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COLORIMETRIA E TEXTURIZAÇÃO CAPILAR Aline Andressa Matiello Alisamento definitivo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Listar os produtos utilizados. � Explicar quais são os danos e as incompatibilidades químicas. � Descrever os principais cuidados após o alisamento definitivo. Introdução O alisamento capilar definitivo é um dos tratamentos mais procurados nos salões de beleza por clientes que buscam seguir tendências da moda ou por objetivar cabelos mais lisos que facilitem os cuidados diários. Neste capítulo, você vai estudar quais os produtos empregados neste tipo de tratamento e como eles agem na fibra capilar. Vale lembrar que muitos desses tratamentos podem ser incompatíveis com outras químicas e, se forem utilizados incorretamente, podem causar lesões na haste capilar. Além disso, por ser um tratamento químico, necessita de cuidados após sua aplicação, os quais serão descritos neste capítulo. Produtos utilizados no alisamento capilar definitivo No Brasil, há predominância de cabelos crespos e ondulados. Esses tipos de cabelos requerem cuidados mais intensivos no dia a dia com tratamentos de hidratação, condicionamento e modelagem para reduzir o volume e evitar o efeito estático. Considerando essa grande demanda de cuidados diários, muitas pessoas procuram os tratamentos de alisamento por necessitarem menos cuidados diários, além de que, normalmente, são tendências de moda (SÁ DIAS, 2015). O alisamento definitivo é ainda conhecido por outras denominações, como: escova definitiva, escova permanente, escova japonesa ou alisamento japonês. Independentemente do nome utilizado, esse tratamento capilar caracteriza- -se por proporcionar ao cliente cabelos lisos de maneira permanente (ALISA MONALISA, 2014). Assim, com uma aplicação desse alisamento, os fios ficam lisos e somente necessitarão de retoques na região da raiz dos cabelos à medida que eles crescem. A principal indicação desse tipo de alisamento é destinada a clientes que alisam os cabelos com outros métodos de alisamento regularmente e que objetivam cabelo liso definitivo. Entretanto, como seu efeito é definitivo, é necessário que o cliente esteja ciente disso e que realize o tratamento apenas quando sentir-se decidido (BELLKEY, 2018a). Quanto aos produtos utilizados nos alisamentos definitivos, atualmente, o mercado disponibiliza uma gama de cosméticos capilares destinados a alisar os fios de cabelo de maneira permanente. Mas como muitos deles possuem efeitos tóxicos, é necessário que haja uma regulamentação, registro e, conse- quentemente, fiscalização desses produtos, que no Brasil é feita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) (2019). Todos os insumos utilizados em alisamentos definitivos devem possuir obrigatoriamente o registro junto à Anvisa, o que garante ao cliente e ao profissional a segurança desse produto (MACHADO et al., 2017). Além disso, é obrigatório que todos os produtos tenham estampado em seu rótulo o número de registro junto à Anvisa (2019). O efeito desses produtos no cabelo se dá pela atuação deles na estrutura proteica dos fios. O principal constituinte do fio de cabelo é uma proteína chamada de queratina. Essa proteína é fibrosa, durável e maleável. As proteínas de queratina existentes na haste capilar são organizadas em forma de hélice, de modo que se unem para formar moléculas maiores no córtex capilar. O que mantém essas moléculas unidas são ligações químicas chamadas de ligações de dissulfeto, iônicas e de hidrogênio, e que garantem ao fio os diferentes formatos: lisos, ondulados ou crespos (HALAL, 2011). Os processos de alisamento capilar atuam na quebra permanente das liga- ções químicas existentes que mantêm a estrutura tridimensional da molécula de queratina em sua forma rígida original. As ligações quebradas são as ligações de dissulfeto que somente são alteradas pela aplicação de produtos químicos, como os alisantes capilares (ABRAHAM et al., 2009). Alisamento definitivo2 Os agentes/produtos alisantes agem nas ligações de dissulfeto, desestabi- lizando-as e enfraquecendo-as. Os produtos mais comumente utilizados