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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 1 DIDÁTICA E ESPECÍFICOS 1) O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A criança e o seu desenvolvimento Psicossocial Este artigo tem como objetivo esclarecer aos pais todas as fases da criança e seu desenvolvimento psicossocial, (segundo Psicanalista Eriksson) uma vez que é de suma importância entender como a criança desenvolve sua identidade, sua personalidade. AQUI ESTÃO AS FASES DE ACORDO COM CADA IDADE DA CRIANÇA 0 A 18 MESES – CONFIANÇA VERSUS DESCONFIANÇA - aprendendo a confiar ao invés de desconfiar Nesta fase da infância inicial, à atenção do bebê se volta à pessoa que provê seu conforto, que satisfaz suas ansiedades e necessidades, a criança desenvolve a confiança básica, segurança e o otimismo. Como ela depende dos pais para tudo (alimentação, afeto, proteção), ela precisa confiar inteiramente neles. Para isso, é preciso que os pais a tratem com muito amor, atenção, apoio e paciência. Caso contrário, crescerá insegura e desconfiada. Um exemplo de como a criança adquiri confiança, todas as vezes que a criança chora com fome e a mãe vem e lhe amamenta. Um exemplo de como a criança adquiri desconfiança, se todas as vezes que ela chorar por algo que necessita (comida, banho,carinho) ela nunca for atendida naquele momento. 18 A 03 ANOS – AUTONOMIA VERSUS DÚVIDA E VERGONHA - aprendendo a ser independente ao invés de sentir vergonha. O segundo conflito psicológico, segundo Erikson, ocorre durante a primeira infância, dos 18 meses aos 03 anos de idade. Nessa fase, a criança dá um grande salto no desenvolvimento: aprende a andar, a falar, a ir ao banheiro, torna-se independente e ganha autoconfiança. A criança que tiver uma boa orientação dos pais sairá dessa fase segura de si mesma, feliz com suas novas conquistas e orgulhosa, ao invés de tímida. É importante incentivar a autonomia das crianças nessa fase, mas isso não pode ser sinônimo de indisciplina. É comum que as crianças de 2 ou 3 anos façam cenas no meio da rua, se recusem a dar a mão para atravessar a rua, e digam ''não'' com muita facilidade. Cabe aos pais explicar carinhosamente o que a criança pode ou não pode fazer sem impedir que se desenvolva. A super-proteção também atrapalha o desenvolvimento e torna a criança dependente dos pais. 03 A 06 ANOS - INICIATIVA VERSUS CULPA- aprendendo a ter iniciativa ao invés de sentir culpa. A terceira crise psicossocial ocorre entre os 03 e os 06 anos de idade. Nessa fase, a criança saudável aprende: a imaginar, a brincar no mundo do faz-de- conta e da fantasia; a cooperar com os outros; e a dar e a receber ordens. Aprendem a equilibrar diversão e responsabilidade. A criança que é reprimida pelos pais nessa fase, sente-se culpada, cresce com medo, fica deslocada dentro do grupo, não tem iniciativa (depende muito dos adultos) e não desenvolve satisfatoriamente a imaginação e a criatividade. É importante que as crianças sejam encorajadas pelos pais a desenvolver sua criatividade, aprendendo a controlar seus impulsos sem se tornarem indisciplinadas. 06 A 12 ANOS – DILIGÊNCIA VERSUS INFERIORIDADE - aprendendo a construir ao invés de se sentir inferior. A quarta fase surge no início da vida escolar (escola primária). Nessa fase a criança adquire noções básicas para a vida em sociedade, como: relacionar-se com em grupo de acordo com regrais sociais; brincar em grupo de forma organizada, seguindo regras; ir à escola, aprender aritmética, leitura e estudos sociais. O dever de casa é uma tarefa que incentiva a autodisciplina, que aumenta a cada ano do desenvolvimento. A criança que aprendeu, nos anos anteriores, a confiar, a ser independente e a ter iniciativa, será uma criança competente na escola e sem complexo de inferioridade perante os colegas. Cabe as pais incentivar os filhos, nunca dizer que o filho é “burro” por ter errado alguma tarefa, pois isso vai desenvolvendo na criança uma inferioridade, ela começa achar que é incapaz de acertar. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA A adolescência é definida como a fase de transição entre a infância e a idade adulta, uma passagem que pode durar até dez anos (dez aos vinte anos), dependendo do indivíduo, de seu ambiente social, escolar e familiar. A puberdade refere-se a um conjunto de modificações biológicas que vão resultar em capacidade reprodutora. A puberdade pode variar de indivíduo para indivíduo, quanto a idade de seu início e velocidade das mudanças, segundo influência de fatores hereditários, nutricionais, e pré-existência de doenças crônicas tais como asma, diabetes, doenças gastrointestinais, renais, cardíacas etc. Sequência de mudanças físicas nas meninas A puberdade feminina ocorre um pouco mais cedo do que a dos meninos, embora dure um pouco mais. Primeiramente há uma progressiva deposição de tecido adiposo (gordura) ao redor dos quadris, seguida rapidamente pelo surgimento do broto mamário, que pode ser uni ou bilateral, e dos primeiros pêlos pubianos. Geralmente isto se dá por volta dos onze anos (podendo variar entre 8 e 13 anos). Ao redor de um ano após o início do desenvolvimento das mamas acontece um intenso aumento em estatura, conhecido com estirão puberal. Aproximadamente seis meses após este aumento da velocidade de crescimento costuma ocorrer a primeira menstruação, a menarca. Percebemos, assim, que a primeira menstruação é um fato relativamente tardio na sequência de eventos da puberdade. Em termos práticos, como referência, o intervalo de tempo entre o surgimento dos brotos mamários e a menarca costuma ser de cerca de dois anos, dois anos e meio. Sequência de mudanças físicas nos meninos Os meninos, diferentemente das meninas, não têm em seu processo de maturação sexual nenhum fato tão expressivo quanto o aparecimento do broto mamário ou a menarca. As emissões noturnas de esperma, durante o sono, poderiam ser APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 2 consideradas como algo da mesma importância que a menstruação para as meninas, mas não têm a mesma regularidade. Em torno dos onze anos, podendo variar entre 9 e 13 anos, os testículos começam a aumentar de volume, ainda sem modificação do tamanho do pênis, o que só vai ocorrer após mais ou menos um ano a partir disto. Um pouco antes do começo do crescimento do pênis surgem os primeiros sinais de pêlos pubianos e de pêlos axilares. O crescimento testicular e peniano pode estar completo entre os doze anos e meio e os dezessete anos, dependendo de quando as modificações começaram a acontecer naquele indivíduo. O aumento da velocidade de crescimento - estirão puberal - acontece um pouco mais tarde nos meninos do que nas meninas, depois do início do aumento dos testículos. Problemas frequentes na puberdade Mamas de tamanhos diferentes - No início da puberdade uma mama pode começar seu desenvolvimento um pouco antes que a outra, mas ao longo do tempo a tendência é que as duas fiquem mais parecidas em tamanho. Entretanto, é relativamente comum que mulheres adultas tenham seios ligeiramente desiguais, o que nem sempre é facilmente observável. Massas palpáveis nos seios são geralmente cistos ou tumores benignos, dentre outras causas, sendo necessário procurar um médico nestes casos e realizar alguns exames. Câncer de mama é bastante raro nesta faixa etária. Corrimento ou secreção vaginal - É bastante frequente que as adolescentes sejam levadas ao médico para averiguação de secreção vaginal. Nesta fase da vida é comum a presença de secreção fina, clara ou leitosa, sem coceira ou mau odor, provocada pela ação dos hormônios estrogênios na mucosa uterina, um pouco antes da menstruação. Maus hábitos de higiene após urinar ou evacuar, ou o uso de roupas muito apertadas, podem levar à mudança das características desta secreção, com contaminaçãopor bactérias presentes nas fezes. É bom lembrar que algumas doenças sexualmente transmissíveis também se manifestam através de secreção vaginal anormal, de aspecto amarelado, em maior volume, com mau cheiro ou com coceira. Irregularidade menstrual - Durante cerca de um ano após a menarca os ciclos menstruais são geralmente irregulares, tanto no que se refere ao intervalo entre um e outro quanto na duração do fluxo menstrual. Eventualmente este período de irregularidade pode se prolongar além de um ano, mas o tratamento hormonal deve ser evitado sempre que possível, embora a situação seja um pouco inquietante tanto para a adolescente quanto para a família. Devemos ressaltar que estes ciclos irregulares são geralmente anovulatórios, ou seja, ocorrem em geral sem ovulação. Algumas meninas, porém, podem ovular desde o seu primeiro ciclo menstrual. Ausência de menstruação - Consideramos um problema médico quando a menstruação ainda não aconteceu numa menina de dezesseis anos que já tem seios ou numa menina de quatorze anos que não apresenta sinais de desenvolvimento das mamas. Um outro problema é quando a menstruação desaparece por mais de três meses consecutivos, exceto no primeiro ano após a primeira menstruação, pois neste período ela tem características