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Apostila 01 de processo civil - A petição inicial nos procedimentos especiais. (1).docx
A petição inicial nos procedimentos especiais.
O atual Código de Processo primeiramente trata do processo de conhecimento e do cumprimento de sentença. 
No processo de conhecimento, na verdade, procedimento ordinário, a petição inicial tem um padrão ditado pelos artigos 319 a 321 do CPC. Portanto, toda ação segue aquele figurino legal. Assim, em sala de aula digo aos alunos que vou indicar o melhor e mais completo modelo de uma petição inicial. E, após alguma expectativa, acrescento: o art. 319 do CPC. Sim! Desnecessário comprar livro de modelos. Basta seguir as exigências do artigo 319 do CPC. 
Com efeito, o art. 319 diz quais os requisitos que uma petição inicial deve seguir e que serve para todo o processo ordinário, merecendo destaque que o elo entre o direito processual e o direito material está nos fatos (causa remota) e fundamentos jurídicos do pedido (causa próxima), concluindo, ao autor, com o pedido de deferimento do direito material, ou seja, com a procedência do pedido. 
Assim é que insistimos sempre: não é correto falar em improcedência da ação, mas sim improcedência do pedido. Ausentes às condições da ação, fala-se em “carecedor de ação”. Porém e se ultrapassadas as preliminares suscitadas em uma contestação ou se presentes as condições de ação e os pressupostos processuais, o juiz julgará procedente ou improcedente o pedido do autor.
No mais, as exigências da petição inicial, ditadas pelo art. 319 do CPC, são de ordens processuais, tudo com o escopo de oportunizar as partes amplo debate, com a produção de todas as provas necessárias e em igualdades de condições, ou seja, com a necessária observância do devido processo legal. 
Já nos procedimentos especiais (incomuns, específicos etc.) não há um padrão prévio a ser respeitado, a ser observado. Existe algo mais a ser formulado na inicial, que a diferencia da petição inicial do procedimento ordinário (procedimento comum, rotineiro etc.).
Assim e na prática, para redigir uma petição, nos procedimentos especiais, além dos requisitos do art. 319 do CPC, necessário é que também localize, naquele procedimento, a ação correspondente e verifique o que deve ser modificado e acrescentado na petição. Portanto, as demais exigências, que levou determinada ação a levar o rótulo de ação especial, se encontram na própria ação. Do contrário, seria a ação de procedimento comum. 
Portanto e sem localizar a ação escolhida para tramitar no procedimento especial não há como redigir, corretamente a petição inicial. Sempre vai faltar algo. Assim, a primeira análise do advogado, ao redigir a petição inicial de uma ação, e verificar se aludida ação faz parte dos procedimentos especiais. Fazendo, localizar a ação e verificar quais os novos requisitos que são exigidos. Não o fazendo, trata-se de ação que tramita sob o procedimento padrão e, por conseguinte, aplicam-se apenas os requisitos do art. 319 do CPC. 
Nota-se que temos os procedimentos especiais de jurisdição litigiosa (art. 593 a 718) e os procedimentos especiais de especiais de jurisdição voluntária (art. 719 a 770 do CPC), ou seja, na jurisdição litigiosa, temos lide, pretensão resistida, autor e réu e a sentença faz coisa julgada. Na jurisdição voluntária, regra geral mero procedimento, na ausência de lide, de pretensão resistida a sentença não transita materialmente em julgado. Portanto, o requerimento pode ser repetido outras vezes em juízo. 
Assim, continuamos insistindo que devemos cortar alguns equívocos, a demonstrar que não estamos fazendo a correta distinção entre ação (jurisdição litigiosa) e requerimento (jurisdição voluntária). Tal proposta surge desde as Varas de Família, quando no divórcio consensual, por exemplo, é afirmado, na petição inicial: “ação de divórcio consensual”, não obstante o correto seja: “requerimento de divórcio”. Nos procedimentos especiais o equívoco continua, considerando que muitos ainda falam em ação de interdição ou ação de curatela, quando o apropriado é requerimento de interdição ou de curatela.
A confusão toda, principalmente no requerimento de interdição, é que pode existir impugnação ao requerimento de interdição, demonstrando, o interditando ou a parte interessada, que está lúcido e que, portanto, não pode ser interditado. Discussão poderá existir também na disputa entre quem pretende ser o curador do interditando. Entretanto, tais efeitos colaterais não tem o condão de descaracterizar a jurisdição voluntária, não obstante, de mero procedimento, a partir de então, ou seja, da impugnação ou da disputa entre os possíveis curadores, de se observar o devido processo legal.
Voltando à petição inicial e comparando o procedimento ordinário com o procedimento especial, basta trazermos à análise a primeira ação especial, ou seja, a ação de consignação em pagamento, que tem toda uma peculiaridade que deve constar da inicial, conforme se observa do art. 542, a exigir que também da inicial consta: depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento; citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. E, não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução de mérito.
Outro exemplo, de ação que tramita sob o procedimento especial, é o inventário e partilha (art. 982 a 1046 CPC), que não comporta, em razão de uma série de peculiaridades, o procedimento padrão. 
Apostila 02 de processo civil - A contestação nos procedimentos especiais.docx
A contestação nos procedimentos especiais.
A contestação, a exemplo da petição inicial, nos procedimentos especiais também merece atenção, em razão de algumas peculiaridades, ditadas pelo próprio texto da respectiva ação. 
Assim, necessário analisar, antes, o artigo 336, do CPC, que é a maneira de contestar no procedimento comum, ou seja, o procedimento padrão, através do qual o réu tem a incumbência de alegar toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir, em observância ao princípio da eventualidade ou o de concentração de defesa. 
E, em sequência, o artigo 337 esclarece quais as matérias que deverão ser alegadas como preliminar. Assim na contestação primeiramente há discussão sobre matéria de ordem processual, se existir evidentemente, a começar pela incompetência absoluta e relativa, bem como também a incorreção do valor da causa e a indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça e as condições da ação e ausência de pressupostos processuais. 
Nota-se que o CPC alargou a matéria que deve ser discutida como preliminar e o mais correto é, primeiramente, alegar, como preliminar, a incompetência absoluta e relativa, eis que se o juiz não for o competente não deve atuar no feito. Depois, vem a incorreção do valor da causa e a indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça, ou seja, as matérias que antes eram arguidas em apenso aos autos principais, com exceção da incompetência absoluta que, no CPC anterior, já era arguida como preliminar na contestação e a relativa, como incidente, que era apensado aos autos principais. 
Em seguida, é caso de suscitar ausência das condições da ação, ou seja, ilegitimidade ativa ou passiva e o desenvolvimento irregular do processo, eis que não observados os pressupostos processuais. De ressaltar-se que a ilegitimidade passiva é hoje sanada, por permissão do art. 338 do CPC, indo tal proposta ao disposto no art. 4º do CPC, ou seja, a busca pelo julgamento com análise3 de mérito. Assim, alegando o réu ser parte ilegítima, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. 
Vale destacar-se que a legitimidade ativa ou passiva advém da relação jurídica de direito material, ou seja, do contrato ou da lei, eis que não tem como, na sentença, alguém ser obrigado a cumpri-la, em favor de alguém, se estas pessoas, autor ou ré,
não forem parte na relação jurídica do direito material, eis que, pelo princípio da legalidade, nenhum é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, caso não previsto em lei ou no contrato. 
Com relação ao interesse de agir, atrelado está na necessidade do ajuizamento da ação e na adequação da postulação. Necessária é a propositura da ação, em razão da lesão ao direito de outrem, e de maneira menos onerosa possível. Assim, se por simples petição o assunto pode ser resolvido, não há interesse de agir no ajuizamento da ação. 