para este fim são os tioglicolatos, hidróxidos e os ácidos, e que usam de maneira associada principalmente à força mecânica para que, uma vez rompidas as ligações dissulfídicas, os cabelos sejam rearranjados na forma desejada (HA- LAL, 2011). Entretanto, vale ressaltar que com esses produtos alisantes, mesmo pro- movendo efeitos permanentes, sua ação se dá apenas na estrutura da haste capilar, mais especificamente no córtex capilar, de modo que não atinja o bulbo capilar. Logo, à medida que o cabelo cresce, sua raiz necessita passar por um novo processo de alisamento, chamado, neste caso, de retoque do alisamento (HALAL, 2011). Tioglicolato de amônio — Também chamado de etanolamina, pertence à família dos “tióis”, e é o produto mais utilizado no Brasil. Possui um mecanismo de ação por oxidorredução em um meio alcalino. A primeira etapa consiste na aplicação do tioglicolato, que terá função de redução, ou seja, quebrar as ligações de dissulfeto encontradas no córtex capilar. Durante a ação desse produto nos fios, é aplicado a eles um agente mecânico de alisamento, no caso, a chapinha, de modo que quanto mais esticado ficarem os fios de cabelo durante o processo melhor será o resultado do alisamento, uma vez que com as ligações de dissulfeto quebradas o profissional irá modelar os fios com a chapinha. Após isso, os cabelos são lavados em água corrente e, posterior a este processo, para que o formato liso dos fios seja mantido, é aplicado ao cabelo um agente oxidante que, em geral, se faz uso do hidróxido de oxigênio, que cessará a ação e os fios tomarão a nova configuração. A ação desses produtos nos fios é demonstrada na Figura 1, onde é possível verificar que há necessidade de dois processos para que ocorra o alisamento, a redução e posterior oxidação dos fios (SÁ DIAS, 2015). 3Alisamento definitivo Figura 1. Ação do tioglicolato de amônio no alisamento capilar definitivo. Fonte: Adaptada de Halal (2012, apud SÁ DIAS, 2015, p. 19). Um efeito importante do tioglicolato nos fios é o edema que ele causa na queratina, tornando-se maleável para ser alisada. Para secagem dos fios após aplicação do produto é utilizado o secador. Em seguida, aplica-se a prancha quente para esticar os fios. Um maior alisamento é obtido com a aplicação da prancha quente em mechas bem mais finas (ABRAHAM et al., 2009). O chamado “relaxamento” é a aplicação do tioglicolato de amônio sem o uso da prancha. Neste caso, o processo é mais rápido, porém o efeito liso é menos intenso. A ação dos alisantes à base de tioglicolato de amônio, em geral, são menos eficientes na quebra das ligações de dissulfeto quando comparados ao uso de alisantes com hidróxidos. A ação dos agentes alisantes com tioglicolato de amônio depende do pH da solução. Por exemplo, se for utilizado 6% de solução Alisamento definitivo4 de tioglicolato com pH 9,8 será observado uma ação igual utilizando 10% de solução com pH 9,35. Entretanto, vale lembrar que a primeira solução é mais irritante para o cliente, uma vez que possuirá odor mais forte (SÁ DIAS, 2015). O tioglicolato de amônio pode ser aplicado no cabelo seco ou úmido também. A concentração ideal do produto dependerá dos tipos de cabelos, conforme o Quadro 1. Fonte: Adaptado de Dias (2015, p. 18). Tipo de cabelo Concentração de tioglicolato (%) Cabelo natural difícil de alisar 8,0 ou 9,0 Cabelo natural fácil de alisar 7,0 Cabelo descolorido levemente 5,0 Cabelo muito descolorido 1,0 Quadro 1. Concentração de tioglicolato de amônio em diferentes cabelos O uso de tioglicolato de amônio pode ser empregado em escovas pro- gressivas e definitivas também. A diferença está na concentração do produto utilizado. Quando se faz uso de tioglicolato em alisamentos definitivos o indicado é apenas alisar os fios novos,ou seja, próximos à raiz à medida que crescem. Este alisamento definitivo é chamado de escova japonesa também. E, neste caso, é utilizada uma concentração maior do produto, de modo que a ação de alisamento seja mais potente e ocorra apenas em uma sessão. Entretanto, quando se faz uso de concentrações mais baixas de tioglicolato, no caso dos alisamentos progressivos, este produto é aplicado