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5EEHA - EBOOK arte cultura

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ESTUDOS DE 
CASO EM 
HISTÓRIA 
ARTE E 
CULTURA
Apresentação da Disciplina 
Estudos de Caso em História Arte e Cultura - 5EEHA
 Ao pensarmos sobre as relações entre História, Arte e Cultura devemos ter 
em mente que estas três áreas de conhecimento só podem ser compreendidas 
a partir do entendimento de nossa condição humana. Como grandes e extensos 
domínios da produção material e ideológica dos sujeitos ao longo dos tempos, estes 
elementos nos levam a refletir e a questionar sobre a existência dos conflitos, das 
grandes ideias, das inovações e técnicas criadas pelos homens no devir histórico.
Nesse sentido, a disciplina “História, Arte e Cultura” apresenta grande 
responsabilidade quanto à dinâmica de compreender e sistematizar temas, 
personagens e teorias que foram desenvolvidas pela cultura ocidental. Assim, 
a proposta de ementa que trazemos a vocês, escolheu trilhar os caminhos da 
práxis historiográfica, estabelecendo laços de proximidade e contradições com as 
veias artísticas e culturais das ciências. Ao longo das unidades, acreditamos que 
alguns pontos ficarão claros acerca da polissemia dos conceitos de história, arte e 
cultura, haja vista que os mesmos, na mentalidade latina, tendem a não separar 
radicalmente os fatos e seus protagonistas. 
Para que possamos melhor debater os conteúdos e pensamentos selecionados, 
organizamos o curso considerando as características específicas de cada área, 
quais sejam:
BLOCO TEMÁTICO HISTÓRIA
Com o objetivo de proporcionar um conhecimento mais próximo do campo 
histórico (dimensões, abordagens e domínios), os assuntos selecionados 
contemplam os diálogos entre História e Ciência, perpassando pelos 
principais aspectos que definem este embate: a polissemia do próprio 
conceito de história, as relações de poder entre conhecimento, verdade e o 
ofício do historiador, ademais das correntes historiográficas mais presentes 
na contemporaneidade, fruto da herança Moderna e das diacronias entre 
métodos e interpretações. Nesse contexto, discutiremos paradigmas criados 
pelas representações dos discursos e da própria construção histórica da 
sociedade brasileira, considerando, por exemplo, os seguintes elementos: 
A natureza do histórico – a relação entre o acontecer e o comportamento da 
natureza; As contínuas crises ou revisões no crescimento das sociedades e 
finalmente, a consciência que o homem tem do seu passado. 
O MÓDULO REFERENTE AOS ESTUDOS DA ARTE 
Nos apresenta as contribuições que a relação dialógica da expressão 
história da arte/arte na história provocou na linha do tempo. Além disso, os 
discursos sobre estética irão proporcionar conflitos e argumentos de caráter 
filosófico e epistemológico, da cosmovisão até os princípios artísticos da 
Modernidade, sobretudo quando pensamos a construção da arte no Brasil, 
com destaque para os vestígios europeus e a originalidade brasileira. 
O TERCEIRO E ÚLTIMO MÓDULO COM O TEMA CULTURA 
Desenvolve, de certa forma, uma sistematização das relações entre 
as produções artísticas e históricas, culminado no imaginário cultural 
presente nas diversidades, nas adversidades e nas relações sociais. 
Do completo conceito plural de cultura até os debates promovidos pela 
Indústria Cultural (cultura de massa, erudita e popular), este momento 
final pretende abordar como os processos civilizatório, os movimentos 
sociais e ideológicos construíram categorias, verdades e formas de ver o 
mundo, da Modernidade à sociedade globalizada. 
Esperamos assim contribuir para que vocês, alunos, formem conhecimentos 
e ideias próprias acerca das temáticas e problemas apresentados, na ação de 
estabelecer continuidades e rupturas, uma vez que acreditamos que a consciência 
do presente por seus antecedentes temporais possibilita aos sujeitos elementos 
de juízo para o exercício da liberdade. 
Boa leitura!
Introdução à aula 
Estudos de Caso em História Arte e Cultura - 5EEHA
Conceitos de história e seu objeto: o fato histórico 
e sua relação com a verdade científica
Escrever sobre o passado implica o reconhecimento de que como sujeitos de 
nossa história temos a função primordial de desvelar novos horizontes, conquistar 
espaços e recolher uma atmosfera temporária contínua de atuação, de sentidos 
e de significados da historicidade na vida do tempo presente. Tal afirmação nos 
leva a lembrar o sempre oportuno comentário do historiador Eric Hobsbawm, um 
historiador de seu tempo: “A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos 
sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um 
dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX”. (HOBSBAWM, 
1995, p.8). 
Vista desde o século XXI, percebemos que tal observação reflete uma 
preocupação constante das discussões historiográficas atuais e que ao mesmo 
tempo ganha assustadoramente lugar no imaginário social. A preservação da 
memória histórica se constitui como um dos principais objetivos e trabalho árduo 
não somente dos profissionais da área de História, mas daqueles que prestam 
atendimento especial à educação e às demandas sociais.Serão apresentados e 
discutidos os conceitos e características da gestão empreendedora que poderão ser 
usadas na sua trajetória profissional; o papel e a importância do comportamento 
empreendedor nas organizações; os processos grupais e coletivos, processos de 
autoconhecimento, autodesenvolvimento, motivação, criatividade, comunicação e 
liderança; e, a iniciativa, negociação e tomada de decisão.
A história do tempo presente deve ser entendida como uma tentativa de 
estabelecer as continuidades e as rupturas nas relações temporárias e espaciais, 
principalmente quando consideramos o difícil devir interdisciplinar que vivemos. 
Significa afirmar que o historiador se aproxima de uma História na “qual o 
historiador pesquisa um tempo que é seu próprio tempo com testemunhas vivas 
e com uma memória que pode ser sua”. 
Mais do que uma preocupação, o historiador ao se propor a realizar um 
trabalho de pesquisa histórica, necessita reconhecer os conflitos relativos 
às conexões entre ciência e história. Portanto, o historiador deve legitimar 
o papel do compromisso como elemento relevante para o desenvolvimento 
da ciência, ao introduzir novos objetos, temáticas, analogias, aproximando-
as, no que vem a ser, então, a interdisciplinaridade. Em outras palavras, 
defendemos aqui a abordagem do compromisso defendido por Hobsbawm 
quando afirma que historiadores engajados com alguma causa desenvolvem 
a capacidade de promover novos debates, novas redes de interligações, 
novas abordagens e ainda novos objetos que não eram contemplados por 
conveniência ideológica da vertente dominante ou ainda pela negligência 
da comunidade científica.
Diante de tal prerrogativa, é válido afirmar que a escrita da história não 
se constitui tarefa fácil e também não é formada por definições singulares. 
Caminhar pelos desafios da investigação e assumir os erros e equívocos 
iniciais de um profissional em formação significa questionar-se sobre as 
tendências da historiografia contemporânea e seus principais obstáculos, 
sejam eles metodológicos ou teóricos, ou ainda as dificuldades presentes 
nos embates entre diferentes correntes de pensamento e suas ideologias.
De certo, optar pela escritura da história obriga o historiador a dialogar 
com algumas perspectivas que orientam os rumos da prática investigadora 
durante algumas décadas: é reconhecer o giro cultural (cultural turn) e 
linguístico que circula desde os anos 70 e 80, cuja ideia estrutural se assenta 
na crítica à ideia de que por meio da investigação sistemática se obtém um 
saber objetivo; ou ainda no nascimento da valorização das representações, 
cultura e linguagens, com destaque para a micro história e suas vertentes, 
no Ocidente com a “história vista de baixo” e no Oriente com os “subaltern 
studies” (estudos subalternos). 
Assim, a eleição pelo campo daHistória exige do pesquisador um cuidado 
fundamental com a organização do recorte temporária e espacial que o leva 
a definir quais especialidades deverá selecionar para sistematizar suas ideias 
e fontes. Tal alternativa não deverá, no entanto, seguir modismos ou ser 
realizada só pela disponibilidade de fontes (condição essencial ao trabalho 
historiográfico), senão, sobretudo, debulhar o caminho orientado pelo 
objeto de estudo, elemento básico para qualquer trabalho de investigação. 
Estudos de Caso em História, Arte 
e Cultura
Mas, afinal de contas, o que é História? 
O que é Cultura? Primeiras reflexões...1
O historiador mexicano Enrique Florescano crê que a 
função da História é proporcionar a qualquer grupo social, uma 
identidade gerada pela própria diversidade de sujeitos/atores, 
sejam pertencentes a uma nação, pátria ou tribo. 
A temática desse bloco de aulas procura atender, de 
certa forma, ao mergulho que a História, seus objetos culturais 
e o ofício da mesma impõem àqueles que escolhem esse 
itinerário, o exercício do “reconhecimento do outro e, nesse 
sentido, fazer-nos partícipes de experiências não vividas, mas 
com as quais nos identificamos e formamos nossa concepção 
da pluralidade de aventura humana”. (FLORESCANO, 1997, 
p.65). 
Isto quer dizer que a mudança histórica sucede, 
não porque uma base determinada deva dar lugar 
à superestrutura correspondente, senão porque as 
mudanças nas relações de produção Isto quer dizer 
que a mudança histórica sucede, não porque uma 
base determinada deva dar lugar à superestrutura 
correspondente, senão porque as mudanças 
nas relações de produção se experimentam na 
vida social e cultural, se refratam nas ideias dos 
homens e em seus valores e são questionados 
em suas ações, suas eleições e suas crenças se 
experimentam na vida social e cultural, se refratam 
nas ideias dos homens e em seus valores e são 
questionados em suas ações, suas eleições e suas 
crenças. (THOMPSON, E.P., 2001, p.101).
Neste sentido, os historiadores Ciro Flamarion Cardoso 
e Ronaldo Vainfas defendem a ideia de que “a pressuposição 
essencial das metodologias propostas para a análise de textos 
em investigação histórica é que um documento é sempre 
portador de um discurso que, assim considerado, não pode ser 
visto como algo transparente”. (CARDOSO; VAINFAS, 1997, 
p.37).
 