Depois, há que se alegar ausência de pressupostos processuais, também especificados no art. 337, alguns sanáveis (defeito de representação ou falta de autorização, conexão, litispendência) ou não (coisa julgada, perempção).
Certo é que, em preliminar, se discute matéria de ordem processual e vários pressupostos processuais e as condições de ação, que são, entretanto, questões de ordem pública, que podem até mesmo ser conhecidas, em qualquer grau de jurisdição, de ofício, ou seja, sem provocação das partes. 
O atual CPC criou mais uma fase, na contestação, que é a reconvenção, que faz parte da contestação (art. 343) e que seria a última parte desta peça. De ressaltar-se que, se constar a reconvenção da peça contestatória, há que se indicado o valor da causa, por determinação do art. 292 do CPC. Não havendo reconvenção é erro grosseiro constar da contestação valor da causa. 
Assim, a reconvenção poderá ter três partes: preliminar, mérito e reconvenção. Como poderá ter apenas mérito e reconvenção ou apenas reconvenção, já que o réu pode, pelo art. 343, propor reconvenção, independentemente de oferecer contestação.
Porém, em se tratando de procedimento especial, além de constar tais questões, acima analisadas, da peça contestatória, o réu deverá também ir ao CPC, na ação específica, e verificar quais outras exigências deverão ser cumpridas, para que tal peça não esteja incorreta, o que poderá levá-lo a perder a demanda. 
Assim e, por exemplo, na ação de consignação em pagamento, o art. 544 exige que o réu alegue que não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; ou que foi justa a recusa; bem como que o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento ou não foi integral, questões estas que levam à improcedência do pedido de extinção da dívida, salvo no caso de insuficiência de depósito, que é facultada ao autor complementá-lo (art. 545).
Com relação às ações possessórias, pelo art. 555 e art. 556, é lícito ao autor cumular ao pedido de proteção possessória o de condenação em perdas e danos, bem como indenização dos frutos. Na verdade, tal postulação do réu é pedido contraposto, que veio a ser admitido, no Juizado Especial, quando de sua introdução no ordenamento jurídico brasileiro. 
Entretanto, agora, o mais correto, já que o legislador não quis esquecer a reconvenção, parece-nos que o mais correto será substituir o velho pedido contraposto das ações possessórias por reconvenção e, neste caso, lançar, na contestação/reconvenção, o valor da causa. 
Com relação ao inventário e partilha, o réu deverá observar o disposto no art. 627 do CPC arguindo erros, omissões e sonegação de bens, bem como reclamar contra a nomeação de inventariante ou contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro. 
Portanto e das colocações, verifica que, a exemplo da inicial do procedimento comum, a contestação, no procedimento especial, tem as suas singularidades, o que levará o contestante a verificar, na própria ação, quais são estes detalhes, que destoa da contestação do procedimento padrão. 
Enfim, o procedimento especial é resquício da teoria civilista ou imanentista, de Savigny, através da qual a ação é imanente ao direito material postulado, ou seja, a cada direito uma ação. Entretanto, é um resquício necessário, considerando que tanto a petição inicial como a contestação foge do procedimento padrão, não obstante o processo possa chegar ao fim, sem enfrentamento de mérito e também com a improcedência do pedido. 
Apostila 03 dos procedimentos especiais - ação de consignação em pagamento.docx
	DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. 
Foram mantidos no Código de Processo Civil atual tanto os procedimentos especiais, de jurisdição voluntária como os de jurisdição litigiosa. Assim, vamos tratar, doravante e em diversos artigos, sobre os procedimentos especiais de jurisdição litigiosa, que diferencia do procedimento comum, a começar pela própria petição inicial que sempre exige algo mais, não se encaixando automaticamente no procedimento comum. Depois, também com relação ao rito, há que, em razão do direito material em discussão, ser diferenciado. 
Assim, começaremos pela ação de consignação em pagamento, prevista nos artigos 539 a 549 do Código de Processo Civil. O art. 539 repete o art. 890 do CPC/73 ao afirmar que, nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito do pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. 
O § 1º do art. 539 continua permitindo, a exemplo do § 1º do art. 890, do Código Civil anterior, a consignação extrajudicial, posto que, em se tratando de obrigação em dinheiro poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário oficial, onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor, por carta com aviso de recebimento, assinando o prazo de 10 (dez|) dias para a manifestação de recusa. 
E pelo § 2º do art. 539, que também repete o § 2º do art. 890, decorrido o prazo de 10 dias, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. 
Portanto, no caso de o credor, devidamente intimado, não se manifestar sobre o depósito bancário, evita-se o ajuizamento da ação de consignação em pagamento. 
Entretanto e pelo 3º do art. 539, repetição do art. 890 do CPC/73, ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. E, pelo 4º do art. 539, que também repte o § 4º do art. 890, não proposta a ação no prazo anterior, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. 
Assim, se o credor manifesta a recusa, por escrito, ao estabelecimento bancário, o devedor, necessariamente, deverá propor a ação de consignação em pagamento, dentro de um mês, a contar da recusa, sob pena de não se ver livre da obrigação. 
O art. 540 repetiu o art. 891 do CPC/73 ao esclarecer que a consignação será requerida no lugar do pagamento e que cessa, para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente. Na verdade, o mais tecnicamente correto seria falar: caso o pedido liberatório seja julgado improcedente. 
O art. 541 trata de prestações sucessivas e também não trouxe nenhuma novidade com relação ao seu correspondente, o art. 892 do CPC/73. Assim, consignada uma das prestações sucessivas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.
Nota-se que aludido artigo evita, a cada vencimento da prestação, que uma nova ação de consignação em pagamento seja ofertada, desde que o depósito seja concretizado até 05 (cinco) dias depois do vencimento de cada uma das prestações. 
O art. 542 repetiu o art. 893 e respectivos incisos I e II do CPC/73 e aqui da petição inicial, além dos requisitos do art. 319 (procedimento comum), também deverá conter o requerimento de depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539 § 3º, que é depósito bancário, na consignação iniciada extrajudicialmente. O consignado também deverá ser citado para levantar o depósito ou oferecer contestação. 
O art. 543, a exemplo do art. 894 do CPC/73, tratou do depósito de coisa indeterminada.
E também não houve novidade. Assim, se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito. 
O art. 544 também copiou o art. 896 do CPC/73 ao regular quais poderão ser as alegações do réu, na contestação. Assim, o inciso I do art. 544 permite ao réu alegar que não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida. O inciso II, do art. 544, permite ao réu alegar que a recusa foi justa; o inciso III que o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; o inciso IV que o depósito não foi integral. Porém e pelo parágrafo único do art. 544, a exemplo do parágrafo único do art.896, se o consignado alegar que o depósito não é integral, deverá indicar o montante que entende devido. 
O art. 545 e também a exemplo do art. 899 do CPC/73 preocupou com a alegação de insuficiência do depósito. Assim, se alegada tal questão na contestação, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. 
E pelo § 1º do art. 545 ocorrendo a hipótese prevista no caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. 
Pelo § 2º do art. 545 a sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. 
Novamente verifica-se que o legislador, já na vigência do CPC/73, preocupou-se que novas demandas fossem ajuizadas, após a discussão travada nos autos da ação de consignação em pagamento. Assim, se o depósito não é integral, o réu poderá levantar a parte incontroversa e, demonstrando qual o valor correto, se o juiz concluir que realmente o depósito é insuficiente, fixará o montante devido, para que o credor possa promover a execução nos próprios autos da ação de consignação em pagamento. 
O art. 546 recebeu redação mais técnica, se comparado com o seu antecedente, o art. 897 do CPC/73. Portanto, julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios o mesmo acontecendo, acrescenta o parágrafo único deste art. 546, se o credor receber e der quitação. 
O art. 547 repetiu o art. 895, ou seja, se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. 
