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Gestao ambiental e foco II

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Gestão Ambiental em foco ii
2
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
GESTÃO AMBIENTAL EM FOCO II
UNIASSELVI 2015
Organização
Maquiel Duarte Vidal
 
Autoria
Louise Cristine Franzoi
Renata Joaquim Ferraz Bianco
Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin
Maquiel Duarte Vidal
Claudia Sabrine Brandt
Reitor da Uniasselvi
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Editor-Chefe
Prof. Evandro André de Souza
Editoração e Diagramação
Djenifer Luana Kloehn
Capa
Djenifer Luana Kloehn
Revisão Final
Andressa Ehlert
Harry Wiese
Publicação Online
Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci
Gestão Ambiental em foco ii
3
Ficha catalográfica 
Elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – UNIASSELVI – Indaial.
363.73
G393g Vidal, Maquiel Duarte 
 Gestão Ambiental em foco II [livro eletrônico] /Maquiel Duarte 
Vidal (Org.). Indaial : UNIASSELVI, 2015.
 106 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-914-5
 
1. Proteção ambiental – desenvolvimento sustentável. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Gestão Ambiental em foco ii
4
GESTÃO AMBIENTAL EM FOCO II
 Caro leitor, você está prestes a iniciar a leitura do livro Gestão Ambiental 
em Foco II, que apresentamos a você com grande satisfação. O presente livro 
envolve novos assuntos todos vinculados à área de atuação do gestor ambiental. O 
objetivo é explorar temas que permitam instigá-lo sobre os diversos assuntos aqui 
tratados, fazendo conexões pertinentes ao contexto socioambiental permitindo 
lapidar um perfil ainda mais aprimorado de um profissional ético e comprometido 
com a sociedade. 
 Muito se tem falado, ouvido e sentido sobre as mudanças climáticas, 
problemas ambientais, consumo exagerado de recursos naturais, entre outros. 
Por isso iniciamos nosso livro explanando sobre educação ambiental e as 
possibilidades de mudança de rumo. Sim, mudança de rumo! Pois é possível 
através da implementação de programas que promovam a importância da educação 
ambiental e a importância da adoção de boas práticas que visem sustentabilidade 
e a diminuição dos impactos de nossas atividades sobre o ecossistema que nos 
circunda e nos mantém.
 Quando um grupo de pessoas se dispõe a compreender as questões 
ambientais, primando por sustentabilidade, pode-se observar que as ações 
são mais efetivas, o que permite verificar mudanças de hábitos e costumes, 
modificando ações totalmente individualistas àquelas que se preocupam com 
o próximo. Como exemplo podem-se citar as novas ações de desenvolvimento 
e propostas para tecnologias com energias renováveis, bem como as ações de 
recuperação ambiental. Pelo fato de se estar inserindo essas propostas ainda na 
educação básica, com certeza teremos cidadãos comprometidos com a utilização 
sustentável dos recursos naturais do planeta.
PREFÁCIO
Gestão Ambiental em foco ii
5
 As ações sobre o ambiente geram impactos sobre a vida de todos os seres 
vivos por fazer mau uso de recursos naturais. A avaliação e controle de impactos 
ambientais contribuem para prevenção e controle ambiental possibilitando que o 
desenvolvimento econômico caminhe junto com a proteção ao meio ambiente, para 
que tenhamos um crescimento com sustentabilidade. E é justamente para isso que 
foram criados os estudos para Licenciamento Ambiental, que é um instrumento de 
avaliação prévia de projetos ou atividades, que, com sua instalação, operação ou 
mesmo ampliação possam vir a causar algum dano ao meio ambiente.
 Esperamos que você faça uma ótima leitura!
Maquiel Duarte Vidal
Bióloga, Doutora em Agronomia
Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental
Gestão Ambiental em foco ii
6
SUMÁRIO
EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL ................................................................... 10
APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 10
1: O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE E A EDUCAÇÃO 
SOCIOAMBIENTAL ...................................................................................... 11
2: A EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO MUNDO .................................... 15
3: A EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO BRASIL ..................................... 18
4: A EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NAS EMPRESAS 20
4.1 UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A “PREOCUPAÇÃO” DAS EMPRESAS 
FRENTE ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS .................................................. 20
4.2 A EDUCAÇÃO SOCIAMBIENTAL E O SISTEMA DE GESTÃO 
AMBIENTAL ............................................................................................. 22
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 28
TECNOLOGIAS APLICADAS NA PRODUÇÃO DE ENERGIAS 
RENOVÁVEIS .......................................................................................... 30
APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 30
1: BIOMASSA COMO FONTE DE ENERGIA .............................................. 30
1.1 CONVERSÃO DA BIOMASSA ........................................................... 31
1.2 ÁLCOOIS ........................................................................................... 33
2: PLANTAÇÃO DE ENERGIA DE BIOMASSA ........................................... 35
Gestão Ambiental em foco ii
7
3: ENERGIA GEOTÉRMICA ........................................................................ 37
3.1 ORIGEM DA ENERGIA GEOTÉRMICA ............................................. 38
3.2 SISTEMAS HIDROTÉRMICOS DE VAPOR ÚMIDO ......................... 40
3.3 EXPLORAÇÃO DE RECURSOS GEOTÉRMICOS ........................... 44
3.4 RECURSOS GEOTÉRMICOS DE BAIXA TEMPERATURA .............. 47
4: IMPACTOS AMBIENTAIS ......................................................................... 47
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 49
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................... 50
APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 50
1: DEFINIÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ................................................ 51
1.1 DEGRADAÇÃO E RECUPERAÇÃO .................................................. 51
1.2 MODELOS DE RECUPERAÇÃO ....................................................... 55
1.3 TIPOS DE SOLOS ............................................................................. 63
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 71
LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................... 73
APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 73
1: LICENCIAMENTO AMBIENTAL ATRAVÉS DA HISTÓRIA ...................... 74
2: LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................................... 76
3: PROCEDIMENTO PARA OBTENÇÃO DE LICENÇA AMBIENTAL ......... 79
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 83
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 85
Gestão Ambiental em foco ii
8
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS .................................................... 86
APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 86
1: A AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NO BRASIL ........................... 87
1.1 O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL 83
1.1.1 Apresentação da proposta ........................................................ 89
1.1.2.Triagem..................................................................................... 89
1.1.3. Determinação do escopo do estudo de impacto ambiental ..... 90
1.2 ELABORAÇÃO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS 91
1.2.1 Análise técnica do estudo de impacto ambiental ...................... 95
1.2.2 Consulta pública ........................................................................ 96
1.2.3 Decisão ..................................................................................... 96
1.2.4 Monitoramento e Gestão Ambiental .......................................... 97
1.2.5 Acompanhamento ..................................................................... 97
1.2.6 Documentação .......................................................................... 97
1.3 O CASO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BARRA GRANDE (UHE BARRA 
GRANDE): UM EXEMPLO DA PROBLEMÁTICA DA CONSTRUÇÃO DE 
BARRAGENS NO BRASIL ....................................................................... 100
REFERÊNCIAS ..........................................................................................104
Gestão Ambiental em foco ii
10
EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
Louise Cristine Franzoi
--------------- [ APRESENTAÇÃO ] ---------------
Na atualidade observa-se o agravamento da degradação ambiental 
ocasionada pelas atividades antrópicas. Com isso, tem-se questionado o modelo 
de desenvolvimento das sociedades modernas. Será que este modelo proporciona 
a todos os indivíduos do planeta as mesmas oportunidades? E os recursos 
ambientais (água, solo, florestas) estão sendo utilizados na mesma proporção 
em que os ecossistemas conseguem renová-los? Estas e outras questões são 
extremamente pertinentes para serem abordadas neste capítulo, sob o viés da 
ESA. 
A ESA é extremamente importante, pois possibilita a construção de uma 
visão consciente e crítica acerca dos problemas socioambientais enfrentados, 
tanto em âmbito global (aumento nos níveis dos oceanos, aquecimento global, 
diminuição da biodiversidade), quanto em nível local (poluição de rios, ausência 
de água tratada, trânsito caótico nas cidades). Dentro destas questões deve-se 
questionar o papel das empresas frente aos problemas ambientais e como, por 
meio de programas de ESA, podem contribuir para a mitigação dos impactos 
ambientais negativos, além da melhoria na qualidade de vida de seus funcionários 
e da comunidade em geral. 
Por isso, por meio da leitura desse capítulo, você poderá identificar:
• Conceito de sustentabilidade e a ESA
• A ESA no mundo
• A ESA no Brasil
• A ESA nas empresas
--------------- [
Gestão Ambiental em foco ii
11
1: O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE E A 
EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
Ao pensarmos sobre o conceito de sustentabilidade é comum que nos 
venha à mente o famoso tripé que denota suas três dimensões (pilares): social, 
ambiental e econômica. É importante destacar que os três elementos do tripé devem 
interagir, sendo esta interação demostrada na figura a seguir, pela intersecção 
entre as três vertentes. Resumindo: sem esta interação, a sustentabilidade é 
deficitária e não consegue se sustentar (LASSU, 2015).
FIGURA 1 – TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE 
] ------------------------------ [
FONTE: Disponível em: <wiki.sj.ifsc.edu.br>. Acesso em: 4 maio 2015.
Cabe aqui a definição das três dimensões da sustentabilidade, a saber 
(adaptado de LASSU, 2015):
• Social: representada pelo capital humano. Este pode pertencer a uma 
empresa, comunidade e da sociedade em geral. Além do respeito aos 
direitos humanos e à legislação trabalhista, deve-se atentar também 
ao bem-estar dos funcionários (saúde, qualidade de vida). Este pilar 
também compreende a questão de como a atividade econômica afeta as 
comunidades que se encontram ao seu redor.
Gestão Ambiental em foco ii
12
• Econômico: este pilar refere-se aos aspectos ligados à produção, 
distribuição e consumo de bens e serviços. Cabe salientar que este pilar 
deve respeitar os preceitos sociais e ambientais já elencados no tripé da 
sustentabilidade.
