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Estruturas de Aço e Madeira I Aula 2 – Bases de cálculo Faculdade de Engenharia Engenharia civil Propriedades mecânicas fc: resistência à compressão paralela às fibras; fcn: resistência à compressão normal às fibras; ft: resistência à tração paralela às fibras; ftn: resistência à tração normal às fibras; fv: resistência ao cisalhamento paralelo às fibras; fe: resistência ao embutimento; Ec: módulo de elasticidade na compressão paralela às fibras; Ecn: módulo de elasticidade na compressão normal às fibras. Fluência da madeira A madeira é uma material viscoelástico, ou seja, sua deformação sob esforços depende do histórico do carregamento. A madeira sofre, portanto, deformação lenta (fluência), sob a ação de cargas de atuação demorada. Para cargas usuais da prática de projeto, além da deformação elástica δel observa-se a deformação de fluência δc que cresce assintoticamente, estabilizando-se a deformação total δtot num valor: δtot = δel + δc = δel (1 + φ) As deflexões das peças de madeira, a longo prazo, podem ser estimadas com um módulo de elasticidade efetivo (Ec,ef) reduzido em relação ao valor médio E. Ec,ef = E Fluência da madeira Métodos de cálculo Os objetivos de um projeto estrutural são: Garantia de segurança estrutural evitando-se o colapso da estrutura; Garantia do bom desempenho com restrição a grandes deslocamentos, vibrações e danos localizados; As etapas de um projeto estrutural podem ser reunidas em três fases: Anteprojeto ou projeto básico: sistemas estrutural e construtivo e materiais; Dimensionamento ou cálculo estrutural: definição das dimensões dos elementos da estrutura e suas ligações; Detalhamento: elaboração dos desenhos executivos contendo as especificações dos componentes. Método dos estados limites Um estado limite ocorre sempre que a estrutura deixa de satisfazer um de seus objetivos, podendo ser classificados como Estados ´Limites Últimos e Estados Limites de Serviço. Estados Limites Últimos: estão associados à ocorrência de ações excessivas e consequente colapso da estrutura devido a perda de equilíbrio como corpo rígido, ruptura de uma ligação ou seção e instabilidade em regime elástico ou não. Estados Limites de Serviço: estão associados a cargas em serviço e incluem deformações excessivas e o consequente dano a acessórios da estrutura como alvenarias e esquadrias; vibrações excessivas e consequente mau funcionamento de equipamentos e desconforto dos usuários. Método dos estados limites Ações: são classificadas de acordo com a taxa de variação de seus valores ao longo do tempo de vida da construção em permanentes (longa duração), variáveis (grande variação) e excepcionais (duração extremamente curta). Ações permanentes: peso próprio e recalque; Ações variáveis: uso da estrutura e ações devido ao vento. A NBR 8681 – Ações e Segurança nas Estruturas fixa os critérios de segurança, no contexto do método dos estados limites, a serem adotados nos projetos de estruturas constituídas de quaisquer dos materiais usuais na construção civil. Estado Limite Último As equações a seguir apresentam as expressões para cálculo de solicitações combinadas no estado limite último em situações normais e transitórias e em caso de ação excepcional, respectivamente. Combinações normais: referentes a ações decorrentes do uso previsto da estrutura. Fd = Σ γg Gi + γq1 Q1 + Σ γqj ψ0j Qj Combinações excepcionais: Fd = Σ γg Gi + E + Σ γqj ψ0j Qj Estado Limite Último Estado Limite Último Estado Limite Último Observações: Cargas atuando contra a segurança (positivas) são combinadas separadamente em relação às cargas à favor da segurança (negativas). Combinações normais são consideradas como carregamentos de longa duração (NBR 7190), e a ação combinada deve ser comparada à resistência de projeto associada a uma carga de longa duração. Dessa forma, para levar em conta a maior resistência a ações de curta duração (vento ou força de frenagem e aceleração) nas combinações normais em que estas ações forem consideradas principais (Q1 – ação de base da combinação), os seus valores serão reduzidos, multiplicando-os por 0,75. Estado Limite Último Exemplo 1 – Uma treliça de cobertura em madeira está sujeita aos seguintes carregamentos verticais distribuídos por unidade de comprimento (valor positivo indica carga no sentido da carga gravitacional). Peso próprio + peso da cobertura G = 0,8 KN/m Carga acidental Q = 1,5 KN/m Vento V1 (sobrepressão) V1 = 1,3 KN/m Vento V2 (sucção) V2 = -1,8 KN/m Calcular as ações combinadas para o projeto no estado limite último de acordo com a NBR 7190. Estado Limite de Serviço ou Utilização (ELS) Em um projeto de estrutura de madeira devem ser considerados usualmente os seguintes estados limites de utilização: Estado de deformação excessiva; Estado de vibração excessiva; Combinações de longa duração F = Σ Gi + Σ ψ2j Qj Consultar ψ2j na Tabela 3.7. Estado Limite de Serviço ou Utilização (ELS) Combinações de média duração, curta duração ou duração instantânea F = Σ Gi + ψn Q1 + Σ ψk Qj Estado Limite Último Exemplo 2 – Calcular as ações do exemplo anterior para combinações em Estado Limite de Serviço de longa e média duração. Peso próprio + peso da cobertura G = 0,8 KN/m Carga acidental Q = 1,5 KN/m Vento V1 (sobrepressão) V1 = 1,3 KN/m Vento V2 (sucção) V2 = -1,8 KN/m Resistência de projeto A tensão resistente de projeto fd de uma peça de madeira é calculada por: fd = kmod As resistências obtidas pelas tabelas de acordo com o tipo de madeira (dicotiledônea ou conífera) são dadas pelo valor médio, que devem ser transformadas em resistência característica (fk) de a Tabela 3.8. Obs: f12 = fU [1+ (U – 12)] (grau de umidade) fM = ft fcn,k = 0,25 fc,k Resistência de projeto O coeficiente kmod ajusta os valores da resistência característica em função da influência de diversos fatores na resistência da madeira, sendo calculado por: kmod = kmod1 + kmod2 + kmod3 Onde kmod1: leva em consideração o tipo de produto de madeira empregado e o tempo de duração da carga; kmod2: considera o efeito da umidade; kmod3: leva em conta a classificação estrutural da madeira. Resistência de projeto Valores tabelados de kmod,i Resistência de projeto Exemplo 3 – Uma treliça de madeira está sujeita a combinações normais de ações, como as do exemplo 1. Após a determinação dos esforços solicitantes para estas combinações de ações, verifica-se se os elementos da treliça atendem aos critérios de segurança no estado limite último. Determinar a tensão resistente de projeto à tração paralela às fibras ftd, sabendo-se que será utilizada madeira serrada de pinho do paraná e o local da construção tem umidade relativa do ar média igual a 80%. Resistência à compressão ou tração inclinada fcβ = Referências bibliográficas ANDRADE, S.; VELLASCO, P. Comportamento e projeto de estruturas de aço. 1ºed. Rio de Janeiro: PUC-RIO, 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro. MOLITERNO, A. Caderno de Projetos de Telhados em Estruturas de Madeira. 3ºed. São Paulo: Blucher, 2009. PFEIL, W; PFEIL, M. Estruturas de Madeira: dimensionamento segundo a norma brasileira NBR 7190/97 e critérios das normas norte-americana NDS e europeia EUROCODE 5. 6ºed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
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