Trataremos portanto, nesta aula, a relação entre os 
conceitos de História e Cultura. Definir conceitualmente História 
e Cultura é importante por nos permitir compreender como o 
ser humano construiu e constrói seu mundo, seus diversos 
sentidos onde a esperança, os medos, as necessidades e os 
sonhos de um povo inteiro se entrecruzam numa busca contínua 
por sentido e pertencimento. Cultura e História perfazem um 
binômio que se completam e emprestam significados mútuos. 
Então, o que é História? O que é Cultura?
Antes que possamos definir conceitualmente o que 
é História, vamos definir o que é Cultura. Esse passo será 
importante para podermos alinhar esses conceitos numa 
interdependência essencial que ajuda a explicar, ao mesmo 
tempo, ambos. 
Segundo Kalina Silva - no seu Dicionário de Conceitos 
Históricos, seguindo a definição célebre de Edward Tylor - 
cultura pode ser entendida como aquilo que “abrange todas as 
realizações materiais e os aspectos espirituais de um povo”. 
Ou seja, em outras palavras, cultura é tudo aquilo produzido 
pela humanidade, seja no plano concreto ou no plano imaterial, 
desde artefatos e objetos até ideais e crenças. 
Cultura é todo complexo de conhecimentos e toda 
habilidade humana empregada socialmente. “Além disso, 
é também todo comportamento aprendido, de modo 
independente da questão biológica”. 
Como a Cultura está atrelada à produção humana, 
parece natural alinharmos esse conceito ao de História. Então, 
como é possível definir História? Uma das mais conhecidas e 
respeitadas definições vem de Jacques Le Goff na sua obra 
“História e Memória”. 
Para Le Goff, a História é um conjunto de conceitos: 
é a procura das ações realizadas pelos homens formando a 
ciência histórica; é busca pelas realizações dos homens, os 
acontecimentos passados narrados, tornando-se, assim, um 
conjunto de narrativas – quer verdadeiros ou falsos – sobre 
a realidade histórica – real ou fictícia – o que é evitado na 
língua inglesa que distingue entre History (a primeira) e story 
(a segunda). 
A etimologia da palavra é reveladora: História deriva de 
vocábulo grego que significa “conhecimento que surge a partir 
da investigação”.
 
Trata-se do estudo do homem no tempo e no espaço, suas 
ações, conquistas e derrotas, compondo um quadro narrativo 
– que desemboca na cientificidade histórica – que se vale de 
relatos, documentos ou resquícios arqueológicos, elaborando 
uma análise crítica e profunda dos mesmos, permitindo uma 
visão abrangente do passado humano. Como apresenta a 
historiadora espanhola Adelaida Sagarra Gamazo:
Podemos conceituar a História como um 
processo humano, ou melhor, como resultado do 
conhecimento humano e do ajuste do processo 
civilizatório…ademais, a História, como ciência 
social, pode ser definida como um conjunto de 
todos os tempos e desempenhos da liberdade 
humana… (GAMAZO, 1996, p.1).
Assim, a História pode ser:
 
 A École des Annales (conhecida como Escola dos Annales 
no Brasil) defendia uma revisão técnica e metodológica 
de pesquisa, preocupando-se com uma interpretação 
fundamentada em trabalho conjunto coma as demais ciências 
humanas (filosofia, sociologia, antropologia, etc.) aumentando 
assim, as oportunidades de ampliar e conhecer novos campos 
a serem estudados, diversificando o objeto de estudo que 
poderia estimular o surgimento de uma consciência histórica, 
negando a historiografia positivista. 
• narrativa - vale-se das narrativas coletadas para 
compor um quadro geral do passado, onde o 
historiador se utiliza destes para compor sua escrita; 
• pragmática - o historiador possui função didática, 
pois o conteúdo de sua análise também pretende 
corrigir ações para o futuro; 
• científica - o historiador busca a verdade dos fatos 
históricos, valendo-se de método científico, análise 
crítica dos acontecimentos e dos documentos, e 
• dos Annales - o historiador se volta para os fatos 
cotidianos e que compõem a vida privada.
Outro elemento que compõe a definição de História é 
a Historicidade. José Horta Nunes, no artigo Leitura de 
Arquivo, afirma que “o termo historicidade funciona de modo 
a caracterizar a posição do analista do discurso em relação à 
do historiador”. 
O deslocamento história/historicidade marca uma 
diferença entre as concepções de história, de um lado como 
conteúdo, e de outro como efeito de sentido. Aos historiadores 
ligados à análise do discurso cabe questionar a transparência 
da linguagem, levando-se em conta a tessitura da língua. 
Há alguns teóricos que fazem a distinção entre historiologia 
e historiografia. Historiologia seria o estudo das estruturas, 
leis e condições da realidade histórica. Historiografia, por seu 
turno, seria um relato da História, modo de escrever a História.
Aos analistas de discurso, a história passou a ser vista 
não como um pano de fundo, um exterior independente, 
mas como constitutiva da produção de sentidos. Trabalhar a 
historicidade implica em observar os processos de constituição 
dos sentidos e com isso desconstruir as ilusões de clareza e 
de certitude. 
Há alguns 
teóricos 
que fazem 
a distinção 
entre historiologia 
e historiografia. 
Historiologia seria o 
estudo das estruturas, 
leis e condições da 
realidade histórica. 
Historiografia, por seu 
turno, seria um relato 
da História, modo de 
escrever a 
História.
 
Figura 1.Heródoto, o pai da História.
 
Ao mesmo tempo, trabalhar a historicidade na leitura 
de arquivos leva a realizar percursos inusitados, seguindo-
se as pistas linguísticas, traçando percursos que desfazem 
cronologias estabelecidas, que explicitam a repetição demecanismos ideológicos em diferentes momentos históricos, 
que localizam deslocamentos e rupturas. 
Desse modo, o arquivo, por exemplo, não é visto como 
um conjunto de "dados" objetivos dos quais estaria excluída a 
espessura histórica, mas como uma materialidade discursiva 
que traz as marcas da constituição dos sentidos. 
Figura 2. Karl Marx elaborou uma abordagem dialética da História centrada na 
dinâmica econômica e na Luta de Classes.
O material de arquivo está sujeito à interpretação e, 
mais do que isso, à confrontação entre diferentes formas de 
interpretação e, portanto, não corresponde a um espaço de 
"comprovação", onde se suporia uma interpretação unívoca”. 
Trata-se, então, de um processo científico ainda mais crítico e 
profundo que auxilia a elaboração da narrativa histórica.
Outro conceito que nos auxilia a entender o que é História 
é o conceito de fato histórico que abordaremos mais a frente. 
De forma breve, apresentamos aqui o fato histórico como 
sendo toda ação humana que, devido ao seu poder e alcance, 
sua importância e relevância no âmbito individual e coletivo, 
entra para a História. 
Assim, o historiador se mune de dados para compor sua 
visão de passado e explicar as gêneses de determinado tempo e 
suas consequências. Essa ação do historiador – ação de narrar 
e escrever os acontecimentos do passado – se denomina de 
historiografia. Trata-se da própria ciência da História. 
Há alguns teóricos que fazem a distinção entre historiologia 
e historiografia. Historiologia seria o estudo das estruturas, 
leis e condições da realidade histórica. Historiografia, por 
seu turno, seria um relato da História, modo de escrever a 
História. Seja como for, há um processo de coletar dados, 
analisar as informações obtidas, construir um contexto, 
procurar entender as relações causais e, por fim, elaborar um 
texto que explique determinado tempo de nosso passado. 
A história do tempo presente deve ser entendida como 
uma tentativa de estabelecer as continuidades e as rupturas 
nas relações temporárias e espaciais, principalmente quando 
consideramos o difícil devir interdisciplinar que vivemos. 
Significa afirmar que o historiador se aproxima de uma História 
na “qual o historiador pesquisa um tempo que é seu próprio 
tempo com testemunhas vivas e com uma memória que pode 
ser sua”. 
Os acontecimentos históricos possuem relevância por 
terem um espectro que sai da mera esfera particular em 
sentido estrito. Isso não significa, entretanto, que o historiador 
– o profissional que estuda a História – não se dedique à vida 
privada das nações. 
No entanto, o historiador o faz pensando no seu alcance 
mais universal e coletivo, extraindo de ações privadas um 
sentido social coletivo. Isso se torna claro quando entendemos 
que os fatos históricos podem ser eventos que pertencem ao 
passado mais próximo ou distante, de caráter material ou 
mental, que destaquem mudanças ou permanências ocorridas 
na vida coletiva.
A história do tempo presente deve ser entendida como uma 
tentativa de estabelecer as continuidades e as rupturas nas 
relações temporárias e espaciais, principalmente quando 
consideramos o difícil devir interdisciplinar que vivemos. Significa 
afirmar que o historiador se aproxima de uma História na “qual 
o historiador pesquisa um tempo que é seu próprio tempo com 
testemunhas vivas e com uma memória que 
pode ser sua”. 
 
