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Créditos de carbono são unidades de medida que correspondem, cada uma, à uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (t CO2e). Essas medidas servem para calcular a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) e seu possível valor de comercialização. Sim, é isso mesmo, a redução das emissões de gases do efeito estufa pode ser comercializadas. Com base no Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential - GWP, na sigla em inglês), todos os gases do efeito estufa são convertidos em t CO2e. Dessa maneira, o termo "carbono equivalente" (ou COe) é a representação dos gases do efeito estufa em forma de CO2. Assim, quanto maior o potencial de aquecimento global de um gás em relação ao CO2, maior será a quantidade de CO2 representada em CO2e. Nações que promovem redução das emissões de gases do efeito estufa recebem uma certificação de redução que contará como créditos de carbono. Esses últimos, por sua vez, podem ser comercializados com os países que não reduziram emissões. Sendo assim, quanto mais forem reduzidas as emissões em toneladas de CO2 equivalente por um país, maior será a quantidade de créditos de carbono disponível para a comercialização, proporcionalmente. História Os créditos de carbono surgiram com o Protocolo de Quioto, acordo internacional que estabeleceu que, entre 2008 e 2012, os países desenvolvidos deveriam reduzir 5,2% (em média) das emissões de gases do efeito estufa em relação aos níveis medidos em 1990. Apesar da meta de redução ser coletiva, cada país obteve metas individuais mais altas ou mais baixas de acordo com seu estágio de desenvolvimento. Dessa forma, houve permissão para os países em desenvolvimento aumentarem suas emissões. Isso porque o tratado é baseado no princípio de "responsabilidades comuns, mas diferenciadas": a obrigação de reduzir as emissões em países desenvolvidos é maior porque, historicamente, eles são (mais) responsáveis pelas concentrações atuais de gases do efeito estufa emitidas na atmosfera. A União Europeia ficou com a meta de reduzir 8% de suas emissões, enquanto os EUA ficaram com a meta de reduzir 7%, o Japão 6% e a Rússia 0%. Em contrapartida, para a Austrália foi permitido um aumento de 8% e, para a Islândia, 10%. Países em desenvolvimento, incluindo China e Índia, não foram obrigados a reduzir as emissões. Os Estados Unidos e o Canadá negaram-se a ratificar o Protocolo de Quioto, sob a alegação de que os compromissos acordados seriam negativos para as suas economias. Todas essas definições estavam alinhadas com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Quioto, que prevê a redução certificada das emissões. Quem promove a redução da emissão de gases poluentes tem direito a certificação de créditos de carbono e pode comercializá-los com os países que têm metas a cumprir. Entretanto, com o Acordo de Paris - tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC - sigla em inglês) que rege medidas de redução da emissão de dióxido de carbono a partir de 2020 e que substituiu o Protocolo de Quioto - ficou estabelecido que as metas e compras de redução de emissões são todas definidas de maneira doméstica, ou seja, cada país define o quanto quer reduzir e como e de quem quer comprar os créditos de carbono. Obstáculos e mercado Apesar dos créditos de carbono terem sido uma ideia aceita e regulamentada, sua implementação no mercado não tem sido muito rápida. De acordo com especialistas do programa Certified Emission Reduction Units Procurement Tender, a pouca aderência dos créditos de carbono ao mercado se deve ao fato de que os projetos envolvendo créditos de carbono não são desenvolvidos como o único propósito da venda. Normalmente, são projetos de energia em que a venda de créditos de carbono é um dos elementos da receita. Assim, se a venda dos créditos de carbono não compensar a diferença de custo entre a energia mais limpa e a convencional, o projeto de redução de emissão é deixado de lado. Além disso, a pouca aderência do mercado aos créditos de carbono é ocasionada pela incerteza da aprovação dos projetos envolvendo redução de emissão de GEEs. Países vendedores de créditos de carbono sentem necessidade de um compromisso firme dos países compradores. Em alguns casos, os países vendedores de créditos de carbono não têm condições de criar e manter equipes voltadas para seus projetos por falta de pessoal. Ademais, o fato de cada país reduzir as emissões como bem entende traz um risco real de que alguns lancem no mercado créditos por emissões que não estão reduzindo de verdade. Isso seria um desastre para o próprio mecanismo, mas, sobretudo, para a atmosfera. Apesar desses contratempos, para ajudar a compensar as emissões de gases do efeito estufa e conectar empresas a quem fornecem créditos de carbono, indústrias e instituições criaram plataformas on-line e planejam reunir iniciativas que ainda ocorrem de forma isolada em alguns