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Estrutura de Mercados e Formação de Preços

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DEFINIÇÃO
Curvas de oferta e demanda – instrumentos teóricos essenciais para compreensão do funcionamento dos mercados, da formação de preços e
da definição de quantidades produzidas. Mercados em competição perfeita e sob monopólio. Equilíbrio de mercado. Conceito de Eficiência de
Pareto e teoremas do bem-estar.
PROPÓSITO
Compreender os processos de formação de preços e quantidades – base de processos decisórios no dia a dia do mercado –, bem como a
avaliação da eficiência do equilíbrio de mercado.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, recomendamos que tenha em mãos uma calculadora científica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir demanda e oferta agregadas
MÓDULO 2
Descrever a formação de preços e quantidades de equilíbrio em um mercado competitivo
MÓDULO 3
Definir excedente do produtor e do consumidor para aplicá-lo como medida de bem-estar
MÓDULO 4
Descrever o comportamento de uma firma monopolista 
INTRODUÇÃO
Neste tema, vamos começar analisando uma estrutura de mercado específica, os mercados competitivos. Em um mercado competitivo, há
muitos compradores e vendedores, de forma que ações individuais não afetam o preço da venda do bem e nem a quantidade total que será
vendida. Quando um indivíduo não tem capacidade de afetar individualmente os resultados do mercado, dizemos que ele não possui poder de
mercado e é tomador de preços.
Vocês devem estar se perguntando por que estudar mercados competitivos e que outros tipos de estrutura existem. A escolha para começarmos
apresentando os mercados competitivos deve-se ao fato de ser a estrutura mais fácil de modelar. A partir dela, temos uma base de comparação
para as demais.
No módulo 1, veremos como obter as curvas de oferta e demanda agregadas. No módulo 2, a partir dessas curvas, veremos como são definidos
o preço e a quantidade no equilíbrio de mercado, e como se alteram com mudanças na economia. No módulo 3, apresentaremos os conceitos
de excedente do consumidor e do produtor, que serão usados em análises de bem-estar. No módulo 4, estudaremos o comportamento de
mercado da firma monopolista, que é capaz de afetar preços.
MÓDULO 1
 Definir demanda e oferta agregadas
CURVA DE DEMANDA AGREGADA
VOCÊ SABE O QUE É CURVA DE DEMANDA INDIVIDUAL E AGREGADA?
CURVA DE DEMANDA INDIVIDUAL
Mostra quanto um consumidor está disposto a pagar para obter um bem ou serviço, ou quantas unidades irá adquirir para cada preço.
CURVA DE DEMANDA AGREGADA
É análoga: representa a quantidade total que o conjunto de consumidores de uma economia irá adquirir para cada preço.
Supondo que em uma certa economia existam N indivíduos. A curva de demanda agregada pelo bem X será o somatório de todas as curvas
de demanda individuais por aquele bem:
Q = Q1 + Q2 + ... + QN
Em que q1, q2, ..., qn são as demandas individuais de cada um dos N consumidores.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
 EXEMPLO
Suponha que o preço da maçã seja R$1,00 e João e Maria desejem comprar, respectivamente, 5 e 4 unidades. Então, a demanda total a esse
preço é 𝑄 (𝑝𝑚𝑎çã = 𝑅$1)= 5+4= 9. Se o preço aumenta para R$2,00, talvez cada um passe a comprar apenas 3 maçãs, e teremos: 𝑄 (𝑝𝑚𝑎çã =
javascript:void(0)
javascript:void(0)
𝑅$2) = 3+3= 6.
A demanda de cada indivíduo para cada bem depende dos preços e da renda individual. Assim, a demanda agregada depende dos preços e
também da distribuição de renda. Para simplificarmos, costumamos olhar para a demanda agregada como a demanda de um consumidor
representativo, que tem sua renda igual à soma de todas as rendas individuais.
A figura 1, a seguir, ilustra a curva de demanda agregada para um dado bem, mantendo a renda fixa:
 Figura 1 ‒ Curva de demanda de um bem
Podemos notar que a curva de demanda agregada tem inclinação negativa, ou seja, quanto maior o preço, menor a quantidade demandada
pelos consumidores, tudo o mais sendo constante. No geral, as curvas de demanda possuem inclinação negativa, com algumas exceções.
Temos, então, a proposição de que, Ceteris Paribus, um preço mais alto de um bem faz com que as pessoas queiram uma quantidade menor
deste.
CETERIS PARIBUS
Ceteris Paribus é uma expressão latina que significa “todo o mais constante”. Ou seja, estamos analisando um elemento de cada vez.
javascript:void(0)
ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
É interessante ter uma medida da sensibilidade da demanda a mudanças no preço e na renda, que também é conhecida como elasticidade.
A primeira delas é a elasticidade-preço da demanda (denotada por ∈): é apenas a mudança percentual da quantidade dividida pela mudança
percentual no preço. Representamos a variação da quantidade por ∆𝑄 e, portanto, a variação percentual é a razão ∆𝑄/𝑄 (análoga para o preço).
Podemos escrever a expressão da elasticidade-preço e manipulá-la ligeiramente:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Ou seja, a “inclinação da curva” é apenas o nome da razão entre a variação da quantidade (∆𝑄) e a variação do preço (∆𝑝): se o preço aumenta
em uma unidade (∆𝑝=1), a inclinação informa simplesmente quanto muda na quantidade demandada.
 COMENTÁRIO
O motivo para multiplicamos a inclinação da curva pela razão de preço e quantidade é ter uma medida que independa da unidade de medida
utilizada: a elasticidade não tem unidade de medida, ao contrário do preço (medido em reais, dólares etc.) e da quantidade (medido em quilos,
pacotes etc.).
∈= = × = inclinação da curva  ×  ΔQ/Q
Δp/p
ΔQ
Δp
p
Q
p
Q
No exemplo das maçãs, temos:
∆𝑝=1 (o preço aumentou de R$1,00 para R$2,00), ∆𝑄=3 (a quantidade demandada total diminuiu de 9 para 6 maçãs), para valores iniciais 𝑝=1 e
𝑄=9.
Substituindo na fórmula acima, obtemos uma elasticidade igual a 1/3 (interprete esse número a partir da definição de elasticidade).
O sinal da elasticidade da demanda é, em geral, negativo, e por isso nos referimos comumente ao seu valor absoluto, de forma a permitir
comparações mais simples – ou seja, ignoramos o sinal, suposto negativo salvo menção explícita em contrário.
A figura 2 apresenta a elasticidade da curva de demanda linear. Como podemos observar, em uma curva de demanda linear, a elasticidade da
demanda varia conforme a quantidade e o preço.
 Figura 2 ‒ Elasticidade da demanda linear
Seja a curva de demanda linear igual a q = a – bp, em que a e b são parâmetros quaisquer. A inclinação dessa curva é, portanto, -b. Utilizando a
fórmula da elasticidade apresentada, temos:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Quando p = 0, a elasticidade é 0 (zero). Quando q = 0, a elasticidade é infinita.
Para encontrarmos o valor de p para que a elasticidade seja, em valor absoluto, igual a 1, podemos resolver a equação abaixo para p:
 
 
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Como pudemos observar na figura 2, a elasticidade é igual a 1 em valor absoluto no ponto médio.
Podemos classificar um bem em:
ELÁSTICO
INELÁSTICO
DE ELASTICIDADE UNITÁRIA
ELÁSTICO
Quando sua elasticidade-preço for maior do que 1 em módulo.
