua saída foi que não fazia sentido manter-se em uma guerra imperialista quando se batalhou para uma revolução operária. Logo após sua retirada da guerra, seu principal líder, Lênin, assinou junto à Alemanha um Tratado de Paz entre as nações. 4. Por que podemos chamar o Tratado de Versalhes de “A Paz dos Vencedores”? O Tratado foi resultado da conciliação de opiniões entre norte-americanos, britânicos e franceses, favorecendo-os em suas cláusulas. Os alemães não tiveram o direito de participar das negociações e por isso podiam apenas aceitar os resultados, os quais incluíam que eram os únicos responsáveis pelo conflito e por todas as perdas, o comprometimento a reparar todos os prejuízos (principalmente financeiros), perdas territoriais (incluindo a devolução à França da região da Alsácia-Lorena) e limitações militares. Com isso, ele foi chamado pelos historiadores como “a paz dos vencedores” ou “paz punitiva”, já que as nações vencedoras do conflito impuseram duras cláusulas à Alemanha com o intuito de estabeleceruma paz duradoura. A humilhação que o Tratado de Versalhes causou e seu papel em promover uma crise política e econômica na Alemanha abriram espaço para o fortalecimento do sentimento de revanchismo e, consequentemente, o nazismo (tão forte que um dos pontos do programa do Partido Nazista exigia a revogação desse tratado) e a Segunda Guerra Mundial.
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