• Ambiental: trata-se do capital natural. É importante verificar que toda 
atividade econômica exerce impacto sobre o ambiente, seja positivo ou 
negativo. Dada esta questão, a sociedade deve encontrar meios para 
mitigar os impactos negativos. Pode-se citar como exemplo uma empresa 
que, em suas atividades lança na atmosfera uma elevada quantidade de 
dióxido de carbono (CO2). Sendo assim, esta organização deverá utilizar 
de meios para controlar/reduzir suas emissões, de modo a diminuir seus 
impactos negativos sobre o meio ambiente.
Você pode se perguntar: qual é a relação entre o conceito de sustentabilidade 
e a Educação Socioambiental (ESA)?
Pode-se dizer que se trata de uma relação complexa. Primeiramente, em 
virtude de ser uma ferramenta fundamental para que uma sociedade se torne 
sustentável, além de apresentar um papel ímpar na construção de cidadãos 
críticos e atuantes, corresponsáveis pelo meio que os cerca. 
Numa segunda análise podem ser tecidos comentários fundamentais 
acerca da ESA e a sustentabilidade. Dentro desta temática, Ferrari (1996) traz 
uma reflexão crítica sobre a questão da ESA, em sua resenha acerca do livro 
“Educação ou adestramento ambiental?”, da autora Paula Brügger. O livro traz 
o conceito de educação-adestramento, introduzido de maneira a adequar os 
indivíduos ao sistema social vigente. 
Esta forma de educação é tida como perniciosa quando leva à perpetuação 
de uma estrutura social injusta/desigual. Ora, mas o conceito mais disseminado de 
desenvolvimento sustentável não é o de garantir as necessidades das gerações do 
presente sem comprometer às gerações futuras de suprir as suas necessidades? 
Gestão Ambiental em foco ii
13
Este conceito foi reconhecido no ano 1972, durante a realização da 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 
Estocolmo, na Suécia. Inclusive, é durante esta conferência, que a comunidade 
internacional adota a ideia de que o “desenvolvimento” socioeconômico e o meio 
ambiente podem ser gerenciados de modo mutuamente benéfico (O ECO, 2015).
A partir do exposto, faz-se outro questionamento: será que as necessidades 
das gerações presentes estão sendo satisfeitas? Todos os indivíduos têm acesso 
aos benefícios e vantagens trazidos pela modernidade? 
Atualmente, a mídia nos bombardeia com uma vasta gama de informações 
sobre sustentabilidade, mas que não levam a uma reflexão profunda e abrangente 
sobre esta temática. Muito pelo contrário, as informações disponibilizadas levam 
à construção de um conhecimento “raso”, pouco reflexivo, carente de uma 
análise crítica acerca do verdadeiro significado da expressão “desenvolvimento 
sustentável”. Por isso, quando compreendemos a verdadeira natureza da 
sustentabilidade nos deparamos com uma realidade drástica (figura a seguir), 
pois notamos que o viés econômico do tripé da sustentabilidade se sobrepõe de 
forma predatória sobre os demais pilares (social e ambiental). Conforme Ferrari 
(1996), “Uma sociedade ambiental se caracteriza pelo bem-estar da maioria da 
população”. Ao empregarmos como exemplo a realidade brasileira, notamos que 
a maioria da população não conta com seus direitos básicos atendidos (saúde, 
educação, saneamento básico), direitos que são abarcados pelo conceito de bem-
estar.
Gestão Ambiental em foco ii
14
FIGURA 2 – SUSTENTABILIDADE?
FONTE: Disponível em: <www.pensamentoverde.com.br>. Acesso em: 5 maio 2015.
Por isso, Ferrari (1996), em sua resenha, ressalta o aspecto tratado por 
Brügger, que em seu livro aborda a questão do adestramento, pois este é um 
processo que leva “[...] à reprodução de habilidades técnicas, enquanto a educação 
privilegia o aspecto de integração do conhecimento para a formação de uma visão 
crítica e criativa da realidade”. 
A partir do exposto, é importante destacar que, ao debatermos o tema 
ESA, devemos primeiramente, questionar o modelo socioeconômico de que nossa 
sociedade faz parte. Somente desta forma teremos uma ESAvoltada à formação 
crítica do cidadão e que vise à construção de uma sociedade em desenvolvimento 
sustentável. Portanto, utilizaremos os termos Educação Ambiental (EA) e Educação 
Socioambiental (ESA) enquanto sinônimos, pois é impossível dissociar os termos 
Educação, Sociedade e Meio Ambiente.
Diante do que foi tratado nos parágrafos anteriores, passemos à explanação 
dos próximos itens que envolvem a ESA, onde inicialmente, trataremos a respeito 
da ESA no mundo. 
Vamos lá?
Gestão Ambiental em foco ii
15
--------------- [ 2: A EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO MUNDO ] ---------------
A história da ESA no planeta é relativamente recente. A expressão 
Educação Ambiental (Environmental Education) foi empregada pela primeira vez 
na Inglaterra, no ano de 1965. Deste modo, foi indicada nos estabelecimentos de 
ensino como componente da grade curricular e atribuição de todas as disciplinas 
a ela relacionadas. Este foi um marco importante, pois, a partir dele, a EA deixa 
de se constituir enquanto conteúdo específico dos professores de Ciências 
e Biologia, para tornar-se uma área do conhecimento mais abrangente, sendo 
considerada a partir de sua multiplicidade de aplicações nas mais diversas linhas 
do conhecimento, pois a mesma compreende um aspecto que integra as vertentes 
econômica, social e ambiental (CARVALHO, 2004).
 
No decorrer da década de 60, no ano de 1968, durante a Conferência 
de Educação ocorrida na Grã-Bretanha, é criada a Sociedade para a Educação 
Ambiental. Já na década de 70, nos Estados unidos, é instituída a Lei sobre 
Educação Ambiental. 
Ainda durante a década de 70, em 1972, foi realizada a Conferência 
das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que foi tida como marco histórico 
do ambientalismo, por se tratar da primeira iniciativa no estabelecimento de um 
acordo internacional referente aos problemas ambientais. Na ocasião, a poluição 
foi tida como prioridade primária.
Em consequência da Conferência de Estocolmo, a UNESCO (Organização 
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) promoveu em Belgrado 
(Iugoslávia), um Encontro Internacional em EA, criando assim, o Programa 
Internacional de EA – PIEA, que estabeleceu alguns princípios norteadores: a EA 
deve acontecer de forma continuada, multidisciplinar, integrada às diversidades 
regionais e direcionada aos interesses da nação (PORTAL MEC, 2015).
Gestão Ambiental em foco ii
16
Já no ano de 1977, em Tilibisi (Geórgia), foi realizada a I Conferência 
Intergovernamental sobre EA. O evento foi organizado pela UNESCO/Pnuma 
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Deste modo é estabelecida 
a primeira fase do Programa Internacional de EA, acordado em 1975. Dentro 
deste programa, é postulada também, a permanência, a multidisciplinaridade e a 
integração dos conteúdos às questões locais. Esta Conferência remarca o caráter 
interdisciplinar, crítico e transformador da EA (DALMORA, 2011; AMBIENTE SP, 
2015).
Na década de 80, em Budapeste (Hungria), a UNESCO organiza o 
Seminário Internacional sobre o Caráter Interdisciplinar da EA no ensino de 
Primeiro e Segundo Graus. Neste evento foi demonstrado que, em termos de EA, 
não existem fronteiras entre a educação formal e não formal, pois os ambientes 
escolares estão inseridos dentro de um contexto maior, o social.
Um evento bastante importante para a EA foi a realização da Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Denominada 
também de Rio-92 ou Eco-92 (figura a seguir). Esta reunião ocorreu na cidade 
do Rio de Janeiro, em 1992, 20 anos após a Conferência de Estocolmo. De 
forma paralela a Rio-92, as organizações não governamentais reunidas no Fórum 
Internacional das ONGS e dos Movimentos Sociais, aprovaram o Tratado de EA 
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (AMBIENTE SP, 2015). 
FIGURA 3 – RIO 92
FONTE: Disponível em: <www.brasilescola.com>. Acesso em: 11 maio 2015.
Gestão Ambiental em foco ii
17
Reparem que, o movimento em que se construiu e se desenvolveu a EA 
no mundo acompanhou o histórico das discussões frente às questões e problemas 
ambientais ocorridas durante as décadas de 60, 70, 80 e 90, além de se estender 
para os dias atuais. Inclusive, no ano de 2012, acontece no Rio de Janeiro, a 
Rio+20 (figura a seguir). Esta não resultou em muitos avanços em relação às 
diversas problemáticas (uma delas, a questão da redução nas emissões de gases 
do efeito estufa). Contudo, constitui um novo marco, pois se tratou de uma nova 
reunião, que envolveu líderes dos 193 países que compõem a ONU (Organização 
das Nações Unidas), em torno de um objetivo em comum: os problemas ambientais 
mundiais (RIO+20, 2015). 
FIGURA 4 – LOGO: RIO + 20
FONTE: Disponível em: <http://www.rio20.gov.br>. Acesso em: 11 maio 2015.
Especificamente, em relação à EAS, paralelamente à Rio+20, foi 
elaborado o Plano de Ação do Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e 
Responsabilidade Global, que engloba a constituição de uma Rede Planetária 
de Educação Ambiental. No decorrer desta jornada, foi apontado como desafio, 
o fortalecimento da relação entre a sociedade civil, o estado e as empresas. 
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015). 
Em relação a este breve histórico sobre o ambientalismo, mais 
especificamente, a respeito da EAS a nível internacional, cabe salientar que, diversos 
aspectos foram discutidos quando da realização das diferentes conferências 
ambientais no final do século XX e neste início do século XXI. Contudo, a tríade, 
ambiente, economia e sociedade, ainda apresenta sérios problemas a serem 
resolvidos, inclusive sobre o próprio papel da EAS como ferramenta de mudanças 
mais profundas, dentre elas, a diminuição da desigualdade social. 