= −1
−bp
a−bp
p = a
2b
Uma curva de demanda elástica é bastante sensível a variações no preço, e um aumento de 1% faz a quantidade reduzir em mais do que 1%
(são bens dos quais os consumidores têm facilidade para abrir mão).
INELÁSTICO
Quando sua elasticidade for menor do que 1 em valor absoluto.
Uma curva de demanda inelástica é pouco sensível a variações no preço, e um aumento de 1% ocasionará uma redução de menos de 1% na
quantidade.
DE ELASTICIDADE UNITÁRIA
Quando sua elasticidade for igual a |1|.
Uma curva de demanda com elasticidade unitária é aquela em que a variação de 1% no preço leva a uma variação de 1% na quantidade
demandada.
A elasticidade da demanda de um determinado bem depende da quantidade de substitutos próximos.
 EXEMPLO
Suponha que pão e tapioca sejam considerados substitutos perfeitos. Se o preço do pão aumenta, ademanda de pão iria para zero, de forma
que todos os consumidores prefeririam consumir tapioca, afinal, para os consumidores, eles são perfeitamente equivalentes. 
Caso um bem tenha muitos substitutos próximos, ele será extremamente sensível a variações nos preços, e sua demanda será bastante elástica.
O oposto também vale: se um bem possui poucos substitutos próximos, ele será pouco sensível a qualquer variação de preço e, portanto,
inelástico.
ELASTICIDADE RENDA DA DEMANDA
Além da elasticidade-preço, temos a elasticidade-renda da demanda, que mede o quanto a quantidade demandada reage a variações da
renda. 
Sua equação é análoga à de elasticidade preço da demanda, sendo nada mais do que a razão entre as variações percentuais da quantidade e
da renda:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A partir da elasticidade-renda, podemos classificar os bens em: 
ε =
Δq
q
Δm
m
“NORMAIS”
Cuja demanda cresce devido ao aumento da renda, e cuja elasticidade-renda é positiva.
Exemplos comuns de bens normais são produtos de qualidade (como carne de primeira), que o consumidor quer adquirir em maior quantidade
quando sua renda aumenta.
“INFERIORES”
Cuja demanda diminui devido ao aumento da renda, e cuja elasticidade-renda é negativa.
Bens de baixa qualidade (como carne de segunda), por sua vez, são frequentemente inferiores, porque os consumidores os abandonam à
medida que a renda aumenta.
Também classificamos bens cuja elasticidade-renda é maior do que 1, como os de luxo, isto é, cuja demanda aumenta em mais de 1% quando a
renda aumenta em 1%. Quando a elasticidade-renda fica entre 0 (zero) e 1, falamos em bens de necessidade (pense, por exemplo, em
remédios: você compraria o dobro se sua renda duplicasse?). É frequente que a elasticidade-renda seja próxima de 1.
RECEITA E ELASTICIDADE
Receita é o quanto se ganha com a venda do bem, ou seja, é a quantidade vendida multiplicada pelo preço do bem. Quando o preço do bem
varia, a quantidade também variará, ocasionando mudanças na receita.
Se o preço da batata aumenta, sua quantidade demandada irá reduzir.
MAS O QUE ACONTECERÁ COM A RECEITA DA VENDA DAS BATATAS?
Isso dependerá da elasticidade-preço da batata.
Seja a receita de vendas igual a:
R= PQ
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Quando o preço muda para 𝑝 + ∆𝑝, a quantidade passa para 𝑞 + ∆𝑞 (lembre-se de que ∆ indica variação: se o preço original é p = $5 e a
variação é ∆𝑝 = $2, o novo preço é igual a $7). A nova receita será:
𝑹′= (𝒑+∆𝒑) (𝒒+ ∆𝒒) 
𝑹′=𝒑𝒒+𝒒∆𝒒+𝒑∆𝒒+∆𝒑∆𝒒
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para calcularmos a variação da receita, devemos subtrair R de R’. Desta forma:
∆𝑹= 𝑹′−𝑹 = 𝒒∆𝒑 + 𝒑∆𝒒 + ∆𝒑∆𝒒
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para pequenas variações, o último termo da equação é muito menor que os outros (é “quase” zero multiplicado por zero!), e podemos ignorá-lo.
Agora que já calculamos a variação da receita, gostaríamos de chegar a uma equação em que fosse possível identificar qual é a variação da
receita quando o preço varia. Para isso, vamos dividir a variação da receita, na última equação, pela variação do preço:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O lado esquerdo dessa equação representa a variação na receita (∆𝑅) em resposta a uma variação no preço (∆𝑝).
Gostaríamos de responder à questão:
= q + pΔR
Δp
Δq
Δp
SOB QUE CONDIÇÕES UM AUMENTO DO PREÇO (∆𝒑>𝟎) GERA UM AUMENTO
DA RECEITA (∆𝑹>𝟎)?
Para que essa resposta seja positiva, devemos ter:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Lembrando da equação da elasticidade, notamos que o lado esquerdo da última equação nada mais é do que a própria elasticidade: ou seja,
temos 𝜖>−1, ou |𝜖|< 1.
Portanto, um aumento de preço ocasiona um aumento da receita quando a demanda por aquele bem for inelástica.
É intuitivo: se um aumento de 10% no preço gera uma queda de menos de 10% da demanda (porque a demanda é inelástica), a receita
aumenta. De maneira análoga, se |𝜖|>1, a demanda será elástica, e um aumento do preço reduz a receita.
Podemos também calcular a variação de forma gráfica, como na figura 3:
= q + p > 0
=> > −1
ΔR
Δp
Δq
Δp
p
q
Δq
Δp
A receita é a área da caixa correspondente à multiplicação do preço pela quantidade, mostrada no painel A.
No painel B, o aumento do preço em ∆𝑝 faz com que a nova quantidade seja 𝑞+∆𝑞. Quando o preço se eleva, acrescentamos uma área 𝑞∆𝑝, o
retângulo azul menor na figura, e tiramos uma área equivalente a 𝑝∆𝑞, o retângulo maior em azul na figura. Quando a variação é pequena, isso
será exatamente igual à razão entre as variações da receita e do preço. A parte que resta, em laranja, é normalmente muito pequena em
comparação às outras áreas, e é ignorada. Assim, para calcular a variação na receita podemos somar os dois quadriláteros azuis do painel B.
Considere novamente a expressão da variação na receita:
∆𝑹 = 𝒑∆𝒒 + 𝒒∆𝒑
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Dividindo essa expressão pela variação ∆𝑞 da quantidade, obtemos a expressão da variação da receita em resposta a uma variação da
quantidade. Se a variação da quantidade for “pequena” (no sentido que se torna preciso em um curso de Cálculo Diferencial), chamamos essa
resposta de Receita Marginal (RMg), como usaremos abaixo:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Se recordarmos a expressão da elasticidade-preço da demanda (∈), podemos notar que o termo entre parênteses é igual ao seu inverso, ou
seja,1⁄∈.
Assim:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Para evitar confusões pela elasticidade-preço ser, às vezes, um número negativo, podemos reescrever a receita marginal usando valor absoluto,
como a seguir:
RMg  = p(1 + )1∈
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Assista ao vídeo e entenda melhor os conceitos de elasticidade-preço da demanda, elasticidade-renda da demanda e receita e elasticidade.
RMg  = p(1 − )1
| ∈ |
Se a elasticidade for igual a -1, a receita marginal terá valor de zero, indicando que a receita não varia quando aumenta a venda.