a cada quatro meses, em média, em menor concentração, com efeitos progressivos e não definitivos (SÁ DIAS, 2015). Hidróxidos — Os alisantes capilares à base de hidróxidos atuam por um mecanismo diferente do tioglicolato de amônio. Esses produtos agem através do mecanismo de lantionização. Durante o processo, ambas as pontes de dissulfídicas são rompidas e ocorre a formação de uma substância chamada de lantionina. É processo é irreversível, que ocorre em meio alcalino, e isso possibilita um intumescimento da fibra capilar, gerando a abertura das cutí- 5Alisamento definitivo culas para que o agente alisante possa penetrar no córtex e gerar a quebra das ligações de dissulfeto. Após a pausa recomendada, é aplicado aos fios um agente neutralizador, com objetivo de acidificar o meio, interrompendo o processo de quebra das pontes de dissulfeto e voltando a fechar as pontes de dissulfeto, agora na conformação lisa desejada (SÁ DIAS, 2015). Os hidróxidos devem ser sempre incorporados a cremes altamente viscosos a fim de que o produto escorra e não entre em contato com o couro cabeludo, pois o contato com o couro cabeludo e a pele pode causar queimaduras e alopecias cicatriciais (MELLO, 2010). A Figura 2 mostra a ação dos agentes alisantes à base de hidróxidos. Figura 2. Ação dos hidróxidos no alisamento capilar definitivo. Fonte: Adaptada de Halal (2011, p. 224). Alisamento definitivo6 Quanto aos hidróxidos utilizados nesses procedimentos, pode-se citar o uso de hidróxido de sódio, de lítio, de potássio e hidróxido de Guanidina. Hidróxido de sódio — É utilizado em concentrações que variam de 1 a 10% com um pH de 12 a 13, promovendo maior quebra das pontes de dissulfeto (SÁ DIAS, 2015). Hidróxido de lítio — O hidróxido de lítio age de forma semelhante ao hi- dróxido de sódio, mas seu efeito é mais lento e suave. Esse agente alisante não dá um resultado tão satisfatório quanto os alisamentos com hidróxidos de sódio e guanidina. De forma geral, pode-se dizer que o hidróxido de lítio tem uma ação mediana quando comparado aos demais (BELLKEY, 2018a). Hidróxido de potássio — Também conhecido como potassa cáustica, possui ação rápida e alisa de forma eficaz, mas causa como efeito negativo a irritação fácil do couro cabeludo, não podendo ter qualquer tipo de contato com a pele. Além disso, qualquer pausa superior à indicada pode resultar em efeitos adversos mais graves, como a quebra dos fios (SÁ DIAS, 2015). Hidróxido de guanidina — É obtido através da mistura de hidróxido de cálcio e carbonato de Guanidina no momento do uso do produto. Este produto é menos potente que o hidróxido de sódio, mas também provoca danos à haste capilar, sendo um produto de ação intermediária entre o hidróxido de sódio e o tioglicolato de amônio (SÁ DIAS, 2015). Outros produtos alisantes podem ser empregados em alisamentos capilares definitivos. Alisantes capilares de acordo com cada tipo de cabelo A escolha do tipo de produto a ser utilizado em cada cabelo deverá ser feita pelo profissional de estética capilar após a avaliação do cabelo a ser tratado quimicamente com o alisamento definitivo. Entretanto, no geral, algumas indicações podem ser feitas e são elencadas a seguir: � Cabelos lisos — O produto mais indicado para alisamento definitivo de cabelos lisos é o tioglicolato de amônio. Normalmente, os clientes que procuram alisamento definitivo possuem cabelos lisos, mas muitas vezes com pequenas ondulações (ALISA MONALISA, 2014). 7Alisamento definitivo � Cabelos ondulados — Se forem poucas ondulações, o ideal é também a aplicação de tioglicolato de amônio. A queixa comum dos clientes com este tipo de cabelo é o volume exagerado dos fios (ALISA MO- NALISA, 2014). � Cabelos encaracolados — Este tipo de cabelo possui ondulações que se apresentam desde bem próximo do couro cabeludo. Neste caso, o indicado é o hidróxido de guanidina (ALISA MONALISA, 2014). � Cabelos crespos e afro — Por serem cabelos mais resistentes aos trata- mentos de alisamentos, eles necessitam de tratamentos mais intensivos. Neste caso, indica-se o uso de hidróxido de sódio (HALAL, 2011). Danos decorrentes do processo de alisamento capilar definitivo