Gestão Ambiental em foco ii
18
--------------- [ 3: A EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO BRASIL ] ---------------
O Brasil, seguindo a tendência dos movimentos ambientalistas mundiais, 
na década de 70, o Ministério da Educação lançou uma proposta de ensino de 1º e 
2º graus. Entretanto, este documento foi questionado em virtude de seus objetivos, 
pois simplificava a problemática ambiental além de conter incoerências em relação 
às diretrizes internacionais, que preconizam o rompimento da visão reducionista 
de conhecimento, presentes nas disciplinas escolares. (DIAS, 2010; MINISTÉRIO 
DO MEIO AMBIENTE, 2015).
Um importante marco ocorre na década de 80 no Brasil quando, em 1981, 
é sancionada a Lei no 6.938/81, a chamada Política Nacional do Meio Ambiente 
(PNMA). Este dispositivo legal foi e ainda é um instrumento importantíssimo para 
a “preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, 
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos 
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...]”. 
Dentro de todos estes objetivos, a Educação Ambiental é ferramenta-chave no 
intuito de fomentar uma reavaliação das práticas socioambientais realizadas e 
de possibilitar que ocorram mudanças significativas no cotidiano dos indivíduos 
nas mais diversas esferas. Inclusive, em seu Artigo 2º, que trata dos princípios 
da PNMA, menciona que a EAS deve permear “[...] todos os níveis de ensino, 
inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação 
ativa na defesa do meio ambiente”.
Na década de 80, também houve a promulgação da Constituição Brasileira 
de 1988, que em seu Artigo 225 (Capítulo VI) trata especificamente sobre o 
meio ambiente, onde, no inciso VI, é expressa a necessidade de se “promover a 
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para 
a preservação do meio ambiente”. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015). 
Gestão Ambiental em foco ii
19
Nos anos 90, é promulgada em 1999, a Lei no 9.795 que instituiu a Política 
Nacional de Educação Ambiental, que define a EA enquanto “[...] processos 
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, 
conhecimentos, habilidades, atitudes e competênciasvoltadas para a conservação 
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de 
vida e sua sustentabilidade”. É importante que sejam expostos os princípios da EA 
que estão elencados nesta Lei, visto que nortearão as ações dedicadas a fomentar 
todas as inciativas de EA a serem efetuadas:
Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e 
participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, 
considerando a interdependência entre o meio natural, 
o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da 
sustentabilidade;
III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, 
na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho 
e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do 
processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo 
educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais 
locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à 
diversidade individual e cultural. (Lei nº 9.795).
Note que é difícil desvincular os aspectos referentes à EAS das questões 
relativas à Legislação Ambiental, pois ambas envolvem tanto a esfera particular 
quanto a pública, cabendo a todos os atores sociais direitos e deveres no que 
tange todos os setores englobados pelo o meio ambiente. 
Gestão Ambiental em foco ii
20
--------------- [ 4: A EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NAS EMPRESAS ] ---------------
A partir do que foi explanado dos parágrafos anteriores, entende-se 
que a finalidade da EAS é de oficiar os pilares do desenvolvimento sustentável 
(social, ambiental e econômico), que envolvem a colaboração e interação das 
esferas sociais de modo a incorporar a dimensão ambiental nas suas atividades 
de produção e de consumo, nos sistemas jurídicos que consolidam normas e 
condutas e no sistema político-cultural que consolida os espaços democráticos e 
de EA. (DALMORA, 2011). 
4.1 UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A “PREOCUPAÇÃO” DAS EMPRESAS 
FRENTE ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS
 Quando tratamos sobre a EAS e as empresas deve-se atentar que estas 
também apresentam responsabilidade neste contexto, pois, não cabe somente ao 
governo implementar ações de EAS. Já, a competência do Governo Federal é de 
articular atividades educativas para proteger, recuperar e potencializar a educação, 
de modo a promover mudanças culturais e sociais. 
 A EAS no que diz respeito à esfera privada, até meados da década de 
80, predominou no discurso empresarial uma resistência a qualquer iniciativa de 
minimizar os impactos ambientais resultantes das atividades produtivas. 
 Até então, os administradores empresariais alegavam que, os custos 
adicionais para as empresas, oriundos dos gastos em controle da poluição, 
comprometeriam a lucratividade, a competitividade e a oferta de empregos, 
gerando assim, prejuízos às partes interessadas, ou seja, trabalhadores, acionistas 
e consumidores (DEMAJOROVIC, 2003). 
UNI: Será que a preocupação das empresas realmente era com os trabalhadores? 
Repense esta questão. Você também pode pesquisar a respeito dos acidentes 
ambientais ocorridos ao longo da história e as ações das corporações responsáveis 
frente a estes acontecimentos.
Gestão Ambiental em foco ii
21
 Deste modo, a estratégia das organizações era a de exteriorizar os custos 
ambientais, ou seja, transferi-los para a sociedade, eximindo a responsabilidade 
do causador em arcar com qualquer ônus resultante de suas ações. 
 Contudo, a partir de meados da década de 80, o discurso dos empresários, 
que engrandecia o papel exclusivo das organizações como provedoras da riqueza, 
encontrou cada vez menos notoriedade frente à sociedade (DEMAJOROVIC, 
2003). 
 Sendo assim, a emergência das questões e dos problemas ambientais 
do planeta, pareceram inicialmente ao empresariado global, como uma ameaça. 
Os mesmos temiam que as consequências negativas do crescimento industrial (p. 
ex. desertificação, perda da biodiversidade, aquecimento global), pudessem ser 
motivo de argumentações para reduzir o crescimento econômico. Mais eminente, 
era o perigo de que regulamentações “ambientais” correlatas pudessem frear as 
atividades do livre mercado (FINGER e KILCOYNE, 1996). 
 Deste modo, ao analisarmos o “interesse” das empresas (especialmente as 
grandes corporações), nos temas envolvendo a área socioambiental é necessário 
que se efetue uma análise crítica dentro de um contexto histórico sobre os reais 
motivos que subitamente fomentaram esta “motivação”.
UNI: Para fomentar demais reflexões sobre as grandes corporações multinacionais 
e sua postura frente às variáveis socioambientais, recomendamos que você assista 
ao documentário, “A Corporação”. Este material pode ser acessado por meio do 
link, <https://www.youtube.com/watch?v=SV_MoR-o7C4>. 
Gestão Ambiental em foco ii
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FIGURA 5 – LOGO DO DOCUMENTÁRIO, “A CORPORAÇÃO” 
FONTE: Disponível em: <http://www.rio20.gov.br>. Acesso em: 11 maio 2015.
4.2 A EDUCAÇÃO SOCIAMBIENTAL E O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
Com a publicação da série de normas ISO 14000, em 1997, muitas 
organizações apresentaram maior interesse frente aos aspectos ambientais. A 
partir daí, iniciaram a implementação de ações objetivando o desenvolvimento de 
um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), de modo a se qualificar para obter a 
Certificação ISO 14000 (atual ISO 14001) (ADAMS, 2005).
Sabe-se que, para implementar um SGA é preciso que haja um 
remodelamento na estrutura organizacional da empresa, que abarca todo o processo 
produtivo (fornecedores, clientes, funcionários, resíduos), de modo a contemplar 
todos os setores da organização (recursos humanos, financeiro, almoxarifado). 
Para tanto, a conscientização de todos os envolvidos é fundamental, pois todos 
os colaboradores da organização são importantes para que a implantação e 
manutenção do SGA obtenha sucesso (JUNIOR, 1998). 
Contudo, que ações podem ser realizadas para sensibilizar os funcionários 
acerca da importância de um SGA, não somente para a empresa, mas transpondo 
esta preocupação para as suas atividades rotineiras? 
Gestão Ambiental em foco ii
23
A norma ISO 14001, apresenta uma metodologia de aplicação, chamada 
de PDCA (Plan – Do – Check – Act), ou seja, Planejar, Executar, Verificar e Agir. 
Na etapa Executar existe um item denominado competência, treinamento e 
conscientização. Sendo assim, 
a organização deve assegurar que qualquer pessoa 
que, para ela ou em seu nome, realize tarefas que 
tenham o potencial de causar impacto(s) ambiental(is) 
significativo(s) identificados pela organização, seja 
competente com base em formação apropriada, 
treinamento ou experiência, devendo reter os registros 
associados. (ABNT ISO 14001, 2005, p. 16). 
Mas é preciso que a empresa identifique as demandas de treinamento 
ligadas aos aspectos ambientais e seu SGA. Para tal deve fornecer treinamento ou 
realizar ações de forma a compreender estas necessidades, com o devido registro 
de todas as iniciativas efetuadas. (ABNT ISO 14001).
Partindo desta consideração fica evidente a necessidade do investimento 
em ações socioeducativas, diretamente ligadas às pessoas. Estas ações devem 
possibilitar o desenvolvimento de uma consciência ambiental (ADAMS, 2005). 
Para tanto, entra em cena a Pedagogia Empresarial. Esta é uma das 
mais contemporâneas habilitações do curso de Pedagogia. Cabe ao pedagogo 
empresarial mediar todas as iniciativas relativas à ESA, provendo suporte teórico-
prático à realização de diagnósticos institucionais, construção e aplicação de 
projetos assistenciais, redação de manuais e apostilas de treinamento, além de 
efetuar programas de capacitação e formação continuada (ADAMS, 2005). Por 
isso, é importante salientar que, os aspectos didático-pedagógicos que envolvem 
a EAS devem receber a devida atenção, de modo que as iniciativas educativas 
realizadas na esfera empresarial obtenham sucesso. 