Se a demanda for inelástica, ou seja,|∈|< 1, a fração dentro do parêntese será maior do que 1, e a receita diminuirá quando a venda aumentar.
ESSE FATO ILUSTRA QUE, CASO A DEMANDA SEJA INELÁSTICA, PARA QUE
SEJAM VENDIDAS MAIS UNIDADES, SERÁ PRECISO DIMINUIR MUITO O
PREÇO, PROVOCANDO UMA QUEDA DE RECEITA.
DESLOCAMENTOS DA CURVA DE DEMANDA AGREGADA
A lei da demanda diz que, todo o mais constante, um aumento do preço faz com que a quantidade demandada se reduza. Contudo,
existem situações em que um aumento de preço faz com que a quantidade aumente.
VOCÊ DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO: “COMO ISSO É POSSÍVEL?”.
A resposta para essa pergunta reside no “todo o mais constante” da lei da demanda. Como pode o preço da cerveja ter aumentado e, mesmo
assim, o consumo ter aumentado nos últimos anos? Certamente, todo o resto não foi mantido constante. A população cresceu, os hábitos se
modificaram, logo, a curva de demanda agregada também se modificou, ela se deslocou para a direita.
A figura 4, ao lado, ilustra os possíveis deslocamentos da curva de demanda agregada.
 Figura 4 ‒ Deslocamento da curva de demanda agregada
Existem cinco principais motivos pelos quais a demanda agregada se desloca: mudança na renda, mudança nas preferências, mudança na
quantidade de consumidores, mudança no preço de bens relacionados e mudança de expectativas.
ANTES DE PROSSEGUIRMOS, PRECISAMOS FAZER UMA DISTINÇÃO ENTRE
MOVIMENTOS AO LONGO DA CURVA E DESLOCAMENTOS DA CURVA. PARA
QUE FIQUE CLARO, MOVIMENTOS AO LONGO DA CURVA DE DEMANDA
OCORREM DEVIDO A MUDANÇAS NO PREÇO.
A figura 5, a seguir, mostraa diferença entre o deslocamento da curva e o movimento ao longo dela:
Os movimentos ao longo de uma curva de demanda ocorrem quando há mudança no preço do bem em questão. Observando a figura ao lado,
suponha que, inicialmente, estejamos na curva D1, no ponto a, que tem preço p1 e quantidade demandada q1.
Se o preço do bem cai para p2, a quantidade demandada será q2, e então nos moveremos para o ponto b. Por outro lado, se estamos no ponto
a, e há, por exemplo, um aumento da renda, nos deslocamos para D2. O aumento da renda não aumenta o preço, portanto, estaremos no ponto
c, cujo preço é p1 e a quantidade demandada é q3.
 Figura 5 ‒ Deslocamento vs. movimento ao longo
Agora que já compreendemos a diferença entre movimentos ao longo da curva e deslocamento, podemos avançar e falar um pouco mais de
cada um dos motivos que fazem uma curva se deslocar.
Vamos começar pela mudança de renda, ilustrada na figura 5.
A MUDANÇA NA RENDA, EM GERAL, LEVA AS PESSOAS A CONSUMIREM MAIS
DE UM DETERMINADO BEM, UMA VEZ QUE, EM GERAL, OS BENS SÃO
NORMAIS
Como vimos na parte de elasticidade-renda, um aumento de renda eleva a quantidade demandada de bens normais e reduz a quantidade
demandada de bens inferiores.
Para entendermos como a mudança no preço relativo de bens relacionados desloca a curva de demanda agregada, vamos a um exemplo.
 EXEMPLO
Suponha que pão e tapioca sejam substitutos: um aumento no preço da tapioca fará com que os consumidores substituam o consumo de tapioca
por pão, elevando a quantidade demandada de pão. Esse aumento leva a um deslocamento da curva de demanda agregada. Agora, suponha
que café e pão sejam complementares, afinal, nada como um pão na chapa com cafezinho. Uma queda no preço do café fará com que mais
pessoas consumam café, mas como o consumo do café é acompanhado do pão, ocorrerá um aumento na demanda por pão, e a curva de
demanda agregada do pão se deslocará. Note que a redução do preço do café leva a um deslocamento ao longo da curva de demanda
agregada de café e um deslocamento para direita da curva de demanda agregada de pão, de forma que o preço do pão se mantém, mas a
quantidade demandada aumenta.
A variação no número de consumidores desloca a curva de demanda agregada pois, como vimos, ela é a soma das demandas individuais (para
cada preço). Já uma mudança nas preferências pode fazer com que os consumidores demandem mais a cada preço (deslocando a curva para a
direita) ou menos (deslocando para a esquerda). Isso pode ocorrer por questões culturais.
 EXEMPLO
Se um ator famoso usa uma determinada roupa, é comum que a demanda por essa roupa aumente.
Por fim, a expectativa futura do preço do bem pode afetar a demanda no presente. Como exemplo, temos as liquidações de ovos de Páscoa.
Muitas pessoas, sabendo que o preço se reduzirá após a Páscoa, irão aguardar para consumir depois. Da mesma forma, expectativas sobre a
renda também afetam a demanda presente: se um indivíduo tem uma expectativa de aumento de renda no futuro, ele pode aumentar sua
demanda por bens no presente, pagando parcelado.
OFERTA AGREGADA
Assim como a demanda agregada, estudamos também as curvas de oferta das firmas. Estas curvas são individuais, assim com as curvas de
demanda dos consumidores.
Suponha que tenhamos N firmas que produzam um determinado bem. Para obtermos a curva de oferta agregada, ou curva de oferta da indústria,
devemos somar a curva de oferta individual das N firmas:
𝑺 = 𝑺𝟏 + 𝑺𝟏 + ... + 𝑺N
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A oferta agregada é apenas a soma horizontal das curvas de oferta individuais. A curva de oferta mede o quanto um produtor está
disposto a ofertar a cada preço. Portanto, a curva de oferta agregada define, a cada preço P, a quantidade do bem que será ofertada naquela
indústria.
Para compreendermos melhor como construímos a oferta de mercado, vamos a um exemplo:
SOMA HORIZONTAL
javascript:void(0)
Significa que fixamos um preço e somamos as quantidades, exatamente como fizemos para a curva de demanda agregada.
Seja um mercado de pães com apenas dois produtores, Joana e Gabriel.
Joana oferta 2 pães ao preço de R$1,00, e 5 pães quando o preço é R$3,00.
Gabriel, por sua vez, oferta 3 pães ao preço de R$1,00, e 7 pães quando o preço é de R$3,00.
Na figura 6, temos nos painéis A e B a curva de oferta individual desses produtores. Para chegarmos à oferta agregada desse mercado,
somemos a quantidade ofertada pelos dois produtores a cada preço, de modo que a R$1,00 são ofertados 5 pães e a R$3,00 são ofertados 12
pães. A curva de oferta agregada está ilustrada no painel C da figura a seguir:
 Figura 6 ‒ Curva de oferta agregada do pão
A curva de oferta da indústria tem inclinação positiva, refletindo a proposição de que preços mais altos levam a uma quantidade ofertada
maior. Assim como a demanda agregada, existem acontecimentos que deslocam a curva de oferta. A entrada de novos produtores no mercado,
por exemplo, desloca a oferta para a direita, fazendo com que, ao mesmo preço, seja ofertada uma quantidade maior do bem em questão. Para
que haja um movimento ao longo da curva de oferta, é preciso que seja ocasionado por variações no preço do bem cuja oferta agregada esteja
em análise.