A literatura traz alguns possíveis efeitos pós-alisamento que são chamados de danos à haste capilar. Dentre esses danos pode-se citar os que mais comumente ocorrem, como: fratura da haste, alopecia cicatricial, síndrome da degeneração folicular, indução de eflúvio telógeno e um possível dano ao folículo pilossebá- ceo. A quebra do fio, em geral, ocorre no ponto da junção da parte previamente alisada com o cabelo novo que está sendo quimicamente tratado ou mesmo na parte distal do cabelo, por possuir menor quantidade de cutículas. Além disso, podem surgir efeitos relativos a queimaduras de couro cabeludo que ocorrem quando o produto é aplicado diretamente na pele (GIAMPÁ, 2016). Os cabelos após tratamentos de alisamento podem ficar com aspecto de cabelos plásticos, em virtude de alterações na elasticidade dos fios. Isso se deve à perda de proteínas e da resistência, o que, consequentemente, causa a quebra dos fios com maior facilidade (BONDE, 2013). As lesões de alopecia cicatricial costumam acontecer em situações em que há queimaduras do couro cabeludo por má aplicação do agente alisante de modo que cause uma lesão permanente no folículo piloso. Os produtos químicos utilizados em alisamentos capilares definitivos tornam os fios ásperos, porosos e quebradiços, com menor resistência à tração, devido à produção de íons negativos carregados ao longo da molécula de queratina. Além disso, em um cabelo que já se encontra mais fragilizado, o ato de pentear os fios e escová-los também geram a produção de íons negativos na cutícula e no córtex, principalmente nos cabelos quimicamente tratados (SÁ DIAS, 2015). Alisamento definitivo8 Além dos danos químicos ocasionados pelos produtos alisantes, os cabelos ficam suscetíveis a danos térmicos ocasionados pelo uso do secador diariamente e associados ao uso de chapinha em alta temperatura durante o procedimento de alisamento definitivo. As altas temperaturas utilizadas nas chapinhas são mais que suficientes para atuar na desnaturação das proteínas do fio, ou seja, desnaturar a queratina. Isso deixa o fio com aparência lisa, mas essas tempera- turas elevadas causam prejuízos à estrutura dos cabelos e esses danos, como a presença de fissuras no fio de cabelo, refletem em um cabelo áspero, sem brilho, mais suscetível à quebra, entre outros sinais de danos. Vale ainda lembrar que quanto maior a temperatura, maior serão os danos (GIAMPÁ, 2016). Esses danos citados na haste capilar, em geral, são visualizados micros- copicamente, mas na prática são sentidos pelo toque dos fios, que os tornam ásperos, secos e de difícil escovação. A Figura 3 mostra um cabelo danificado. Inicialmente há o aumento da abertura das cutículas decorrente do aumento da porosidade e posterior danos às camadas mais internas dos fios, como córtex e medula, uma vez que a partir do momento que a camada externa encontra-se fragilizada — e ela é responsável pela proteção — as camadas mais internas ficam expostas a danos. Figura 3. Cabelo fragilizado. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. 9Alisamento definitivo Para minimizar esses efeitos, utiliza-se, após o processo de lavagem, os agentes condicionadores, para manter os cabelos mais maleáveis, fáceis de pentear, brilhantes e sedosos. Os condicionadores reduzem a eletricidade estática e o atrito entre os fios de cabelo, desembaraçando-os devido aofato de gerarem o depósito de íons positivos carregados dentro do fio, os quais se ligam aos íons negativamente carregados, neutralizando-os. O atrito, então, é diminuído, provocando um aumento na adesão das escamas da cutícula e, com isso, o fio reflete mais a luz incidente e fica sedoso ao toque quando se faz o uso de agentes condicionadores. Dentre os condicionadores indicados, cita-se os de uso instantâneos, profundos, que são aqueles com enxágue, e os leave-in, que são os sem enxágue (ABRAHAM et al., 2009). A escolha correta de xampus e condicionadores de uso diário também garante redução dos danos aos fios de cabelo. No link a seguir você confere um artigo que explica a atuação dos xampus e dos condicio- nadores na haste capilar após tratamentos químicos como os alisamentos (ABRAHAM et al., 2009). https://goo.gl/jzF6Ty Além dos danos ocasionados à haste capilar, podem ocorrer danos oca- sionados à saúde do cliente e do profissional que estão relacionados princi- palmente à escolha dos produtos, ao seu manuseio, à escolha de profissionais não capacitados, a tratamentos realizados no ambiente domiciliar pelo cliente e a alguns erros que podem desencadear problemas e que são de responsabi- lidade do profissional de estética capilar. A maioria dos produtos utilizados em alisamentos capilares atualmente são considerados seguros, desde que seja limitada a exposição a estes agentes e que sejam utilizados conforme as orientações do fabricante (HALAL, 2011). Basicamente, o simples contato com agentes químicos dentro de salões não é considerado lesiva, entretanto, possui um nível de exposição seguro e que deve ser levado em consideração pelos profissionais. O simples contato dos produtos de alisamento não causa danos. O perigo e os danos estão em exceder essa exposição adequada e optar pelo uso de produtos alisantes sem Alisamento definitivo10 registro pela Anvisa e que não tenham registro que garanta a segurança (HALAL, 2011). Quanto ao armazenamento dos produtos utilizados, devem ser mantidos pelo profissional dentro da embalagem original, em locais secos e frescos, longe de luz e calor e frio excessivos. Além disso, a mistura de produtos a ser utilizada deve sempre seguir as orientações do fabricante, considerando que cada produto pode ter orientações específicas. Para a segurança e prevenção de danos à saúde do profissional, este deve fazer uso de luvas para aplicação do agente alisante, evitando assim o contato direto com a pele. A sala deve também ser bem ventilada, evitando exposição excessiva ao vapor produzido pelos aquecimentos dos fios de cabelo. Além disso, o profissional deve utilizar lixeiras para descartar os restos de produtos e esvaziá-las frequentemente. O uso de máscaras, neste caso, não possui efe- tividade, uma vez que apenas protege dos pós e não dos vapores encontrados nos processos de alisamento. Quanto à segurança e prevenção de prejuízos à saúde do cliente, é impor- tante que ele receba uma solução prévia com finalidade de proteção de couro cabeludo e pele, que pode ser a vaselina, capaz de evitar o contato do agente alisante com a pele do cliente e que deve ser passada nas áreas próximas ao cabelo, nuca e face (HALAL, 2011). Além dos danos ocasionados à saúde humana elencados anteriormente, é importante salientar que a escolha de um profissional adequado para realizar o tratamento evita prejuízos à saúde e também aos cabelos. Os tratamentos de alisamento são seguros, mas necessitam ser aplicados por profissionais capacitados, pois demandam de conhecimentos científicos prévios. Além disso, não devem ser realizados pelo cliente no ambiente domiciliar, considerando o fato de necessitar de um profissional que conheça a técnica e os produtos a serem utilizados (ALISA MONALISA, 2014). Incompatibilidades químicas no uso de alisantes capilares Atualmente, é comum encontrar na prática diária um cliente que possua ca- belos que já tenham recebido diferentes tipos de química, como, por exemplo, alisamento e coloração, ou dois tipos de alisamentos em um curto período de tempo. Um problema que pode surgir do uso de várias químicas no mesmo cabelo é a incompatibilidade entre as químicas, ou seja, a incompatibilidade entre os produtos utilizados, pois alguns deles não reagem bem quando em contato com outro. 11Alisamento definitivo Diante dessa incompatibilidade química entre os mais diferentes produtos aplicados aos cabelos, é importante que antes de qualquer procedimento, o cliente relate ao profissional o seu histórico de químicas. Considerando os produtos aplicados a alisamentos capilares, o uso de diferentes tipos de alisantes à base de tioglicolato são compatíveis entre si, mas incompatíveis com os hidróxidos. Essa questão é muito importante, uma vez que o uso combinado desses produtos pode desencadear reações não desejadas e resultar em danos capilares intensos (HALAL, 2011). Portanto, para cabelos que tenham recebido outros tratamentos