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Contabilidade_5

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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE
Licenciatura em Gestão 
2020/2021
MJF
UL
1
PERÍODO CONTABILÍSTICO 
E PERÍODO DE RELATO
2
As entidades constituem-se, geralmente, por tempo indeterminado e a 
avaliação do desempenho da gestão exige a divisão artificial da vida das 
entidades em segmentos temporais (delimitam-se dois momentos entre os 
quais se observam as operações).
A cada um dos segmentos chamamos “período contabilístico”, “exercício 
contabilístico”, “período económico”, “exercício económico”, “exercício” ou 
“período”.
A duração do período contabilístico é, ressalvando alguma situação 
particular (por exemplo, nos exercícios de início e cessação da actividade), 
de 12 meses (anual).
NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA
3
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
4
O organismo responsável pelo processo de normalização 
contabilística a nível internacional é o IASB - International
Accounting Standards Board.
As duas principais atribuições do IASB são desenvolver um 
conjunto de normas de contabilidade e de relato financeiro 
e promover a sua aceitação e observância a nível mundial.
As normas emitidas pelo IASB designam-se genericamente 
por Normas Internacionais de Contabilidade (NIC).
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
5
As NIC incluem as seguintes normas e respetivas interpretações:
• IAS – International Accounting Standards (Normas emitidas antes de 
2001).
• SIC – Standings Interpretations Committee (Interpretações das IAS).
• IFRS – International Financial Reporting Standards (Normas emitidas 
depois de 2001).
• IFRIC – International Financial Reporting Interpretations Committee
(Interpretações das IFRS).
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
6
A União Europeia (UE), através do regulamento (CE) n.º 1606/2002 de 19 de 
Julho, obrigou todas as empresas com títulos negociados num mercado 
regulamentado (bolsa de valores) de qualquer Estado-membro a 
apresentar as suas contas consolidadas de acordo com as NIC adotadas na 
UE (não necessariamente todas as emitidas pelo IASB) a partir de 1 de 
Janeiro de 2005, deixando aos Estados-membros a decisão de alargar a 
adoção das NIC a outros casos.
A este propósito importa referir que em Portugal, as empresas dos sectores não financeiros com títulos negociados 
em bolsa (aquelas que estão apenas sujeitas à supervisão da CMVM - Comissão do Mercado de Valores 
Mobiliários) e que não apresentem contas consolidadas, têm de apresentar as suas contas individuais de acordo 
com as NIC adotadas na UE.
As empresas dos sectores financeiros com títulos negociados em bolsa (sujeitas à supervisão conjunta da CMVM e 
do Banco de Portugal ou do Instituto de Seguros de Portugal) que não apresentem contas consolidadas, devem 
prestar informação financeira complementar de acordo com as NIC adotadas na EU (caso não apresentem já as 
contas individuais de acordo com as NIC adotadas na UE por imposição dos respetivos supervisores).
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
7
As entidades (dos sectores não financeiros) que não tenham títulos cotados em bolsa podem
optar por elaborar as respetivas contas consolidadas em conformidade com as NIC
adotadas na UE, desde que as suas demonstrações financeiras sejam objeto de
certificação legal das contas.
Finalmente, todas as empresas pertencentes aos grupos que, obrigatória ou facultativamente,
apresentem contas consolidadas podem optar por elaborar as respetivas contas individuais
de acordo com as NIC adotadas na UE (caso não estejam a isso obrigadas), desde que as
suas demonstrações financeiras sejam objeto de certificação legal das contas.
Em consequência da aprovação do regulamento (CE) n.º 1606 de 19 de Julho, as NIC
adotadas na UE passaram a ser publicadas na íntegra em todas as línguas oficiais da
Comunidade, sob a forma de regulamento da Comissão, no Jornal Oficial das Comunidades
Europeias.
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
8
Neste momento as NIC adotadas na UE incluem:
• 29 IAS
• 11 SIC
• 12 IFRS
• 20 IFRIC
O organismo responsável pelo processo de normalização contabilística a 
nível nacional é a CNC - Comissão de Normalização Contabilística
Ver regime jurídico de organização e funcionamento da CNC aprovado pelo DL n.º 160/2009 de 13 
de Julho e alterado pelo DL n.º 36-A/2011 de 9 de Março.
9
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
São várias as atribuições da Comissão de Normalização Contabilística (ver 
artigos 3.º e 4.º do DL n.º 160/2009 de 13 de Julho), donde se destaca a 
responsabilidade pela emissão de normas contabilísticas e promoção das 
ações necessárias para que tais normas sejam adequadamente aplicadas 
pelas entidades a elas sujeitas.
As principais normas emitidas pela CNC integram o Sistema de Normalização 
Contabilística (SNC), aprovado pelo DL n.º 158/2009 de 13 de Julho, retificado 
pela declaração de retificação n.º 67-B/2009 de 11 de Setembro e alterado 
pela lei n.º 20/2010 de 23 de Agosto, pelo DL n.º 36-A/2011 de 9 de Março e DL 
n.º 98/2015 de 2 de Junho, que o republica.
O SNC inclui normas para mico entidades, pequenas entidades, médias 
entidades e grandes entidades e ainda para entidades do sector não lucrativo.
10
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Consideram -se mico entidades aquelas que à data do balanço, não 
ultrapassem dois dos três limites seguintes:
• Total do balanço: € 350 000;
• Volume de negócios líquido: € 700 000;
• Número médio de empregados durante o período: 10.
Consideram-se pequenas entidades aquelas que, não sendo mico 
entidades, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites 
seguintes:
• Total do balanço: € 4 000 000;
• Volume de negócios líquido: € 8 000 000;
• Número médio de empregados durante o período: 50.
11
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Consideram-se médias entidades aquelas que, não sendo micro e 
pequenas entidades, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três 
limites seguintes:
• Total do balanço: € 20 000 000;
• Volume de negócios líquido: € 40 000 000;
• Número médio de empregados durante o período: 250.