 
Para quem se pergunta sobre a importância da História, 
há um exercício bem simples que pode auxiliar na resposta. 
Imagine que alguém peça que você se defina. A questão é: 
quem é você? Ora, antes de tudo temos que saber quem nós 
somos. O conhecimento de si mesmo é a base para toda e 
qualquer ação – seja ela no presente ou voltada para o futuro. 
Diante dessa questão, você muito provavelmente irá 
responder partindo do princípio: indicar onde você nasceu, a 
data, o local, como era sua família, como foi sua infância, o 
que lhe influenciou até agora, etc. 
Compondo uma história de si mesmo, você será capaz 
de entender melhor quem você é agora no presente, ou seja, 
compreender quais são seus sonhos, seus anseios, seus 
medos, etc. Tudo isso possui uma estrutura e esta se encontra 
enraizada na sua formação histórica: sua família, seu bairro, 
seu país, sua cultura, seu tempo histórico.
Sendo assim, parece muito natural que entendamos 
a importância da História quando queremos compreender 
a nossa sociedade. Queremos saber quais são as bases 
estruturais que a formaram e, assim, vislumbrar os erros e 
acertos do passado. Outro bom exemplo e se pensarmos na 
nossa Constituição federal que foi promulgada em 1988. Ora, 
o Brasil saiu da Ditadura Militar em 1985, ou seja, apenas três 
anos antes de nossa Constituição. 
Numa busca por um país democrático, seria natural que 
nossa Constituição garantisse todos os direitos que foram 
usurpados durante a Ditadura. 
Isso nos permite enxergar com muita clareza o todo 
do processo. A História, então, se torna ciência fundamental 
quando queremos entender a nossa Cultura, seus meandros, 
suas estruturas e possibilidades.
Estudos de Caso em História, Arte 
e Cultura
História e seus vários significados. O que é um fato 
histórico? E o que dizer do processo histórico?2
A palavra “história” tem muitos usos, e a usamos 
cotidianamente ao falar. Mas quando nos referimos a seu 
estudo – o do colégio, por exemplo -, nos concentramos no 
significado da História como Ciência que estuda o passado 
das sociedades humanas. Deste modo podemos dizer que 
a história procura conhecer e estudar as ações (individuais 
e coletivas) que os homens e as sociedades realizaram no 
passado. 
Quando falamos do passado, referimo-nos ao tempo 
todo que decorreu até a atualidade (o presente). Olhando o 
passado das sociedades humanas, podemos remontar-nos 
muito atrás (muitos milhões de anos atrás) até a origem do 
homem, o começo da vida na terra ou a origem do universo. 
Os fatos históricos não são acontecimentos isolados 
nem sucedem entre si. Todo fato histórico se relaciona com 
muitos outros fatos históricos, anteriores e posteriores. Isto 
é, relacionam-se entre si, numa complexa rede de causas 
e consequências múltiplas e são ademais o que levam à 
reflexão de qualquer conflito, acontecimento ou momento da 
história que se converta em transcendental. 
Esta característica da história, de estender-se num 
passado tão profundo que nos custa tomar dimensão dele, 
com frequência dificulta seu estudo e sua aprendizagem. 
Quando falamos de quantidades de tempo tão grandes, 
falamos de “tempo longo” que nos leva a outro conceito: o 
de longa duração. Em geral, os estudos históricos clássicos 
se debruçaram sob períodos de extensa temporalidade, 
pois assim é possível estabelecer interpretações, conexões 
e questionamentos dos elementos que caminham nas 
permanências e que não continuam com as rupturas. 
 
O que é a História? Uma ciência organizada de uma 
maneira muito distinta das ciências experimentais. 
A finalidade destas é descobrir os traços constantes 
ou recorrentes em todos os acontecimentos de 
certa classe. A finalidade da História consiste, ao 
contrário, na compreensão das trocas e para tanto 
deve situar os acontecimentos, diferentes em cada 
época, no contexto também transformador que 
caracteriza essa época. (Saturnino Sánches Prieto, 
1995, p.10). 
É muito comum as pessoas confundirem o conceito 
de fato histórico com a definição de processo histórico. Da 
mesma forma, não é raro encontrar estudantes que não sabem 
diferenciar os fatos como históricos, sociais e políticos. 
Chamamos fato histórico, a um acontecimento do passado 
que o historiador considera relevante. Podemos dizer que são 
ações, acontecimentos, acontecimentos. Os fatos históricos se 
caracterizam por ser de curta duração (horas, dias, semanas). 
Alguns exemplos de fatos históricos: a tomada da Bastilha (o 
14 de julho de 1789), a queda da bolsa de Wall Street em 
1929 ou atentado às Torres Gêmeas em 2001.Segundo suas 
características, podemos classificar um fato histórico como 
político, militar, econômico, cultural, etc. 
Os fatos históricos não são acontecimentos isolados 
nem sucedem entre si. Todo fato histórico se relaciona com 
muitos outros fatos históricos, anteriores e posteriores. Isto 
é, relacionam-se entre si, numa complexa rede de causas e 
consequências múltiplas e são ademais o que levam à reflexão 
de qualquer conflito, acontecimento ou momento da história 
que se converta em transcendental. 
Os historiadores procuram os fatos históricos relacionados 
entre si (culturais, econômicos, políticos, sociais, etc.), e os 
integram num processo histórico, conseguindo assim um 
entendimento mais completo da sociedade que estudam.
A partir da análise que fizemos sobre o fato histórico 
podemos derivar à definição de processo histórico que será 
um conjunto de fatos históricos relacionados entre si que 
decorrem através do tempo. Se pensamos em qualquer dos 
exemplos de fato histórico que vimos antes, poderemos ver 
que é uma consequência de outros fatos anteriores, e também 
é a causa de outros fatos posteriores. 
Os fatos 
históricos 
não são 
acontecimentos 
isolados nem sucedem 
entre si. Todo fato 
histórico se relaciona 
com muitos outros fatos 
históricos, anteriores 
e posteriores. Isto é, 
relacionam-se entre si, 
numa complexa rede de 
causas e consequências 
múltiplas e são ademais 
o que levam à reflexão 
de qualquer conflito, 
acontecimento ou 
momento da história que 
se converta em 
transcendental. 
 
Por exemplo, a tomada da Bastilha se integra em um 
processo histórico particular como participante da Revolução 
Francesa. 
Cada processo histórico é um período de tempo durante o 
qual uma sociedade se organiza de uma maneira determinada, 
e depois vai se transformando até ingressar num novo período 
histórico. A diferença entre o fato histórico (que é de curta 
duração) e os processos históricos (que são mais longos), é 
que estes últimos podem durar anos, décadas e até séculos.
 
Estudos de Caso em História, Arte 
e Cultura
Historiografia e os elementos ideológicos do fazer 
histórico: é possível uma definição cientifica da História?3
Teorizar é um dos imperativos básicos da História 
entendida como disciplina científica. Ao tentar reconstruir desde 
o presente dimensões da memória histórica contemporânea, 
precisamos propor hipóteses históricas baseadas em dúvidas 
epistemológicas mais ou menos sustentáveis, em “fatos 
históricos” potencialmente documentáveis, sustentados em 
processos de investigação empíricos perfeitamente definidos, 
e orientadas a obter teorias explicativas deste fato histórico 
objeto de nosso interesse e preocupação. 
E estas teorias interpretativas devem basear-se em 
instrumentos conceituais, em categorias de interpretação 
fundamentadas que deem à opinião pública, à instituição 
acadêmica e ao próprio processo histórico-cientista novas 
visões sobre os fenômenos históricos que presidiram nossos 
últimos séculos. 
Frente às visões ideológicas e os juízos morais que 
deformam o entendimento retrospectivo, a ciência histórica 
tem o imperativo axiológico de mostrar os fatos tal como 
os esboçaram seus protagonistas, não como a sonhamos ou 
a “precisamos” como historiadores atuais, tanto os dados 
empíricos como a mitologia interpretativa.
Desta necessidade surge a historiografia ou linguagem 
histórica. Tomando como referência o dicionário de Bescherelle 
(1845), a “arte de escrever a história”, podemos pensar 
a historiografia como o registo escrito da História através 
de uma metodologia concreta, de categorias temporárias 
determinadas, de conceitos próprios e de uma linguagem 
destinada a explicar o tempo histórico; ou em seu sentido 
mais concreto, poderia ser a maneira e o sentido em que a 
História se escreveu e se escreve. 
 
A historiografia constitui o conjunto de técnicas e métodos 
de investigação e interpretação propostos para descrever os 
fatos históricos acontecidos. 
A historiografia se faz concreta, pois, o método científico 
da História se dá através de um procedimento composto por 
três grandes elementos:
A ciência histórica aparece, pois, como uma das maneiras 
empíricas de estudar a evolução social e cultural da atividade 
ser humano com respeito ao mundo material e espiritual que 
lhe rodeia. E como toda ciência pretende conhecer seu objeto 
de atendimento mediante uma série de instrumentos e uma 
série de leis mediante as quais seleciona, ordena, armazena e 
expõe os “fatos históricos”. 
Frente às visões ideológicas e os juízos morais que 
deformam o entendimento retrospectivo, a ciência histórica 
tem o imperativo axiológico de mostrar os fatos tal como os 
esboçaram seus protagonistas, não como a sonhamos ou 
a “precisamos” como historiadores atuais, tanto os dados 
empíricos como a mitologia interpretativa.
Assim, a História procura respostas no passado a 
perguntas que se propõe, previamente, no presente sobre um 
“fato histórico” que, em teoria, lhe é desconhecido. Esta é, 
pois, sua dúvida epistemológica de partida do historiador. 
Frente às visões 
ideológicas e 
os juízos morais 
que deformam 
o entendimento 
retrospectivo, a 
ciência histórica tem o 
imperativo axiológico 
de mostrar os fatos tal 
como os esboçaram 
seus protagonistas, não 
como a sonhamos ou 
a “precisamos” como 
historiadores atuais, 
tanto os dados empíricos 
como a mitologia 
interpretativa.
1. Heurística (tese) ou recopilação das fontes 
necessárias para documentar um modelo prévio 
de investigação (uma hipótese), determinado por 
interesses do presente (individuais ou coletivos, 
científicos ou ideológicos, etc.). 
2. Crítica (antítese) ou análise avaliativo do conteúdo 
das fontes, avaliando a veracidade, realidade e 
interpretações das mesmas. 
3. Hermenêutica (síntese) ou interpretação em que 
se relacionam os dados e as informações dentro do 
marco geral do que partiu a investigação, tentando 
descrever as causas e as consequências dos fatos 
históricos analisados. 
 