químicos, como tintura e descoloração e em condições em que os cabelos estão saudáveis, é indicado o uso de tioglicolato de amônio. Clientes que possuam luzes nos cabelos devem ser cautelosos no tratamento de alisamento capilar, uma vez que a presença de mechas e luzes normalmente vem associada a cabelos mais ressecados e a aplicação de um novo procedi- mento químico de alisamento tende a causar maior ressecamento. Neste caso, indica-se o uso de produtos como o tioglicolato, que é menos agressivo, e se caso o cliente desejar colorir as mechas deve preferir o uso de produtos isentos de amônia, para evitar prejuízo adicionais aos fios. Quanto aos retoques de raiz em alisamentos definitivos, uma vez que o cabelo foi alisado com hidróxido de sódio, ele sempre deverá fazer o uso do mesmo produto para o retoque, da mesma forma que quando foi feito o uso de tioglicolato também o retoque deve ser feito com o mesmo produto (HALAL, 2011). O uso de hidróxido de sódio não deve ser feito em cabelos que estiverem descoloridos, mesmo que no momento da aplicação do alisamento já estejam coloridos. Além disso, uma vez que o cabelo recebeu alisamento permanente com uso de hidróxido de sódio nunca mais deverá ser descolorido, mas é possível que o cliente faça colorações (SANTOS, 2017). No uso do tioglicolato, a coloração permanente ou tonalizante pode ocorrer cerca de 15 dias após o alisamento. Deve-se ter em mente que cabelos alisados tornam-se mais suscetíveis à química, especialmente ao clareamento (COSTA; MOZER, 2010). Além disso, cabelos em tonalidades loiras muito claras devem receber atenção especial, já que cabelos com tonalidades muito claras tendem a deixar os cabelos extremamente frágeis. Neste caso, é indicado que o cliente opte por tratamentos de relaxamento ou alisamentos progressivos e não um alisamento definitivo, uma vez que esses cabelos são mais frágeis e tendem a apresentar maiores danos capilares que cabelos e tonalidades mais escuras. Alisamento definitivo12 O cabelo que foi descolorido já passou por um procedimento químico muito forte e agressivo e pode ser que não resista à química ocasionada pelo alisamento. Clientes com cabelos mais resistentes, em boas condições e com poucas luzes descoloridas podem receber o tratamento de alisamento definitivo apenas se os cabelos estiverem em ótimas condições e se a quantidade de luzes for pequena (SANTOS, 2017). Os cabelos finos sofrem um pouco mais com os danos ocasionados pelo alisamento definitivo. Por isso, atualmente, o mercado dispõe de produtos de alisamento definitivo específicos para cabelos finos que contenham em sua composição repositores moleculares e outros produtos que objetivam proteger os fios de cabelo (BELLKEY, 2018b). O tioglicolato não é compatível com os hidróxidos; por isso, a aplicação simultânea dos produtos sobre a mesma área acarretará na quebra do cabelo (HALAL, 2011). Diante dessas incompatibilidades, é essencial que o profissional de estética capilar conheçaas compatibilidades e incompatibilidades dos produtos utili- zados, prevenindo e evitando assim danos ao cabelo. Entretanto, muitas vezes, o cliente apresenta-se com um tratamento químico, mas não sabe exatamente qual produto foi utilizado de modo que você, enquanto profissional de estética capilar, necessita conhecer para evitar as incompatibilidades de químicas. Uma das maneiras de evitar danos decorrentes de incompatibilidades é a realização do teste de mecha que consiste em separar uma pequena mecha de cabelo e aplicar a química que se tem objetivo de utilizar no cabelo todo. Deixa-se o produto agir conforme a orientação do fabricante e, após isso, se o cabelo não apresentar lesão é possível realizar a aplicação do produto em todo o cabelo com segurança. Esse teste também pode ser feito para indicar alergia ao produto utilizado (BONDE, 2013). Cuidados após alisamento capilar definitivo O alisamento definitivo traz o resultado tão desejado de fios lisos. Entretanto, ao mesmo tempo, traz uma série de danos à haste capilar, decorrentes da ação 13Alisamento definitivo dos agentes químicos e térmicos sobre os fios. Os sinais mais comuns presentes no fio de cabelo