Grandes entidades são as entidades que, à data do balanço, ultrapassem 
dois dos três limites anteriores.
12
INSTRUMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Os limites anteriores reportam-se ao período imediatamente anterior, 
devendo, quando aplicável, observar -se as seguintes regras:
• Sempre que em dois períodos consecutivos imediatamente 
anteriores sejam ultrapassados dois dos três limites, as entidades 
deixam de poder ser consideradas na respetiva categoria, a 
partir do terceiro período;
• As entidades podem novamente ser consideradas nessa 
categoria, caso deixem de ultrapassar dois dos três limites nos 
dois períodos consecutivos imediatamente anteriores.
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA (SNC)
13
O SNC inclui os seguintes instrumentos:
• Bases para a apresentação das demonstrações financeiras (BADF)
• Estrutura Conceptual (EC)
• Código de Contas (CC)
• Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF)
• Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)
• Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades 
(NCRF-PE)
• Normas Interpretativas (NI)
• Norma Contabilística para Mico entidades (NC-ME)
• Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Sector 
Não Lucrativo (NCRF-ESNL)
14
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA (SNC)
O SNC substituiu o POC - Plano Oficial de 
Contabilidade (anterior normativo em 
Portugal) e as Diretrizes Contabilísticas 
emitidas pela Comissão de Normalização 
Contabilística.
15
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA (SNC)
O SNC é obrigatoriamente aplicável às seguintes entidades:
• Sociedades abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais
• Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial
• Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada
• Empresas públicas
• Cooperativas
• Agrupamentos complementares de empresas e agrupamentos 
europeus de interesse económico
• Entidades do sector não lucrativo (inclui cooperativasque não 
podem distribuir, direta ou indiretamente, excedentes aos seus 
membros)
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SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA (SNC)
O SNC não é aplicável às seguintes entidades:
• Entidades que por obrigação ou opção utilizem as NIC adotadas na UE
• Banca e outras entidades sujeitas à supervisão do Banco de Portugal (às 
quais se aplica as NIC adotadas na UE ou um plano de contas nacional 
específico, o PCSB - Plano de Contas para o Sistema Bancário)
• Seguradoras e outras entidades sujeitas à supervisão do Instituto de 
Seguros de Portugal (às quais se aplica as NIC adotadas pela UE ou um 
plano de contas nacional específico, o PCES – Plano de Contas para as 
Empresas de Seguros)
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SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA (SNC)
As pessoas que, exercendo a título individual qualquer atividade comercial, 
industrial ou agrícola, não realizem, na média dos últimos três anos, um volume de 
negócios superior a € 200.000, não estão obrigadas a ter contabilidade (não se lhe 
aplica o SNC).
A este propósito é necessário ter em conta sobretudo as regras de natureza fiscal 
previstas no Código do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (CIRS).
O art. 28.º do CIRS estabelece duas formas de tributação dos rendimentos das 
empresas individuais (rendimentos empresariais e profissionais):
• Com base num regime simplificado (que não obriga a ter contabilidade)
• Com base na contabilidade
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SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA (SNC)
Ficam abrangidos pelo regime simplificado as empresas que não tenham 
ultrapassado no ano anterior um volume de negócios de € 200.000. No exercício 
de início de atividade, o enquadramento faz-se a partir de valores estimados. No 
entanto, as empresas podem sempre optar pela tributação com base na 
contabilidade.
A aplicação do regime simplificado cessa quando o limite anterior seja 
ultrapassado em dois exercícios consecutivos ou, quando o seja num único 
exercício, em montante superior a 25%, caso em que a tributação pelo regime 
de contabilidade organizada se faz a partir do período de tributação seguinte ao 
da verificação de qualquer desses factos.
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SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO 
CONTABILÍSTICA (SNC)
As mico entidades devem aplicar a ‘norma Contabilística para Mico entidades’ 
(NC-ME),
podem, no entanto, optar pela aplicação das ‘normas Contabilísticas e de Relato 
Financeiro’ (NCRF) ou da NCRF-PE.
A ‘norma contabilística e de relato financeiro para pequenas entidades’ (NCRF -PE), 
apenas pode ser adotada, em alternativa às NCRF, pelas pequenas entidades.
Às entidades do sector não lucrativo aplica -se a Norma contabilística e de relato 
financeiro para entidades do sector não lucrativo (NCRF -ESNL), podendo estas 
entidades optar pela aplicação do conjunto das NCRF, com as necessárias 
adaptações, ou pela aplicação das NIC adotadas na UE, desde que as suas 
demonstrações financeiras sejam objeto de certificação legal das contas.
BASES PARA A APRESENTAÇÃO DE 
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (BADF)
20
Onde se enunciam as regras sobre o que constitui e os requisitos globais 
a que deverá obedecer um conjunto completo de demonstrações 
financeiras.
O objetivo é assegurar a comparabilidade quer com as demonstrações 
financeiras de períodos anteriores da mesma entidade, quer com as 
demonstrações financeiras de outras entidades.
ESTRUTURA CONCEPTUAL (EC)
21
Documento autónomo que estabelece um conjunto 
de conceitos contabilísticos,
características da informação e pressupostos 
subjacentes às demonstrações financeiras.
Segue de perto a estrutura conceptual para a 
preparação e apresentação das demonstrações
financeiras do IASB.
Não é uma norma contabilística e de relato 
financeiro (NCRF) e no caso de conflito entre a
EC e as NCRF, prevalecem os requisitos das NCRF.
CÓDIGO DE CONTAS (CC)
22
Estrutura codificada e uniforme de contas, organizada em oito classes (as 4 
primeiras relativas a elementos concretos (Ativo e Passivo) e as 4 últimas a 
elementos abstratos (Capital Próprio) e que inclui:
• Quadro síntese de contas (de 1.º grau)
• Código de contas (lista codificada não exaustiva de contas)
• Notas de enquadramento (notas sobre o conteúdo de algumas contas)
O CC do SNC apresenta um conjunto de contas que devem ser adotadas 
pelas grandes, médias e pequenas entidades (código base), definindo depois 
os ajustamentos ao código base para as ESNL e ME.