Por meio doexposto, inserimos a seguir, na forma de leitura complementar, 
um estudo de caso sobre o Programa de Educação Ambiental da empresa 
Floram Engenharia e Meio Ambiente (CORDEIRO, 2015), localizada no município 
de Eunápolis – BA, visando à implementação do sistema de gestão ambiental 
ISO 14001. A Floram realiza diversas atividades ligadas à área ambiental tais 
Gestão Ambiental em foco ii
24
como, serviços ambientais aplicados ao licenciamento, elaboração e execução 
de estudos ambientais, elaboração de projetos de engenharia, planejamento 
ambiental, entre outros. (PERSALAGOAS, 2015). As siglas RD e TDMA que são 
apresentadas no texto significam Representante da Direção e Treinamento Diário 
em Meio Ambiente, respectivamente.
A partir da análise do escopo técnico da empresa e do macrofluxo de 
processos foi desenvolvida uma série de ações e atividades dentro do programa 
de educação ambiental estratégica que facilitou o processo de implementação do 
sistema e mostrou a eficácia da ferramenta de trabalho para a real incorporação 
dos conceitos da norma e do sistema de gestão ambiental. 
O programa de educação ambiental estratégica na Floram implementou 
um diagnóstico por grupos de trabalho usando diversas técnicas de sondagem 
aliadas à discussão dos resultados com a alta administração. 
Após a identificação das demandas do grupo foi criado o programa de 
palestras anuais focado na realidade da empresa. Palestras de nivelamento 
foram realizadas para a coleta de dados e para a introdução dos conceitos-
chave, como meio ambiente, teoria dos sistemas com foco na interdependência 
entre os elementos ambientais, poluição e impactos ambientais, meio ambiente 
e qualidade de vida, gestão de resíduos, dentre outras demandas específicas do 
ramo de negócio com destaque para as normas e critérios para licenciamento, 
estudos ambientais segundo as suas diversas tipologias e legislação ambiental.
Todo o processo de reorganização das atividades foi construído nos 
setores ouvindo os pares. Nesta fase, observou-se que os instrumentos 
metodológicos utilizados para a certificação podem ser aperfeiçoados e 
utilizados para a implementação de um bom programa de Educação Ambiental e 
estes instrumentos sistematizados num programa, facilitam o desenvolvimento 
do produto nesse ramo de negócio, haja vista que os programas não serão 
criados apenas pela demanda dos colaboradores (ausência de habilidades 
na área de meio ambiente), mas sim de todas as partes interessadas. Esse 
processo de construção coletiva permite a identificação das demandas reais 
Gestão Ambiental em foco ii
25
e reconhecimento da prática profissional de cada grupo, possibilitando a 
incorporação no programa de competências necessárias ao ato laboral e muitas 
delas com extensão à sua vida fora do ambiente de trabalho. Procedeu-se junto 
com o diagnóstico ambiental a sondagem para os treinamentos em educação 
ambiental bem como o planejamento da ação de EA. Entrevistas com a alta 
Administração, líderes de setor e com alguns colaboradores foram utilizadas. 
Os treinamentos seguiam um cronograma coletivamente construído e 
ao longo de um ano foram realizados 36 treinamentos em caráter de oficina e 
nos meses de janeiro a julho de 2009 encontros diários foram sistematizados 
para compartilhamento das ações, totalizando 118 encontros diários. Nos 
treinamentos destacaram-se os de conceitos ambientais, aspectos e impactos, 
prevenção e combate a incêndios, primeiros socorros, gestão de resíduos, 
vivências ambientais (aqui foram aplicadas várias dinâmicas ludopedagógicas 
inter e transdisciplinares), fiscalização ambiental, percepção ambiental e 
legislação ambiental. Pós-treinamento eram feitas vivências em grupo através 
de encontros e quando exigido, simulações práticas dos temas apreendidos. 
Os encontros diários permitiram o diálogo entre os pares, maximizando 
algumas ações de alguns projetos em desenvolvimento tais como mobilização, 
desmobilização, confecção de relatórios nas diversas tipologias que utilizam 
os conceitos estruturantes de ambiente e outros temas ligados à temática 
socioambiental. Na fase 2, intercalou-se às palestras o TDMA - treinamento 
diário em meio ambiente. 
Esta metodologia consta de 15 minutos (pode ser ampliado de acordo com 
a demanda) de debates previamente determinados em calendário onde o grupo 
trabalha os temas-chave em ambiente e as demandas devidamente levantadas 
pelo RD nos setores. Nestes encontros, os colaboradores participavam de uma 
atividade prática na área de meio ambiente com posterior discussão. Essas 
atividades em muitos casos poderiam ser gerais ou levantadas a partir das 
questões problema encontradas no cotidiano dos projetos e estudos. 
A partir da discussão, passou-se a pensar melhor os mecanismos de 
resolução de tais problemas, aprenderem pela prática, socializar experiências e 
manter o nível de comunicação atualizado. Nos vinte ou trinta dias subsequentes 
Gestão Ambiental em foco ii
26
após cada evento era feita a autoavaliação da ação com posterior replanejamento 
e melhoramento das ações, quando necessário.
Simultaneamente à mobilização/sensibilização partiu-se para a 
inserção de métodos de EA (educação ambiental) nos processos da empresa. 
Nesta fase, além dos TDMAs e palestras, cada setor passou a criar dentro do 
programa, ações estratégicas para transmissão dos conceitos apreendidos 
inicialmente entre os setores e posteriormente aos fornecedores e demais partes 
interessadas. Os objetivos, metas e programas do sistema de gestão foram 
criados coletivamente nesta fase e cada setor poderia criar o seu subprograma. 
O RD utilizou como ferramenta de trabalho a observação participante 
junto com os líderes dos setores para levantar a atitude da equipe frente ao 
cotidiano da empresa no quesito ambiental, as metas ambientais, indicadores, 
ações corretivas e preventivas. No pós-levantamento discutiram-se os pontos 
positivos e/ou negativos nos TDMAs de forma retroalimentar o processo.
Reuniões estratégicas eram feitas pelo RD com os líderes de setor 
para autoavaliar as ações e a seguir prosseguia-se análise crítica pela Alta 
Administração. Sempre que possível a Alta Administração também participava 
das reuniões e do TDMA trazendo à equipe sentimento de valorização e de 
respeito ao trabalho.
Vivências ambientais foram criadas pelo RD de acordo com o grupo e 
às vezes por setor, e, muitas delas partiram de diálogos, simulações, construção 
conjunta de alguma ação não entendida e assim sucessivamente foi havendo 
incorporação da política ambiental.
Os colaboradores demonstraram que através da vivência e da 
construção coletiva cotidiana com discussões dialógicas o SGA avançava 
de forma desafiante e não assombrosa como é comum em processos de 
implantação de qualquer certificação. 
A análise crítica demonstrou que a presença do RD no dia a dia 
dos setores foi um fator facilitador do processo de assimilação dos novos 
conhecimentos trazidos pelo SGI – Sistema de Gestão Integrado, bem como a 
Gestão Ambiental em foco ii
27
incorporação da visão sistêmica pelos colaboradores, fato que muito contribuiu 
para a produção técnica da empresa, bem como da relação interpessoal entre 
todas as partes interessadas.
FONTE: Disponível em: <http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2010/I-001.pdf>. Acesso em: 19 
ago. 2015.
Por meio da análise do estudo de caso da empresa Floram – Engenharia 
e Meio Ambiente, nota-se que, para que um programa de ESA obtenha êxito é 
fundamental a participação e o comprometimento de todos os colaboradores da 
organização. A modificação de comportamento por parte dos funcionários em prol 
do SGA deu-se inclusive, pelo aumento no nível de satisfação dos clientes, aspecto 
extremamente importante, pois denota uma transposição do SGA para nichos que 
vão além do espaço organizacional.
A participação ativa dos funcionários da Floram nos programas ambientais 
foi essencial para o cumprimento dos objetivos estabelecidos. Sendo assim,fica 
demonstrado que um programa de ESA implementado de maneira estratégica 
desde os primórdios do processo de certificação ambiental (ISO 14001), garante 
seu melhor desempenho com desdobramentos importantes na gestão de pessoas, 
aspecto que também compõe o tripé da sustentabilidade!
Gestão Ambiental em foco ii
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REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001: 
Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com orientação para uso, 2005. 
Disponível em: <http://www.labogef.iesa.ufg.br/labogef/arquivos/downloads/nbr-
iso-14001-2004_70357.pdf>. Acesso em: 13 maio 2015. 
ADAMS, G. A. Um olhar pedagógico sobre a educação ambiental nas empresas. 
2005. Monografia (Curso de Pedagogia) – Instituto de Ciências Humanas Letras e 
Artes. Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, 2005.
AMBIENTE SP. Oficina de educação ambiental para gestão. Disponível em: 
<http://www.ambiente.sp.gov.br/cea/files/2012/02/Apostila_EA.pdf>. Acesso em: 
11 maio 2015.
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Contemporâneas, 1994. Resenha de: FERRARI, N. Educação ou adestramento 
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CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: pesquisa e desafios. 2. ed. São Paulo: 
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CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São 
Paulo: Cortez, 2004.
CORDEIRO, C. M. A importância da educação ambiental estratégica para a 
implementação da ISO 14001 em empresas de consultoria ambiental: o caso 
da FLORAM Engenharia e Meio Ambiente LTDA – Eunápolis-BA. Disponível em: 
<http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2010/I-001.pdf>. Acesso em: 3 jun. 
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DALMORA, E. Educação ambiental. Indaial: Uniasselvi, 2011.
DEMAJOROVIC, J. Sociedade de risco e responsabilidade socioambiental: 
perspectivas para a educação corporativa. São Paulo: Editora SENAC, 2003.
Gestão Ambiental em foco ii
29
DIAS, G. F. D. Dinâmicas e instrumentação para educação ambiental. São 
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FERRARI, N. Educação ou adestramento ambiental. Biotemas, v. 9, n. 2, p. 71-73, 
1996.
FINGER, M.; KILCOYNE, J. Por que as corporações transnacionais se 
organizam para “salvar o ambiente global”, 1996. Disponível em: <http://www.
nossofuturoroubado.com.br/portal/tag/rio-92/>. Acesso em: 12 maio 2015.