OS MOTIVOS PELOS QUAIS A CURVA DE OFERTA SE DESLOCA SÃO
VARIADOS: MUDANÇAS NA TECNOLOGIA, NA EXPECTATIVA, NO PREÇO DOS
INSUMOS, NO NÚMERO DE PRODUTORES E NOS PREÇOS DE BENS E
SERVIÇOS RELACIONADOS.
A mudança do preço esperado no futuro pode levar um produtor a fornecer mais ou menos quantidade daquele bem no presente. Uma
expectativa do aumento de preços futuro faz com que a oferta no presente se reduza, deslocando a curva de oferta para a esquerda. Já uma
expectativa de queda dos preços no futuro leva ao aumento da oferta no presente e desloca a curva de oferta para a direita.
Considere agora os insumos, ou seja, bens e serviços utilizados no processo produtivo. Um aumento no preço dos insumos deixará o preço do
bem final mais alto.
 EXEMPLO
Para produzir pão é preciso de trigo. Gabriel precisa de 10kg de farinha de trigo por mês para produzir 100 pães, e paga R$2,00 no quilo de
farinha de trigo. Gabriel gasta R$20,00, e cobra R$0,50 por pão produzido. Assim, sua receita da venda de pães é de R$50,00. Se por algum
motivo, o preço do trigo sobe para R$3,00, para produzir 100 pães, Gabriel gastará R$30,00. Sua receita de vendas continuará no valor de
R$50,00, contudo, seu lucro se reduzirá. Dessa forma, é bem provável que Gabriel repasse parte da alta dos preços dos insumos para o
consumidor, e o preço do pão aumente como consequência.
Tecnologia é o termo usado por economistas para descrever a relação entre insumos e produto em um dado processo produtivo. Uma melhora
tecnológica geralmente reduz o custo de produção. Essa redução de custo permite que o produtor gaste uma quantidade menor de insumo para
produzir o mesmo bem, de modo que a quantidade ofertada aumenta e a curva de oferta se desloque para a direita. Podemos observar isso na
figura 7.
 Figura 7 ‒ Deslocamento da oferta
Quando há um aumento no número de produtores naquele mercado, a oferta se desloca para a direita, afinal, a oferta agregada nada mais é do
que a soma das ofertas individuais.
HÁ SITUAÇÕES EM QUE PRODUTORES PRODUZEM DIVERSOS BENS E NÃO
APENAS UM, COMO UMA REFINARIA PRODUZ GASOLINE E DIESEL, ENTRE
OUTROS COMBUSTÍVEIS, POR EXEMPLO.
Quando um produtor oferta bens diferentes, a quantidade que ele está disposto a ofertar dependerá conjuntamente dos preços dos bens que ele
produz.
 EXEMPLO
Um aumento de preço do diesel faz com que uma refinaria produza menos gasolina e mais diesel, deslocando para a direita a curva de oferta do
diesel e para a esquerda a oferta da gasolina. Isso acontece porque, em termos produtivos, a gasolina e o diesel são substitutos. Pode ser que
também haja bens complementares na produção.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Descrever a formação de preçose quantidades de equilíbrio 
em um mercado competitivo
OFERTA, DEMANDA E EQUILÍBRIO
No módulo 1, cobrimos os elementos essenciais para a determinação do equilíbrio, a oferta e a demanda agregadas. Neste módulo,
apresentaremos o conceito de equilíbrio e como calculá-lo a partir da interação entre oferta e demanda.
Quando já estivermos familiarizados com o equilíbrio, veremos um pouco sobre excedente do consumidor e do produtor, medidas úteis de bem-
estar econômico.
Em Economia, dizemos que há equilíbrio em uma determinada situação quando não há incentivos para que qualquer agente econômico
(consumidor ou firma) altere seu comportamento individual, dado o que os demais agentes estão fazendo.
 Forte em Saint Tropez ao por do sol
Segundo a Definição de Equilíbrio em Varian (2012):
“TODOS OS AGENTES ESCOLHEM A MELHOR AÇÃO POSSÍVEL DE ACORDO
COM SEUS PRÓPRIOS INTERESSES, E O COMPORTAMENTO DE CADA
PESSOA É COERENTE COM O DAS OUTRAS.”
Isso significa que ninguém ficaria melhor caso decidisse agir individualmente de forma diferente.
Sabemos que em um mercado competitivo, nenhum agente tem capacidade de afetar o mercado, o preço e a quantidade total. Contudo, o que
determina o preço e a quantidade de equilíbrio é a interação conjunta de todos os indivíduos nesse mercado.
O PREÇO DE EQUILÍBRIO É AQUELE EM QUE OFERTA E DEMANDA SÃO
IGUAIS. A ESSE PREÇO, NENHUM CONSUMIDOR PODERIA MELHORAR SUA
SITUAÇÃO AO PROPOR A COMPRA POR UM PREÇO DIFERENTE, ASSIM
COMO NENHUM PRODUTOR PODERIA FICAR MELHOR PROPONDO VENDER O
BEM POR OUTRO PREÇO.
Como curvas de oferta e demanda representam as melhores escolhas dos agentes envolvidos, quando elas se igualam em um preço de
equilíbrio denotado por 𝑝∗, temos que o comportamento dos consumidores e dos produtores são compatíveis. Em qualquer outro preço, essa
condição não seria satisfeita.
O PREÇO DE EQUILÍBRIO É O PREÇO QUE AJUSTA O MERCADO, GARANTINDO
QUE CADA INDIVÍDUO QUE DEMANDE UM BEM ENCONTRE UM OFERTANTE
DISPOSTO A VENDÊ-LO PELO MESMO PREÇO.
Geometricamente, podemos encontrar o equilíbrio ao colocar as curvas de oferta e demanda no mesmo diagrama, como na figura 8. O ponto E é
o ponto em que as curvas se cruzam, e oferta e demanda são iguais; 𝑝∗ representa o preço de equilíbrio e 𝑞∗ é a quantidade de equilíbrio.
 Figura 8 – Equilíbrio
Existe um princípio básico de que os mercados, com frequência, se movem para o equilíbrio. Para melhor ilustrar esse princípio, observe
a figura 9.
 Figura 9 ‒ Preço acima do equilíbrio
Suponha que o preço de mercado, isto é, o preço pelo qual o bem é transacionado, seja igual a 𝑝′, acima do equilíbrio.
A esse preço, a quantidade ofertada é 𝑞𝑠, e a quantidade demandada é 𝑞𝑑.
Como a quantidade ofertada é maior do que a demandada, temos um excedente, ilustrado pela diferença entre 𝑞𝑠 e 𝑞𝑑.
Existem alguns produtores que não encontram consumidores para comprar seus produtos. O excesso de oferta fornece incentivos para que os
produtores ofereçam um preço mais baixo, buscando atrair outros consumidores. O preço vai sendo gradativamente reduzido, até chegar no
preço de equilíbrio. Portanto, sempre que o preço está acima do equilíbrio, há um excesso de oferta, que faz o preço baixar até o equilíbrio.
Agora, suponha que o preço esteja abaixo do preço de equilíbrio, em 𝑝′′. A figura 10 ilustra a seguinte situação:
Com o preço em 𝑝′′, a quantidade demandada é maior do que a quantidade ofertada, e, portanto, há excesso de demanda ou escassez. Nessa
situação, existem consumidores que gostariam de comprar, mas não conseguem, e então passam a oferecer preços mais altos. É possível que
os produtores notem que também podem cobrar um preço maior. Em qualquer mecanismo, o resultado é o mesmo. O preço vai aumentando
gradualmente, atraindo novos produtores e expulsando consumidores que não estão dispostos a pagar um preço mais alto. Esse movimento
acontece até o preço de equilíbrio, em que as quantidades ofertada e demandada se igualam. 