O CC do SNC pode ser adotado pelas entidades que se encontrem obrigadas, 
ou que tenham a opção de aplicar as NIC adotadas pela UE.
MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES 
FINANCEIRAS (MDF)
23
Conjunto completo de demonstrações financeiras no SNC
Um conjunto completo de DF inclui:
• Balanço
• Demonstração dos resultados por naturezas
• Demonstração das alterações no capital próprio
• Demonstração dos fluxos de caixa
• Anexo
Adicionalmente pode ser apresentada uma demonstração dos resultados por funções.
MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES 
FINANCEIRAS (MDF)
24
Existem duas NCRF específicas sobre as demonstrações financeiras
• NCRF 1 - Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras
• NCRF 2 - Demonstração de fluxos de caixa
Relativamente às pequenas entidades:
• Não estão obrigadas a apresentar a demonstração dos fluxos de caixa e a demonstração 
das alterações no capital próprio
• Apresentam modelos reduzidos (mais resumidos) de balanço, de demonstração dos
resultados por naturezas, de demonstração dos resultados por funções e de anexo.
As mico entidades apresentam as seguintes demonstrações financeiras:
• Balanço (com algumas notas no final)
• Demonstração dos resultados por naturezas
As demonstrações financeiras apresentadas pelas mico entidades têm modelos específicos
com estruturas muito simplificadas comparativamente com os restantes modelos que
integram o SNC (mesmo os reduzidos).
25
MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES 
FINANCEIRAS (MDF)
As ESNL apresentam as seguintes demonstrações financeiras:
• Balanço;
• Demonstração dos resultados por naturezas ou por funções;
• Demonstração dos fluxos de caixa;
• Anexo.
As ESNL apresentam uma demonstração das alterações nos fundos patrimoniais por 
opção ou por exigência de entidades públicas financiadoras.
As entidades obrigadas à apresentação de contas em regime de caixa divulgam a 
seguinte informação:
• Pagamentos e recebimentos
• Património fixo
• Direitos e compromissos futuros
As entidades públicas financiadoras podem exigir outros mapas, designadamente para efeitos de 
controlo orçamental.
___________________________________________________________________________
BALANÇO
26
A principal finalidade do balanço é apresentar a expressão monetária dos 
ativos, passivos e capital próprio num dado momento (posição financeira).
No balanço os ativos e passivos aparecem separados em:
• Correntes
• Não correntes
Sobre as definições de ativos correntes e não correntes e passivos correntes 
e não correntes ver parágrafos 10 a 24 da NCRF 1.
DEMONSTRAÇÃO DOS 
RESULTADOS
27
A principal finalidade da demostração de resultados é mostrar a 
expressão monetária dos rendimentos, gastos e resultado da 
entidade num dado período (desempenho).
A informação pode ser apresentada de acordo com dois tipos de 
análise:
• Por naturezas (obrigatória)
• Por funções (opcional mas não substitui a anterior)
Não se apresentam na demonstração de resultados (nem no anexo) 
itens de rendimento e de gasto como itens extraordinários (ao 
contrário do POC).
DEMONSTRAÇÃO DOS 
RESULTADOS
28
No modelo da demonstração de resultados por natureza adotado no 
SNC pretendeu-se proporcionar informação quanto às diferentes fases de 
formação do resultado líquido do período, identificando métricas 
geralmente usadas na análise financeira:
• Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e 
impostos (correspondente à sigla anglo saxónica EBITDA)
• Resultado operacional ou resultado antes de gastos de 
financiamento e impostos - (correspondente à sigla anglo saxónicaEBIT)
• Resultado antes de impostos (correspondente à sigla anglo 
saxónica EBT).
29
DEMONSTRAÇÃO DAS ALTERAÇÕES 
NO CAPITAL PRÓPRIO
A principal finalidade desta demonstração é a apresentação das modificações 
ocorridas na expressão monetária e na composição do capital próprio e das 
suas várias rubricas, em cada período.
As alterações ocorridas são divididas em três grupos:
• As que resultam de operações com detentores de capital
• As que derivam do resultado líquido do período
• As que resultam de outras alterações no capital próprio
Esta demonstração introduz o conceito de resultado integral que resulta da 
agregação direta do resultado líquido do período com todas as variações 
ocorridas em capitais próprios não diretamente relacionadas com os detentores 
de capital, agindo enquanto tal.
DEMONSTRAÇÃO DOS 
FLUXOS DE CAIXA
30
A principal finalidade desta demonstração é a apresentação das 
alterações ocorridas em caixa e seus equivalentes em cada período.
As alterações são divididas por atividades:
• Operacionais
• Investimento
• Financiamento
O SNC obriga que esta demonstração seja elaborada pelo método direto (ao 
contrário do POC que previa os métodos direto e indireto).
Não exige um anexo à demonstração dos fluxos de caixa (como acontecia no 
POC), uma vez que as informações nele contidas são apresentadas no anexo.
ANEXO
31
As principais finalidades do anexo são divulgar as bases de preparação e as 
políticas contabilísticas adotadas, divulgar outras informações exigidas pelas NCRF 
e informação adicional considerada relevante.
O anexo deve estar dividido em notas numeradas sequencialmente. Cada 
entidade deve criar a sua própria sequência numérica, tendo em conta as 
divulgações que deva efetuar. No entanto, as primeiras 4 notas terão 
obrigatoriamente o seguinte conteúdo:
1. Identificação da entidade
2. Referencial contabilístico de preparação das demonstrações financeiras
3. Principais políticas contabilísticas
4. Fluxos de caixa (modelo geral) ou Políticas contabilísticas, alterações nas
estimativas contabilísticas e erros (modelo reduzido)
NORMAS CONTABILÍSTICAS E DE 
RELATO FINANCEIRO (NCRF)
32
Fazem parte do SNC 28 NCRF, 1 NCRF-PE, 1 NC-ME e 1 
NCRF-ESNL.