Porém, no caso do art. 547, ou seja, de dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, determina o art. 548, numa redação melhorada do art. 898 do CPC/73, não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinguirá a obrigação, continuando o processo a tramitar unicamente entre os presuntivos credores, observando o procedimento comum. 
Ressalta-se que o consignante fica, por conseguinte, liberado da dívida e não mais participará dos autos do processo que continuará, a partir de então, apenas para que o juiz define quem será o credor legítimo, já que há disputa entre eles do crédito consignado. 
O art. 549 repete o art. 900 do CPC/73, ou seja, aplica-se o procedimento da ação de consignação em pagamento, no que couber, ao resgate do aforamento.
Portanto e conforme se vê do acima exposto, com relação à ação de consignação em pagamento, que tramita, a exemplo do CPC/73, pelo procedimento de jurisdição litigiosa, não houve nenhuma modificação. Poucos artigos foram apenas aperfeiçoados na redação e a maioria deles foi cópia integral do Código anterior, principalmente considerando que a Lei 8.951, de 13.1.1994, já havia feito diversas alterações substanciais nesta ação e o Código atual apenas incorporou as modificações desta aludida leis.
 
Apostila 04 dos procedimentos especiais - Ação de exigir contas e possessórias.docx
	DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS E DISPOSIÇÕES GERAIS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS. 
Prosseguindo na análise das ações que tramitam através de procedimentos especiais, neste momento analisaremos a ação de exigir contas e, em seguida, as disposições gerais das ações possessórias, que serão consideradas nos artigos subsequentes. 
A antiga ação de prestação de contas recebeu o nome mais tecnicamente correto, eis que se trata, na verdade, de ação de exigir contas. Assim, o art. 550 do atual Código melhorou bem a redação do seu antecedente, ou seja, o art. 915 do CPC/73, bem como aumentou o prazo de contestação, que antes era de 05 (cinco) dias, para 15 (quinze). 
Assim e pelo art. 550 aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias. 
E pelo § 1º do art. 550 na petição inicial o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
Prestadas as contas determina o § 2º do art. 550 que o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do título I do Código de Processo Civil, ou seja, a partir daí cessa o procedimento especial e começa o procedimento comum. 
Exige o § 3º do art. 550 que a impugnação das contas apresentadas pelo réu deve ser fundamentada e específica, com referência expressa ao lançamento questionado. E, pelo § 4º deste mesmo artigo, se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355, ou seja, poderá haver o julgamento antecipado do mérito, por presunção de veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor. 
Pelo § 5º do art. 550 a decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. 
Essa decisão que julga procedente o pedido de prestação de conta é interlocutória, eis que não põe fim ao processo e, por conseguinte, é recorrível por meio de agravo de instrumento. 
Nota-se que o procedimento da ação de exigir contas continua, a exemplo do CPC/73, com três fases distintas: na primeira, declara-se a existência ou a inexistência de prestar contas; na subsequente, prestam-se as contas devidas e, na última, executa-se, mediante cumprimento de sentença, o valor eventualmente apurado. 
Apresentadas as contas, no prazo antes assinalado, o § 6º do art. 550 determina a observância do procedimento do § 2º, ou seja, nesta segunda fase de prestação de contas aplica-se o procedimento comum. 
Entretanto, se o réu não apresentar as contas ainda o § 6º do art. 550 permite o autor apresentá-las, no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. 
O art. 551 determina que as contas do réu sejam apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver.
E, havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor o § 1º do art. 551 permite ao juiz estabelecer prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados. 
Pelo § 2º do art. 551 as contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º, serão apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. 
Pelo art. 552, que melhorou a redação do seu antecessor, o art. 918 do CPC/73, a sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial. Portanto, o escopo da ação
de exigir contas é verificar se ainda há crédito a favor do autor e, apurado este, o autor executará o devedor, nos próprios autos em que não prestadas as contas, corretamente. 
O art. 553 exige que as contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador sejam prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. E, pelo parágrafo único deste art. 553, se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do prejuízo. 
Ressalta-se que o art. 553 e respectivo parágrafo único, antes citados, é uma redação melhorada do art. 919 do Código de Processo Civil/73. 
Portanto e também nesta ação, a exemplo da ação de consignação em pagamento, anteriormente analisada, não houve modificação substancial. Praticamente houve repetição do Código de Processo Civil/73. 
Tocantemente às ações possessórias, o Código continua com uma seção para as disposições gerais, do art. 554 a 559, que corresponde aos art. 920 a 925 do CPC/73 e que também não traz grandes novidades a respeito destas ações. 
Assim e pelo art. 554 continua prevalecendo o princípio da fungibilidade das ações possessórias, eis que a propositura de uma ação em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. Portanto, repetido, praticamente, foi o art. 920 do CPC/73. 
Novidades aparecem nos três parágrafos do art. 554, direcionados os esbulhos ou turbações perpetradas por inúmeras pessoas, que serão rés na ação possessória. Assim o § 1º esclarece que, no caso de ação possessória, em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
Pelo § 2º do art. 554, para fim da citação pessoal, antes aludida, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
O § 3º do art. 554, também novidade, determina que o juiz dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º, ou seja, com grande número de pessoas no polo passivo, e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região na região do conflito e de outros meios, permitindo, desta maneira, que os interessados possam comparecer nos autos. 
O art. 555 e respectivo parágrafo único repete o art. 921 do CPC anterior, com alguns acréscimos. Assim e pelo art. 555 é lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas em danos (inciso I) e indenização nos frutos (inciso II). Pelo parágrafo único, pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho (inciso I) e cumprir-se a tutela provisória ou final (inciso II). 
O art. 556 repetiu o art. 922, ou seja, o caráter dúplice das ações possessórias, que impedia, no CPC/73, por falta de interesse de agir, a oferta de reconvenção nestas ações. Assim, é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua possa, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. Entretanto e considerando que no CPC atual a reconvenção é ofertada na própria contestação será incorreto o juiz deixar de analisar a reconvenção, que nada mais é do que esse pedido contraposto, existente nas ações dúplices. 
O art. 557 melhorou o art. 923 do CPC/73 ao dizer que, na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor como ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. E o parágrafo único deste artigo 557 esclarece que não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. 
Portanto, não há que se falar em exceção de domínio nas ações possessórias, ou seja, não cabe discussão de domínio na pendência das ações possessórias. 
O art. 558 e respectivo parágrafo único melhorou a redação do art. 924 do CPC/73 ao determinar que regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II daquele Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Porém e pelo parágrafo único, passado o prazo antes referido, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. 
Porém, de nossa parte desde a generalização da tutela antecipada no direito brasileiro (art. 273 do CPC/73, art. 300 do atual Código) já entendíamos que esta discussão de posse nova (ano e dia) e posse velha (ano e mais de um dia) estava superada e não mais havia razão de continuar as possessórias tramitando pelo procedimento especial. 
É que, mesmo na posse velha, entendemos que, preenchidos os requisitos do art. 300 do CPC, é possível a antecipação de tutela. Portanto, não é a data que prevalecerá neste caso, mas sim a comprovação dos requisitos que permitem a antecipação de tutela. Entretanto, o atual CPC não quis enfrentar essa questão, insistindo na posse nova como requisito para o deferimento da liminar. Assim, poderá existir decisão no sentido de que, em sendo a posse velha, mesmo preenchidos os requisitos para a antecipação de tutela, no procedimento ordinário, não cabe, em se tratando de possessória, antecipação de tutela. Ora, se cabe para todas as demais ações, também deveria caber a antecipação de tutela mesmo em se tratando de ação de posse velha, que tramite pelo procedimento comum. 
O art. 559 também melhorou a redação do art. 925 do CPC/73, eis que, se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositado a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
 
Apostila 05 dos procedimentos especiais - ações possessórias e ações petitórias.docx
DA AÇÃO DE MANUTENÇÃO, REINTEGRAÇÃO DE POSSE, DO INTERDITO PROIBITÓRIO E DAS DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES. 