após o alisamento são o resultado de alterações que aumentam a fragilidade capilar, como: aumento da porosidade capilar, ressecamento dos fios, principalmente das pontas, o que causa dificuldades no pentear e aumento da chance de quebra dos fios (GIAMPÁ, 2016). Os cuidados com os fios de cabelo devem iniciar previamente à realização do tratamento de alisamento definitivo e incluem uma avaliação capilar feita pelo profissional da área. Antes do alisamento, o profissional deve avaliar os fios, analisando compatibilidades químicas e as condições do cabelo, além da necessidade de realizar o teste de mecha. No caso de alisamentos definitivos, como o produto age lentamente nos fios, recomenda-se que o teste para o alisamento definitivo seja feito uma semana antes do tratamento. Isso porque a ação da química utilizada nos alisamentos definitivos ocorre lentamente e pode demorar alguns dias até que o cabelo apresente sinais de lesão como a quebra dos fios. Após uma boa avaliação é que o cliente se encontra apto a realizar o tratamento selecionado. Dessa maneira, se o tratamento for aplicado a cabelos que se encontram saudáveis as chances de ocorrerem danos são minimizadas (KRAUSE, 2019). Considerando todos os danos e agressões que o tratamento com alisamento definitivo causa, é importante que após todo procedimento o cliente esteja bem orientado acerca dos principais cuidados pós-alisamento, de modo a garantir um alisamento com o mínimo de danos à haste capilar. O primeiro item a ser elencado é a necessidade de hidratações intensivas nos fios de cabelo que passaram pelo alisamento definitivo. Essa hidratação pode ser realizada no ambiente domiciliar pelo cliente semanalmente, com utilização de máscaras que atendam as características dos fios de cabelos do cliente, incluindo o fato de estarem quimicamente tratados. Mas, dependendo da condição dos fios, são necessárias hidratações mais intensivas realizadas pelo profissional, quinzenalmente ou mensalmente, de acordo com avaliação capilar. Por isso, a orientação ao cliente deve ser de realizar as hidratações domiciliares, mas manter hidratações no salão de maneira regular, para que o profissional de estética capilar possa acompanhar o processo pós-alisamento e indicar novos tratamentos, se necessário (KRAUSE, 2019). O segundo item elencado refere-se à escolha adequada de produtos cos- méticos capilares, incluindo xampus e condicionadores. Esses cosméticos devem atender as novas necessidades dos fios de cabelo: alisados e tratados quimicamente. Hoje, o mercado disponibiliza uma gama desses produtos. No geral, eles visam atenuar os danos à haste capilar, sendo menos agressivos e auxiliando na hidratação extra que os fios de cabelo necessitam. Além disso, Alisamento definitivo14 na escolha dos xampus, é importante que o cliente opte por xampus que não sejam antirresíduos, uma vez que estes geram uma higienização mais profunda através dos tensos ativos presentes neste produto, de modo que agrida muito os fios e aumente a chance de retirar produtos do alisamento dos fios de cabelo de maneira precoce (BONDE, 2015). O link a seguir traz informações complementares sobre a escolha dos cremes ideais para tratar dos ca- belos alisados e relaxados em casa até que seja feito o próximo retoque de raiz, além de dicas fundamentais sobre casos de incompatibilidades químicas entre produtos e tipos de alisamentos (FERNANDES, 2016). https://goo.gl/vA84TW O uso do secador também deve ser elencado ao cliente como um dos cui- dados pós-tratamento com alisamento definitivo. O uso deve ocorrer sempre que os fios passarem pelo processo de lavação. Inicialmente, o cliente deve retirar o excesso de água dos fios com auxílio de uma toalha e, posterior a isso, realizar a secagem dos fios. Vale ressaltar que mesmo em situações onde o cliente tomou banho mas não lavou o cabelo é importante indicar que ele faça o uso do secador, pois ao tomar banho sem lavar os fios, normalmente, o cliente mantém o cabelo preso e associado à umidade presente no banheiro o cabelo pode ficar com marcações mais facilmente. Portanto, uma maneira de evitar essas “marcas” no cabelo é fazer o uso de