irregulares. Várias podem ser as causas desta situação, sendo muitas vezes necessária a ajuda tanto do ginecologista quanto do endocrinologista. Fatores ligados à prática de atividade física em excesso, obesidade, deficiências nutricionais, stress (questões familiares, problemas na escola ou com o grupo social), uso de alguns tipos de medicamentos, inclusive anticoncepcionais orais, presença de hímen malformado, sem o orifício normal que permite a passagem do fluxo menstrual, algumas doenças e, finalmente, gravidez, podem ser causas da ausência de menstruação. Disfunção do sangramento uterino - Os ciclos menstruais normais variam entre 21 e 35 dias, contados desde o primeiro dia de menstruação até o primeiro do próximo ciclo. O fluxo geralmente é de no máximo sete dias. Para efeito de cálculo da intensidade do fluxo menstrual podemos utilizar o número de trocas de absorventes feitas ao longo do dia. O gasto de mais de seis absorventes ou de dez tampões por dia durante mais de oito dias seguidos, geralmente indica fluxo excessivo, embora a frequência de troca varie bastante entre as mulheres, o que pode dificultar a análise da situação. Geralmente o sangramento excessivo é acompanhado por ciclos sem ovulação, e causado por distúrbios hormonais. Uma minoria dos casos é provocada por distúrbios da coagulação sanguínea ou outras doenças. A principal consequência para a saúde da adolescente é a possibilidade de acontecer anemia causada pela perda prolongada de sangue. Cólicas menstruais - Cerca de 65% das adolescentes se queixam de cólicas nos primeiros três dias da menstruação. Geralmente não há uma doença associada a esta condição, embora isto seja possível, como nos casos de anormalidades anatômicas, tumores benignos e a endometriose, que é a presença anormal de tecido uterino fora do útero. Sabemos também que, embora já se conheçam os mecanismos bioquímicos que causam a cólica menstrual, os fatores psicológicos ou emocionais podem estar relacionados a este problema. Ginecomastia - Este nome complicado é sinônimo do aumento do tamanho das mamas em meninos. Embora seja muitas vezes motivo de piada e de comportamentos anti-sociais, é bastante comum (é encontrada em 50-60% dos meninos no início da adolescência), benigna e costuma desaparecer sozinha ao longo do período de crescimento. Este aumento das mamas pode ser acompanhado e complicado pelo excesso de peso, uma vez que a gordura pode se depositar nesta região do corpo. Não se conhece muito bem a causa da ginecomastia, embora se saiba que uma minoria de casos está relacionada a algumas doenças renais, hepáticas, glandulares (problemas da tireóide, por exemplo), e ao uso de alguns medicamentos ou drogas. A prática regular de natação ou de musculação com prévio aconselhamento médico pode beneficiar os portadores desta condição pois ajuda a desenvolver a musculatura peitoral e a "disfarçar" o problema. Numa minoria de casos pode ser necessária a administração de um medicamento para controlar a ginecomastia, bem como também a cirurgia plástica. Anormalidades do crescimento O crescimento é influenciado por diversos fatores, dentre eles a hereditariedade, fatores nutricionais, ambientais (questões afetivas, familiares, psicológicas, socioeconômicas e glandulares). O crescimento do adolescente deve ser medido em intervalos nunca menores do que seis meses, uma vez que o crescimento não é linear e constante durante os doze meses do ano, acontecendo em "surtos", durante alguns meses e depois dando pausas. A suspeita de "baixa estatura" costuma ocorrer quando os pais ou familiares comparam o adolescente a outros da mesma idade, embora esta comparação deva ser feita considerando-se também a questão racial, o sexo, e também outros adolescentes da mesma família. Entretanto o diagnóstico de baixa estatura ou APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 3 de crescimento insuficiente deve ser feito por um médico, pois depende de correlações entre estatura materna e paterna, e avaliação do crescimento num determinado intervalo de tempo, idealmente pelo menos um ano, além de medidas de outros segmentos corporais. Numa análise global entra também o aspecto da maturação sexual, pois muitas vezes os pais podem interpretar como problema de crescimento, por exemplo, um adolescente de treze anos que ainda não tenha passado pela fase do já citado estirão da puberdade, quando acontece um rápido aumento de estatura. Compará-lo com outro menino da mesma idade que esteja em plena fase de crescimento rápido, ou que já tenha passado por ela, pode levar a uma falsa impressão. Outras avaliações, incluindo-se dosagens hormonais, radiografias ósseas e outros exames podem ser necessários. Dentre as principais causas de baixa estatura na adolescência podemos citar a baixa estatura familiar, a baixa estatura constitucional (indivíduos que crescem devagar mas que atingem uma estatura normal ao final do período de crescimento), a deficiência do hormônio do crescimento, problemas relacionados à glândula tireóide, diabetes sem controle, doenças ósseas, asma, desnutrição, AIDS, doenças genéticas etc. Em contrapartida ao problema da baixa estatura, que frequentemente leva o adolescente ao consultório médico, temos o oposto, que é a "alta estatura", o que é mais raro ser motivo de consulta mas que pode ser um distúrbio. A alta estatura pode ser hereditária ou constitucional, ou pode ser resultado de distúrbios glandulares, síndromes genéticas e outras doenças. Desordens da puberdade Atraso da puberdade - A puberdade está atrasada quando ainda não deu sinais (broto mamário ou início do aumento dos testículos) até os treze anos nas meninas e até os quatorze anos nos meninos. Puberdade precoce - Consideramos puberdade precoce casos em que os primeiros sinais de maturação sexual ocorrem antes dos nove anos em meninos e antes dos oito anos em meninas. Existem numerosas causas para tais alterações, que devem ser cuidadosamente investigadas pelos médicos especialistas (endocrinologistas, geneticistas etc). É importante destacar que tem grande valor o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento do adolescente com regularidade e uma periodicidade de duas consultas ao ano, para que eventuais problemas possam ser identificados e tratados no momento certo. 2) PROJETOS PEDAGÓGICOS E PLANEJAMENTO DE AULA PROJETOS DE ENSINO I – DA JUSTIFICATIVA O cenário educacional atual tem colocado aos professores, de modo geral, uma série de desafios que, a cada ano, se expandem em termos de quantidade e de complexidade. Esses desafios não se esboçam de forma independentedo contexto social mais amplo. Vivemos, atualmente, um processo profundo de mudanças – caracterizadas pela emergência de novas formas de organização social, econômica e política – que se reflete no campo educacional. A velocidade com que se produzem as mudanças na área da tecnologia, a globalização e a competição exacerba pela conquista de novos mercados têm configurado um cenário marcado por alterações significativas, especialmente nos modos de produção, nas tecnologias da informação e na democracia política. Os impactos dessas mudanças no campo educacional recobrem uma diversidade de espaços, produzindo uma variedade nova de desafios a serem enfrentados, além de uma manutenção da maioria daqueles já existentes. Lidar com todos esses desafios que se apresentam, no exercício da profissão, tem requerido dos professores uma capacidade permanente de produção de novas sínteses, de reflexão sobre o seu trabalho e de reorganização das ações, em diferentes níveis, de forma a superar as crescentes dificuldades que vão se colocando no cotidiano de seu trabalho. Os desafios colocados aos professores, na escola, refletem-se nas instituições responsáveis pela formação inicial do professor, que cada vez mais têm sido chamadas a contribuir para a superação desses desafios através da implementação de um projeto de formação de formação de profissionais da Educação que efetivamente atenda a essas demandas. As tendências mais atuais de estudo sobre a formação do professor têm apontado, como aspectos que devem ser o foco da formação inicial e continuada de professores, experiências de aprendizagem que permitam aos professores mais qualidade cognitiva no processo de construção e reconstrução de conceitos, de procedimentos e de valores, sublinhando a importância de se priorizar, por um lado, uma sólida formação teórica – cultural e científica – e, por outro, uma formação para o “saber-fazer”, para as competências que geram flexibilidade mental, bem como a capacidade de resolver problemas específicos, que se delineiam no cotidiano da prática educativa. Ao lado dessas considerações, uma perspectiva educacional, oposta à velha ideia de aprendizagem baseada na reprodução de conhecimentos, passou a enfatizar nos últimos 20 anos a ideia de que o aluno precisaria assumir maior responsabilidade pela sua própria aprendizagem e desenvolver a habilidade para lidar com situações novas e problemas abertos, que não dispõem de um caminho rápido e direto que leve à solução. Estes seriam, aliás, os verdadeiros