JUNIOR, V. E. Sistema integrado de gestão ambiental. São Paulo: Aquariana, 
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LASSU – Laboratório de Sustentabilidade. Pilares da Sustentabilidade. 
Disponível em: <http://lassu.usp.br/sustentabilidade/pilares-da-sustentabilidade>. 
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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Educação ambiental na 
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educa%C3%A7%C3%A3o-ambiental-na-rio-20>. Acesso em: 11 maio 2015. 
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oeco.org.br/dicionario-ambiental/28588-o-que-e-desenvolvimento-sustentavel>. 
Acesso em: 4 maio 2015.
PERSALAGOAS. Floram Engenharia e Meio Ambiente. Disponível em: <http://
www.persalagoas.com.br/nossa-equipe/>. Acesso em: 28 maio 2015.
PORTAL MEC. Um pouco da história da educação ambiental. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/historia.pdf>. 
Acesso em: 11 maio 2015.
RIO + 20. Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável. 
Disponível em: <http://www.rio20.gov.br>. Acesso em: 11 maio 2015.
Gestão Ambiental em foco ii
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--------------- [ 1: BIOMASSA COMO FONTE DE ENERGIA ] ---------------
TECNOLOGIAS APLICADAS NA 
PRODUÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
Renata Joaquim Ferraz Bianco
--------------- [ APRESENTAÇÃO ] ---------------
Como já esperávamos eventualmente ficar sem os combustíveis 
convencionais, como o petróleo e o gás natural, alternativas que forneçam 
utilidade, flexibilidade, limpeza e economia desses recursos vêm sendo procuradas 
há muitos anos. Uma dessas alternativas está tão próxima da lixeira da cozinha 
quanto das plantas do lado de fora. É a “biomassa”: uma fonte de energia tão 
antiga quanto a humanidade e tão nova quanto o jornal de hoje. 
Vamos ver mais sobre este assunto?
Fontes de biomassa estão apresentando um forte desenvolvimento 
atualmente como combustíveis alternativos para transporte, especialmente por 
causa dos altos preços do petróleo e dos novos padrões aceitos de poluição 
atmosférica (HINRICHS, 2013).
Energia de Biomassa é aquela derivada de matéria viva como os grãos 
(milho, trigo), as árvores e as plantas aquáticas; esta matéria viva também é 
encontrada nos resíduos agrícolas e florestais (incluindo os restos de colheita e 
os estrumes) e nos resíduos sólidos municipais. A biomassa pode ser utilizada 
como combustível em três formas: combustíveis sólidos, como as lascas de 
madeira; combustíveis líquidos produzidos a partir da ação química ou biológica 
Gestão Ambiental em foco ii
31
sobre a biomassa sólida e/ou da conversão de açúcares vegetais em etanol ou 
metanol; e combustíveis gasosos produzidos por meio do processamento com alta 
temperatura e alta pressão (HINRICHS, 2013).
 
Os recursos de biomassa ocupam uma grande área de terra. Eles têm a 
possibilidade de fornecer, em qualquer lugar, de 4% a 25% da energia necessária 
nos Estados Unidos. A biomassa atualmente abastece 3% das necessidades 
energéticas norte-americanas e pode fornecer várias vezes mais energia que a 
esperada de fontes eólicas e fotovoltaicas. Além disso, este recurso é de particular 
utilidade para nações do mundo em desenvolvimento, onde os altos preços do 
petróleo desaceleram o crescimento econômico. Como uma forma armazenada 
de energia solar, a biomassa tem a vantagem de os custos com coletores serem 
menores e o armazenamento de energia já estar incluído. A biomassa pode ser 
convertida em combustíveis líquidos e gasosos em diversas etapas, enquanto 
a combustão direta para produção de vapor ou eletricidade também é bastante 
popular. (HINRICHS, 2013).
1.1 CONVERSÃO DA BIOMASSA
Os processos para a conversão de biomassa em outras formas de energia 
são numerosos, mas podem ser classificados em três tipos:
1. Processos bioquímicos: decomposição de resíduos orgânicos em 
uma atmosfera deficiente em oxigênio – com a produção de gás 
metano (digestão anaeróbica) ou fermentação controlada para a 
produção dos álcoois etanol e metanol.
2. Combustão direta: queima de biomassa para produzir calor para o 
aquecimento de ambientes ou para a produção de eletricidade através 
de uma turbina de vapor. Qualquer coisa – de resíduos sólidos e 
sobras de colheitas de madeira – pode servir como combustível para 
este processo.
3. Pirólise: decomposição térmica de resíduos em um gás ou líquido (com 
um relativamente baixo valor de aquecimento) sob altas temperaturas 
(500ºC a 900ºC) em uma atmosfera pobre em oxigênio (HINRICHS, 2013).
Gestão Ambiental em foco ii
32
FIGURA 6 – PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS A PARTIR DA CONVERSÃO 
DE BIOMASSA
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/img/revistas/qn/v32n3/a04fig05.jpg>. Acesso em: 27 abr. 
2015.
Gestão Ambiental em foco ii
33
1.2 ÁLCOOIS
 
Os álcoois são produtos da conversão de biomassa que têm recebido 
considerável atenção nos últimos anos como substitutos para os líquidos derivados 
do petróleo. A fermentação de materiais vegetais para a conversão de seus açúcares 
em álcool data de mais de 4 mil anos: os egípcios faziam cerveja com grãos e uvas. 
Mais de 100 anos atrás, Louis Pasteur identificou as leveduras como catalisadoras 
do processo de fermentação. Os dois álcoois de maior importância são etanol e 
o metanol. O etanol é um líquido transparente com ponto de ebulição de 78ºC e 
também é chamado de álcool de grãos ou álcool etílico. Ele pode ser feito de uma 
série de matérias-primas, porém, as mais comuns são a cana-de-açúcar, o milho 
e a madeira. Os Estados Unidos usam principalmente o milho; o Brasil usa cana-
de-açúcar; a França, trigo e beterraba; e a Alemanha, centeio. O etanol produzido 
com grãos demanda grandes quantidades de energia para plantio, fertilizaçãoe 
colheita. Ele pode melhorar o desempenho dos veículos e produz menos emissões 
que os veículos a gasolina. O etanol feito de madeira pode reduzir as emissões 
de gases estufa, pois as plantas absorvem CO2 enquanto crescem. Sem saber, 
muitos carros nos Estados Unidos já utilizam etanol – uma mistura (gasohol) com 
10% de etanol e 90% de gasolina comum, conhecido como E10. Minnesota exigia 
E10 em todos os seus veículos e aumentou para E20 em 2005. Muitos postos de 
combustível no meio-oeste americano fornecem combustíveis E85. Carros flex-
fueled (com flexibilidade para uso de combustíveis) usam este combustível. Seus 
motores são aptos a funcionar com diferentes misturas de combustíveis, desde a 
gasolina comum até E85 e M85, apenas ajustando eletronicamente o tempo de 
ignição e as relações ar/combustível. A maioria das grandes montadoras fabrica 
esses carros; há, atualmente, nos Estados Unidos, aproximadamente, quatro 
milhões de carros flex-fueled. Preços menores tornam esses carros especialmente 
atrativos hoje, embora apresentem maior consumo, com 10% a 15% a menos de 
mpg. Contudo, o etanol feito de milho não reduz as emissões de gases estufa por 
causa do petróleo usado para o cultivo e os fertilizantes (HINRICHS, 2013).
Confira na figura a seguir, um simples fluxograma para a produção de 
álcool etílico ou bioetanol, a partir do milho, de uma empresa brasileira que iniciou 
este processo em 2013.
Gestão Ambiental em foco ii
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FIGURA 7 – FLUXOGRAMA PARA PRODUÇÃO DE ÁLCOOL ETÍLICO OU 
BIOETANOL A PARTIR DO MILHO
FONTE: Disponível em: <http://brasilfront.xpg.uol.com.br/wp-content/uploads/pro-alcool-historico-3.
jpg>. Acesso em: 27 abr. 2015.
O metanol é um líquido incolor, com ponto de ebulição de 65ºC, também 
denominado álcool de madeira ou álcool metílico. Pode ser produzido virtualmente como 
qualquer material que contenha carbono, mas originalmente era produzido nos Estados 
Unidos como um subproduto da destilação de madeira. Além da biomassa, carvão ou 
gás natural podem ser utilizados como matéria-prima. A Alemanha fez uso extensivo 
de metanol (de carvão) durante a Segunda Guerra Mundial para abastecer submarinos 
e aviões. O metanol é um combustível superior para motores de combustão interna, 
e é utilizado hoje como combustível para carros de corrida. Metanol derivado do gás 
natural é a forma mais barata, custando não muito mais que a gasolina normal. Ele pode 
ser até duas vezes mais caro se for derivado de madeira ou carvão. Utilizar metanol 
pode reduzir as emissões, especialmente de Mox, e resultaria em quase a mesma 
emissão de gases estufa que a da gasolina comum, se derivado do gás natural. Metanol 
misturado com gasolina pode ser usado em um veículo sem maiores modificações. 
Outras fontes potenciais de combustível líquido a partir da biomassa são o sabugo de 
milho, o pé de milho, o switchgrass (um tipo de capim da pradaria americana), feijões 
de soja, e outros produtos que normalmente poderiam ser descartados. Um relatório 
recente do Laboratório Nacional de Oak Ridge concluiu que um bilhão de toneladas 
secas de biomassa poderiam fornecer 30% da energia consumida no país. A biomassa 
atualmente supre 3% da energia consumida na nação (HINRICHS, p. 632, 2013).