O SNC não acolheu todas as NIC adotadas na UE.
Não incluindo as interpretações (SIC e IFRIC), são 41 as NIC 
adotadas pela UE (29 IAS e 12 IFRS).
33
São 11 as NIC não contempladas nas NCRF:
• IAS 26 - Contabilização e Relato dos Planos de Benefícios de Reforma
• IAS 29 - Relato financeiro em economias hiperinflacionárias
• IAS 33 - Resultados por ação
• IAS 34 - Relato financeiro intercalar
• IFRS 2 - Pagamento com base em ações
• IFRS 4 - Contratos de seguro
• IFRS 8 - Segmentos operacionais
• IFRS 10 - Demonstrações Financeiras Consolidadas
• IFRS 11 - Acordos conjuntos
• IFRS 12 - Divulgação de Interesses Noutras Entidades
• IFRS 13 - Mensuração pelo Justo Valor
34
Há 2 NCRF que fundem mais de uma NIC:
• NCRF 13 - Interesses em empreendimentos conjuntos e investimentos em associadas
(IAS 28 - Investimentos em Associadas + IAS 31 - Interesses em Empreendimentos
Conjuntos)
• NCRF 27 - Instrumentos financeiros (IAS 32 - Instrumentos Financeiros: Apresentação
+ IAS 39 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração + IFRS 7 -
Instrumentos Financeiros: Divulgações)
A NCRF 26 - Matérias Ambientais não decorre de nenhuma norma internacional de
contabilidade.
NORMAS INTERPRETATIVAS (NI)
35
Servem para esclarecer ou orientar sobre o conteúdo das 
restantes normas (NCRF, NCRFPE, NC-ME e NCRF-ESNL) do 
SNC.
Existem já duas NI no SNC:
• NI 1: Consolidação – entidades de finalidades especiais
• NI 2: Uso de técnicas de valor presente para mensurar o 
valor de uso
PRINCIPAIS OPERAÇÕES 
DO CICLO DE 
EXPLORAÇÃO (OU 
OPERACIONAL)
36
PRINCIPAIS OPERAÇÕES DO CICLO DE 
EXPLORAÇÃO (OU OPERACIONAL)
37
As operações ou atividades de uma entidade podem ser organizadas em três ciclos:
• Operações do ciclo de financiamento (ou atividades de financiamento)
• Operações do ciclo de investimento (ou atividades de investimento)
• Operações do ciclo de exploração (ou atividades operacionais)
Sobre as definições de atividades de financiamento, de investimento e operacionais 
ver parágrafo 3 da NCRF 2 – Demonstração de fluxos de caixa.
MEIOS FINANCEIROS 
LÍQUIDOS
38
Esta classe destina-se a registar os meios financeiros líquidos que incluem quer o 
dinheiro e depósitos bancários quer todos os ativos ou passivos financeiros 
mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam reconhecidas na demonstração 
dos resultados (notas de
enquadramento do CC do SNC).
Inclui as contas seguintes:
• 11 Caixa
• 12 Depósitos à ordem
• 13 Outros depósitos bancários
• 14 Instrumentos financeiros
CAIXA
39
Inclui os meios líquidos de pagamento (notas de banco, moedas 
metálicas, cheques e vales postais).
Não devem ser considerados como fazendo parte do saldo de caixa 
os selos de correio, vales de caixa, cheques pré-datados, cheques 
devolvidos, etc..
Os valores em caixa expressos em moeda estrangeira devem ser 
atualizados com base na taxa de câmbio da data do balanço (ver 
parágrafo 27 da NCRF 23).
DEPÓSITOS BANCÁRIOS
40
Depósitos à ordem
Aqueles em que os depositantes podem exigir, em qualquer momento 
e sem qualquer aviso prévio, os valores depositados.
Debitam-se pelos aumentos de valores depositados (depósitos, 
transferências bancárias de clientes, empréstimos obtidos, etc.) e 
creditam-se pelas diminuições de valores depositados (pagamentos 
em cheque, transferências bancárias a favor de fornecedores, 
reembolso de empréstimos, etc.).
DEPÓSITOS BANCÁRIOS
41
Depósitos à ordem
No banco a movimentação das contas de depósitos é exatamente ao contrário (porque 
as contas de depósitos são passivos na contabilidade do banco), o que significa que:
• Avisos bancários de crédito correspondem a débitos na conta de depósitos na
contabilidade da empresa (aumentos)
• Avisos bancários de débito correspondem a créditos na conta de depósitos na
contabilidade da empresa (diminuições)
Existem dois tipos de datas nos movimentos das contas à ordem:
• Data-movimento: data em que o movimento é efetuado pelo banco
• Data-valor: data a que se reporta a operação, sendo a data relevante para contagem
de juros e de controlo do próprio saldo
As contas expressas em moeda estrangeira devem ser atualizadas com base na taxa de
câmbio da data do balanço (ver parágrafo 27 da NCRF 23).
42
Outros depósitos bancários
DEPÓSITOS BANCÁRIOS
Todos os que, considerando o grau de exigibilidade dos valores depositados, não 
possam ser considerados depósitos à ordem. Incluem os depósitos com aviso 
prévio e os depósitos a prazo.
Debita-se pela constituição ou reforço dos depósitos e credita-se pelo resgate, 
total ou parcial, desses depósitos.
As contas expressas em moeda estrangeira devem ser atualizadas com base na 
taxa de câmbio da data do balanço (ver parágrafo 27 da NCRF 23).