problemas, relacionados a diferentes áreas do saber, com os quais o sujeito terá de se deparar ao, longo de sua vida, por estar inserido em uma sociedade em que contextos culturais, sociais, políticos, científicos e tecnológicos mudam em uma velocidade muito grande. O enfoque social dado aos processos de ensino e aprendizagem trouxe, ainda, para a discussão pedagógica, aspectos de extrema importância, como as relações entre desenvolvimento e aprendizagem, entre cultura e educação, as relações interpessoais e o papel do educador como mediador do processo de construção do conhecimento do aluno em cada etapa de sua escolaridade. Desenvolver nos futuros professores a habilidade de mediar ou ajudar seus alunos a trilharem esse novo caminho é um desafio educacional da maior importância, discutido em numerosos eventos que abordam a formação do professor, com reflexos em diretrizes curriculares e na legislação brasileira mais atual. Pesquisas realizadas no país, por sua vez, indicam que a má qualidade do ensino não se deve simplesmente à não formação inicial de parte dos professores, resultando também da má qualidade da formação que tem sido ministrada. Esta não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Dentre os modelos emergentes, preocupados com a formação do professor poderíamos citar os que se preocupam com a criação de ambientes poderosos de aprendizagem, análogos aos que existiriam nos processos informais de formação de aprendizes, que viabilizariam aos mesmos uma evolução gradativa e eficiente APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 4 para a situação de peritos. Nestes modelos primeiramente, a atividade de um expert é observada e tomada como modelo; a atividade do aprendiz, em seguida, é monitorada, através de feedback. O aprendiz evolui, então, de uma regulação de suas atividades por parte de outrem para uma auto-regulação. A comparação de sua própria atividade com a de outros aprendizes e professores, a oportunidade de rever e refletir a respeito de suas estratégias e transferir essas habilidades para outras situações ocupariam papel chave nesse processo de aprendizagem. Tal modelo de intervenção seria muito empregado em escolas- modelos, que procuram ajudar os futuros professores a romper com as velhas práticas educativas, as quais foram submetidos em seu percurso escolar. Estágios supervisionados mais eficientes costumam adotar esta rotina. Diversos estudos destacam que a formação do educador precisa contemplar a observação, a elaboração, a operacionalização e a avaliação de projetos pedagógicos específicos. É dentro desse contexto, e a partir de estudos sobre a tradição da formação de docentes nas Instituições de Ensino Superior no Brasil, que os pareceres e resoluções do CNE/CP, procuram sanar as deficiências apontadas. As propostas que aumentam a carga horária reservada à prática pedagógica, pretendem, justamente, auxiliar os licenciandos a romper com alguns dos velhos hábitos das escolas brasileiras. Uma simples inserção em escolas, algumas das quais ainda dispõe de estruturas de ensino e aprendizagem muito tradicionais, não garantiria aos licenciandos a construção do novo modelo de intervenção pedagógica, que se pretende instaurar. Por outro lado, essa inserção é necessária, para tornar o educador capaz de pensar, planejar e executar projetos educacionais exequíveis, capazes de modificar a estrutura de ensino das escolas aonde vão se inserir. Daí a separação que a legislação dá às chamadas Práticas Pedagógicas e ao Estágio Supervisionado de Docência. Enquanto o segundo precisa se realizar necessariamente em uma escola convencional, com atividades de docência, por parte do licenciando, a primeira apresenta características mais variáveis, que seriam asseguradas por Projetos de Ensino, articulados ou não a Projeto de Extensão, caracterizados adiante. A presente proposta se ajusta aos objetivos destacados e às normas nacionais existentes, oferecendo a UFES uma modalidade de atividade docente, até então não prevista nas normas acadêmicas, na qual deverão se inserir os licenciandos. Trata-se da atividade que denominamos “Projeto de Ensino”, que se diferencia dos bem conhecidos Projetos de Pesquisa e Projetos de Extensão, com os quais, por vezes, vem sendo desenvolvida de forma associada, sem definição precisa até então. II - DA CONCEITUAÇÃO As Diretrizes Curriculares para Formação de Professores na UFES, em seu ponto 4. 4, denominado “prática como Componente Curricular”, ao basear-se no Parecer de nº 09/2001, demonstra como o conceito de prática “deve ser entendido”, bem como, valendo-se da Resolução CNE/CP Nº 01/2002, assim define a Coordenação da Dimensão Prática: [...] é um componente curricular, devendo ser trabalhada permanentemente em tempo e espaço curricular específico. A Coordenação da Dimensão Prática é espaço curricular caracterizado no parecer normativo CNE/CP 09/2001 como espaço de atuação coletiva e integrada, com a função de promover a articulação das diferentes práticas numa perspectiva interdisciplinar, e com ênfase nos procedimentos de observação e reflexão. Assim, deverá ocorrer desde o início do processo formativo e se estender ao longo de todo o curso. De acordo com osPareceres CNE/CP/ 09/2001 e 28/2001, a prática como componente curricular possui garantida carga horária de 400 horas distribuídas ao longo do curso. Sendo a Coordenação da Dimensão Prática um componente curricular como os dois níveis de prática referidos, em tempo e espaço curricular específico, essa coordenação transcenderá o estágio e terá como finalidade promover a articulação das diferentes práticas numa perspectiva interdisciplinar (Art. 13 da Resolução CNE/CP/01/2002). Isso significa dizer que a coordenação da dimensão prática deve ser compartilhada entre os responsáveis pela oferta das atividades que integram os âmbitos de conhecimentos que são objeto de ensino e os conhecimentos pedagógicos, por meio da constituição de um Núcleo de Coordenação da Dimensão Prática (NCDP). Este será subordinado à PROGRAD, e gerenciado pela mesma, que se encarregará da criação de normas para sua operacionalização e funcionamento, e que definirá os critérios de cômputo de carga horária de alunos e professores. Neste sentido, efetuará o registro de Projetos de Ensino, devidamente coordenados pelos professores responsáveis pelos respectivos Projetos. Nesse entendimento da Coordenação da Dimensão Prática, considera-se também o olhar de Cury (2002, p. 113-122)1 acerca dos documentos oficiais que instituem as Diretrizes para as licenciaturas, especialmente quando enfatiza que a formação profissional do professor deve ser norteada, priorizando o liame da “teoria/prática/prática teoria”, dessa forma, para o autor em referência, essa relação [...] teoria/prática conhece como método processual a compreensão descritiva, analítica e problematizadora das atividades implícitas em todos os componentes curriculares como uma circularidade de caráter elíptico e interativo da relação “ação/reflexão/ação” [...] o Conselho Nacional, nos pareceres e Resoluções em questão, distingue o momento do saber e o momento do fazer, ambos em mútua relação. O momento do saber não está separado do momento do fazer, e vice-versa, mas cada qual guarda sua própria dimensão epistemológica. O momento do saber, então, resguarda o aprender a ser professor como “um saber profissional [...] O ser professor não se realiza espontaneamente. Na formação do ser professor, é imprescindível um saber profissional, crítico e competente e que se vale de conhecimentos e de experiências.” [...] ser chamado de competente, por outro lado, é ser reconhecido como um profissional capaz, crítico e consciente, positivamente avaliado porque se 1 CURY, Carlos Roberto Jamil. Estágio Supervisionado na Formação Docente. In: LISITA, Verbena Moreira S. de S; SOUZA, Luciana Freire E. C. P. (Orgs.). Políticas Educacionais: Práticas Escolares e Alternativas de Inclusão Escolar. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002, p. 113-122. APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 5 trata de alguém que, reunindo em si a relação “teoria/prática”, torna-se capaz de dar uma resposta consequente a problemas complexos das finalidades maiores das funções da escolaridade e aos problemas da vida social contemporânea. O docente competente, é, pois, aquele que sabe, que sabe fazer, que sabe fazer bem e que sabe fazer reconhecendo o porquê e o para quê das coisas relativas à sua profissão, já que dele se exige o princípio metodológico da “teoria/prática” e da “ação/reflexão/ação.” Entende-se, assim, que a formação de um professor com esse perfil deve implicar, necessariamente, também, um enfoque à pesquisa. A formação baseada na ação/reflexão/ação implica um processo constante de distanciamento do próprio fazer pedagógico, no sentido de se propiciar uma reflexão mais ampla e aprofundada sobre esse fazer: problematizando situações vivenciadas; buscando novos elementos que permitam uma abordagem e uma análise mais ampla das questões colocadas e, finalmente, possibilitando um redimensionamento do fazer pedagógico, a partir dos novos elementos integrados ao sistema de referências e de ações do professor aprendiz. Diante disso, entende-se como Projeto de Ensino um conjunto de ações integradas, apoiadas em certas teorias e concepções de conhecimento, de ensino e aprendizagem, de trabalho educativo e de prática profissional do professor, que visam a oferecer ao licenciando possibilidades variadas de inserção no contexto da prática pedagógica, em diferentes espaços institucionais e sociais. Entende-se, ainda, que esses projetos podem estar vinculados, em algum nível, a projetos de extensão e de pesquisa que visem analisar aspectos da prática pedagógica, em diferentes espaços educativos. III – DA OPERACIONALIZAÇÃO (?) Conforme ressaltam as Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores da UFES, essas ações desenvolvidas nos projetos de ensino devem se organizar de forma a propiciar ao licenciando o contato com situações didáticas que promovam a observação, a reflexão e, em certo nível, a atuação educativa e pedagógica. Considera-se que, de acordo com as especificidades de cada curso de licenciatura, essas ações terão características diferenciadas. No entanto, algumas possibilidades de ações podem ser destacadas, como por exemplo: - o levantamento e a análise de material didático em uma área específica; - a elaboração de material didático; - o levantamento de propostas didáticas existentes em uma determinada área; - a pesquisa de práticas pedagógicas em curso nas escolas, em uma certa área de conhecimento; - a elaboração de projetos de intervenção para serem desenvolvidos em diferentes níveis e espaços educativos, além de a intervenção pedagógica direta, e em espaços educativos plurais, dentre muitas outras. Nessa perspectiva, os projetos de ensino apresentam-se como espaços privilegiados de construção, inclusive, de novas práticas de produção de conhecimento no âmbito da própria universidade, possibilitando formas de organização e de procedimentos de ensino que extrapolem o espaço da sala de aula e se estendam por outros espaços educativos existentes na universidade, como núcleos e laboratórios de ensino. Também permitem o trânsito do licenciando em espaços educativos externos à universidade, como Conselho tutelar, movimentos sociais, organizações não governamentais que desenvolvam ações de caráter educativo, etc. Um aspecto fundamental a ser considerado, na sistematização e reflexão das atividades desenvolvidas nos projetos de ensino, é o registro, feito por meio de texto escrito, fotografias, vídeos, sites na internet.... Diante disso, recomenda-se que cada licenciatura crie e/ou fortaleça espaços, que por ventura já existam, destinados a armazenar o material didático, os relatos de experiências, bem como as outras produções resultantes das ações desenvolvidas durante a realização dos projetos de ensino. O acervo organizado pode servir como referência para novos projetos, bem como para a implementação das atividades realizadas em outras disciplinas, e projetos de extensão destinados à formação continuada de professores e de projetos de pesquisa. IV – DA CARGA HORÁRIA DE LICENCIANDOS E PROFESSORES Considerando a organização curricular apresentada pelas Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores da UFES, entende-se que os projetos de ensino deverão possuir o caráter de disciplina, com carga horária específica reservada na grade curricular dos cursos de licenciatura. Para uma melhor implementação das atividades desenvolvidas nos projetos, a carga horária mínima de cada projeto deverá ser de aproximadamente 100 horas para o aluno e de 5 horas-aula semanais para o professor, devendo atender a, pelo menos, 20 alunos. Dependendo do projeto e do número de alunos participantes do projeto a carga horária poderá ser divida ou não entre os professores participantes do mesmo, que deverão especificar no projetoqual será a carga horária de cada docente. Isso que será submetido à aprovação dos Departamentos envolvidos e da Coordenação da Dimensão Prática. V - DOS PROJETOS DE ENSINO 1. Os Projetos de Ensino devem ser elaborados por professores que atuam nas licenciaturas, preferencialmente construídos numa perspectiva interdisciplinar e interdepartamental, considerando-se as especificidades de cada licenciatura, e norteando-se pelo que preconizam os Parâmetros Curriculares nacionais (PCNs) dos três níveis do Ensino Básico: séries iniciais e finais do Ensino fundamental e o Ensino Médio; 2. Os projetos deverão ser apreciados nos departamentos aos quais os professores proponentes se vinculam, por meio da análise, relato e de parecer de um professor preferencialmente da área objeto de ensino, e aprovados pelo Colegiado Departamental da área a que se destinam, antes de serem encaminhados ao Núcleo de Coordenação da dimensão Prática (NCDP) a ser instituído pela PROGRAD; 3. Depois de apreciados e aprovados pela Câmara ou Colegiado do NCDP, os Projetos devem ser registrados APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 6 e encaminhados a todos os Colegiados de Curso de Licenciatura, a fim de que seja dada ampla ciência deles aos coordenadores dos cursos de licenciaturas e aos alunos, para que possam a eles se vincular, nos moldes a serem estabelecidos pela PROGRAD. Dessa forma, um Projeto de Ensino julgado interessante para um aluno de uma respectiva licenciatura poderá revestir-se de substantiva contribuição à formação prática de alunos de outras áreas de conhecimento. 4. É imprescindível que na construção dos Projetos de ensino se considerem os pressupostos teóricos que os embasarão, e a avaliação dos locus de suas realizações pelos professores envolvidos, bem como pelos colegiados departamentais proponentes, a fim de que se evitem que na sua implementação os alunos, em suas vivências da dimensão prática, se apropriem de experiências cristalizadas em posturas pedagógicas obsoletas e ultrapassadas, discordantes das que preconizam as diretrizes para a Formação de Professores na UFES, e da legislação sob as quais essas mesmas diretrizes foram construídas. 3) PLANEJAMENTO NA PRÁTICA EDUCATIVA O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação 1 PLANEJAMENTO EDUCACIONAL, DE CURRÍCULO E DE ENSINO Se qualquer atividade exige planejamento, a educação não foge dessa exigência. Na área da educação temos os seguintes tipos de planejamento: 1.1 Planejamento educacional: Consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos em longo prazo que definam uma política da educação. É o realizado pelo Governo Federal, através do Plano Nacional de Educação e da legislação vigente. 1.2 Planejamento de currículo: O problema central do planejamento curricular é formular objetivos educacionais a partir daqueles expressos nos guias curriculares oficiais. Nesse sentido, a escola não deve simplesmente executar o que é prescrito pelos órgãos oficiais. Embora o currículo seja mais ou menos determinado em linhas gerais, cabe à escola interpretar e operacionalizar estes currículos. A escola deve procurar adaptá-los às situações concretas, selecionando aquelas experiências que mais poderão contribuir para alcançar os objetivos dos alunos, das suas famílias e da comunidade. 1.3 Planejamento de ensino: Podemos dizer que o planejamento de ensino é a especificação do planejamento de currículo. Consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos. Um planejamento de ensino deverá prever: Objetivos específicos estabelecidos a partir dos objetivos educacionais. Conhecimentos a serem aprendidos pelos alunos no sentido determinado pelos objetivos. Procedimentos e recursos de ensino que estimulam, orientam e promovem as atividades de aprendizagem. Procedimentos de avaliação que possibilitem a verificação, a qualificação e a apreciação qualitativa dos objetivos propostos, cumprindo pelo menos a função pedagógico-didática, de diagnóstico e de controle no processo educacional. 2 IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR O trabalho docente é uma atividade consciente e sistemática, em cujo centro está a aprendizagem ou o estudo dos alunos sob a direção do professor. O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola, os professores e os alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam a sociedade de classes. Isso significa que os elementos do planejamento escolar – objetivos, conteúdos, métodos – estão recheados de implicações sociais, têm um significado genuinamente político. Por essa razão, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o ruma que devemos dar ano nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade. A ação de planejar é uma atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político- pedagógicas, e tendo como referência permanente situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de ensino). O planejamento escolar tem, assim, as seguintes funções: Explicitar princípios, diretrizes e procedimentos de trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do contexto social e do processo de participação democrática. Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-pedagógico e profissional, as ações efetivas que o professor irá realizar em sala de aula, através de objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas de ensino. Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e rotina. Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das exigências propostas pela realidade social, do nível de preparo e das condições sócio-culturais e individuais dos alunos. Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez que torna possível inter-relacionar, num plano, os elementos que compõem o processo de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e técnicas (como ensinar) e a avaliação, que está intimamente relacionada aos demais. APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 7 Atualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto, aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de conhecimentos, adequando-os às condições de aprendizagem dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de ensino que vão sendo incorporados na experiência cotidiana. Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático em tempo hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar, replanejar o trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer dasaulas. Para que os planos sejam efetivamente instrumentos para a ação, devem ser como um guia de orientação de devem apresentar ordem sequencial, objetividade, coerência, flexibilidade. ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO 1 Conhecimento da realidade: Para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino e atender às necessidades do aluno é preciso, antes de qualquer coisa, saber para quem se vai planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Fazendo isso, estaremos fazendo uma Sondagem, isto é, buscando dados. Uma vez realizada a sondagem, deve-se estudar cuidadosamente os dados coletados. A conclusão a que chegamos, após o estudo dos dados coletados, constitui o Diagnóstico. Sem a sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar ou o que não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado. 2 Requisitos para o planejamento Objetivos e tarefas da escola democrática: estão ligados às necessidades de desenvolvimento cultural do povo, de modo a preparar as crianças e jovens para a vida e para o trabalho. Exigências dos planos e programas oficiais: são as diretrizes gerais, são documentos de referência, a partir dos quais são elaborados os planos didáticos específicos. Condições prévias para a aprendizagem: está condicionado pelo nível de preparo em que os alunos se encontram em relação ás tarefas de aprendizagem 3 Elaboração do plano: A partir dos dados fornecidos pela sondagem e interpretados pelo diagnóstico, temos condições de estabelecer o que é possível alcançarem o que julgamos possíveis e como avaliar os resultados. Por isso, passamos a elaborar o plano através dos seguintes passos: Determinação dos objetivos. Seleção e organização dos conteúdos. Análise da metodologia de ensino e dos procedimentos adequados. Seleção de recursos tecnológicos. Organização das formas de avaliação. Estruturação do plano de ensino. 4 Execução do plano: Ao elaborarmos o plano de ensino, antecipamos, de forma organizada, todas as etapas do trabalho escolar. A execução do plano consiste no desenvolvimento das atividades previstas. Na execução, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes, a reação dos alunos ou as circunstâncias do ambiente dispensa o planejamento, pois, uma das características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade. 5 Avaliação e aperfeiçoamento do plano: Ao término da execução do que foi planejado, passamos a avaliar o próprio plano com vistas ao replanejamento. Nessa etapa, a avaliação adquire um sentido diferente da avaliação do ensino-aprendizagem e um significado mais amplo. Isso porque, além de avaliar os resultados do ensino- aprendizagem, procuramos avaliar a qualidade do nosso plano, a nossa eficiência como professor e a eficiência do sistema escolar. O PLANO DA ESCOLA O plano da escola é o plano pedagógico e administrativo da unidade, onde se explicita a concepção pedagógica do corpo docente, as bases teórico-metodológicas da organização didática, a contextualização social, econômica, política e cultural da escola, a caracterização da clientela escolar, os objetivos educacionais gerais, a estrutura curricular, diretrizes metodológicas gerais, o sistema de avaliação do plano, a estrutura organizacional e administrativa. O plano da escola é um guia de orientação para o planejamento do processo de ensino. Os professores precisam ter em mãos esse plano abrangente, não só para uma orientação do seu trabalho, mas para garantir a unidade teórico- metodológica das atividades escolares. Roteiro para elaboração do plano da escola: Posicionamento sobre as finalidades da educação escolar na sociedade e na nossa escola Bases teórico-metodológicas da organização didática e administrativa: tipo de homem que queremos formar, tarefas da educação, o significado pedagógico-didático do trabalho docente, relações entre o ensino e o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos, o sistema de organização e administração da escola. Caracterização econômica, social, política e cultural do contexto em que está inserida a nossa escola. Características sócio-culturais dos alunos Objetivos educacionais gerais da escola Diretrizes gerais para elaboração do plano de ensino da escola: sistema de matérias – estrutura curricular; critérios de seleção de objetivos e conteúdos; diretrizes metodológicas gerais e formas de organização do ensino e sistemática de avaliação. Diretrizes quanto à organização e a à administração: estrutura organizacional da escola; atividades coletivas do corpo docente; calendário e horário escolar; sistema de organização de classes, de acompanhamento e aconselhamento de alunos, de trabalho com os pais; atividades extra-classe; sistema de aperfeiçoamento profissional do pessoal docente e administrativo e normas gerais de funcionamento da vida coletiva. COMPONENTES BÁSICOS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO O plano de ensino é um roteiro organizado das unidades APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 8 didáticas para um ano ou semestre. É denominado também de plano de curso, plano anual, plano de unidades didáticas e contém os seguintes componentes: ementa da disciplina, justificativa da disciplina em relação ao objetivos gerais da escola e do curso; objetivos gerais; objetivos específicos, conteúdo (com a divisão temática de cada unidade); tempo provável (número de aulas do período de abrangência do plano); desenvolvimento metodológico (métodos e técnicas pedagógicas específicas da disciplina); recursos tecnológicos; formas de avaliação e referencial teórico (livros, documentos, sites, etc) Planejamento de ensino: Peculiaridades significativas Universidade de Fortaleza, Brasil Planejar e pensar andam juntos. Ao começar o dia, o homem pensa e distribui suas atividades no tempo: o que irá fazer, como fazer, para que fazer, com o que fazer etc. Nas mais simples e corriqueiras ações humanas, quando o homem pensa de forma a atender suas metas e seus objetivos, ele está planejando, sem necessariamente criar um instrumental técnico que norteie suas ações. Essas observações iniciais estão sendo expressas, apenas para chamar atenção sobre o aspecto cotidiano da ação de planejar e como o planejamento faz parte da vida. Aquele que não mais planeja, talvez já tenha robotizado suas ações, portanto, quem sabe, não tem a consciência do que está fazendo, nem se ainda pode construir alguma coisa. Alguns até dizem: “Nem preciso mais pensar, vou fazendo o que me mandam fazer... Eu não necessito planejar, já vou fazendo, porque sei onde vai dar...”. E assim por diante. Nessa circunstância, parece estar presente a alienação do homem como sujeito, na medida em que assume a atitude de dominado, fazedor dócil e outras tantas denominações que podem ser imprimidas no sujeito, quando este se torna objeto nas mãos de outrem. Todavia, o objetivo deste estudo não é discutir tais questões, muito embora elas estejam presentes nas atividades habituais do homem. O planejamento é um processo que exige organização, sistematização, previsão, decisão e outros aspectos na pretensão de garantir a eficiência e eficácia de uma ação, quer seja em um nível micro, quer seja no nível macro. O processo de planejamento está inserido em vários setores da vida social: planejamento urbano, planejamento econômico, planejamento habitacional, planejamento familiar, entre outros. Do ponto de vista educacional, o planejamento é um ato político pedagógico porque revela intenções e a intencionalidade, expõe o que se deseja realizar e o que se pretende atingir. Mas o que significaplanejamento do ensino e suas finalidades pedagógicas?1 O que é o planejamento docente? O plano de aula? O projeto de disciplina? A programação semestral? O projeto pedagógico? Esses conceitos, atualmente, foram redefinidos, não só por conta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mas também como resultante do novo modelo de sociedade, onde alguns denominam de sociedade aprendente, outros, sociedade do conhecimento O que é importante, do ponto de vista do ensino, é deixar claro que o professor necessita planejar, refletir sobre sua ação, pensar sobre o que faz, antes, durante e depois. O ensino superior tem características muito próprias porque objetiva a formação do cidadão, do profissional, do sujeito enquanto 1 É interessante ler VASCONCELOS, Celso: Planejamento. Projeto de Ensino Aprendizagem e Projeto Político Pedagógico, São Paulo, Libertad, 1999. GANDIM, Danilo: Planejamento como prática educativa, São Paulo, Edições Loyola, 1985. 