No comentário anterior falamos sobre as disposições gerais sobre as ações possessórias. Agora vamos falar sobre cada uma delas, ou seja, sobre a ação de manutenção, de reintegração de posse e do interdito proibitório. Em seguida, vamos comentar sobre as disposições gerais da ação de divisão e da demarcação de terras particulares, que serão comentadas, cada uma, na outra semana. 
O art. 560 do repetiu o art. 926 do CPC/73. Assim, o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, quando ainda não há perda da posse, e reintegrado em caso de esbulho, ou seja, quando já aconteceu a perda da posse. 
Também não houve nenhuma novidade no art. 561, que repetiu o art. 927 do CPC/73. Assim é de responsabilidade do autor provar: a posse (inciso I); a turbação ou o esbulho praticado pelo réu (inciso II); a data da turbação ou do esbulho (inciso III) e a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração (inciso IV). 
Também o art. 562 repetiu o art. 928 do CPC/73. Assim, estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. 
Pela jurisprudência construída à luz do CPC anterior,
por ser a posse fato, necessariamente o juiz deverá designar audiência para justificação do alegado e somente após deferir ou não o mandado liminar de manutenção e reintegração de posse. Portanto, a ausência desta audiência, também no CPC atual, é uma exceção, já que fatos nem sempre são demonstráveis documentalmente. 
O parágrafo único do art. 562 também repetiu o parágrafo único do art. 928 do CPC/73, ao proibir, contra as pessoas jurídicas de direito público, o deferimento da manutenção ou da reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. 
O art. 563 repetiu o art. 929 do CPC/73, porém foi mais técnico, eis que o art. 929 falava, erradamente, em julgamento de procedência da justificação. O art. 563 corrigiu tal equívoco ao afirmar que, considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. 
O art. 564 também praticamente repetiu o art. 930 do CPC/73. Assim, concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração de posse, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias.
Pelo parágrafo único do art. 564, que repete o parágrafo único do art. 930, quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. 
Portanto, até aqui não há novidade nas ações possessórias. Há praticamente transcrição dos artigos do CPC/73. A novidade aparece no art. 565, que trata do litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, hipótese em que o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, observando-se o disposto nos §§ 2º e 4º daquele artigo. 
E, pelo § 1º do art. 565, concedia a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, também caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos do §§ 2º e 4º deste mesmo artigo. 
Portanto, o CPC atual exige a audiência de mediação nos dois casos antes citados, em se tratando de litígio coletivo pela posse de imóvel. 
O § 2º do art. 565 exige a intimação do Ministério Público para comparecer à audiência de mediação, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade de justiça. 
O § 3º do art. 565 faculta ao juiz comparecer à área objeto do litígio quando a presença dele for necessária à efetivação da tutela jurisdicional. 
Pelo § 4º do art. 565 os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório. 
E o parágrafo 5º do art. 565 estende o disposto naquele artigo ao litígio sobre propriedade imóvel, desde que, acrescentamos, seja litígio coletivo. 
E, pelo art. 566, aplica-se quanto ao mais, o procedimento comum. Assim, após a decisão de deferimento ou não da liminar de manutenção ou reintegração de posse, que cabe agravo de instrumento (art. 1.015, inciso I), o rito segue o procedimento comum, que se inicia com o prazo de 15 dias úteis para contestação. 
Nota-se que o art. 565 vai ao encontro de nossa proposta, aludida no nosso comentário anterior sobre as disposições gerais das ações possessórias. Naquela oportunidade, afirmamos que não mais justifica as ações possessórias ainda tramitarem sobre o procedimento especial e que também, a partir da generalização das antecipações de tutelas, desde o CPC/73, não é correto mais falar em posse nova e posse velha. Parece-nos que também na posse velha cabe antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos ditados pelos 303 se seguintes do CPC. 
E o art. 565, não obstante refere-se aos litígios coletivos pela posse de imóvel, permite o deferimento de liminar, de reintegração ao de manutenção, mesmo na posse velha, desde que realizada, sem sucesso, audiência de mediação. 
Com relação ao interdito possessório, também não há novidade, eis que o art. 567 transcreve, sem nenhuma modificação, o art. 932 do CPC/73. Assim, o possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. 
Pelo art. 568, cópia do art. 933 do CPC/73, aplica-se ao interdito proibitório os artigos referentes às ações possessórias. 
Com relação às disposições gerais sobre a ação de divisão e da demarcação de terras particulares o art. 569 praticamente repetiu o art. 946 do CPC/73. Assim, cabe ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados (inciso I); ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões. 
Também o art. 570 repte o art. 947 do CPC/73. Portanto, é lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes e os condôminos. 
O art. 571 é novidade e permite que a demarcação e a divisão sejam realizadas por escritura pública, desde que maiores, capazes e concordes todos os interessados, observando-se, no que couber, os dispositivos atinentes à ação de divisão e da demarcação de terras previstas no CPC, art. 569 e seguintes.
Portanto, não havendo litígio e todos os interessados sendo maiores e capazes não há mais necessidade de ajuizar requerimento de jurisdição voluntária. Basta ir diretamente ao Cartório. A dúvida é, mesmo nestas hipóteses, caso as partes queiram requerer em juízo a homologação, será possível? Entendemos que sim, eis que, neste caso, há maior segurança jurídica às partes e, depois, estamos diante de um procedimento de jurisdição voluntária. Portanto, não havendo ação, não há que se falar em falta de interesse de agir. 
O art. 572 e respectivos §§ 1º e 2º, com melhora apenas de redação, praticamente copiou o art. 948 e 949 e respectivo parágrafo único do CPC/73. Assim, fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-se-ão terceiros quanto ao processo divisório, ficando-lhes, porém, ressalvado o direito de vindicar os terrenos de que se julguem despojados por invasão das linhas limítrofes constitutivas do perímetro ou de reclamar indenização correspondente ao seu valor. 
Pelo § 1º, no caso do caput, serão citados para a ação todos os condomínios, se a sentença homologatória da divisão ainda não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se a ação for proposta posteriormente. 
Pelo § 2º, neste último caso, a sentença que julga procedente a ação (na verdade julga procedente o pedido), condenando a restituir os terrenos ou a pagar a indenização, valerá como título executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos outros condôminos que forem parte na divisão ou de seus sucessores a título universal, na proporção que lhes tocar, a composição pecuniária do desfalque sofrido. 
O art. 573, que encerra as disposições gerais acerca da ação de divisão e da demarcação de terras particulares, é novidade. Portanto, tratando-se de imóvel georreferenciado, com averbação no registro de imóveis, pode o juiz dispensar a realização de prova pericial.
O Georreferenciamento consiste na descrição do imóvel rural em suas características, limites e confrontações, realizando o levantamento das coordenadas dos vértices definidores dos imóveis rurais, georreferenciados ao sistema geodésico brasileiro, com precisão posicional fixada pelo INCRA.
Assim, se é possível encontrar os exatos limites do imóvel, eis que já averbado o georreferenciamento
na matrícula do bem, não há necessidade de realização de perícia para o mesmo fim. 
Apostila 06 dos procedimentos especiais - Ação de dissolução parcial de sociedade.docx
	DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE. 
Continuando com as ações que tramitam pelo procedimento especial, analisaremos a ação de dissolução parcial de sociedade, sem correspondente no CPC/73 e que exigia o socorro ao CPC/39, quando ajuizada na vigência daquele Código/73. Tal ação está prevista no atual Código nos artigos 599 a 609 e pode ter por objeto (art. 599), a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso (inciso I); a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada (inciso II); somente a resolução ou a apuração dos haveres (inciso III). 
