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• Refletir sobre a produção do conhecimento científico, relacionando os seus paradigmas com o cotidiano escolar, acadêmico; • Conhecer a origem da Ciência Moderna, nomeando os seus pressupostos elaborados por Galileu, Descartes e Newton; • Identificar as características da Ciência Pós-Moderna, analisando as suas influências na atualidade. Os objetivos de aprendizagem dessa seção são: • A Ciência é infalível? • A Ciência é neutra, imparcial? • Qual é o papel dos paradigmas na vida do Homem? • Quais são as características do conhecimento científico? • Qual é a relação entre o conhecimento científico e o cotidiano escolar, acadêmico? • Como o docente constitui seus paradigmas? REFLEXÃO MARIO SERGIO CORTELLA - Novos Paradigmas na Educação. http://www.youtube.com/watch?v=GQPXp7KOYAM 2.1.1 A Ciência moderna Desde a Pré-História, a Humanidade elabora distintas explicações sobre o mundo, as quais ampliaram suas habilidades físicas, emocionais, cognitivas e sociais, resultando em uma complexificação da vida coletiva e do domínio do espaço circundante. A Arte, a Ciência, a Filosofia e a Religião são frutos de esforços milenares do Homem para desbravar o desconhecido. Hipócrates de Crós (460 a.C. - 380 a.C.) Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), Arquimedes (287 a.C. - 212 a.C.) Euclides (c. 310 a.C.) Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) Platão (427 a.C. - 347 a.C). Teofrasto (371 a.C. - 287 a.C.) Aristarco de Samos (310 a.C. - 230 a.C.), Cláudio Ptolomeu (120 d.C. - 180 d.C.) Os primeiros cientistas precursores da Ciência moderna a.C d.C Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) Platão (427 a.C. - 347 a.C). Sócrates afirmava que o conhecimento do que era correto estava dentro de cada pessoa, motivo pelo qual tanto valorizava o autoconhecimento “Conhece-te a ti mesmo!” o concreto – apreendido por nossos sentidos e em constante mutação o abstrato – habitado pelas ideias, imutável, independente do tempo e do espaço, que nos é acessível somente pelo intelecto DOIS MUNDOS Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), Existe somente o mundo em que vivemos, a partir do qual toda a atividade filosófica pode se desenvolver, a qual busca conhecê- lo e entendê-lo. O MUNDOS DAS EXPERIÊNCIAS ERA MODERNA TEORIA HELIOCÊNTRICA Os cientistas forjados nesse momento histórico tiveram a “[...] coragem de questionar verdades tidas como imutáveis, numa época em que as coisas eram simplesmente porque sempre haviam sido”, bem como enfrentaram a “[...] resistência e a oposição que a sociedade, nas suas diversas instituições, ofereceu ao modo ‘insensato’ e ousado de confrontar a realidade com questionamentos e dúvidas.” (BARGUIL, 2000, p. 134-135). A contribuição de René Descartes (1596-1650) foi criar “[...] o método do pensamento analítico, que consiste em quebrar fenômenos complexos em pedaços a fim de compreender o comportamento do todo a partir das propriedades das suas partes.". (CAPRA, 2001, p. 34). Numa perspectiva cartesiana, a natureza se divide em dois domínios independentes: a mente e a matéria. O universo material seria uma máquina, que poderia ser completamente entendida se fosse analisada em suas menores partes (CAPRA, 2001, p. 34-35). A concepção do mundo como uma máquina governada por regras matemáticas, exatas recebeu a contribuição do físico inglês Isaac Newton (1643-1727), que elaborou três leis (inércia, força e ação e reação), explicando o movimento dos corpos e, ainda, a forma como as forças atuam neles. TEORIA CARTESIANA LEIS DE NEWTON Por quê (justificativa); Para quê (objetivos); O quê (conteúdos); Como (metodologia); Quando e Como (tempo e atividades); Com o quê (recursos didáticos). Essa concepção de conhecimento, obtido no isolamento da realidade e na fiel obediência da estabilidade das condições, criou a crença de que esse mundo domesticado e artificial era mais importante e válido do que aquele que tem cheiro e barulho, e que o conhecimento naquele produzido era universal, porquanto objetivo (NAJMANOVICH, 2001, p. 41-42). A INFLUÊNCIA DA