setores da economia brasileira. Acordo de Paris e a Amazônia Com a substituição do Protocolo de Quioto pelo Acordo de Paris, muitos atores envolvidos com a temática da redução de emissões de GEEs esperavam ver uma explosão de recursos para florestas em um novo mecanismo de mercado. Entretanto, o Brasil deixou as florestas de fora dos créditos de carbono com base no argumento de que a Amazônia pertence ao Brasil e não deve ser objeto do mercado internacional. NEUTRALIZAÇÃO DE CARBONO A neutralização de carbono para empresas é uma das técnicas utilizadas para compensar as emissões de gases do efeito estufa que não podem ser reduzidas. A neutralização de carbono é uma alternativa que busca evitar as consequências das mudanças climáticas (causada pelo excesso de emissões de poluentes, como o dióxido de carbono), a partir de um cálculo geral de emissão de carbono ou carbono equivalente (CO2e). Como a empresa pode começar Antes de dar início à medidas de neutralização de carbono, a empresa precisa fazer a mensuração da sua própria emissão de gases do efeito estufa. Essa mensuração pode ser feita com base em inventários que utilizam ferramentas convencionais de mensuração, como o Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol) e a ISO14064. O inventário de emissões é uma etapa essencial, pois ele serve para descobrir qual o melhor caminho para fazer a redução e/ou neutralização das emissões. Para isso, são necessários três passos: 1. Descobrir quais são as fontes de emissão (uso de fertilizante nitrogenado, transporte, etc); 2. Coletar dados (com operários, gerentes, diretores, etc); 3. Aplicar cálculo (20 litros de combustível usado emitem uma quantidade determinada de CO2e, por exemplo). Ao fazer o inventário das emissões, a empresa consegue identificar o caminho para realizar a neutralização. Esse passo pode trazer uma série de benefícios, como: • Economizar recursos com combustível e energia (a empresa identifica que melhorando a manutenção da frota economiza gasolina, por exemplo - o que além de reduzir emissões, economiza recursos); • Aumentar a competitividade e credibilidade; • Expandir a possibilidade de abertura a novos mercados; • Disponibilizar uma resposta clara aos investidores; • Viabilizar o acesso a créditos especiais, entre outros. Quando não for possível reduzir as emissões, seja porque fica muito caro para a empresa ou porque ainda não há tecnologia ou logística disponível, ela pode optar por fazer a compensação, por meio da neutralização. Redução versus neutralização Após a realização do inventário, a empresa terá as informações necessárias para decidir como pode reduzir e/ou neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa. A redução é feita pela própria empresa (aumentar a manutenção ou renovar a frota, por exemplo). Já a compensação, que também pode ser chamada de neutralização,é a redução feita por outra empresa, que a vende na forma de crédito de carbono (que podem custar menos do que a implementação da redução na própria empresa). A neutralização de carbono funciona do seguinte modo: a empresa X produz cinco toneladas de carbono em suas atividades, então, para zerar suas emissões, ela deve comprar cinco créditos de carbono (um crédito de carbono = uma tonelada de carbono equivalente - CO2e). Assim, é realizada uma busca de empresas confiáveis e certificadas, como a empresa Y, que capta o biogás de um aterro sanitário e transforma em energia, ou mesmo a empresa Z, que realiza a preservação de florestas nativas. Essas empresas geram créditos de carbono pelo uso de energia limpa ou por evitar o desmatamento. Esses créditos são calculados pelo total de CO2e que deixou de ser gerado. Então cria-se uma parceria entre as empresas - uma compra os créditos de carbono neutralizando suas emissões e outra recebe os investimentos. Ou seja, quando a empresa não pode ela mesma fazer a redução de carbono (seja porque ficaria muito caro ou porque não é possível estruturalmente) ela faz a compensação, comprando a neutralização de carbono de outra empresa. Técnicas de neutralização de carbono O plantio de árvores é uma das formas mais comuns de neutralização de carbono, devido ao fácil acesso de compra por qualquer um, sejam empresas ou pessoas. Além do sequestro de carbono por meio do plantio de árvores, a conservação de florestas traz diversos outros benefícios para o solo, água, biodiversidade, entre outros. Outra técnica comum é a neutralização de carbono por meio da utilização de energias alternativas. A geração de energia é uma grande emissora de carbono em termos globais, portanto, substituir energias convencionais por fontes de energia 100% limpas é uma forma eficiente de neutralização de carbono. A matéria "O que é energia renovável" explica como funciona essa técnica. Mas também há a técnica de captura e armazenamento de carbono - CCS (sigla em inglês para carbon capture and storage). O CCS pode ser a única opção para alcançar reduções