Pelo § 1º do art. 599 a petição inicial será necessariamente instruída com o contrato social consolidado. E pelo § 2º deste mesmo artigo, tal ação pode ter também por objeto a sociedade anônima de capital fechado quando demonstrado, por acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital social, que não pode preencher o seu fim. 
O art. 600, inciso I, dá legitimidade ativa para propositura da ação de dissolução parcial de sociedade ao espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade; aos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido (inciso II, art. 600); à sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social (inciso III, art. 600); pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito (inciso IV do art. 600); pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial (inciso V, art. 600) e pelo sócio excluído (inciso VI, do art. 600). 
O parágrafo único do art. 600 permite que o cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou requeira a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagãos à conta da quota social titulada por este sócio. 
Pelo art. 601 os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 (quinze) dias, concordar com o pedido ou apresentar contestação. Porém e pelo parágrafo único, a sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada. 
O art. 603 determina que, havendo manifestação expressa e unânime pela concordância da dissolução, o juiz a decretará, passando-se imediatamente à fase de liquidação. Nesta hipótese e face ao disposto no § 1º deste mesmo artigo não haverá condenação em honorários advocatícios de nenhuma das partes e as custas serão rateadas segundo a participação das partes no capital social. Existindo contestação observar-se-á o procedimento comum (§ 2º do art. 603). Porém a liquidação da sentença seguirá o disposto especificamente nestes artigos sobre dissolução parcial de sociedade. 
Para apuração dos haveres (art. 604) o juiz fixará a data da resolução da sociedade (inciso I), definindo o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no contrato social (inciso II) e nomeará o perito (inciso III). E pelo § 1º deste mesmo art. 604, o juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos. Este depósito, pelo 2º, poderá ser, desde logo, levantado pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos sucessores. E, pelo § 3º, se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será observado o que nele se dispôs no depósito judicial da parte incontroversa.
Pelo art. 605 a data da resolução da sociedade será, no caso de falecimento do sócio, a do óbito (inciso I); na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao recebimento pela sociedade, da notificação do sócio retirante (inciso II); no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio dissidente (inciso III); na retirada por justa causa de sociedade por prazo determinado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em julgado da decisão que dissolver a sociedade inciso IV); na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião de sócios que a tiver deliberado (inciso V). 
No caso de omissão do contrato social pelo art. 606 o juiz definirá, como critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando-se por referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual forma. E, caso seja necessária a perícia, o parágrafo único do art. 606 esclarece que a nomeação do perito recairá preferencialmente sobre especialista em avaliação de sociedades. 
O art. 607 permite ao juiz que, a pedido da parte, a qualquer tempo antes do início da perícia, reveja a data da resolução e o critério de apuração de haveres. E pelo art. 608, até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos sucessores, a participação nos lucros ou os juros sobre o capital próprio declarado pela sociedade e, se for o caso, a remuneração como administrador. Porém e pelo parágrafo único, após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio ou os sucessores terão direito apenas à correção monetária dos valores apurados e aos juros contratuais ou legais. 
Finalizando este comentário sobre dissolução parcial de sociedade, o art. 609 determina que, uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão pagos conforme disciplinar o contrato social e, no silencie deste, nos termos do § 2º do art. 1.031 do Código Civil. 
Apostila 07 dos procedimentos especiais - Embargos de terceiro.docx
	DOS EMBARGOS DE TERCEIRO. 
Em continuação a nossa manifestação sobre os procedimentos especiais, comentaremos neste artigo sobre os embargos de terceiro, a começar pelo art. 674, que teve melhor redação, se comparado com o art. 1.046 do CPC/73. Assim, quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. 
Tal ação é de suma importância, eis que desfaz constrição indevida sobre bens que já não mais pertencem ao devedor ou que nunca os pertenceu. Portanto, garante a posse e/ou a propriedade de quem não fez parte do processo ou não é responsável pela dívida cobrada em juízo. 
O 1º do art. 674, por sua vez, esclarece que os embargos de terceiros podem ser manejados por terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. Em o 2º, deste mesmo artigo, considera terceiro, para ajuizamento dos embargos, o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843, ou seja, tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem. Portanto, nesta hipótese, não cambem embargos de terceiro. Depois, o § 1º do art. 843 reserva ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a preferência na arrematação do bem em igualdade de condições. E o § 2º, ainda do art. 843, não permite que seja levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor auferido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o correspondente à sua quota parte calculado sobre o valor da avaliação. 
Também tem legitimidade para ofertar ação de embargos de terceiro, pelo inciso II, do § 2º do art. 674, o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; quem sofre constrição judicial de seus bens por força
de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte (inciso III, do § 2º do art. 674) e o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
Nesse caso e quanto à defesa do embargado, de ressaltar-se que o art. 680 repetiu o 1.054 do CPC/73. Portanto, contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que o devedor comum é insolvente (inciso I); o título é nulo ou não obriga a terceiro (inciso II); outra é a coisa dada em garantia (inciso III). 
O art. 675 também está mais bem redigido, se comparado com o seu correspondente no CPC/73, ou seja, o art. 1.048. Assim, pelo art. 675, os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento, enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5(cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. 
Novidade vem do parágrafo único do art. 675, ou seja, o juiz, caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, mandará intimá-lo, pessoalmente. 
O art. 676 repetiu o art. 1.049 do CPC/73. Assim, os embargos são distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartados. Entretanto, o parágrafo único deste artigo permite que, nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos sejam oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta. 
O art. 677, caput, e seus três primeiros parágrafos repetem o art. 1050, ou seja, na petição inicial o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. Pelo § 1º facultada é a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. Pelo § 2º, o possuidor direito pode alegar, além de sua posse, o domínio alheio. O § 3º determina que a citação seja pessoal, se o embargador não tiver procurador constituído nos autos da ação principal. 
O § 4º do art. 677 é novidade e exige litisconsórcio passivo necessário na ação de embargos de terceiro ao determinar que será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem a constrição judicial. 
O art. 678, além de mais bem redigido, se comparado com o 1.052 do CPC/73, também foi acrescido de um parágrafo único. Assim, a decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. E, pelo parágrafo único, o juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de possa à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. 
Pelo art. 679 os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum. Portanto, o prazo foi aumentado de 10 (dez) dias corridos (art. 1.053) para 15 dias úteis. 
O art. 681 não tem correspondente no CPC/73 e reforça o princípio da economia processual. Assim, acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante. Portanto, no bojo da ação de embargos de terceiros haverá reconhecimento de domínio e também de posse e não apenas o cancelamento da constrição indevida. 
Apostila 08 dos procedimentos especais - Da oposição.docx
	DA OPOSIÇÃO 
No CPC/73 a oposição aparecia no art. 56, como forma de intervenção de terceiros na ação em curso. Na verdade, desde aquele Código já era uma ação, distribuída por dependência à ação originária (art. 57 do CPC/73) .
No atual CPC a oposição vem como procedimento especial, não obstante, quanto à forma, praticamente houve cópia do CPC anterior, ou seja, pouca coisa mudou. Evidentemente que o exercício da ação de oposição é facultativo. Como também poderá ser total ou parcial a oposição, se pretender o opoente todo o objeto da lide ou não.
Para propor a ação de oposição necessário é que exista controvérsia sobre a titularidade da coisa ou do direito em debate em juízo. Portanto, de concluir-se que não cabe oposição na fase de cumprimento de sentença, no processo de execução e também no de desapropriação. 
Também não cabe oposição na ação de mandado de segurança (STJ, 5ª Turma, AgRg na Pet 4.337/RJ, Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 18.05.2006, DJ 12.06.2006, p. 496), assim como no processo de usucapião e também nas ações de competência dos Juizados Especiais (art. 10, Lei 9.099/95). 
Pacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que pode haver oposição contra oposição, a caracterizar a chamada oposição sucessiva. 
