Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA REGIÃO TOCANTINA DO MARANHÂO - UEMASUL Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas - CCENT GABRIEL FERNANDEZ FERRARI MELO DIREITOS HUMANOS E A EDUCAÇÂO ESPECIAL E INCLUSIVA: REFLEXÔES HISTÓRICAS Imperatriz 2020 DIREITOS HUMANOS E A EDUCAÇÂO ESPECIAL E INCLUSIVA: REFLEXÔES HISTÓRICAS Ensaio apresentado como constituinte avalia- tivo para a terceria nota da disciplina: RELA- ÇÃO ÉTNICO-RACIAIS. Imperatriz 2020 DIREITOS HUMANOS E A EDUCAÇÂO ESPECIAL E IN- CLUSIVA: REFLEXÔES HISTÓRICAS Etimologicamente, a palavra educação deriva de Educare do latim, o qual expressa o sentido de "criar, nutrir ou mesmo fazer crescer"[MARTINS, 2009]. Assim, podemos entender que a educação pode ser relacionada ao ato de expressar as aspirações internas dos indivíduos e relacionando ao atual contexto da palavra ao processo de transmitir o conhecimento do interior de um indivíduo para demais pessoas. No entanto, a educação deve ser concebida não como um ato mas sim como um processo como afirma John Dewey em [CUNHA, 2001], a qual necessita-se de diversos elementos sociais que corroborem para efetivação da mesma. Nesse contexto, devemos destacar que certos grupos de indivíduos tiveram seus processos educativos comprometidos por não terem alguns elementos sociais que garantissem a ocorrência desse processo, dentre esses grupos ressalta-se os deficientes. Ademais, podemos ressaltar que a luta pelo direito à educação por parte desse grupo, bem como a consagração da Educação Inclusiva (EI) ainda é um debate ativo em nossa sociedade, o qual revela diversas questões, em especial acerca da evolução dos Direitos Humanos (DH) para esses grupos. Assim, analisaremos a problemática referente a EI traçando uma linha histórica que parte das primeiras conquistas de direitos dos homens, perpassando a evolução do conceito de cidadania e as conquistas da educação para a sociedade e por fim, destancando um panorama da educação especial e inclusiva (ESI) no Brasil bem como seus desafios e perspectivas futuras. De início, iremos traçar uma breve cronologia de eventos que marcam a busca do homem por seus direitos fundamentais. Para tanto, iremos remontar, ao período da revolução francesa, a qual baseando-se nos ideais de Egalité, Liberté e Fraternité representou um marco histórico na luta pelos direitos dos homens, uma vez que foi responsável pela queda do absolutismo do Antigo Regime [HOBSBAWN, 1982] o qual subjulgava a população, ademais a mesma serviu de inspiração para outras revoluções em busca de direitos sociais [TOSI, 2000]. Todavia, ao fazermos um olhar mais crítico e detalhado desses movimentos vemos que os mesmos são sim, marcos importantes na conquista pelos DH, mas suas conquistas ainda representam formas primitivas dos mesmos, uma vez que não garantiam os direitos e para todas os cidadãos. Com isso, podemos traçar uma importante reflexão sobre a busca e conquista dos DH: para quem são os Direitos Humanos?. Tal questão é de suma importância para a compreensão da dinâmica desses movimentos, uma vez que os mesmos ainda mantinham a detenção dos pode- res para determinados grupos elitistas e assim, deixando grande parte da sociedade a margem de seus direitos. Ademais, podemos entender isso ao passo de que avaliamos a signicação da palavra cidadã, a qual não possuindo uma origem muito clara consegue evidenciar seu uso para determinar aqueles que eram eram os detentores dos direitos cívis a exemplo disso, a grécia an- tiga que confundia o conceito da cidadania com o de naturalidade considerando cidadão aquele nascido em terras grega, já na idade Média imperava o modelo de sociedade de ordens e a busca por uma expansão da cidadania durante o período do iluminismo que, no entanto promoveu a ascensão de uma nova classe: a burguesia [REZENDE FILHO e CÂMARA NETO, 2001]. Dessa forma, nota-se que houve uma tendência histórica na prevalência de grupos sociais como detentores dos direitos cívicos. No entanto, com as mudanças sociais causadas, pelo nascimento do socialismo tivemos inúmeros avanços de cunho progressista que corroboraram para um maior marco na luta pelos DH, sendo esta a Declaração Universal dos Direitos Hu- manos que garante inúmeros direitos para a população e aproximando-se ao máximo de uma universalidade. Todavia, até o presente momento estamos discutindo uma abordagem geral para a busca do DH bem como sua universalização, mas devemos considerar que vários grupos não tive- ram a garantia de seus direitos bem como sua representação mesmo com formalização da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pois, em decorrência do processo histórico- social construindo, em especial, pelo eurocentrismo e pelas práticas de colonização certos grupos étnicos e sociais foram abastados e até então a busca para os direitos de forma uni- versal foi marcada um protagonismo branco, o qual deixou negros, mulheres, indígenas e até mesmo os deficientes atrasados frente a efetividade de seus direitos em uma esfera mais prática [REZENDE FILHO e CÂMARA NETO, 2001]. Em especial, tem-se destaca-se ao último grupo: os deficientes. Tal destaque é merecido pois até então estávamos nos atentando na luta por uma igualdade nos direitos cívis, porém quando olhamos de forma mais precisa para a sociedade fica perceptível que homogeneizar os cidadãos fazendo valer-se de um direito de forma única não consegue exprimir uma real justiça entre os cidadãos. Além disso, devemos ponderar de início as questões que remeten-se ao próprio modelo social que perpetua sobre os deficientes. Em que, segundo [CAMARGO, 2017] ainda prevalece-se um modelo paltado na ordem biomédica que apresenta as deficências