CIÊNCIA MODERNA RAZÃO EMOCIONAL CORPORAL ESPIRITUAL TEORIA E PRÁTICA ESCOLA E VIDA ROSA DE HIROSHIMA Gerson Conrad e Vinicius de Moraes Pensem nas crianças mudas, telepáticas Pensem nas meninas cegas, inexatas Pensem nas mulheres, rotas alteradas Pensem nas feridas como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária A rosa radioativa, estúpida e inválida A rosa com cirrose, a anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada Gonçalves (1994, p. 20) entende que o Homem, ao privilegiar a explicação do Universo por meio de leis matemáticas e mecânicas, acredita ter encontrado na razão a solução para todas as suas dúvidas e angústias, permitindo-o transformar o mundo conforme os seus interesses, merecendo, por isso, o status de único instrumento válido de conhecimento, levando, assim, a um distanciamento de seu corpo, que passou a ser visto apenas como um objeto que precisa ser disciplinado e controlado, assim como toda a natureza. PÓS MODERNA No âmbito da Mecânica Clássica, o conhecimento da posição e do momento (massa e velocidade) de um corpo possibilita calcular o seu movimento e a sua posição. A Mecânica Clássica foi abalada no início do século XX, quando Albert Einstein (1879- 1955) brindou-nos com a Teoria da Relatividade – Restrita/Especial, em 1095, e a Geral, em 1915 – e reformulou as definições de massa (que varia de acordo com a velocidade do objeto) e de espaço e tempo (precisa considerar a posição e o movimento do observador e do observado). Em 1927, Werner Heisenberg (1901-1976) formulou o Princípio da Incerteza, segundo o qual não é possível determinar com precisão e simultaneamente a posição e o momento de uma partícula. Enquanto na Mecânica Clássica, o ser é somente matéria, na Mecânica Quântica, ele se manifesta como matéria e movimento, como corpúsculo e irradiação, motivo pelo qual a equação de Einstein é mais “[...] do que uma equação de transformação, é uma equação ontológica.”. (BACHELARD, 1985, p. 66). Albert Einstein (1879-1955) Werner Heisenberg (1901-1976) Princípio da Incerteza Teoria da Relatividade QUEBRAS DE PARADIGMAS Einstein relativiza o rigor das leis de Newton; demonstra que a simultaneidade dos acontecimentos distantes não pode ser verificada empiricamente; só pode ser definida. Não havendo simultaneidade universal, o tempo e o espaço absolutos de Newton deixam de existir. Disso resulta que os acontecimentos simultâneos num sistema de referência não são simultâneos noutro sistema. Ou seja, os instrumentos de medida não têm magnitudes independentes, ajustam-se ao campo métrico do espaço. TORALLES- PEREIRA, 1997, p. 55) Heinsenberg e Bohr demonstram que não é possível observar ou medir um objeto sem o alterar, a tal ponto que o objeto que sai de um processo de medição não é o mesmo que lá entrou. A demonstração dessa interferência estrutural do sujeito no objeto observado tem implicações relevantes para a ciência. De um lado, só podemos aspirar a resultados aproximados e a leis probabilísticas, já que o rigor do nosso conhecimento é estruturalmente limitado. De outro, inviabiliza-se a hipótese do determinismo mecanicista já que a totalidade do real não se reduz à soma das partes em que o dividimos para observar e medir. Por último, a distinção sujeito/objeto é muito mais complexa do que parece à primeira vista, perdendo seus contornos e passando a assumir a forma de um “continuum”. TORALLES-PEREIRA, 1997, p. 55) Na mudança do pensamento mecanicista para o pensamento sistêmico, a relação entre as partes e o todo foi invertida. A ciência cartesiana acreditava que em qualquer sistema complexo o comportamento do todo podia ser analisado em termos das propriedades de suas partes. A ciência sistêmica mostra que os sistemas vivos não podem ser compreendidos por meio da análise. As propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todomaior. Desse modo, o pensamento sistêmico é pensamento “contextual”; e, uma vez que explicar coisas considerando o seu contexto significa explicá-las considerando o seu meio ambiente, também podemos dizer que todo pensamento sistêmico é pensamento