Assim e copiando o art. 56, o art. 682 do atual CPC determinar que, quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. 
Na ação de oposição o opoente está pretendendo demonstrar que nem autor e nem o réu tem direito, mas sim ele. Por conseguinte, ambos os litigantes originais passam a ser réus com relação ao opoente. 
O art. 683 e respectivo parágrafo único é o art. 57 do CPC/73, com redação um pouco melhor. Assim, pelo art. 683, o opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos exigidos para propositura da ação, ou seja, observando-se os requisitos da petição inicial, ditados pelo art. 319.
Pelo parágrafo único, deste mesmo art. 683, distribuída a oposição, por dependência, serão os opostos citados, na pessoa de seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias. 
O art. 684, por sua vez, repediu o art. 58 do CPC/73. Portanto, se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido contra o outro prosseguirá o opoente. 
O art. 685 e respectivo parágrafo único vêm com melhor redação e encamparam o art. 59 e 60 do CPC/73. Portanto, o art. 685 determina que, admitido o processamento, a oposição será apensada aos autos e tramitará simultaneamente à ação originária, sendo ambas julgadas pela mesma sentença. 
O parágrafo único do art. 685 esclarece que, se a oposição for proposta após o início da audiência de instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo se concluir que a unidade da instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo. 
Verifica-se que o parágrafo único do art. 685 teve redação vem diferente do seu correspondente, ou seja, o art. 60 do CPC/73 que determinava: oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar o andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição. 
O art. 686, que encerra a disposição processual sobre oposição, praticamente repetiu o art. 61 do CPC anterior. Por conseguinte, deverá o juiz, ao decidir simultaneamente a ação originária e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar, ou seja, a oposição é prejudicial à ação originária, o que, aliás, dispensava qualquer disposição legal para se chegar a tal conclusão. 
Apostila 09 dos procedimentos especais - Habilitação.docx
	DA HABILITAÇÃO
No curso do processo pode acontecer de uma ou de ambas as partes morrer. É neste momento que surge o instituto processual denominado habilitação, ou seja, a maneira pela qual o falecido é sucedido no processo, desde que o direito não seja intransmissível, hipótese que leva a extinção do processo, sem resolução de mérito. 
Assim, o art. 687 do atual
CPC repetiu o art. 1.055 do CPC/73 afirma que a habilitação ocorre quando, for falecimento de qualquer das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo. Com a morte da parte, o juiz suspenderá a tramitação dos autos do processo (art. 313, I, CPC) para que se processe a habitação. E é ônus daquele que pretender a habilitação provar o óbito da parte e o grau de parentesco. 
Portanto e pelo art. 688, que também repetiu o art. 1.056, do CPC/73, a habilitação pode ser requerida: pela parte, em relação aos sucessores do falecido; pelos sucessores do falecido, em relação à parte.
São sucessores do falecido os descendentes, os ascendentes, o cônjuge sobrevivente e os colaterais, conforme dispõe o art. 1.829 do Código Civil, ou seja, há que se seguir a ordem de sucessão hereditária. Assim é que determina o art. 110 do CPC que, ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão processual pelo seu espólio ou pelos seus sucessores. 
Há que se ressaltar que em algumas ações a sucessão ocorrerá diretamente contra os herdeiros e não contra o espólio, a exemplo da ação investigatória de paternidade e também da ação declaratória de união estável, no caso de falecimento do investigante ou do convivente, considerando que, nestes casos, caso já falecidas as partes rés, antes do ajuizamento das ações, as demandas são propostas diretamente contra os herdeiros e não contra o espólio, eis que cada parte deverá seu próprio quinhão. 
O art. 689 foi bem mais enxuto, se comparado com o seu antecessor, ou seja, o art. 1.060 do CPC/73. Pelo art. 689 proceder-se-á à habilitação nos autos do processo principal, na instância em que estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo. Portanto, não é mais correto o Relator no Tribunal suspender o processo e determinar que a habitação se processe em primeira instância. Pelo Código atual, a habitação processará no próprio Tribunal.
Pelo art. 690, repetição do art. 1.057 do CPC/73, recebida a petição inicial, o juiz ordenará a citação dos requeridos para se pronunciarem no prazo de 5 (cinco) dias. Também sem novidade o parágrafo único, ou seja, a citação será pessoal, se a parte não tiver procurador constituído nos autos. O equívoco do legislador foi a manutenção do prazo de cinco dias para manifestação da parte, eis que o Código procurou uniformizar o prazo de 15 (quinze) dias úteis para contestação. A impugnação é limitada à alegação de ausência de qualidade de sucessor e também na intransmissibilidade do direito em discussão. 
O art. 691 é mais técnico, se comparado com o art. 1058 do CPC/73. Assim e pelo artigo 691, o juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo se este for impugnado e houver necessidade de dilação probatória diversa da documental, caso em que determinará que o pedido seja autuado em apartado e disporá sobre a instrução. 
Portanto, há dois momentos para decidir a impugnação. Um nos próprios autos, não havendo impugnação ou existindo, se a controvérsia depender apenas de prova documental. Dependendo de colheita de prova, em razão dos debates, o juiz deve determinar a autuação da habilitação em apenso, decidindo sobre a prova a Sr produzida. 
Pelo art. 692, transitada em julgado a sentença de habilitação, o processo principal retomará o seu curso, e cópia da sentença será juntada aos autos respectivos. Assim e pelo artigo 692 somente no caso de necessidade de dilação probatória é que, determinada a autuação em apenso pelo juiz, será proferida sentença nos autos em apenso e, por conseguinte, o recurso será o de apelação. 
Dúvida persiste quanto ao recurso a ser ofertado, quando a habilitação e processada dentro dos próprios autos da ação suspensa, não havendo impugnação ou se a questão é meramente dependente de prova documental, se será o de apelação ou de agravo de instrumento. Parece-nos que, nesta hipótese, o recurso cabível é o de agravo de instrumento. Entretanto, se autuada em apenso, eis que carente a habilitação de outras provas, além das documentais, neste caso há sentença. Portanto, o recurso cabível, nos autos em apenso, será o de apelação, com a remessa destes autos ao Tribunal, prosseguindo, a partir da sentença, o feito com os sucessores do falecido. 
Apostila 10 dos procedimentos especiais - Ação monitória.docx
	DA AÇÃO MONITÓRIA 
A ação monitória tem por pretensão evitar o processo de conhecimento que, além de moroso, é desnecessário, diante da prova apresentada pelo autor e de posterior atitude do réu que, ao receber a citação, poderá ser beneficiado, se não resistir à pretensão do autor, com a ausência do pagamento das custas e do pagamento da verba honorária em quantia inferior à praxe judiciária. 
Nota-se que o art. 700 do atual Código está mais bem elaborado, além de albergar mais casos de admissão da a ação monitória, se comparado com o seu antecessor, o art. 1.102-A do CPC/73, inclusive com relação a bem imóvel. 
Assim e pelo art. 700 a ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita, sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro, bem como a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel e o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. 
Outra importante novidade está encampada no § 1º do art. 700, ou seja, a prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente, nos termos do art. 381. Portanto, a produção antecipada de prova permite, neste atual CPC, o ajuizamento de ação monitória, o que a reforça, sobremaneira. 
São requisitos especiais da petição inicial da ação monitória (§2º do art. 700) e que indicará o valor da causa (§3º do art. 700), evidentemente além das demais hipóteses do art. 330, pena de indeferimento daquela peça: a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; o valor atual da coisa reclamada; o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido. 
Sempre atento às normas fundamentais (art. 1º a 12) o § 5º do 700 permite a fungibilidade do procedimento, transformando-o de monitório em comum, ao afirmar que, havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo autor, o juiz intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento comum. Portanto, nada de extinção do feito, sem enfrentamento de mérito. Nada de exigência de propositura de outra ação e de novas custas. 