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
43
O IVA é um imposto indirecto com as seguintes 
características:
• É suportado pelos consumidores finais (imposto 
sobre o consumo)
• Incide sobre todas as fases do circuito económico 
(imposto plurifásico)
• Permite a dedução (recuperação) do imposto 
suportado na aquisição de bens e
serviços (imposto não cumulativo)
• A soma do imposto entregue ao Estado em cada 
fase do circuito económico é igual
àquela que se cobraria se incidisse de uma só vez 
na última fase (imposto com
pagamentos fraccionados)
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
44
Imposto liquidado, suportado e dedutível
Apesar de ser suportado pelo consumidor final ao adquirir um determinado bem, o IVA 
vai sendo cobrado ao longo de todo o circuito económico (através de todas as 
empresas que direta ou indiretamente participaram no processo de produção desse 
bem) nos seguintes termos:
• As empresas recebem IVA dos seus clientesna venda de bens ou na prestação 
de serviços (IVA liquidado que as empresas têm de entregar ao Estado)
• As empresas pagam IVA aos seus fornecedores nas aquisições de bens e de 
serviços (IVA suportado que as empresas têm, em princípio, o direito de receber 
do Estado)
• As empresas fazem, periodicamente, um encontro de contas (apuramento do 
IVA), donde resulta um pagamento ao Estado ou um recebimento do Estado,
correspondente à diferença entre o IVA liquidado e o IVA suportado
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
45
Imposto liquidado, suportado e dedutível
O IVA suportado que pode ser subtraído ao IVA liquidado no apuramento diz-se dedutível.
O IVA suportado é, em regra, dedutível. No entanto, o IVA suportado em certo tipo de despesas que 
o fisco considera como desviáveis para consumos particulares, não poderá ser deduzido, 
nomeadamente:
• Aquisição, locação e reparação de viaturas de turismo (qualquer veículo automóvel que não seja 
destinado unicamente ao transporte de mercadorias ou a uma utilização com carácter agrícola, comercial 
ou industrial ou que, sendo misto ou de transporte de passageiros, não tenha mais de nove lugares, com 
inclusão do condutor), exceto se a venda ou exploração destes bens constituir o objeto de atividade do 
sujeito passivo
• Na aquisição de combustíveis utilizados em viaturas automóveis, com exceção do
gasóleo, caso em que é dedutível em 50% • Despesas com deslocações e estadas (despesas de transporte 
incluindo portagens, alojamento e alimentação do pessoal ao serviço da empresa)
• Despesas de representação (despesas suportadas com receções, refeições, viagens, passeios e 
espetáculos oferecidos no País ou no estrangeiro a clientes ou fornecedores ou ainda a quaisquer outras 
pessoas ou entidades)
• Despesas de divertimento e de luxo (aquelas que, pela sua natureza ou pelo seu montante, não constituam 
despesas normais de exploração)
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
46
O IVA que não é dedutível deverá ser considerado como 
componente do custo de aquisição do bem ou serviço. Por 
exemplo, na aquisição de gasóleo a parte do IVA que não é 
dedutível (50%), dever-se-á contabilizar na conta 62 Fornecimentos 
e serviços externos, juntamente com o valor de aquisição do 
gasóleo (metade do IVA suportado é custo para a empresa).
Imposto liquidado, suportado e dedutível
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
47
Controlo contabilístico do IVA
O controlo do IVA nas empresas faz-se na contabilidade através da conta 243 Imposto sobre
o valor acrescentado (IVA), sendo as três principais subcontas as seguintes:
• 2433 IVA - Liquidado, onde, principalmente, se contabiliza o IVA mencionado nas faturas (ou documentos equivalentes) 
emitidas pela empresa, correspondente às vendas de bens (inventários, ativos fixos tangíveis, etc.) e às prestações de 
serviços no mercado nacional
• 2432 IVA - Dedutível, onde, principalmente, se contabiliza o IVA mencionado nas faturas (ou documentos equivalentes) 
emitidas pelos fornecedores, correspondente às aquisições de bens (inventários, ativos fixos tangíveis, água, etc.) e de 
serviços (honorários, transporte de mercadorias, etc.) no mercado nacional
• 2434 IVA - Regularizações, onde, principalmente, se contabiliza o IVA mencionado nas Notas de Crédito/Notas de Débito 
emitidas pela empresa ou pelos fornecedores, correspondentes a alterações do valor tributável de operações anteriores em
consequência de devoluções de mercadorias, descontos e abatimentos, etc.. Tais regularizações são correções ao IVA 
liquidado ou deduzido anteriormente e podem ser:
– A favor do Estado (estas regularizações são obrigatórias)
– A favor do sujeito passivo (estas regularizações são facultativas)
IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO 
(IVA)
48
Operações com o exterior
O IVA não afeta apenas as operações realizadas no mercado interno, mas condiciona igualmente 
as compras (aquisições intracomunitárias de bens) e as vendas (transmissões intracomunitárias de 
bens) dentro da comunidade europeia e as importações e exportações para o mercado externo 
(não comunitário).
Nestas operações com o exterior aplica-se o chamado princípio de tributação no país de destino, 
que significa o seguinte:
• As vendas para fora da comunidade (exportações) e as vendas para países da comunidade 
(transmissões intracomunitárias de bens) estão isentas de IVA em Portugal (não se liquida IVA nas 
faturas)
• As importações estão sujeitas a IVA em Portugal (que é pago na alfândega pela empresa 
importadora)
• As aquisições intracomunitárias de bens estão sujeitas a IVA em Portugal, mas como não há 
alfândega (os controlos alfandegários dentro da comunidade foram abolidos em 1993) o imposto é 
liquidado pela empresa adquirente. No entanto, importa referir que este IVA tem também a natureza 
de imposto suportado por esse adquirente, motivo pelo qual este tem direito à dedução do imposto 
liquidado na aquisição. Significa tal que as empresas quando realizam e contabilizam aquisições 
intracomunitárias de bens têm de liquidar e deduzir o IVA, em simultâneo.
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
49
Operações excecionais
Existem algumas operações excecionais em que as empresas, apesar de não terem 
realizado qualquer venda ou prestação de serviços, estão obrigadas a liquidar IVA:
• Autoconsumos e operações gratuitas:
– Referem-se à afetação permanente de bens da empresa, a uso próprio do seu titular, 
do pessoal, ou em geral a fins alheios à mesma, à transmissão gratuita de bens, à 
afetação de bens por um sujeito passivo a um sector de atividade isento e à afetação 
ao uso da empresa de bens que não conferem direito a dedução.