E o método para resolvê-las começa com a série de 
perguntas propostas, obrigatoriamente geradas desde o 
presente, e submetidas, por isso, ao critério subjetivo da 
pessoa e do tempo. Assim a história aparece como o meio no 
qual uma sociedade, uma cultura, responde a seu passado 
imediato ou remoto.
Sobre estes critérios podemos identificar uma definição 
geral, e por isso submetida a revisões de todo tipo, sobre a 
História como ciência. 
Há que advertir, ademais, que o conceito de História que 
aqui perseguimos evoluiu em decorrência do tempo e é tão 
plural como os autores que se dedicaram a defini-lo: 
J. Huizinga integrava sua realidade como ciência num 
“espírito” cultural mais amplo, J.A. Maravall [1911-1986] a 
definia como “uma ciência que tem, como qualquer outra, 
seus princípios próprios, e segundo eles, se nos mostra dentro 
de um sistema determinado de relações, válida numa esfera 
de fatos da experiência humana”; para Henri Irene Marrou 
[1904-1977] aparecia como “o conhecimento do passado 
humano” além de sua evolução biológica; Wilhelm Bauer 
situava à História como “a ciência que trata de descrever, 
explicar e compreender os fenômenos da vida, quanto se trata 
das mudanças que leva consigo a situação dos homens nos 
diferentes conjuntos sociais”; e inclusive Paul Veyne [1930-] 
negava a mesma realidade científica da História ao considerá-
la simples “relato”.
O objetivo confesso de todos os historiadores consistiu 
em recompilar, registrar e tentar analisar fatos do passado 
do homem (de maneira parcial ou total) e, em ocasiões, 
descobrir acontecimentos ocultos na memória ou nos restos 
documentários materiais. 
Mas o fim inconfessável dos profissionais da ciência 
histórica se situou, sempre, em controlar e definir a variável 
do tempo; não do tempo cronológico, mensurável em termos 
físico-matemáticos, senão do “tempo histórico” propriamente 
humano, que conecta as experiências que se deram no passadoe as possibilidades que se apresentaram no presente. 
 
Por isso, podemos assinalar os quatro grandes campos 
temáticos onde se desenvolveu a ciência histórica; campos 
genéricos, que em muitas investigações aparecem inter-
relacionados, e que contam com o apoio do instrumental das 
ciências auxiliares específicas para a História:
1. A política: estudo das instituições e conflitos em períodos 
determinados, bem explicadas sincronicamente ou bem 
analisados de maneira diacrónica, contando com as instruções 
teóricas da Ciência política, da Geografia política ou do Direito 
político.
2. A cultura: análise das ideias e crenças dos povos, em especial 
do papel da religião, das ideologias e as mitologias culturais, 
com a ajuda da antropologia, a filologia, a filosofia ou a 
mesma teologia. 
3. A Economia: investigação sobre as condições materiais 
da existência humana, entendidas bem quantitativa bem 
qualitativamente, com o recurso à Economia política, a 
Demografia, ou a Cliometria. 
4. A Sociedade: estudo das estruturas, movimentos e relações 
das diversas organizações sociais, através da sociologia, da 
pedagogia ou da Política Social.
Esta é a chave que distingue à “ciência histórica”, e que 
se estabelece em algumas questões:
1. O tempo outorga, pois, uma essência gnosiológica e uma 
especificidade metodológica à ciência histórica. Esta se 
constrói sobre documentos e depoimentos, ruínas e vestígios, 
monumentos e obras culturais “pretensamente objetivas”; 
umas relíquias criadas pelo “gênio” de cada geração e 
modeladas pelo sistema de crenças vigente na mesma. 
2. Mas estas relíquias não apresentam uma realidade 
“ontológica”; não existem mais do que pelo reconhecimento 
material do historiador de seu significado pretérito e de sua 
consistência presente. 
3. O historiador realiza, a modo de abstração, uma “ressurreição 
vital” das mesmas, de seu signo e de sua função, mas sempre 
sob as coordenadas culturais do espaço e do tempo próprios 
do historiador, e inclusive desde a previsão do futuro que 
costuma associar-se, comumente, à tarefa historiográfica. 
 
Um dos aspectos mais importantes a se considerar 
quando reflexionamos sobre que é a história - como todo 
conhecimento científico - é a construção. A que nos referimos 
com isto? Ao fato de que não podemos conhecer o passado 
exatamente como ocorreu. Isto é, reconhecer que quando 
lemos um texto sobre história não estamos ante a “realidade” 
desse “passado”, senão que é uma reconstrução elaborada 
desde o presente. Reconstrução realizada com base em uma 
“verdadeira” informação que nos chegou desde esse passado 
(sempre incompleta e parcial, em maior ou menor medida), 
que é selecionada, interpretada, relacionada e ponderada 
por um historiador ou uma equipe de historiadores.
Para poder conhecer o passado, os historiadores contam 
com diferentes elementos que lhes brindam informação 
sobre um determinado momento de uma sociedade: as 
fontes históricas. Praticamente qualquer elemento que se 
apresente como prova de uma sociedade do passado pode 
contribuir com informação útil para conhecê-la, se for 
estudada corretamente. Entre as diferentes fontes históricas, 
podemos destacar algumas:
Fontes e domínios da História: como os 
historiadores organizam o campo histórico?
Estudos de Caso em História Arte e 
Cultura
4
A singularidade 
da ciência 
histórica se 
demonstra, com 
as fontes como 
testemunha, com 
a integração do 
método científico e 
a problematização 
filosófica, das 
possibilidades na 
tarefa do historiador 
e nas possibilidades 
abertas pelos 
depoimentos de seus 
antepassados.
• Fontes escritas: documentos oficiais (fatos por 
governos) ou privados (cartas, memórias), jornais, obras 
literárias.
• Fontes gráficas: obras de arte, fotografia, filmes, etc.
• Fontes monumentais: monumentos, edifícios, restos 
arqueológicos de povoados, etc.· 
• Fontes orais: relatos dos protagonistas, lendas 
transmitidas oralmente, entrevistas e depoimentos coletados 
a partir da História Oral.
• Fontes naturais: restos humanos, restos de animais 
ou plantas domésticas, evidências de mudanças climáticas.
 
Podemos ainda nos referir à natureza do documento 
histórico que pode ser: jurídico (lei, relatório, decreto ou 
constituição), literário (romance ou poema), político (discurso, 
memória, relato de viagem, entrevista), artigo de imprensa 
ou anúncio publicitário. Ou o texto pode ser destinado a 
uso pessoal ou privado: Se for, devemos perguntar de qual 
tipo é (diário pessoal, carta, relatório secreto ou outro tipo 
de documento familiar). Além disso, os historiadores, para 
facilitar e deixar mais claro suas atuações na área da pesquisa, 
organizaram o campo da história em 3 perspectivas: as 
dimensões, as abordagens e os domínios da história. 
Fonte: BARROS, José D'Assunção. O Campo da História (nona edição). 9. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
 
 
Uma fonte histórica, portanto, é todo objeto, documento 
ou evidência material que contém ou implica informação útil 
para a análise histórica, e que devem ser tratadas com o 
respeito a sua origem através de sua “citação fiel” (referência 
exata). Mas estas fontes nos remetem, sempre, ao sujeito, 
elemento central da História. Dele dizia Ortega e Passer que 
é, antes de mais nada, “um ser histórico”, já que o recordar 
é a interpretação de nossa vida, do que fomos, e a influência 
decisiva de nosso “agora”.
Quando falamos da organização do campo da História, 
devemos estar atentos à explicação do professor e pesquisador 
em história, José D’Assunção Barros:
O ‘Quadro 1’ foi elaborado com o intuito de organizar 
estes critérios – distribuindo-os em ‘dimensões’, 
‘abordagens’ e ‘domínios’ da História – e buscando 
esclarecer as várias divisões que estes critérios 
podem gerar. De certo modo, as três ordens de 
critérios correspondem a divisões da História 
respectivamente relacionadas a “enfoques”, 
“métodos” e “temas”. Uma dimensão implica em 
um tipo de enfoque ou em um ‘modo de ver’ (ou 
em algo que se pretende ver em primeiro plano 
na observação de uma sociedade historicamente 
localizada); uma abordagem implica em um ‘modo 
de fazer a história’ a partir dos materiais com os 
quais deve trabalhar o historiador (determinadas 
fontes, determinados métodos, e determinados 
campos de observação); um domínio corresponde a 
uma escolha mais específica, orientada em relação 
a determinados sujeitos ou objetos para os quais 
será dirigida a atenção do historiador (campos 
temáticos como o da ‘história das mulheres’ ou da 
‘história do Direito’). (BARROS, 2013, p.45). 
As fontes nos informam, assim, sobre a forma de pensar 
e de atuar das pessoas, individual e coletivamente, e nos 
introduzem no significado das eleições dos protagonistas do 
“fato histórico”, bem como dos historiadores que se ocupam 
dos mesmos. Por isso, as fontes históricas podem se classificar 
em primeiro lugar, e em função de sua origem, bem como 
fontes primárias ou diretas, fontes secundárias ou indiretas, 
ou fontes terciárias: As fontes secundárias são os estudos 
realizados por historiadores posteriores ao fato histórico 
estudado, e procedentes de diversas fontes primárias ou 
de similares estudos indiretos (aqui encontramos livros de 
história, biografias, e inclusive a novela histórica).
Mas a análise das fontes deve enfrentar uma questão 
central: documentação histórica ou produção historiográfica? 
Temos aqui uma questão epistemológica que remete à 
pluralidade de visões presentes nos protagonistas diretos do 
fato histórico, e aos pontos de partida do historiador; isto é, 
à dialética presente em toda reconstrução historiográfica: 
objetividade (pretensão a uma neutralidade axiológica 
no conhecimento dos fatos históricos) e subjetividade 
(reconhecimento dos interesses, ideologias e limitações 
deste).
A seleção e tratamento das fontes documentários e 
materiais, bem como a produção histórica paralela, correm 
o mesmo caminho: a inter-relação entre as exigências 
de “objetividadecientífica” à hora de eleger e narrar os 
depoimentos necessários para a reconstrução historiográfica (e 
que determina seu método e sua teorização); e a necessidade 
de reconhecer a “subjetividade cultural” presente em diversas 
possibilidades que fizeram de uma maneira, e não de outra, 
os fatos históricos (fundadas em múltiplos interesses, crenças 
e valores).
Assim, a singularidade da ciência histórica se demonstra, 
com as fontes como testemunha, com a integração do método 
científico e a problematização filosófica, das possibilidades 
na tarefa do historiador e nas possibilidades abertas pelos 
depoimentos de seus antepassados.
 