Pelo § 6º do art. 700 foi admitida ação monitória também contra a Fazenda Pública e, pelo § 7º, deste mesmo artigo, admite-se citação, nesta ação, por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum. 
O art. 701 também está mais bem redigido, se comparado com o art. 1.102-B do CPC/73. Assim, na evidência do direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios, de cinco por cento do valor atribuído à causa. 
Pelo §1º do art. 701 o réu será isento do pagamento das custas processuais se cumprir o mandado no prazo. E, pelo § 2º, constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702.
Portanto, o procedimento monitório tem duas fases, iniciando-se a primeira com a expedição de mandado, momento em que a cognição é sumária. Havendo embargos, inicia-se a segunda fase, com cognição exauriante, consequência desta oposição ofertada pelo réu. Portanto, assegurada está a ampla defesa, com a apresentação dos embargos pelo réu, com ampla e exauriente cognição. 
Superada, posto que encampada, expressamente, a Súmula 292, STJ, ou seja, “A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.”, face ao disposto no art. 6º do art. 701, a permitir a reconvenção, vendando, porém, o oferecimento de reconvenção à reconvenção.
O § 3º do art. 701 permitiu a oferta de ação rescisória na ação monitória. 
Pelo § 4º, se a Fazenda Pública não apresentar os embargos previstos no art. 702 aplicar-se-á o disposto no art. 496, ou seja, a decisão estará, naqueles casos, sujeita ao duplo grau de jurisdição, observando-se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial, ou seja, a fase de cumprimento de sentença (art. 534 e 535).
Pelo § 5º do art. 701 aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916, isto é, o parcelamento do restante da dívida, em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês, uma vez ofertado, inicialmente, o depósito de trinta por cento do valor em execução. 
Pelo art. 702, independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo de 15 dias, embargos à ação monitória, que suspende a eficácia da decisão (§ 4º do art. 702), até o julgamento em primeiro grau. 
Aludidos embargos podem fundar em matéria passível de alegação como defesa no procedimento comum (§ 1º do art. 702). E, pelo § 2º, deste mesmo artigo, se o réu alegar que o autor pleitea quantia superior à devida, deverá declarar, de imediato, o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado da dívida, pena de os embargos serem liminarmente rejeitados (§ 3º do art. 702), se esse for o seu único fundamento e, se houver outro fundamento, os embargos serão processados, mas o juiz deixará de examinar a alegação de excesso. 
O autor, pelo § 5º do art. 702, será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 (quinze) dias. Pelo § 7º do art. 702, a critério do juiz, os embargos serão autuados em apartamento, se parciais, constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela incontroversa. 
Pelo § 8º do art. 702, rejeitados os embargos constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, prosseguindo-se o processo em observância à fase de cumprimento de sentença, cabendo apelação da sentença que acolhe ou rejeita-os (§ 9º do art. 702).
Pelos § 10 do art. 702 o juiz condenará o autor da ação monitória, proposta indevidamente e de má-fé, ao pagamento de multa de até dez por cento sobre o valor da causa e pelo § 11, deste mesmo artigo, condenado será o réu que de má-fé opuser embargos à ação monitora. 
Portanto, a ação monitória, como demonstrado acima, vai ao encontro do art. 4º (princípio da duração razoável, com solução integral de mérito); ao art. 5º (princípio da boa-fé); art. 6º (princípio da cooperação e da decisão de mérito justa e efetiva); art. 7º (paridade de tratamento), dentre outros, todos do atual Código de Processo Civil. 
Apostila 11 dos procedimentos especiais - Homologação do penhor legal.docx
	DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL. 
Para entender este procedimento previsto no art. 703 a 706 do Código de Processo Civil urge analisarmos os arts. 1.467 a 1.472 do Código Civil. Assim e pelo art. 1.467, inciso I, do Código Civil, são credores pignoratícios, independentemente de convenção: os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimentos, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que tiverem feito. Pelo art. 1.468 do CC a conta das dívidas antes enumeradas será extraída conforme a tabela impressa, prévia e ostensivamente exposta na casa, dos preços de hospedagem, da pensão ou dos gêneros fornecidos, pena de nulidade do penhor. 
Também é credor pignoratício, pelo inciso II do art. 1.467 do Código Civil, o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas. Porém e pelo art. 1.471 do CC, pode o locatário, neste caso, impedir a constituição do penhor mediante caução idônea. 
O art. 1.469 do Código Civil permite ao credor que, em cada um dos casos previstos no art. 1.467, tome em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida e pelo art. 1.470, também do Código Civil, podem fazer efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre que haja perigo na demora, dando aos devedores comprovantes dos bens de que se apossarem. Portanto e neste caso há autorização ao credor para agir, de imediato, pelas próprias mãos. É que, quando não há autorização para agir, por mãos próprias, a pessoa incorrerá no delito de exercício arbitrário da própria razão (art. 345 do CP). 
Nota-se que o penhor é transmissão da posse, em garantia do débito ao credor pignoratício ou a quem o representa (art. 1.431 do CC), de coisa móvel suscetível de alienação. 
E pelo art. 1.471 do Código Civil o credor, após o penhor, requererá, ato contínuo, a sua homologação judicial. Tal artigo vai ao encontro do art. 703 do CPC, que é uma síntese da disposição de direito material acima aludida, ou seja, tomado o penhor legal, nos casos previstos em lei, requererá o credor, ato contínuo, a homologação. Ressalte-se que não há mais prazo legal para a homologação judicial. Entretanto e considerando que pelo CPC/73 tal ação era considerada como medida cautelar quer nos parecer que o prazo para requerimento da homologação do penhor legal será o de 30 (trinta) dias, sem, evidentemente, a rigidez que era observada em se tratando de perda de eficácia de medida cautelar, ou seja, pelo atual CPC o prazo para homologação levará em consideração também outros fatores externos, ditados por cada caso. 
Portanto e pelo § 1º do art. 703 do CPC, na petição inicial, instruída com o contrato de locação ou a conta pormenorizada das despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos, o credor pedirá a citação do devedor para pagar ou contestar na audiência preliminar que for designada. 
O § 2º do art. 703 do CPC permitiu a homologação do penhor legal extrajudicialmente, mediante requerimento do credor, que conterá os requisitos do § 1º do art. 703, perante notário da livre escolha dele. 
Pelo § 3º do art. 703 do CPC recebido o requerimento, o notário promoverá a notificação extrajudicial do devedor para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar o débito ou impugnar sua cobrança, alegando, por escrito, uma das causas previstas no art. 704, hipótese em que o procedimento será encaminhado ao juízo competente para decisão. 
Pelo § 4º do art. 703 do CPC transcorrido o prazo, sem manifestação do devedor, o notário formalizará a homologação do penhor legal por escritura pública.
Assim é que o art. 704 do CPC limita a defesa do devedor que deverá ser lastreada nas seguintes hipóteses: na nulidade do processo; na extinção da obrigação; não estar a dívida compreendia entre as previstas em lei ou não estarem os bens sujeitos a penhor legal; na alegação de haver sido ofertada caução idônea, rejeitada pelo credor. 
Pelo art. 705 do CPC a partir da audiência preliminar observar-se-á o procedimento comum, desde que apresentada contestação, evidentemente. 
Pelo art. 706 do CPC homologado judicialmente o penhor legal, consolidar-se-á a posse do autor sobre o objeto. Porém e pelo § 1º deste mesmo artigo negada a homologação, o objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de cobrar a dívida pelo procedimento comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação. 
Pelo § 2º do art. 706 do CPC contra a sentença caberá apelação e, na pendência de recurso, poderá o relator determinar que a coisa permanência depositada ou em poder do autor. 