– Obrigatória a liquidação de IVA desde que, na sua aquisição tenha havido 
dedução, total ou parcial, de imposto.
– Excluem-se as amostras e ofertas de pequeno valor (valor unitário inferior a 50 euros e 
valor global inferior a 5 por mil do volume de negócio do ano anterior).
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
50
• Aquisição de determinados bens e serviços quando o imposto 
seja devido pelo adquirente (o designado reverse charge), como 
acontece, por exemplo, com os serviços de construção civil.
• Adiantamentos recebidos, sobre operações sujeitas a IVA.
IMPOSTO SOBRE O VALOR 
ACRESCENTADO (IVA)
51
Apuramento do imposto
O apuramento do IVA pode ser realizado mensal ou trimestralmente, dependendo do volume de negócios da 
entidade. Contabilisticamente consiste na transferência das contas 2432, 2433, 2434 e eventualmente 2437 
(caso exista imposto a recuperar do Estado do período anterior, não se tendo realizado o pedido de reembolso) 
para a conta 2435 IVA - Apuramento.
Após a transferência, se o saldo da conta 2435 for credor => Transferir para 2436 IVA – A pagar.
A conta 2436 IVA - A pagar será posteriormente saldada quando se proceder ao pagamento ao Estado do 
imposto.
Se o saldo da conta 2435 for devedor:
• Transferir para a conta 2437 IVA - A recuperar (se se pretender fazer o reporte do imposto, isto é, 
incluir esse imposto no apuramento do próximo período)
• Transferir para 2438 IVA - Reembolsos pedidos (se se pretender o reembolso do imposto)
A conta 2438 IVA - Reembolsos pedidos não participa no apuramento do próximo período e será saldada 
quando a empresa receber o valor relativo ao reembolso pedido.
INVENTÁRIOS
52
A contabilização dos inventários está enquadrada por várias 
normas do SNC, das quais se destacam as seguintes:
• NCRF 18 – Inventários
• NCRF 20 – Rédito
Os inventários (existências) são ativos:
Detidos para venda no decurso ordinário da atividade empresarial
No processo de produção para venda
Na forma de materiais ou consumíveis a serem aplicados no processo de 
produção ou na prestação de serviços
INVENTÁRIOS
53
Os inventários (existências) são ativos:
• Detidos para venda no decurso ordinário da atividade empresarial
– Bens comprados para venda, sem que sejam objeto de qualquer trabalhoposterior de natureza industrial 
(conta 32 Mercadorias)
– Bens produzidos ou resultantes da produção para venda
- Produtos principais provenientes da atividade produtiva e produtos que, embora reentrem no fabrico, 
podem ser objeto de venda (conta 34 Produtos acabados e intermédios)
- Produtos de valor relativamente pequeno produzidos simultaneamente com os produtos principais e que 
exigem muitas vezes gastos adicionais para serem vendidos e restos resultantes da preparação das matérias-
primas ou do próprio processo de fabrico (conta 35 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos).
• No processo de produção para venda
– Bens em processo de fabrico que ainda não estão em condições de ser vendidos e, no caso de prestadores de 
serviços, os trabalhos em curso que ainda não foram reconhecidos como rendimentos (conta 36 Produtos e 
trabalhos em curso)
• Na forma de materiais ou consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou na 
prestação de serviços
– Bens que se destinam a ser incorporados nos produtos finais, bens que, embora indispensáveis à produção, não 
são incorporados no produto final e bens envolventes, recipientes ou produtos necessários ao seu 
condicionamento e transação (conta 33 Matérias primas, subsidiárias e de consumo)
54
COMPRAS DE INVENTÁRIOS
As compras de inventários são registadas na conta 31 Compras (311 Mercadorias e/ou 312
Matérias-primas, subsidiárias e de consumo).
Trata-se de uma conta transitória (subsidiária das contas 32 e 33) que não aparece explicitamente no 
balanço nem na demonstração de resultados.
A movimentação da conta 31 Compras é a seguinte:
• Debita-se
– Pelo custo de compra => preço de compra, direitos de importação e outros impostos, 
que não sejam subsequentemente recuperáveis das entidades fiscais (o IVA, regra geral, 
não acresce ao custo de compra), e custo de transporte, manuseamento e outros custos 
diretamente atribuíveis à aquisição (ver parágrafo 11 da NCRF 18)
• Credita-se
– Pelas devoluções (através da subconta 317)
– Pelos descontos e abatimentos comerciais (através da subconta 318)
– Pela entrada dos bens em armazém (SIP) e pelo apuramento do CMVMC (SII)
A contabilização das operações relacionadas com inventários depende do sistema de inventário
utilizado nas empresas.
55
SISTEMAS DE INVENTÁRIOS
Existem dois sistemas de contabilização dos inventários:
• Sistema de inventário intermitente ou periódico
• Sistema de inventário permanente
SISTEMA DE INVENTÁRIO 
INTERMITENTE (SII)
56
No SII não existe contabilização das entradas e das saídas de armazém no 
decurso do período.
O valor das existências é determinado pela inventariação física, no final do 
período.
O custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas é apurado 
com base nos inventários inicial e final e nas compras efetuadas e ainda 
nas regularizações de inventários (variações não relacionadas com 
compras, vendas ou consumos).
SISTEMA DE INVENTÁRIO 
PERMANENTE (SIP)
57
Nos termos do artigo 12.º do DL n.º 158/2009 de 13 de Julho, as entidades a que seja
aplicável o SNC ou as normas internacionais de contabilidade adotadas pela UE ficam
obrigadas a adotar o SIP na contabilização dos inventários.
Esta obrigação não se aplica às entidades nele referidas que não ultrapassem, durante dois
exercícios consecutivos, dois dos três limites indicados no n.º 2 do artigo 262.º do Código das
Sociedades Comerciais (CSC), deixando essa dispensa de produzir efeitos no exercício
seguinte ao termo daquele período.