como uma forma de restrição de participação ao corpo e por conseguinte, impedindo a realização de atividades que vão até mesmo além do uso de seus copors. Todavia, o próprio autor mostra que tal visão vem sendo descontruida e dando cada vez mais aparatos políticos que prezem e garantam não apenas a igualdade, mas também a equidade para esse grupo. Em especial, podemos sintetizar tal ideia com a fala de [MANTOAN, 2006], "há diferenças e há igualdades, e nem tudo deve ser igual nem tudo deve ser diferente, [...] é preciso que tenhamos o direito de ser diferente quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza". Nesse contexto, destacamos ainda que a citação de Mantoan explicita não apenas a necessidade de políticas sociais num âmbito geral, mas, também a necessidade de aparatos para a educação de indivíduos deficientes. Consoante a isso, ressalta-se que quando nos referimos a educação para indivíduos defici- entes estamos lidando com a educação especial e inclusiva. Essa que, por sua vez visa pro- porcionar de fato, uma inclusão de um estudante deficiente numa sala de aula tradicional, no entanto a EI ainda não é uma realidade em nosso país, sendo marcada por diversos debates que buscam traçar as melhores diretrizes para que haja de fato uma inclusão dos estudantes. Além disso, busca-se proporcionar uma total inclusão dos alunos, dando obviamente o destaque as necessidades individuais de cada um, porém prezando a harmonia e uma melhor ambientação de todos em sala de aula [CAMARGO, 2017]. Não obstante, devemos destacar que cada vez mais tem tido pesquisas voltadas para o acesso da educação para pessoas deficientes. As quais, começam a remodelar as práticas educacionais formais e aplicam protocolos que consideram a diversidade dos deficientes mas, também de gê- nero, etnia, idade, estatura e ritimo de aprendizado como colocado por [BURGSTAHLER, 2009]. Assim, torna-se necessário a aplicação da escola inclusiva ao passo que a mesma representa uma relação bilateral de transformação do ambiente educacional e do próprio estudante como colocado pelo autor em [CAMARGO, 2017]. Com isso, conseguimos ter uma breve perspectiva acerca da história dos Direitos Humanos bem como a noção de não homogêna da conquista de direitos. Em especial, estendemos a discussão para o tópico referenteaos cidadãos com deficiência os quais carecem de aparatos sociais uma vez que o próprio modelo social corrobora para que os mesmos sejam vistos como incapases de realizar determinadas tarefas. No entanto, mesmo com tais visões como torna-se oportuno destacar que nos trabalhos analisados: [CAMARGO, 2017], [MANTOAN, 2006] e [BURGSTAHLER, 2009] , tem-se perspectivas que mostram uma crescente discussão acerca da temática e com isso promovendo avanços na área e corroborando para uma implementação da educação inclusiva no Brasil. Referências [BURGSTAHLER, 2009] BURGSTAHLER, S. Universal design in education: principles and applications. Seattle: University of Washington, 2009. Disponível em: <http: //www.washington.edu/doit/sites/default/files/atoms/files/ Universal-Design-Education-Principles-Applications.pdf>. Acesso em 30 de novembro de 2020. [CAMARGO, 2017] CAMARGO, Eder Pires de. Inclusão social, educação inclusiva e educação especial: enlaces e desenlaces. Ciênc. educ. (Bauru), Bauru , v. 23, n. 1, p. 1-6, Mar. 2017 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S1516-73132017000100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 30 de outubro de 2020. <http://dx.doi.org/10.1590/ 1516-731320170010001.> [CUNHA, 2001] CUNHA, Marcus Vinicius da. John Dewey e o pensamento educacional brasileiro: a centralidade da noção de movimento. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro , n. 17, p. 86-99, Aug. 2001 . Diponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S1413-24782001000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 19 de outubro. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782001000200007. [HOBSBAWN, 1982] HOBSBAWN, Eric, A era das revoluções (1789-1848), Paz e Terra, Rio de Janeiro 1982. [TOSI, 2000] TOSI, Giuseppe. História e atualidade dos direitos humanos. Disponível em: <www.espdh.hpg.ig.com.br/texto1.html>. [MARTINS, 2009] Martins, Evandro. (2009). A etimologia de alguns vocabulários referentes à educação. [MANTOAN, 2006] MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna, 2006. [REZENDE FILHO e CÂMARA NETO, 2001] REZENDE FILHO, Cyro de Bar- ros; CÂMARA NETO, Isnard de Albuquerque. A evoluçãodo conceito de cidadania.<http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/ download/aevolucao-N2-2001.pdf>. Acesso em 29 de outubro de 2020. http://www.washington.edu/doit/sites/default/files/atoms/files/Universal-Design-Education-Principles-Applications.pdf http://www.washington.edu/doit/sites/default/files/atoms/files/Universal-Design-Education-Principles-Applications.pdf http://www.washington.edu/doit/sites/default/files/atoms/files/Universal-Design-Education-Principles-Applications.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132017000100001&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132017000100001&lng=en&nrm=iso http://dx.doi.org/10.1590/1516-731320170010001. http://dx.doi.org/10.1590/1516-731320170010001. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782001000200007&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782001000200007&lng=en&nrm=iso http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782001000200007. www.espdh.hpg.ig.com.br/texto1.html http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/aevolucao-N2-2001.pdf http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/aevolucao-N2-2001.pdf Referências
Compartilhar