Portanto, a homologação do penhor legal confere autoridade ao ato particular. Assim, a homologação do penhor legal era, no CPC/73, tratada incorretamente como medida cautelar (arts. 874-876). No atual Código é tal ato uma ação de procedimento especial de jurisdição contenciosa. Ressalta-se que o penhor é autorizado até o limite da dívida (art. 1.469, CC), pena de excesso de penhor, e somente será legítimo se houver urgência na sua realização. Portanto, ausente o “perigo na demora” (art. 1.470, CC) é ilegal o penhor. 
Neste estudo ora
realizado analisamos o direito material e também o direito processual, oportunidade que surge para deixarmos expresso que não há mais campo, no direito atual, de considerarmos o direito material como direito substantivo e o direito processual como direito adjetivo, face à autonomia do direito processual, ou seja, não é o direito processual dependente do direito material, como o, na gramática, o adjetivo subordinado ao substantivo. Fosse assim não existiria extinção do processo, sem resolução de mérito, ou seja, sem análise do direito material. 
Apostila 12 dos procedimentos especiais - Da restauração dos autos.docx
DA RESTAURAÇÃO DOS AUTOS DO PROCESSO, EM RAZÃO DO DESAPARECIMENTO DOS AUTOS PRINCIPAIS. 
O art. 712 determina que, verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não, pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério Público, se for o caso, promover-lhes a restauração. O parágrafo único esclarece que, havendo autos suplementares, nesses prosseguirá o processo. Autos suplementares são cópias dos autos principais. Porém, o CPC não mais faz alusão aos autos suplementares, como o fazia o CPC anterior, em sue art. 159. Entretanto, quer nos parecer que poderá ser regulada esta prática por intermédio de regras internas de cada tribunal. 
Assim, o art. 712 praticamente repetiu o art. 1.063 do CPC/73. A diferença, boa, foi no tocante à permissão de o juiz, de ofício, também instaurar tal incidente, bem como também tem legitimidade, a partir do atual Código, para tanto, o Ministério Público, se for o caso. Assim, quer nos parecer que o Ministério Público poderá pleitear a restauração dos autos nos casos ditados pelo art. 176 e 177 do CPC, isto é, quando atuar na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis e também quando no exercício do direito de ação, em conformidade com suas atribuições constitucionais e legais. 
O art. 713, que trata da petição e documentos que deverão ser anexados a esta ação de restauração de autos, é mera repetição do art. 1.064 do CPC/73. Portanto, o requerente, na petição inicial, declarará o estado do processo ao tempo do desaparecimento dos autos, oferecendo: certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde tramitou o processo; cópia das peças que tenha em seu poder; qualquer outro documento que facilite a restauração. 
O art. 714 repete o art. 1.065 do CPC/73. Assim, a parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias (o CPC, nesta ação, não foi coerente quanto à pretensão de fixar sempre o prazo de 15 dias para contestação), cabendo-lhe exibir as cópias, as contrafés e as reproduções dos atos e dos documentos que estiverem em seu poder. Pelo § 1º do art. 714 se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o auto que, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido. 
Entretanto e pelo § 2º do art. 714 se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se-á o procedimento comum. 
De ressaltar-se que, também nesta ação, com maior razão de prevalecer o princípio da cooperação (art. 6º do CPC), ou seja, não deverá a parte deixar de juntar os documentos que tem em seus arquivos, como não será correto contestar esta ação, apenas por contestar, com intuito procrastinatório. Entretanto, a dificuldade na restauração surge quando uma das partes, infelizmente, for a responsável pelo desaparecimento dos autos ou tem interesse neste sumiço. Nessas hipóteses, esta ação, com pretensão e necessidade de ser rápida, poderá demorar anos. 
Assim, é recomendável que o advogado sempre tenha em seu escritório toda a cópia do processo, o que, no caso de desparecimento dos autos, facilitará, sobremaneira, a restauração aqui em comento. 
O art. 715 do atual CPC repete o art. 1066 do CPC anterior. Portanto e se a perda dos autos ocorreu depois da produção das provas em audiência, o juiz, se necessário, mandará repeti-las. E o § 1º, deste mesmo artigo 715, esclarece que serão reinquiridas as mesmas testemunhas que, em caso de impossibilidade, poderão ser substituídas, de ofício ou a requerimento. 
Pelo § 2º do art. 715 não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que possível pelo mesmo perito. Destacamos, novamente, a necessidade de o advogado sempre ter em poder dele cópia de todo o processado. Imaginemos a realização de nova perícia, o quanto retardará a prolação da sentença na ação de restauração dos autos. Enquanto isto, o objetivo principal, o julgamento do feito, com resolução do mérito, continua sobrestado. 
Pelo § 3º do art. 715 não havendo certidão de documentos, esses serão reconstituídos mediante copias ou, na falta dessas, pelos meios ordinários de prova. O § 4º, ainda do art. 715, esclarece que os serventuários e os auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor como testemunhas, a respeito de atos que tenham praticado ou assistido. 
E, com relação ao juiz, pelo § 5º do art. 715, se proferiu o magistrado sentença, da qual ele próprio ou o escrivão possua cópia, esta será juntada aos autos e terá a mesma autoridade da original. Aqui vale destacar-se que uma sentença bem lançada, com um relatório perfeito e não mera indicação de folhas dos autos do processo, também abreviará a restauração e poderá dispensar a reprodução das demais provas, antes aludidas. 
Julgado procedente o pedido de restauração dos autos, seguirá o processo os seus termos (art. 716) e, porventura aparecendo os autos originais, neles se prosseguirá os demais atos, sendo-lhes apensados os autos da restauração, conforme determinação do parágrafo único deste artigo 716. 
O desaparecimento dos autos no tribunal permite que a restauração seja distribuída, sempre que possível, ao relator do processo desaparecido (art. 717). Porém, a restauração, determina o § 1º deste mesmo artigo, far-se-á no juízo de origem quanto aos atos nele realizados. E, completando tal dispositivo legal, o § 2º, ainda do art. 717, esclarece que, remetidos os autos ao tribunal, nele completar-se-á a restauração e proceder-se-á ao julgamento. 
Pelo art. 718 e finalizando a temática em análise, quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá pelas custas da restauração e pelos honorários de advogado, sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal em que incorrer. Tal artigo repete o 1.609 do CPC/73. 
Apostila 13 dos procedimentos especiais - Procedimentos de jurisdição voluntária.docx
DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA.
Conforme insistimos em vários de nossos artigos escritos anteriormente nesta mesma coluna, necessário é compreensão, para a devida distinção, entre jurisdição voluntária e jurisdição litigiosa. Alguns doutrinários afirmam que não há que se falar em jurisdição voluntária, eis que o juiz, nesta hipótese, não “diz o direito”. Entretanto, o direito processual brasileiro sempre manteve este distinção, que já é uma tradição e, portanto, melhor é entendê-la, para fins de aplicação no dia a dia da prática judiciária. 
Insistimos, mais uma vez, que nos procedimentos de jurisdição voluntária não há que se falar em lide, na ausência de pretensão resistida. Portanto, não é correto rotular de ação, por exemplo, separação consensual, mas sim mero requerimento de jurisdição voluntária. Não se fala em ação de interdição, mas simples procedimento de jurisdição voluntária, não obstante, no curso do procedimento, possa sim haver pretensão resistida, hipótese em que, a partir de então, necessário será a observância do devido processo legal. 
Neste estudo, mais do que nunca, será necessário entender a distinção entre procedimento e processo, ou seja, processo é o procedimento em contraditório, eis que há pretensão resistida, há lide e, por conseguinte, a ampla defesa, a isonomia e o contraditório devem ser observados, pena de nulidade. Entretanto e enquanto mero procedimento, não há que se falar em observância do devido processo legal, razão, inclusive, conforme será visto

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