A História ampliou seu campo de trabalho e análise 
ao aceitar a associação com outras ciências, como é 
ocaso da Antropologia e Sociologia presente em temáticas 
relacionadas ao dia a dia das pessoas. De acordo com José 
de Souza Martins o interesse da Sociologia pelos estudos do 
cotidiano é oriundo de um movimento contrário e sucessivo 
dos sentimentos que estão presentes na vida dos homens e 
de seu dia a dia, a exemplo da justiça, liberdade e igualdade. 
Depois de do âmbito de auto renovação do sistema capitalista 
e consequentemente das decepções relacionadas com este 
modelo socioeconômico, a vida cotidiana assume um dos 
lugares no quadro de prioridades no campo do sociólogo. 
Souza crê que, depois da crítica ao modelo positivista e 
a revisão pós-moderna, “... estamos ante um fascinante 
processo de reinvenção da sociedade”. 
Se a sociedade sofre um processo de reflexão sobre 
suas ações e pensamentos, a história e a sociologia também 
acompanham essas mudanças.
As grandes certezas terminaram. É que com 
elas entraram em crise as grandes estruturas 
da riqueza e do poder (e também os grandes 
esquemas teóricos). Daí decorrem os desafios 
deste nosso tempo (...) O novo herói da vida é o 
homem comum imerso no cotidiano. (MARTINS, 
2000, p.34). 
Pierre Nora em entrevista ao Magazine Littéraire 
(1981) discorre sobre o novo papel do acontecimento e do 
historiador do tempo presente. Segundo ele, a historiografia 
contemporânea realizou um projeto que tinha como pretensão 
“minimizar” o acontecimento, ou melhor, como comparou 
Fernand Braudel no Mediterrâneo: o acontecimento seria a 
ponta de um iceberg, priorizando o processo histórico e a 
longa duração. 
A dimensão da História e suas interfaces com a 
Cultura: o papel da História Cultural na pesquisa social.
Estudos de Caso em História Arte e 
Cultura
5
 
Atualmente, as 
pessoas têm 
uma noção maior 
do tempo e dos 
acontecimentos 
“históricos”; 
e qualquer 
acontecimento seja 
ele de menor ou 
maior destaque, 
é aclamado pela 
memória e história, 
sendo o presente o 
grande referencial 
para tal 
questão. 
Atualmente, as pessoas têm uma noção maior do tempo e dos 
acontecimentos “históricos”; e qualquer acontecimento seja ele de 
menor ou maior destaque, é aclamado pela memória e história, sendo 
o presente o grande referencial para tal questão. Contrariando o 
passado, o presente se faz o contexto das transformações ocorridas 
em sociedade. Acontecimentos e historiadores trocam de lugar: o 
segundo cede o privilégio de eleição ao primeiro. Agora, mais do que 
nunca, é “o acontecimento que faz o historiador”. Com isso, ainda 
conforme Nora, as pessoas sentem uma imensa e urgente precisão 
de compreender o que está ocorrendo em sua volta e por seguinte, 
que tenha em mãos os meios que facilitem uma leitura imediata.
A partir dessa análise é possível constatar que a preocupação 
em reinventar a posição diante as discussões e reflexões sobre 
o papel da História e da Sociologia é compartilhada pelas duas 
ciências, cada uma a seu modo. Ao invés do que se pode pensar 
a respeito da afirmação de Nora, na qual os acontecimentos os 
constroem os historiadores, o homem, conforme Souza, tem sua 
postura reafirmada no fazer de sua história individual, apesar de 
que tenham atitudes e desejos dirigidos e muitas oportunidades 
determinados pela herança do passado.
É possível afirmar que as ideias que circulam ao redor 
da História Cultural, uma das dimensões historiográficas para 
os estudos históricos, estão vinculadas à tese de que este 
ainda se configura como campo absolutamente “recente” e 
muito jovem na atmosfera das investigações em geral, e, 
portanto, um verdadeiro campo ainda em construção no que 
se refere à definição de suas diversas zonas problemáticas e 
diferentes linhas que compreende, bem como a elaboração 
mais fina e pontual de seus principais conceitos, paradigmas 
metodológicos, modelos explicativos e hipóteses articuladas. 
Há que considerar também que o nascimento da História 
Cultural foi precedido pela História Social a partir da segunda 
metade do século XIX com o marxismo: a história das massas 
e dos grandes grupos coletivos. A terceira ideia é caracterizada 
pela tese de que a “cultura” não é algo unitário ou homogêneo 
(e não somente dominante), senão um campo de forças 
dividido e contraditório.
 
 
Além dessas questões, o problema da escala que define 
a Macro História e a Micro História está localizado na ideia da 
cultura como fenômeno ou dimensão que caminhou para um 
novo modelo de História Crítica com o objetivo de examinar as 
culturas subalternas. O contexto da Micro História, depois da 
Revolução Cultural Mundial de 1968, trouxe questionamentos 
estruturados pelos seguintes elementos: 1. Problemas a 
respeito dos conjuntos das estruturas culturais das sociedades 
modernas de todo o planeta; 2. Debate a respeito dos 
principais elementos que sustentam os “códigos principais” 
dos grupos subalternos; 3. Discussão sobre o procedimento 
microhistórico para a dimensão cultural do mundo humano 
social; 4. Finalmente, a contestação do modelo de história 
francês: não há, em realidade, consenso sobre a teoria das 
Mentalidades.
Para este debate, dois historiadores trazem uma análise 
que destaca a omissão do conflito social como elemento central 
das contradições metodológicas: Jacques Le Goff e Robert 
Mandrou. Le Goff aborda a questão da divisão das sociedades 
em classes sociais e a ignorância (a falta de conhecimento 
por parte destas) presente nos envolvimentos fundamentais 
que apresentam o âmbito cultural, enquanto Mandrou aponta 
a incapacidade do modelo francês de distinguir a cultura 
“imposta” às classes populares pelas classes dominantes da 
cultura produzida diretamente por essas mesmas classes 
subalternas, como fruto de sua própria atividade e experiências 
sociais.
Ademais, a História das Mentalidades sofreu outras fortes 
acusações: até a década de 70, tal dimensão historiográfica 
trabalhava com a ideia conceitual de cultura como fenômeno 
unilateral e descendente; a dupla função positiva pós anos 
70 defendia ações dirigidas à denúncia das limitações da 
mais tradicional e elitista História das Ideias que até então 
estruturava suas perspectivas pelo aspecto “passivo” das 
classes populares, aspecto definido pelas contradições entre o 
“imitado/assimilado” e o “aprendido/reproduzido”.
A segunda função positiva trouxe ânimo e popularização 
para os diversos elementos da moderna História Cultural, 
já que até os anos 70 a História das Ideias não considerava 
sequer a existência de uma cultura popular, vista até então 
como folclore, crenças e visões primitivas. A segunda função 
positiva trouxe ânimo e popularização para os diversos 
elementos da moderna História Cultural, já que até os anos 70 
a História das Ideias não considerava sequer a existência de 
uma cultura popular, vista até então como folclore, crenças e 
visões primitivas.
É Carlo Ginzburg que trará uma nova mirada para 
os estudos culturais: o conceito de “circularidade cultural” 
vinculado ao processo de legitimação social iniciou o 
pensamento de que as classes subalternas somente se 
aculturam parcialmente e de forma móvel, resistindo à 
imposição de cultura hegemônica, salvaguardando elementos 
de sua própria cultura, trazendo novas funções, sentidos, 
significações paraessa mesma ideologia. Em paralelo, Michel 
Foucault assinalou outra questão: o reconhecimento da 
“inacessibilidade total”. Foucault argumentou que, apesar 
dos teóricos que reconheçam a existência e importância da 
cultura popular, durante séculos a imensa maioria das classes 
populares não sabe ler e escrever, e em tal contexto a cultura 
de referida população só chega por meio do depoimento das 
próprias classes dominantes.
Num debate acadêmico que infelizmente é raro 
encontrar atualmente nas academias, Ginzburg reagiu 
às provocações de Foucault e fez questão de reconhecer 
a grande dificuldade que implica na reconstrução dessa 
cultura das classes subalternas, mas não para aceitar que 
é simplesmente inacessível, senão também para recolher os 
modos oblíquos , as formas de interpretação que estão na 
contramão, as estratégias de leitura intensiva e voluntária e 
os modos de aplicação do “paradigma indiciário”, ou em que 
outras tenhamos, o deciframento de seus códigos e estruturas 
principais.
Daí que destacamos alguns aspectos em comum das 
obras destes dois grandes historiadores para nossa breve 
reflexão: a discriminação das diversas temporalidades 
históricas e a reconstrução e superposição da projeção dos 
níveis culturais, ciclos conjunturais, conflitos em torno dos 
poderes institucionais que resultam na síntese complexa dos 
diversos extratos culturais construídos em cima do jogo de 
ideias entre sagrada e sobrenatural (que possa temporária), 
das diferentes durações históricas, dimensões, da cosmovisão 
holística e do próprio materialismo da cultura. 
Finalmente, apoiamo-nos sobre a lógica geral da História 
Cultural desenhada pelos sentimentos populares que sempre 
fazem questão de perguntar diante de objetos de estudo: 
o que é tolerável? O que é aceitável? O que é moralmente 
legítimo e moralmente condenável?
 