2 Recomenda-se, para uma reflexão mais aprofundada sobre as mudanças ocorridas neste modelo de sociedade, a leitura de MERCADO, Luiz Paulo Leopoldo: Formação continuada de professores e novas tecnologias, Maceió, EDUFAL, 1999. O que significa o planejamento de ensino? Por que o professor deve planejar? Quais os procedimentos, os instrumentos, as técnicas, os métodos, os recursos e as finalidades pedagógicas do planejamento de ensino? Um ato político pedagógico? Uma carta de intenção? Uma reflexão sobre o saber fazer docente? Antes de desenvolver algumas dessas questões, é imprescindível afirmar que existem diferentes abordagens sobre o assunto. Tais abordagens se diferenciam pela forma como tratam a temática, todavia se afinam quantos aos seus elementos constitutivos. Assim considerado, arrisca-se afirmar que o planejamento do ensino significa, sobretudo, pensar a ação docente refletindo sobre os objetivos, os conteúdos, os procedimentos metodológicos, a avaliação do aluno e do professor. O que diferencia é o tratamento que cada abordagem explica o processo a partir de vários fatores: o político, o técnico, o social, o cultural e o educacional. É essencial enfatizar que o planejamento de ensino implica, especialmente, em uma ação refletida: o professor elaborando uma reflexão3 permanente de sua prática educativa. Assim o planejamento de ensino tem características que lhes são próprias, isto, particularmente, porque lida com os sujeitos aprendentes, portanto sujeitos em processo de formação humana. Para tal empreendimento, o professor realiza passos que se complementam e se interpenetram na ação didáticopedagógica. Decidir, prever, selecionar, escolher, organizar, refazer, redimensionar, refletir sobre o processo antes, durante e depois da ação concluída. O pensar, a longo prazo, está presente na ação do professor reflexivo4. Planejar, então, é a previsão sobre o que irá acontecer, é um processo de reflexão sobre a prática docente, sobre seus objetivos, sobre o que está acontecendo, sobre o que aconteceu. Por fim, planejar requer uma atitude científica do fazer didático-pedagógico. Mas como planejar? Quais as ações presentes e como proceder do ponto de vista operacional, uma vez que é entendido que o planejamento é um processo, um ato político-pedagógico e, por conseguinte não tem neutralidade porque sua intencionalidade se revela nas ações de ensino. O que se pretende desenvolver? O cidadão que se deseja formar? A sociedade que se pretende ajudar a construir? Em primeiro lugar, as fases, os passos, as etapas, as escolhas, implicam em situações diversificadas, que estão presentes durante o acontecer em sala de aula, num processo de idas e vindas. Contudo, para efeito de entendimento, indica-se a realização de um diagnóstico aqui compreendido como uma situação de análise; de reflexão sobre o circunstante, o local, o global. Nesse contexto didáticopedagógico: averiguar a quantidade de alunos, os novos desafios impostos pela sociedade, as condições físicas da instituição, os recursos disponíveis, nível, as possíveis estratégias de inovação, as expectativas do aluno, o nível intelectual, as condições socioeconômicas (retrato sócio-cultural do aluno), a cultura APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 9 institucional a filosofia da universidade e/ou da instituição de ensino superior, enfim, as condições objetivas e subjetivas em que o processo de ensino irá acontecer. Tal atitude do docente o encaminhará para uma reflexão de sua ação educativa naquela instituição e a partir desse diagnóstico inicial, relacionando com o projeto da universidade, poderá desenvolver uma prática formativa. De posse do Projeto de Ensino oficial , o docente irá elaborar sua programação, adaptando-a às suas escolhas, inclusive, inserindo a pesquisa nos exercícios didáticos. Caso a instituição de ensino superior não apresente o projeto da disciplina, o professor deverá elaborar observando os seguintes componentes: a) EMENTA DA DISCIPLINA. Ementa é um resumo dos conteúdos que irão ser trabalhados no projeto. b) OBJETIVOS DE ENSINO. Elaborá-los na perspectiva da formação de habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos: habilidades cognitivas, sociais, atitudinais etc. Há níveis diferenciados de objetivos: objetivo geral, alcançável longo prazo; objetivo específico, o qual expressa uma habilidade específica a ser pretendida. Este deve explicitar de forma clara a intenção proposta. Os objetivos variam quanto ao nível, conforme o projeto. Por exemplo; no Projeto da disciplina: objetivo geral e objetivos específicos para cada unidade do Projeto; no plano de aula pode comportar mais de um objetivo específico, dependendo do número de sessões (exemplo: 02 sessões no período da noite, horários A e B). É importante frisar que irá depender da estrutura pedagógica da instituição, a forma de elaborar projetos e planos. Há bastante flexibilidade, contanto que no projeto de ensino ou plano de aula, estejam presentes os seus elementos constitutivos. Portanto, não existem modelos fixos. Destaca-se ainda, que os objetivos, de uma maneira geral, para deixar claro a ação pretendida, devem iniciar com o verbo no infinivo porque irá indicar a habilidade desejada. Caso o professor desejar indicar outra habilidade no mesmo objetivo, deve usar o outro verbo no gerúndio. Exemplo: Avaliar as condições socioeconômicas do Nordeste, indicando os fatores determinantes da região. A formulação de objetivos está diretamente relacionada à seleção de conteúdos. c) CONTEÚDOS (saber sistematizado, hábitos, atitudes, valores e convicções) 6. Quais são os conteúdos de ensino? Quais os saberes fundamentais? O professor deverá, na seleção dos conteúdos, considerar critérios como: validade, relevância, gradualidade, acessibilidade, interdisciplinaridade, articulação com outras áreas, cientificidade, adequação. Além do conhecimento da ciência, o professor, por exercer uma função formadora, deve inserir outros conteúdos: socialização, valores, solidariedade, respeito, ética, política, cooperação, cidadania, etc. 5 Um modelo de Projeto de Ensino encontra-se nesta coletânea de texto, como anexo. É apenas um modelo, mas contém os elementos essenciais a um projeto pedagógico. 6 Ver como Libâneo classifica os conteúdos de ensino. Muito embora seja um livro para o ensino fundamental, é interessante a forma como trata a questão, ultrapassando os limites de que os conteúdos de ensino se resumem ao saber sistematizado. d) METODOLOGIA (procedimentos metodológicos). Metodologia é o estudo dos métodos. Metodologia de ensino significa o conjunto de métodos aplicados a situação didáticopedagógica. Método de ensino é o caminho escolhido pelo professor para organizar as situações ensinoaprendizagem. A técnica é a operacionalização dométodo. No planejamento, ao elaborar o projeto de ensino, o professor antevê quais os métodos e as técnicas que poderá desenvolver com seu aluno em sala de aula na perspectiva de promover a aprendizagem. E, juntamente com os alunos, irão avaliando quais são os mais adequados aos diferentes saberes, ao perfil do grupo, aos objetivos e aos alunos como sujeitos individuais7. Nesse processo participativo o professor deixa claro suas possibilidades didáticas e o que ele pensa e o que espera do aluno como sujeito aprendente, suas possibilidades, sua capacidade para aprender, sua individualidade. Quando o professor exacerba um método ou uma técnica, poderá estar privilegiando alguns alunos e excluindo outros, e, mais ainda, deixando de realizar singulares experiências didáticas que o ajudariam aperfeiçoar sua prática docente e possibilitar ao aluno variadas formas de aprender. Ainda arriscar a trabalhar o saber de diferentes formas, percorrendo criativos trajetos em sala de aula. O medo de mudar, às vezes, impede o professor de arriscar novos caminhos pedagógicos. Daí o significado didático- pedagógico na formação do professor. Os paradigmas das experiências anteriores podem ser as referências de muitos professores. Assim posto, é válido para o docente buscar novas técnicas, desbravar novos caminhos, numa investida esperançosa de quem deseja fazer o melhor, do ponto de vista metodológico e didático. Tal atitude implica em estudar sobre a natureza didática de sua prática educativa. Donald Schon tem sido uma referência teórico- metodológica dos profissionais que atuam na área de formação de professores por afirmar que os bons profissionais utilizam um conjunto de processos que não dependem da lógica, da racionalidade técnica, mas sim, são manifestações de sagacidade, intuição e sensibilidade artística. Schon orienta para que se observe estes professores para averiguarmos como desenvolvem suas práticas, como fazem e o que fazem, para colhermos lições para nossos programas de formação. (O saber fazer-docente, 2002). O professor deve refletir didaticamente sobre sua prática, pensar no cotidiano sobre o saberfazer em sala de aula, para não escorregar na mesmice metodológica de utilização dos 7 A postura da construção do conhecimento, segundo Celso Vasconcelos (1996), implica na mudança de paradigma pedagógico, qual seja, ao invés de dar o raciocínio pronto, de fazer para e pelo aluno construir a reflexão tomando por base a metodologia dialética, onde o professor é mediador da relação educando e o objeto de conhecimento. 