Gestão Ambiental em foco ii
35
--------------- [ 2: PLANTAÇÃO DE ENERGIA DE BIOMASSA ] ---------------
É uma fazenda dedicada a converter a luz solar em energia. Uma fazenda-
padrão já faz isto, uma vez que rotineiramente converte a luz do sol em alimentos 
e uma área de produção florestal atinge os mesmos resultados ao cultivar árvores 
que serão consumidas como lenha. Existem muitas outras plantas que podem ser 
cultivadas com o propósito de converter a luz solar em energia. Isto normalmente é 
realizado pela conversão da biomassa em um combustível líquido ou gasoso. Plantas 
marinhas e grãos têm demostrado muito potencial como fontes de metano e etanol. 
Fatores importantes que devem ser considerados na avaliação das plantações de 
energia são a produtividade (em toneladas por acre por ano), o conteúdo de energia 
por unidade de peso, a facilidade de colheita e as demandas da cultura em questão 
(clima, água, condições do solo). A energia química obtida a partir de uma fonte de 
biomassa pode ser maior que a energia gasta no cultivo e obtenção deste recurso. 
Como existem diferentes tipos de combustíveis disponíveis, a biomassa oferece uma 
importante alternativa aos combustíveis líquidos de base fóssil, especialmente para 
o setor de transportes. A soja (uma plantação que hoje está com baixo preço em 
virtude da superprodução) pode ser uma fonte principal de óleo para combustível. 
O óleo, com a goma e a glicerina removidas, tem propriedades equivalentes ao 
óleo diesel. A soja pode ser processada para também produzir diversos produtos 
comerciais, como polímeros, com qualidades iguais àqueles produzidos do petróleo. 
Além disso, este biocombustível não é tóxico, é biodegradável e praticamente livre 
de enxofre. O balanço energético da produção da soja é o mais alto de todos os 
combustíveis – mais que três unidades de energia são ganhas para cada unidade de 
combustível fóssil utilizada no processo. Como o diesel, também requer aditivos para 
ter bom desempenho nos climas frios, mas queima mais limpo. É o único combustível 
que passou no teste de Requisitos de Testes nos Efeitos na Saúde (Health Effects 
Testing Requirements) do Clean Air Act. Substituindo “cultivando por perfurando”, 
reduzimos nossa dependência do petróleo externo. Outros combustíveis alternativos 
empregados no setor de transportes também são estudados, como por exemplo, o 
hidrogênio combustível, que é um combustível de queima limpo, que pode ser feito 
a partir de gás natural (metano + vapor CO2 + H2), carvão ou eletrólise da água. No 
momento, o método mais barato é o que utiliza gás natural. O uso de células solares 
para fornecer eletricidade para a eletrólise da água é uma forma ideal de armazenar 
a energia solar e reduzir as emissões de gases estufa (HINRICHS, 2013).
Gestão Ambiental em foco ii
36
O hidrogênio pode ser usado em um motor a gasolina convencional, mas 
é muito mais eficiente em um modificado. Ele pode ser armazenado como um 
gás sob alta pressão, como hidrogênio líquido (-253°C), ou dentro de um hidreto 
metálico, para ser liberado com a adição de calor. Ele também pode ser usado 
em uma célula a combustível. Células a combustível são duas vezes mais 
eficientes que os motores de combustão interna padrão e fornecem diretamente 
energia elétrica ao combinar hidrogênio e oxigênio. No momento, as células a 
combustível ainda são muito pesadas, o que faz a maior parte da sua utilização 
se dar em ônibus, apesar dos novos avanços feitos em células mais leves para 
carros. Células combustíveis quase não emitem poluição. Veículos elétricos 
movidos a bateria (VEs) são mais desenvolvidos que as células a combustível. 
Contudo, os altos custos, as baixas autonomias, os longos tempos de recarga e 
os custos de substituição da bateria continuam a ser desvantagens cruciais dos 
VEs. Por isso, estão se tornando populares os veículos híbridos – carros que 
utilizam um motor de combustão interna e motor elétrico com uma bateria simples. 
Nesses veículos, desempenhos de 70 milhas por galão são comuns. Gás natural 
comprimido (GNC) é o combustível alternativo de custo mais baixo e tem um 
abastecimento bastante estável. Motores a gasolina convencionais requerem 
apenas mínimas modificações para funcionar exclusivamente com gás natural. O 
combustível é armazenado em cilindros pressurizados no veículo. A maior parte 
dos veículos a GNC em uso funciona com os dois combustíveis e são veículos 
convencionais convertidos utilizando-se kits de conversão, que incluem um tanque 
de armazenamento, um regulador de pressão, um equipamento de mistura e 
diversas válvulas e tubulações de combustível. Algumas concessionárias de 
serviços públicos de eletricidade têm passado a atuar no setor de transportes 
vendendo GNC aospostos de combustíveis. (HINRICHS, 2013).
Gestão Ambiental em foco ii
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--------------- [ 3: ENERGIA GEOTÉRMICA ] ---------------
A energia geotérmica é produzida a partir do calor originado no interior da 
Terra. Vulcões, gêiseres, fontes de água e lama quentes são evidências visíveis 
dos grandes reservatórios de calor que existem dentro e abaixo da crosta terrestre. 
Apesar de a quantidade de energia térmica dentro da Terra ser muito grande, a 
energia geotérmica está limitada a determinados lugares. Esses recursos não 
são infinitos e podem ser esgotados em um determinado local sob exploração 
intensiva. Não obstante, a energia geotérmica é um recurso que pode ser bem 
desenvolvido em locações favoráveis. Atualmente, 4% da eletricidade gerada nos 
Estados Unidos pelas fontes renováveis vêm da energia geotérmica (isto é, quase 
duas vezes a contribuição das energias eólica e solar. A capacidade instalada 
eólica nesse país é três vezes maior que a geotérmica). Enquanto o crescimento 
no total de energia utilizada originária de recursos geotérmicos nos Estados Unidos 
tem apresentado um pequeno crescimento nos últimos dez anos, globalmente a 
energia geotérmica tem crescido constantemente a taxa de 3,5% ano (HINRICHS, 
2013).
Confira na figura a seguir um esquema da obtenção da energia geotérmica.
FIGURA 8 – ESQUEMA DA ENERGIA GEOTÉRMICA
FONTE: Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/banco_objetos_
crv/%7B64D5D32C-3CFE-4242-94B8-935201A6BEC1%7D_image022.gif>. Acesso em: 29 abr. 2015.
Gestão Ambiental em foco ii
38
Em 1094, na Itália, pela primeira vez foi produzida eletricidade a partir 
de vapor natural. Hoje em dia, muitas usinas geotérmicas estão em operação 
ao redor do planeta. A capacidade total mundial é de cerca de 8.700Mwe. Os 
gêiseres do norte da Califórnia, a maior instalação desse tipo no mundo, têm uma 
capacidade total instalada da ordem de 1.00 Mwe – suficiente para abastecer uma 
cidade do tamanho de São Francisco, localizada 90 milhas ao sul; isso representa 
7% das demandas energéticas da Califórnia. A ilha de Hawai obtém 25% da 
sua eletricidade a partir de recursos geotérmicos. Filipinas, Indonésia e México 
apresentaram um rápido crescimento nas suas capacidades geradoras durante 
a década passada. El Salvador gera a maior parte de sua eletricidade com vapor 
originário de recursos geotérmicos. Aplicações não elétricas da energia geotérmica 
têm sido desenvolvidas de maneira extensiva em alguns países. Água quente 
de fontes subterrâneas fornece aquecimento direto para a maioria das casas da 
capital da Islândia, Reykjavik, o que já ocorre há seis décadas. Budapeste, Hungria, 
vem sendo parcialmente aquecida por vapores geotérmicos desde os tempos do 
Império Romano. Estufas aquecidas produzem vegetais e flores durante todo o 
ano. O aquecimento de ambientes via energia geotérmica nos Estados Unidos 
ainda se dá em pequena escala. (HINRICHS, 2013).
3.1 ORIGEM DA ENERGIA GEOTÉRMICA
A energia geotérmica tem sua origem no núcleo derretido da Terra, onde as 
temperaturas atingem 4.000ºC (7.200°F). É o próprio aquecedor da Mãe Natureza. 
Essa energia termal é primariamente produzida pela decomposição de materiais 
radioativos dentro do planeta, o que leva algumas pessoas a se referirem à energia 
geotérmica como uma forma de “energia fóssil nuclear”. O interior da Terra parece 
consistir em um núcleo central derretido envolvido por uma região de material 
semifluido denominada manto, coberta pela crosta, que tem uma espessura que 
varia de 30 km a 90 km. A temperatura na crosta aumenta proporcionalmente 
com a profundidade a uma taxa de cerca de 30ºC/km. A temperatura na base da 
crosta (o topo do manto) chega a valores próximos aos 1.000ºC e, então, aumenta 
lentamente até o centro do planeta. Se tais condições médias da temperatura da 
crosta fossem tudo o que tivéssemos para trabalhar, poderíamos nos considerar 
Gestão Ambiental em foco ii
39
sem sorte, já que a energia calorífica da Terra que poderia ser efetivamente utilizada 
estaria localizada muito profundamente para ser canalizada de alguma forma. Mas 
existem regiões nas quais o material rochoso incandescente do manto (chamado 
magma) é empurrado para cima por meio das falhas e rachaduras próximas à 
superfície, criando “pontos quentes” localizados entre 2km e 3km da superfície 
(HINRICHS, 2013).
Veja na figura a seguir, o corte transversal da Terra, mostrando suas 
camadas.
FIGURA 9 – CORTE TRANSVERSAL TERRESTRE
FONTE: Disponível em: <http://www.apolo11.com/imagens/2010/terra_corte_transversal.jpg>. Acesso 
em: 29 abr. 2015.