A Verdade, como parte dos grandes conceitos, não 
é algo fácil de se definir. Compreender o que é a própria 
verdade solicita perguntarmos “o quê”, “como” e “por quê”. 
Primeiro, diferenciar a Verdade do próprio conhecimento 
é fundamental. A busca pelo conhecimento e pela verdade 
está separada por uma linha muito tênue. São caminhos 
diferentes que comportam-se da mesma maneira, o que 
permite uma confusão, que só se resolve quando percebe-
se a natureza paralela dessa caminhada. Ainda que o 
comportamento seja o mesmo, são objetivos diferentes, 
como observa Foucault:
Pois, ainda nos poetas gregos do século VI, o 
discurso verdadeiro – no sentido forte e valorizado 
da palavra [...], era o discurso pronunciado por 
quem de direito e segundo o ritual requerido. Era 
o discurso que dizia a justiça e atribuía a cada um 
a sua parte; [...] Ora, um século mais tarde, a 
maior das verdades já não estava naquilo que o 
discurso era ou naquilo que fazia, mas sim naquilo 
que o discurso dizia. (FOUCAULT, 1970, p.03.)
A verdade deixou de ser alojada no todo do próprio 
discurso, em seus efeitos e resultados, para que fosse 
alojada basicamente nas suas palavras, no que se dizia e 
não no que era, conforme destaca o autor. Essa transição do 
protagonismo do “ser” para o “enunciado” foi evidenciada na 
maneira como os gregos tratavam do próprio conhecimento 
e do papel exercido pelos sofistas. Um conhecimento 
transformado em objeto de valor econômico, dado em troca 
de um retorno financeiro, fez com que as participações 
nas práticas políticas ganhassem outros méritos que não a 
própria vocação, a participação no poder e na produção do 
conhecimento e da verdade ganhava agora outros critérios 
que não somente o ritualístico. 
História e Verdade: da consciência 
metódica à consciência do discurso. 
Estudos de Caso em História Arte e 
Cultura
6
 
Passado é 
aquilo que foi, 
é o tempo que já 
não é. A passagem 
de tudo aquilo que 
se acumulou num 
tempo presente, 
mas que já não é 
esse tempo.
E daí que os grandes pensadores formulam suas posições 
quanto a relação entre o saber e a verdade, ao proporem 
que o alcance de um saber verdadeiro é também o caminho 
pelo qual se produz um sujeito de conhecimento que possa 
revelar a Verdade. Mas enquanto essa Verdade absoluta não 
é alcançada, o conhecimento inicia sua trajetória. A busca 
pelo conhecimento faz com que os sujeitos de conhecimento 
se modifiquem conforme encontram novas barreiras e 
novas formas de construir o conhecimento. A história do 
conhecimento, da verdade, dos sujeitos – a História como 
um todo – acaba com sua relação apresentando formas 
múltiplas de sujeitos de conhecimento que, assumindo um 
comportamento próximo ao do próprio conhecimento, se 
modificam ao entrar em contato com ele. 
O conhecimento é como um clarão, como 
uma luz que se irradia mas que é produzido 
por mecanismos ou realidades que são de 
natureza totalmente diversa. O conhecimento 
é o efeito dos instintos, é como um lance 
de sorte, ou como o resultado de um longo 
compromisso. (FOUCAULT, 1973, P. 16-17). 
O que demonstra que o conhecimento é uma construção do 
homem, é o resultado do emprego de suas vontades, instintos 
e da aplicação de sua prática como sujeito do conhecimento 
em relacionar-se com o objeto a ser conhecido. Essa relação, 
que carrega sua própria violência, altera não somente o objeto 
que se está conhecendo mas o próprio sujeito. 
A verdade, conforme resultado desse mesmo processo, 
alcança então o estatuto de produção humana, sujeita a 
um tempo e ao espaço. Essa qualidade de produto significa 
que a própria verdade também está sujeita a um processo 
produtivo, portanto, pode ser encaixada num método que 
vai ser distinguível conforme a disciplina que a tente validar. 
Em outras palavras, a verdade vai ser produzida conforme 
diferentes caminhos, e no contexto da escrita da História, 
a busca é: Quais os métodos empregados pela História na 
produção dessas verdades?
 
 
A primeira ferramenta diz respeito a uma compreensão 
histórica, ou seja, quanto a maneira como a verdade é 
interpretada frente a História, e assim temos duas formas. 
Uma diz respeito a posição temporal do historiador, que 
sempre terá maior liberdade de compreender o objeto que está 
posicionado no passado, conforme a construção de consciência 
sobre o objeto que é posto em questão. E em relação a uma 
interpretação do sentido da verdade nessa compreensão 
histórica, essa também será fruto de um discurso que veio 
antes do próprio historiador, ou seja, aquele que ponha-se a 
olhar à história perante suas formas e métodos, estará sujeito 
a um diálogo anterior a si próprio. Não que exista uma posição 
melhor ou maior, mas toda época gera por consequência uma 
compreensão diferente de passado, ou seja, toda época tem 
por consequência um passado diferente com um significado 
diferente. Passado é aquilo que foi, é o tempo que já não 
é. A passagem de tudo aquilo que se acumulou num tempo 
presente, mas que já não é esse tempo. 
A verdade, frente a história, também depende de um certo 
método, por vez definido apenas como o método histórico, que 
faz com que os procedimentos sejam aplicados com cautela 
e com base numa fidelidade quanto a sua funcionalidade e 
objetivos. Revela a consciência de que é necessário trilhar 
um conhecimento que parta do senso comum a uma prática 
coerente e responsável desse relacionamento entre verdade e 
história. 
A verdade aparece então, como objeto do conhecimento 
histórico, sendo externo ao sujeito-observador, seu outro 
extremo nessa relação de conhecimento. Ainda que 
externamente, faz parte desse sujeito-observador e compõe 
sua própria trajetória, do próprio sujeito e de sua composição 
como um todo. A tradição emerge nessa interação, já que 
valores compreendidos nesse passado adquirem uma qualidade 
de reconhecimento entre o sujeito e o objeto, de tal forma 
que se busca modificar o movimento do próprio tempo para 
que seja perpetuado esse valor contido nesse ponto temporal 
específico, alcançando o conceito de realidade histórica.
A verdade alcançada por meio do contato sujeito-objetoé uma realidade que não pode fugir da substancialidade, da 
existência, o que é fruto dessa construção dialógica que é 
estabelecida entre os polos da relação. A realidade histórica 
é, portanto, transpassada por passado, tradição e memória. 
A memória, por sua vez, é a captura do tempo e a injeção de 
valor dentro dessas formas temporais. A própria memória é 
É da própria 
natureza do 
conhecimento uma 
certa violência no 
contato entre o 
sujeito e o objeto a 
ser conhecido, uma 
vez que o conhecer 
é forma de alterar 
o que é conhecido e 
também quem 
conhece.
uma forma falha de fundar a verdade, já que o que estrutura 
a verdade é o método e não a lembrança, o que parece 
consolidar um ciclo e retoma a necessidade do método e dos 
processos descritos anteriormente.
Mas para que todas essas relações sejam estabelecidas 
é necessário que exista, perante a construção histórica da 
verdade, uma fundamentação. É necessário então que 
essa atitude teórica do historiador seja feita com base na 
participação da construção de um conhecimento. Já que o 
conhecimento é o resultado da relação estabelecida entre ele 
(enquanto sujeito-observador) e a verdade (enquanto objeto 
posicionado historicamente), esse contato tende a derrubar 
barreiras e adentrar limites de um e/ou de outro. É da própria 
natureza do conhecimento uma certa violência no contato 
entre o sujeito e o objeto a ser conhecido, uma vez que o 
conhecer é forma de alterar o que é conhecido e também 
quem conhece.
E como falamos sobre história, não é possível tratar 
dessa sua relação com a verdade sem preocupar-se com o 
próprio tempo. Ao buscar uma posição histórica da verdade, 
metodicamente, é necessário na escrita da história uma 
linearidade temporal, uma cadeia de causas e efeitos, que 
fundamentem a possibilidade de explicação sobre esse objeto. 
Não que seja posto somente como uma questão causal, mas 
como um emaranhado de temporalidades, ou seja, eventos 
provisórios quanto ao seu tempo. Esse tempo permite que 
certas noções possam servir como base para sua análise: 
“a do acontecimento, a de série, a de regularidade e a de 
condição de possibilidade” (FOUCAULT, 1970), de tal forma 
que o discurso histórico seja posto em cheque na busca pela 
própria verdade.
De maneira geral, posto a um conjunto de métodos 
trabalhados frente a história, é preciso verificar que o discurso 
histórico produz suas verdades, assim como outras formas de 
saber e de construções metodológicas também são capazes 
desse resultado. A verdade, como construção subjetiva das 
vontades humanas retorna as proposições iniciais que tratam 
de um “desejo de verdade”, construído fora do discurso 
filosófico, mas que é possível de identificar quando precedido 
de métodos, como é o caso do método histórico apresentado 
para alcance da verdade. 
 
Estudo de 
Caso 01: A Revolução Industrial
1. Introdução
A Revolução Industrial se refere a um conjunto de mudanças tecnológicas que 
afetaram em definitivo o modelo de produção econômica do início do século XX. O 
final do século XIX já indicava o surgimento e consolidação das grandes cidades em 
todos os cantos do mundo. O comércio se tornava ainda maior e todos os países se 
voltavam para a produção mercantil. Entretanto, a tecnologia iria surgir como a base 
de estruturação de novas possibilidades para a exploração econômica e para a própria 
esfera comercial. 
 As máquinas começaram a tomar o lugar do trabalho braçal humano. A tecnologia 
desenvolvia a máquina a vapor que logo teria seus princípios mecânicos e tecnológicos 
usadas como base de fomentação de novas criações: barcos a vapor, locomotivas, 
carros, máquinas de tecelagem, etc. Houve, então, uma explosão de produção em 
todos os setores da economia. Mas o que significa, então, que a Revolução Industrial 
causou tal “explosão”? Como explica o historiador Eric Hobsbawm (2007, p. 50): “O que 
significa a frase ‘a revolução industrial explodiu’? Significa que a certa altura da década 
de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do 
poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da 
multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e 
serviços. Este fato é hoje tecnicamente conhecido pelos economistas como a ‘partida 
para o crescimento autossustentável’. Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz 
de transpor o teto que a estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência 
deficientes, e consequentemente o colapso, a fome e a morte periódicas, impunham à 
produção. 
A ‘partida’ não foi logicamente um desses fenômenos que, como os terremotos 
e os cometas, assaltam o mundo não-técnico de surpresa. Sua pré-história na Europa 
pode ser traçada, dependendo do gosto do historiador e do seu particular interesse, 
até do ano 1000 de nossa era, se não antes, e tentativas anteriores de alçar voo, 
desajeitadas como as primeiras experiências dos patinhos, foram exaltadas com o 
nome de ‘revolução industrial’ – no século XIII, no XVI e nas últimas décadas do XVII. 
1
Objetivos de aprendizagem: 
Permitir, aos discentes, dar a devida importância ao 
autoconhecimento e a informação profissional, aprimorando 
suas competências de forma a ampliar as suas oportunidades no 
mercado de trabalho.
 