8 Arriscamos indicar uma bibliografia na área do Ensino Superior sobre metodologia, técnicas, enfim, meios para mediar os saberes. GARCIA, M. M.ª: A didática do ensino superior, Campinas, Papirus, 1994. ABREU, Maria Célia, e MASETTO, Marcos Tarcísio. f) RECURSOS DE ENSINO. Com o avanço das novas tecnologias da informação e comunicação-NTIC, os recursos na área do ensino se tornaram valiosos, principalmente do ponto de vista do trabalho do professor e do aluno, não só em sala de aula, mas como fonte de pesquisa. Ao planejar, o professor deverá levar em conta as reais condições dos alunos, os recursos disponíveis pelo aluno e na instituição de ensino, a fim de organizar situações didáticas em que possam utilizar as novas tecnologias, como: datashow, transparências coloridas, hipertextos, bibliotecas virtuais, Internet, E.mail, sites, APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 10 teleconferências, vídeos, e outros recursos mais avançados, na medida em que o professor for se a aperfeiçoando10. g) AVALIAÇÃO. A avaliação é uma etapa presente quotidianamente em sala de aula, exerce uma função fundamental, que é a função diagnóstica. O professor deverá acolher as dificuldades do aluno no sentido de tentar ajudá-lo a superá-las, a vencê-las. Evitar a função classificatória, comparando sujeitos entre sujeitos. A avaliação deverá considerar o avanço que aquele aluno obteve durante o curso. Há muito que estudar sobre avaliação11. Um das dicas é a de realizar as articulações necessárias para que se possa promover testes, provas, relatórios, e outros instrumentos a partir de uma concepção de avaliação que diz respeito ao aluno como sujeito de sua aprendizagem12, uma vez que planejar é uma ação dinâmica, interativa, e acontece antes de se iniciar o processo de ensino, durante e depois do processo. É uma ação reflexiva, que exige do professor permanente investigação e atualização didático-pedagógica. O PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO: REVISANDO CONCEITOS PARA MUDAR CONCEPÇÕES E PRÁTICAS O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas nem sempre as nossas atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcançar o que desejamos. As ideias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos dias atuais, mas um dos complicadores para o exercício da prática de planejar parece ser a compreensão de conceitos e o uso adequado dos mesmos. Assim sendo, o objetivo deste texto é procurar explicitar o significado básico de termos, tais como planejamento, plano, programa, projeto, plano estratégico plano operacional, e outros, visando a dar espaço para que o leitor possa estabelecer as relações entre eles, a partir de experiências pessoais e profissionais. Cabe ressaltar que, neste breve texto, não se pretende abordar todos os níveis de planejamento, mesmo porque, como aponta Gandin. PLANEJAMENTO É 1. Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações (PADILHA, 2001, p. 30). 2. Planejar, em sentido amplo, é um processo que "visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. (idem, 2001, p. 63). Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas. 3. Planejamento Educacional é "processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas para chegar lá', tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivíduo" (PARRA apud SANT'ANNA et al, 1995, p. 14). Para Vasconcellos (1995, p. 53), "o planejamento do Sistema de Educação é o de maior abrangência (entre os níveis do planejamento na educação escolar), correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estaduale municipal", incorporando as políticas educacionais. 4. Planejamento Curricular é o "processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno". Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares (VASCONCELLOS, 1995, p. 56). 5. Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre atuação concreta dos professores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em constante interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos (PADILHA, 2001, p. 33). Na opinião de Sant'Anna et al (1995, p. 19), esse nível de planejamento trata do "processo de tomada de decisões bem informadas que visem à racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação de ensino- aprendizagem". 6. Planejamento Escolar é o planejamento global da escola, envolvendo o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. "É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social" (LIBÂNEO, 1992, p. 221). 7. Planejamento Político-Social tem como preocupação fundamental responder as questões "para quê", "para quem" e também com "o quê". A preocupação central é definir fins, buscar conceber visões globalizantes e de eficácia; serve para situações de crise e em que a proposta é de transformação, em médio prazo e/ou longo prazo. "Tem o plano e o programa como expressão maior" (GANDIN, 1994, p. 55). é impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários à atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre ensaiando processos de transformar suas ideias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a propor ações e atitudes para transformá-la. APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 11 8. No Planejamento Operacional, a preocupação é responder as perguntas "o quê", "como" e "com quê", tratando prioritariamente dos meios. Abarca cada aspecto isoladamente e enfatiza a técnica, os instrumentos, centralizando-se na eficiência e na busca da manutenção do funcionamento. Tem sua expressão nos programas e, mais especificamente, nos projetos, sendo sobretudo tarefa de administradores, onde a ênfase é o presente, momento de execução para solucionar problemas (idem.). PLANO É 1. Plano é um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. Para existir plano é necessária a discussão sobre fins e objetivos, culminando com a definição dos mesmos, pois somente desse modo é que se pode responder as questões indicadas acima. O plano é a "apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar" (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p. 36). Plano tem a conotação de produto do planejamento. Plano é um guia e tem a função de orientar a prática, partindo da própria prática e, portanto, não pode ser um documento rígido e absoluto. Ele é a formalização dos diferentes momentos do processo de planejar que, por sua vez, envolve desafios e contradições (FUSARI, op. cit.). 2. Plano Nacional de Educação é "onde se reflete toda a política educacional de um povo, inserido no contexto histórico, que é desenvolvida a longo, médio ou curto prazo" (MEEGOLLA; SANT'ANNA, 1993, p. 48). 3. Plano Escolar é onde são registrados os resultados do planejamento da educação escolar. "É o documento mais global; expressa orientações gerais que sintetizam, de um lado, as ligações do projeto pedagógico da escola com os planos de ensino propriamente ditos" (LIBÂNEO, 1993, p. 225). 4. Plano de Curso é a organização de um conjunto de matérias que vão ser ensinadas e desenvolvidas em uma instituição educacional, durante o período de duração de um curso. Segundo Vasconcellos (1995, p. 117), esse tipo de plano é a "sistematização da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade". 5. Plano de Ensino "é o plano de disciplinas, de unidades e experiências propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade". Situa-se no nível bem mais específico e concreto em relação aos outros planos, pois define e operacionaliza toda a ação escolar existente no plano curricular da escola. (SANT'ANNA, 1993, p. 49). PROJETO É 1. Projeto é também um documento produto do planejamento porque nele são registradas as decisões mais concretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendência natural e intencional do ser humano. Como o próprio nome indica, projetar é lançar para a frente, dando sempre a ideia de mudança, de movimento. Projeto representa o laço entre o presente e o futuro, sendo ele a marca da passagem do presente para o futuro. Na opinião de Gadotti (apud Veiga, 2001, p. 18), Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. 