Observamos as evidências de tais atividades nas erupções vulcânicas, 
nos gêiseres e nos fossos de lama borbulhantes. De fato, a zona de provável 
ocorrência desses locais geotérmicos corresponde, grosso modo, à região dos 
terremotos e de atividade vulcânica. Essas regiões se localizam nas junções das 
placas tectônicas que compõem a crosta terrestre. Tais placas se encontram em 
um estado de constante movimentação relativa (as taxas de alguns centímetros por 
ano). Onde elas colidem ou se trituram, existem forças de altas magnitudes que 
Gestão Ambiental em foco ii
40
podem construir montanhas ou provocar terremotos ou tsunamis. É próximo a essas 
junções das placas que o calor viaja mais rapidamente, do interior do planeta, via 
magma, para os vulcões superficiais. A maior parte dos atuais locais geotérmicos 
mundiais localiza-se próximo às extremidades da placa do Pacífico, no chamado 
“anel de fogo”. A energia geotérmica é mais facilmente extraída, tecnológica e 
economicamente falando, desses pontos quentes. Nos tipos mais comuns de 
reservatórios geotérmicos, chamados sistemas hidrotermais, a energia termal 
do magma é armazenada em água ou vapor que preenche os poros e fraturas da 
rocha. Esses reservatórios podem ser classificados em sistemas de vapor úmido 
(ou água quente) e de vapor seco. Apesar de os sistemas de vapor úmido serem 
de dez a vinte vezes mais abundantes, os sistemas de vapor seco têm sido usados 
mais frequentemente para a geração de eletricidade por causa da conveniência que 
oferecem. Um exemplo são os gêiseres (The Geysers) na Califórnia. Existem outros 
tipos de recursos de energia geotérmica que têm o mesmo ou até mais potencial, 
mas eles vão ter de esperar o desenvolvimento de novas tecnologias de extração 
antes de poderem ser explorados (HINRICHS, 2013).
3.2 SISTEMAS HIDROTÉRMICOS DE VAPOR ÚMIDO
Quando a água é aprisionada em um reservatório subterrâneo e é aquecida 
pelas rochas ao redor, ela é submetida a altas pressões e pode atingir temperaturas 
tão altas quanto 370ºC (700F) sem entrar em ebulição. Se essa água quente for 
liberada na superfície, ela vai “vaporizar” à medida que a pressão externa cair 
para valores abaixo do necessário para mantê-la líquida. Lugares onde o vapor 
escapa através de rachaduras na superfície são chamados fumarolas. Em alguns 
reservatórios geotérmicos, a água quente vaza para a superfície, formando fontes 
quentes ou gêiseres. Poços geotérmicos capturam esses mananciais de vapor 
úmido. Quando a água quente sobe pelo poço, ela se pulveriza em uma mistura 
de cerca de uma parte de vapor e quatro partes de água quente. O vapor é 
separado da água e utilizado para fazer funcionar turbinas para gerar eletricidade 
(HINRICHS, 2013).
 
Gestão Ambiental em foco ii
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Note a figura a seguir, um modelo de sistema de água quente geotérmica 
de alta temperatura. A água dentro da rocha porosa é aquecida por condução 
do magma. A água quente escapa para a superfície pelas fissuras, entrando em 
ebulição, próximo ao topo. Um poço para coletar o vapor dentro de uma fissura 
também é mostrado.
FIGURA 10 – SISTEMA DE ÁGUA QUENTE GEOTÉRMICA DE ALTA 
TEMPERATURA
FONTE: Disponível em: <http://image.slidesharecdn.com/energiageotermica-140131052940-
phpapp01/95/energia-geotermica-5-638.jpg?cb=1391167841>. Acesso em: 30 abr. 2015.
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 A pressão sobre a águalocalizada no fundo do reservatório é maior que 
a pressão atmosférica por causa da coluna de água sobre ela, e, dessa forma, a 
temperatura na base pode ultrapassar 100ºC sem que ocorra ebulição, já que a 
água é aquecida pelas rochas ao redor. Como a temperatura da água continua a 
aumentar, o ponto de ebulição nessa pressão é atingido. O início da ebulição libera 
a pressão na base rapidamente, aumentando a taxa de ebulição e fazendo com 
que a água esguiche para fora do solo – produzindo um gêiser. Água mais fria da 
superfície substitui a quente que esguichou. O intervalo entre as erupções será 
igual ao tempo necessário para que a água no reservatório se aqueça até atingir 
a temperatura de ebulição naquela pressão. Uma cafeteira funciona com base 
nesse mesmo princípio (HINRICHS, 2013).
 Confira na figura a seguir o modelo de um gêiser. A água no fundo está 
sob grande pressão e não vai entrar em ebulição até que temperaturas acima de 
100ºC sejam atingidas. Quando a ebulição começa, a pressão é liberada, fazendo 
com que a água ferva muito rapidamente. A água é impulsionada pelo vapor pela 
abertura e é pulverizada no ar sob a forma de vapor.
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FIGURA 11 – MODELO DE UM GÊISER
FONTE: Disponível em: <http://files.professoralexeinowatzki.webnode.com.br/200000298-3df553fe9e/
geiser%20e%20fontes%20quentes.JPG>. Acesso em: 30 abr. 2015.
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44
3.3 EXPLORAÇÃO DE RECURSOS GEOTÉRMICOS
 
A extensão de recursos geotérmicos é estimada por alguns como muito 
grande. A U.S Geological Survey (USGS) define recurso geotérmico como todo 
conteúdo de calor da crosta terrestre acima de 15ºC a uma profundidade de 10 
km. Com essa definição, a USGS estima que mais de 2x 1022 Btu de energia termal 
exista dentro da crosta. Isso é equivalente a 900 trilhões de toneladas de carvão, o 
suficiente para atender as nossas demandas energéticas a taxas atuais por 350 mil 
anos! Contudo, devemos tomar cuidado com esses números. Energia geotérmica 
é de qualidade bastante baixa porque a temperatura do vapor ou da água quente 
utilizados frequentemente está entre 150ºC e 250ºC (a 100 psi). Isso deve ser 
comparado com o vapor em uma usina convencional movida a combustíveis 
fósseis, que se encontra a 550ºC e 1.000 psi. A Terra atua como um grande motor 
de calor para a geração de eletricidade, já que fornece água quente e/ou vapor 
a temperaturas de 150ºC a 250ºC. Entretanto, essas temperaturas relativamente 
baixas significam eficiências menores. Os pontos quentes geotérmicos estão 
distribuídos de forma esparsa e normalmente encontram-se a alguma distância 
dos mercados que precisam de energia. A temperatura de vapor mínima 
necessária para a produção econômica de eletricidade é de cerca de 110ºC. Em 
consequência, muitos reservatórios de água quente podem ser utilizados apenas 
para o aquecimento de ambientes (como na Islândia) (HINRICHS, 2013).
 
Como a energia termal não pode ser transportada eficientemente a 
longas distâncias, o ponto de utilização precisa ser próximo à fonte. Algumas 
das evidências. Algumas vezes, o petróleo vai vazar para a superfície a partir de 
reservatórios subterrâneos e por caminhos estranhos; assim, perfurar ao redor de 
tais afloramentos nem sempre será produtivo. O atual método de comprovação 
da viabilidade comercial de um recurso geotérmico é perfurar buracos profundos 
e realizar testes de fluxo de longo prazo. Deve-se, também, estudar o ambiente 
geológico local, inclusive os tipos e as propriedades das formações rochosas. 
Outras técnicas exploratórias utilizam observações aéreas e de superfície 
para procurar falhas e atividade vulcânica, métodos sísmicos para procurar 
reservatórios subterrâneos, métodos geoquímicos, como a análise da água das 
fontes, e mensurações elétricas para indicar a presença de água profunda com 
temperaturas altas e conteúdo salino. O uso de fotografia aérea infravermelha 
para procurar gradientes de temperatura não tem sido muito bem-sucedido por 
Gestão Ambiental em foco ii
45
causa da interferência do terreno local. Além dos hidrotermais, existem dois outros 
tipos de recursos geotérmicos: reservatórios geopressurizados e rochas secas 
quentes. Reservatórios geopressurizados consistem em água salobra quente 
localizada em áreas grandes (não em pontos quentes pequenos e localizados, 
próximos à superfície) profundas (3.000 m a 6.000 m) e normalmente submetidas a 
pressões de até 10.000 psi. A energia contida nessas zonas geopressurizadas não 
é apenas termal, mas também mecânica (hidráulica) e química (como resultado 
do metano dissolvido). Acredita-se que, nos Estados Unidos, tais reservatórios se 
localizem primariamente ao longo da Costa do Golfo. A energia potencialmente 
recuperável desses reservatórios é imensa, porém a tecnologia para explorá-la 
ainda precisa ser desenvolvida. Poços experimentais já foram escavados no Texas 
e em Louisiana. Rochas secas quentes localizam-se no subsolo, mas faltam os 
aquíferos ou fraturas (fendas) para trazer fluido para a superfície, como no caso dos 
reservatórios hidrotermais. Essa fonte pode ser explorada por meio da circulação 
de água através das fendas para extrair a energia calorífica. Reservatórios 
artificiais podem ser construídos pela fratura hidráulica dessas rochas e, então, 
circular a água por meio das fendas. Atualmente, alguns reservatórios fraturados 
a profundidades de 3.000 m a 4.000 m (10 mil pés a 13 mil pés) estão sendo 
testados no Novo México. Rochas secas quentes são muito mais comuns que 
reservatórios hidrotermais e mais acessíveis, o que faz seu potencial ser bastante 
alto. A eletricidade é extraída dos sistemas de rochas secas quentes utilizando-se 
um ciclo de fluido secundário ou binário. Nesse ciclo, a água quente é passada por 
um radiador a fim de transferir calor para um líquido com um ponto de ebulição 
baixo, como um refrigerante CFC ou isobutano, cujos vapores são, então, utilizados 
para fazer funcionar a turbina (HINRICHS, 2013).
 
Confira o funcionamento de um ciclo de turbina a vapor na figura a seguir. 
A água resfriada é reinjetada no solo, o vapor se expande em direção à turbina e, 
então, é condensado de volta à forma líquida no condensador refrigerado a água.