2. Panorama e Cenários
Em que cenário se deu, então, a Revolução Industrial? A Europa passava de uma 
sociedade feudal para uma sociedade mercantilista onde o comércio se intensificara a 
partir das Descobertas – o Novo Mundo. A tecnologia vai intensificando novas descobertas 
e novos maquinários ajudam o ser humano na exploração da natureza, encurta distância 
e acelera a produção. Nasce, assim, um novo modelo econômico: o Capitalismo. 
 Como explica Fernando Miranda: “É certo que a Revolução Industrial desenvolveu-
se primeiramente na Grã-Bretanha, onde foram desenvolvidas as primeiras máquinas a 
vapor e, consequentemente, as primeiras fábricas que iniciaram a produção em massa 
de bens de consumo. Desta forma, o capitalismo e a produção industrial em massa 
foram implementados e desenvolvidos na Grã-Bretanha e, logo depois, em alguns outros 
países europeus e nos Estados Unidos da América, de uma forma avassaladora. 
Com o desenvolvimento do capitalismo, o conceito de riqueza também é modificado; 
antes, o nível de riqueza de uma nação era medido pela acumulação de metais preciosos 
ligados ao comércio exterior; após, prosperam as teses de Adam Smith, que ligam a 
riqueza a objetos úteis que podem ser produzidos por uma determinada sociedade, 
referindo-se a qualidades físicas ou concretas dos objetos, tornando-os necessários as 
atividades humanas, sendo que para a teoria econômica clássica, a forma de obtenção 
da riqueza dá-se pelo trabalho, ou seja, pelo esforço humano para obter tais objetos”.
A partir da metade do século XVIII, o processo de acumulação de velocidade para 
partida é tão nítido que historiadores mais velhos tenderam a datar a revolução industrial 
de 1760. Mas uma investigação cuidadosa levou a maioria dos estudiosos a localizar 
como decisiva a década de 1780 e não a de 1760, pois foi então que, até onde se pode 
distinguir, todos os índices estatísticos relevantes deram uma guinada repentina, brusca 
e quase vertical para a ‘partida’. A economia, por assim dizer, voava”.
3. Situação Atual
O Capitalismo, então, cresceu a partir dos EUA: Nos EUA, no século XIX, vemos 
gênios empreendedores como Morgan, Edison, Rockfeller, Carnegie e Ford reinventarem 
o Capitalismo e inserirem o país num novo modelo: eletricidade, estradas de ferro, 
indústria, exploração do petróleo, indústria automobilística e mercado de capitais 
tornou-se a tônica dos norte-americanos. 
 
 
4. Apresentação do Problema
1. Exemplifique como o Capitalismo sofreu influência direta das conquistas 
tecnológicas do final do século XIX e início do século XX. 
2. Identifique, na nossa sociedade contemporânea, três situações que estão 
diretamente relacionadascom as mudanças ocorridas no inicio da Revolução 
Industrial. 
3. Faça uma pesquisa na internet e identifique como Karl Marx analisou as lutas de 
classes ocorridas a partir da formação do Capitalismo. 
4. Onde você identifica em seu comportamento traços de uma construção cultural 
derivada dos modos de produção econômica capitalista?
REFERÊNCIAS
HOBSBAWN, Eric J. A Era das revoluções: Europa 1789-1848. 21. ed. Tradução Maria Tereza 
Lopes Teixeira e Marcos Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
MIRANDA, Fernando. A Mudança do Paradigma Econômico, a Revolução Industrial e a Positivação 
do Direito do Trabalho. Artigo digital. Disponível em: http://www.direitobrasil.adv.br/arquivospdf/
revista/revistav61/artigos/fer.pdf. Visitado em 01/12/2014.
Tanta riqueza – que só foi possível a partir do domínio de novas tecnologias e sua 
devida aplicação – logo é seguida pelos países da Europa e, inclusive, pelo Brasil.
 Essa construção social afetou os modos de relação: há o surgimento do telégrafo, 
do telefone, do rádio, da televisão, por exemplo, que remodelam as pessoas. Além do 
mais, a arte, a partir do início do século XX, se inspira numa sociedade em contínua 
mudança e os mais diversos movimentos artísticos traduzem as contradições e os 
aspectos positivos dessa nova organização social capitalista.
Estudo de 
Caso 02:
Estudos de Caso em História 
Arte e Cultura
Objetivos de aprendizagem: 
Os alunos poderão conhecer o empreendedorismo, sua evolução 
histórica, cenários e tendências, bem como refletir sobre o 
polissêmico mundo do trabalho, reconhecendo as exigências e 
possíveis interferências do contexto social, econômico e cultural 
na vida do trabalhador. 
Estudo de caso 2: A Modernidade. 2
 A Modernidade se refere a um modo de compreender e se relacionar com o mundo 
e com a sociedade que surge no século XVII através do impacto que as obras de René 
Descartes causaram. Em suas obras fundamentais – Discurso do Método e Meditações – 
Descartes se vale da razão para explicar o mundo e o ser humano, dividindo a realidade 
em realidade do pensamento (res cogitans) e realidade extensa ou material (res 
extensa). Descartes rompeu com os dogmas do pensamento medieval, a Escolástica. A 
compreensão teológica dá lugar a uma compreensão racional, o cartesianismo. 
 Esse impacto iria permitir a busca por uma ciência exata, o que culminaria com a 
Física de Isaac Newton e a Revolução Industrial, ou seja, culmina com o advento de um 
novo modelo econômico, o Capitalismo. Mas o que é a Modernidade? Eia a explicação 
de Anthony Giddens na sua obra As Consequências da Modernidade(1991, p. 8):
“O que é modernidade? Como uma primeira aproximação, digamos simplesmente 
o seguinte: "modernidade" refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que 
emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou 
menos mundiais em sua influência. Isto associa a modernidade a um período de tempo 
e a uma localização geográfica inicial, mas por enquanto deixa suas características 
principais guardadas em segurança numa caixa preta”. Esse estilo de vida criou modelos 
de organização social que redimensionou a arte (a arte moderna e seus diversos estilos) 
e a cultura (cultura hedonista, do consumo e da tecnologia).
1. Introdução
 
Os pensadores atuais afirmam que estamos vivendo a Pós-Modernidade, ou seja, 
um período que se seguiu à Modernidade e que refez seus antigos valores. Contudo, 
para entendermos a Pós-Modernidade, faz-se necessário compreender a Modernidade. 
Eis como Paulo Fagúndez (2000, p. 2) trata a compreensão atual da Modernidade: 
“A ideologia da modernidade está alicerçada na ideia de que, com a fragmentação, 
é possível compreender a vida. Afirma que há um corpo, que como uma máquina, 
é composto de peças. Cadáveres são dissecados nas universidades. O mal pode ser 
arrancado por um simples procedimento cirúrgico e invasivo. Os remédios são suficientes 
para controlar as moléstias infectocontagiosas e degenerativas. A sociedade moderna 
é a sociedade da razão. O teológico não interessa, sendo a arte uma manifestação de 
segunda categoria, porquanto diz respeito à sensibilidade. A sociedade moderna prioriza 
o positivo, em detrimento do negativo. Sabe-se fazer bem clara a divisão o bem e o 
mal, entre o terreno reservado ao império de Deus e do Diabo. A rigor, todo o bem deve 
prosperar. O mal deve ser eliminado. Busca-se a pureza. Os médicos vestem branco. 
Criminosos deverão ser encarcerados. Bactérias e vírus deverão ser eliminados”.
2. Panorama e cenários
Como explica Giddens (Idem. pp.10-11): “Os modos de vida produzidos pela 
modernidade nos desvencilharam de todos os tipos tradicionais de ordem social, de 
uma maneira que não têm precedentes. Tanto em sua extensionalidade quanto em sua 
intensionalidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas 
que a maioria dos tipos de mudança característicos dos períodos precedentes. Sobre 
o plano extensional, elas serviram para estabelecer formas de interconexão social 
que cobrem o globo; em termos intensionais, elas vieram a alterar algumas das mais 
íntimas e pessoais características de nossa existência cotidiana. Existem, obviamente, 
continuidades entre o tradicional e o moderno, e nem um nem outro formam um todo à 
parte; é bem sabido o quão equívoco pode ser contrastar a ambos de maneira grosseira. 
Mas as mudanças ocorridas durante os últimos três ou quatro séculos — um diminuto 
período de tempo histórico — foram tão dramáticas e tão abrangentes em seu impacto 
que dispomos apenas de ajuda limitada de nosso conhecimento de períodos precedentes 
de transição na tentativa de interpretá-las”. 
 