 Figura 10 - Preço abaixo do equilíbrio
MUDANÇAS NA OFERTA, DEMANDA E EQUILÍBRIO
Como vimos no módulo 1, há muitos eventos que deslocam as curvas de oferta e demanda. Existem eventos que deslocam a curva de demanda,
como um relatório médico afirmando que chocolate faz bem à saúde, o que não tem efeito algum sobre a oferta. Da mesma forma, existem
situações que deslocam a oferta, como a entrada de novos produtores de cacau, mas que não afetam a demanda.
O QUE ACONTECE COM O EQUILÍBRIO NESSES DOIS EVENTOS DESCRITOS?
Quando um novo estudo médico divulgado credita benefícios ao chocolate, a curva de demanda se desloca, como na figura 11.
Na figura ao lado, você pode observar que o ponto 𝐸1 mostra o equilíbrio correspondente à curva de demanda original, 𝐷1, cujo preço de
equilíbrio é 𝑝1∗, e a quantidade de equilíbrio é 𝑞1∗.
O relatório médico divulgado faz com que a curva de demanda se desloque positivamente, para a direita, de 𝐷1 para 𝐷2. Ao preço original, 𝑝1∗, o
mercado não está mais em equilíbrio. Há um excesso de demanda, uma escassez. O preço do chocolate aumenta, gerando um aumento da
quantidade ofertada. Esse aumento da quantidade ofertada é um movimento ao longo da curva de oferta. Um novo equilíbrio, 𝐸2, se estabelece.
Nesse ponto, oferta e demanda voltam a se cruzar. O equilíbrio 𝐸2 ocorre com um preço mais alto e uma quantidade maior. Isso reflete um
princípio geral: quando a demanda de um bem aumenta, seu preço e sua quantidade de equilíbrio também aumentam.
 Figura 11 – Deslocamento positivo da demanda e novo equilíbrio
Suponha agora uma situação diferente. Pão e tapioca são substitutos. Se o preço do pão cai, a demanda por tapioca diminui.
A figura 12 ilustra esse evento.
 Figura 12 ‒ Deslocamento negativo da demanda e novo equilíbrio
Observando a figura acima, vemos que a queda do preço do pão faz a demanda por tapioca se deslocar, negativamente, para a esquerda. Ao
preço inicial 𝑝1∗, há um excesso de oferta, uma vez que a quantidade ofertada é maior do que a quantidade demandada. O preço cai até que a
nova curva de demanda, 𝐷2, encontre a curva de oferta 𝑆. Isso é ilustrado no ponto 𝐸2, o novo equilíbrio. Nesse ponto, o preço e a quantidade de
equilíbrio são menores. Assim, quando a demanda de um bem se reduz, sua quantidade e preço de equilíbrio também se reduzem.
Considere a figura 13:
 Figura 13 - Deslocamento positivo da oferta e o novo equilíbrio
Inicialmente, o mercado estava em equilíbrio, no ponto 𝐸1, em que as curvas de oferta e demanda eram 𝑆1 e 𝐷, respectivamente. No ponto 𝐸1, o
preço de equilíbrio é 𝑝1∗, e a quantidade de equilíbrio é 𝑞1∗.
Como vimos no módulo 1, a entrada de novos produtores no mercado de cacau desloca a curva de oferta para a direita. Assim, a nova curva de
oferta é 𝑆2. Ao preço inicial 𝑝1∗, há um excesso de oferta, que faz com que o preço se reduza, até que a nova curva de oferta cruze com a curva
de demanda. Esse ponto é ilustrado por 𝐸2, o novo ponto de equilíbrio. Em 𝐸2, o novo preço de equilíbrio é 𝑝2∗, e a nova quantidade de equilíbrio
é 𝑞2∗. Portanto, quando a oferta aumenta, o preço de equilíbrio diminui e a quantidade de equilíbrio aumenta.
Nova Friburgo é uma cidade no estado do Rio de Janeiro que produz hortaliças. Suponha que, em 2012, a cidade teve um verão atípico, com
altas temperaturas e pouca chuva. Esse fenômeno fez com que as hortaliças morressem, ocasionado um deslocamento para a esquerda da
curva de oferta. A figura 14 ilustra essa situação:
 Figura 14 - Deslocamento negativo da oferta e o novo equilíbrio
A curva de oferta passa, então, a ser 𝑆2. Ao preço inicial 𝑝1∗ há um excesso de demanda, que pressiona os preços para cima, que vão subindo,
gradualmente, até que a nova curva de oferta cruze com a demanda. Isso é ilustrado pelo ponto 𝐸2, o novo equilíbrio. Nesse ponto, o preço de
equilíbrio é 𝑝2∗, e a quantidade de equilíbrio é 𝑞2∗. Portanto, quando há uma redução da oferta, o preço de equilíbrio é mais alto e a quantidadede equilíbrio é menor.
Por fim, veremos o que acontece quando há deslocamentos simultâneos de oferta e demanda. Na figura 15, painel A, temos um grande
deslocamento da demanda para a direita, e um pequeno deslocamento da oferta para a esquerda, enquanto no painel B, a oferta se desloca
bastante para a esquerda, e a demanda sofre um pequeno deslocamento para a direita:
 Figura 15 ‒ Deslocamento simultâneo e novo equilíbrio
Esses deslocamentos podem ser imaginados como uma mudança nas preferências por milho, junto com uma quebra de safra. A diferença entre
os dois painéis é a magnitude de deslocamento.
NO PAINEL A
A demanda sofre um deslocamento de magnitude maior que a oferta.

NO PAINEL B
A oferta sofre um deslocamento maior do que a demanda.
Nos dois painéis, o preço se move de 𝑝1∗ para 𝑝2∗, conforme o equilíbrio se move de 𝐸1 para 𝐸2. Como no painel A a queda de oferta é menor
do que o aumento da demanda, a quantidade de equilíbrio aumenta de 𝑞1∗ para 𝑞2∗. Já no painel B, com retração da oferta maior do que a
expansão da demanda, a quantidade de equilíbrio é reduzida de 𝑞1∗ para 𝑞2∗.
Esse exemplo nos permite constatar que quando a oferta se reduz e a demanda aumenta, o preço de equilíbrio aumenta, mas o que de fato
ocorre com a quantidade de equilíbrio dependerá de qual efeito é maior, ou seja, qual deslocamento tem maior magnitude.
Quando oferta e demanda se deslocam em direções opostas, no geral, podemos fazer algumas previsões:
Se a demanda aumenta e a oferta cai, o preço de equilíbrio sobe, mas a quantidade dependerá de qual dos deslocamentos teve maior
magnitude.
Quando a demanda cai e a oferta aumenta, o preço de equilíbrio é menor, mas o efeito sobre a quantidade de equilíbrio é ambíguo.
Se as duas curvas se deslocam no mesmo sentido, ou seja, oferta e demanda se deslocam ambas para a esquerda ou para a direita, podemos
saber o efeito sobre a quantidade, mas não sobre o preço de equilíbrio. Se oferta e demanda aumentam, a quantidade de equilíbrio é maior, mas
nada podemos dizer sobre o preço. Quando oferta e demanda diminuem, a quantidade de equilíbrio é reduzida, mas, mais uma vez, nada
podemos afirmar sobre o preço de equilíbrio. Em ambos os casos, o preço de equilíbrio dependerá de qual efeito prevalecerá.