maneira rápida do secador (KRAUSE, 2019). O uso do secador pode ser empregado também após o cliente acordar, pois durante a noite, dependendo do posicionamento adotado pelo cliente, os cabelos podem ficar marcados até o final do dia. Dessa maneira, assim como após o banho sem lavagem dos fios, o cliente pode aplicar o secador por alguns poucos minutos visando retirar essas marcações (KRAUSE, 2019). O cliente deve lembrar ainda de fazer uso de protetor térmico nos fios de cabelo de maneira prévia à aplicação do secador. A temperatura do secador não deve ser muito quente, referindo temperaturas medianas e mantendo o secador no mínimo 10 centímetros de distância dos fios. 15Alisamento definitivo Manter os cabelos em comprimentos ideais também é uma das orientações a serem dadas. Após o procedimento de alisamento os cabelos tendem a ficar mais ressecados, principalmente nas pontas. Cabelos excessivamente longos costumam sofrer mais com as agressões do tratamento de alisamento. Nesse caso, a orientação é manter um comprimento de acordo com o objetivo do cliente, mas que não seja excessivamente longo (KRAUSE, 2019). À medida que cresce, a raiz do cabelo que passou por um alisamento definitivo vai ficando mais evidente. Portanto, para que a aparência dos fios permaneça lisa, é indicado que o cliente realize manutenções para o retoque da raiz de acordo com o crescimento de seus fios, levando em consideração que cada cabelo possui uma velocidade de crescimento, mas, em média, ele cresce aproximadamente 1 cm/mês (KRAUSE, 2019). Considerando que o cabelo cresce, em média, 1 cm/mês, dá para concluir que se o cabelo for muito crespo, provavelmente, o retoque do alisamento definitivo deverá ser feito pelo menos a cada três meses, de modo a manter a aparência dos fios lisos uniformemente. Por outro lado, se a raiz for naturalmente lisa ou levemente ondulada, o cliente poderá ficar até seis meses sem realizar os retoques. Outros cuidados após o tratamento com alisamento definitivo referem-se a aqueles clientes que realizaram o tratamento, mas que depois de um período querem mudar de química, ou seja, não querem mais o alisamento definitivo. Neste caso, o cliente deve ser orientado a alguns cuidados antes da aplicação de um novo tratamento. A orientação é aguardar de 4 a 8 meses, dependendo das características do cabelo, período no qual o cliente não deve aplicar qualquer outro tratamento químico nos fios. Durante esse período, caso o cliente queira cabelos mais lisos poderá fazer uso de meios de alisamento físicos, como escovas e chapinhas. Após esse prazo,o cliente deve ser submetido a um novo teste de mecha com a nova química escolhida e observar como o cabelo reagirá dentro de pelo menos uma semana. Se após uma semana o cabelo do cliente não apresentar lesão ou indicar fragilidade capilar, o cabelo poderá ser liberado para um novo tratamento (SANTOS, 2017). Alisamento definitivo16 ABRAHAM, L. S. et al. Tratamentos estéticos e cuidados dos cabelos: uma visão médica (parte 2). Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 1, n. 4, 2009. Disponível em: <http://www. surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/40/Tratamentos-esteticos-e-cuidados-dos- -cabelos--uma-visao-medica--parte-2->. Acesso em: 27 jan. 2019. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Consulta a cosméticos regu- larizados. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/cosmeticos/consultas>. Acesso em: 27 jan. 2019. ALISA MONALISA. Escova definitiva — alisamento definitivo — escova permanente. 2014. Disponível em: <https://escovaprogressivabrasil.com/escova-definitiva/>. Acesso em: 27 jan. 2019. BELLKEY. Alisamentos com hidróxidos: tudo o que você precisa saber. 2018a. Disponível em: <https://www.bellkey.com.br/alisamento-com-hidrxidos-tudo-que-voc-precisa- -saber/>. Acesso em: 27 jan. 2019. BELLKEY. Entenda o alisamento com tioglicolato de amônio. 2018b. Disponível em: <ht- tps://www.bellkey.com.br/entenda-o-alisamento-com-tioglicolato-de-amnio/>. Acesso em: 27 jan. 2019. BONDE. Confira 18 cuidados que prolongam o alisamento dos cabelos. 2015. 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