ambientalista. Capra (2001, p. 46-47) [...] a visão do universo como um sistema mecânico composto de blocos de construção elementares, a visão do corpo humano como uma máquina, a visão da vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência, a crença no progresso material ilimitado, a ser obtido por intermédio de crescimento econômico e tecnológico, e – por fim, mas não menos importante – a crença em que uma sociedade na qual a mulher é, por toda a parte, classificada em posição inferior à do homem é uma sociedade que segue uma lei básica da natureza. (CAPRA, 2001, p. 25). A civilização que acreditou nas certezas definitivas, no conhecimento absoluto e no progresso permanente começou a ser derrubada e está se abrindo passagem para novos modos de pensar e viver no mundo. Da concepção do universo como um cosmo mecânico, estamos passando à concepção de ilhas de estabilidade em um mar de caos. Da afirmação da possibilidade de um conhecimento absoluto, verdadeiro, objetivo e universal, passamos a afirmar o perspectivismo, a inseparabilidade absoluta do observador e do observado, a íntima ligação entre a teoria, a ação, a emoção e os valores. De um mundo em que as ciências e as humanidades estavam separadas em duas culturas radicalmente distintas, estamos começando a percorrer um caminho em direção a uma ciência que se considere a si mesma como um “olhar poético da natureza” (PRIGOGINE e STENGERS) e artes que não hesitam de se propor como formas de conhecimento. (NAJMANOVICH, 2001, p. 65-66). A objetividade postulada e praticada pela Ciência moderna influenciou a forma como o corpo do sujeito foi percebido, porque as emoções, o modo de perceber, sentir e agir, e os vínculos do pesquisador com o mundo, precisam ser extirpados para que ele produza um conhecimento válido. Assim, o corpo é reduzido àquilo que pode ser medido, representado (NAJMANOVICH, 2001, p. 19) Essas reflexões indicam a necessidade de se elaborar uma Educação que esteja de acordo com essa nova compreensão de mundo. A interação dos agentes é privilegiada para fomentar o crescimento mútuo, em detrimento de rituais meramente burocráticos, que se prestam, na maioria das vezes, apenas a cumprir uma obrigação. Para tanto, é indispensável que o professor modifique o seu papel, não para diminuir a sua importância e dos saberes que já domina, mas para instaurar uma nova dinâmica à sua bagagem cultural e emocional, bem como à dos estudantes, mediante um processo reflexivo (DOLL JR., 1997, p. 119). Quais são as implicações disso para a Educação? O professor é leitor; O aluno é um receptor passivo; Sala de aula: ambiente de escuta; A experiência passa do professor para o aluno; O aluno aprende e estuda por obrigação Conteúdos curriculares fixos Tecnologia: desvinculada do contexto Os recursos tecnológicos são manipulados pelo professor A escola é uma ilha O professor é orientador do estudo; O aluno é o agente da aprendizagem; Sala de aula: ambiente de cooperação; Troca de experiências; O aluno aprende e estuda por motivação. Tecnologia: está dentro do contexto; Tecnologia: instrumento a serviço do homem; Os recursos tecnológicos são manipulados pelo professor e pelos alunos; A escola é um espaço aberto e conectado com o mundo ANTIGO PARADGMA NOVO PARADGMA RAMAL, Andrea Cecilia. 1997 • A Ciência é infalível? • A Ciência é neutra, imparcial? • Qual é o papel dos paradigmas na vida do Homem? • Quais são as características do conhecimento científico? • Qual é a relação entre o conhecimento científico e o cotidiano escolar, acadêmico? • Como o docente constitui seus paradigmas? REFLEXÃO Aquele velho medo de errar Aquele velho medo de dizer "não sei" Andrea Cecilia Ramal "O que faz de mim ser o que sou É gostar de ir por onde ninguém for Do alto coração mais alto coração" (Byafra, Sonho de Ícaro) Bem como a persistência e a humildade: enquanto uma acelera, a outra freia. A vida conclama a todos – artistas, cientistas, anônimos, famosos... – a se expandirem. Seja cuidadoso com as marcações – internas e externas – e voe.. Paulo Meireles Barguil
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