Neste vídeo, o professor Raphael Bruce reforçará os conceitos abordados neste módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Definir excedente do produtor e do consumidor para aplicá-lo 
como medida de bem-estar
EXCEDENTE DO CONSUMIDOR E CURVA DE DEMANDA
A curva de demanda é derivada a partir das preferências dos consumidores, que, por sua vez, definem o quanto de bem-estar um indivíduo
obtém ao realizar transações em um mercado.
Considere, por exemplo, o mercado de roupas usadas. Uma calça jeans usada pode não ser tão boa quanto uma nova, pois pode estear gasta,
manchada etc. O quanto isso incomoda alguém, dependerá das preferências de cada um. Vitória pode valorizar uma roupa de brechó mais do
que Fernando, que só compraria uma roupa usada se fosse muito barata.
Esse exemplo ilustra um conceito importante, o de disposição a pagar.
A DISPOSIÇÃO A PAGAR, OU PREÇO RESERVA, REFLETE O PREÇO MÁXIMO
QUE UM CONSUMIDOR ESTÁ DISPOSTO A PAGAR POR DETERMINADO BEM.
Um indivíduo não pagará mais do que este valor por um bem. Se o preço é igual à disposição a pagar, o consumidor estará indiferente entre
comprar ou não.
A figura 16 ilustra a disposição a pagar de três consumidores, Júlia, Manuel e Beatriz, com preços de reserva de R$50,00, R$35,00 e R$22,00,
respectivamente. Seus preços de reserva estão acima do preço pelo qual o bem é vendido, que é de R$10,00. O preço de reserva deles está
acima do preço de mercado, e, portanto, eles irão realizar a transação. Há também aqueles consumidores com preço de reserva abaixo do
preço de mercado. Esses indivíduos não irão comprar o bem.
 Figura 16 ‒ Preço de reserva e excedente do consumidor
A compra do bem por consumidores cuja disposição a pagar é maior ou igual ao preço de mercado do bem gera bem-estar para os
mesmos. Esse bem-estar pode ser medido, e é conhecido como excedente do consumidor.
Nesse exemplo, podemos notar que cada comprador de um bem alcança algum excedente individual. Ao somarmos os excedentes
individuais, chegamos ao excedente total do consumidor. Supondo que no exemplo acima só haja três consumidores no mercado, o
excedente total do consumidor é de R$40,00 + R$25,00 + R$ 22,00 = R$87,00.
A figura 17 representa graficamente o excedente total do consumidor para um grande mercado:
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EXCEDENTE DO CONSUMIDOR
O excedente do consumidor é a diferença entre o preço de reserva do consumidor e o preço de mercado. Voltando à figura 16, o
excedente de Júlia é igual a R$50,00 - R$10,00 = R$ 40,00. Já o de Manuel é de R$35,00 - R$10,00 = R$25,00, enquanto o de Beatriz é de
R$22,00 - R$10,00 = R$12,00 .
Esse mercado possui tantos consumidores que a curva de demanda é contínua. O excedente total do consumidor é a área abaixo da curva de
demanda e acima do preço, sendo igual a R$20,00.
 Figura 17 ‒ Excedente total do consumidor
Quando o preço muda, o excedente do consumidor também varia. A figura 18 ilustra o que acontece quando o preço aumenta:
 Figura 18 ‒ Mudança no preço e mudança no excedente
EXCEDENTE DO PRODUTOR E CURVA DE OFERTA
Considere um grupo de amigos que são vendedores potenciais de discos usados.
Como eles possuem preferências distintas, cada vendedor terá um preço pelo qual estará disposto a realizar a venda. Vejamos:
Afonso
Não vende um disco por menos de R$9,00, mas por qualquer preço acima deste.
Robson
Só aceita vender por, pelo menos, R$15,00.
Joaquim
Vende por R$22,00.
Assim, podemos definir o custo do vendedor como o menor preço pelo qual o produtor está disposto a vender seu produto.
A diferença entre o preço que o produtor, de fato, vende o produto e seu custo é o excedente do produtor. Da mesma forma que a
curva de demanda foi derivada a partir da disposição a pagar dos consumidores, podemos derivar a curva de oferta do custo do produtor.
A figura 19 ilustra a curva para um mercado de discos com três produtores:
 Figura 19 ‒ Custo individual e excedente do produtor
 COMENTÁRIO
O excedente de Afonso equivale à área do polígono mais escuro da esquerda, o de Robson, à área do retângulo do meio, e o de Joaquim, ao do
polígono mais claro da direita.
Como no caso do excedente do consumidor, podemos somar os excedentes individuais para chegarmos ao excedente total do
produtor. Com um grande mercado e uma curva de oferta contínua, como na figura 20, o excedente total do produtor é a área acima da curva de
oferta e abaixo do preço, sendo igual a R$20,00:
 Figura 20 - Excedente total do produtor
Assim como para o excedente do consumidor, mudanças de preço afetam o excedente total. A figura 21 ilustra o que ocorre quando o preço
aumenta:
O excedente inicial era de R$20,00, correspondente à área do triângulo azul mais escuro. O aumento do preço aumenta o excedente para
R$45,00, valor correspondente à soma das áreas em azul.
 Figura 21 ‒ Mudança no preço e no excedente
BEM-ESTAR E EXCEDENTE
Um dos princípios fundamentais da Economia é que os mercados são, frequentemente, uma maneira eficiente de alocar recursos. De forma
geral, a alocação de recursos pelo mercado torna a situação da sociedade a melhor possível (não é sempre assim ‒ você verá ao final deste
tema um caso em que isso não acontece). Por meio do excedente, podemos entender porque isso acontece.
Seja um grande mercado competitivo, com N consumidores e K produtores. As curvas de oferta e de demanda desse mercado estão
representadas na figura 22, junto com os excedentes totais do consumidor e do produtor:
O equilíbrio do mercado de livros encontra-se no ponto E, com o preço de R$45,00 e a quantidade de 100 unidades.
A área em azul mais claro é igual ao excedente do consumidor, e a área em azul mais escuro é igual ao excedentedo produtor.
 Figura 22 ‒ Equilíbrio de mercado e excedente
Podemos calcular o excedente total da sociedade ao somarmos as duas áreas. O exemplo do mercado de livros deixa claro que há ganhos tanto
para os produtores quanto para os consumidores. Isso indica que produtores e consumidores estão melhores, pois o mercado existe, refletindo o
princípio econômico sobre ganhos de troca, em que ocorrem ganhos no comércio.
Esses ganhos são a razão pela qual todos, quando fazem parte de uma economia de mercado, estão em uma situação melhor do que se fossem
autossuficientes.
DESSE MODO, PARTICIPAR DE UMA ECONOMIA DE MERCADO É MELHOR DO
QUE SER AUTOSSUFICIENTE, MAS SERÁ QUE ESTÃO TODOS EM UMA
SITUAÇÃO TÃO BOA QUANTO POSSÍVEL?
Um critério útil para compararmos diferentes situações econômicas é o de eficiência de Pareto.
Para começar a defini-lo, primeiro vamos delinear outro conceito, o de melhora de Pareto:
SE HÁ UMA FORMA ALTERNATIVA DE MELHORAR A SITUAÇÃO DE UM
INDIVÍDUO SEM PIORAR A SITUAÇÃO DE OUTRO, TEMOS UMA MELHORA DE
PARETO.