Os limites indicados no n.º 2 do artigo 262.º do CSC são:
• Total do balanço: € 1.500.000
• Total das vendas líquidas e outros proveitos: € 3.000.000
• Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50
58
O SIP obriga à contabilização sistemática das entradas (compras, 
produção, devoluções de clientes, sobras) e das saídas de armazém 
(vendas, consumos, devoluções a fornecedores, quebras, sinistros, 
ofertas, afetação ao imobilizado) para que:
• A conta de inventário reflita a todo o momento, o valor das 
existências em armazém
• Seja apurado, no decorrer do período, o custo dos bens 
vendidos e consumidos
SISTEMA DE INVENTÁRIO 
PERMANENTE (SIP)
FICHA DE ARMAZÉM (SIP)
59
Neste sistema existe a necessidade de utilizar mapas auxiliares de 
controlo de quantidades e valores dos bens em armazém => Ficha de 
armazém
Fórmulas de custeio
A saída dos bens do armazém é registada pelo seu custo, de acordo com uma 
determinada fórmula de custeio (ver parágrafos 23 a 27 da NCRF 18).
O SNC admite três fórmulas de custeio (Custo específico, Custo médio ponderado e 
FIFO) mas recomenda a utilização do custo específico sempre que tal for possível.
Quando os itens de inventário forem indiferenciáveis a utilização do custo específico 
não é apropriada, devendo-se nesse caso utilizar o custo médio ponderado ou o FIFO.
Deve usar-se a mesma fórmula para todos os inventários que tenham uma natureza e 
um uso semelhantes para a entidade
60
Custo específico
• Quando há identificação específica dos custos individuais de cada item do inventário
• Existe uma perfeita identificação entre os custos suportados e os bens a que respeitam
Custo Médio Ponderado
• O custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens
semelhantes no começo de um período e do custo de itens semelhantes comprados ou 
produzidos durante o período
• A média pode ser determinada numa base periódica ou à medida que cada entrega
adicional seja recebida
Fórmula FIFO
• Primeira Entrada, Primeira Saída (First In, First Out)
• Esta fórmula pressupõe que os itens comprados ou produzidos em primeiro lugar são 
vendidos em primeiro lugar
• Os itens que permanecem em inventário no fim do período são os itens mais
recentemente comprados ou produzidos
FÓRMULAS DE CUSTEIO
DESCONTOS E ABATIMENTOS EM COMPRAS
61
Devemos considerar dois tipos de descontos:
• Financeiros
– Todos os que dependem do momento do pagamento, por exemplo, descontos 
de pronto pagamento ou descontos por antecipação de pagamento
– Não devem afetar o custo dos inventários (ver parágrafo 11 da NCRF 18)
– São contabilizados na conta 782 Descontos de pronto pagamento obtidos, 
independentemente de serem incluídos ou não na VD)
• Comerciais
– Os que não dependem do momento do pagamento, por exemplo, descontos de 
quantidade ou descontos de revenda
– Devem ser deduzidos no custo dos inventários (ver parágrafo 11 da NCRF 18)
– São deduzidos ao valor ilíquido da compra (neste caso a compra é registada 
pelo valor líquido) quando estão incluídos na fatura ou VD ou contabilizados a 
crédito da conta 31 Compras (através da subconta 318 Descontos e abatimentos 
em compras) quando não estão incluídos na factura ou VD (são emitidas notas de 
crédito que corrigem o valor das faturas ou VD anteriores).
ADIANTAMENTOS A 
FORNECEDORES
62
Podemos considerar dois tipos de adiantamentos:
• Com preço fixado (não monetários)
– A contabilizar na conta 39 Adiantamentos por conta de 
compras
• Com preço não fixado (monetários)
– A contabilizar na conta 228 Adiantamentos a 
fornecedores
ENVIO DE BENS À CONSIGNAÇÃO
63
Quando o proprietário dos bens (comitente) os envia para um terceiro 
(consignatário) para que este promova a sua venda, em troca de uma 
remuneração (comissão a registar na contabilidade do comitente na conta 6225 
Comissões).
Apesar de fisicamente não se encontrarem no seu armazém, os bens são 
propriedade do comitente.
No SIP o envio de bens à consignação implica o registo da saída dos bens do 
armazém.
326/346 Mercadorias em poder de terceiros/Produtos em poder de terceiros
a 321/341 Armazém/Armazém (a criar)
P/ envio de bens à consignação (apenas no SIP)
321/341 Armazém/Armazém (a criar)
a 326/346 Mercadorias em poder de terceiros/Produtos em poder de terceiros
P/ devolução pelo consignatário dos bens não vendidos (apenas no SIP)
CONSUMOS DE MATÉRIAS-PRIMAS, 
SUBSIDIÁRIAS EDE CONSUMO
64
No SIP temos de contabilizar todas as saídas de armazém de 
matérias em consequência dos consumos por parte da produção.
612 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo
a 33 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo
P/ consumo de matérias (apenas no SIP)
VARIAÇÕES NOS INVENTÁRIOS DA 
PRODUÇÃO
65
Os inventários da produção são os bens produzidos ou resultantes da produção para venda
(contas 34 e conta 35) e os bens em processo de fabrico e/ou os trabalhos em curso (conta 36).
No SIP temos que registar ao longo do exercício as alterações que vão ocorrendo nos inventários da 
produção para que estes reflitam a todo o momento o respetivo valor dos bens.