2. Projeto Pedagógico , segundo Vasconcell os (1995) Para Veiga (2001, p. 11) o projeto pedagógico deve apresentar as seguintes características: a) "ser processo participativo de decisões; b) preocupar-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições; c) explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre os agentes educativos e no estímulo à participação de todos no projeto comum e coletivo; d) conter opções explícitas na direção de superar problemas no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade específica; e) explicitar o compromisso com a formação do cidadão. f) nascer da própria realidade , tendo como suporte a explicitação das causas dos problemas e das situações nas quais tais problemas aparecem; g) ser exequível e prever as condições necessárias ao desenvolvimento e à avaliação; h) ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola; i) ser construído continuamente, pois como produto, é também processo". 3. Projeto Político-Pedagógico da escola precisa ser entendido como uma maneira de situar-se num horizonte de possibilidades, a partir de respostas a perguntas tais como: "que educação se quer, que tipo de cidadão se deseja e para que projeto de sociedade?" (GADOTTI, 1994, P. 42). Dissociar a tarefa pedagógica do aspecto político é difícil, visto que o "educador é político enquanto educador, e o político é educador pelo próprio fato de ser político" (GADOTTI, FREIRE, GUIMARÃES, 2000, pp. 25-26). Falar da construção do projeto pedagógico é falar de planejamento no contexto de um processo participativo, onde o passo inicial é a elaboração do marco referencial, sendo este a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas. Alguns autores que tratam do planejamento, como por exemplo Moacir Gadotti, falam simplesmente em referencial, mas outros,como Danilo Gandin, distinguem nele três marcos: situacional, doutrinal e operativo. PROGRAMA É é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição (p.143). APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 12 1. Padilha (2001), citando Bierrenbach, explica que um programa é "constituído de um ou mais projetos de determinados órgãos ou setores, num período de tempo definido" (p. 42). Gandin (1995) complementa dizendo que o programa, dentro de um plano, é o espaço onde são registradas as propostas de ação do planejador, visando a aproximar a realidade existente da realidade desejada. Desse modo, na elaboração de um programa é necessário considerar quatro dimensões: "a das ações concretas a realizar, a das orientações para toda a ação (atitudes, comportamentos), a das determinações gerais e a das atividades permanentes" (GANDIN, 1993, p. 36 e 1995, p. 104). CONSTRUINDO UM CONCEITO DE PARTICIPAÇÃO A preocupação com a melhoria da qualidade da Educação levantou a necessidade de descentralização e democratização da gestão escolar e, consequentemente, participação tornou-se um conceito nuclear. Como aponta Luck et al. (1998), "o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agir sobre elas em conjunto" (p.15). De acordo com a etimologia da palavra, participação origina-se do latim "participatio" (pars + in + actio) que significa ter parte na ação. Para ter parte na ação é necessário ter acesso ao agir e às decisões que orientam o agir. "Executar uma ação não significa ter parte, ou seja, responsabilidade sobre a ação. E só será sujeito da ação quem puder decidir sobre ela" (BENINCÁ, 1995, p. 14). Para Luck et al. (1998) a participação tem como característica fundamental a força de atuação consciente, pela qual os membros de uma unidade social (de um grupo, de uma equipe) reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica, da cultura da unidade social, a partir da competência e vontade de compreender, decidir e agir em conjunto. Trabalhar em conjunto, no sentido de formação de grupo, requer compreensão dos processos grupais para desenvolver competências que permitam realmente aprender com o outro e construir de forma participativa. Para Pichin-Rivière (1991) grupo é um "conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de espaço e tempo, articuladas por sua mútua representação interna interatuando através de complexos mecanismos de assunção e atribuição de papéis, que se propõe de forma explícita ou implícita uma tarefa que constitui sua finalidade" (pp. 65-66). O que se diz explícito é justamente o observável, o concreto, mas abaixo dele está o que é implícito. Este é constituído de medos básicos (diante de mudanças, ora alternativas transformadoras ora resistência à mudança). Pichon-Rivière (ibdem) diz que a resistência à mudança é consequência dos medos básicos que são o "medo à perda" das estruturas existentes e "medo do ataque" frente às novas situações, nas quais a pessoa se sente insegura por falta de instrumentação. A partir desses breves comentários, pode-se compreender a importância do tão divulgado "momento de sensibilização" na implementação de planos, programas e projetos. Sensibilidade é "qualidade de ser sensível, faculdade de sentir, propriedade do organismo vivo de perceber as modificações do meio externo e interno e de reagir a elas de maneira adequada" (FERREIRA, s/d). Sensibilizar, portanto, é provocar e tornar a pessoa sensível; fazer com que ela participe de alguma coisa de forma inteira. Por outro lado, lembra Pichon- Riviére (1991) que "um grupo obtém uma adaptação ativa à realidade quando adquire insight, quando se torna consciente de certos aspectos de sua estrutura dinâmica. Em um grupo operativo, cada sujeito conhece e desempenha seu papel específico, de acordo com as leis da complementaridade" (p. 53). Com diz Libâneo (2001), a participação é fundamental por garantir a gestão democrática da escola, pois é assim que todos os envolvidos no processo educacional da instituição estarão presentes, tanto nas decisões e construções de propostas (planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de implementação, acompanhamento e avaliação. Finalizando, cabe perguntar: como estamos trabalhando, no sentido do desenvolvimento de grupos operativos, onde cada sujeito, com sua subjetividade, possa contribuir na reconstrução de uma escola de que precisamos? 5) MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS 13 SEGREDOS DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA Qual é o Estilo de Aprendizagem de seus alunos? Um Estilo de Aprendizagem é a forma que uma pessoa usa para adquirir conhecimento. Cada indivíduo aprende do seu modo pessoal e único. Um Estilo de Aprendizagem não é o que a pessoa aprende e sim o modo como ela se comporta durante a aprendizagem. É, digamos, a preferência que seu cérebro faz para aprender. Pesquisadores da Universidade de Harvard, EUA, explicam que os Estilos de Aprendizagem seriam os vários métodos que as pessoas usam para aprender. Conhecem-se pelo menos sete Estilos de Aprendizagem identificados: - Físico (indivíduo que usa muito a expressão corporal) - Interpessoal (indivíduo introspectivo) - Intrapessoal (indivíduo extrovertido) - Linguístico (aqueles que se expressam melhor com palavras) - Matemático (os que usam mais o pensamento/raciocínio lógico) - Musical (se interessam mais por sons e música) - Visual (exploram mais o aspecto visual das coisas) Como são usados os Estilos de Aprendizagem? Conhecendo o Estilo de Aprendizagem da criança os professores dela, estarão aptos a criarem programas educacionais que serão mais personalizados, mais motivantes e significativos no que diz respeito a eficácia e assim com resultados muito melhores. As crianças adquirem conhecimento e absorvem o que aprenderam quando aquele assunto ou habilidade em jogo é-lhes ensinado de um modo que há empatia entre a mesma e o tema abordado. Descobrir o Estilo de Aprendizagem da criança é descobrir como ensinar-lhe com mais eficiência e resultados. Qual é a origem do conceito Estilos de Aprendizagem ? Muitas teorias tem sido desenvolvidas nos campos da Educação e Psicologia para explicar como as pessoas pensam e aprendem. Um desses teóricos é o Dr. Howard Gardner, Psicólogo da Universidade de Harvard. No seu livro publicado em 1983, "Frames of Mind: The Theory of Multiples Intelligences", ele diz que os indivíduos não possuem uma inteligência fixa mas diferentes modos de aprender que podem ser desenvolvidos ao mesmo tempo. Estilos de Aprendizagem: Os Sete principais Estilos na Escola 1 - Fisico: As crianças com estas características são as inquietas, as que gostam de desmontar equipamentos e brinquedos, as que querem saber como funciona e ver por dentro, as que não conseguem ficar sossegadas no seu lugar. Elas simplesmente raciocinam melhor quando seus corpos estão em movimento. Interagem melhor com o mundo através do contacto manual e corporal. Os "aprendizes" físicos adoram desportos, inventar, construir e dançar. Quando estudam, essas crianças beneficiarão mais com actividades de expressão corporal, manipulando e tocando objectos, realizando exercícios, etc. Dicas para ensiná- los melhor: realize aulas práticas com montagens e construções de objectos e simulações; inclua aulas virtuais em computadores, alterne secções teóricas e práticas durante a aula. 2 -Intrapessoal: São as crianças solitárias,
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