PARETO
Vilfredo Pareto, economista e cientista politico italiano
 EXEMPLO
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Se João está disposto a vender um produto por R$10,00, e Maria, a comprá-lo por R$ 20, então, a venda a R$15,00 (ou a qualquer valor entre
R$10,00 e R$20,00) é uma melhora de Pareto, pois nenhum dos dois perde e ao menos um fica em situação estritamente melhor.
Se uma situação admite uma melhora de Pareto, dizemos que a alocação de recursos é Pareto ineficiente, ou seja, existem ações (ou
transações) que podem melhorar a situação de alguém sem prejudicar ninguém. Se existe essa possibilidade, devemos exercê-la, ou estaremos
desperdiçando recursos.
Caso seja impossível melhorar a situação de alguém sem piorar a de outra pessoa (ou seja, se não houver melhorias de Pareto disponíveis),
dizemos que estamos em uma situação Pareto eficiente, ou, simplesmente, que a alocação de recursos é eficiente no sentido de Pareto, ou
ainda ótima de Pareto. Há diferentes alocações eficientes de Pareto, correspondendo a distribuições de recursos mais benéficas a um ou outro
agente econômico.
Supondo que em uma economia de mercado todas as trocas voluntárias sejam realizadas, de modo a esgotar os ganhos de troca, obtemos um
resultado conhecido como primeiro teorema do bem-estar: todo equilíbrio em um mercado competitivo é ótimo de Pareto. Em equilíbrio, um
mercado competitivo esgota a possibilidade de ganhos com novas trocas.
O segundo teorema do bem-estar nos diz que qualquer alocação ótima de Pareto pode ser obtida como equilíbrio de mercado, bastando,
então, distribuir recursos e permitir que os agentes econômicos realizem trocas voluntárias.
Para ilustrar esse teorema, suponhamos que exista um comitê que busca melhorar o equilíbrio de mercado. A finalidade do comitê é aumentar o
excedente total. Para isso, eles pensam em três planos:
REALOCAR CONSUMO ENTRE CONSUMIDORES
Na tentativa de realocar o consumo entre os consumidores, o comitê realoca bananas entre Letícia e Lucas, cujos preços de reserva são de
R$1,00 e R$2,00, respectivamente. Com o preço de equilíbrio da banana igual a R$1,50, Letícia compra o produto, mas Lucas não. Se o
consumo é realocado entre Lucas e Letícia, o excedente do consumidor cairá, de forma que só o equilíbrio de mercado gera o excedente de
consumidor mais alto possível, pois assegura que quem consome o bem é aquele que mais o valoriza.
REALOCAR A VENDA ENTRE PRODUTORES
De maneira análoga, o comitê decide realocar a produção entre Arlindo e Teresa, cujos custos de produção de banana são, respectivamente, de
R$2,50 e R$0,50. Como o preço de equilíbrio é de R$1,50, Arlindo não irá ofertar nenhuma unidade neste mercado, mas Teresa o fará. Se o
comitê reorganiza a produção entre Teresa e Arlindo, impedindo a primeira de ofertar neste mercado e induzindo o segundo a fazê-lo, o
excedente também cairá. Assim, o equilíbrio do mercado competitivo gera o maior excedente do produtor possível.
MUDAR A QUANTIDADE QUE SERÁ TRANSACIONADA
Por fim, o comitê está convencido de que mudar a quantidade transacionada vai melhorar o resultado. Sejam Letícia e Lucas os compradores, e
Arlindo e Teresa os produtores. Para reduzir as vendas, o comitê terá de impedir que Arlindo venda para Letícia. Como Lucas está disposto a
pagar R$2,00, mas o custo de Arlindo é de R$ 2,50, impedir esta venda reduz o excedente total em R$ 2,50 - R$ 2,00 = R$0,50. Se o comitê
opta por aumentar a quantidade, forçando que Arlindo, que não ofertou nada, venda à Letícia, que não comprou, a redução do excedente total é
de R$2,50 - R$0,50 = R$ 2,00.
Esse resultado independe do par de consumidores e produtores escolhidos para exemplificar. Pode ser qualquer produtor que tenha um custo de
R$1,50 ou menos, e qualquer consumidor que tenha um preço de reserva de R$1,50 ou mais. Portanto, impedir vendas reduz o excedente total.
Da mesma forma, qualquer um que não estivesse comprado banana estaria disposto a pagar menos de R$1,50, e qualquer um que não tivesse
vendido banana tem um custo maior que R$1,50.
Apesar de termos exemplificado os teoremas, existem algumas ressalvas a serem feitas.
A primeira delas é que o conceito de eficiência de Pareto nada diz sobre equidade, de forma que é possível que um resultado no qual um
indivíduo detenha toda a riqueza e os demais não tenham nada seja Pareto eficiente.
A outra ressalva diz respeito ao funcionamento dos mercados competitivos. Em todos os exemplos, o mercado funcionava perfeitamente.
Quando existe alguma falha que impeça que o mercado funcione corretamente, ele não maximiza mais o excedente total, e, portanto, os
resultados do primeiro e do segundo teoremas do bem-estar não são mais válidos. Por fim, mesmo que o equilíbrio de mercado maximize o
excedente total, isso não diz nada a respeito de maximização de excedente individual.
Neste vídeo, o professor Raphael Bruce, resolverá um exemplo numérico de excedente do consumidor e reforçará o conceito de eficiência de
Pareto.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
 Descrever o comportamento de uma firma monopolista
MONOPÓLIO
Monopólios são mercados em que há apenas um produtor ofertando um bem, e, portanto, ao contrário de um mercado em concorrência
perfeita, não há competição alguma. Além disso, o bem ofertado não deve possuir nenhum substituto próximo.
Para que seja possível existir apenas um produtor em um mercado monopolístico, é preciso existir razões para dificultar a entrada de novos
produtores. No geral, as barreiras de entrada que permitem a existência de um monopólio são a regulamentação governamental (patentes, por
exemplo); grandes custos iniciais, diluídos apenas com uma grande produção (por exemplo, uma usina hidrelétrica); ou tecnologia e controle de
insumos; ou recursos necessários à produção.
No monopólio, o monopolista se move para cima ao longo da curva de demanda: ou seja, aumenta o preço e diminui a quantidade produzida.
Como só existe um produtor, a curva de demanda enfrentada pela firma é exatamente igual à curva de demanda agregada.
Assim, a curva de demanda enfrentada pelo monopolista é negativamente inclinada. A figura 23 ilustra isso:
𝐸𝑐 representa o equilíbrio do mercado competitivo. Em 𝐸𝑐, o preço de equilíbrio é 𝑃𝑐, e a quantidade ofertada em equilíbrio é igual a 𝑄𝑐.
Já no equilíbrio de monopólio, a quantidade ofertada de equilíbrio é 𝑄m, ao preço 𝑃m.
 Figura 23 – Monopólio
ESCOLHA DE PREÇO E DE QUANTIDADE
PROVAVELMENTE, VOCÊ ESTÁ SE PERGUNTANDO: “COMO O MONOPOLISTA
ESCOLHE O PREÇO PARA MAXIMIZAR O LUCRO?”.
Como sabemos, um produtor que deseja maximizar seu lucro tem uma ótima regra: produz a quantidade em que o custo marginal se torna igual
à receita marginal. A regra é válida para qualquer produtor, e a aplicação desta leva a diferentes quantidades ofertadas, embora todas
maximizem o lucro.