34 Produtos acabados e intermédios
35 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos
36 Produtos e trabalhos em curso
a 731 Produtos acabados e intermédios
a 732 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos
a 733 Produtos e trabalhos em curso
P/ aumentos do valor dos inventários da produção (apenas no SIP)
RECLASSIFICAÇÃO E REGULARIZAÇÃO DE 
INVENTÁRIOS
66
Destinam-se ao registo de quaisquer variações verificadas nas existências que não sejam
derivadas de compras, vendas ou consumos:
• Saídas por ofertas (conta 6884)
• Quebras e sobras (contas 6842 e 7842)
• Sinistros (contas 6841 e 7841)
6884 Ofertas e amostras de inventários
a 382/3/4/5/6 Reclassificação e regularização de inventários
P/ oferta de inventários (sem liquidação de IVA)
6884 Ofertas e amostras de inventários
a 2433 IVA - Liquidado
a 382/3/4/5/6 Reclassificação e regularização de inventários
P/ oferta de inventários (com liquidação de IVA)
6842 Quebras
a 382/3/4/5/6 Reclassificação e regularização de inventários
P/ quebra de inventários
6841 Sinistros
a 382/3/4/5/6 Reclassificação e regularização de inventários
P/ sinistro relacionados com inventários (sem seguro)
6841/7841 Sinistros
a 382/3/4/5/6 Reclassificação e regularização de inventários
P/ sinistro relacionado com inventários (com seguro)
VENDAS DE INVENTÁRIOS E PRESTAÇÕES DE 
SERVIÇOS
67
As vendas são registadas na conta 71 Vendas.
A movimentação da conta 71 Vendas é a seguinte:
• A débito
– Pelas devoluções (através da conta 717)
– Pelos descontos e abatimentos comerciais (através da conta 718)
– Pela transferência para efeitos de apuramento do resultado líquido do período
• A crédito
– Pelo valor do rédito proveniente da venda de bens (justo valor da retribuição
recebida ou a receber - ver parágrafo 9 da NCRF 20)
As prestações de serviços são registadas na conta 72 Prestações de serviços.
A movimentação da conta 72 Prestações de serviços é a seguinte:
• A débito
– Pelos descontos e abatimentos comerciais (conta 728)
– Pela transferência para efeitos de apuramento do resultado líquido do período
• A crédito
– Pelo valor do rédito proveniente da prestação de serviços (justo valor da
retribuição recebida ou a receber - ver parágrafo 9 da NCRF 20)
DESCONTOS E ABATIMENTOS EM VENDAS E 
PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS
68
Tal como nas compras, devemos considerar dois tipos de descontos:
• Financeiros
– São contabilizados na conta 682 Descontos de pronto pagamento concedidos,
independentemente de serem incluídos ou não na VD)
• Comerciais
– São deduzidos ao valor ilíquido da venda/serviço (neste caso a operação é
registada pelo valor líquido) quando estão incluídos na fatura ou VD ou 
contabilizados a débito da conta 71 Vendas/72 Prestações de serviços (através
da subconta 718 Descontos e abatimentos em vendas/728 Descontos e
abatimentos) quando não estão incluídos na fatura ou VD (são emitidas notas
de crédito que corrigem o valor das faturas ou VD anteriores).
Adiantamentos de clientes
• Com preço fixado (não monetários)
– A contabilizar na conta 276 Adiantamentos por conta de vendas
• Com preço não fixado (monetários)
– A contabilizar na conta 218 Adiantamentos de cliente
AQUISIÇÕES DE BENS CONSUMÍVEIS E DE 
SERVIÇOS
69
Os bens consumíveis são aqueles bens de consumo considerados pela maior parte das
empresas como não armazenáveis.
São contabilizados diretamente em contas de gastos, normalmente subcontas das contas 
623 Materiais e 624 Energia e fluidos (ambas subcontas da conta 62 Fornecimentos e 
serviços externos)•
Podem existir outros materiais que pela sua natureza devem integrar as contas relativas a
serviços (por exemplo, peças de reparação na conta 6226 Conservação e reparação, 
material de limpeza na conta 6267 Limpeza, higiene e conforto, etc.).
Os serviços são igualmente contabilizados em contas de gastos (excetuam-se aqueles que
foram incluídos no custo de compra dos inventários), conta 621 subcontratos ou subcontas
das contas 622 Serviços especializados, 625 Deslocações, estadas e transportes e 626
Serviços diversos (todas subcontas da conta 62 Fornecimentos e serviços externos)•
OPERAÇÕES COM TÍTULOS A PAGAR E TÍTULOS A 
RECEBER
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Titular uma dívida significa substituir uma dívida respeitante a uma ou 
várias faturas por outra dívida agora representada por um título de 
crédito (a chamada letra comercial).
Funções do título de crédito (letra comercial):
• Permite ao devedor (comprador) diferir o pagamento
• Dá ao credor (vendedor) uma maior garantia da dívida 
possibilitando-lhe receber o crédito antes do vencimento através de 
uma instituição de crédito, mediante a operação bancária do 
desconto
OPERAÇÕES COM TÍTULOS A PAGAR E TÍTULOS A 
RECEBER
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As principais operações relacionadas com letras são:
• Saque - Emissão da letra pelo vendedor ou credor (letra a receber)
• Aceite - Compromisso assumido pelo devedor de a pagar na data do 
vencimento (letra a pagar)
• Reforma - Consiste na substituição de uma letra por outra com 
vencimento posterior
• Desconto - Consiste no recebimento antecipado do valor da letra através 
de uma instituição de crédito
• Cobrança - Consiste em receber (ou pagar) o valor da letra na data de 
vencimento
• Recâmbio - Consiste na devolução da letra pela instituição de crédito por 
falta de pagamento
PERDAS POR IMPARIDADE EM 
DÍVIDAS A RECEBER DE CLIENTES
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Quando surgir uma incerteza acerca da cobrabilidade de uma quantia já 
incluída no rédito, a quantia incobrável ou a quantia cuja recuperação tenha 
cessado de ser provável é reconhecida como gasto (imparidade em dívidas a 
receber) e não como um ajustamento da quantia do rédito originalmente 
reconhecido (ver parágrafo 18 da NCRF 20)
Perda por imparidade é o excedente da quantia escriturada de um ativo em 
relação à sua quantia recuperável.
As perdas por imparidade anuais serão registadas nas contas 6511 Perdas por 
imparidade - Em dívidas a receber - Clientes, e as suas reversões (quando 
deixarem de existir as situações que originaram as perdas) são registadas nas 
contas 76211 Reversões de perdas por imparidade - Em dívidas a receber -
Clientes
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