Gestão Ambiental em foco ii
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FIGURA 12 – CICLO DE TURBINA A VAPOR
FONTE: Disponível em: <http://www.cogenportugal.com/general_content/showInformation.
aspx?mt=1&ml=34&type=2>. Acesso em: 30 abr. 2015.
 
Nessa técnica, não é necessário usar vapor de alta pressão de um 
reservatório hidrotermal convencional para fazer funcionar a turbina. Vapor de baixa 
temperatura pode ser utilizado. Uma usina de fluido binário em Nevado produz 
eletricidade economicamente viável a partir de fluido geotérmico a 103ºC (218ºF). 
O potencial para energia a partir de rochas secas quentes poderia ser muito maior 
que esse se a tecnologia avançasse e os custos diminuíssem. Devemos observar 
que, historicamente, para qualquer recurso relativamente novo, as projeções de 
seu potencial tendem a ser altas. A verdadeira capacidade em 1985 nos Estados 
Unidos foi de cerca de 1.300Mwe.
Gestão Ambiental em foco ii
47
3.4 RECURSOS GEOTÉRMICOS DE BAIXA TEMPERATURA
Os reservatórios geotérmicos de temperaturas baixas a moderadas (20ºC 
a 150ºC) podem ser usados para fornecer aquecimento direto para utilizações 
residenciais e industriais. Esses reservatórios normalmente são de água quente 
subterrânea sob pressão. Para ser utilizada, a água quente é trazida para a 
superfície, onde um sistema de troca de calor transfere a energia termal para 
outro fluido. Fluido geotérmico resfriado é então bombeado através de um poço 
de injeção de volta ao solo. As utilizações primárias desse fluido aquecido estão 
no aquecimento de ambientes (algumas vezes de estruturas individuais), estufas 
e aquicultura (fazenda de peixes). Recentes pesquisas têm identificado um 
grande potencial para novos usos diretos das aplicações geotérmicas no oeste 
dos Estados Unidos.Mais de 9 mil poços e fontes termais estão atualmente em 
utilização. Tais aplicações estão economizando a energia equivalente a quase 2 
milhões de barris de petróleo por ano (HINRICHS, 2013).
--------------- [ 4: IMPACTOS AMBIENTAIS ] ---------------
O uso expandido da energia geotérmica tem enfrentado alguma oposição 
de grupos ambientalistas que afirmam que tais usinas são perigosas, sujas, 
barulhentas e feias. Um dos problemas de uma usina geotérmica é a emissão 
de gases nocivos, como o sulfeto de hidrogênio (H2S), que tem cheiro de ovos 
podres. Dióxido de carbono também é emitido nos processos geotérmicos, apesar 
de em quantidades significativamente menores que as emitidas por qualquer outra 
movida a combustíveis fósseis com a mesma produção. O vapor dos campos de 
vapor seco contém minerais que, após o vapor condensar, podem contaminar o 
lençol freático e envenenar peixes e outras formas de vida aquática. Nos campos 
de vapor úmido, o conteúdo de minerais e sal da água quente (muitas vezes 
chamada de salobra) pode ser da ordem de 20% a 30% de sólidos dissolvidos. 
As lâminas das turbinas podem sofrer danos por corrosão e as tubulações podem 
ficar entupidas. Existem problemas adicionais relacionados com a disposição dos 
resíduos líquidos. Têm sido desenvolvidos alguns procedimentos nos quais a água 
quente, após sua utilização, é evaporada e os minerais da sua composição podem 
Gestão Ambiental em foco ii
48
ser extraídos. Outro problema em algumas regiões geotérmicas é que a remoção do 
vapor dos reservatórios pode causar subsidência (assentamento ou deslizamento) 
dos terrenos acima deles. Uma das usinas de vapor do México relatou uma 
subsistência de 13cm. Este problema pode ser remediado pela reinjeção da água 
residual dos campos na área via poços de injeção. Nos processos que envolvem 
rochas quentes secas, o fluido do reservatório quente é reinjetado no solo, tornando 
este processo mais atraente do ponto de vista ambiental (HINRICHS, 2013).
Confira na figura a seguir, a emissão de gases nocivos de uma usina 
geotérmica.
FIGURA 13 – USINA GEOTÉRMICA E A EMISSÃO DE GASES NOCIVOS AO 
MEIO AMBIENTE
FONTE: Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/imagem/fwa/1308582781476_133.
jpg>. Acesso em: 7 maio 2015.
Gestão Ambiental em foco ii
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REFERÊNCIAS
HINRICHS, Roger A. Energia e meio ambiente / Roger A. Hinrichs, Merlin 
Kleinbach, Lineu Belico dos Reis, Fávio Maron Vichi, Leonardo Freire de Mello. 
São Paulo: Cengage Learning, 2013.
Gestão Ambiental em foco ii
50
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
Joseane Gabriele Kryzozun Ribeiro Rubin
--------------- [ APRESENTAÇÃO] ---------------
 
As áreas degradadas são sempre fonte de estudo, pois a necessidade de 
recuperar estas áreas é cada dia mais crescente, pois o homem utiliza os recursos 
do planeta sem se importar com as consequências que seus atos acarretarão para 
as gerações futuras.
“O desenvolvimento sustentável já preconiza que devemos usar os 
recursos sem prejudicar o uso para as gerações futuras”.
Portanto, a recuperação das áreas que foram danificadas por algum tipo de 
atividade antrópica, é de suma importância para a manutenção da vida no planeta. 
Sendo assim, através deste material você poderá identificar:
 Definição de áreas degradadas.
 Formas de degradação.
 Tipos de recuperação de áreas degradadas.
 Tipos de solos brasileiros.
Gestão Ambiental em foco ii
51
--------------- [ 1: DEFINIÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ] ---------------
1.1 DEGRADAÇÃO E RECUPERAÇÃO
É definida como área degradada aquela que sofreu, em algum grau, danos 
ou perturbações a sua integridade (figuras a seguir), podendo ser elas de natureza 
física, química ou biológica. Área degradada, segundo Carpanezzi et al. (1990), é 
aquela que após distúrbios, teve eliminados, juntamente com a cobertura florestal 
nativa, os seus meios bióticos de regeneração, como o banco de sementes e de 
plântulas. Por exemplo, em locais onde a degradação foi muito severa e afetou a 
estrutura do solo serão necessários tratamentos especiais. 
FIGURA 14 – AMBIENTES DEGRADADOS (VOÇOROCA)
FONTE: Disponível em: <http://www.acrissul.com.br/noticias/ver/4542/projeto-facilita-a-recuperacao-
de-areas-degradadas>. Acesso em: 8 jun. 2015.
Gestão Ambiental em foco ii
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FIGURA 15 – RETIRADA DE MATA CILIAR
FONTE: Disponível em: <http://muralvirtual-educaoambiental.blogspot.com/2012/03/tecnologia-de-
recuperacao-de-areas.html>. Acesso em: 8 jun. 2015
FIGURA 16 – ÁREAS DE MINERAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://tecnicoemineracao.com.br/projeto-de-recuperacao-de-areas-
degradadas/>. Acesso em: 8 jun. 2015.
Gestão Ambiental em foco ii
53
A recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência 
da restauração ecológica. Restauração ecológica é o processo de auxílio ao 
restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. 
Um ecossistema é considerado recuperado – e restaurado – quando contém 
recursos bióticos e abióticos suficientes para continuar seu desenvolvimento sem 
auxílio ou subsídios adicionais. 
A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu art. 2º, distingue, para seus 
fins, um ecossistema “recuperado” de um “restaurado”, da seguinte forma:
Art. 2° Para os fins previstos nesta Lei entende-se por:
[...] XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou 
de uma população silvestre degradada a uma condição 
não degradada, que pode ser diferente de sua condição 
original;
XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou 
de uma população silvestre degradada o mais próximo 
possível da sua condição original;
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) definiu como 
recuperação sendo o conjunto de procedimentos através dos quais é feita a 
recomposição da área degradada para o estabelecimento da função original 
do ecossistema. Essa norma ainda define a restauração como o conjunto de 
procedimentos através dos quais é feita a reposição das exatas condições 
ecológicas da área degradada pela mineração, de acordo com o planejamento 
estabelecido (RUBIN, 2012).
A Lei nº 9.985, de 18/7/2000, que regulamenta o art. 225 e institui o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, no seu artigo 2º, estipula 
que a recuperação é a restituição de um ecossistema ou de uma população 
silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua 
condição original. Já para a legislação federal brasileira o objetivo da recuperação 
é “o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano 
preestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de uma estabilidade do 
meio ambiente” (Decreto Federal nº 97.632/89). 
Gestão Ambiental em foco ii
54
Sendo assim, podemos conceituar a recuperação de áreas degradadas 
como sendo um conjunto de ações cujo objetivo é proporcionar o restabelecimento 
de condições de equilíbrio paisagístico e de sustentabilidade (RODRIGUES; 
GANDOLFI, 2000). Assim, tem-se a recuperação como o ato de reverter as 
áreas de diferentes graus e tipos de degradação para a condição não degradada 
(RODRIGUES; GANDOLFI, 2000).
A seguir alguns termos que podem definir a recuperação de áreas 
degradadas:
Recuperação:
Recuperação, por sua vez, é a reversão de uma condição degradada para 
uma condição não degradada, independentemente de seu estado original e de sua 
destinação futura (RODRIGUES; GANDOLFI, 2001). A recuperação de uma dada 
área degradada deve ter como objetivos recuperar sua integridade física, química 
e biológica (estrutura), e, ao mesmo tempo, recuperar sua capacidade produtiva 
(função), seja na produção de alimentos e matérias-primas ou na prestação de 
serviços ambientais. Nesse sentido, de acordo com a natureza e a severidade 
da degradação, bem como do esforço necessário para a reversão deste estado, 
podem ser considerados os seguintes casos, de acordo com Rodrigues e Gandolfi 
(2001):
Restauração:
Restauração é definido como o retorno completo da área degradada às 
condições existentes

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