Isso acontece porque a curva de demanda que um produtor enfrenta em concorrência perfeita é diferente da enfrentada emmonopólio. Enquanto
a curva do produtor perfeitamente competitivo é horizontal, a do monopolista é negativamente inclinada. Dessa forma, a receita marginal da firma
competitiva é o preço de mercado: se ela vende uma unidade a mais, sua receita adicional é o preço de mercado daquele bem.
Como o monopolista enfrenta uma curva de demanda negativamente inclinada, a receita marginal do monopolista se altera conforme as
quantidades vendidas: quanto mais unidades ele vende, menor é o preço! Isso ocorre exatamente porque a demanda de mercado (igual à
demanda do monopolista) é negativamente inclinada: quanto maior a quantidade, menor o preço.
A tabela 1 apresenta esta relação para um confeiteiro, que é monopolista no mercado de sonhos:
Preço do sonho (em R$) Unidades Receita total Receita Marginal
10 0 10
9,5 1 19 9
8,5 2 25,5 7
8 3 32 7
7,5 4 37,5 6
6,5 5 39 2
6 6 42 3
5,5 7 44 2
5 8 45 1
4,5 9 45 0
4 10 44 -1
3,5 11 42 -2
3 12 39 -3
2,5 13 35 -4
2 14 30 -5
1,5 15 24 -6
1 16 17 -7
0,5 17 9 -8
0 18 0 -9
TABELA 1 ‒ PREÇO, RECEITA TOTAL E RECEITA MARGINAL DO MONOPOLISTA
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Podemos observar que a receita marginal do sonho é menor do que o preço pelo qual ele é vendido. Isso acontece porque o aumento da oferta
do monopolista tem dois efeitos sobre a receita, o efeito quantidade, em que uma unidade a mais vendida aumenta a receita total, e o efeito
preço, em que, para vender uma unidade a mais, o monopolista deve reduzir o preço de mercado de todas as demais unidades, o que reduz a
receita. Assim, a curva de receita marginal do monopolista está sempre abaixo da curva de demanda, devido ao efeito preço.
Para maximizar seu lucro, o monopolista irá, assim como um produtor em competição perfeita, olhar o ponto em que custo marginal é igual à
receita marginal, como ilustrado na figura 24.
 Figura 24 ‒ Lucro de monopólio
Para encontrar o preço ótimo de monopólio, contudo, é preciso subir verticalmente no ponto A até encontramos a curva de demanda, no ponto B.
Assim, a regra da quantidade ótima é válida para determinar a quantidade escolhida pelo monopolista. O que muda é que, encontrada essa
quantidade, devemos usar a curva de demanda para encontrar o preço. O polígono azul mostra o lucro de monopólio.
MONOPÓLIO, CONCORRÊNCIA PERFEITA E BEM-ESTAR
Voltemos à figura 24. O equilíbrio competitivo é o ponto C. Como o mercado é um monopólio, ou seja, há apenas um confeiteiro ofertando o bem,
seu equilíbrio ocorre no ponto B, a uma quantidade menor e a um preço maior.
ASSIM, A PRIMEIRA COMPARAÇÃO SIMPLES ENTRE MONOPÓLIO E
CONCORRÊNCIA PERFEITA NOS PERMITE CONSTATAR QUE O MONOPOLISTA
PRODUZ UMA MENOR QUANTIDADE, EM QUE 𝑄𝑚 < 𝑄𝑐, COBRA UM PREÇO
MAIS ALTO, SENDO 𝑃𝑚 > 𝑃𝑐 = 𝐶𝑀𝑔, E TEM LUCRO ECONÔMICO POSITIVO DE
LONGO PRAZO – OU SEJA, HÁ REMUNERAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DE
FATORES DE PRODUÇÃO.
Em competição perfeita, isso não ocorre: se uma firma tem lucro econômico positivo, outras podem entrar no mercado cobrando um pouco
menos. As barreiras à entrada em um mercado monopolista, porém, permitem que essa situação seja sustentável.
 COMENTÁRIO
Observe que um monopolista não possui uma curva de oferta, uma vez que a curva de oferta mostra a quantidade que os produtores estão
dispostos a ofertar a qualquer preço de mercado dado. Como o monopolista não toma o preço como dado, ele escolherá a quantidade que
maximiza o lucro levando em conta sua própria capacidade de influenciar o preço.
Como já sabemos algo sobre bem-estar, você deve estar se perguntando qual é o impacto do monopólio sobre o excedente do produtor, do
consumidor, e total.
A figura 25 apresenta dois painéis com o excedente do consumidor, tanto para o mercado competitivo quanto para o monopólio:
 Figura 25 ‒ Bem-estar
PAINEL A
Mostra o que acontece em um mercado no qual há concorrência perfeita. O produto de equilíbrio é Qc, e o preço Pc é igual ao custo marginal do
bem. Cada firma tem receita igual ao custo, de forma que não há excedente do produtor. O excedente do consumidor é igual à área do triângulo
azul, que também é igual ao excedente total.

PAINEL B
No painel B, o monopolista produz Qm e cobra Pm. O monopolista tem um lucro igual à área do polígono azul claro, que é igual ao excedente do
produtor. Podemos notar que este lucro foi capturado dos consumidores, uma vez que o excedente do consumidor passa a ser igual à área do
triângulo azul escuro. Assim, comparando o excedente total do painel A com o do painel B, vemos que há uma redução do excedente e, portanto,
do bem-estar. A área do triângulo laranja é igual à perda de excedente, e é conhecida como peso morto, que nada mais é do que a perda líquida
para a sociedade.
Consumidores e produtores têm sempre um conflito de interesses. Contudo, no caso do monopólio, as perdas dos consumidores são maiores
que os benefícios do monopolista. O monopólio é, portanto, uma fonte de ineficiência, no sentido de Pareto: é possível melhorar a
situação de todos sem piorar a de ninguém – por exemplo, se a firma monopolista produzir uma unidade a mais e vendê-la a um preço maior
que seu custo de produção, mas menor que o preço de reserva do consumidor, haverá ganho de troca. O monopolista, porém, não tem
incentivo a fazer isso porque seria obrigado a reduzir o preço de todas as demais unidades vendidas, o que diminuiria seu lucro.
Essa é a razão pela qual, com frequência, governos buscam impedir o surgimento de monopólios.
Neste vídeo, você entenderá melhor os conceitos de monopólio, concorrência perfeita e bem-estar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, desenvolvemos uma série de ferramentas teóricas para entender o funcionamento dos mercados. Construímos as curvas
de oferta e de demanda, estudamos a formação de preços e a definição de quantidades transacionadas, e consideramos diferentes estruturas
de mercado – como competição perfeita e monopólio. Apresentamos ainda critérios para avaliar se uma alocação de recursos é “boa” em um
sentido específico: eficiência de Pareto.
Esses instrumentos estarão presentes em qualquer análise econômica, de estudos abstratos à prática cotidiana. Observe como esses conceitos
podem ser usados em debate sobre o possível investimento em uma nova máquina ou sobre a definição de como distribuir tarefas entre os
funcionários, ou sobre uma política pública.
 PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011
VARIAN, H. R. Microeconomia: uma abordagem moderna. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012
EXPLORE+
Para uma compreensão mais aprofundada dos tópicos desenvolvidos, sugerimos a leitura da obra a seguir:
ZINGALES, L; RAJAN, R. Salvando o capitalismo dos capitalistas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CONTEUDISTA
Maria Eduarda Barroso Perpétuo
 CURRÍCULO LATTES
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