significativas de carbono gerado pelo uso de combustíveis fósseis. Veja o processo desse método na matéria "Técnicas de neutralização de carbono: captura e armazenamento de carbono (CCS)". Mas as técnicas de neutralização de carbono não param por aí, acelerar processos naturais de intemperismo para capturar CO2 com reações naturais é outro método. Os silicatos minerais presentes em rochas quando dissolvidos pelo intemperismo reagem com o CO2 atmosférico capturando-o e convertendo- o para formas estáveis. Parece complexo? entenda melhor na matéria "Técnicas de neutralização de carbono: aceleração do intemperismo". A técnica de preservar e aumentar o estoque de carbono no solo também é bastante promissora. Por meio do manejo correto do solo e adição de matéria orgânica é possível armazenar carbono realizando assim a neutralização de emissões residuais. Veja como é simples esse método na matéria "Técnicas de neutralização de carbono: estoque de carbono no solo". Uma outra forma de sequestrar carbono da atmosfera é pela fertilização oceânica. Ela consiste na adição de ferro no oceano para aumentar o crescimento biológico da área e converter mais CO2 atmosférico em carbono estável. Entretanto, a compensação de carbono por essa técnica ainda é incerta devido aos impactos ainda não compreendidos no ecossistema marinho. Veja mais sobre os desafios e limitações dessa técnica na matéria "Técnicas de neutralização de carbono: fertilização oceânica". Como saber se minha empresa gera emissão de carbono? Preciso neutralizar? A pegada de carbono (carbon footprint - em inglês) é uma metodologia criada para medir as emissões de gases estufa - todas elas, independentemente do tipo de gás emitido, são convertidas em carbono equivalente. Esses gases, incluindo o gás carbônico, são emitidos na atmosfera durante o ciclo de vida de um produto, de processos, serviços e atividades. São exemplos de atividades que geram emissões a queima de combustíveis fósseis como as viagens de avião e a colheita mecanizada, consumo de qualquer natureza (alimentação, vestimenta, entretenimento), produção de eventos, a criação de pastagem para gado, o desmatamento, a produção de cimento, entre outras. Todas essas atividades, além dos outros gases, emitem carbono e podem ser realizadas tanto por pessoas, quanto por empresas, ONGs e governos - por isso, todas essas entidades podem realizar a neutralização de carbono. Se você come um prato de arroz e feijão, saiba que houve uma pegada de carbono para essa refeição - se em seu prato contiver alimentos de origem animal, essa pegada é ainda maior, devido à maior demanda de plantação, cultivo e transporte intrínsecas da pecuária. Conhecer a emissão de carbono, direta ou indiretamente, é muito importante para reduzi-la com a finalidade de desacelerar o aquecimento global, melhorar a qualidade de vida do planeta, reduzir a pegada ecológica e evitar o overshoot, conhecido como a sobrecarga da Terra. Reduzir o consumo supérfluo e optar por uma postura mais amigável ao meio ambiente, praticando o descarte correto e a compostagem, por exemplo, são formas de reduzir a emissão de carbono. Outra forma de contribuir para a redução da pegada de carbono é priorizar o consumo consciente, incentivando empresas que neutralizam ou reduzem suas emissões. Nesse sentido, as empresas do sistema B tem ganhado destaque. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, COP25, que ocorreu em Madri, 533 Empresas B se comprometeram publicamente a acelerar a redução de suas emissões de carbono até 2030, e não até 2050, conforme estabelecido no Acordo de Paris, em 2015. Algumas Empresas B comprometidas são: Patagonia, Davines, Allbirds, Intrepid Travel, The Body Shop, Natura, , The Guardian, entre outras. As Empresas B Certificadas são empresas que atendem aos mais altos padrões verificados de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade legal. No mundo, existem mais de 3 mil Empresas B, de mais de 70 países e 150 áreas, que usam o poder dos negócios para resolver os principais desafios sociais e ambientais de hoje, incluindo a crise climática. Se você é empreendedor ou empreendedora e quer reduzir ou neutralizar suas emissões, talvez seja interessante conhecer a Eccaplan, uma empresa que oferece o serviço de cálculo e neutralização de carbono para indivíduos e empresas. As emissões inevitáveis podem ser compensadas em projetos ambientais certificados. Dessa forma, a mesma quantidade de CO2 emitida pelas atividades da sua empresa, produtos, eventos ou no período de trabalho de cada funcionário, é compensada com incentivo e uso de tecnologias limpas. A compensação ou neutralização de carbono, além de viabilizar financeiramente projetos ambientais, melhora a qualidade de vida das pessoas e promove o uso sustentável de áreas verdes. Para saber como começar a fazer a neutralização do carbono emitido por você, sua empresa ou evento,
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