 
3. Situação atual
Onde, então, podemos nos reconhecer a partir das conquistas da Modernidade? 
Ou de seus fracassos? Como explica Tourraine (1994, p. 18): “A ideia de modernidade 
substitui Deus no centro da sociedade pela ciência, deixando as crenças religiosas 
para a vida privada. Não basta que estejam presentes as aplicações tecnológicas da 
ciência para que se fale de sociedade moderna. É preciso, além disso, que a atividade 
intelectual seja protegida das propagandas políticas ou das crenças religiosas, que 
impersonalidade das leis proteja contra o nepotismo, o clientelismo e a corrupção, que 
as administrações públicas e privadas não sejam instrumentos de um poder pessoal, 
que vida pública e vida privada sejam separadas, assim como devem ser as fortunas 
privadas do orçamento do Estado ou das empresas”. 
 A crise se dá quando a ciência não resolveu todos os nossos problemas. Quando 
a política ainda não se mostrou racional. Quando a irracionalidade demonstrou que 
também está sempre presente. Quando, por fim, os ideias da Modernidade se mostraram 
como ideais de controle, de produção exacerbada e consumismo desenfreado. 
Exemplifique como a Modernidade se apresenta, em nosso país, nos dias 
atuais. Procure dar exemplos, identificando as principais características 
de cada situação analisada.
Identifique, na nossa sociedade contemporânea, três situações que 
são claras indicações de que se pautam pela visão de mundo da 
Modernidade. 
Faça uma pesquisa na internet e identifique as críticas que Zygmunt 
Bauman elaborou sobre os ideais da Modernidade. 
Onde você identifica, em seu comportamento, traços de uma 
construção cultural derivada das conquistas da Modernidade?
4. Apresentação do problema
REFERÊNCIAS
FAGÚNDEZ, Paulo. O significado da modernidade. Artigo eletrônico. 2000. 
In: http://tjsc25.tjsc.jus.br/academia/arquivos/significado_modernidade_
paulo_fagundez.pdf. Visitado em: 12/12/2014.
GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. Edição 
eletrônica.1991. In: http://www.culturaegenero.com.br/download/
consequenciasmodernidade.pdf . Visitado em : 12/12/2014.
TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. Edel. Petrópolis: Vozes, 1994.
 
Estudos de Caso em História, Arte 
e Cultura
É possível verificar que o homemtem apresentado 
diferentes comportamentos durante a história, e ainda que 
para muitos a história pareça como cíclica, sua realidade é 
linear. O homem tem apresentado comportamentos que se 
repetem, mas isso não acontece com a História, que é como 
um rio e não pode voltar seu curso. Durante a Antiguidade 
presenciamos o crescimento das sociedades sedentárias, 
principalmente em áreas de abundância natural, próximas 
a regiões onde o recurso hídrico é abundante, por exemplo. 
Esta situação aconteceu no Egito, Mesopotâmia e Grécia, 
que são consideradas como as principais civilizações antigas. 
A linha do tempo histórico: um olhar 
panorâmico sobre o percurso que começa 
na Antiguidade Clássica e culmina na 
Modernidade.
1
 
No Egito, formado principalmente graças ao Rio Nilo, as 
construções hídricas faziam concorrência com o forte fervor 
religioso que tanto fez parte da história egípcia. Os faraós 
que encarnavam as qualidades humanas e divinas eram os 
soberanos que lutavam contra fortes insurgências dos povos 
que buscavam liberdade e autonomia. Com pulso firme e 
buscando sempre embasamento em uma vontade divina, 
os faraós egípcios fizeram surgir grandes construções e 
trabalharam o próprio curso da natureza em alguma de suas 
construções hídricas, que demonstravam o avançado domínio 
de técnicas e conhecimentos. 
A Mesopotâmia, por sua vez, foi uma área marcada 
por inúmeros conflitos, palco de uma diversidade de nações 
que deu origem as primeiras grandes cidades, fortificadas e 
alimentadas em grande parte pelos rios Eufrates e Tigre, que 
permitiam a esta região condições de fertilidade muito atrativa 
para diferentes povos, como foi o caso dos acádios, assírios 
e os babilônios. Estes povos se desenvolveram com base nas 
grandes batalhas e numa prática comercial considerável. 
 
Os gregos surgiam em uma região mais afastada, na 
península balcânica, num solo difícil para agricultura. Com uma 
geografia que facilitava a navegação, o comércio marítimo foi 
de grande influência no desenvolvimento grego. Organizados 
nas pólis, os gregos eram extremamente ligados a suas 
condições políticas. Duas cidades destacam-se na história 
grega devido a suas similaridades e antagonismos. É o caso de 
Atenas e Esparta. Esparta era a residência dos mais esforçados 
guerreiros da Grécia, homens treinados e educados para a 
guerra, e uma sociedade baseada num regime de governo 
estruturado sobre a honra. Atenas por sua vez era terra de 
grandes pensadores, e era uma forte combatente marítima. 
Preocupada com as questões políticas, Atenas foi o berço da 
Filosofia, ainda que os vanguardistas não fossem cidadãos, foi 
na cidade de Atenas que grandes nomes da filosofia viveram 
e construíram suas obras, como é o caso de Sócrates, Platão 
e Aristóteles, todos preocupados com as questões políticas e a 
democracia que fazia parte da vida ateniense. 
 
SUGESTÃO DE FILME: 300. Direção: Zack Snyder. Produção: Deborah Snyder, Frank Miller e 
Graig J. Flores. Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad e Michael B. Gordon. Intérpretes: Gerard 
Butler, Lena Headey, Rodrigo Santoro, Dominic West, David Wenham, Vincent Regan e outros 
[Warner Home Video], 2006. DVD duplo (108 min.)
Com o crescimento de Alexandre, o Grande – filho de 
Felipe e de Olímpia - vindo da Macedônia, o mundo mudou de 
configuração. Alexandre conquistou parte do mundo conhecido 
e até mesmo um pedaço do mundo “desconhecido” até então. 
Com um comportamento de invasor, Alexandre demonstrou 
domínio prático dos conhecimentos estratégicos que lhe foram 
ensinados, estruturando o que seria por muito tempo o maior 
império da terra. Alexandre morreu aos 33 anos em uma 
batalha. Ainda que tivesse conquistado uma vasta extensão 
em territórios, após sua morte o Império Macedônio ruiu, já 
que os seus generais não conseguiram manter a unidade de 
suas conquistas. O que restou de seu legado foram algumas 
cidades, entre elas a cidade de Alexandria, famosa por suas 
confluências artística, científica, cultural e econômica, além de 
sua biblioteca.
Enquanto a Macedônia crescia forte, um outro grande 
Estado se preparava para erguer: Roma. Localizada na 
península itálica, possuía solo fértil e poucos recortes no 
litoral. Roma foi um grande império, que passou pelas fases 
de monarquia, república e império, todos a seu modo e é 
responsável por grande parte da cultura ocidental, já que 
conquistou uma enorme extensão de territórios e as principais 
cidades, estando sempre em confronto com o Império Persa. 
Foi o império romano quem apresentou ao mundo ocidental 
grande parte de sua estrutura jurídica, organização urbana 
e pensamento filosófico e científico, por meio das obras que 
subsistiram a sua passagem. Os romanos acabaram por se 
desestruturar, fazendo surgir então dois impérios, a decadente 
Roma ocidental e a Roma oriental, conhecida também como 
império bizantino. 
 
 
O lado ocidental, invadido por povos até então 
denominados bárbaros, foi o berço da conhecida Europa. 
O império ocidental tem em suas origens relacionada ao 
poderio de Carlos Magno, rei dos francos, construído por meio 
de relações religiosas com o cristianismo e o papa. Destacamos 
aqui o povo franco que, posteriormente, graças às disputas 
entre familiares, daria origem aos diversos territórios e reinados 
presentes na Europa, em especial aos que originariam mais 
futuramente a França e Inglaterra.
Contudo, o período estabelecido na Europa era um pouco 
preocupante, as diferentes tribos, comunidades e reinos 
passaram a se organizar de maneira a conseguir proteção um 
dos outros e garantir suas subsistências e fortalecimento. Os 
feudos começaram a surgir. O regime feudal, que tinha como 
principal resultado os senhores feudais e seus servos, criou 
na Europa um momento de longa esterilidade. Ainda que as 
diferentes adequações desses regimes feudais significassem 
determinadas mudanças, e que algumas alianças começassem 
a serem desenvolvidas, alguns fatores possibilitaram que 
grandes mudanças fossem fortemente evitadas. O controle 
predominante da igreja era um deles. 
A igreja foi a grande responsável pelo momento que 
é classificado como “Idade das Trevas”, devido a sua forte 
repressão e controle quase absoluto das diferentes formas de 
manifestações artísticas, culturais e até mesmo política, até 
as principais cidades (ou principalmente elas) estavam sob 
forte influência do pensamento religioso dominante. É nesse 
período que, percebendo a estagnação dos feudos, alguns 
senhores feudais reúnem-se com alguns reis e partem num 
momento de “purificação” do mundo não-ocidental. Dá-se aí o 
início das cruzadas. 
Os cruzados iniciam então estratégias e buscas em buscas 
de portas de entrada para suas ações, a exemplo da esquecida 
Constantinopla, principal cidade do Império Bizantino – fruto 
do rompimento de Roma – e começam as grandes expedições 
europeias contra o oriente, que em sua maioria não tiveram 
grande sucesso. Porém, como é notório da guerra, houve 
grande circulação de bens e criação de novas rotas econômicas, 
o que inclusive trouxe resultados culturais e científicos para o 
ocidente. É provável que nesse período os europeus tenham 
tido contato com os textos dos autores gregos clássicos, e por 
meio disso a sociedade europeia mudaria novamente.
 
 
Com a chegada de um momento de grande estagnação e 
desigualdade absoluta, com uma sociedade baseada fortemente 
na exploração de um homem sobre outro, começa a surgir um 
movimento que buscava renascimento das ideais humanistas 
dos pensadores clássicos. Conhecido como Renascimento, 
o movimento científico-filosófico que se desencadeou nesse 
momento criava questionamentos que posicionavam o poder 
religioso em grande perigo. A igreja, como grande instituição e 
detentora de poder não se sentiu satisfeita com isso. Ainda que 
diversos pensadores começassem a posicionar o homem como 
centro de suas construções cientificas e filosóficas, passaram 
também a sofrer grande perseguição

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